Capítulo 13




Aclarações:


Itálico– 'esclarecimentos' de Harry. Pensamentos dele. POV's Harry. Ou ênfase em alguma palavra, ou frase.


Negrito – 'esclarecimentos' de Hermione. Pensamentos dela. POV's Hermione.




Disclaimer: Harry Potter não me pertence, blablabla. Tudo é da J. K. Rowling e da Warner, whatever.


Observação: Linguagem obscena.




Capítulo 13


Justamente quando pensamos que poderia dar certo, que tudo eventualmente iria se estabilizar... Ron está surtando.


Desta vez não posso recriminá-lo. Porque... Bem, havia aquele momento desconcertante onde sua ex-namorada (pontos de interrogação aqui) está praticamente se declarando para seu melhor amigo (mais pontos de interrogação) bem na sua frente... E como se isso já não fosse um enredo coxo o suficiente, a declaração não valia de nada para a tal garota ou para o melhor amigo. Desde que, você sabe, a "ex-namorada" ainda é perdidamente apaixonada por você, mesmo que, bem, você seja ridiculamente cego para perceber qualquer coisa um palmo a frente de seu nariz.


Ainda comigo? Pois é. A situação é basicamente enredada.


Eu não tenho paciência ou força para discutir agora. Meus desejos homicidas ainda não aquietaram por completo. Assim, há todo momento em que ouço Ron, mesmo sua respiração, tenho vontade de estripá-lo. O que, francamente, seria ridiculamente fácil para mim. O que torna tudo mais horrível porque um: Ron ainda é meu melhor amigo. Dois: Hermione ia me odiar para sempre se eu apenas tocasse em um fio de cabelo ruivo que fosse.


E, para variar, toda essa situação me deixa com uma tristeza dolorosa. Porque sei, eu sei, quem Hermione escolheria se não tivesse essa porcaria de maldição para atrapalhar (lê-se: ferir). E mesmo que há tempos já estivesse bem com isso, agora a sensação de abandono não passa... Como se fosse traído. Como se estivesse perdendo um membro.


Momentos atrás, quando Hermione sequer percebera que estava tocando Ron, percebi que poderia muito bem – junto ao desejo de machucar de verdade a Ronald - que poderia morrer de ciúme ou da dor que sentia por ir de encontro ao sentimento de posse. Que minhas forças eram consumidas a cada período de tempo em que não desistia de lutar contra a maldição.


Tudo me impelia contra Ron. Como se ele fosse a pior coisa no meu mundo. Como se ele pudesse me roubar Hermione. Lógico, no fundo eu sabia que primeiramente precisaria tê-la para ser roubado, certo? O que não é o caso. De forma nenhuma.


O pouco de racionalidade que me restava não fora suficiente para me fazer deixar de ver tudo pelo condenável ângulo da maldição (em vermelho de ódio por Ron tocar o que me pertencia); por sorte, foi o bastante para não atacar o meu amigo. Não sabia que tinha tanta força de vontade, para ser sincero.


Pelo menos algo bom dessa confusão deveria haver, imagino. Mesmo que meu corpo ainda esteja cheio de dor. Mesmo que minha contenção não tenha feito necessariamente bem à relação dos meus melhores amigos. Mesmo que eu ainda queira bater em Ron. Ou que esteja me perguntado se ter me segurado valia toda dor que sentia ao momento... (o que é horrível da minha parte, desde que, se eu apenas tivesse deixado ir, dando vazão ao ódio que a Maldição/Tradição/o-que-for me proporcionava, provavelmente, agora, Ron estaria, bom, ele estaria... morto).


Só agora posso compreender em sua totalidade o que Hermione passa ao ver-me próximo à Luna. O ódio é profundo e se ela sente apenas um décimo da dor que senti ao me conter – não atacando quando todo meu ser assim desejava – me sinto mal por toda dor que a fiz passar.


-Afinal o que o faz acordado há essa hora maldita, nada menos que num sábado? – Harry indagou exasperado ao invés de responder a questão.


A minha amargura falava por mim e nunca fui conhecido por ser o cara mais paciente do mundo, ainda mais quando contorcendo em dor. Sério, isso nunca vai passar?


-Não é da sua conta, Potter.


Lancei um olhar reprovador à Ron, o qual o ruivo ignorou.


"Não fode comigo, Weasley". Era o que eu gostaria de dizer, momentos depois de fazê-lo ir ao chão com um de meus punhos cerrados em seu estômago.


Não me exaltar. Respirar fundo. Manter os olhos fechados. Respirar fundo novamente. Não brigar. Não machucar. Ser agradável, não infantil.


-Quanto à sua pergunta... Isto é apenas mais um dos inúmeros passos da tradição do Miosótis. Não se preocupe, ela não quis dizer realmente – Harry afirmou com ironia. De imediato, Hermione apertou as mãos no ombro de Harry, como se para reconfortá-lo.


Demorou um pouco para perceber o que toque dela dispersava a minha dor, provavelmente porque toda minha mente estava ocupada odiando Ron e arquitetando vingança – não que eu fosse levar os planos adiante...


Enfim, para passar a dor de maneira mais rápido, empurrei minha cabeça para o colo de minha amiga.


Harry suspirou visivelmente mais relaxado quando postou sua cabeça em meu colo e procurou às cegas uma de minhas mãos, apertando-a. Eu mudei para posicioná-lo melhor, afagando seu cabelo com a mão livre, desejando que sua dor passasse logo.


Talvez uma mínima parte bem no fundo do meu coração (claramente contaminado) tenha se divertido ao ouvir o som estrangulado de um Ron enfurecido.


-x- Miosótis -x-


"Podia ter sido pior". Era tudo que pensava ao ver o retrato da mulher gorda se fechar as costas de Ron.


-Como está se sentindo?


Era- o quê? A enésima vez que inquiria?


-Ainda quebrado, para falar a verdade. Mas vai passar – complementou. E, saindo do colo dela para voltar a se recostar no travesseiro, Harry estremeceu.


-Me desculpe, Harry...


O moreno riu sem vontade. – Podia ter sido pior. Tão pior – resmungou, puxando a mão da amiga para si, esperando que o desconforto diminuísse. - Jesus, todo meu corpo dói.


Com cuidado, Hermione se deitou ao lado do moreno.


-Oh sim – Harry murmurou em agrado, girando dolorosamente devagar para ficar de bruços. Ele cingiu a cintura da amiga com um dos braços e a trouxe para mais perto, então moveu a cabeça até sentir o cheiro de canela tão característico de Hermione. Seu rosto recostado no ombro dela, efetivamente tocando-a o quanto possível. – Nós podemos ficar assim apenas por um minuto?


-Não tem problema.


Não tinha ideia porque sussurrávamos. Mas era bom.


-Então... o que você fantasiou dessa vez?


-Não quero falar sobre isso! – Hermione retrucou categórica.


-Vamos lá, Mione...


-Só porque está fazendo beicinho, não significa que vai conseguir arrancar algo de mim. Por que você não se permite experimentar "sonhar acordado" a próxima vez que isso tentar afetá-lo?


-Não creio que seja uma boa ideia.


-Provavelmente não – Hermione afirmou mordaz. – Mas se está tão curioso...


Harry lhe beliscou a cintura e Hermione saltou surpresa. – O quê? - Hermione riu do tom de falsa inocência que o moreno adquiriu. - Está sendo malvada comigo quando fui um perfeito cavalheiro com seu homem das cavernas - ela podia detectar também uma pontinha de ciúmes – cortesia da tradição.


A morena suspirou. - Hipoteticamente falando... Pode ter havido uma aluna muito impertinente que pode ou não ter sido castigada de uma maneira... indizível.


Harry abriu um sorriso maroto. – Indizível, ha?


-Cala a boca – resmungou, gemendo envergonhada.


Harry riu ainda mais. – O que eu era, o professor travesso? O monitor-chefe severo?


-Is-isso está fora de questão. Não vamos falar sobre. Nunca.


Nós sempre evitamos comentar sobre esse tipo de... coisa. Pelo fator "bizarrice". Quero dizer, comentar com Harry sobre uma fantasia muito – meu Deus. – muito pervertida onde nós éramos os protagonistas não é meu tipo de passatempo favorito. Que vergonhoso.


E, tudo bem, confesso: ele era o monitor severo. E digamos que eu não estava o mais mínimo preocupada por ser... "castigada".


-x- Miosótis -x-


Luna sorriu quando Harry me abraçou de lado, seus dedos brincando com um cacho de meu cabelo. – Você finalmente entendeu, não é? – perguntou fitando-o. Franzi o cenho quando a raiva borbulhante não me acometeu. Não me entenda mal, a possessividade ainda estava lá e eu mal podia conter o sorriso triunfante enquanto Harry pressionava um beijo em minha têmpora.


Minha mente cantarolava infantilmente: "meu e não seu. Nunca seu".


Harry deu de ombros. – Não quero que Hermione se machuque. Imaginei que era uma via de mão dupla a coisa do toque. Parece que estava certo.


-Proximidade, Harry. É a proximidade, assim como a intimidade. Desde que vocês não estão – Luna parou abruptamente e virou os olhos. – Ao momento, o toque é a única forma que utilizam para expressar o cumprimento da tradição, por isso é tão efetivo para afastar qualquer "mal", por assim dizer.


-O que ia dizer? – Harry perguntou desconfiado.


-Não fiquem chateados - Luna nem sequer ponderou, não ia adiantar bancar a desentendida agora. – Mas desde que não estão sendo sinceros com seus sentimentos – prontamente ignorou o protesto dos grifinórios. - E a confiança em relação ao amor do outro não existe, desde que se negam a acreditar que estão apaixonados... Assim como ignoram que tudo isso era para acontecer, que estão destinados a amar um ao outro...


-Segundo essa coisa estúpida.


-...A única solução é o tocar. A conexão é feita e essa experiência é a mais fundamental de todas; porque isto nunca mente. Seu corpo nunca mente. Não se pode enganar esse instinto.


-Sei que apenas quer nos ajudar... E nós apreciamos tanto – Hermione começou, tentando não soar com sarcasmo. – Mas pode nos fazer um favor? Se quer falar da tradição, apenas o faça se for dizer algo realmente relevante.


-Como por exemplo, como revertê-la – Harry acrescentou.


A jovem loira parecia horrorizada. – Isso não é bom, vocês sabem.


-Yeah, yeah. O azar e tudo mais – Harry a interrompeu cansado. – Vamos arriscar.


Luna me lançou um olhar reprovador. Como se quisesse comunicar seu desgosto. Eu podia claramente ver a frase: "Como você pode deixá-lo ir? Ele é perfeito!" dardejando de seus olhos incrivelmente azuis.


Eu gostaria de contrapor algo como "pegue-o para você, então". Mas ela provavelmente o faria. E eu iria precisar matá-la.


De modo que a ignorei, sentindo grande desconcerto pelo desejo egoísta de manter Harry a mão, mesmo que não tivesse o direito.


Talvez, quando tudo isso acabasse, Luna seja boa para Harry. Ela precisaria ser mais direta, desde que meu melhor amigo é apenas muito despistado para perceber quando uma garota gosta dele... Mas tenho certeza que Luna conseguia conquistá-lo. Se já não o fez, quero dizer. Eu posso ver o sorriso feliz que ele dispensa para ela quando pensa que ninguém está olhando... Sempre me faz doente, mas quando não estivermos enfeitiçados...


Merlin, eu odeio Luna Lovegood.




(continua)




N/a: Obrigada por todos os comentários! Eu fico realmente feliz que se divirtam por aqui.


Espero que este capítulo tenha ficado menos confuso!


PS: Desculpem qualquer erro, como sempre: este capítulo NUNCA foi betado.


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Comentários (3)

  • Brunizinha

    Realmente eu estou também odiando a Luna. Harry teve que passar uma vez para entender o que hermione sentia, tapado. Adorooo essa fic!

    2013-05-15
  • Isis Brito

    Merlim! Ela odeia Luna Lovegood!! =D Adorando! Amando!! xD

    2011-12-05
  • rosana franco

    No campeonato "EU QUERO SER TAPADO SOZINHO"os dois estão na frente com uma larga vantagem dos demais adversários.

    2011-07-26
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