Heróis, vilões e Draco

Heróis, vilões e Draco



Capítulo 16

HERÓIS, VILÕES E DRACO

Acordou com a risada maldosa de sua vizinha de prisão.


- Cale a boca, Weasel. Não tem graça.


- Discordo... A ironia é particularmente divertida – disse entre risadas. – É bem feito por não me ter ajudado.


- Agora ninguém vai nos ajudar.


- Se você tivesse me soltado...


- Ah, cale a boca!


Não bastava a raiva que sentia em ter demorado a fugir também precisava agüentar a gralha ao lado! Era tudo culpa dela... Se não tivesse provocado já estaria bem longe dali e seguro.


Estava começando a sentir uma pitada de arrependimento de não a ter matado.


- Onde minha tia está?


- Sumiu. Não que eu sinta falta da companhia tão charmosa dela...


- Potter?


- Não sei – respondeu, mostrando sinais de decepção e preocupação. – Alguma coisa explodiu lá em cima... Bellatrix pareceu achar que eram eles... Mas... Até agora está tudo calmo... Calmo demais.


- Explosão? Maravilha – comentou, sarcástico, em voz baixa. – Aquela louca vai destruir minha casa.


Tentou mexer suas mãos mas estavam firmemente presas por correntes, assim como as de Weasel. Soltou um gemido de dor ao sentir uma pontada em seu estômago e uma fisgada em sua perna esquerda. A queda da escada foi mais dolorosa que a do seu ego.


- O seu tombo foi feio – comentou Weasley, como se falasse do tempo. – Mas você mereceu.


Fez um grande esforço para ignorá-la. Não entendia qual era o problema daquela criatura... Quem quis ir até lá fora ela mesma... Quem inventou de falar com ele em Azkaban também... Além de lhe bater em St. Mungos... O que ele tinha feito para Weasel? Nada além de o que sempre fizera. O que esperava dele? Por que se importava se Draco seria morto ou não por Bellatrix? E por que ficara tão chocada quando ele escolheu fugir?


- Já que você está ai, sem fazer nada Malfoy... Será que podia pegar uma coisa no bolso do meu casaco?


- Quê? Estou preso se você não percebeu, Weasel.


- E se você não percebeu, está bem perto de mim... Se esticar seu pescoço branquelo...


Draco virou o rosto para ela, expressão de extremo desgosto. Infelizmente, estava certa... Estavam próximos o bastante para que seu rosto alcançasse o bolso no... No casaco dela. Havia metade de um objeto que não reconhecia para fora.


- Não, obrigado – respondeu.


- Seu idiota... Não quer sair daqui? No meu bolso tem um grampo.


- Estamos salvos! É um milagre! Weasley tem um grampo!


- Não um grampo qualquer, gênio. Fred e George inventaram... Ele abre qualquer cadeado ou fechadura. Por sorte sua tia achou que era só um objeto trouxa qualquer... Agora faça algo de útil.


- Que seja... Mas depois é cada um por si, Weasel.


- Não esperaria mais vindo de você, Malfoy – respondeu amargamente. – Aprendi minha lição.


Com certo esforço, esticou seu pescoço e inclinou sua cabeça em direção ao bolso, sentindo a respiração de Weasley em cima dele se tornando mais forte... Com a boca pegou o grampo e foi para trás, batendo o topo da cabeça com o queixo de Weasel.


- Ai! – gritou a ruiva.


Draco fez um som incomodado mas tentou não abrir a boca e deixar cair o objeto que tinha gosto de cabelo... Gosto de shampoo barato. Gosto da Weasel.


- Ótimo... Agora me dê ele.


Draco fez um barulho que parecia com “Tá louca? Como?”. Sem responder sua pergunta Weasley inclinou sua cabeça e pegou o grampo de sua boca com sua própria. Draco, por alguma razão bizarra, sentiu arrepios sentindo suas bocas tão próximas. Mas o momento terminou tão rápido quanto aconteceu e Weasley estava com o grampo entre os dentes, ajeitando-se com pressa de forma que conseguisse alcançar uma das fechaduras das algemas que prendiam suas mãos na parede. Draco estava começando a suspeitar se aquilo traria resultados de verdade quando ouviu um click fraco e uma das mãos de Weasley estava livre.


Sorrindo para ele, se achando a rainha da espionagem, a ruiva soltou a outra mão com mais facilidade e levantou.


- Eu sou boa, não sou? Admita.


- Prefiro morrer antes – grunhiu, mas tentando segurar um sorriso com muita dificuldade.


Weasel riu, o soltando também e depois correndo para a escada, sem o esperar. Draco tentou se levantar mas a dor em sua perna esquerda foi grande demais e teve que se apoiar na parede para não voltar a cair.


- Bosta de dragão – reclamou, colocando a mão livre na perna e sentindo-a com uma expressão de dor.


Por um momento achou que Weasel já tinha ido embora mas então foi surpreendido por uma mão pegando a sua e a passando pelo seu ombro, apoiando-o contra seu corpo magro.


- Não consegue andar? – murmurou Gina.


- Claro que consigo mas gosto de fingir que minha perna está quebrada – respondeu, sarcástico. – Para me divertir aos sábados...


Antes que Weasley respondesse ouviram uma explosão grande e o chão tremeu sob seus pés. Se não fosse pelo apoio Draco teria caído outra vez.


- O que Bellatrix está fazendo? – perguntou, sua voz irritada. – Ela quer explodir a casa toda?


- Basicamente – respondeu Draco seriamente.


Weasel o encarou, arregalando seus olhos. Com certeza não imaginara que esse seria o plano de sua tia.


- Ela está fazendo poções explosivas desde que chegou aqui – explicou Draco, apontando para o caldeirão cada vez mais borbulhante debaixo da escada. – Quer matar todos.


- Então precisamos sair daqui... Rápido.


- Sério? Achava que você gostaria de explodir em mim pedacinhos.


- Não. Não é o meu estilo. Mas não tenho nada contra em você acabar assim. Que me diz?


Estranhamente, trocaram sorrisos, como se achassem a situação muito engraçada e normal.


- Qualquer coisa é melhor que agüentar seus sanduíches de mortadela.


- Espere só até minha mãe ouvir isso, aí sim você vai querer ter explodido.


Enquanto trocavam insultos subiram devagar as escadas de madeira, Weasley tentando mantê-lo de pé com dificuldade e ao mesmo tempo sair do porão.


Chegaram até a porta mas antes que Weasley tentasse abrir ela foi escancarada e um ruivo gigante e magro apareceu, respirando com dificuldade, vários cortes e machucados em seu rosto e braços, ele tentava recuperar o fôlego com pouco sucesso.


- Gina!


- Rony! O que aconteceu? Você está bem?


- Nós separamos... Bellatrix é completamente louca! Explodiu boa parte do hall de entrada... E outra sala... Quase... Mas você está bem! Está viva! Eu sabia que você estava viva! – disse rapidamente, quase empurrando Draco escada abaixo para conseguir abraçar a irmã, que retribuiu o abraço com força.


Sem apoio, Draco perdeu o equilíbrio e estava caindo para trás quando uma mão gigante o puxou de volta pelo colarinho.


- Malfoy? – disse o Weasel de orelhas grandes, finalmente reconhecendo o loiro e parando de abraçar a irmã.


- Você está vivo, então, Weasel – provocou fracamente Draco, a dor em sua perna diminuindo seu repertório de insultos. – Não posso dizer que estou feliz em vê-lo.


- Digo o mesmo.


- Rony, não temos tempo... D-Malfoy está com a perna quebrada... Precisamos ir embora! Onde está Hermione?


- Com Harry – Weasley engoliu seco. – Nos separamos... Eu deixei os dois para trás, lutando contra aquela louca.


- Harry? – repetiu, incrédula. – O que ele está fazendo aqui? Por que está aqui?


- Gina... É claro que ele está aqui! Ele veio te salvar...


- Duvido muito – murmurou.


- É um momento muito tocante, digno de uma foto... Mas será que pode me largar, Weasel? E que tal irmos embora daqui antes que minha tia acabe explodindo a casa inteira? Claro, se você quiser ficar aqui e morrer vai fazer um grande favor para todos...


- Cale a boca, Malfoy.


- Ele está certo... Não temos tempo para conversar.


O som da voz de Weasel foi abafado por outra explosão, dessa vez muito mais próxima. Draco tentou não pensar que quarto teria explodido agora, só com a leve esperança que tivesse sido o corredor dos quadros que o haviam irritado.


O chão tremeu pela segunda vez e Weasley das orelhas grandes o soltou, pegando a mão da Weasley do shampoo barato e saindo correndo com ela, deixando Draco para trás e caindo pela escada mais uma dolorosa vez.


Bateu contra o chão e não viu mais nada.



- Harry! – gritou Hermione, desviando de um jato verde que veio em sua direção. – Harry!


- Ele está morto! Morto! Potter está morto! – comemorou Bellatrix, rindo loucamente enquanto mirava outro feitiço em sua direção.


O coração de Hermione batia em disparada, estava cansada, com vários cortes e mal podia acreditar que via o corpo de Harry caído, sem vida, a alguns metros de distancia... Não podia ser... Não podia ser!


Tudo tinha acontecido muito rápido... Rápido demais para os dois conseguirem reagir...


Harry abrira a porta da mansão e logo que os três pisaram no hall de entrada houve uma forte explosão que se não fosse pelos reflexos experientes teria matado todos. Seus feitiços escudo impediram que a maioria dos destroços os atingissem. Nada sobrara das escadas magníficas além de madeira queimada.


Mas aquilo fora apenas o começo.


Quando se recuperaram da explosão encontraram Bellatrix Lestrange, varinha apontada para os três.


Harry foi o primeiro a atacar, com uma ferocidade que Hermione vira apenas em raras ocasiões... Era como se não tivesse nada a perder. Bellatrix tentou várias vezes atingi-lo com um Avada Kedrava mas Harry desviou de todos os jatos, com Rony e Hermione em seus calcanhares.


Bellatrix estranhamente fugia deles, ou assim pareceu à primeira vista, correndo pelos corredores da mansão, às vezes lançando feitiços para trás mas sem realmente mirar corretamente ou se preocupar em fazer isso.


Ficou claro, porém, tarde demais, para Hermione que a Comensal não estava fugindo... Longe disso, fazia parte de seu plano. Estava os levando cada mais adentro de sua armadilha, onde mais explosões os esperavam.


Quando finalmente a “encurralaram” foram pegos de surpreso por uma segunda explosão, mais próxima que a primeira. A sala de leitura dos Malfoy ficou em pedaços e parte do teto cedeu, caindo em cima dos três membros da Ordem.


Foi por um milagre que Hermione conseguiu levitar boa parte dos pedaços de madeira, evitando que os atingissem, Rony e Harry seguiram seu exemplo mas mesmo assim estavam todos machucados e cansados.


Bellatrix resolveu parar e aproveitar a situação debilitada para atacá-los outra vez com toda a força e determinação de uma mulher insana. Nenhum Comensal jamais se mostrou tão perigoso e eficiente, ela conseguia desviar de todos os feitiços que os três lançavam e ainda lançar a varinha de Hermione e Harry para longe com um grito furioso de “Expelliarmus”.


Se não fosse por Rony pulando em cima de Bellatrix, Hermione estaria morta agora. Harry, no entanto, já havia recuperado sua varinha. Mas outra vez Bellatrix foi mais esperta e não deu chance para que a estuporasse, conjurando uma estranha fumaça que agora dominava a mansão inteira, escapando logo em seguida.


Recuperando o fôlego rapidamente o trio decidiu se separar, Rony indo procurar Gina no porão enquanto Harry e ela fossem atrás de Bellatrix.


Hermione viu, preocupada, Rony desaparecer pela névoa grossa. Ambos, Harry e Hermione, acenderam suas varinhas mas a luz não ajudou muito, ainda era difícil enxergar muito além do próprio nariz.


Nenhum dos dois falou nada enquanto andavam pelos corredores da mansão, procurando Bellatrix. Hermione esperava que Rony encontrasse logo Gina para que pudessem sair de lá o mais rápido possível mas Harry não tinha a mesma idéia. Queria pegar Bellatrix e ela sabia que não sairia de lá até conseguir. O que, Hermione tinha certeza, era exatamente o que a Comensal queria. Tinha a péssima sensação que Bellatrix não tinha intenção de sair viva dali se isso significasse que levasse junto seus inimigos.


E foi então que aconteceu... Haviam acabado de entrar em uma sala espaçosa e escura, dominada pela névoa sombria... A única coisa que Hermione viu foi um piano preto de calda antes que tudo explodisse outra vez.


Harry, que estava andando mais rápido que ela e bem na frente, foi jogado para o outro lado do salão de música, batendo contra uma das grandes janelas, quebrando o vidro e caindo no jardim lá fora.


Hermione se recuperou da explosão como pôde, seu braço esquerdo sangrando rapidamente e seus ouvidos zunindo. Correu para a janela e viu o corpo de Harry, seu braço esquerdo em uma posição estranha, desesperadamente tentou ver se estava ainda respirando mas Bellatrix chegou.


Estava sozinha agora.


- Morto! Potter está morto! – gargalhava a Comensal, lançando outro feitiço contra Hermione.


- Por favor, Harry... Por favor, não esteja morto – murmurou Hermione, tentando desesperadamente segurar as lágrimas.


- Agora é sua vez, sangue-ruim!


A névoa tinha finalmente se dispersado mas apenas ressaltou sua situação inevitável. Não havia escapatória, estava sozinha. Apontou sua varinha, firme, contra Bellatrix. Não desistira, lutaria até o fim.


E com sorte Rony e Gina estariam a salvo.



- Rony, me largue! – mandou Gina, tentando se soltar.


Mas era inútil, seu irmão não estava prestando atenção nela, estava correndo pelos corredores escuros da mansão sem olhar para trás e sem largar a mão de Gina. Não respondia a seus pedidos, apenas murmurou “Hermione” e correu, deixando o porão (e Malfoy) sem remorso ou dúvida.


- Me solta! Precisamos voltar!


Outra vez seu irmão não mostrou sinais de ter ouvido. Se Gina estivesse com sua varinha já teria se soltado mas Bellatrix havia roubado e Rony era muito mais forte e não mostrava sinais que a deixaria ir.


- Pare, Rony! Pelo menos temos que pensar em um plano!


- Não! Não temos tempo...


- Eu estou sem minha varinha! Não vou servir para nada contra Bellatrix! Me solta... Eu preciso voltar...


- Para quê? Hermione e Harry precisam da minha ajuda!


- Mas Draco está lá!


- Draco?!


- Malfoy está com a perna quebrada! Ele não consegue andar sem ajuda!


- E eu com isso?


- Ronald Weasley, me solte! – gritou, sem resultado.


- Gina, Malfoy é um Comensal! Dane-se ele! Precisamos ajudar Harry e Hermione!


Era inútil discutir, Gina teria que esperar seu irmão se distrair para voltar até o porão... Só esperava que não fosse tarde demais.



Harry tossiu, buscando desesperadamente ar para seus pulmões. Sentiu uma dor incrível em seu braço esquerdo ao tentar se levantar e teve que usar seu direito. Felizmente suas pernas estavam sem ferimentos e foi capaz de ficar de pé sem maiores problemas.


Foi então que percebeu que estava no jardim escuro da mansão e não dentro do salão de música como pensava que deveria estar.


- Morto! Potter está morto! – gritou uma voz louca, gargalhando.


- Não foi dessa vez, Lestrange – murmurou Harry, cuspindo sangue e retirando um pedaço de vidro da mão direita. Estava tão machucando que seu corpo já não registrava tanto a dor. Felizmente sua luva de couro de dragão evitou que o vidro atravessa sua mão por completo.


Raiva era o que lhe impulsionava. Bellatrix havia tirando alguém de Harry pela última vez, teria sua vingança pela morte de Sirius, e por Gina.


Esmagando uma abóbora entre as tantas daquele canteiro onde havia caído em cima, Harry se impulsionou e entrou novamente na mansão pela janela que fora jogado.


Pisou no salão justo no momento em que Hermione e Bellatrix se enfrentavam. Sua amiga estava quase caída no chão, desacordada, seu braço esquerdo sangrando e sua varinha caída longe. Bellatrix também mostrava sinais de luta, suas vestes estavam rasgadas e seu pescoço vermelho de uma queimadura típica de uma azaração precisa. Sua varinha estava apontada para a figura caída de Hermione e sua boca contorcida em um sorriso maníaco.


- Avada...


- ESTUPEFAÇA!


O feitiço de Harry atingiu Bellatrix em cheio, seu corpo caindo para trás e parando sua voz imediatamente. Apenas a respiração pesada de Harry e os sons da construção rangendo restaram. Lentamente se aproximou de Hermione e sentiu seu pulso, estava fraco mas ela estava viva.


Andou devagar para a segunda figura inconsciente e apontou sua varinha para Bellatrix.


- Petrificu...


Os olhos de Bellatrix se abriram e ela o chutou na barriga. Pego de surpresa, caiu para trás.


- Fraco, Potter! Sempre fraco! Perdeu suas forças, hein? – riu loucamente. – Não é muito fácil estuporar agora, não é?


Pisou em cima de seu braço quebrado e Harry soltou um urro de dor.


- Eu vou fazer você sofrer! Crucio!


Outro gritou.


- Crucio!


Seu corpo, exausto, não agüentava mais tanta dor, perdeu as forças e largou sua varinha.


- Isso! Vai pagar por tudo que fez! Crucio!


- EXPELLIARMUS!


A varinha de Bellatrix voou para longe e ela soltou um grito de raiva. Na entrada destruída do salão estavam Rony e Gina, respirando com dificuldade mas determinação em seus rostos. Rony apontava sua varinha para Bellatrix, que agora ria loucamente.


Mas Harry não estava prestando atenção mais na Comensal, seus os olhos estavam fixados em Gina, seu coração disparando. Ela estava viva... Estava bem...


- Weasel... Weasel! Veio salvar seus amigos? Veio me matar? Tem coragem? Será que consegue, será que não consegue? Dúvidas, dúvidas!


- Harry, você está bem? – gritou Rony, ignorando as provocações de Bellatrix. – Hermione?


- Estou – soltou um gemido. - ...Bem. Hermione está inconsciente, mas viva.


- Ah, muito tocante! Está preocupado com eles? Estão morrendo! Não vão durar muito!


- Quem não vai durar é você. Eu tenho a varinha. Você está desarmada, então é melhor se entregar! – gritou Rony, sua varinha firmemente apontando o coração da Comensal.


- Entregar? – gargalhou. – Entregar?


Harry estava distraído demais e ao invés de pegar sua varinha tinha seus olhos fixados em Gina. Percebeu quando Rony largou a mão da irmã sem notar e ela deu dois passos para trás, relutantemente, olhando na direção do corredor e depois para Rony. Harry sabia que estava decidindo se deveria ou não fazer o que pretendia. Finalmente, pareceu chegar a uma decisão.


- GINA! – Harry gritou ao vê-la correr na direção contrária, sumindo de vista.


Infelizmente foi um erro, o grito distraiu Rony, que cometeu a falha de virar para trás e olhar o que havia acontecido sua irmã. Foi o bastante para Bellatrix recuperar sua varinha e sorrir loucamente.



- Bosta de dragão – xingou pela quinta vez. – Bosta de dragão gordo e fedido... E com diarréia em um dia ruim...


Quando pararia de acordar no chão ou preso? Estava virando um costume péssimo. Sua mão foi em seu tórax, onde tinha certeza que havia quebrado uma ou duas vértebras, mas era uma tentativa inútil de parar a dor.


Olhou para a escada à sua frente, nunca odiando tanto um pedaço de madeira. Queria queimar aquela coisa com olhar.


Não havia conseguido se levantar, o máximo que fez foi segurar o corrimão e puxar-se o bastante para sentar no primeiro degrau. Para melhorar ainda a bela situação um fiapo de madeira machucou um de seus dedos.


Odiava sua vida.


Muito gentil da parte de Weasel em deixá-lo para trás. Retribuiria devidamente o favor com uma azaração assim que visse o filho da hipogrifa rosa.


O caldeirão atrás de Draco começou a transbordar, cheiro de pólvora e madeira queimada invadindo suas narinas delicadas. Não sabia o que causava a explosão da poção mas pelo menos tinha a esperança que era necessário que Bellatrix fizesse algo porque, se não fosse o caso, seu corpo ficaria reduzido a pedacinhos em breve.


Não tinha sua varinha e sua perna esquerda estava totalmente inútil... Suas opções não era muitas. Ficar ali e... Ficar ali. Realmente era uma decisão difícil.


Soltou uma risada seca. Será que uma morte por explosão era rápida e indolor? Quem enterraria seus restos agora não tinha mais nenhum parente capaz disso? Algum primo Black distante? Pansy?


Riu mais alto dessa vez, imaginando a mulher cuidando de seu funeral e o enterrando em um caixão rosa... Se descabelando sozinha ao lado de seu corpo... Um final perfeito...


Mas quem sabe estava sendo drástico demais, afinal não ouvira nenhuma explosão depois da que levou os dois Weasley correndo dali... Quem sabe os idiotas tinham se matado e a luta havia acabado. Quem sabe estava sozinho na mansão.


“Sozinho... Isso pelo menos eu não tenho dúvidas que estou” pensou, olhando à sua volta. “Ah bem... Antes só do que mal-acompanhado, não é o que dizem?”


Segurou novamente no corrimão e se puxou para o segundo degrau, sua perna batendo dolorosamente contra o primeiro. Repetiu o processo e conseguiu chegar até o quinto.


- Ótimo, mais cem e todos meus problemas estão terminados! – riu sozinho, sarcasmo quase transbordando.


Ouviu um estalo vindo do caldeirão e apressou suas tentativas de subir. De repente a porta do porão se abriu e passos apressados desceram as escadas, aproximando-se dele.


- Malfoy!


- Weasel?


- Me dê sua mão!


Sem contestar ou imaginar o que diabos ela estava fazendo lá, Draco estendeu o braço e foi puxado para cima com uma força surpreendente. Mais uma vez estava se apoiando no corpo esguio dela.


- Vamos subir... Preciso ajudar Rony...


Não disse nada, concentrando-se em carregar sua perna quebrada e acompanhar o passo apressado dela. Depois de um grande esforço chegaram ao topo mais uma vez e saíram do porão abafado para encontrar um corredor escuro e cheirando a queimado.


- Como você vai ajudar... Sem varinha? – disse entre goles de ar.


- Não sei... Mas vou descobrir.


Continuaram andando, Draco não tinha pressa nem vontade de ir ao encontro de Bellatrix e os três amigos de Weasel mas não tinha escolha... Era isso ou ficar no meio do caminho, esperando pelo melhor... E ultimamente só o pior acontecia.


Passaram por uma sala destruída que Draco imediatamente reconheceu como o cômodo preferido de sua mãe, onde passava suas tardes lendo...


Vozes agitadas e gritos se aproximavam e sabia que estavam perto de Bellatrix mais uma vez.


- Weasel... Eu não acho que isso seja uma idéia muito boa...


- Quer que eu te deixe aqui? – perguntou, falhando em esconder a irritação. – Prefere ficar?


Sabia que ela realmente queria dizer, praticamente jogara em sua cara: Você é um covarde. Mas tinha não tinha entendido o que ele queria realmente dizer... Estava só preocupado com... Só ia sugerir...


Draco balançou a cabeça, raiva superando a preocupação por ela. Quem era Weasel para o chamar de covarde? Não engoliria aquilo outra vez! Estava cansado dela!


- Eu não tenho obrigação de...


- Claro que não tem – respondeu, mal escondendo a raiva. – Nenhuma.


- Não tenho mesmo! Se você quer se suicidar vá em frente... Eu sou muito jovem e inteligente para morrer que nem um idiota.


- Que seja! Fique aqui!


- Fico mesmo!


Weasel o largou bruscamente de propósito e ele teve que se apoiar em uma das prateleiras ainda presas a parede para não cair. Em seguida viu o cabelo ruivo mal cuidado se distanciar e finalmente sumir de vista, indo em direção ao salão de música.


- Idiota – resmungou Draco.


Mas quem era o mais idiota? Weasley ou ele?



Harry respirava com dificuldade... Estava de joelhos, segurando seu braço quebrado e sem forças para levantar... Estava ficando cada vez mais fraco e suas tentativas de pegar sua varinha de volta eram inúteis... Simplesmente não conseguia fazer isso, não conseguia esticar o braço o bastante e se mexesse demais Bellatrix perceberia.


Rony e ela estavam parados desde que Gina fora embora, suas varinhas apontadas e prontas a qualquer sinal de movimento brusco. Lestrange tentou várias e várias vezes provocar Rony e assim obrigá-lo a cometer um erro fatal. Mas seu amigo aprendera a difícil lição de manter a cabeça fria em um momento como aquele e mantinha sua posição firme e sem sinais de estar afetado pelas palavras venenosas da Comensal.


Se ao menos Harry conseguisse sua varinha...


- Weasel, Weasel pulou no rio e se afogou... Como uma pedra afundou – cantarolava Bellatrix. – Todos se perguntavam o que tinha acontecido com a fuinha... Mas ninguém sabia...


- Você é louca – comentou Rony, meio atordoado com a insanidade dela. – Totalmente pirada...


Harry estava começando a ficar preocupado com a demora de Bellatrix em fazer algo. Não a tinha visto hesitar em nenhum momento até agora. O que estava planejando?


Olhou de lado para Hermione mas ainda estava inconsciente. Se ao menos acordasse teriam uma chance...


Rony precisava fazer algo... Arriscar...


- Weasel não tem coragem... Tem medo! Não vai me atacar?


- É o que você quer... Então não.


- Quem sabe se eu matar Potty? Hmm? Que acha disso? – apontou sua varinha para Harry. – Vai atacar agora?


- Se você tentar eu te mato antes!


- Ótimo! Ótimo! – riu. – Avada...


- ESTUPEFAÇA!


Mas Bellatrix já esperava pelo feitiço e desviou facilmente. O jato vermelho atingiu o piano preto, já sem uma perna, fazendo-o desabar sobre o próprio peso com um estrondo. A Comensal usou a distração para estuporar Rony.


- Agora somos só nós dois, Potter! – riu maliciosamente.


- É... Você conseguiu o que queria – começou Harry, tentando usar a tática de distração. – O que vai fazer agora? Me torturar? Nada disso importa, ele já morreu. Voldemort está acabado e nunca mais vai voltar.


- NÃO!


- Você não tem mais de quem lamber os sapatos, Bellatrix... Quem vai mandar em você agora?


- Cale a boca, seu imbecil! Crucio!


Entre os choques de dor, Harry viu Gina entrar furtivamente no salão, Bellatrix estava de costas para ela, concentrada em torturá-lo. Harry precisava continuar a distraí-la.


- Não foi difícil acabar com ele... – mentiu. – O seu grande mestre não passava de um mortal... E um covarde.


- CRUCIO!


Gina agora estava pegando a varinha caída no chão de Rony.


- Ele não vai mais voltar... Está morto.


- CALE A BOCA! CRUCIO!


- EXPELLIARMUS! – a voz decidida de Gina gritou.


A dor da Maldição Cruciatus imediatamente parou e ele pôde respirar aliviado por um momento.


- ESTU...


Bellatrix pulou em cima de Gina, raiva em seus olhos. As duas começaram a lutar. A visão de Harry falhava, sua consciência perdendo a batalha contra a exaustão... Piscou duas vezes, tentando se manter acordado.


Com um esforço gigantesco, levantou-se e mancando foi em direção à sua varinha, pegando-a.


Imediatamente a sentiu em sua mão, foi como ter parte de suas energias recuperada. Apontou para Bellatrix mas infelizmente Gina estava na frente de sua mira, as duas brigando. Era impossível, em seu estado, conseguir acertar a Comensal sem antes atingir Gina.


A sorte estava com eles pois a ruiva conseguiu chutar Bellatrix para longe, que bateu no piano quebrado, parecendo nocauteada.


Gina correu até ele, ajudando-o a continuar em pé.


- Harry, você está bem?


- Nunca estive melhor – sorriu, todos os seus ossos doendo. – E você?


- São as melhores férias da minha vida – sorriu de volta.


- Rony e Hermione...


Gina apontou a varinha de Rony para seu corpo desacordado.


- Ennervate!


Foi a vez de Rony acordar e se levantar. Estava menos machucado que Harry mas possuía vários cortes no rosto e nos braços. A primeira coisa que fez foi ir em direção a Hermione e pegá-la nos braços, em segurança.


- Precisamos sair desse maldito lugar. Agora – os lembrou, pegando a varinha de Hermione do chão e colocando no bolso.


- Uma ótima idéia – concordou Gina.


- E Bellatrix?


- Harry – começou Gina. – Precisamos ir embora... Você mal consegue ficar de pé!


- Não... Temos que prender ela... Azkaban é onde...


- Incêndio!


Os três se viraram para onde Bellatrix deveria estar caída e a encontraram com a varinha apontada para trás do piano, onde o líquido de um caldeirão fervendo começou a pegar fogo. Lestrange começou a gargalhar.


- NINGUÉM vai sair daqui! – riu.


Nenhum deles esperou para confirmar a ameaça, correram para a entrada do salão.


- Incêndio!


Dessa vez o jato de fogo passou por eles e acertou outro caldeirão.


- Da onde ela arranja tanta merda de caldeirão?! – gritou Rony, distanciando-se da poção em chamas.


- A janela! – gritou Gina, apontando para as janelas quebradas por onde Harry fora jogado.


Mas antes que pudessem pular por ela, Bellatrix se colocou em seu caminho, varinha apontada. Harry levantou a sua, mas duvidava que fosse capaz de lançar algum feitiço em seu estado.


- NINGUÉM SAI!


- Ei, tia... PEGUE!


Um medalhão dourado foi jogado no ar, prestes a cair dentro de um dos caldeirões e Bellatrix, ao vê-lo, soltou um grito desesperado e pulou para salvá-lo.


Gina virou o corpo e Harry acompanhou o movimento com a cabeça. Draco Malfoy estava se apoiando precariamente contra uma das paredes do salão, ofegante.


- Draco?


- Explodir não é o seu estilo, Weasel, então é melhor pular – respondeu, sorrindo.


- Vamos! – gritou Rony, pulando pela janela.


- Mas...


- Vamos, Gina – falou Harry, tentando correr mas o corpo dela o impedia.


- Malfoy, você...


- Gina! Harry! – gritou Rony do jardim. – Essa merda de casa vai explodir!


Conjurando força milagrosamente, Harry forçou Gina a acompanhar sua corrida e os dois pularam pela janela, rolando pelo canteiro de abóboras. Precariamente se levantaram e correram o mais rápido que era possível, tentando se distanciar o máximo.


Então houve um grande estrondo e o que restava do salão de música desapareceu, os quatro membros da Ordem foram jogados longe, tudo ficando escuro logo em seguida.


N/A: AAHHH... Que capítulo mais louco... Alguém me segure! Nunca escrevi tanta reviravolta... Feitiço desviado... Explosões e... Bah! Odeio escrever ação... Só mais dois capítulos... Será que Draco está vivo? E Bellatrix? E o medalhão? Plot holes ou cliffhangers? Risos.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.