Mal entendido.



Ao cumprir dos sonhos | Capítulo 31.
Mal Entendido.



A única solução que encontrara na manhã seguinte para esquecer as acusações que a esposa lhe lançara na noite anterior fora entregar-se logo cedo ao trabalho. Embora uma vez ou outra se surpreendesse pensando em tudo que Hermione dissera na noite passada. E por mais que quisesse voltar atrás e dizer a ela tudo o que queria, já era tarde demais. Ela tinha tirado suas próprias conclusões sobre tudo o que vinha acontecendo. E pelo visto nada a faria mudar de idéia tão cedo. Muito menos ele desculpar-se por seu comportamento estranho que vinha demonstrando nos últimos dias.


Passou a mão na face, respirando fundo e querendo esquecer-se de seus problemas em seu casamento naquele momento. Agora que estava no ministério, o que lhe importava eram os problemas do trabalho. Que eram maiores e o principal motivo por estar agindo assim. Desenrolou um pergaminho, começando a lê-lo e ouvindo as batidas na porta de sua sala. Autorizou a entrada, embora não erguera seu olhar para ver a ruiva entrar.


- Bom dia, querido. – Gina dissera, sorrindo provocante. Suas roupas também eram assim. Vestia um conjunto preto, decotado. Os cabelos escovados e lisos caíam sobre os ombros dela.  – Vim trazer meu relatório.


- Ótimo. Precisava dele. - Harry disse ao pegá-lo, desviando seus olhos em seguida de Gina. - E preciso que pesquise sobre a vida de alguém para mim. Se possível, até amanhã. - escrevera em um pedaço de pergaminho, deslizando-o pela mesa em direção da ruiva, onde se lia o nome. Victor Krum.


- Victor Krum? – indagou pegando o papel. Arqueou a sobrancelha. – Hermione adoraria pesquisar isso... Afinal, os dois eram bem amiguinhos. – emendou inclinando-se sobre a mesa.


- Isso não é da sua conta, é Gina? - retrucou voltando-se para o pergaminho que lia. - Tenho suspeitas de que Krum esteja relacionado com esse novo bruxo que está causando esses ataques. Apenas isso.


- Desculpe. Não era minha intenção irritá-lo, mas convenhamos, Krum é burro demais, para estar auxiliando esse cara. Você não acha? – indagou, enquanto Harry mantinha seus olhos presos em seus afazeres. Então Gina, dera a volta na mesa, e sentou-se na beirada, fazendo questão de mostrar suas pernas.


O moreno erguera seu olhar, pois sentira a presença da ruiva bem perto. Bufou, impaciente, e Gina sorria. 


- Se ele é burro ou não, é isso que vamos descobrir. - disse ao pegar o relatório que Gina lhe entregara a pouco, encostando-se em sua cadeira e começando a folheá-lo.


- “Vamos descobrir”. Isso significa que iremos trabalhar juntos? – indagou numa voz aveludada.


- Você entendeu perfeitamente bem o que eu quis dizer. - sibilou ao fechar a pasta, fitando a ruiva em sua frente. - Gina, não deveria estar em sua sala, trabalhando?


- Aqui é mais divertido. – respondeu, subindo um pouco a saia, no afã de provocar o moreno. Contava com uma possível abstinência para que pudesse seduzi-lo. – Ninguém precisa saber que estou aqui. Iriam logo ao ouvido da sua mulherzinha grávida, e iriam fazer fofoca, não é?


- Dobre sua língua para falar de Hermione. - Harry disse severo, inclinando-se em sua cadeira na direção de Gina. Ela estava tirando-o do sério. E era no sentido de deixá-lo irritado.


Ao se levantar, para dar um basta, o moreno ficara bem próximo à mulher. Podia sentir o perfume adocicado que lhe infestava as narinas. Gina sorriu e o puxou para mais perto, olhando-o nos olhos. Fora tudo tão rápido que Harry não pudera impedir que acontecesse. Muito menos poderia prever que Hermione entrasse àquele momento dentro do seu escritório.


Um simples pressionar de lábios fora o suficiente para Hermione perceber que não levantara suspeitas. Harry de fato estava traindo-a. Ele se afastou de Gina, imediatamente, fitando a esposa. Não podia descrever o que sentira naquele momento, mas era algo terrivelmente desagradável. Algo que jamais sentira antes. E o pior. A culpa não fora sua pelo que acontecera. E por mais que tentasse se explicar, Hermione jamais o perdoaria. Estava tudo ali, diante de seus olhos.


Gina se levantou da mesa, cruzando os braços. Por mais que seu sorriso fosse mínimo, era triunfante. Jurara para si mesma que um dia iria destruir aquele casamento. Finalmente conseguira. Nem precisou trabalhar muito para isso.


- Hermione. - Harry murmurou ao se aproximar. Seria em vão sua tentativa. Não poderia explicar muito menos convencê-la. - Eu... Eu posso explicar...


Hermione negou a aproximação, recuando, enjoada. Não podia controlar o tanto que tremia. Fora ali disposta a abrandar seu coração, tentar chegar a um fim em seus problemas, mas tudo que conseguira fora aumentá-los. Certificar-se do pior. Seu coração estava apertado, e doía tanto. Os mesmos lábios que a beijavam faziam isso com outra. Era insuportável pensar nisso.


- Não é nada disso que está pensando, querida... – Gina disse, fazendo de contas que abotoava os botões da blusa.


- Não estou pensando nada, eu mesma vi.


Harry olhou espantado para Gina. Era inacreditável que ela ainda tinha a audácia de encenar algo que nem sequer acontecera. Sentiu tanta raiva da ruiva naquele momento, que tivera que controlar sua vontade em não cometer uma loucura ali mesmo. A verdade é que queria esganá-la.


- Gina, sai daqui. Agora. - o moreno bradou entre dentes.


- Ela não precisa sair, eu vou fazer isso. Não quero atrapalhar nada. – Hermione disse irônica, e dera as costas a eles, saindo da sala o mais rápido que podia.


O moreno caminhou até a porta para segui-la, mas antes que a alcançasse, virou-se para a ruiva ainda na sala. Caminhou até ela, segurando-a pelo braço com força e lhe lançando um olhar mordaz. E Gina não pudera deixar de estremecer com aquilo. Nunca o vira tão furioso na vida.


- Se você conseguir acabar com o meu casamento, eu acabo com você Gina. - ameaçou, soltando-a bruscamente.


Gina cambaleou, colidindo contra a mesa atrás de si e vendo-o deixar a sala. Harry correu pelo corredor, o mais rápido que pudera para alcançar Hermione. E assim que o fizera, parara diante da esposa, cessando seus passos.


- Me escuta, por favor. - suplicou ofegante.


- Me deixa em paz! – ela retrucou, tentando não exaltar o tom de voz. Afinal estavam num local cheio de pessoas. – Volta pra ela, sai do meu caminho.


- Hermione, me escuta. - insistiu ao colocar suas mãos no ombro da esposa, porém ela recuara, afastando o contato. O moreno viu-se desesperado. Seu casamento estava desmoronando e não podia fazer nada. - Não aconteceu nada. Não que eu quisesse. - tentou justificar-se, não querendo entrar em detalhes no local em que estavam.


Ela suspirou longamente, engolindo o choro.


- Não precisa explicar nada, Harry. Eu já percebi tudo. Já o havia feito... – soluçou, e sua tentativa fora frustrada pela emoção. – E agora vi o porquê de você agir estranhamente. Você não me ama mais...


- Por Merlin, Hermione. Não diga isso. - se aproximou outra vez, segurando o rosto dela em suas mãos, com lágrimas nos olhos. - Eu te amo. Sempre te amei e sempre vou amar...


- Não precisa mais mentir. – falou fungando. – Não precisa mais... – então se soltou dele, evitando olhá-lo nos olhos.


- Eu não estou mentindo. Jamais mentiria pra você. - murmurou, respirando fundo.


Hermione o olhou dolorosamente, queria acreditar, mas não podia enganar-se outra vez. Harry errara, e continuava a negar seus erros. Nunca o iria perdoar. Juraram amar-se para toda a vida, e ele quebrara o juramento entregando seus sentimentos a Gina. A qual possivelmente nunca tivesse esquecido. Desviou-se de uma nova investida.


- Todos mentem, porque você seria uma exceção? – indagou, e saiu antes de obter uma resposta. 


Ele permaneceu no mesmo lugar, observando-a se afastar. Não podia negar que as palavras dela lhe chocaram. Demonstrava que ela não confiava mais em si. E como presumira minutos antes, seu casamento estava acabado. Tudo por sua culpa. Ele era o único culpado por isso. Lamentou-se enquanto deixava uma lágrima percorrer sua face.
 


***


A garota sorriu ao vê-lo virar o corredor, triunfante por ele estar sozinho. Lançara um último olhar para as amigas ao se aproximar. As aulas em Hogwarts estavam para acabar. E não sairia dali sem conseguir o que queria. Seria naquele dia. James Potter seria seu de qualquer maneira. Nem que fosse por um mísero minuto. Abordou-o no meio do corredor, sorrindo.


- Eu queria me desculpar pelo esbarrão de ontem. - disse fitando-o, não escondendo seu interesse.


James estranhou a parcialidade da garota. Ergueu a sobrancelha, intrigado. Sabia que não podia confiar em Jenna. Visto que os “ataques” dela estavam mais freqüentes e o deixavam irritado.


- Nem precisava se preocupar com isso. – ele falou desdenhoso.


- Ah é claro que precisava. - sorriu. - Não quero que terminemos nosso último ano em Hogwarts com desavenças. Tão pouco que tenha julgamento errado sobre mim.


- É mesmo? – ele indagou rindo ironicamente.


- Qual é James? Estou tentando me desculpar. Poderia me dar um novo voto de confiança. - sugeriu ao se aproximar. - Isso já ajuda muito se quisermos manter uma relação.


James se afastou um pouco, trombando em algo atrás de si. Jenna sorriu maliciosamente, e o moreno não estava gostando nada daquilo. Não gostara ainda mais do brilho que vira nos olhos dela.


- O.k, está desculpada. Agora, passar bem, O’Malley. – falou e tentou passar por ela.


- Por que a pressa? Ainda não me desculpei como deveria. - Jenna ousou se aproximar mais, pegando-o de surpresa ao passar seus braços pelo pescoço do moreno, depositando um beijo em seu pescoço e deixando uma marca registrada de batom entre a pele e o colarinho da camisa. - Eu só quero um beijo. É pedir demais para você, James Potter?


O garoto recuara para olhá-la, no entanto Jenna fora mais rápida ao puxá-lo pela camisa. James sentira o pressionar dos lábios da garota nos seus e ela dando início ao beijo que ele ao menos nem ousara corresponder. Tudo o que queria era afastá-la dali, mas acontecera tudo tão rápido que o deixara perturbado. E apenas se afastou quando ouvira comentários em sua volta.


A última pessoa que desejava ver naquele momento estava ali. Emma os observava, surpresa, incapaz de dizer ou fazer qualquer coisa. Queria mais do que qualquer coisa sair dali, mas seu corpo não obedecia aos seus comandos. Seus olhos tristes estavam fixos em James, absortos demais para notar o sorriso de Jenna enquanto limpava os lábios com os dedos.


- Emmy... – deixou Jenna de lado, e se aproximou da namorada. Passou as mãos pelos cabelos, sem saber o que dizer. Embora não quisesse beijar a outra garota, o havia feito.


- Eu disse para irmos pra um lugar mais reservado. - Jenna disse maliciosa, fazendo-o reprimir a vontade que sentira outra vez em azará-la. - Nos vemos mais tarde, Jimmy.


Emma fechou os olhos, deixando uma lágrima percorrer sua face enquanto a garota se afastava. Estava confusa demais para pensar em qualquer coisa. Quando os abrira novamente, encontrou James ainda olhando-a. Podia ouvir algumas risadas e comentários em sua volta, sentindo-se sem moral alguma ali. Não queria tratar daquele assunto ali, em pleno corredor. Então passou por James, em silêncio, caminhando até uma sala vazia e entrando.


O moreno atendeu ao pedido silencioso da namorada, sentindo a pior pessoa no mundo, mesmo que não tivesse tido a intenção de beijar Jenna, nem de humilhar Emma. Mas esperava que ela acreditasse em si, pois nunca dera motivos reais para que ela desconfiasse dele. Sempre fora fiel, e a amava.


Fechou a porta daquela sala, esperando que quando saísse tudo não passasse de um mal entendido.


- Eu estava te procurando. - Emma murmurou ao se virar, secando as lágrimas de seu rosto e encostando-se em uma mesa que tinha ali. - Porque eu tinha me esquecido mais cedo. São tantos exames e trabalhos nesse final de ano. - sorriu nervosa. - Mas eu lembrei que hoje faz um ano que estamos namorando. Justamente hoje.


- Emma, eu não... Droga, eu não quis beijar a O’Malley. Sabe que eu nunca faria isso, nunca enganaria você. – explicou.


- E é isso que eu não consigo entender, James. - exclamou, não conseguindo mais controlar as lágrimas. - Eu juro que quero entender. Achar uma explicação razoável pra tudo isso. Mas eu estou tão... Confusa e arrasada nesse momento que eu não consigo pensar em nada.


- Então pense no quanto eu amo você. Emma... – tentou dizer, mas estava envergonhado demais. – Eu sinto muito. Não queria nada daquilo, principalmente magoar você. Ela me pegou de surpresa.


- Não é tão fácil assim. - meneou a cabeça, respirando fundo ao se aproximar, notando a marca de batom no pescoço e no colarinho da camisa de James. - Merlin, como eu queria que isso fosse um pesadelo. - murmurou. - Porque eu to começando a achar que tudo aquilo que vivemos ontem foi um sonho. E agora eu acordei pra realidade.


- É a realidade que Jenna quer que acredite. Não teve nada demais... Não significou nada, Emma! Você significa, e muito para mim. Eu te amo. – James disse, se aproximando mais dela. A fitou nos olhos, e sentiu-se arrepiar. Era tão intenso o olhar dele.


Emma desviou os olhos, relutante. Respirou fundo enquanto secava as lágrimas de seu rosto. O gosto terrível em flagrá-lo com Jenna O'Malley ainda estava empreguinado em seu intimo, assim como o da humilhação. E por mais que o amasse, não podia dar razão a esse único sentimento. Não poderia passar por tola e deixar que todos falassem em suas costas. Seria mais humilhante ainda


- Eu também te amo, James. - sussurrou quando finalmente o olhou, apertando o pingente de coração em seu colar com força, notando o sorriso que ele esboçara com aquelas palavras. - Mas eu tenho a minha dignidade. Por enquanto eu não posso continuar fingindo que está tudo bem depois do que eu vi, porque eu sei que não está. Eu preciso de um tempo pra pensar. Preciso de um tempo pra organizar meus sentimentos e chegar a alguma conclusão. - Emma o olhara pela última vez, antes de deixar a sala.


***


Andava de um lado para o outro na varanda. Suas mãos tremiam enquanto olhava a folha com o resultado do exame que fizera semana passada. Não tinha idéia de como daria a notícia para o marido. Seria mais difícil do que imaginara, já que não conversavam há semanas. Ambos sabiam que o casamento estava desmoronando aos poucos. E ela tinha certeza que, com aquela notícia, ele acabaria de uma vez por todas.


Não que quisesse acabar com o seu casamento. Merlin sabia que ela ainda permanecia na mesma casa porque ainda tinha esperanças de que Rony voltasse atrás com suas escolhas. Perdoasse o filho e tudo voltasse a ser como sempre fora. Mas não poderia esconder tamanha notícia dele pelo resto da vida. Tão pouco pelos próximos seis meses. Já estava ficando óbvio e lhe admirava que ele ainda não tivesse notado.


Reuniu toda a coragem que a fizera chegar até ali, entrando em casa e dobrando o papel em suas mãos. Precisava de forças naquele momento, mas suas mãos ainda tremiam. E seu corpo todo estremecera ao fitá-lo, sentado no sofá, pensativo com um copo de uísque de fogo nas mãos. Sua entrada fora ignorada pelo marido, como ele vinha fazendo.


Tirou seu casaco, aproximando-se e colocando-o junto com sua bolsa sobre a poltrona vazia.


- Rony. - Luna cruzou os braços, olhando-o. - Preciso falar com você.


- Se for sobre o seu filho, pode esquecer. Não quero me aborrecer. – ele disse, e suspirou, virando-se para ela. Continuava naquela pose altiva, mas por dentro estava acabado. Tanto por não poder fazer o que Luna queria. Por não poder aceitar a escolha de Caleb.


- Não é sobre Caleb. - murmurou sentindo as lágrimas voltarem em seus olhos. Estava farta de corrigi-lo sobre isso e mais farta ainda de viver um casamento em aparências. - Já disse para não se preocupar com isso. Que quando ele voltar de Hogwarts iremos para a casa do meu pai.


Rony estremeceu ao ouvir aquelas palavras. Nunca a solidão fora tão evidente e perto de se concretizar. Mas seu orgulho não permitia que fosse de outra forma. Sempre que tentava pensar no assunto, as humilhações que passara lhe viam a mente, e associava-as a namorada da filho.


- Então... Sobre o que é? – indagou tentando não parecer muito afetado, mas Luna pudera jurar ver algo nos olhos azuis do marido.


- Eu sei que estamos passando por um momento difícil. - começou ao sentar-se no mesmo sofá que o marido, porém mais afastada. - Nós dois sabemos que o nosso casamento não vai nada bem. Mas... Tivemos uma recaída três meses atrás. - Luna mordeu o lábio, evitando olhá-lo. - A primeira e a única durante toda essa crise.


A loira respirou fundo, tentando em vão controlar as lágrimas, que rolaram pela sua face. Sabia que depois do que diria, Rony gritaria consigo, jogaria toda a culpa nela. E o pior, finalmente daria entrada com o processo de divórcio. Algo que Luna vinha cogitando em fazer, mas nunca tivera coragem. Erguera seu olhar, finalmente olhando para o marido.


- Rony, eu... Eu estou grávida.


- O que...? – o ruivo indagou, levantando-se de pronto do sofá onde estava emprostrado. – Você está grávida?


- Estou. - confirmou, não podendo mais reprimir o choro. - Eu sei que você não queria outro filho. Juro que respeitei sua decisão, por mais chateada que estivesse. Mas depois daquela briga que tivemos por causa do nosso filho eu deixei de me cuidar, porque estava irritada com você. Só não imaginava que iria ter uma recaída em um momento de loucura.


- Por Merlin! – ele praguejou alto, passando as mãos nos cabelos vermelhos. – Só foi uma noite... Mas que droga!


- Eu sinto muito. - Luna murmurou, escondendo o rosto entre as mãos. Desculpou-se por algo que não era apenas sua culpa. Rendera-se ao arrependimento, algo que jamais faria se não estivesse tão desesperada. 


Rony esquecera-se de sua raiva, e descontentamento, e fitou a esposa aos prantos. Sentira uma pontada no peito, e definitivamente, era hora de esquecer o orgulho. Nunca gostara de fazer Luna sofrer, mas tudo que conseguia era isso. Não desejava mesmo ter um filho a essa altura do campeonato, mas não podia mais fazer nada.


- Não... Eu sinto muito... – ele disse, fazendo-a erguer os olhos vermelhos para si. – Tenho sido um trasgo da pior espécie... Luna... Eu...


- Não, Rony. Tudo bem. - disse com a voz embargada, se levantando. - Você não quer esse filho. Eu sei. Por mais que machuque saber disso, eu sei. Então eu vou para a casa do meu pai hoje à noite. Se quiser o divórcio eu entendo perfeitamente. Só não vou conseguir compreender porque não irá assumir esse filho, mas não posso obrigá-lo. Irei me virar sozinha. - se virou, com o intuito de deixar a sala.


- Espere. – ele a barrou, tocando em seu braço. – Posso não ser perfeito, ou melhor, sou um perfeito idiota, mas... Não vou deixá-la sozinha. Por favor, então não me deixe sozinho também.


Luna suspirou ante ao pedido. Sua consciência insistia para que subisse para seu quarto e arrumasse sua mala, deixando aquela casa o mais rápido possível. Mas seu coração disparou ante ao pedido que Rony fizera. Por mais magoada que estivesse desesperada e decepcionada, não podia ignorar seus sentimentos. Poderia ser uma tola, mas amava aquele perfeito idiota.


- É isso que você quer? - perguntou ao se virar para olhá-lo. - Tem certeza?


- Absoluta. – respondeu com veemência. – Não suportaria viver sem você. E... Eu a amo muito. – emendou com certa dificuldade, afinal expressar seus sentimos ainda era um fato complicado e que precisava de ajustes.


- Eu... - Luna sorriu ao se aproximar, abraçando-o. Gesto que fora correspondido de imediato por Rony, sentira saudades daquele contato. E ficara impressionado em quanto Luna era incrível por fazer isso naquele momento. - Eu também amo você.


O ruivo acariciara seu rosto, e sorriu, quando ela fechara os olhos. Inclinou-se um pouco mais, e roçou seu nariz ao dela, a boca... Luna gemera em expectativa, seu coração estava disparado. Então, Rony a beijou. Primeiro sentindo o gosto que há muito tempo não experimentava, depois, passou a ser guiado pela paixão.


Luna correspondera ao carinho com tamanho ardor, entregando-se a ele. Suspirou durante o beijo, sentindo-o tão apaixonado e caloroso como jamais sentira antes. E aquela sensação era deveras maravilhosa. Seu peito enchera-se de esperanças. Queria mais do que tudo recuperar seu casamento. Mas para isso ainda faltava um passo que Rony precisava dar. E iria prepará-lo devagar para que o fizesse.


- Acho que precisarei pedir um aumento a Harry. – o homem dissera, sorrindo, quando pararam de se beijar, quando ainda o ar lhes era escasso. – Espero que seja um ruivinho desta vez.


- Ou uma ruivinha. Ainda não sei qual é. - sorriu, passando os dedos por entre os cabelos ruivos do marido. - Não sabe o quanto me deixa feliz e aliviada por isso.


- Antes tarde do que nunca, não é? – ele brincou.


- Com certeza. - Luna riu, antes de se aproximar e beijá-lo novamente. Só desejava que, assim como ela o perdoara, Rony também o fizesse com o filho.


***


Entrou em casa cabisbaixo, desejando não encontrar Ben e Lily durante o caminho que faria até o quarto. A culpa seria maior ainda se os visse. E não conseguiria evitar as lágrimas de remorso por estar perdendo tudo o que sonhara e um dia conseguira. Por estar perdendo a coisa mais preciosa que tinha em sua vida. Sua família. Por isso decidiu chegar mais tarde, em um horário que sabia que eles já estariam dormindo. Contudo, já imaginava que Hermione iria interpretar seu atraso de outra forma. Principalmente depois da cena que vira hoje.


Jogou seus pertences sobre o sofá, passando a mão entre os cabelos e respirando fundo. Não queria subir para o quarto, deparar-se com uma Hermione triste e completamente decepcionada consigo e enfrentar as ruínas de seu casamento. Mas teria que fazê-lo mais cedo ou mais tarde. E a única coisa que desejava naquele momento era não causar tamanho sofrimento na esposa. Ela estava sofrendo, e a culpa era sua.


Andou de um lado para o outro na sala, afrouxando o nó de sua gravata e tardando o momento em que teria que subir. Daria qualquer coisa para que pudesse evitar outra discussão, para que pudesse evitar o fim de tudo. Todavia, ele não iria desistir. Por mais errado que Hermione julgasse sobre ele, não desistiria. Hermione era a mulher de sua vida. A mulher que escolhera para se casar e construir uma família. Ela que lhe proporcionara momentos que jamais imaginara viver, momentos felizes e inesquecíveis.


- Merlin, eu a amo. - Harry murmurou para si mesmo, desejando que ela ouvisse tais palavras.


Estava decidido. Ainda podia salvar seu casamento. E o faria naquele momento. Conversaria com Hermione e explicaria tudo o que acontecera naquela manhã. Declarar-se-ia como aquele adolescente apaixonado que era quando deram seu primeiro beijo se fosse necessário. Mas a teria de volta. Seu coração batia forte, lhe dando coragem. Harry então respirou fundo, subindo a escada em direção ao seu quarto.


Abrira a porta, a qual estava apenas encostada, e entrou sem cerimônias. Hermione estava escorada na cabeceira da cama, suas costas apoiadas nos muitos travesseiros. Era a maneira que ela encontrara de não se sentir desconfortável. Um livro repousava em seu colo, mas ela não o lia. Estava ainda marcado nas primeiras páginas. Os olhos dela estavam vermelhos, sua face amarrotada.


Quando a morena o vira, limpou algumas lágrimas, e virou o rosto. Não podia encarar o marido. Não sabendo que ele a traía, e que podia encontrar vestígios disso em seu aspecto. E somente de imaginar o cheiro do perfume de Gina impregnado nas roupas de Harry, seu estomago embrulhava-se.


Fizera um breve gesto com a cabeça ao vê-la virar a face, evitando olhá-lo. Merecia todo o ódio e repulsa que Hermione fizesse. Afinal, a culpa de tudo que vinha acontecendo era sua. Fora ele que levara tudo para aquele caminho. Caminho este, que desejava ter alguma volta. Harry se aproximou, sentando-se na cama e criando coragem para dizer algo.


- Tem tanta coisa que queria dizer, mas não sei por onde começar. - Harry disse, suspirando. - Hermione, me perdoe. Eu não queria que passasse por tudo isso. Não sabe o quão arrasado estou comigo mesmo por tudo que está acontecendo. Eu sei perfeitamente que a culpa é minha.


- Já é tarde para assumir uma parcela de culpa. E não quero ouvir nenhum dos seus argumentos, pois eles não valem nada para mim. Eu sei o que vi, ninguém me contou, não tem como negar... Você está tendo um caso. Com Gina!  - arremessou o livro de lado, as lágrimas já escorriam por seu rosto. – Jogou nossa família fora... Jogou-me fora.


- Eu não estou tendo um caso com a Gina, Hermione. - murmurou, fechando os olhos para evitar as lágrimas que o atingira. Sabia que seria em vão tentar explicar o que acontecera, mas tinha que tentar. - Ela tentou me beijar, mas eu não correspondi. Aquela cena que ela fez em ajeitar a roupa foi puro fingimento. Não aconteceu nada.


- Não acredito mais em você... – murmurou, com a voz embargada.


- Hermione. - Harry abriu os olhos, deixando finalmente as lágrimas virem à tona, olhando-a nos olhos. - Gina nunca significou nada para mim. Não será agora que vá significar. Você é importante pra mim. É você quem eu amo. Tem que acreditar nisso.


A morena baixou o olhar, não poderia ceder agora. Sabia no fundo que ele a enganava, só era mais cômodo negar. Mentir dizendo que a amava, sendo que era o contrário, pelo menos no momento, porque em outros tempos, tinha certeza de que Harry a amara de verdade.


Harry se aproximou em uma nova tentativa. O que fosse preciso fazer para que ela acreditasse em seus sentimentos ele o faria. Mas nenhuma solução, nenhuma resposta, nada aparecera para ajudá-lo. Estava sozinho e dependia de tudo que viveram até aquele momento para que pudessem salvar o que ainda tinham. Tocou-a na face, fazendo com que ela erguesse seu olhar.


- Eu sei que errei Hermione. Merlin sabe o quanto eu já me torturei por isso e o quanto estou sofrendo agora por tudo que estamos passando. Mas eu preciso de você. Não sou nada, não sou ninguém sem você. Eu te amo, Hermione. E se for preciso que eu fique a noite toda repetindo isso, por mim tudo bem.


- Não precisa repetir assim não se cansa. – retrucou desviando o olhar.  – Se quiser dormir no quarto do James, suas coisas ainda estão lá.


Ele retirou suas mãos, lentamente. As palavras de Hermione o machucaram mais do que qualquer gesto ou azaração que ala pudesse lhe lançar. E naquele momento não poderia fazer ou dizer mais nada. A única coisa que poderia fazer era lhe dar um tempo, para que pensasse em tudo que ele dissera e reconsiderasse os fatos.


Mordeu o lábio, secando as lágrimas de seu rosto antes de se levantar. Não iria desistir de convencê-la que ainda poderiam voltar ao que eram antes. Mas naquele momento respeitaria a vontade da esposa. Respirou fundo antes de deixar o quarto, caminhando para mais uma noite solitária.



N/A: Desculpem a demora, caros leitores.

Mas a gente teve motivos pelo atraso.

Expliquei isso na fic Minha Melhor Amiga e a Jessy também está com o tempo curto.

Por isso se a gente demorar, tenham um pouco de paciência.

E não precisam se preocupar, porque vamos postar a fic toda.

Afinal, ela já está terminada. kkkk

E quem quer a segunda fase dela?! \õ/

Já estamos na metade da segunda fase, acreditam?! 

Não era para dar esse detalhe, mas agora já falei e vocês vão ficar na curiosidade.

Se esse final de fic já está deprimente, imaginem só o que reservamos pra próxima fase. *-*

Ta bom, me calei. kkk

Se querem saber o que vai acontecer, basta só comentar.

Aí a gente tenta atualizar o mais rápido possível, ta bem?!

Ah, e fiquem à vontade para matar a Gina ou qualquer outra vilã da história. 

Elas merecem. kkk

Beijo das autoras.

 N/A: Desculpem a demora, caros leitores.


Mas a gente teve motivos pelo atraso.

Expliquei isso na fic Minha Melhor Amiga e a Jessy também está com o tempo curto.

Por isso se a gente demorar, tenham um pouco de paciência.

E não precisam se preocupar, porque vamos postar a fic toda.

Afinal, ela já está terminada. kkkk

E quem quer a segunda fase dela?! \õ/

Já estamos na metade da segunda fase, acreditam?! 

Não era para dar esse detalhe, mas agora já falei e vocês vão ficar na curiosidade.

Se esse final de fic já está deprimente, imaginem só o que reservamos pra próxima fase. *-*

Ta bom, me calei. kkk



Se querem saber o que vai acontecer, basta só comentar.

Aí a gente tenta atualizar o mais rápido possível, ta bem?!

Ah, e fiquem à vontade para matar a Gina ou qualquer outra vilã da história. 

Elas merecem. kkk



Beijo das autoras.

 

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