Quase pegos.



Ao cumprir dos sonhos | Capítulo 20.
Quase pegos.




Assim que aparatara subiu os degraus da varanda e tocou a campainha. Esperou alguns segundos até a porta ser aberta. Pela expressão rígida e abatida na face do amigo, os ânimos não se animaram na casa depois da última visita.


- Pelo visto você e a Luna ainda não fizeram as pazes. - Deduziu Harry imaginando se fora uma boa idéia ter ido até ali.


- Acertou na mosca, Harry. Ela não falou comigo outra vez, e tudo que eu faço é em vão. – ele disse respirando fundo.


- Eu estive pensando... - Harry passou o braço pelos ombros do amigo, guiando-o até a sala. - Só tem um jeito de vocês dois voltarem ao que eram antes. Vou te dar férias, viaje com Luna para um lugar bem longe daqui. E faça de tudo pra conquistá-la de novo durante essa viagem. O que acha?


- Está falando sério? – perguntou receoso.


- Claro. - Harry sorriu para o amigo. - Arrumo alguém para ficar no seu lugar enquanto isso. Até lá você vai ter muito tempo para pensar nas vontades de Luna.


- Obrigado, Harry. – agradeceu ainda cabisbaixo. – Vamos ver se dá certo.


- Então se anima. - Disse olhando para o outro, que ainda trajava roupa de dormir por baixo do roupão. - Vai tomar um banho porque eu acho que você precisa. Depois vamos para Hogwarts. Hoje é o último jogo.


- Jogo? Jogo de que? – perguntou o ruivo.


- Quadribol. - Respondeu franzindo o cenho. - Na qual o Caleb, que é seu filho, é o batedor do time.


- Ah, é... Ele mandou uma carta. – respondeu. – Não sei Harry, não estou muito a fim de um jogo de quadribol. Prefiro a companhia da solidão. – disse dramático.


- Rony, qual é. - Harry revirou os olhos. - Pra começar já está fazendo algo errado novamente. Se Caleb te mandou uma carta avisando é porque ele quer que você vá vê-lo jogar. E se Luna souber que você não foi... - Balançou a cabeça. - Não terá viagem que irá fazê-la te perdoar.


O ruivo pareceu pensar por um momento. Coçou o queixo, e então disse:


- Bem pensado, Harry. Eu posso ficar a mercê da solidão outra hora. – estava um tanto mais alegre. – Eu já volto, vou tomar um banho e trocar de roupa.


- Sábias palavras, amigo. - Disse Harry sorridente ao vê-lo subir as escadas para se arrumar.


...


Grifinória liderava o jogo com apenas dois pontos de diferença do time adversário. Isso deixava o jogo mais agressivo. Não era contra a Sonserina que jogavam, mas o fato de que o time vencedor representaria Hogwarts durante o torneio interescolar deixava a Corvinal sedenta por vitória também. Isso de fato dava a impressão de que jogavam ferozmente contra a Sonserina, a qual estava em massa nas arquibancadas torcendo pela vitória da Corvinal. O que já era de se imaginar.


A posse da goles ficava em maior parte com o time da Grifinória, que só não marcava mais pontos devido aos empurrões e investidas brutas que o time adversário acometiam nos artilheiros. Os batedores se esforçavam ao máximo para desviar os balaços dos demais jogadores. Tanto era o esforço que Caleb acabara recebendo um balaço na face ao rebater outro, causando um pequeno corte em sua testa.


O apanhador da Grifinória tinha dificuldade em encontrar o pomo de ouro. Estava mais preocupado com a agressividade do jogo, já que era o capitão do time e o seu nome era chamado constantemente. O apanhador do outro time não demonstrava muita preocupação com isso. Muita das vezes o próprio demonstrava agressividade quando perseguia o pomo.


Avistou o ponto dourado próximo a uma das balizas da Grifinória, inclinando-se em sua vassoura para adquirir mais velocidade e segui-lo. Porém a perseguição durara pouco quando recebera um cutucão do apanhador adversário e fazendo com que ambos perdessem o pomo de vista novamente, deixando-o furioso. Aquele jogo estava ultrapassando os limites e tinha receio do que poderia acontecer nos jogos durante o torneio.


Foi então que ouvira a sineta marcar mais um ponto feito e, pela gritaria que ecoara no campo, soube que fora para a Grifinória. Porém as comemorações cessaram ao ouvir gritos surpresos. Virou-se espantado ao se deparar com a cena de Emma caída próxima à baliza da Corvinal. Pediu tempo enquanto descia em direção à sua artilheira.


- Emmy! – exclamou, correndo em direção a ela. Seu coração estava disparado e nem sabia descrever o que sentia.


Emma se levantou com a ajuda de Caleb, batendo as mãos em seu uniforme para retirar à areia. James suspirou aliviado por vê-la em pé. Entretanto sua camisa estava rasgada e ostentava um médio corte no braço esquerdo.


- Você está bem? – James fora logo perguntando ao tocar a vermelhidão no rosto bonito de Emma.


- Eu estou bem. - Emma sorriu, ajeitando suas vestes. - Foi só um balaço que me acertou depois que marquei. Ainda bem que não estava voando muito alto. - Disse entre as risadas dos jogadores da Corvinal.


O restante do time da Grifinória se reuniu a eles. James tentava pensar numa estratégia, mas ficava difícil. O time adversário estava marcando bem, na verdade estava arrasando os jogadores em faltas desnecessárias e desleais. E mesmo assim não poderia usar de mesma coisa. Venceriam por que eram os melhores.


Só precisava pensar...


- A gente pode segurar o jogo mais um pouco. - Sugeriu Caleb passando a manga de sua camisa na testa para limpar o sangue. - Até você encontrar o pomo. Eu e Oliver podemos desviar os balaços. - Apontou para a outra batedora, que parecia não ouvir nada à sua volta. - Jenna, Emma e Tereza continuam marcando enquanto o Joseph mantém a goles longe do gol. Só não podemos garantir isso por muito tempo.


- Você está certo, Caleb. Temos que adiantar tudo, sermos ágeis. No fundo somos melhores que eles. Só preciso de tempo e cobertura para encontrar o pomo. – James completou o que o batedor dissera.


- E acabamos com a carnificina... – murmurou Tereza.


- Ok, pessoal, vamos voltar pro jogo. – o capitão disse e todos assentiram. Antes que Emma pudesse saltar sobre sua vassoura, ele a tocou no braço. – Toma cuidado, está bem?


- Você também. - Emma sorriu antes de subir em sua vassoura e voltar ao campo.


James deu impulso em sua vassoura ao subir novamente. Estava decidido em se dedicar mais em encontrar o pomo para que esse jogo acabasse logo antes que alguém saísse do campo gravemente ferido. Ouviu o som do início do jogo e se surpreendeu quando Emma pegou a goles, desviou de um balaço, passou perto por um artilheiro e marcou mais um ponto. Realmente fizera a escolha certa ao colocá-la no time.


Percorreu seu olhar pelo campo a procura do pomo, mas antes que o encontrasse viu um dos batedores da Corvinal quase despencar de sua vassoura ao desviar de um balaço que Caleb rebatera em sua direção. Foi então que vira algo dourado sobrevoar pela arquibancada da Corvinal. Olhou em sua volta a procura do apanhador adversário, que procurava o pomo em uma direção oposta à sua.


Aproveitou a oportunidade e seguiu com toda a velocidade atrás do pomo, porém, antes de alcançá-lo, este fugira. A perseguição de James pelo pomo atraiu a atenção do adversário, que voara em sua direção. O impasse desviou os olhares dos torcedores para o pomo, que voava em todas as direções pelo campo na tentativa de desviar de seus perseguidores. Podia ouvir as sinetas de pontos marcados e o apito de faltas cometidas, mas não podia desviar sua atenção do pomo naquele momento.


Tivera que frear bruscamente sua vassoura para desviar de um balaço, ouvindo exclamações surpresas vindas da arquibancada. A parada o deixara irritado já que o apanhador da Corvinal ganhara dianteira. Entretanto não deixaria assim tão fácil para o concorrente, dando impulso em sua vassoura e fazendo um vôo rasante. Rasante o suficiente para o outro perder o equilíbrio em sua vassoura. Isso fizera a adrenalina e a força de vontade pulsar cada vez mais forte dentro de si.


Inclinou-se mais na vassoura para pegar o pomo, mas não estava alcançando-o. Deu um olhar rápido para o chão, que estava um pouco próximo de si. Foi então que deu um pulo para frente, agarrando a pequena bolinha de ouro e rolando alguns metros pela areia. A gritaria não só da arquibancada da Grifinória como também dos jogadores de seu time e o pomo tentando fugir de suas mãos o dera certeza de que havia consigo vencer e que o jogo estava terminado. Viu alguns jogadores corvinais praguejarem furiosos pela derrota.


...


O campo foi se esvaziando aos poucos. A festa da vitória iria continuar pelo resto do dia no salão comunal da Grifinória. Os jogadores que se feriram durante o jogo seguiram para a ala hospitalar, para os cuidados de Madame Pomfrey. O capitão permaneceu no campo por mais alguns instantes, ainda sendo parabenizado pela vitória. James fazia questão de lembrar que a vitória não era apenas mérito seu, mas de todo o time.


- Mandou bem, garoto. - Disse Harry sorridente ao se aproximar do filho, bagunçando os cabelos dele. - Sua pegada foi excelente.


- Obrigado, pai. Eu aprendi com o melhor. – disse orgulhoso pelo elogio. Recebê-lo de Harry era sem dúvida maravilhoso e gratificante.


- Jogo difícil esse. - Comentou Harry percorrendo o olhar pelo campo. - Pra falar a verdade nunca vi uma partida como essa. Muito menos quando eu jogava.


- É, parecíamos que estávamos em Guerra. – James comentou rindo. – Mas no fim deu tudo certo, só não conta pra mamãe sobre a brutalidade do jogo, eu não quero que aconteça nada com meu novo irmão.


- Não vou contar. Estou evitando emoções fortes com a sua mãe. Se bem que não tem algo de tão grave para evitar. - Emendou rindo. - Mas ela não ficaria satisfeita em saber disso.


- Não mesmo. Posso até vê-la abrindo caminho pelos alunos, e nem o Hagrid conseguiria segurá-la. – disse e riu maroto.


- Isso é verdade. Quem iria passar a vergonha seria você, no caso. - Concordou Harry, cessando as risadas. - Mas pode-se dizer que você terminou seu ano como capitão com chave de ouro. E com um belo time montado também.


- E você com um time quase formado, não é mesmo? – indagou erguendo uma das sobrancelhas.


- Ah, tava demorando. - Harry revirou os olhos. - Já tava estranhando seu atraso por isso.


- Claro, primeiro é a rasgação de seda, agora são as piadas. – James disse. – Como está a mamãe?


- Ela está bem. Muito bem. - Disse cruzando os braços, esperando as próximas piadas que viriam do filho.


- Não espere muito de mim hoje, eu estou cansado, e destruído. Mas não vou ser tolerante da próxima vez. – avisou zombeteiro. – Pode ir aguardando, pai...


- Eu podia ter pedido um filho menos sarcástico. - Harry balançou a cabeça. - Eu não sei onde foi que eu errei com você.


- Eu também não sei, talvez no momento da concepç... – o homem olhou-o sério. – Foi mal...


- Não vou falar sobre isso. - Desdenhou Harry consultando seu relógio. - Rony está demorando. Foi visitar o Caleb na ala hospitalar.


- Covarde... – murmurou rindo, e desviando-se do alcance de Harry.


- O covarde aqui tem controle sobre sua mesada. - Retrucou erguendo uma sobrancelha.


- E o garoto aqui tem controle sobre sua mulher, então é bom ficar controlado você mesmo. Posso dizer um monte de coisa pra mamãe, e vai fazer monólogo o resto da sua vida. – James provocou.


- Eu odeio você. - Resmungou Harry, contrariado. Contudo sabia que as palavras eram meras brincadeiras, ditas da boca pra fora.


- Eu me esforço pra isso, obrigado, pai. – disse e gargalhou.


- Ninguém te merece. - Harry jogou a cabeça pra trás, respirando fundo.


- Todos merecem James Potter. – falou cheio de si.


- James vai caçar o que fazer. - Harry o olhou impaciente. - Emma foi acertada por um balaço. Vai ver como ela está assim você me esquece um pouco.


- Certo chefe. To indo... Manda um beijo pra mãe, e diz que estou com saudades. – falou e parou incerto perto de Harry.


- O que foi? - Harry olhou confuso para o filho.


- Posso te dar um abraço? – perguntou mais sério.


- Claro. - Harry sorriu ao puxar James para um abraço paterno caloroso.


- Até logo, pai. – sorriu outra vez, e saiu pelo lado oposto, sendo parabenizado por muitos ainda. Harry riu, quando vira o séquito de garotas atrás do filho.


...


Apenas permanecia na ala hospitalar por causa da exigência excessiva de Madame Pomfrey. Mas não tinha do que reclamar. Estava na companhia de Emma, que contava alguns fatos engraçados que ocorrera durante o jogo, fazendo-o rir. Realmente a garota era o que James passava horas falando, engraçada e inteligente.


O som da porta sendo aberta chamou a atenção de ambos. Caleb sorriu ao vê-la entrar lentamente, acanhada pela presença de Emma no local. Madame Pomfrey estava em sua sala enquanto os outros alunos que machucaram durante a partida já foram liberados.


- Não se preocupem comigo. Eu estou de saída. - Disse Emma ao se levantar da cama em que estava sentada, observando Pandora caminhar em direção à Caleb. - Odeio esse lugar e não vou ficar aqui mais tempo. Melhoras Caleb. - Completou antes de sair.


- Para você também, Emma. - Disse vendo-a fechar a porta ao passar, voltando seu olhar para Pandora.


Ela sorriu timidamente, e aproximou-se dele, parando bem a sua frente. Devagar tocou o rosto machucado do garoto, e ele também sorriu.


- Eu fiquei preocupada, você está bem? – perguntou Pandora, visivelmente mostrando o que sentia e o que expusera nas palavras.


- Tirando o fato de que eu posso ganhar uma cicatriz quase igual a do tio Harry, eu tô bem. - Disse Caleb rindo ao vê-la arregalar os olhos. - Eu estou brincando. Foi só um pequeno corte, não vai ter cicatriz.


- Ainda bem! – a sonserina exclamou, mais aliviada. – Você não fica bonito com uma cicatriz, e isso aí, provavelmente seria um risco e não um sinal em forma de raio. – brincou e ele riu.


- Não custava nada tentar, não é? - Disse o loiro. - E você, como está?


- Fora o susto, eu estou bem. – comentou chegando mais perto dele, de forma que pudesse abraçá-lo. Caleb estava sentado na cama, então ela postou-se entre as pernas dele. – É sério, não faça isso outra vez...


- Eu não tive culpa. Pra falar a verdade nem vi o balaço. - Comentou puxando-a para mais perto, beijando-a na face e afagando os cabelos negros da garota. - Mas eu prometo tomar mais cuidado no próximo jogo.


- Espero que cumpra sua palavra, os próximos jogos serão com equipes que vocês nunca jogaram, podem ser mais cruéis. – Pandora, falou afagando os cabelos loiros e finos do grifinório.


- Não tinha pensado por esse lado. - Disse o loiro distraidamente, ponderando por um breve momento sobre o que ela disse. Balançou a cabeça, decidindo que aquele não seria o momento ideal para pensar nisso. - Mas eu devolvi o balaço que o Steven me acertou. - Sorriu orgulhoso pelo feito. - Não consegui devolver o machucado também, mas a vassoura dele ficou prejudicada.


- Quase estraçalhada, você quis dizer. E o tombo foi majestoso. – Pandora acrescentou dona de um sorriso zombeteiro. – Foi engraçado.


- Ele mereceu. - Emendou sorridente, antes de distribuir pequenos beijos pelo pescoço macio e perfumado de Pandora, fazendo-o suspirar ao sentir o aroma que ela exalava.


- Percebo mesmo que está muito... Muito bem. – ela sussurrou, fechando os olhos, apreciando o toque dos lábios dele em sua pele.


- Agora eu to melhor do que nunca. - Sussurrou beijando-a na orelha. Pandora riu pelo comentário.


Ela o fitou e inclinou-se para tocar-lhe os lábios. Desde que entrara tivera que reter a vontade de beijar Caleb, mas agora era o momento certo. Ambos suspiraram ao inicio do beijo. O batedor apertou as mãos sobre a cintura de Pandora, intensificando o beijo.


Os lábios se encontravam e ritmavam lenta e saborosamente, explorando as bocas conhecidas e desprendendo sentimentos. As mãos da sonserina acariciavam e puxavam de leve os cabelos do loiro. Pandora podia sentir a mão dele afagando suavemente seu rosto, fazendo-a suspirar novamente.


Desprendera-se dos lábios dele, e sorriu.


- Vou te procurar mais vezes depois dos jogos – brincou.


- Eu preciso me machucar pra isso? - Ele sorriu zombeteiro.


- Não, é claro que não... – respondeu, batendo levemente nele.


Caleb riu pela reação de Pandora. Abriu a boca para fazer outro comentário engraçado, mas passos no corredor fora da ala hospitalar chamaram sua atenção. Pode ouvir uma voz, ainda não muito claramente, mas reconheceu de imediato a voz da irmã. Entretanto a voz masculina o fizera arregalar os olhos, surpreso.


- É o meu pai. - Caleb sussurrou desesperado pela reação explosiva do pai se visse Pandora Malfoy ali a sós com ele.


- Seu pai? – ela repetiu atônita.


- É. Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar. - O garoto olhou em sua volta, procurando algo que pudesse salvá-los de uma reação catastrófica. - Ele vai fazer um escândalo se te ver aqui. - Disse olhando para a garota. - Você sabe. Rivalidade com o seu pai.


- Não quer que eu me esconda debaixo da cama, quer? – indagou ironicamente. Enquanto ele procurava um lugar para escondê-la. – Eu posso sair de fininho... – falou tirando o cachecol verde, e o enfiou completamente no bolso.


- Então vai. - Disse exasperado, mas tentando não parecer rude com ela diante a situação.


Pandora revirou os olhos, e soltou os cabelos que lhe cobriram as faces. Sorriu a ele, antes de sair, baixando a cabeça. Rony estava muito perto agora, tanto que o filho o escutava com mais clareza, e isso o fizera engolir em seco. Se o pai visse a sonserina e lembrasse-se de seu rosto, seria no mínimo uma tragédia.


Kira arregalou os olhos, ao ver Pandora se esgueirando, puxou bruscamente o pai, pelo casaco e sorriu fracamente.


- Tinha uma aranha... – comentou ao passo que ele fizera uma careta.


- Obrigado, querida. – Rony agradeceu, continuando a caminhar e no percurso trombara com Pandora. A garota estremeceu e jogou o cabelo no rosto, saindo depressa, deixando o ruivo intrigado.


Caleb respirou fundo, ajeitando-se na cama e tentando parecer o mais natural possível. Fora questão de segundos até Rony adentrar no local ao lado da filha. O garoto forçou um grande sorriso.


- Pai. Que surpresa. - Disse trocando olhares com a irmã.


- Mesmo? Não é surpresa um pai ficar preocupado com seu filho e querer vê-lo. É? – resmungou e Kira riu.


- Não ligue papai, foi o balaço... – falou a loirinha sorrindo.


- É. No meio da testa. - Caleb sorriu ao apontar para o curativo. - Estou mais lerdo do que o de costume. O senhor entende, não é?


- Não entendo, mas você deve entender. – respondeu Rony. – Bem... Me deixa avaliar isso... – então segurou a cabeça do filho e ficou observando por baixo do curativo.  Caleb resmungava sem parar. – Vai viver, e sua mãe não vai precisar se preocupar...


- Que dedução mais perspicaz. - Comentou Caleb com ironia, hábito que adquirira na sua convivência com Pandora.


Rony batera na nuca dele, e Caleb gemeu.


- Não fale assim comigo, seu fedelho. – o ruivo reclamou. – Eu sou seu pai! Deve-me mais respeito, e enquanto morar no mesmo endereço que eu, assim vai ser.


- Ai. - Caleb resmungou ao massagear a nuca. - O que deu no senhor? O balaço já foi suficiente.


- É pra dar uma chacoalhada aí nesse seu cérebro. – retrucou fazendo Kira gargalhar.


- Eu pensei que fosse receber um "Que bom jogo. Você é um eficiente batedor." - Desdenhou Caleb. - Mas não. Eu ganho um tapa e nada de elogios.


- Ah que bom que comentou... – Rony riu, passando a mão sobre a cabeça de Caleb, mas desta vez carinhosamente. - Ótimo jogo filho, estou orgulhoso de você.


- Agora sim melhorou. - Disse Caleb sorridente, aliviado pelo clima ter amenizado. - Obrigado, pai.


Rony sorriu, e o abraçou. Kira logo se juntou a eles.


- Merlin eu não posso me ausentar um instante que já aparecem visitas para incomodar meus pacientes. - Dizia Madame Pomfrey ao entrar na ala hospitalar, cessando os abraços. Seu olhar recaiu sobre Rony e ela sorriu gentilmente. - É um grande prazer revê-lo Sr. Weasley. Entretanto Caleb ainda está debilitado e...


- Eu estou bem. - Disse o garoto, revirando os olhos.


- Levou um balaço na testa e diz que está bem? Isso já é um sinal de que não está bem. - A enfermeira disse severa. - Você e a senhorita Hard precisam de cuidados... - Percorreu seus olhos pelo local, espantada. - Cadê a senhorita Hard?


- Foi embora. - Respondeu Caleb reprimindo uma risada. - Ela não gosta desse lugar.


- Essa garota sempre dá um jeito de fugir, impressionante. - Comentou impaciente. - Vou buscar outra poção para você, Weasley. - Disse ao retornar para sua sala. Caleb fizera uma careta ao ouvir aquela frase, certamente pelo gosto da poção.


- Bem... – Rony espalmou as mãos nas calças. – Boa sorte com a poção, filho. – sorriu maroto, e olhou para Kira. – Vamos deixar seu irmão descansar e provar as delícias de Madame Pomfrey.


- Certo, até mais Caleb. – ela disse esperando o pai mais a frente.


- Até logo, filho. E cuidado nos próximos jogos. – alertou sério.


- Pode deixar. - Caleb sorriu, mas ele se esvaiu rapidamente quando Madame Pomfrey voltara com a poção em mãos.


- Tome tudo. - Ordenou a mulher.


O garoto fizera uma careta antes de tomar a poção, engolindo-a contrariado quando o gosto de ferrugem descera por sua garganta. Rony e Kira deixaram a ala hospitalar aos risos pela cena que Caleb protagonizara. Madame Pomfrey insistira em trocar, pela terceira vez, o curativo que tinha em sua testa.


A porta sendo aberta novamente chamou a atenção dos presentes, fazendo a enfermeira praguejar ao imaginar que seria outra visita inesperada. Mas ficara contente ao ver Emma entrar visivelmente emburrada ao lado de James. A garota evitou ao máximo olhar para a enfermeira.


- Perdeu alguma paciente, Madame Pomfrey? – apanhador perguntou sorrindo maroto. – Eu achei esta aqui querendo fugir de circulação.


- Você é um anjo, Potter. - Disse ao guiar Emma para uma cama próxima. - Como você pode fugir assim, senhorita Hard?


- Eu estou bem. - Emma revirou os olhos. - Só cai da vassoura. Não é a primeira vez que isso acontece.


- Que teimosa! – James exclamou. – Sente-se aí e vai ficar até que tenha alta. Eu mesmo vou me encarregar disso.


- Você vai me pagar caro por essa. - Sibilou Emma olhando feio para o namorado, cruzando os braços e virando o rosto para o lado. Madame Pomfrey suspirou enquanto seguia para sua sala, conhecia a teimosia da garota.


- Vou pagar, é? – indagou rindo.


- Acho que ela não gostou de ser arrastada até aqui por você. - Comentou Caleb rindo, enquanto Emma ainda permanecia em silêncio.


- Ela não tem que achar nada, está precisando de cuidados, e vai ficar aqui até eu ter certeza de que não precisa mais. – disse agora sério, olhando para a namorada.


- Eu já... - Emma decidiu não terminar a frase para evitar uma discussão.


James a ignorou e encostou-se na cama, cruzando os braços, esperando Madame Pomfrey voltar. Caleb os fitava com um sorrisinho nos lábios.


- Onde já se viu... - Dizia Madame Pomfrey ao voltar com uma poção em mãos. - Fugir depois de levar um balaço de um jogo tão brutal como esse. - Entregou a poção para Emma. - Beba.


Emma pegou a poção contrariada, tomando-a sobre o olhar severo de James sobre si. A garota reprimiu uma careta, mas logo a fizera assim que Madame Pomfrey virou de costas para ela, provocando risos em Caleb.


- Vamos dar uma olhada nesse corte. - Disse a enfermeira tomando o braço de Emma e o examinando. - Como se machucou?


- Bati na baliza antes de cair. - Respondeu desviando seu olhar do próprio braço.


A mulher soltara uma exclamação, indo até o outro lado, resmungando sobre o jogo violento, voltara com algumas gazes, e postou-se ao lado de Emma.


- Ela ainda precisará ficar aqui, Madame Pomfrey? – James perguntou.


- Não. Só vou fazer um curativo e estará liberada. - Respondeu começando o procedimento. - Nunca mais fuja de mim novamente, mocinha.


- Eu já posso ir não é? - Perguntou Caleb se levantando se sua cama.


- Vai Weasley, antes que eu me arrependa. - Disse a mulher impaciente. - Não sei o que vocês tem contra cuidados com ferimentos. Sinceramente.


Caleb fizera um gesto de loucura para a mulher, o que não passou despercebido por James que tivera que morder o próprio lábio para não rir. Acenou para Emma antes de deixar a ala hospitalar.


Minutos depois, Emma também fora liberada, e junto com o namorado saíram dali. Ela mantinha a mesma pose emburrada, e James se controlava para não perder as estribeiras. Às vezes ela podia ser bastante imatura e teimosa, e isso tirava sua paciência. Mas procurou deixar isso de lado, afinal havia ainda um resquício de festa no salão comunal e o queria desfrutar ao lado de Emma.


- Vai me ignorar o caminho todo? – ele perguntou. 


Emma parou ao meio do corredor, suspirando. Seria inútil continuar emburrada com James por algo tão bobo. Afinal, ele estava preocupado com ela. Pode notar isso na expressão contida em seu rosto quando se aproximara após a queda. Virou-se para o namorado, envergonhada por manter uma atitude tão infantil como a que acabara de fazer.


- Me desculpa. - Sussurrou abaixando seu olhar.


- E porque eu faria isso? – retrucou sorrindo com o canto dos lábios.


- Por que... - Emma ponderou, ainda sem olhá-lo. - Porque eu... - O olhou, mordendo o próprio lábio. - Porque eu agi como uma imatura. E porque eu sou sua namorada. Não é motivo suficiente?


- Naturalmente é sim. – sorriu puxando-a para si. – Motivos suficientes, Srta. Hard...


- Mas você sabe ser chato às vezes. - Murmurou abaixando a cabeça, passando os dedos pelo peitoral do moreno.


- Admita que adore meu jeito chato, e insuportável. – ele então roçou os lábios contra os dela. – Admita... Que ame tudo em mim.


- Eu amo. - Sussurrou Emma fechando os olhos, apreciando aquela tortura que James lhe causava. - E como amo. - Entretanto ela afastou os lábios, fazendo-o suspirar. - Mas um beijo está fora de cogitação no momento. Ainda estou com o gosto horrível daquela poção na boca.


Ele riu, e afastou-se dela. – É você tem razão, não vou me arriscar. – emendou brincando.


- Engraçadinho. - Comentou a garota balançando a cabeça, seguindo ao lado do namorado para o salão comunal da Grifinória.


 


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N/A: Mais um capítulo postado, pessoinhas.
Diferente de Lições, essa fic aqui não corre o risco de entrar em greve porque as pessoas comentam. E comentam bastante. kkkk
Vocês sabem que somos exigentes. Então continuem comentando. E esperamos que tenham gostado do capítulo. Porque vem muito mais por ai.
Beijo das autoras.



29/09/2010.

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