Quadribol



Ao cumprir dos sonhos | Capítulo 27.
Quadribol.


O jogo entre Hogwarts e Goldsmiths era a última atividade do torneio. O duelo dera a vitória à Hogwarts contra a Heythrop, que deixava o time da casa empatado com os americanos. Se ganhassem a partida de quadribol, Hogwarts seria a campeã do torneio. Consagrando a escola neste campo também, já que nas outras disputas, como duelo em magia e outras tarefas acadêmicas, Hogwarts se sobressaíra. O que, de fato, aumentava cada vez mais a pressão no time de quadribol da Grifinória. Principalmente para o capitão.


As arquibancadas estavam lotadas. A Sonserina, como já era de se imaginar, torceria junto com os italianos da Academia Imperial para o Goldsmiths. A maior parte da população feminina não sabia ao certo para que time torcer, até mesmo as alunas de Hogwarts. Os dois apanhadores eram cobiçados, o que dividiu a torcida para aquele jogo.


James entrou no campo ao lado de seu time e as pessoas presentes vibraram e aplaudiram. Porém ele ignorara as comemorações quando vira Jack Harrison caminhando até o centro do campo. Seus olhares se encontraram, revelando o ódio e a rivalidade evidente não só apenas no campo. Os olhos do adversário desviaram-se, focando em alguém. Ele sorriu ao recuar alguns passos, aproximando-se de James.


No entanto o intuito dele não era falar com James. Para ele, era como se o outro capitão não estivesse ali. Ele estava focado na morena ao lado, que prendia os cabelos.


- Boa sorte no jogo, Emmy. - Jack disse, sorrindo malicioso para a garota.


- Como é? - Emma olhara surpresa de Jack para James. Não esperava que ele a tratasse pelo apelido, algo que apenas o namorado dizia. E pelas expressões contidas em sua face, James já estava tão furioso quanto durante uma partida exaustiva de quadribol.


- Não quero que um rosto lindo como o seu se machuque. - sorriu ao erguer uma mão para tocá-la, porém Emma recuou com o gesto. Ela respirou fundo, desejando que Jack saísse dali antes que James perdesse a paciência. Porém ele olhara para o garoto ao lado, e o sorriso em seus lábios aumentou. - Não vi que estava aí, Potter. Não preciso lhe desejar boa sorte. Vai perder mesmo. - emendou antes de se virar e afastar.


Ao contrário do que Emma imaginara, o namorado apenas sorrira desdenhoso ao outro que o provocava. Jack também ficara surpreso, pois esperava uma reação explosiva vinda do apanhador grifinório, e, aliás, contava com tal explosão. No entanto, James tinha além de tudo, uma frieza mesclada com controle, que superara as expectativas.


Ele não iria debater sobre quem era o melhor, mas sim, iria mostrar... Não iria ceder às provocações, pois sabia que era mais talentoso, e capaz. E depois, quando o jogo se findasse, Jack é que bancaria o tolo perante todos. E isso o motivava a concentrar-se apenas na partida e no pomo. E nada iria fazer com que se desvinculasse daquele objetivo.


Pegou Emma pela mão, gentilmente, trazendo-a para mais perto, enquanto a diretora de Hogwarts terminava seu discurso. Uma música breve fora tocada pela banda, e fogos de artifício foram soltos, mesmo sendo dia. No entanto o show fora bonito, pois os fogos eram especiais para serem vistos a luz do sol. Sua cintilação, fora tão majestosa quanto se fosse noite. As cores das escolas flutuavam no ar, como flâmulas, e pequenas partículas brilhantes caíram sobre os expectadores.


Os olhos dos alunos não se desprendiam de nenhum detalhe. Tudo era bonito e diferente demais para que se perdesse qualquer coisa. Nunca presenciaram algo assim no colégio e de fato era um evento memorável, que ficaria nas lembranças de todos os presentes.


O bruxo que seria o juiz da partida naquele dia chamara logo as equipes ao centro do campo. Desta vez algumas regras foram acrescentadas. A brutalidade entre jogadores descontaria pontos, o que tornaria o jogo menos interessante, porém um pouco difícil e acirrado. E tão pouco seria permitido trapaças durante a partida, as vassouras tinham um contra feitiço para que sua velocidade não fosse alterada além do permitido.


Após alguns minutos, com as regras esclarecidas, o juiz pedira para que o capitão de ambos os times se cumprimentassem. Entretanto o aperto de mão fora recusado, sendo substituído por olhares furtivos e sagazes para um jogo que iria garantir a vitória de um dos dois. Caminharam então para o lado do campo de sua equipe. Preparando-se para o jogo. James aproveitou a oportunidade para relembrar os últimos conselhos.


O apito do juiz chamou a atenção de todos, era um aviso para se prepararem. O jogo estava prestes a começar.


- James. - Emma tocou o braço do namorado, impedindo-o naquele instante de montar em sua vassoura. Ele virou-se para olhá-la, notando o olhar preocupado da morena. - Toma cuidado durante o jogo. Não deixe o Harrison te irritar.


- Relaxa Emmy... – ele disse e sorriu. – Aquele idiota não me irrita mais. – emendou e piscou a ela, antes de montar sua vassoura.


- Eu espero. - murmurou antes de se afastar.


O apito soou quando o juiz certificara-se de que todos dos times estavam a postos. As vassouras dispararam para todos os lados, assim como os balaços e a goles. E o primeiro ponto demorou alguns minutos para sair, porém foi marcado pelo time da Goldsmiths. Um sorriso cínico e demasiado irritante surgiu nos lábios de Jack, assim como os demais jogadores de seu time. Pelo visto ele influenciara e muito os outros jogadores para que agissem como ele.


James percorreu seu olhar pelo campo em procura do pomo. No entanto o som de outro ponto sendo marcado chamou sua atenção. Não pode ver em tempo quem fora, mas ficou satisfeito em saber que tinha sido ao seu favor. Outra vez dedicara sua atenção ao pomo e pode notar que Jack fazia o mesmo. Mas hoje não era o dia de sorte para ambos. O pomo estava difícil de se localizar.


Parecia que o dia ensolarado e dourado, ofuscava o pequeno alado, camuflando-o com sua luz. Literalmente, o pomo estava invisível. A partida mantinha um ritmo ágil. Os dois times não se estudavam, mas partiam logo para as ações concretas, pois a fase de análises havia terminado dias antes. Cada jogador ali sabia das fraquezas do outro, portanto, usá-las-ia de forma limpa, conforme as regras.


Os batedores de Goldsmiths pareciam ter somente um alvo a acertar. James era constantemente perseguido, e via-se a um triz de ser acertado por um balaço veloz. Caleb por sua vez, o encobria, mas estava começando a ficar complicado, visto que os dois batedores gêmeos do time adversário eram do triplo de seu tamanho, contendo assim o triplo de sua força.


Como se não bastasse toda a perseguição, Jack ainda mantinha-se o mais perto de James. Qualquer movimento do Potter era imitado por ele. O som da gritaria dos alunos se misturava com os característicos do jogo, tornando tudo mais emocionante.


Os planos para o jogo foram arquitetados milimetricamente pela Goldsmiths. Embora tivessem planejado algo bastante sujo para a partida, era evidente o quanto eles queriam usar da violência e da arrogância para massacrar Hogwarts e vencer o torneio. E a virada que o time de Hogwarts começava a dar sobre os adversários era mais um fator para aumentar à ira do time. Se eles não reagissem rapidamente perderiam o jogo.


No entanto, o pomo fora avistado minutos depois entre a guerrilha travada por Emma e uma artilheira da Goldsmiths pela posse da goles. James fitava o pomo de ouro pairando no ar entre os jogadores, de uma forma discreta para não chamar a atenção de Jack e elaborando um plano de apanhá-lo sem que o apanhador adversário o seguisse. Só não contava que o ponto que Emma marcou fosse despertar o olhar do outro não apenas para o centro do campo, como também para o pomo.


James o olhara pelo canto dos olhos, praguejando por ele ter notado o mesmo. Rapidamente ambos dispararam pelo campo em uma perseguição arrebatadora pelo pomo. A pequena bola dourada passava entre os demais jogadores, pelas balizas e arquibancadas. E os apanhadores voavam em suas vassouras, atingindo o limite da velocidade permitida. Porém não perdiam o foco no desempenho um do outro. E Jack via-se irritado pela velocidade do outro. James realmente era bom em desviar dos obstáculos e para visualizar o pomo.


Precisava tirá-lo da mira do pomo de ouro. Não podia deixá-lo vencer, afinal dissera para todos de seu time e até para alguns alunos de Hogwarts que o capturaria. E deixar que James o capturasse seria admitir sua derrota. Impulsionou mais sua vassoura, igualando-se ao lado do grifinório. Então ele jogou seu corpo com toda força contra James, despencando-o da vassoura.


Os gritos de espanto preencheram o campo quando o apanhador de Hogwarts caiu na areia. Mesmo com suas costas latejando imensamente pela queda sofrida, agradecera por não estar voando muito alto. E a gargalhada irônica de Jack chegara a seus ouvidos, irritando-o.


Respirou fundo, e mesmo esse simples gesto, fizera suas costelas se espremerem, sendo ainda mais doloroso. Engolira em seco, dissipando o mal estar. “Maldito Harrison!”, praguejou em sua mente. Apenas dessa forma suja, ganharia o jogo. Entretanto, pode vê-lo atrás do pomo, mas ele não estava mais lá, o que lhe dava alguma vantagem.


James, então pegou sua vassoura e aliviado, constatou que ela não estava quebrada. Rapidamente, montou-a, ignorando a dor que o sufocava. Precisava encontrar o pomo, era uma questão de honra.


Estreitou os olhos pelo campo, fixando-se apenas no pomo. Pode ouvir o juiz anunciar que dez pontos seriam retirados da Goldsmiths pela falta que Harrison cometeu, mas aquilo não o importava agora. Sua preocupação em encontrar o pomo era tanta que até mesmo ignorava o placar do jogo e o som dos pontos sendo marcados pela goles atravessando as balizas. Tão pouco a dor constante em suas costelas o impediria de encontrá-lo.


Seus olhos descobriram o pomo, mas a altura era grande. E desejou que Jack não fizesse outra tentativa em derrubá-lo da vassoura, caso contrário iria adquirir algo além de costelas fraturadas. Inclinou-se em sua vassoura, ganhando velocidade enquanto começava em sua perseguição. E no instante seguinte, Jack Harrison já estava em seu encalço.


O adversário tentou algumas cotovelas, jogando sordidamente para vencer, entretanto James fora esperto e seus reflexos demasiado aguçados naquele instante. Desviou-se das cotoveladas e chutes que lhe eram oferecidos, seus olhos fixos apenas no pomo. Os olhos de todos nas arquibancadas também estavam fixos naquela batalha que os apanhadores travavam. A sineta dos pontos era demorada para ser anunciada, já que alguns jogadores distraíam-se para observar a cena.


James desviou de um balaço que foi arremessado em sua direção. E viu a sorte mudar para seu lado quando o balaço acertou em cheio o braço direito de Harrison, que tentava empurrá-lo da vassoura. Pode ouvir o gemido de dor do outro apanhador; soara como música para seus ouvidos. Era cruel pensar de tal forma, mas ele começara com o jogo sujo. Com Jack ferido, ficava difícil controlar sua vassoura, que ia perdendo a velocidade aos poucos. Tudo estava a favor do capitão de Hogwarts.


Esticou o braço, chegando cada vez mais perto da pequena bola dourada. Foi questão de segundos para que seus dedos pudessem envolvê-la e a arquibancada despertasse do transe da batalha para uma comemoração excessiva. A vitória do torneio era de Hogwarts. E a festa seria interminável pelo resto do dia.


Desceu para o campo, sob o olhar mordaz de Jack Harrison. Ergueu o pomo de ouro em direção ao adversário, fazendo com que ele engolisse cada palavra de derrota proferida ao time de Hogwarts, inclusive sobre sua pessoa. Entretanto os tapas de parabenização em suas costas, o despertou, desviando-se de cada um que era dado. Aquilo o deixara um pouco mais dolorido do que antes.


- Ah, meu Merlin. - Emma exclamou, abraçando-o de imediato. James gemeu baixo, fazendo a garota se afastar. - Me desculpa. Você tá bem? Machucou-se? - questionou olhando-o, como se pudesse ter algum ferimento visível. Ignorava a comemoração pelo campo.


- Acho que fraturei as costelas, mas fora isso, estou bem. – respondeu mantendo um sorriso nos lábios.


- Nós ganhamos cara. - disse Caleb eufórico ao passar o braço em volta do ombro de James, fazendo-o protestar. - Vamos comemorar. Festa o dia...


- Nada disso. - Emma o interrompeu, retirando o braço de Caleb do moreno para que não o machucasse mais. - James está ferido. Vai pra ala hospitalar.


- Está um pouco difícil de respirar... – o apanhador falou, fazendo uma careta. Emma se afligiu vendo-o tão fatigado. James não reclamaria se não fosse muito sério.


Emma segurou a mão de James, desviando-se das pessoas que ainda comemoravam pela vitória. Pouco importava Hogwarts ter ganhado aquele torneio. Na verdade agora sentia uma raiva incomum não apenas pelo torneio, como também por Jack Harrison. Se não fosse por essas razões, James não estaria ferido. Seguiram para o castelo, indo imediatamente para a ala hospitalar. Rezava durante o caminho para que Madame Pomfrey o curasse rapidamente, como sempre fizera.


...


Andava de um lado para o outro pelo corredor, em frente à ala hospitalar. Assim como os demais jogadores do time, estava ali para ter notícias do capitão. Emma saíra um pouco para dar algumas, visivelmente exausta pelo jogo e abalada pelo estado do namorado. A suspeita de costelas fraturadas fora confirmada, mas Madame Pomfrey já tinha entrado com as poções certas para a cura, e Emma passaria a noite na ala hospitalar ao lado dele.


Quando a garota voltou para a ala hospitalar o restante do time seguiu para o salão comunal da Grifinória. A comemoração não seria algo tão divertido, visto que o capitão estava ferido. Isso de fato desanimou um pouco os demais.


Caleb foi o último a deixar o corredor, porém sentiu-se feliz em fazê-lo. E ele sorriu quando avistou a morena caminhar em sua direção e abraçá-lo. Caleb correspondeu ao abraço com a mesma intensidade, suspirando em tê-la por perto e aspirando o exótico perfume de Pandora e que adorava. Afastou para fitá-la nos olhos, acarinhando a face da garota.


- Parabéns, você jogou muito bem Caleb... – ela disse num sorriso tímido. – Eu... Eu soube do Potter. Ele está bem?


- Ele vai ficar bem. Nada que Madame Pomfrey não resolva. - sorriu, beijando-a na face. - E você, como está?


- Bem, e orgulhosa de você. – falou, afagando os cabelos loiros do grifinório. – Os sonserinos podem odiar sua casa, mas estou sinceramente orgulhosa.  


- Uau. Um elogio desses vindo de uma sonserina e ainda por cima de Pandora Malfoy. - Caleb murmurou, sorrindo maroto ao envolvê-la pela cintura. - Vou ficar me gabando pelo resto da vida. - riu, beijando-a levemente.


- Não se gabe muito, ouviu bem? – ela ralhou, juntando-se mais ao loiro. Passou os braços em volta do pescoço dele, e sorriu. – Esse é o meu papel, bobinho...


- Merlin como você é egoísta. - disse roçando seus lábios aos da morena.


Pandora sorriu ante a carícia, fechando os olhos e entregando-se completamente ao beijo que Caleb dera início. Os lábios do garoto a conduzia em um beijo lento, carinhoso, como sempre fora desde que um tinha revelado seus sentimentos para o outro. E ele a envolveu mais em seus braços, como se desejasse que Pandora jamais se afastasse dali.


As mãos dele firmaram-se na cintura feminina, selando sua vontade de mantê-la presa a si. Nem mesmo o fato de estarem num local público e de fácil acesso, fazia-os parar e notar a realidade. Era sempre assim quando estavam juntos, esqueciam-se de tudo, e só recordavam-se dos sentimentos e sensações que despertavam quando beijavam, acariciavam, ou apenas fitavam-se.


E o momento era tão único e especial para ambos, que ignoraram os passos que começaram a surgir no corredor. Provavelmente seria apenas um aluno qualquer. Mas a voz grave e masculina que Caleb reconheceu de imediato o fizera desprender seus lábios dos de Pandora, olhando perplexo para o homem ali presente.


De imediato Rony reconhecera a garota que estava com seu filho. Sentiu a raiva consumir cada célula de seu corpo, revelando-se no rosto e orelhas vermelhas. Fechou as mãos em punhos, e cerrou o maxilar... Pandora estremeceu ante ao olhar furioso que era destinado a si. Apertou à mão de Caleb, e ambos prendiam as respirações.


- Merlin, eu não posso acreditar nisso! – quase berrou, aproximando-se mais do casalzinho.


Harry, que estava ao lado do amigo, entrou na frente e cessara os passos de Rony. A intenção era impedi-lo de fazer uma loucura diante a cena que viu. Caleb estava vermelho, assim como o pai. Mas seu rubor não era de raiva, era uma mistura de constrangimento e pânico por ter sido flagrado naquele momento. E ele sabia que mesmo as palavras que Harry dizia ao seu pai, não seriam suficientes para acalmá-lo.


- Pai eu... - entrelaçou sua mão a de Pandora, buscando forças e palavras para aquela situação. - Eu posso explicar.


- Não há explicação para o que acabo de ver, Caleb Weasley! – exclamou Rony. – Como... Como tem coragem de se envolver com essa gente?!


Pandora se encolheu atrás do grifinório. Seu coração estava quase saindo pela boca e sua vontade era de sumir dali.


O medo que Caleb sentiu esvaiu-se quando o pai fizera tal comentário. Pandora não era "essa gente" como ele pensava. Talvez o pai dela tenha errado com o seu no passado, mas a garota era diferente. Provou isso para ele com o passar do tempo, deixando o ódio que existia entre eles para trás. E a última coisa que queria naquele momento era que Pandora sofresse se ouvisse todos os insultos que o pai resguardava para sua família.


- Vai para o seu salão comunal. - disse Caleb ao se virar para a morena, notando o medo em seus olhos. - Eu cuido disso.


- Mas... – ela protestou. – Não vou deixar você sozinho. – sussurrou em seguida.


- Eu prefiro que deixe ao ter que ouvir tudo o que meu pai pode dizer de agora em diante. - sussurrou fitando o pai pelo canto dos olhos, que os encarava furioso.


- Tem certeza? – indagou e engoliu em seco.


- Tenho. - assentiu, ignorando os olhares sobre eles. Beijou Pandora na testa, ouvindo o pai bufar com aquele gesto. - Te vejo depois.


O momento em que Pandora saíra fora silencioso e acusador. Ela não queria deixar Caleb a mercê da fúria do pai dele, mas cogitara ser a melhor idéia, ao vislumbrar o ódio nos olhos azuis do ruivo. Era o mesmo que emanava dos do seu pai. No entanto, não iria para o salão comunal, ficaria ali perto para saber do que se passava. Estava tão nervosa que não conseguia parar de tremer.


- Acho bom ter uma explicação para isso! O que deu em você? – Perguntou Rony, em tom frio, e ao mesmo tempo acalorado. Acalorado pelo rancor.


- Eu... - Caleb olhou desamparado para Harry, como se ele pudesse salvá-lo. Mas ele permanecia em silêncio, atento caso Rony resolvesse fazer algo inesperado. Estava sozinho. - Eu sei que o senhor odeia os Malfoy. Admito que herdei um pouco desse ódio também para com Pandora. Mas... - suspirou. - Eu nunca a odiei de verdade. Tudo o que eu fazia, as provocações e brincadeiras, era porque eu queria negar pra mim mesmo que sempre fui apaixonado por ela.


- Apaixonado? – o ruivo rira, nervosamente. – Você é um garoto, não sabe de nada disso. E ainda por cima, acha que está apaixonado por aquela menina mesquinha! Uma Malfoy! – emendou com nojo.


- Pandora não é mesquinha. Tão pouco é do jeito que pensa. - bradou Caleb irritado com as ofensas do pai. - E ao acaso é preciso ter sua idade para saber o que é estar apaixonado? Ou vai negar que nunca se apaixonou quando tinha minha idade?


- Isso não vem ao caso agora, fedelho. – Rony disse entre dentes. – Acaso se esqueceu de tudo que contamos desde que tinha idade pra entender? Os Malfoy não são de confiança, fizeram muito mal a nossa família, e a muitas outras pessoas. E porque “sua garota” seria diferente? Está tudo no sangue, Caleb... É herança, entende?!


- Não, eu não entendo. - retrucou no mesmo tom. - Pra falar à verdade o que eu entendo é uma mágoa profunda do senhor com os Malfoy. É isso que entendo. Já disse que Pandora é diferente. Não se parece em nada com o que o pai fora na época de Hogwarts. Mesmo brigando constantemente, Pandora nunca me lançou um feitiço ou nada do tipo. E oportunidades não faltaram para que ela fizesse.


- Claro... – desdenhou, revirando os olhos. Então fitou o filho pesarosamente. Sentia um enorme vazio no peito. Não sabia explicar. – Nunca imaginei que pudesse fazer isso. Trair-nos assim por conta de uma garota... Decepciona-me fazendo isso, Caleb. Não sabe o quanto!


- Eu não traí ninguém. Simplesmente aconteceu. - Caleb disse, suspirando ao olhar para o pai. - Não sei como, mas aconteceu. E se desse uma oportunidade de conhecê-la veria que Pandora é diferente. - sorriu com a expectativa. - Ela é meiga, gentil e se preocupa comigo...


- Para de se iludir, garoto, isso não acontecerá. – Rony murmurou sério. – Não há chance mesmo, e sabe por quê? – Caleb o olhou angustiado, o pequeno sorriso desmoronara rapidamente. – Porque eu não... Não o aceitarei se continuar com isso. Com essa loucura.


Caleb mordeu o lábio, engolindo tudo o que tinha vontade de dizer naquele momento. Queria gritar com o pai, até mesmo xingá-lo, mas mesmo naquela situação ele lhe devia respeito. E o desapontamento o atingiu de forma avassaladora, agradecendo imensamente por não ser tão rancoroso e egoísta como Rony o era. Ergueu seus olhos para fitá-lo.


- Pois então não me considere seu filho se preferir. - disse vendo o olhar surpreso do pai. - Não vou desistir de nada sem lutar antes, como o senhor fez. E eu amo Pandora Malfoy. E se for preciso deixar que me desconsidere como filho pra ficar com ela, eu vou fazer. - completou ao se virar para afastar.


- Ótimo... – murmurou o Weasley. Estava tão arrasado quanto o filho, mas fazia questão de não demonstrar. – Veremos se o pai dela te recebe de braços abertos. Aí vai enxergar que o que digo é pro seu bem. - então, dera uma última olhada no garoto e dera as costas a ele, saindo a passos rápidos. Cada um fora pra seu lado.


- Isso vai render uma boa novela. - comentou Harry com um pequeno sorriso no canto dos lábios, seguindo para a ala hospitalar.


...


Olhou no relógio pela terceira vez em cinco minutos, cogitando a idéia de sair de casa. O marido já deveria ter voltado, no entanto não entendia o atraso de seu regresso. Ele dissera que após retornar da viagem iria até Hogwarts ver o último jogo do torneio e o último de James como apanhador e capitão. Entretanto já estava começando a anoitecer e ele ainda não voltara.


Levantou-se do sofá, caminhando de um lado para o outro. Seus nervos estavam à flor da pele. E os pensamentos de que algo pudesse ter acontecido começavam a assombrá-la. Maneou a cabeça para afastá-los, lembrando-se das palavras que o marido lhe diria naquele momento. "Você não pode ficar nervosa, está grávida." Então porque ele estava deixando-a nervosa?


O barulho na varanda chamou sua atenção, assim como a porta sendo aberta. Voltou seu olhar atento para ela, suspirando aliviada quando Harry entrou em casa, retirando a capa de viagem.


- Harry! – ela exclamou correndo para aninhar-se ao marido em um daqueles abraços sufocantes. – Quase me mata de ansiedade, porque demorou tanto? Você disse que não era pra eu ficar nervosa, mas olhe só, eu tenho motivos. Além do mais, nem me mandou uma coruja, nem mesmo um telefonema... Aposto que perdeu o celular que te dei, não foi?


- Não. - Harry sussurrou, sufocado pelo abraço e deixando a capa cair ao chão. - Esqueci na minha sala no ministério, desculpe. - afastou-se, sorrindo ao olhá-la. - Eu estou bem, Mione. Só tive alguns contratempos, mas já está tudo resolvido.


- Está tudo bem mesmo? E o James, você viu o Jared? – perguntava sem parar, nem para retomar o fôlego.


- Mione, calma. - ele pediu, amparando o rosto da esposa entre as mãos. - Primeiro se acalme, respire fundo. Tenho muita coisa pra te contar e não vai ser nada bom você saber tudo nesse estado.


- Está bem... Desculpe, eu... – suspirou fundo. - Estou me acalmando... – falou, sorrindo amarelo, estava corada. Ultimamente não sabia o que andava acontecendo e colocava a culpa toda nos hormônios.


Harry esperou alguns minutos até que a esposa se acalmasse, recolhendo a capa do chão e colocando-a sobre a poltrona. Retirou o casaco, fazendo o mesmo e enrolando as mangas de sua camisa social até os cotovelos. Virou-se para Hermione, que parecia visivelmente mais calma.


- Ótimo. - guiou-a até o sofá, sentando-se juntamente com ela. - Rony foi comigo ao jogo e descobriu algo nada agradável pra ele. Caleb está namorando a filha de Draco Malfoy.


Hermione abrira a boca umas quantas vezes, não podia acreditar. Ouvira tanto Jared contar que os dois se odiavam que agora era mesmo inacreditável pensar na possibilidade de um romance.


- Ahn, de verdade? – indagou surpresa.


- Se verdade significa ver os dois se beijando em pleno corredor, sim. - Harry afirmou, encostando-se no sofá e passando o braço pelo ombro de Hermione. - Rony ficou furioso, como era de se imaginar. Disse que a garota era uma Malfoy e que não se podia confiar, recusou o relacionamento entre o filho e ela. E Caleb está decidido em continuar, mesmo com ele contra.


- Céus, isso é terrível. Sabe como Rony é rancoroso. E não será nada bom para os dois. Pai e filho ressentidos... – Hermione comentou. – Estou com pena de Caleb... E até do cabeça oca.- suspirou e Harry controlou um riso. - Não mandamos em nossos sentimentos, Ron melhor que ninguém deveria saber de tal coisa.


- Acho que ele ainda não aprendeu nada com a vida. - comentou o marido indiferente. Era desconfortável lembrar-se da relação que um dia existiu entre Rony e Hermione. - E eu... - respirou fundo, criando coragem para dar a mais importante notícia. - Eu tenho algo importante pra te contar. Mas quero que fique calma, já está tudo bem.


- O que... – ela virou-se para o moreno. – O que aconteceu? – perguntou e um minuto se silêncio se fizera, deixando-a impaciente. – Por Deus, me conte logo! – Harry ainda hesitou, e suspirou. - Foi o James, não foi? Eu sabia... Sabia que tinha algo errado!


Harry suspirou, visto que de agora seria inútil esconder isso da esposa. E sua maior preocupação era com o estado nervoso dela. Mas teria que contar; se escondesse algo tão grave de Hermione ela ficaria furiosa quando descobrisse por outra pessoa.


- James caiu da vassoura e fraturou duas costelas. - disse de uma vez, vendo o espanto na face de Hermione. - Mas Madame Pomfrey já cuidou disso. Passará a noite em observação na ala hospitalar para o processo de recuperação.


O moreno vira o rosto dela se contorcer, e ficar branco como papel. Preocupou-se ainda mais, e afagou a face descorada e fria. As mãos dela também estavam assim, e algumas lágrimas escorreram dos olhos castanhos.


- Eu estava com um pressentimento ruim... – murmurou com a voz entrecortada.


- Mione, se acalma. - Harry pediu, preocupado. Seus dedos enxugaram as lágrimas na face da morena. - James está bem. Você conhece Madame Pomfrey, amanhã ele já vai estar melhor. E Emma vai passar a noite ao lado dele, caso ele precise de algo.


- Por favor, não me esconda se ele estiver realmente mal, eu sou a mãe dele! – exclamou, num soluço.


- Eu jamais esconderia algo tão grave de você, independente do seu estado. - disse olhando-a nos olhos. - E você acha que se ele realmente estivesse mal estaria aqui tranquilo? Ficaria tão desesperado quanto você. Eu sou o pai dele.


Hermione assentiu, murchando os ombros. O marido sorrira fino, fazendo um gesto para que ela se aninhasse a ele outra vez. A morena assim o fizera, enterrando o rosto contra o peito do homem. Fechou os olhos, para conter o choro de alívio, e suspirou fundo.


- Mas amanhã eu vou vê-lo...


- Amanhã cedo iremos. Eu vou com você. - beijou-a na testa para tranquilizá-la, afagando os cabelos castanhos da esposa.


- Por favor, me diga que não tem mais nada pra me dizer... – ela acrescentou, fitando-o. Seus olhos ainda molhados.


- Não, eu não tenho. Acalme-se, docinho. - Harry mentiu, secando as últimas lágrimas no rosto de Hermione.


Ela repousara a cabeça em seu peito outra vez, não notando o olhar contrariado do marido pela mentira contada. Havia algo que queria dizer sobre a cidade que fora atacada, ao que tudo evidenciava, possivelmente era o surgimento de outro bruxo das trevas. Mas Hermione já sofreu emoções demais para um dia só. Então preferiu guardar esse assunto apenas para o ministério. Seria melhor para todos.



N/A: Capítulo tensoooo kkkk

Mas não se preocupem leitores.

Mais pra frente piora. xD

Essa é só mais uma das surpresinhas que temos para a fic.

Logo logo alguém vai causar o inferno por aqui.

Só que não vou entrar em detalhes, porque isso é spoiller.

Se querem saber o que vai acontecer comentem bastante.

Assim o próximo capítulo vem logo. *-*

Beijo das autoras.

 N/A: Capítulo tensoooo kkkk


Mas não se preocupem leitores.

Mais pra frente piora. xD

Essa é só mais uma das surpresinhas que temos para a fic.

Logo logo alguém vai causar o inferno por aqui.

Só que não vou entrar em detalhes, porque isso é spoiller.

Se querem saber o que vai acontecer comentem bastante.

Assim o próximo capítulo vem logo. *-*



Beijo das autoras.
18/12/2010. 


 

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