Decotes, perucas e leões

Decotes, perucas e leões



Capítulo 5 – Decotes, perucas e leões

Havia um silêncio no ar e uma tensão que poderia ser cortada com uma faca de tão física que se tornara.

Draco ainda estava embaixo da ruiva. E nenhum dos dois mostrava qualquer sinal de movimentação.

Estavam mais uma vez desafiando um ao outro. Vendo qual desistia primeiro.

Mas uma coisa era certa: não seria ele.

Draco Malfoy podia estar sujo, fedorento, escamas de peixes no cabelo e com roupas velhas mas algo nunca mudaria: não, nem por um segundo, admitiria derrota na frente de um Weasley. Nem de um Potter.

Pensando bem, na frente de ninguém, nem do espelho faria tal absurdo.

E, assim sendo, os dois continuaram com o desafio. Nenhum desviando o olhar, piscando ou se movimentando.

Ela permaneceu sorrindo irritantemente e ele não tirou do rosto a expressão de desafio, por mais vazia que fosse.

Por dentro começava a acreditar que estava derrotado. Sabia que dependeria de um milagre que não aconteceria para poder escapar de seu destino em Azkaban. Mas não significava que a Weasley precisasse saber disso.

Nem saber também que, em meses, aquilo era o mais próximo que chegara de um membro do sexo oposto que não fosse uma filha bastarda de um elfo–doméstico com uma múmia de hipogrifo.

Após um bom tempo de silêncio o perfume do shampoo barato começava a fazer efeito e Draco se viu em uma situação inesperada. Sua vontade irracional e sua natureza instintiva foram maiores que seu ódio.

Olhou o decote dela.

Isso era hora para tal absurdo!

Não havia nada melhor para fazer, verdade. Além disso estava há meses numa seca absurda! Entre ratas de bares e múmias estava começando a ficar desesperado. E não era culpa dele se o decote era revelador!

Tudo isso justificava porque agora encarava o espaço volumoso entre o ombro e a barriga dela.

O que estava pensando? Nada justificava aquilo!

Era necessário sair debaixo daquela garota e rápido!

– Eu sei que eu sou lindo, Weasel, mas não é educado encarar – ele a informou, num tom mais leve do que pretendia e buscando se concentrar no rosto dela.

– Eu digo o mesmo, Malfoy – respondeu com uma leve indicação para baixo com o olhar.

Ela sabia que ele tinha olhado o decote! Maldita!

Se eu tivesse algo para encarar, você quer dizer.

A ruiva revirou os olhos e, finalmente, para alívio de ambos, saiu de cima dele. Pegando sua varinha, conjurou mais uma vez cordas para prender as mãos de Draco.

– Tente roer essas e vai acabar quebrando os seus dentes – ela o avisou. – E me agradeça por eu não colocar nos seus pés também.

– No dia que eu agradecer você por alguma coisa vai ser o dia que Umbridge transar com alguma coisa viva que não seja ela mesma.

A ruiva fez uma cara de nojo.

– Obrigada pela imagem, Malfoy. Agora não vou conseguir dormir.

Ele se sentou novamente, encostado–se à parede. Podia ouvir sons de vento e chuva fracos vindo do outro lado.

Como se tratava de um navio mágico tempestades não atrapalhavam a viagem, o transporte cortava ondas e ventanias sem dificuldade.

Não demoraria muito até chegarem ao destino.

Quando aquele navio atracasse em terras européias ele estaria mais próximo ainda da prisão cheia de dementadores.

Não foi como planejara sua vida fora de Hogwarts.

Nos planos originais àquela altura teria um emprego influente e poderoso no Ministério (ou então seria o braço direito de Voldemort), uma mansão gigantesca com quarenta quartos, uma piscina aquecida e uma esposa submissa, bonita e perfeita para ser exposta na sociedade e deixar os outros com inveja.

Claro que Pansy não era lá muito submissa, muito menos perfeita. E menos ainda bonita, ela possuía um corpo ótimo, verdade, infelizmente o rosto não ajudava... Ele às vezes imaginava uma outra cabeça em cima daquele pescoço, para distraí–lo da cara de buldogue. Não foi à toa que não agüentou ficar só a beijando por muito tempo e logo avançou para outras atividades físicas que não envolviam ter que olhar na cara achatada dela.

O que a fazia a namorada, depois noiva, interessante era o fato que ela tinha dinheiro e uma família influente o bastante para que todos fingissem que era perfeita e bonita

Mas aí que estava: teve tudo aquilo, agora não tinha mais. Nunca mais viu Pansy mas soube que, como os Malfoy, ela perdera tudo.

O pouco interesse que tinha nela se esvaiu assim que isso aconteceu.

Merlin, por que estava pensando nela mesmo?

Estava indo para Azkaban e gastava seus últimos pensamentos de saúde mental perfeita com Pansy Parkinson?

Uma exclamação de alegria da Weasley chamou sua atenção e ele olhou na direção do barulho. O que a idiota estaria aprontando agora?

Foi então que percebeu melhor o seu arredor.

Havia dezenas pilhas de roupas, vassouras, chapéus e todo tipo de utensílio jogado pelo chão. Malas estavam abertas e desorganizadas e pacotes abertos sem remorso.

Ela passara todo aquele tempo abrindo bagagens alheias e retirando tudo de dentro.

Não havia mais dúvidas... Aquela garota era insana.

E cada vez mais Azkaban não parecia ser tão ruim assim desde que aquela criatura cheia de sardas horripilantes e mentalidade de pobre não estivesse perto dele.

Agora ela segurava uma coisa rosa–choque na mão que Draco não conseguiu identificar. Porém alguma coisa lhe dizia que o que quer que fosse não era boa coisa.

– Achei uma que é a sua cara, Malfoy! – ela riu, balançando a coisa rosa e se aproximando dele. – Veste!

Ela ofereceu o pedaço de lixo rosa. E ele pôde dar uma olhada melhor e agora estava começando a identificar o que era.

– Uma peruca! – gritou quando ela jogou a coisa horripilante em seu colo.

Era o pedaço de cabelo falso mais podre e encardido que já vira. Todo cacheado e brilhante, purpurina dando aquele toque bem especial de prostituta de quarenta anos com um recorde de doenças venéreas.

– Parabéns, você acertou! O seu prêmio é: – ela fez uma pausa, procurando alguma coisa em uma das pilhas de cacarecos mais próxima e depois pegando um óculos escuro – se disfarçar de tiete d'As Esquisitonas!

– O quê!

Ela riu, colocando os óculos no rosto dele. Para sua total irritação não podia fazer nada sobre aquilo, suas mãos firmemente presas atrás das costas. Tentou sacudir a cabeça mas apenas teve sucesso em fazer o objeto escorregar de seu nariz e ficar entre sua boca e narinas.

– É tão simples que até um cérebro vazio que nem o seu vai compreender – ela gargalhou, arrumando os óculos. – Não podemos simplesmente descer desse navio como se fôssemos passageiros normais e como o ministério parece estar querendo me atrapalhar não posso ser reconhecida. Então: disfarce!

– Você conhece uma palavrinha bem pequenininha de só três silabas conhecida como lógica? Ela existe aí nessa cabeça de anta? Esse plano ridículo é um lixo, até um lufo faria melhor.

Ela preferiu responder o comentário colocando a peruca rosa em sua cabeça. A coisa cobriu sua visão.

Como aquela criatura podia ficar rindo e alegre depois da discussão que tiveram antes? Como ela podia simplesmente continuar com a vidinha estúpida, cega de tudo?

Era irritante.

Ele queria causar algum efeito nela, qualquer efeito. Ser ignorando era a pior ofensa de todas. E ela nem se mostrava afetada pelo o que ele falava.

E, por Merlin, tiete d'As Esquisitonas!

Tentou mais uma vez balançar a cabeça para se livrar do pedaço de lixo em sua cabeça mas só teve sucesso em virar a peruca para o lado, cobrindo mais ainda sua visão.

Ouviu alguns barulhos estranhos e concluiu que a idiota estava colocando seu “disfarce”, que provavelmente não enganaria nem o poodle roxo de Pansy.

Por fim, quando pareceu terminar tarefa, ela se aproximou, ajeitando a peruca dele, liberando seus olhos dos fios falsos rosas.

Uma rápida inspeção por falta do que fazer (e não por curiosidade... Jamais) notou que ela estava diferente. Não menos feia e desinteressante, apenas diferente.

Usava uma peruca roxa igualmente ridícula que a dele, óculos escuros e uma roupa de couro vermelho que sim... Acentuava as curvas do corpo dela. O que era um feito e tanto já que se tratavam de curvas de garotinha de 14 anos que ainda é uma tábua de frios.

– Agora é a sua vez de se vestir, raio de sol – ela riu, jogando uma calça trouxa rasgada de couro preto e um casaco roxo com estrelas amarelas. – E a camisa vai ter que sair, o Myron não usa.

– Myron? Ele é um perdedor! Todo aquele jeito de “poeta sofredor” me deixa enjoado.

– Está reclamando? Que tal o Herman, que toca flauta, hein? Quer se vestir como ele com o sapato de salto e as lantejoulas? Agora anda logo! Vamos chegar em breve no porto.

– Eu não sei se você notou, anta, mas eu não tenho como vestir essas roupas ridículas.

– Eu notei. Se você não me interrompesse toda hora saberia. Eu vou vestir você. Anda, levanta.

– Não estou interessado.

Ela o puxou pelo braço, forçando–o a se levantar. Depois tentou tirar o casaco batido de bolsos furados que usava, mas sem sucesso, não conseguia soltar as mangas pelas mãos atadas. As tentativas foram inúmeras até ele perder completamente a paciência.

Draco revirou os olhos.

– Weasel, seja menos anta e me solte.

– Não.

– Está com medo de levar uma surra?

Foi a vez de ela revirar os olhos. Ele abriu um sorriso cínico, tinha certeza que ela não conseguiria resistir ao desafio de tentar parecer corajosa.

– Nem se você tivesse seis olhos e rabo de manticora eu tinha medo de você, Malfoy.

– Então prove.

– Você quer passar ridículo de novo? Não consegue fugir daqui e sabe disso.

– Se eu não vou conseguir mesmo por que me amarrar, afinal?

– Para te humilhar – sorriu.

O sorriso lembrou o seu próprio. Parecia que a Weasel estava se mostrando cada vez mais venenosa, estranho para uma pobretona amante de trouxas.

– Sei. Isso é mentira descarada, ruiva. Você está é com medo do malvado Malfoy e seu irmãozinho que parece um sereiano em um dia de cabelo ruim na crise dos 30 não está aqui para te salvar, sua anta.

Para sua surpresa a ruiva riu do comentário, não em forma de escárnio, mas com uma risada genuína.

– Você acabou de concordar com a minha mãe.

– Ela também acha que você é uma anta?

– Não, ela também acha que o Gui está na crise dos 30. Indefinidamente.

Enquanto falava Weasel balançou sua varinha, fazendo as cordas que o prendiam desaparecerem. Draco olhou para as mãos livres como se fosse a primeira vez e que talvez não soubesse como elas funcionavam mais.

– Se veste, anda.

Não se mexeu, o que ganharia cooperando com aquele o plano estúpido? Quanto mais difícil a tarefa de chegar à Azkaban era melhor.

Aproveitando a oportunidade jogou a peruca idiota e os óculos escuros no chão, cruzou os braços para depois abrir um sorriso cínico. Só porque não estava exatamente com a vantagem não significava que deixaria as coisas fáceis para a ruiva, couro ou não.

– Vai ter que lançar a maldição Império porque esse loiro aqui não vai vestir essas porcarias.

– Eu já te disse que você nunca mais vai ter escolha sobre sua vida?

“Não precisa dizer, eu já percebi.” Claro que já tinha, não era burro. A menos que fugisse, o que aconteceria no dia que gostasse de um Weasley, ele perderia o livro arbítrio.

No entanto não moveu um músculo.

– Poupe–se da humilhação de ter que ser vestido por mim, Malfoy. Sério, para mim seria muito mais fácil te imobilizar e acabar com isso. Perceba que eu não disse estuporar, você estaria acordado para apreciar cada momento humilhante – ela recolheu e jogou as roupas nos pés dele. – Vou deixar você sozinho e dar uma olhada no que está acontecendo lá em cima, aproveite esse tempo para se vestir.

Subindo a escada da saída, ela fechou a porta do compartimento de carga. Restou a ele encarar as roupas no chão com ódio crescente.

Era como se esperasse que começassem rir dele. Estavam trabalhando para os peixes sem dúvida!

Desviou o olhar para a porta, querendo confirmar que a ruiva realmente fora embora e não estava só esperando ele se vestir para sair de seu esconderijo e gargalhar.

Quando finalmente se convenceu do contrário, começou a se despir.

Por que estava fazendo aquilo? Boa pergunta.

Tirou o casaco velho, jogando no chão com repúdio. Fez o mesmo com sua camisa bege de suor e falta de lavagem. Vestiu o casaco roxo e trocou as calças marrons sem graça pelas de couro rasgado.

Foi estranho, era sua primeira troca de roupas em muito tempo. Sentiu–se leve e criou uma falsa sensação de limpeza, extremamente ilusória mas que o alegrava mesmo assim.

Alegrava?

Arregalou os olhos, para fechá–los depois. O mar devia estar afetando seu cérebro.

–––––––––––––––––––

Gina abriu a porta devagar, não querendo pegar Malfoy em trajes pequenos, algo que a traumatizaria para a vida, sem dúvida. Felizmente quando entrou viu que o loiro já tinha vestido as roupas que lhe dera.

Abriu um sorriso de deboche, contente que tinha obedecido. E bem na hora, o navio atracaria logo.

Quem diria que um dia veria Malfoy se humilhar tanto? Vestir uma peruca rosa cacheada! Era um dia realmente interessante.

– Pronto para ir? – perguntou para o sonserino.

Como resposta obteve um resmungo, o que não foi surpresa. Não era necessário dizer que ela estava ansiosa para sair daquele navio e voltar para o ambiente familiar d'A Toca.

– O próximo passo desse plano brilhante é nos misturar com os outros passageiros no momento do desembarque.

Mais um resmungo.

– Tem um grupo de fanáticos da banda indo para o show que vai ter esse final dessa semana. Vamos fingir que estamos junto com eles. E não tire os seus óculos escuros. Não quer se reconhecido e linchado, quer?

Outro som irreconhecível. Aparentemente Malfoy conseguira regredir mais ainda nos quinze minutos que ela o deixara sozinho.

– Ou você pode continuar a grunhir e morar nesse porão de navio para o resto da sua vida, se alimentando de couro velho cortado de malas.

Finalmente houve uma reação maior por parte de Malfoy, ele se virou e Gina pôde realmente dar risada da aparência dele.

Era uma das coisas mais ridículas que já vira, incluindo o chapéu de leão de Luna e as vestes do Baile de Inverno de Rony.

– Como eu gostaria de ter um espelho agora. Queria admirar a sua cara se vendo vestido assim.

– Quer dizer que você sabe o que é um espelho? Podia jurar que não. Teria se suicidado no momento que visse o reflexo, de tão feia que é.

Essa foi a última troca de insultos dos dois por um longo tempo. Durante aquele período apenas subiram as escadarias do navio, chegando na superfície em uma trégua estranha.

Na proa encontram o resto dos passageiros se preparando para o desembarque. O grupo de fãs dos d'As Esquisitonas mantinha se afastado do resto, todos com caras ameaçadoras no estilo anti–social que a banda cultivava, o que era perfeito, porque nem Malfoy nem ela estavam com vontade de conversas.

Ninguém perguntou quem eles eram também, o que foi ótimo. Em poucos minutos estaria livre daquele fardo esquelético e tomando um chocolate quente na sede da Ordem.

–––––––––––––––––––

A peruca coçava tanto que parecia que estava sendo submetido a uma sessão de tortura especialmente cruel.

Não só isso como seu estômago roncava como se aquele gigante estúpido que se dizia professor de Trato de Criaturas Mágicas tivesse se alojado lá dentro.

Sem contar a criatura loira vestida de azul cafona que piscava a todo minuto em sua direção. Era uma pirralha de 14 ou 15 anos com síndrome de “quero–ser–grande” e provavelmente algodão no sutiã.

Depois de um tempo de silêncio em uma tentativa de parecerem intimidadores por parte do grupo de fãs idiotas a ruiva iniciou uma conversa com quem parecia ser o líder patife daquele bando deprimente de vagabundos sem vida social.

Às vezes ela dava uma olhadela em sua direção mas fora isso estava relativamente livre. Livre para tirar seus óculos escuros e ignorar completamente as piscadelas da pirralha metida a piranha. Infelizmente, devido à falta de neurônios, ela resolveu avançar mais e chegar perto.

– Então... Você é o Myron. Adorei a roupa – começou a infeliz, com sua voz esganiçada. – Sou Ginger, falando nisso.

Piscou para ele. Quando a primeira vez não surtiu qualquer reação, tentou mais duas vezes.

– Está com problema no olho? – rosnou Draco. – Se manda, idiota. Vá flertar com o seu vibrador.

A garota abriu a boca, depois fechou, ofendida. Deu meia volta e foi embora, tentando se equilibrar nos saltos altos que usava.

Um apito anunciou a chegada da embarcação.

Empurrado pela multidão e perto da Weasel ele desceu a rampa para o chão do porto.

Era isso então. Pisava em solo inglês pela primeira vez em meses.

Sempre imaginara aquele momento de uma forma totalmente diferente. Para começar não estaria vestido daquele jeito nem portando uma peruca na cabeça.

Havia tanta gente se esbarrando e carregando malas que começou a ver uma luz no final do túnel. Poderia escapar? Perder–se na multidão e depois embarcar em um navio que o levasse para o fim do mundo.

Olhou para o lado direito e não viu a ruiva. Para o lado esquerdo e a mesma coisa aconteceu. Virou a cabeça, olhando para trás e assim mesmo ela não estava lá.

O que ele viu foi a garota loira do vibrador conversando com alguns bruxos com uniformes que Draco reconheceu como os do Esquadrão da Execução da Lei Mágica. Ela apontava para a direção dele e gesticulava, apressada.

Mais um motivo para dar o fora dali.

Começou a cortar caminho entre o povo mais lento e apressou o passo, havia um galpão perto dali onde poderia se esconder.

Mas o destino, sorte ou qualquer que fosse seu maldito nome, estragou seus planos. Duas mãos seguraram seu braço, parando–o.

– Onde pensa que você vai, Malfoy?

Maravilha, a ruiva voltara.

– Dá para ver a sua cabeça rosa brilhante até o Nepal.

– Parece que você tem companhia, Weasel – apontou para os bruxos uniformizados que faziam seu caminho até eles.

Ela virou o rosto para encará–los por um breve momento e depois saiu correndo, puxando–o para fora do bolo de pessoas.

– Merda, Malfoy. O que você fez agora! – gritou enquanto corria.

– Olha o linguajar, mocinha – respondeu, tentando se livrar do aperto da mão dela. A idiota era forte.

Correram até o galpão que ele originalmente pretendia buscar liberdade, escondendo–se atrás de caixotes de madeira, ambos tentando recuperar o fôlego. O lugar era algum depósito de carga e havia dezenas de caixas, barris e malas.

– Tire a peruca.

– Não.

– Merlin, Malfoy. Você gosta de ser do contra? – falou, retirando ela própria a coisa da cabeça dele e em seguida sua peruca roxa.

Ouviram passos apressados se aproximarem de onde estavam. Para Draco era melhor que o Ministério os encontrasse, assim pelo menos a ruiva sofreria algum tipo de punição.

Foi então que, pela primeira vez, se perguntou por que ela fugia daqueles uniformizados. Se a infeliz não tinha sido enviada pelo Ministério o que fazia l�?

Enquanto isso Weasel levantou a cabeça um pouco para ver se havia alguém mais naquele galpão.

– Droga, eles estão vigiando as portas – informou, sem que ele pedisse. Não lhe interessava isso, de qualquer forma acabaria em Azkaban. – Por que não entram de uma vez?

– Não querem um confronto – não se segurou, grunhindo.

Era claro que ela não esperava resposta, por isso o encarou, curiosa.

– Eles sabem que você vai ter que sair alguma hora e são preguiçosos demais para vir atrás – continuou, irritando consigo mesmo. Não podia acreditar que estava falando com aquela nojenta por vontade própria! – Não querem arriscar alguma coisa. Normalmente a pele.

– Por incrível que pareça, e eu vou me arrepender depois, mas o que você disse faz sentido. Alguma idéia de como escapo dessa?

Foi um momento estranho, os dois se olharam, confusos com o rumo que aquela conversa estava tomando. Malfoy ajudando uma Weasley? Que universo alternativo era aquele?

“Ah, que se dane”, pensou. Apontou alguns barris cheios de fogos de artifício.

– Distração, infeliz. Não te ensinaram nada na Academia de Heróis de Traseiro Empinado?

Ela sorriu, pulando do esconderijo precário e deitando dois dos barris, para depois os chutar na direção de uma das portas.

Incendio! – gritou assim que pararam na porta fechada.

Houve uma explosão gigante que despedaçou toda madeira, liberando a entrada. Lá fora o grupo de bruxos caiu no chão, procurando se proteger dos fogos. Pelas janelas do galpão os dois viram os outros que estavam na porta do lado oposto correrem para ver o que havia acontecido.

Aproveitando essa chance, Weasel agarrou o braço dele e mais uma vez o puxou para longe daquela cena.

Correram para longe do porto, do navio e do galpão e Draco viu uma paisagem bizarra que nunca tinha visto: a Londres sangue–ruim.

Concluiu, sem qualquer dúvida, que não perdera nada.

Sem mais nem menos bateu o rosto em uma cabine ridiculamente vermelha. Foi empurrado para dentro e esmagado contra o vidro. A ruiva rapidamente pegou um objeto preto com um fio que o ligava a outro que estava preso na parede da cabine.

Apertou alguns botões brancos desgastados e Draco ouviu uma voz familiar saindo de um dos buracos do objeto mas não entendia o que falava.

– Sim, estou – uma pausa. – Não, não. Sem nenhum problema – outra pausa. – Escuta, não é minha culpa se eles me seguiram, ok? Agora será que podia me tirar daqui ou é difícil?

Houve uma resposta curta e ela bateu o negócio no objeto maior, parecia que o que a outra pessoa dissera, ela não gostara.

– Bem, Malfoy, prepare–se para conhecer a sede da Ordem.

O chão da cabine desapareceu e os dois caíram. Draco sentiu como se estivesse escorregando em uma toca de coelho só que em uma velocidade altíssima.

Tão rápido como tinha acontecido, terminou. Sentiu o traseiro bater em um contato violento com o chão enquanto a ruiva simplesmente diminuiu a velocidade e parou de pé ao seu lado.

Mal teve tempo de tentar se levantar e foi empurrado de volta para o chão. Em sua frente estava parado o seu arquiinimigo, a pessoa que ele mais odiou sua vida inteira.

Harry Maldito Potter.

Agora estava em território dos leões. E era o prato principal.


N/A: E a trama finalmente começa! Será que vai ser D/G? Será que não vai ser? Resolvi tornar isso um segredo. Eu já decidi, agora vocês precisam ler para descobrir, muhuahauhauahau. Brincadeira. Sorry pela demora, aulas e tal. Queria agradecer a Pichi, que sabe–se lá porque aceitou betar essa fic, doida! ;)

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