O desvio de Draco

O desvio de Draco



Capítulo 15

O DESVIO DE DRACO

Draco olhou uma última vez rapidamente Weasley, caída no chão, inconsciente, antes de deixar o copo d’água ao seu lado, sem intenção de forçá-la beber, não gostando da idéia de chegar muito perto ou acordá-la. Seus gritos e xingamentos ainda ecoavam em sua mente...


Tinha que dar o braço a torcer... Weasel se mostrou mais forte do que esperado. Resistiu um dia inteiro antes de mandar a mensagem para Potter e seus dois lacaios. Além de insultar Bellatrix de formas imensamente criativas.


Draco subiu as escadas do porão, onde muito tempo atrás praticara a Maldição Cruciatus, e encontrou sua tia o esperando, expressão desconfiada no rosto. Bellatrix não gostara nenhum pouco da “ligação” entre seu sobrinho e Weasley. Retirou da prisioneira a informação que realmente havia vindo para a mansão com a intenção de avisar Draco do perigo, o que não lhe agradou. Em resposta, Draco disse que não era culpado pelos delírios dos outros e garantiu que não havia nada entre os dois a não ser ódio... Sua tia, louca que era, não pareceu convencida.


Apesar desse fato acreditava ter finalmente a convencido de sua utilidade, pelo menos por enquanto. Enquanto Bellatrix torturava Weasley ficou encarregado de procurar o objeto que sua tia tanto desejava. Um medalhão, ao que parecia.


Draco ainda estava um pouco surpreso da escolha de Weasel. Depois do soco que levou em St. Mungos e do fiasco em Azkaban era confuso, no mínimo, que tivesse vindo com o objetivo de avisá-lo. Mas com certeza a ruiva não seria capaz de mentir durante a tortura de sua tia?


- Ela ainda está viva? – perguntou Bellatrix, indicando com a cabeça o porão da onde acabara de sair. – E o que você foi fazer lá?


- Está viva, sim – respondeu, irritado. – Queria vê-la sofrer... E jogar na cara dela. Foi Weasel quem me prendeu e colocou em Azkaban.


Por hora sua tia pareceu convencida. Passou por ele em direção ao hall de entrada, Draco foi junto. Os dois andando por um dos corredores da casa, paredes cheias de quadros cobertos.


- Tem certeza que foi... A melhor coisa a fazer, chamar Potter e seus amiguinhos aqui? – perguntou, tentando alcançá-la, a mulher era rápida. – Três contra um não me parece...


- Três contra dois, sobrinho – resmungou, continuando seu caminho. – Se você quer provar sua lealdade vai ter que arriscar seu pescoço.


- E como devo fazer isso sem minha varinha?! – retrucou, indignado, sarcasmo escapando. – Espera que os ataque com travesseiros e panelas?


- Tudo em seu tempo... Agora vá procurar meu medalhão! – gritou. – E pare de me seguir!


- O que é tão importante nele, afinal? – insistiu, ignorando suas ordens. – Procurei na casa inteira e não...


- Narcissa guardou! Prometeu que ficaria seguro aqui. Está aqui! – repetiu pela décima vez.


Draco revirou os olhos, cansado da mesma resposta o dia inteiro. Felizmente a pouca confiança que ganhara garantia que podia falar certas verdades.


- Estou falando, tia, não está aqui. O Ministério provavelmente pegou. Durante todos esses anos eles têm roubado tudo daqui... Qualquer objeto relacionado à Artes das Trevas foi confiscado. Minha mãe conseguiu guardar algumas coisas, é verdade... Mas já procurei onde ela escondia os...


- ESTÁ AQUI! – gritou, virando-se pela primeira vez, varinha apontada para Draco.


Alguns quadros reclamaram do barulho, acordando, mas, incapazes de ver quem discutia, voltaram à dormir. Draco não estava afetado pelo grito, já se acostumando com os excessos de raiva de Bellatrix.


- Se está aqui, então está invisível – respondeu.


- Você não está tentando – ameaçou. – Não está procurando de verdade...


- E por que eu faria isso? – perguntou, casando. – Já falei que estou do seu lado! Quero vingança tanto quanto você!


- Vá procurar! – sibilou perigosamente.


Sentindo que o limite de paciência dela fora atingido, parou de segui-la e deu a volta, andando na direção que viera. Xingou alto quando teve certeza que ela não era capaz de ouvi-lo, o que lhe rendeu alguns comentários de um dos quadros mais próximos.


- Meu jovem, isso não é jeito de falar com sua tia! Ninguém compara uma mulher Black a uma abóbora estragada e sobrevive para contar a história...


Irritado, Draco retirou o pano branco que cobria o quadro, revelando um homem sério de cabelos longos loiros prateados. Reconheceu como seu bisavô, por parte de pai.


- Fique quieto, seu pedaço de tela inútil.


- E não fale assim com seu bisavô – repreendeu o quadro. – A mansão inteira está irritada com você, meu rapaz. Não estamos longe de considerá-lo um traidor do sangue... A notícia ainda não chegou ao quadro do seu pai mas quando chegar...


- Que notícia?!


- Você aqui. Você é a notícia. Três anos dá muito espaço para especulação... E o fato que uma Weasley está aqui dentro não é animador. Sugiro uma atitude imediata.


- É... Está na hora mesmo de eu arrancar vocês da parede! – rugiu, cobrindo o quadro de volta.


Os gritos de revolta da pintura foram abafados mas até o fim do corredor Draco teve que aturar comentários parecidos.


Enquanto passava por salas a caminho sótão começou a considerar sua situação com seriedade, pela primeira vez pensando no futuro e não só em sua sobrevivência imediata. Não que isso perdera a importância...


A questão era que não possuía mais nada para dar Higgs. E isso significava que estava destinado a voltar para Azkaban quando Bellatrix fosse capturada. Quando, pois era apenas uma questão de tempo. Sua tia não tinha chances contra Potter, Weasley e Granger. Ainda que, se vencesse, por algum tipo de golpe de sorte, o que isso exatamente significaria a Draco além de voltar a ser um criminoso?


O que lhe deixava em uma encruzilhada... Duas escolhas. Mais uma vez.


Precisava escolher entre ajudar Bellatrix ou o trio maravilha. E não era questão apenas de odiar Potter ou não querer mais nada com Voldemort... Havia outros fatores muito mais perigosos, qualquer que fosse sua escolha.


Se ficasse no lado de Bellatrix perderia mas não seria morto por ela. Voltaria para Azkaban... Dessa vez sem chances de usar o Ministro. A opção não era muito estimulante... Infelizmente ajudar Potter, além de revoltante, não era também muito animadora. As chances de Bellatrix o matar em fúria eram gigantescas e as de Potter acreditar em sua inocência muito pequenas. Sem contar que a Ordem da Fênix era um grupo tão ilegal quanto os Comensais, se Draco escolhesse se “aliar” a eles, mesmo por um instante, quem não garantiria que Higgs não o prendesse também? Draco não era sua pessoa favorita no momento.


Pensava tudo isso enquanto procurava sem atenção pelo medalhão misterioso de Bellatrix no sótão espaçoso da mansão. Não encontrou nada além de poeira e móveis quebrados.


Queria que todos o deixassem em paz uma vez! Por que era obrigado a escolher lados toda hora? Estava apenas interessado em seu lado. Em sua vida.


Era por isso que Draco não tomaria nenhum dos dois caminhos, gostava muito mais de desvios. Tomaria um atalho.


Pretendia fugir dali assim que Potter e Bellatrix começassem a lutar, com sorte estariam ocupados demais para prestar atenção no que fizesse.


Era sua melhor chance. O testemunho de Weasley não valeria nada contra ao dele, afinal o Ministério estava agindo contra a Ordem e, assim, poderia voltar aos seus planos de retomar sua antiga vida. Pelo menos, pensou, essa opção não envolvia Azkaban ou sua morte e na pior hipótese significava que voltaria a vida de fugitivo, o que era melhor que uma eternidade em uma cela.


Fugir era sua escolha. E seria sempre.


“Você não sabe de nada, Malfoy. É só um covarde”


A voz de Weasley não saía de sua mente, irritando-o e provocando. Covarde... Covarde...


“Ninguém sai do meu círculo. Ninguém. Você é covarde demais para continuar me servindo?”


Sua escolha era escapar daquilo. Não importava o que podia parecer... Não ia...


“Você não tem coragem. Covarde, fracassado!”


Fechou os olhos, respirando fundo e tentando desesperadamente se convencer que estavam errados.


“Você não precisa fazer isso, Draco.”


“Eu tenho uma missão para você, jovem Malfoy.”


“É só um covarde”


Chutou uma caixa próxima com força, raiva transbordando. O objeto bateu contra uma pilha de malas que caíram violentamente para o lado, deixando o baú embaixo de todas finalmente à vista. Foi o nome “Narcissa Black” entalhado na madeira que o fez parar e observá-lo melhor. Era algo que sua mãe tinha antes de mesmo de se casar.


Ainda duvidando que o medalhão de sua tia estivesse lá dentro mas curioso para descobrir mais sobre seu conteúdo, Draco abriu o baú. Havia um álbum de fotos antigo, um diário rasgado e alguns livros escolares usados. Embaixo de tudo isso, porém, encontrou uma caixa de veludo preto obviamente feita para guardar um jóia.


Era o mais próximo que chegara a encontrar o medalhão. Seria muita sorte se o Ministério mesmo depois de todas as vezes humilhantes que fizeram buscas na casa não tivessem achado o objeto das trevas que Bellatrix procurava.


A menos que...


Suas suspeitas se confirmaram ao abrir a caixa preta. Dentro estava um medalhão dourado com as iniciais “R.A.B” com nenhum sinal de magia nele. Não poderia saber com certeza sem sua varinha mas tinha sentia que se tratava apenas de uma jóia comum.


A razão do interesse de Bellatrix por aquele objeto sem valor mágico continuava um mistério. O que poderia querer com ele? Antes Draco achara que se tratava de algo que ajudasse Bellatrix contra Potter ou em outra missão louca para trazer Voldemort de volta mas vendo o quanto não passava de um medalhão comum, certamente agora não podia ser isso.


Colocou o objeto no bolso e saiu do sótão, com a intenção de não mostrar a Bellatrix seu achado e esperar pelo momento oportuno para usá-lo de alguma forma mais conveniente para si.



- É uma armadilha...


- Que se dane, é a minha irmã que está lá!


- Eu sei, Rony... Não foi isso o que eu quis dizer... Só que precisamos ter cuidado, pensar em um ótimo plano e não sair correndo como você quer!


- Bellatrix falou que vai matá-la! Não temos tempo para ficar conversando!


- Mas se invadirmos a mansão Malfoy sem nenhum plano vamos acabar morrendo junto!


- Eu não quero saber!


Harry ouvia a discussão da janela, olhando para a rua deserta através das cortinas abertas, assim como havia feito no dia anterior, mas Gina não estava mais lá. Rony e Hermione continuavam a discutir, cada vez mais intensamente.


- Bellatrix não tem motivo nenhum para manter Gina viva – anunciou seco Harry, fazendo ambos pararem de falar. – Ela já conseguiu o que queria dela. Gina não vale mais nada para Bellatrix. O quanto nós demoramos para chegar lá não faz diferença.


- Harry... – começou Hermione mas foi interrompida por uma exclamação de Rony.


- O quê?!


Rony avançou na direção de Harry, empurrando-o contra a parede.


- Como você pode falar assim?! É a Gina! Quando você vai parar de agir que nem um imbecil?! Ninguém agüenta mais! Foi por sua culpa que ela foi embora! É sua culpa!


O rosto de Harry continuou sem expressão, o que irritou ainda mais Rony, que o pegou pelo colarinho.


- Minha irmã não está morta! E nós vamos salvá-la agora!


- Rony! – gritou Hermione, assustada com a cena. – Rony, largue-o!


Harry não respondeu. Hesitantemente Rony obedeceu Hermione, soltando-o devagar.


- Precisamos de um plano – Hermione disse seriamente. – Não é hora de discutir.


Harry voltou a olhar silenciosamente pela janela, dezenas de pensamentos diferentes correndo por sua mente; culpa, arrependimento, resignação, raiva...


- Nossa prioridade deve ser Gina. Enquanto um de nós a procura, os outros dois distraem Bellatrix. Provavelmente está no porão da mansão... Ou então no segundo andar. Resgatamos Gina e saímos de lá.


- E quanto a Malfoy, Hermione?


- Nós não sabemos se ele está lá ou não – retrucou da mesma forma que usava desde que Rony sugeriu pela primeira vez o envolvimento de Malfoy. – Eu não acho que ele voltaria a se arriscar depois da acabar de sair de Azkaban, nem ele pode ser tão burro assim.


- Ele é. Quer apostar quanto?


- Não podemos ter certeza... Mas se ele está ajudando Bellatrix as coisas ficarão mais complicadas. Harry?


Não se virou, encarando a rua escura intensamente.


- Harry, o que acha? – tentou mais uma vez.


- Bellatrix não pode escapar. A Ordem acabou mas antes ela vai ser presa – disse simplesmente.



- Achou? Onde está? Onde está?


- Eu não achei! Não está na mansão, estou te falando! – mentiu friamente, acostumando a fazê-lo.


Bellatrix o encarou intensamente. Os dois estavam na cozinha, onde sua tia havia colocado um caldeirão médio em cima da mesa. Havia dentro uma poção que, Draco reconheceu pela cor e cheiro, era uma poção explosiva. Assim que percebeu o que pretendia, arregalou os olhos.


- Você não vai explodir minha casa! – rugiu, tentando espalhar a fumaça que dominava a cozinha com as mãos.


Bellatrix não respondeu, um sorriso nos lábios enquanto mexia com cuidado a mistura. Draco bateu os dedos na mesa, impaciente. Sua tia lhe dissera que contaria seu plano finalmente para ele mas até agora não revelara nada.


- Então?


- Ainda não está pronta.


- Não estou falando da poção!


- Sua chance de se provar leal acontecerá em breve – sorriu misteriosamente.


Isso não o deixou nem um pouco contente. Apostava que Potter chegaria em questão de horas e se quisesse fugir era necessário saber os planos da tia.


- O que você vai fazer com essa poção?


- Uma armadilha – riu, orgulhosa de seu plano. – Uma belíssima armadilha.


Engoliu um comentário sarcástico com grande dificuldade mas seus olhos reviraram de qualquer jeito. Era óbvio que se tratava de uma armadilha!


- Onde exatamente você pretende colocar esse caldeirão? – tentou outra vez.


Mais uma vez Bellatrix não lhe deu atenção, parando de mexer a poção e levantando da mesa.


- Venha – mandou pegando o caldeirão com cuidado. – Está na hora.


Nada animado, Draco a seguiu, sem tirar um minuto os olhos do caldeirão borbulhante. Caminharam pela mansão e enfim desceram até o porão, onde Weasley continuava presa. A ruiva não tinha acordado desde que Draco havia estado ali.


Bellatrix colocou o caldeirão no chão embaixo da escada que dava para o andar térreo, fora da vista de qualquer um que entrasse desavisado. Nesse momento Draco entendeu seu plano.


Pretendia explodir o porão assim que Potter entrasse ali para salvar Weasley.


- E se eles se separarem? – perguntou Draco, tentando não pensar demais em sua casa explodindo. Era difícil.


- Não vão. Ninguém para enfrentar, até ser tarde demais – sorriu, andando em direção ao corpo caído de Weasley. – Venha cá, Draco.


Relutantemente Draco se aproximou de Weasel, colocando-se ao lado de sua tia. Não estava gostando nada da expressão contente dela ao olhar sua prisioneira.


- Acho que a bela adormecida já descansou demais, não? – riu, apontando sua varinha.


- O que você vai... – exclamou Draco, preocupado.


- Ennervate!


Os olhos de Weasley se abriram fracamente, tossindo e cuspindo um pouco de sangue. O rosto de Draco se contorceu levemente de desgosto. Era uma situação familiar demais.


- Olá, olá, mocinha.


Weasley levantou o rosto, encarando ambos com uma expressão de desafio no rosto. Draco não sabia se a considerava corajosa ou burra.


- Anda. Faça o que você veio fazer – desafiou. – Eles vão te pegar de qualquer jeito. Você vai passar o resto de seus dias miseráveis em Azkaban, como merece.


Bellatrix riu mas Draco teve a sensação ruim que as palavras dela era dirigidas a ele, e não à sua tia.


“É só um covarde” ecoou a voz de Weasley em sua mente.


- Eu não contaria com isso. Você vê... Pensei em tudo. Seus amiguinhos não vão escapar. Eles nunca vão sair dessa mansão com vida, nem que eu morra junto! – gritou, loucura em sua voz.


Draco, que já estava irritado, ficou menos contente ainda. Não gostou nada do que acabara de falar, alguma coisa lhe dizendo que a poção explosiva não era a única arma de sua tia.


- Draco, está na hora – virou-se para ele, tirando sua varinha do bolso e lhe dando. – Aqui, tome.


Mal acreditando que finalmente segurava sua velha varinha novamente Draco não compreendeu o significado real das palavras de Bellatrix. Quando alguns momentos passaram, sua tia se irritou com a falta de ação dele.


- Vamos!


- O que...


- Vamos, mate-a!


Pânico explodiu dentro dele. Sua tia não podia estar pedindo que matasse Weasel... Podia?


- Mas você precisa dela! – gritou, nervoso.


- Não. A serventia de Weasley acabou. Potter está vindo para cá e só isso importa. Não vamos dar chance para ele salvá-la, não é? Quando acharem seu corpo sem vida serão cegados pela raiva... Vão errar feitiços... Ficar descuidados – sorriu maliciosamente.


Draco não se mexeu.


- Mate-a! – gritou sua tia, impaciente, sua varinha levantada na direção de Draco. – Mate agora! Ou mesmo te mato!


Era isso então. O momento de provar sua lealdade ou morrer.


Com as mãos tremendo levemente apontou sua varinha na direção da prisioneira debilitada. Weasley ainda tinha a mesma expressão de desafio e ódio no rosto cheio de sardas. Seus olhos encontraram com os dele por alguns instantes.


Draco se viu refletido em seus olhos castanhos e foi então que tudo ficou claro: aquele era seu momento. Sua decisão.



Gina não tirou seus olhos do rosto de Malfoy. Sua expressão era impossível de ler. Ainda estava fraca mas não tinha medo, algo lhe dizia que não havia nada a temer. Se aquele era o momento de sua morte que fosse.


Pelas mãos de Draco Malfoy? Era o seu único arrependimento. Jamais se perdoaria por ter baixado sua guarda, por ter se preocupado em avisá-lo sobre Bellatrix. Pagaria por sua ingenuidade. Por ter esperanças por alguém que não merecia...


De repente Malfoy abriu um sorriso, Gina sabia que chegara o momento. Não fechou os olhos nem suplicou por sua vida. Não daria o gostinho a eles.


Mas o feitiço fatal não foi lançado.


Malfoy abaixou sua varinha, ainda sorrindo.


- Mate! Mate! – gritou repetidamente Bellatrix, sua própria varinha apontada para o peito de Malfoy.


Gina olhava a cena, incrédula. Quando Malfoy mesmo assim não se mexeu Bellatrix soltou um grito de raiva, atingindo-o com um jato vermelho e o fazendo bater contra a parede com força. Imediatamente tomou seu lugar e apontou sua varinha para Gina.


- Eu mesma mato, então!


O que ela não viu foi que Malfoy havia bloqueado, com certa dificuldade, o feitiço e ainda estava consciente, levantando-se bruscamente.


- Estupefaça!


Bellatrix caiu no chão, desacordada, sua varinha escapando de sua mão. Gina soltou um suspiro de alívio. Malfoy realmente a tinha ajudado! Estava confusa mas aliviada.


- Malfoy... Eu... Pode me tirar daqui?


Mas Draco não estava mostrando sinais de que a libertaria, acabara de se aproximar de Bellatrix, verificando se esta estava mesmo inconsciente mas tomando cuidado para não olhar Gina.


- Malfoy?!


- Quando ela acordar já vou estar bem longe daqui – murmurou para si.


- Você vai fugir?! – gritou Gina, indignada. – E vai me deixar presa?!


Finalmente, Malfoy olhou para ela.


- E o que você sugere que eu faça, Weasel?


- Me ajude!


- Por que eu faria isso? – perguntou, incrédulo. – Você me prendeu em Azkaban... Mentiu para mim... E é uma Weasley. Acha mesmo que eu ia te ajudar?!


- Você acabou de estuporar sua tia para não a deixar me matar... Então, sim. Eu achei realmente que você finalmente tinha parado de ser um covarde!


- Para quem está presa e sofreu um dia de tortura você ainda tem muito veneno, Weasel – respondeu, um traço de perigo em seu rosto.


- Tenho uma reserva especialmente feita para você.


- Imaginei – disse sem nenhum traço de humor.


- Por que me salvou? Por que se arriscou se...


- Não foi por você, Weasel. Me poupe! A chance era muito boa... Minha tia estava distraída.


Gina estava rapidamente ficando com raiva, cansada de se decepcionar com a atitude egoísta e frustrante de Draco Malfoy.


- Para quem estava tão furiosa comigo você realmente muda de opinião rápido, Weasel – sorriu Malfoy, aproximando-se do rosto dela. – Eu acho que já está mais que na hora de você decidir o que pensa sobre mim, de uma vez por todas.


- E você de ter coragem para escolher um caminho. Ao invés de fugir como um covarde sempre que tem chance.


- Não espero que você entenda. É complicado demais para sua cabeça vazia – disse, afastando-se e subindo as escadas do porão. – Nos vemos depois, Weasel... Ou não.


Furiosa, Gina soltou um grito abafado de frustração. Nenhum dos dois percebeu quando Bellatrix abriu os olhos devagar.


- Na próxima vez que nos virmos, Malfoy, vai ser pessoal – gritou Gina – Covarde!


Com isso ele parou de subir as escadas e se virou.


- Eu acho muito engraçado, Weasley, o fato que você é a maior hipócrita que existe na face da Terra. O que é pessoal?! O que você diabos quer dizer com isso?! Você está viva, por minha causa e ainda age como seu eu tivesse te traído. Mas quem mentiu para mim em Azkaban? Diz que eu devo te ajudar, quando você nunca me ajudou. Ao invés me jogou numa cela fedida! Fingiu se import... Fingiu...


- Eu não menti! Fiz tudo que pude para tentar ajudar você! Mesmo quando todos me falaram que estava louca... Eu realmente achava que você podia... Podia ser mais do que um filho de Comensal egoísta e mimado. E o que você fez? Destruiu minha vida. Destruiu a Ordem!


- Destruí a sua vida! Ha! Não me faça rir, Weasel!


- A Ordem era a minha vida! Era tudo que...


- E a minha vida?!


- Você a destruiu sozinho! Mas teve a chance... E tem a chance de...


- De o quê, exatamente?!


- De vir para o lado certo.


- O único lado certo é o meu lado. Não sirvo mais à ninguém. Só eu, sozinho – respondeu, o tom decidido enquanto se virava outra vez e abria a porta do porão.


Malfoy estava de costas para ela... Mas fatalmente para Bellatrix também, que agora se levantava, furiosa.


- Draco, cuidado! – gritou mas foi inútil.


Não teve nem chance de ouvir direito o aviso, atingido por um feitiço de Bellatrix, caindo pela escada e só parando ao bater no chão, como um boneco de pano. Por um momento assustador Gina achou que o havia matado mas seu peito descia e subia lentamente, sinal que ainda respirava.


- Uma decepção... Traidor! – murmurou Bellatrix, enquanto levitava o corpo inconsciente de Malfoy até a parede, prendendo-o da mesma maneira que fizera com Gina. – Quando eu terminar com você, Weasley, ele vai ser o próximo. Vai sofrer pelo o que fez.


Quando Draco estava seguramente preso Bellatrix se virou para ela, varinha apontada.


- Você já durou demais, mocinha... Demais. Avada...


Um som de uma explosão no andar superior da mansão quase fez a casa inteira tremer, ecoando por seus corredores. O coração de Gina deu um salto, esperança surgindo rapidamente. Harry, Rony e Hermione tinham chegado!


Mas, para sua infinita infelicidade, Bellatrix apenas sorriu.


- Ah, temos visitas.


N/A: No comments... SPOILER PRO LIVRO 6 (Bem, mais ou menos...) Esse capítulo foi minha “homenagem” ao livro seis, acho que quem leu pode perceber isso. Estranhamente, foram cenas já planejadas faz tempo mas que acabaram se encaixando com um ou dois “aprimoramentos”. FIM DO SPOILER... Que mais? Só uma coisinha: Draco muitas vezes fala uma coisa para a Gina mas pensa outra... Principalmente nesse capítulo... Achei que era necessário explicar ou então algumas coisas pode ficar confusas. Claro, o POV do Draco no próximo capítulo provavelmente vai explicar melhor, risos... Só mais três capítulos gente... Meio assustador pensar que a fic vai acabar...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.