O áspero gosto de corda

O áspero gosto de corda



Capítulo 3 – O áspero gosto de corda

- Eu não acredito nisso! Eu falei que tinha tudo sob controle! Será que você pode sair do meu pé uma vez!

- Onde que estava tudo sob controle? Ele estava fugindo, Gin.

- Eu ia estuporar ele no minuto que você entrou naquele bar, Gui!

- Então não fez diferença alguma. Ele está preso não, est�? Relaxa.

- Relaxa! Como vou fazer isso nesse calor infernal e com um irmão super protetor me seguindo!

As vozes estavam atrapalhando. Estavam interrompendo a alegria de estar inconsciente. Estar desacordado significava que coisas mortais como fome, falta de banho e Azkaban não o preocupavam.

E vozes irritantes discutindo estavam roubando isso dele.

Malditos.

- Será que dá para calar a boca? – ele se ouviu resmungar.

Por enquanto não sabia onde estava nem quem discutia e isso era ótimo, porque ele tinha a leve impressão que não ia gostar de saber. Preferia continuar ignorante e confuso, mas feliz, do que deixar a sua mente se lembrar do que tinha acontecido para que ele ficasse inconsciente.

Continuou com os olhos fechados só por birra. Já havia acordado para a infelicidade de todos ali.

- Viu? Ele acordou. Agora vamos ter que agüentar! E tudo porque você teve que se intrometer na minha missão.

- Ei, quem gritou foi você, maninha. Foi a sua voz que acordou ele.

Alguém bufou e Draco ouviu passos se aproximando.

Seu aguçado instinto de sobrevivência (não de covardia, claro.) quis que ele levantasse (agora notara que estava sentado) e corresse para o esconderijo mais próximo até que o inimigo estivesse de costas e pronto para ser surpreendido de modo seguro.

O que o seu instinto não contava com era que ele estava amarrado firmemente. Cordas o impediam de se movimentar.

Óbvio. Ele era prisioneiro daquela gentinha. Com isso se lembrou bem da sua situação e da tentativa frustrada de fugir da ruiva no bar.

Vermelho se tornava cada vez mais a cor que ele mais odiava. Havia tantas razões para odiar aquele tom...

Vendo que fingir que dormia não ia levar a nada, ele abriu os olhos. Estava sentando no chão e portanto a primeira coisa que seus olhos conseguiram alcançar na altura em que estavam foi um par de pernas longas (e bonitas, mas ele não ia admitir issoé claro) a sua frente.

- Você tem sorte, Malfoy. Eu queria conjurar umas cordas com espinhos, mas o meu irmão não deixou. Infelizmente existem leis contra maus tratos com prisioneiros.

- Pena que não existam leis contra imbecis se tornando aurores. – ele respondeu levantando o rosto e encarando a ruiva com um olhar desafiador.

- Para quem está amarrado no chão e com uma sentença perpétua em Azkaban, você fala demais. – era o outro idiota ruivo se aproximando.

Ele era mais alto que a garota e Draco revirou os olhos ao ver as roupas de couro de dragão, cabelo cumprido e o brinquinho ridículo de marfim. Ótimo, era só o que faltava, um idiota metido à baterista das Esquisitonas.

- Não sabia que agora aurores precisavam de babás. O nível decaiu tanto assim depois que matamos o velho caduco?

A ruiva deu um soco no rosto dele com seu punho, ofendida pelas palavras dele.

O golpe doeu, mas satisfação de saber que ele atingira um ponto fraco fez a dor valer a pena. A ruiva estava furiosa, suas bochechas feias cheias de sardas e as orelhas incrivelmente grandes ficaram vermelhas de raiva. Finalmente, depois de meses de decadência, Draco Malfoy voltava à ativa. Seria um sonho realizado se não fosse o fato que ele ia para Azkaban em breve, caso não conseguisse escapar daquele dois.

- Cale a boca, seu idiota!

- Mas parece que o nível fraco dos insultos continua o mesmo, pena. – ele abriu um sorrisinho de deboche, sua boca podia ter um pouco de sangue mas não importava. A recompensa era ótima demais para isso o incomodar. – E o que aconteceu com a lei dos maus tratos? Eu não quero a sua companhia em Azkaban, garotinha. Nem o preso da cela mais solitária do mundo ia querer agüentar uma menina birrenta que nem você.

Ele foi levantado pelo colarinho e forçado a encarar o rosto narigudo do irmão da ruiva.

- Eu aconselharia você a falar menos, Malfoy. Não estamos de brincadeira aqui. O Ministério está louquinho para arranjar um motivo que justifique um beijo de dementador. Então é melhor você bancar o bonzinho se não quer um encontro romântico com um.

Draco continuou com o sorriso de deboche e com a face confiante, mas na verdade sentiu calafrios quando ouviu a palavra “dementador”.

Quando ele era mais jovem não admitia nem para si mesmo que temia as criaturas. No entanto o medo que sentia dos dementadores naquela época era tão vazio quanto a cabeça cheia de traças do Longbottom. Suas memórias tristes se resumiam em algumas brigas, castigos e um ou dois momentos de humilhação. Era filho único de uma família rica, afinal de contas e tinha todos a seus pés.

Mas agora a coisa era bem diferente. Havia memórias ruins, momentos que ele não tinha pressa nem vontade de relembrar.

Os dementadores teriam prazer em retirar o pouco de orgulho que ele lhe restava.

Mesmo depois da guerra eles eram usados e por essa razão que Azkaban continuava sendo a prisão perfeita. Não há melhor modo de prender alguém do que faze-lo virar prisioneiro de sua própria mente.

- Achei que os mocinhos não usavam criaturas do “mal” para fazer o trabalho sujo.Afinal, vocês são contra magia das trevas ou não? – ele fingiu inocência, incapaz de outra coisa ainda sob o controle das mãos gigantes do ruivo e da corda que o prendia.

Enfim o homem o soltou no chão e preferiu não gastar mais comentários com Draco, o que para ele estava ótimo. Preferia a ruiva; ela era presa fácil, cabeça quente demais para ficar indiferente dos insultos dele.

Havia algo que sempre escapara da atenção do Santo Potter e de seus amiguinhos, não que isso fosse surpresa, Draco sabia que eles eram burros: eles falhavam em compreender que quanto mais reação mostravam, mais ele se divertia.

- Sua babá te abandonou! E agora, quem vai te salvar do Malfoy malvado?

A ruiva pareceu ter recobrado a calma e apenas se agachou, o rosto ficando no mesmo nível que o dele.

Ela o encarou de um modo assustador. Os olhos verdes fixados diretamente nos azuis acinzentados dele.

Ninguém jamais o encarara dessa forma.

Ele lutou para permanecer com a mesma expressão de desafio. Queria desviar do olhar, mas era orgulhoso demais para isso.

Sabia que ela queria que ele admitisse derrota e parasse de fingir que tinha a situação em suas mãos.

Draco Malfoy não admitia derrota, nem quando ela era esfregada na sua cara, como agora. Ele nunca perdia. Ele sóàs vezes e muito raramente, não ganhava. Era diferente.

Então ele permaneceu com a mesma face. Mais decidido que hipogrifo empacado. Não ia tirar seus olhos dos dela.

Seu esforço foi recompensado, ela desviou o olhar!

Ele soltou uma risada de triunfo e abriu a boca para fazer um comentário malicioso quando ela apontou sua varinha para ele, murmurando algum feitiço.

Ele fechou os olhos, esperando pelo pior. Quando não sentiu nenhum tipo de dor, humilhação ou sono ele voltou a abri-los.

A ruiva continuava l�, mas agora sorria.

Draco ia fechar a boca, que continuava aberta na tentativa de comemorar sua vitória com um insulto, quando sentiu um gosto ruim na boca. Ela tinha conjurado uma corda que ele agora mordia e que o impedia de continuar a falar.

- Prontinho, assim está melhor. – ela riu. – Gostou? Eu acho que combina com o seu rosto. E quem sabe você morde a própria língua e morre. Vai me poupar tempo.

Ele tentou responder com um “Vai se danar, sua idiota” mas os sons que saíram de sua boca não passaram a mensagem corretamente.

E para piorar ele mordeu a língua.

Nessas horas que ele desejava estar inconsciente.

- Vou deixar você refletindo sobre isso – ela o informou, levantando e indo embora.

Uma porta velha que ele acabara de notar que estava lá se fechou e ele ouviu o barulho de chave virando na fechadura enferrujada. Estava trancado, mas não fazia muita diferença já que não conseguia nem mexer o dedinho do pé.

Sem ter o que fazer ele olhou a sua volta. Era um sótão velho e empoeirado, com pilhas de caixas e sacos.

O telhado do edifício (ou o que quer que fosse) era baixo e Draco lembrou que o ruivo de couro metido à baterista teve que inclinar a cabeça para entrar. Se Draco conseguisse se soltar das cordas quem sabe pudesse quebrar algumas das telhas e fugir pelo telhado. Mas seria um milagre se conseguisse corta-las ou achar algo para fazer isso. Milagres eram coisas de mocinhos bonzinhos. Só aconteciam com heróis de livros românticos que a velha chata da Pince folheava na madrugada. E até um idiota da lufa-lufa podia ver que ele não era um herói.

O calor tinha sido substituído por um ar abafado e cheiro de mofo. Ele se sentia sufocado, principalmente por causa da maldita corda em sua boca que o deixava com um gosto áspero na língua.

O gosto áspero da derrota.

Então era assim que ele terminava seus últimos dias de liberdade. Em um sótão abafado, ao lado de uma ratoeira velha e caixas de varinhas falsas...

Varinhas falsas?

Draco leu mais uma vez a inscrição em umas das caixas mais próximas, e confirmou suas leitura anterior.

As caixas estavam todas cheias daquelas varetas de madeira sem mágica.

Havia uma bem próxima dele, próxima o suficiente para ele chutar com sua perna direita. Fazendo aquilo ele previu que a mercadoria ia cair e se espalhar pelo chão.

Talvez isso serviria para alguma coisa.

Provavelmente não. Do jeito que ele a Dama da Sorte resolvera virar as costas para ele, nada parecia trazer vantagem. Nem se ele fosse um coelho correndo contra uma tartaruga teria uma vantagem.

Pode ouvir sons de passos se aproximando e aguçou sua audição. Começou a escutar uma voz vindo do outro lado da porta do sótão.

- Não, Gui, pode ir. Posso cuidar muito bem dele, sozinha, que coisa! Vai voltar para o banco, vai? – uma pausa, o ruivo mais velho devia estar falando algo – Que se dane o que o Harry mandou! Merlin, vocês fazem Malfoy parecer uma ameaça! Ele não passa de um idiota! Não conseguiria nem fazer um Incendio sem queimar o próprio pé!

Aquele comentário já era demais! Já bastava ele estar amarrado e esperando sua prisão em Azkaban, agora também ele não era uma ameaça?

Se ele não era uma ameaça, então, por Merlin e por todos os outros bruxos velhos e barbudos, que o deixassem em paz!

Seu orgulho estava ferido como uma cobra pisoteada e jogada no lixo repetidamente. E o pior que ele não tinha como se vingar daquela maldita ruiva.

A tranca da porta fez um barulho. Ela ia entrar no sótão.

Apenas para não se sentir tão impotente ele aproximou mais sua perna direita da caixa.

Abrindo a porta, a ruiva apareceu trazendo nas mãos uma bandeja.

Draco levantou uma sobrancelha, definitivamente não era o que ele esperava. A menos que na bandeja houvesse objetos para tortura, ele não compreendia o que ela estava fazendo com aquilo.

- Comida, Malfoy. Não precisa ficar olhando desse jeito, aparentemente não alimentar o prisioneiro também está incluído na lei contra maus tratos. Para o meu desgosto infinito.

Ela se abaixou, colocando a bandeja no chão. Parecia que considerava se era sábio tirar as cordas da boca dele. Depois de alguns segundos, suspirando, ela tirou.

Pegando uma colher e uma tigela de sopa ela murmurou algo que ele decifrou como “...só o que me faltava, dar comida na boca...”

Draco se segurou para não rir da situação dela. Não fez isso por duas razões: a primeira porque estava morrendo de fome e a segunda porque ele também se sentia ridículo tendo que comer com ajuda.

Deprimente.

Ela levantou a tigela perto de si e mergulhou a colher na sopa esverdeada de aparência e cheiro nada agradáveis.

Draco passou os últimos meses aprendendo uma difícil lição: reações rápidas.

Era uma arte complicada a de conseguir perceber uma oportunidade boa em questão de segundos.

Nunca precisou domina-la porque teve sempre lacaios. Esses macacos cabeças de abóboras eram úteis porque se caso o plano não desse certo, eles estariam lá para quebrar a cara de alguém ou então servirem de escudos.

Sem o apoio gigantesco dos punhos de Crabbe e Goyle, restou a Draco a começar a pegar alguns truques sozinho.

Adaptar-se a situação, como sua mãe sempre teimava em resmungar. Nunca ouviu ela, achando que nunca ia precisar mudar para nada. Era o ambiente que devia se adaptar a ele e não o contrário.

Isso era o que ele pensava. Agora, sabia que não era bem assim.

Enfim, depois de sua carreira como fugitivo ele aprendeu a identificar uma boa oportunidade quando essa se apresentava a ele.

Percebendo, pela fumacinha que saia da sopa, que o liquido estava bem quente e que a proximidade da ruiva com a tigela era perfeita, ele se preparou para tomar uma iniciativa decisiva.

Era agora ou nunca.

Draco deu uma joelhada embaixo da tigela, ela virou, derramando toda a sopa fervendo em cima da ruiva.

Ela gritou mais de surpresa do que de dor e começou a tatear os bolso procurando por sua varinha. Draco aproveitou a distração para chuta-la na barriga.

A ruiva caiu de costas e ele viu sua varinha cair do bolso.

Bem, se não era um dia para coincidências. Ele empurrou a caixa mais próxima de varinhas, as fazendo cair no chão.

Ele ficou contente com o resultado da bagunça. A ruiva não conseguia mais distinguir qual varinha era a sua verdadeira.

- Seu idiota! – ela o xingou, tateando o chão a procura de sua arma – Você é um idiota!

- E você não é criativa nos xingamentos. – ele riu.

Ao contrário dela, Draco tinha ficado de olho na varinha real e sabia qual pegar. Se pudesse, pegar, porque suas mãos ainda estavam presas.

Na falta de dedos...Há os dentes. Ele mergulhou na varinha e a mordeu. Com dificuldade se levantou da queda e com a língua virou a arma para que apontasse para suas cordas.

Ele não precisava dizer nenhuma palavra mágica para aquele feitiço simples, bastou alguma concentração para que as cordas caíssem no chão, o libertando.

Com sua mão, agora livre, ele segurou a varinha.

A ruiva olhou para ele como se Draco fosse um bicho insano mas (para o seu triunfo) extremamente perigoso.

- Não sou uma ameaçaé? Não sei lançar um incendio sem queimar o pé? Que você acha disso, hein, ruivinha?

Ele viu que ela se forçava a recuperar-se do susto.

- S-sorte. – ela engasgou e depois tentou manter a face séria – Foi sorte.

- Na verdade foi mais incompetência da sua parte, sua idiota. – ele riu.- Nunca te ensinaram a não subestimar o inimigo, queridinha?

Ela estava exatamente aonde ele queira. Na palma da sua mão.

Draco soltou uma gargalhada como não soltava há meses. Sentia o doce gosto da vingança. Seu sangue sentindo novamente correr a velha e viciante sensação de poder.

Ele apontou a varinha para o coração da sua futura vitima. Seus olhos brilhando com alegria insana de ver o medo se formar no rosto dela.

Meses em esgotos e de humilhação. Dias sujos e suados. Horas mal cheirosas e cansadas...Tudo se acumulando. Agora ele estava pronto para faze-los pagarem por tudo e com juros.

Ele ia lançar o seu feitiço favorito.

Ia sentir a dor correr no corpo fraco dela e gargalhar quando ela caísse aos seus pés, da onde jamais deveria ter levantado.

Draco Malfoy era uma ameaça e ia mostrar isso para ela com o feitiço mais belo que conhecia...Aquele que ele aprendeu a apreciar em toda sua beleza negra.

O movimento da sua boca foi automático, tão familiar quanto respirar. Era como se nada tivesse acontecido e ele voltava ao passado não tão distante, quando o controle parecia ser dele.


- Crucio.

Um fraco gemido de dor, quase inaudível.

- Não, Draco. Não está bom assim. Dê-me a varinha, garoto.

Ele obedeceu, a voz de seu pai não podia ser ignorada.

O rosto de seu pai abriu um sorriso, que deixava sua face com feição quase assustadora. Ele passou a mão devagar no cabo da varinha, como se preparasse para fazer algo muito divertido. Draco estava aliviado que ela não apontava para ele. Sabia que seu pai era muito bom no seu hobby favorito: torturar.

- Crucio. – a voz era suava e com um tom de agrado de alguém que já sabe que o resultado vai ser bom.

Um grito alto de dor e uma suplica.

-

por favor...Chega...Por favor...

A voz era masculina mas estava tão aguda que parecia de uma criança pequena. Suas suplicas foram ignoradas pelos dois.

Draco observou o corpo magro do homem preso a parede. Ele era esquelético e suas roupas estavam sujas e desgastadas.

Os gemidos e gritos incomodavam Draco. Não porque ele sentia pena. Eram apenas agudos demais para o seu ouvido e ele queria voltar para a sua casa. Havia um belo jantar lhe esperando.

- O que você sente quando ouve essa criatura, Draco?

Ele se virou do homem para encarar seu pai.

- Nada.

- Nada? Nem ódio, nem nojo ou prazer?

Draco olhou de novo para o homem preso.

- Por favor...Me ajude. – a voz fraca sussurrou, sabendo que seus apelos eram inúteis.

- Prazer? Por que eu sentiria prazer em ouvir essa coisa patética gemer?

Seu pai sorriu e lhe deu a varinha de volta.

- Esse infeliz não tem nome. Não tem causa. Ele é um sangue-ruim nojento que capturei na rua. O que essa carcaça importa para nós? Nada. Essa é a beleza. Somos infinitamente superiores a ele. A vida dele está em nossas mãos, filho. Ele é nosso. Nos pertence. Temos o poder de decidir se ele morre...Ou se vive para sofrer mais algumas horas.

Ele colocou a mão na varinha sob a mão de Draco e o fez apontar para o homem.

- Poder, Draco. Em suas mãos. Tente mais uma vez, e tenha em mente isso.

Draco olhou para o prisioneiro, admitindo a si mesmo que a idéia de ter a vida dele em seu controle era interessante.

- Crucio.

Quando um gemido anunciou o sucesso do feitiço, Draco sentiu um sorriso em seus lábios.

Era estranha aquela sensação...Perceber que ele possuía aquele homem. O poder que aquilo trazia era muito prazeroso e um pouco assustador.

- Muito bem, Draco. Muito bem. Quem sabe você será útil, afinal.

Orgulho subiu lhe a cabeça e ele sorriu mais ainda. Seu pai estava contente com ele! Um elogio bastava para que Draco inflasse seu ego mais ainda.

- Mais uma vez. Quero ouvi-lo gritar mais. – ele riu, claramente adorando a tortura.

Draco obedeceu, ansioso para melhorar e agradar seu pai.

- Crucio.

Desta vez foi um grito completo de dor. Seguido de uma risada de seu pai.

Ótimoótimo!

Ele não esperou mais por ordem. Estava gostando demais daquilo para esperar que seu pai o mandasse repetir.

- Crucio – mais um grito – Crucio!

Os gritos ficaram cada vez mais intensos e as risadas de seu pai mais altas. Draco sorria de ponta a ponta.

Ele estava no comando, ele tinha o poder. Não havia melhor coisa que aquilo.

- Crucio!

Não houve mais gemidos. Seu pai soltou uma gargalhada.

- Você está gostando demais disso, Draco. E acabou indo com muita sede ao pote. – Lúcio tirou a varinha da mão dele. – Logo vai aprender que torturar é como tomar um bom vinho, se degusta com calma para se aproveitar melhor.

Draco olhou para o corpo agora mole do prisioneiro, era apenas segurado pelas correntes que o prendiam à parede.

- Ele morreu?

- Importa?

Draco não precisou pensar muito na resposta.

- Não. – disse, dando os ombros.

Seu pai sorriu.

- Vamos jantar. – ele disse, subindo as escadas da masmorra, Draco o seguindo – Existe vários meios de fazer a tortura se prolongar. Deve-se lançar o feitiço controlando a intensidade o suficiente para não deixa-lo desmaiar e maximizar a dor. E em breve vou te ensinar a mirar no coração, filho. A sensação é maravilhosa...É como segura-lo na palma da sua mão e esmaga-lo.

A risada de seu pai ecoou pela masmorra mas Draco pode ouvir um murmúrio fraco atrás deles.

- Por favor...me mate...deixe acabar...


N/A: Ow...Esse final de capítulo ficou mais tenso do que eu esperava.

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