Pais, mães e penseiras

Pais, mães e penseiras



Capítulo
7 – Pais, mães e penseiras

Draco
foi empurrado pelos corredores frios e escuros de Azkaban pelo o que
pareceu uma eternidade. Seus passos sempre acompanhados pelo som da
respiração gelada de dementadores. Sabia que estavam escondidos, nas sombras, mesmo que não pudesse vê–los.
Tinha certeza pois começava sentir o desespero, ouvir os
gritos...

Seus
gritos.

Parecia
séculos desde que se deixara lembrar daquilo sem ficar
completamente bêbado para impedir que aquele dia voltasse. Ali,
no entanto, não teria como destruir os neurônios com
álcool. Era como sentir na pele tudo novamente. E sabia que
não agüentaria passar aquilo mais uma vez.

O
som cavernoso de uma porta pesada se abrindo afastou felizmente
memórias que se preparavam para ressurgir.

– Entre
Malfoy – mandou a voz grossa de um dos guardas. – O diretor da
prisão o espera.

O
auror não esperou que Draco obedecesse e empurrou
“gentilmente” o corpo do loiro dentro da sala, fechando a porta
de ferro atrás de si.

O
prisioneiro deu de cara com um escritório improvisado. Parecia
que um homem civilizado estava ocupando uma caverna pré–histórica
por algum tempo. Parecia não, era o que acontecia. Os
móveis de madeira se confundiam entre as paredes de pedra e o
tapete caro não combinava com o chão cinza.

– Ora,
ora... Quem diria... – uma voz familiar demais para seu gosto lhe
chamou. – Bem–vindo a Azkaban, Malfoy.

Draco
encarou o dono da voz. Sua primeira reação foi de total
choque, a segunda de revolta e a terceira de ódio.


A
lareira da sala comunal sonserina tentava aquecer as mãos de
Draco. Essas estavam geladas mas não graças ao inverno
que caía do lado de fora do castelo.

Malfoy
estava nervoso. Ninguém nunca contestara sua liderança,
todos na Sonserina sabiam que quem mandava era o filho de Lúcio
Malfoy, nunca houvera dúvida quanto a isso. Até
Voldemort se revelar e seu pai ser preso.

A
partir do quinto ano teve início a separação. E
momentos antes o resultado daquele processo se revelara, enfim.


poucos minutos Malfoy reunira todos de sua confiança para
anunciar a oferta do Lorde das Trevas. Aqueles que a aceitassem se
tornariam Comensais da Morte, os que não o fizessem seriam
marcados como inimigos.

Sem
volta, sem retorno. Era agora a hora para escolha.

Para
Draco, no entanto, era mais do que isso. Era sua oportunidade para
trazer mais aliados, para trazer poder ao Lorde das Trevas,
ganhar prestigio perante a todos os outros Comensais e,
principalmente, orgulhar seu pai.

Chamara
todos com plena confiança que o seguiriam cegamente, como
sempre fizeram, mas estava errado. Muito errado.

Sem
que percebesse perdeu seu posto de líder. E aquela reunião
finalmente mostrou isso.

Estava
de pé, no centro da sala, e terminara seu discurso triunfal
sobre a grandiosidade de Voldemort, o poder que teriam e todas as
diversões que o esperavam quando Theodore Nott o interrompeu.

Nott,
seu melhor amigo de infância, era a concorrência mais
próxima de Draco, sempre à espreita, esperando o
momento certo para tirá–lo da posição de mais
influência na Sonserina. E, finalmente, depois de tanto tempo,
a oportunidade aparecera.

– ...O
Lorde das Trevas dará incrível poder em nossas mãos.
Eu já senti isso. Meu pai me mostrou. Chega de feitiços
ridículos que aprendemos aqui, chega de regras e sangue–ruins.
Teremos o poder. Seremos o poder – concluiu o discurso
Draco, olhando para os outros sonserinos. – O que me dizem?

Silêncio.

Nenhum
aceno de cabeça em concordância, muito menos ovações
fanáticas. Nada. Apenas um sorriso tímido de Pansy e
alguns grunhidos de Goyle e Crabbe.

– O
que há com vocês? Essa é a chance que estávamos
esperando! O momento para finalmente acabar com todos os impuros! O
Lorde das Trevas está mais forte do que nunca e...

– Na
verdade, Draco – interrompeu Nott –, não estamos
interessados.

Draco
se virou para o sonserino de nariz fino, confusão em sua face.

– Não...
Estão... Interessados? – soltou uma risada fraca. – Nott,
não é hora para a suas piadas sem graça.

– Não
é piada – rosnou a trasgo chamada Millicent Bulstrode.

Ficou
mais confuso e agora um tanto irritado.

– Estão
cheirando pó de doxy! Vocês nasceram para isso!
São sangue–puros!

– Sim,
somos. Mas não vamos atrás de um bando de loucos que
não conseguem nem matar um garoto idiota – disse Nott, como
se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Loucos!
– cuspiu Draco, incrédulo. – Loucos! Quem é insano
aqui é você, Nott!

– Veja,
Malfoy, a questão é bem simples – continuou o
arrogante. – Concluímos que Voldemort vai perder. E quando
isso acontecer não queremos estar do lado errado. Existem
outras maneiras mais inteligentes para se exterminar
sangue–ruins. E nós, legítimos sangue–puros, vamos
utilizá–las. Eu formulei alguns planos e...

– Desde
quando você manda em alguma coisa aqui, Nott? Acha que
você é o quê? – gritou. – Eu sou o
líder e eu digo que seu plano, seja lá qual for,
é idiota. Lord Voldemort possui o poder, e isso é o que
importa.

Theodore
revirou os olhos para cima e sorriu:

– Não
sei se você reparou, Malfoy, mas para ser um líder é
preciso ter apoio popular. E ninguém está te apoiando
no momento.

Draco
arregalou os olhos, encarando cada membro daquela reunião.

– Isso
é verdade?

À
exceção de Pansy, Goyle, Crabbe e outros dois
sonserinos, todos assentiram. Seu sangue gelou e teve que se sentar
para não cair de traseiro no chão.

– Mas...
– disse fracamente para Nott. – Seu pai... Ele...

– Nossas
opiniões diferem. Ao contrário de você, eu
sei diferenciar família e negócios. Não vou
seguir cegamente meu pai, não sou um cachorrinho de estimação,
como outros.

– E
o que isso quer dizer, Nott? – rugiu, sabendo bem a resposta.

– Se
a carapuça serve – sorriu Theodore.

Goyle
e Crabbe se levantaram mas Draco indicou com a cabeça para que
parassem. Esmagar a cabeça de Nott no chão era uma
idéia deliciosa, porém não traria vitória.
Aquela era uma luta de argumentos e influência, não de
força bruta. E Draco sabia que já a tinha perdido.

– Dane–se
você, Theodore. Dane–se todos vocês! Covardes e
traidores! Vocês vão ver! Quando o Lorde das Trevas
ganhar, vão pagar por serem idiotas. E quando pedirem socorro
para mim, eu vou é rir.

Pansy,
os gorilas e ele próprio se levantaram, indo em direção
aos dormitórios. Não antes de Nott irritá–lo
mais uma vez:

– Uma
visão bem mais realista do futuro seria você
acompanhando seu pai na prisão, Malfoy. Quando isso acontecer
estarei lá na primeira fila para ver.


Draco
encarava Nott como se o ex–melhor amigo fosse um fantasma. Quem
sabe não passasse de uma miragem causada pela má
alimentação e a influência dos dementadores,
porque o destino não podia ser tão filho de uma
hipogrifa assim. Sabia que o universo estava contra ele mas aquela
era a gota d’água.

– Theodore?

– Que
bom que ainda lembra de mim. Vai tornar as coisas muito mais
divertidas – sorriu.

Se
Draco não estivesse com as mãos atadas firmemente teria
se lançado na garganta daquele desgraçado com o maior
prazer. Infelizmente só tinha a escolha de ficar parado com
cara de irritado.

– Merlin,
o que você está fazendo aqui, seu traidor filho de
uma...

– Eu
estou aqui porque trabalho na prisão... E para de dizer: “Eu
não disse”? – riu da própria piada sem graça,
como sempre. – Adoro quando estou certo.

– Continua
o pomposo gordo de sempre.

– E
você continua o perdedor eterno. Sente–se, por favor –
falou em um falso tom cordial, indicando a cadeira à frente de
sua mesa.

Draco
continuou onde estava. Pelo que parecia a única forma de
contrariar seus inimigos era se recusar a sentar. Deprimente.

– Não
quer? Tem certeza? Vai ser a sua última chance de sentar em
uma cadeira.

O
pior de tudo é que aquilo era verdade. Mesmo assim não
se moveu. Afinal, era pessoal. Se sentasse admitiria que Nott estava
certo e isso não faria nunca.

– Ora
vamos, Draco. Seja razoável.

– Eu
estou em Azkaban, Nott. Pelo menos tenho o direito de não
ser razoável
.

– Que
seja então. Fique de pé, como preferir – disse mais
uma vez, abrindo o sorriso amarelo. – Sabe, gosto de pensar que
ainda somos amigos.

– Então
você é mais pirado do que já era.

– Não
foi pessoal. Eu fiz o que acreditava ser o melhor para mim. Você
fez o que achou que era certo. Essas coisas acontecem e não
devíamos deixar uma amizade de mais de dez anos terminar
assim.

– O
seu discursinho estúpido vai demorar?

– Por
quê? Vai a algum lugar? – sorriu maliciosamente. – Eu sabia
que você chegaria eventualmente aqui. Como todos os outros. É
inevitável e completamente patético.

– O
que aconteceu com você, Nott? Comeu abóbora estragada? –
suspirou Draco. – Você traiu tudo que acreditava. Sua
família... Amigos... Pra quê? Morar em Azkaban de
livre e espontânea vontade
?

Nott
soltou uma risadinha baixa, passando uma das mãos pelo topete
loiro oxigenado.

– Você
sempre falhou em ver as sutilezas da política. Seu falecido

pai tinha certa noção disso mas parece que preferiu
te ensinar a torturar ao invés de pensar – fez uma
pausa, garantindo tempo suficiente para Draco relembrar os fatos.
Depois seu tom ficou sério, deixando o escárnio comum
para trás. – Eu não traí ninguém,
Draco. Simplesmente sabia que existe hora certa para tudo. E nosso
momento ainda não chegou. Mas vai, em breve.

– Em
breve? Nott, olhe a sua volta! Não sobrou ninguém!
Estão todos aqui, presos na sua Azkaban!

– Tsc,
tsc, Draco. Ainda não entende, não? A sociedade está
sempre se modificando. Valores que há séculos eram
comuns agora são anomalias. Compreende? Antigamente lobisomens
eram caçados como troféus de heroísmo, hoje são
quase tratados como gente e ninguém questiona mais
isso. Por quê? Simples: a mudança ocorreu gradualmente.
Bruxos que apoiavam as criaturas subiram no poder devagar. Não
foi algo imposto por força bruta e sim com inteligência.
Conquiste a confiança do bruxo comum e ele vai pular da
ponte por você.

– E
você está conquistando essa confiança daqui de
dentro é? Puxa... Agora tudo faz sentido! Os dementadores
realmente chuparam o teu cérebro de vez.

– É
por esse tipo de pensamento limitado que você está aqui.
Mas não importa, é mais divertido dessa forma. Adoro
quando eu acerto e você faz essa cara de lufo. Foi assim desde
que éramos crianças... Eu te avisava que você ia
cair da vassoura de brinquedo e você ia mesmo assim, caindo
logo em seguida.

– Sabe
o que eu acho de todo esse discurso pomposo? – sorriu Draco, tinha
ainda uma carta na manga.

– Estou
curiosíssimo para saber.

– Acho
que é um monte de bosta de dragão. Você fez tudo
isso só para se vingar do seu pai. Para fazer ele pagar por
ter te...

– Eu
aconselho você parar aí, Malfoy – ameaçou Nott.
– Os dementadores estão loucos para conhecer você de
perto.

Draco
abriu seu sorriso mais ainda. Não ia parar porque agora que a
diversão ia começar. Depois daquela noite fatídica
na sala comunal da Sonserina tinha aprendido muitas informações
interessantes sobre Nott e seu pai.

– ...dado
surras até seus ossos quebrarem. Patético. Você
fala de mim, Nott, mas você sempre foi pior. Se escondendo por
trás de sutilezas quando na verdade você só
morria de medo do pai. E tinha inveja de mim porque sabia que
preferia ter eu como filho e não um impotente como
você.

Como
um animal raivoso Nott bateu na mesa com seu punho, fazendo vários
papéis se espalharem. Demorou um pouco até recobrar seu
estilo sarcástico de sempre. O que deixou Draco satisfeito,
atingira o ponto fraco do traidor.

– Meu
pai, Malfoy, não tem nada a ver com isso. Mas não tema,você vai logo se unir a ele. Acho que vou colocar você
na cela ao lado, para poder ouvir os gritos e uivos que ele dá.
É divertidíssimo – seu rosto sério escondia
uma loucura que Draco conhecia bem. – Aliás, devo agradecer
à Srta. Weasley mais uma vez. Se não fosse ela a minha
coleção não estaria completa. Além do meu
pai, trouxe você para me divertir.

– Os
dementadores derreteram seu cérebro de verdade, Nott. Você
está agradecendo Weasels agora?

– Ela
é uma ferramenta para meus planos. Nada mais.

Draco
estava oficialmente cansado de ficar ouvindo aquela ladainha. Agora
começava a ansiar pelo silêncio de uma cela. Longe de
ex–conhecidos psicóticos com problemas de frustrações
carnais.

– Não
quer saber quais são meus planos?

– Sinceramente?
Eu não dou a mínima. Quem provavelmente está

louco para ouvir é o Potter. Vai encher o saco dele,
vai?

– Ah,
Harry Potter.

– Não,
Henry Trotter.

– A
Ordem da Fênix é algo realmente interessante – Nott
riu. – Irônico até.

– Que
se dane. Só me mande para a minha cela, ok?

– Você
não quer saber por que é irônico? – o idiota
perguntou, decepção em sua voz.

– Por
Merlin, NÃO!

– Talvez
queria saber da sua mãe? – sorriu malicioso.

Draco
soltou um suspiro cansado. Por que insistiam nessa história?
De que adiantava saber sobre sua mãe se não poderia
fazer nada para ajudá–la?

– Eu
não...

– Sua
mãe está em St.Mungus – fez uma breve pausa. –
Pansy a visita freqüentemente, mesmo depois que eu disse para
não fazer isso.

– E
por que Pansy ia escutar você, seu palerma?

– Obviamente
porque estamos casados.

“Filho
de uma hipogrifa no cio.”

O
desgraçado! Invejoso maldito! Está certo que Pansy não
era a coisa mais linda do mundo (longe, muito longe disso), mas ela
era território dele. Como Sonserina tinha sido. Nott
fora tão longe assim para tomar tudo de Draco?

E
para que ele queria Pansy quando estava óbvio que tinha outras

“preferências”?

– Casados,
é? Minhas condolências.

– Sinto
muito por não ter mandado o convite mas não sabíamos
onde você estava se escondendo na época.

– Quem
foi o padrinho? Millicent?

Nott
riu.

– Ela
foi a madrinha, claro. Marcus Flint foi meu padrinho, na sua
ausência.

– Que
gracinha. Reunião dos traidores. Aposto que Potter foi quem
casou vocês. Quem substituiu Pansy na lua de mel?

Theodore
obviamente preferiu ignorar os comentários do ex–colega.

– Sua
mãe está catatônica, Draco. Completamente louca.
Não consegue nem comer mais sem ajuda. Presa numa cama do
hospital.

Draco
sentiu como se tivesse sido atingido por um crucio no peito.

Não
podia ser.

– Do
que você está falando, Nott? Minha mãe não
ficaria presa a uma cama, muito menos dependeria de alguém
para comer... Só a noção de tal coisa é
ridícula. É isso que você chama de piada?

– Não
é piada, Draco. Temos nossas diferenças mas eu ainda
respeito os Malfoy. Sua mãe em particular. Foi na mesma época
da morte de seu pai, logo depois que você fugiu.

Sua
mãe... A mulher mais independente do mundo bruxo... Aquela que
desafiava qualquer homem, qualquer bruxo... Que nunca deixava ser
rebaixada, que se vingava com uma ferocidade inspiradora...

– Não...
Não pode ser verdade – murmurou para si mesmo. – O que
aconteceu com ela?

– Foi
a Ordem, Draco. Eles fizeram isso.


– Quim!
Me ouça, Quim!

– Ginevra,
não há mais o que discutir.

– Eu
não posso simplesmente largar a...

– Não
fale disso agora. Não aqui.

– Dane–se!

– É
exatamente por essa atitude que você acabou nessa
situação.

– Me
dê uma chance!

– Já
dei dúzias delas! Escolha. Agora.

Gina
cruzou os braços, olhando para Shackebolt com ódio. Às
vezes parecia pior que Harry! Se isso era possível.

Era
o momento de mudar de tática.

– Por
favor... Eu preciso disso, Quim. A minha vida é o que eu faço.
Se largar para trabalhar só aqui vou ficar louca! Você
vai ter mais um pepino nas mãos porque vou me suicidar comendo
os formulários que você me faz preencher todo santo dia!

– Não
há mais o que falar sobre o assunto. Escolha ou eu escolherei
por você.

Shackebolt
continuou irredutível e estava começando a ficar
desesperada.

– Pelo
menos me dê mais uma chance! – sugeriu, frenética.

– Por
que eu deveria lhe dar mais uma? Você quase foi presa pelo
Departamento de Execução das Leis Magias. Foi há
muito custo que consegui convencer o Ministro que você estava
lá apenas para visitar seu irmão doente e foi
tudo uma coincidência infeliz, um erro na fonte de informações
do Ministério.

– Eu
não estava preparada para um bando de capangas do Ministro
atrás de mim. Agora eu estou. Você sabe que eu
sou boa no que faço, Quim. Tudo bem que acha que eu sou
explosiva demais... E por isso não me dá nenhuma missão
de campo... Mas você sabe do que eu sou capaz. Eu mereço

outra chance.

O
auror soltou um suspiro mas deixou que continuasse.

– Digamos
eu concorde... Hipoteticamente falando, que acordo você teria
em mente?

– Você
me passa uma última missão para ambas as
organizações. E se eu me der bem, não preciso
escolher.

– E
que missão seria essa, Srta. Ginevra?

“Boa
pergunta, eu não tenho idéia.”

Era
hora de blefar. E torcer para acertar, porque essa seria sua última
chance. Sua mente percorreu uma lista improvisada de assuntos mais
priorizados pelos aurores naquele momento e felizmente não
demorou a encontrar uma perfeita para seu problema.

– Bellatrix.

As
sobrancelhas grossas do homem se levantaram em sinal de interesse.

– Continue.

– Nós
todos estamos atrás da dita cuja. Posso ser o elo, trocar
informações úteis para ambos os lados. Ninguém
vai saber. E se eu conseguir pegar Bellatrix você e Harry
precisam prometer que não me perturbarão nunca mais.
Mas se não conseguir então você pode me
jogar no cargo mais idiota e burocrático de todo o
departamento e eu não vou reclamar.

– Como
você vai capturar Bellatrix, Ginevra? Ninguém sabe onde
ela está. Ela é completamente imprevisível. Não
existe uma única pessoa que possa nos dizer o que se passa na
cabeça dela.

– Existem
várias pessoas. E todas estão no mesmo lugar.

– Azkaban?
– perguntou, surpreso. – Quer questionar prisioneiros que estão
clinicamente perturbados? Eles não responderiam suas perguntas
mesmo se fossem capazes disso.

– Talvez...
Mas vale a pena tentar. Me dê essa chance, Quim.

Shacklebolt
não respondeu a principio mas pelo menos mostrava sinais que
não achava a idéia totalmente absurda.

– Você
está pedindo algo arriscado demais para ambos. Quer que eu a
coloque dentro de Azkaban com algum falso pretexto para que questione

prisioneiros sem ordem do Ministro ou julgamento. Além do
fato que organizações justiceiras” estão
na mira das autoridades e que se essas conseguirem provas dos métodos
que você utilizou...

– Eu
sei de tudo isso. Sei que há muita coisa em jogo mas eu sou
posso provar que sou capaz!

– Não
sei...

– Você
não quer ver todos aqueles assassinos impunes, quer? Bellatrix
vai continuar matando e o Ministério não consegue
enxergar além das heranças dos Comensais. Pelo meu pai,
Quim. Uma retribuição por tudo que ele fez por você.
Só peço uma última chance.

O
auror–chefe soltou um longo suspiro.

– Está
bem, Ginevra. Você venceu. Temos um acordo, não me
decepcione.

Gina
sorriu, aliviada. A tática de mencionar seu pai sempre
funcionava com os amigos funcionários do Ministério,
todos se sentiam culpados demais pela demissão de Arthur.

– Eu
não vou.


– Você
receberá refeições em sua cela três vezes
por dia, sempre no mesmo horário. Às cinco e meia da
manhã, meio–dia e finalmente às seis da tarde. Alguns
prisioneiros usam isso como referência para seus calendários
de palitinhos... – riu Nott. – Mas a maioria perde o interesse
pelo tempo rapidamente.

Theodore
caminhava satisfeito alguns passos à frente de Draco e os dois
aurores que o vigiavam. O ex–colega de escola insistiu em
pessoalmente apresentar Draco ao sistema da prisão e à
sua cela.

– Banhos
são raros. Quando o cheiro começa a incomodar ao
pessoal então alguém dá um balde d’água
para você. Mas não espere de pé, nós temos
grande resistência a cheiros. Existe uma filosofia muito
sonserina aqui em Azkaban, Draco. É extremamente engraçado
o fato que apesar do Ministério manter uma fachada grifinória,
enquanto em suas raízes ele continua sonserino.

– Desde
quando cheirar mal é filosofia da Sonserina? – grunhiu Draco
mas Nott o ignorou.

– Os
inúteis que foram pegos merecem sofrer. Simples assim.

– Por
que têm aurores aqui, Nott? Os dementadores não são
suficientes?

– Parece
que foram finalmente vistos como realmente são:
incontroláveis. Depois de Voldemort ocorreram alguns acidentes

nada agradáveis: os dementadores tomaram gosto pela
liberdade e deram o beijo sem autorização. Portanto,
estamos aqui para vigiá–los.

– Agora
sim me sinto seguro – disse, sarcástico.

Finalmente
o “tour” tão interessante chegou a uma sala escura,
dominada por uma luz esverdeada que parecia emanar de uma prateleira
no centro do lugar. Não havia mais nada a não ser
aquele móvel sinistro.

Nott
chegou perto da prateleira e indicou com a cabeça que Draco o
seguisse.

Ao
se aproximar o loiro viu que a luz era gerada por dúzias de
penseiras. Arqueou as sobrancelhas, confuso.

– Essa
é a sala do suicídio.

– Como
é?

– Ou
melhor é a sala anti­–suicídio. Veja
bem... Para o desgosto da sociedade, nossos prisioneiros resolveram
começar a... Parar de comer? Se enforcar? Enfim, começaram
a terminar suas desgraças por conta própria... E qual é
a graça nisso? A diversão termina – Nott limpou a
garganta antes de continuar. – Quer dizer, o Ministério e os
bruxos comuns acharam que Azkaban estava sendo cruel demais com os
criminosos e resolveram criar algumas medidas para evitar novos
suicídios. Ou para tentar amenizar suas consciências
pesadas.

– E
as penseiras servem para quê, exatamente?

– Os
dementadores fazem você rever suas piores memórias. Seus
piores momentos eternamente. Depois da Segunda Guerra a fome deles
aumentou, sugam muito mais felicidade, o que intensifica mais ainda o
desespero dos prisioneiros e por conseqüência os leva ao
suicídio. Para tentar amenizar isso mas não
completamente
anular o efeito das criaturas, cada prisioneiro tem
direito a deixar para trás uma única memória.
Colocar sua pior lembrança dentro de uma penseira. Você
tem a sua também.

Draco
olhou fixamente para os objetos cheios de líquidos prateados.

– Qualquer
lembrança?

Nott
assentiu.

Era
um sistema idiota, um conceito de piedade ridículo que não
tinha serventia nenhuma, mas quem era ele para reclamar se os imbecis
achavam que encher Azkaban de penseiras ajudava a aliviar suas
consciências?

– Escolha
sabiamente, Malfoy.

Draco
era tudo menos sábio, por mais que odiasse admitir. Podia ser
considerado esperto, inteligente, ambicioso, cruel, egoísta ou
até, se dependesse de sua própria opinião,
bonito. Mas não sábio. Era um adjetivo para gente velha

e com problemas de queda de dentes (queda de tudo pensando
melhor).

E
no entanto, lá estava ele, fazendo sua primeira escolha
verdadeiramente sábia depois ter ido no pinico ao invés
de deixar por conta da frauda.


FANARTS DA FIC

Fiz
três fanarts para a fic, mas não consigo colocar o endereço aqui, então
quem quiser ver deixe um racado nas reviews e eu mando o end por email.

N/A: Eu resolvi me concentrar mais nessa fic por duas razões:
viciei na narrativa do Draco (hehehe). E segundo: “Draco’s
Detour”, capítulo 6 do Príncipe Mestiço. Só
de pensar no que vai acontecer nesse capítulo me deixa
arrepiada. E ansiosa para terminar essa fic antes que o livro 6
chegue em Julho. Por quê? Bem, é óbvio que alguma
coisa vai acontecer com o Draco no próximo livro e o quer
que seja provavelmente vai entrar em conflito com essa fic.
Não acho que essa fic seja cannon, mas eu odeio
contradizer os livros e fico com eles até onde posso. Minhas
duas outras fics em progresso (De Braços Bem Abertos e Rising
Moon Setting Sun) já estão fora do contexto dos livros
totalmente e portanto o quer que aconteça no 6 vai ter pouca
influência nelas (a não ser que Hermione, Rony, Harry ou
Gina morressem, mas aí... Bem aí já é
outra história). E por isso vou me concentrar mais nessa fic
do que nas outras, sorry para quem está ansioso para os
capítulos novos dessas. Não parei de escrevê–las,
mas me foquei mais nessa. Tenho 100 dias para terminá–la!

Ah,
sim (eita que N/A mais longa!), o que acharam do queridinho Nott?
Risos. Se ele estiver um mala, ótimo! Era para ser um mesmo,
risos. E perdoem se ele estiver podre, ele é praticamente um
Personagem Original e eu não tenho experiência com eles.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.