A Serpente e a Maçã

A Serpente e a Maçã



Capítulo 11

A SERPENTE E A MAÇÃ

- Como ela estaria tendo acesso ao Profeta? – murmurou Rony, observando um dos quadros vazios do quarto. – Roubando, claro... Mas como sem ninguém sabe? Ela é uma animaga, por acaso?


Gina balançou a cabeça negativamente.


- Segundo tudo que D... Malfoy me contou fica claro que ela não se esconderia em lugares trouxas ao menos que fosse por um tempo muito curto. E também deve ficar o mínimo possível em lugares mágicos, mas suponho que dá tempo de roubar o jornal de alguma lata de lixo ou coisa parecida.


- Provavelmente. A questão é: como podemos usar isso em nosso favor? – comentou Hermione, sentada no sofá, perto de Rony. – Como vamos saber que matéria ela tem acesso e quais delas a interessam, para conseguirmos prever seus passos?


- Não temos como. O que podemos fazer é ficarmos de olho no que o Profeta publica e a qualquer suspeita agimos. Pelo menos é um começo – explicou Harry, de pé no meio da sala, com seus braços cruzados.


- Por que não plantamos uma notícia? – sugeriu Gina, a idéia acabando de lhe ocorrer.


- Como assim? – perguntou Rony, interessado.


- Colocamos uma matéria falsa que com certeza chamaria a atenção de Bellatrix. Uma armadilha.


- A idéia é boa mas não vejo como conseguiríamos. Não temos nenhum contato no Profeta. Se fosse no Pasquim... – disse Hermione, desanimada. – Mas duvido que Bellatrix leia a revista dos Lovegood.


- Não tem outro jeito. Só nos resta esperar – terminou o argumento Harry.


Hermione levantou e saiu da sala, seguida por Rony. Quando Gina ia fazer o mesmo Harry a impediu.


- Você... Fez um bom trabalho, Gina.


Gina não resistiu e cruzou os braços, mostrando que ele teria fazer melhor do que aquilo, se quisesse se desculpar.


- E?


- E eu estava errado. Foi um bom plano – suspirou, como se tirasse um grande peso de suas costas. – Acho que às vezes sou grosso demais. Mas... É porque fico preocupado... Com você.


- Comigo? Eu sei me cuidar, Harry.


- Eu sei. Mesmo assim, não consigo evitar. Como Hermione chama isso mesmo? Síndrome de herói?


Gina abriu um sorriso, um pouco tocada com a confissão. Aproximou-se dele e colocou sua mão em seu rosto.


- A guerra terminou. Não precisa ser mais nosso herói.


Ele retribuiu o sorriso mas havia algo por de trás de seu olhar que mostrou que havia mais do que isso. Devagar Gina se afastou, indo embora. Mas lembrou de algo que a fez virar mais uma vez.


- Ah, Harry... Sobre Malfoy.


- O que tem?


- Acha que vamos precisar dele?


Ele arqueou uma de suas sobrancelhas.


- O que você acha? É o seu plano, afinal. Você que o aturou por todos esses dias. Acha que ele tem serventia ainda?


Queria dizer que tinha. Falar que ainda precisaria aturá-lo por muito tempo... Até pelo menos descobrir sobre a penseira. Mas essa era a parte irracional dela. A outra não via razão para continuar a visitá-lo em Azkaban.


- Suponho que não.


- Então está aí sua resposta. Aliviada? – sorriu, achando que sabia a resposta.


- Muito – abriu um sorriso um pouco forçado. – E quanto ao que devemos a ele em troca de informações?


- Quê?


- Você sabe... Ele pediu para ver a mãe.


- Ah, isso. Qual o problema?


- Como você vai conseguir que ele saia de Azkaban?


Harry riu, genuinamente acreditando que ela estava fazendo algum tipo de piada. Quando Gina não o acompanhou, a encarou, surpreso.


- Você... Você não esperava que eu atendesse um pedido daquele imbecil, não é?


- Mas... Você disse...


- Eu disse que você podia falar que ele ganharia algo. Mas não disse que nós daríamos algo de verdade


Toda a simpatia que ganhara momentos atrás acabara de se perder.


- Harry, eu prometi pra ele.


- E...? Gina, estamos falando de Draco Malfoy.


- Ele nos ajudou!


- Por falta de opção e por puro egoísmo. Ele não merece nenhuma pena ou ajuda. E mesmo que eu pretendesse atender ao pedido dele jamais alguém vai conseguir tirá-lo de Azkaban. Só a noção de um prisioneiro perigoso visitando a mãe doente é ridícula. Você devia saber disso.


- Eu sei disso! Mas achei que você talvez tivesse algum plano...


- Não. Nunca tive intenção nenhuma de ajudar aquele verme. E achei que você soubesse disso.


- Se eu soubesse que você me faria mentir arranjava outro jeito.


- De novo, Gina, estamos falando de Draco Malfoy – continuou, incrédulo. – Está com febre ou algo parecido?


- Você não tem jeito, Harry! – gritou, furiosa, saindo bruscamente da sala, deixando-o para trás e confuso.


Ele a seguiu para o corredor estreito, parando-a pelo braço.


- O que há com você?


- O que há comigo? Nada, exceto que eu sou a única que tenho algum resto de educação aqui! Quando eu prometo algo, cumpro!


- Não, tem mais alguma coisa! Alguma coisa diferente. O que Malfoy fez com você? Eu sabia que ir em Azkaban não era uma boa idéia!


- Ele não fez nada comigo! Você fez!


- Eu!?


- É, você! Sempre discutindo comigo, me diminuindo... Me tratando como uma criança. Você não costumava ser assim! Antes... Éramos iguais. Mesmo eu sendo a irmãzinha do Rony, você me tratava como uma amiga... Agora...


- Você não entende, não? As coisas mudaram... Eu...


- Eu entendo perfeitamente. Só lamento – disse fria, se soltando e mais uma vez indo embora.


- Se o problema é o maldito Malfoy, por que não vai pedir ajudar para Shackebolt de novo? Afinal, você é a especialista em convencê-lo de seus planos malucos! – ele gritou atrás dela, mas não a seguiu.



Draco sentia que algo havia mudado. Weasley estava quieta e por dez minutos apenas ficou encostada perto da porta, como se pronta para escapar a qualquer segundo. Não havia trazido nenhuma bolsa ou mala com papéis, muito menos sanduíches de mortadela.


As tentativas de começar alguma conversa haviam sido brutalmente cortadas por ela. Começava considerar que sua melhor alternativa era jogar insultos. Porém mudou de idéia, preferindo outra tática.


Levantou do chão gelado, pela primeira vez em muitas e longas horas, e com certa dificuldade se equilibrou de pé. Devagar se aproximou da ruiva.


- O que você pensa que está fazendo?


- Esticando as pernas – sorriu Draco. – Para ter certeza que elas ainda funcionam.


- Fique longe – alertou, mão no bolso.


- Relaxa, Weasel – continuou se aproximando. – Eu não mordo. Não mais.


- Não vou cometer o mesmo erro que no Egito. Fique longe.


Odiava admitir mas o modo como ela estava agindo o ofendeu um pouco. Claro, estava fedendo muito e a barba e cabelos desarrumados não eram a imagem mais acolhedora que existia... Ainda havia o fato da Marca Negra em seu braço... Mas, por mais que se sentia idiota, Draco, por um momento ou dois, acreditou que a idéia de ele estar perto dela não era tão repulsiva assim.


“Seu idiota. É claro que é repulsiva... Weasel não tem razão nenhuma para confiar em você ou te querer por perto. E você é mais idiota ainda por ter uma razão em querê-la por perto.”


De repente suas pernas tremeram, desacostumadas com tanto tempo de pé. Ele se apoiou na parede gelada e depois desistiu, voltando a se sentar. Com raiva de sua própria fragilidade, bateu o punho fechado no chão.


Nenhum dos dois se olhou.


Mas o silêncio era terrível demais então ainda com o rosto virando para o outro lado, ele tentou uma última vez conversar com ela.


- Aquilo sobre... O Profeta. Serviu para alguma coisa?


- Sim. Não é muito mas é um começo – respondeu, também não o encarando.


- Perdoe se eu não pulo de alegria com isso.


- Está perdoado.


Mais silêncio.


- Está com algum problema de voz, Weasel? Ou veio aqui para aproveitar os ares saudáveis?


- Nem um nem outro – suspirou. – Você não tem idéia, e provavelmente nem interesse, do que eu tenho que aturar...


- Me divirta. Conte – sorriu Draco, querendo qualquer desculpa para evitar o silêncio.


- Sério? – arregalou os olhos.


- Mais sério que Azkaban, impossível. Anda logo, Weasel. Ou minha fase generosa vai passar.


- Não... Você não entenderia. E se isso é uma tentativa de rir da minha cara, não está dando certo.


- Estou ofendido, Weasley – disse em um falso tom. – Não sei se você reparou mas não tenho mais nada o que fazer nessa cela. Prometo que guardo a risada para quando você ir embora.


- E isso deveria me convencer?


- Era intenção, sim.


Weasel cruzou os braços, observando-o atentamente por alguns minutos até finalmente se dar por satisfeita.


- É o Harry. Ele é um idiota.


- Só agora que você percebeu isso? Venho falando há anos.


- Se você guardar seus comentários inúteis para depois que eu terminar de falar, agradeço.


- Mas isso seria igual a conversar com uma parede. Qual a graça? – sorriu.


- Certo, certo... Que seja. Posso continuar? – ele assentiu ainda sorrindo. – Ele é o líder da Ordem. E quer me expulsar... Ao ponto de inventar razões das mais estúpidas! Ontem...


Ela parou de falar, encarando Malfoy intensamente, depois balançou a cabeça de um lado para o outro.


- Isso é tão... Errado. O que estou fazendo? É ridículo – suspirou. – Esqueça, não vou contar meus problemas para Draco Malfoy, por Merlin!


- Realmente é muito ridículo, Weasel. Mas a vida é uma piada cruel, se acostume.


Não falaram nada outra vez. Draco colocou a mão na testa, sentindo de repente um vento gelado passar por suas costas.


- Snape não é confiável, Draquinho... Não... Você ainda não sabe Oclumência?


Eu sou capaz... Vou conseguir fazer isso. Vou provar que posso me cuidar sozinho. Meu pai...


- Malfoy, você está murmurando sozinho de novo! – a voz de Weasley espantou a voz fria da memória.


- Mas é claro! Já que não tenho com quem conversar, tenho que arranjar outros modos de me distrair – rugiu, mentindo rapidamente.


- Você... O que você estava dizendo? Seu pai...


- Nada. Não estava dizendo nada, Weasel. Cuide da sua vida.


- Eu tenho uma missão para você, jovem Malfoy.


- Cale a boca!


- Calar o quê? Eu não falei nada!


Agora Draco respirava rapidamente, sua mente confusa. Demorou um pouco até ficar mais calmo.


- Você está bem? – continuou Weasley, em um tom mais suave.


- Ah sim... Ótimo! Não podia estar mais feliz e contente aqui na minha cela em Azkaban, rodeado de dementadores! O que você quer, Weasel? Qual a razão de você ter vindo aqui, além de esgotar minha paciência?


- Eu vim fazer uma pergunta. Uma última vez.


- Mais sobre minha tia?


- Não. É outra coisa... É sobre você.


Ele a olhou, desconfiado.


- Qual é a pergunta? E por que o interesse repentino sobre minha pessoa?


- Foi... Foi algo que eu vi. E queria saber a sua versão. Mas ainda não sei se vou perguntar. Ainda não decidi.


- Se quer uma resposta, é melhor perguntar logo. Daqui a pouco não conseguir formular uma frase coerente.


- Está bem... É algo que preciso fazer, não importa se a sua resposta vai ser a típica idiotice de sempre... Só queria fazer uma tentativa...


- Pare de enrolar.


- O que fez você mudar de idéia sobre ser um Comensal? Você traiu Voldemort?


Sentia uma sensação estranha, como se acabara de se lembrar de algo mas perdera logo em seguida. Apenas ficou o sentimento de que a pergunta não lhe agradava. Esqueceu-se de Weasley e encarou a parede à sua frente por alguns minutos.


- Malfoy?


- Não sei do que você está falando, Weasel.


- Eu sei que algo mudou em você, Malfoy. O que aconteceu?


- Não interessa! Você não sabe de nada! Nada! Sabe como é ver sua família se destruir? Não! Sabe como é viver com pressão? Como é querer desesperadamente se provar? Passar a vida inteira agindo como se era o melhor, para descobrir que não passava de mentiras e ameaças vazias? Não, não sabe. Como poderia?


- Eu sei mais do que você pode imaginar.


Draco soltou uma risada rouca e amarga.


- Claro que sabe. Sua vida foi tão difícil! Resumiu-se a se apaixonar pelo Potty, lamber os pés do Potty, namorar e jogar Quadribol!


- Você sabe muito bem que não! E eu poderia dizer o mesmo sobre você! Tirando, espero sinceramente, a parte sobre Harry – fez uma pausa. – A guerra atingiu nós dois. De uma forma ou de outra. E eu vi minha família sofrer. Passei boa parte da minha vida tentando provar que era mais do que a caçula Weasley. Tentei parecer forte e confiante e descobri que era uma fraude. Você não é o único que enfrentou problemas.


- A diferença, então, é que você ganhou e eu perdi – falou sarcasticamente. – Está dizendo que você estaria aqui, no meu lugar, se Voldemort tivesse ganhado?


- Não. Provavelmente estaria debaixo da terra.


- Ah, se dependesse de mim, com certeza.


- O que aconteceu?


- Aconteceu que eu cresci. Mas continuei o mesmo.


- Uma resposta clara, por favor.


- O que importa para você? Qual a diferença?


- Precisava saber... Para que você me provasse que estava certa todo esse tempo. Além disso...



- Eu sei o que estou fazendo, mãe... Não sou mais uma criança...


- Ainda é meu filho.


- ... sou curiosa demais.


Vazia... Seus olhos frios de vez encaravam a cadeira vazia de seu pai. Precisava fazer algo...


- Malfoy? O que você está olhando?


- Eu tenho uma missão para você, jovem Malfoy.


Sentiu arrepios. Nem Weasley mais era capaz de parar com as vozes e as memórias...


- Weasel... Acho... Acho que... Eu preciso ver minha mãe – contou, sua voz fraca. – Antes... Antes que eu não sabia mais se ela é real ou não.


A ruiva não respondeu, ao invés olhou para o chão como se ele fosse extremamente interessante.


- É sério, Weasel. Eu... Preciso disso. Pelo menos isso.


Odiava-se por falar aquilo. Nunca se mostrara tão fraco na frente de um inimigo. Porém, estava desesperado. Engoliu o orgulho e continuou:


- Sem mais jogos. Estou cansado, tão cansado deles – confessou, olhando as mãos esqueléticas, fixando seus olhos nelas. – Só quero ver minha mãe.


- Draco...


Ao som de seu primeiro nome, levantou o rosto subitamente, esperando encontrar alguém familiar, com braços abertos e dizendo que tudo iria ficar bem... Mas ao invés encontrou Weasley.


- Sinto muito. Sobre sua mãe... Não há como.


A principio achou que tinha ouvido errado, então não disse nada. No entanto, lentamente percebeu que Weasel falava sério.


Sentiu pânico, total e caótico pânico.


- O quê? – arregalou os olhos. – Não!


- Sinto muito...


- Sente... Sente muito? Sua... Você mentiu, desgraçada! – rugiu, raiva crescendo rapidamente. Se levantou com um impulso. – E eu acreditei!


- Não é minha culpa! – se defendeu a idiota. – Eu tentei! Realmente tentei!


- Mentirosa! – gritou, quase pulando em cima dela. – É assim, não é? Todos vocês, hipócritas! Cheios de si, com toda essa história de serem os heróis, os bonzinhos! Mas é tudo mentira, tudo um monte de bosta de dragão!


- Fique longe! – avisou, inutilmente.


Mas Draco estava a uma varinha de distância dela agora. Pensamentos violentos explodindo em sua mente. Queria se vingar dela por tê-lo usado! Por ter mentido!


- O idiota aqui cooperou! Disse tudo! Contei tudo! Traí minha família! Você me fez acreditar que...! Sua desgraçada! – repetiu, apenas a varinha apontada dela o impedindo de tentar lhe enforcar. – Me fez acreditar que...


Parou, perdendo as forças. Afastou-se e apoiou com umas das mãos na parede.


- Nem a Ordem, nem o Ministério querem tirar você daqui. Eu tentei. Falei com Shacklebolt, tentei convencê-lo, mas foi inútil. Sinto muito!


Weasel continuou a tentar se explicar mas Draco não estava mais ouvindo. Fechou os olhos e simplesmente desistiu. Como devia ter feito há muito tempo, se não fosse seu orgulho.


- Sai, Weasel. Só... Saia.


Sentou no chão e colocou as mãos no rosto, fechando os olhos. Só percebeu que Weasley tinha ido embora quando ouviu o som da porta sendo trancada.



- Tudo bem? – Perkins perguntou assim que Gina saiu da cela. – Ouvi gritos.


Gina não estava se sentindo bem e não tinha nenhuma intenção de conjurar outra história fantástica para saciar a fome de Perkins.


- Está... Tudo bem.


Foi a única coisa que disse antes de se afastar com pressa.


Não estava tudo bem. Sentia-se enjoada e péssima. E muito confusa. Havia sido pior do que imaginara. Jamais pensara que destruir as esperanças de Malfoy seria algo tão doloroso.


Suspirou. Sua última visita à Azkaban chegara ao fim. Teria que se convencer que não era sua culpa que as coisas haviam ficado daquele jeito. E, principalmente, não deveria sentir-se triste por deixar Malfoy sozinho até o fim de seus dias. Estava cumprindo a pena que merecia por seus crimes, nada mais.


Voltou para casa determinada a esquecer tudo. Falhou miseravelmente e uma semana depois as coisas apenas pioraram.



Pansy olhou com repúdio e medo a prisão ao longe. Se não fosse pela oportunidade de rever Draco jamais colocaria os pés naquele lugar miserável.


Foi recebida por seu marido e mais dois guardas, o que não ajudou em nada sua preocupação. Ainda sentia que algo sairia de algum canto escuro e a levaria embora.


- Ah, Pansy... Finalmente chegou. Por que demorou tanto? – a irritou Nott, sempre com seu ar superior.


- Não tinha pressa para vir para cá.


- Devia – advertiu perigosamente.


Pansy não estava impressionada. Nunca aprovou o emprego do marido, achava que era mais um castigo do que uma posição de prestigio. E, pelo visto, estava completamente coberta de razão. Aquele lugar era praticamente uma caverna, ainda por cima imunda. Os guardas a levaram pelos corredores frios da prisão, silenciosamente. Mesmo sob a proteção de feitiços ela podia sentir os dementadores tentando sugar sua felicidade.


Apesar de tudo aquilo, estava ansiosa. Teve muita sorte. Por alguma razão Nott achava que ela teria mais chances de convencer Draco do que ele próprio e por isso permitiu aquela visita. Pansy não se importava com o que tinha que fazer, desde que pudesse ver Draco. Ela precisava dele. Estava curiosa para saber como estava.


Mas mais importante: ter a confirmação que teriam de volta o futuro que lhes fora roubado. Pansy Malfoy soava infinitamente melhor que Pansy Nott.


A porta da cela se abriu. Primeiro achou que o lugar estava vazio, então percebeu que o que tinha achado ser uma pilha de trapos começou a se mexer.


Virou para a porta, com a intenção de sair o mais de pressa dali. Com certeza os guardas erraram de cela! E ela não queria ficar às sós com um prisioneiro qualquer e provavelmente louco.


Foi a voz rouca que lhe apavorou mais ainda:


- Weasel... Não quero você aqui. Vá embora.


Era indiscutível. Aquela voz pertencia a Draco Malfoy. Seu querido Draco era aquele pedaço de trapo com cabelos embaraçados.


- Draco? – não houve resposta. – É a sua Pansy, Draquinho.


- Não.


- É sim. Sou eu. Você lembra de mim, não é?


Vencendo seu medo visualizando uma bela mansão e lindos bebês loiros, Pansy se aproximou de Draco, que estava encostado na parede a olhando sem realmente a ver. Com cuidado se abaixou e passou a mão em seus cabelos loiros. Foi complicado, pois haviam muitos nós, mas graças a suas unhas cumpridas ela os venceu. Precisaria de um banho muito longo depois daquilo.


- Lembra de como você gostava quando eu fazia isso?


- Pansy? – finalmente fixou seu olhar no dela. – O que você está fazendo aqui?


- Eu vim te ver, Draquinho.


- Por quê, Sra. Nott? – perguntou dando uma ênfase cruel no sobrenome.


- Porque eu vou salvar sua vida.


Ele riu, voltando a encarar a parede oposta.


- Você precisa me ouvir se quiser sair daqui. Eu tenho uma proposta para você. Sei que vai gostar e aceitar na hora – mesmo sem uma reação dele não desistiu. – O Ministro está muito interessado em você, Draco, sabe? Porque você não é como os outros. Você viu a sede da Ordem. Você ficou lá, não foi?


- Potter tem fetiche por leões e fênix. A casa inteira está infestada. Deve ter até pijamas com leãozinhos vermelhos.


- O Ministro não gosta da Ordem, ele quer destruir Potter e os amigos dele. São uma ameaça. E ele precisa da sua ajuda, Draco.


- Manda ele tomar banho. Não vou falar nada. Nada.


- Mas Draquinho! Você não entende? O Ministro está disposto a tirar você daqui. Soltar você de Azkaban.


- Como? Não querem nem que eu veja minha mãe! – rugiu para o nada.


- Com certeza o Ministro vai garantir que sua mãe vá para uma sala particular em St.Mungos e receba os melhores tratamentos. Quando você estiver livre vai poder visitá-la quando quiser. A única coisa que você precisa fazer é contar como Potter te tratou mal! Simples, não?


- O quê? Como assim?


- Eles vão marcar seu julgamento, Draquinho, em alguns dias. Se você aceitar ajudar o Ministro, você será inocentado. Alegando estar sobre a Maldição Imperius ou qualquer coisa do tipo. Ele vai liberar todas as suas coisas, seu dinheiro e a mansão! Tudo o que você tem que fazer é testemunhar contra Potter, acabar com ele. E dar algumas entrevistas para o Profeta. Não é maravilhoso?


- Maravilhoso demais. É mentira.


- Não é! Você tem que acreditar em mim!


- Eu não acredito em ninguém. Não até ter provas.


- Nott falou que você diria isso – suspirou. – Tinha esperanças que só minha palavra fosse suficiente para você mas...


Retirou da bolsa de couro de dragão um anel e um envelope.


- Aqui estão suas provas.


Draco pegou cautelosamente os dois objetos.


- Esse anel...


- Isso mesmo. O símbolo é da Casa dos Black. Parte da sua herança. Abra o envelope.


Ele o fez, lendo devagar a carta dentro. Era um pedaço de papel escrito pelo próprio Ministro Higgs, explicando seus planos e com sua assinatura embaixo.


- E então, suficiente para você?


Em resposta Draco abriu um sorriso lindo.



N/A: Fãs do Draco... Se preparem para o enfarto! HBP acabou com minha fic! > ; Ah bem... Agora estou correndo para terminar a fic!

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