Peixes, filosofia e shampoo ba

Peixes, filosofia e shampoo ba



Capítulo 4 – Peixes, filosofia e shampoo barato

- Crucio!

A ruiva quase perdeu o equilibro, colocando a mão no peito.

Draco abriu um sorriso demoníaco. Estava finalmente dando o troco, fazendo que eles sofressem por toda a humilhação que ele passara.

Mas de alguma forma...Ficou decepcionado. Era como se o Natal tivesse chegado e ele abrira o presente apenas para encontrar uma meia, quando esperava por uma Firebolt.

Por que...Não sentia tanto prazer em ver ela gemer e respirar com dificuldade?

O que aconteceu?

- Crucio! – ele gritou de novo, dessa vez sua voz deixando escapar um certo desespero.

Depois de tanto tempo, de tantos meses de humilhação agora quando ele tinha a chance de se vingar, não estava gostando tanto disso?

A ruiva colocou a mão no estomago, como se tivesse sido atingida por um soco. Mas a dor foi fraca.

E os dois estavam surpresos com isso.

Onde estava o grito de dor? A suplica? Por que ela não caiu aos seus pés pedindo socorro?

E quanto à felicidade dele em vê-la sofrer?

Draco quase deixou a varinha cair de sua mão quando percebeu que, de repente, não queria mais isso.

Queria fugir dali, queria comer bem e sobreviver mais um dia...Não torturar aquela ruiva. Devia ter estuporado ela e escapado daquele lugar ao invés de gastar tempo.

Enquanto ele percebia isso ela se recuperou em um relâmpago, pulando em cima dele, o imobilizando antes que pudesse fazer qualquer outra coisa.

- Não! – ele gritou quando ela tirou as varinhas da mão dele.

Sua chance de liberdade havia sido perdida...Jogada fora.

Ela apontou sua varinha para a sua cara e ele sabia que estaria inconsciente logo em seguida.


Gina olhou para o corpo desacordado de Draco, ainda atordoada com o que havia acontecido segundos antes.



Tinha estado à mercê dele. Ele poderia a ter matado ali mesmo, sem pestanejar!

Ela colocou a mão na testa, limpando o suor e buscando ficar mais calma.

Felizmente Malfoy parecia não ter mais energia para conseguir lançar um cruciatus perigoso.

Ainda tentava se recuperar do primeiro golpe, quando ela achou que não conseguiria respirar nunca mais. Parecia que seu coração havia sido espremido pelos seus pulmões, em uma disputa de território perigosa.

Raiva tomou conta dela, estava irritada consigo mesma por deixar se distrair tão facilmente!

Havia subestimado a cobra...Achado que ele não era perigoso nem inteligente o bastante para exigir uma atenção mais cuidadosa.

Parece que um animal encurralado realmente é mais perigoso, mesmo que um animal fraco.

Tentando se recobrar do susto ela balançou a cabeça afastando pensamentos sobre o que ele poderia ter feito graças a falta de preparo dela. O erro já tinha sido cometido, não havia mais como voltar no passado.

Ela conjurou cordas novas para prende-lo e levitou as varinhas falsas de volta para dentro da caixa.

Não havia sido a melhor idéia deixar Malfoy no sótão de uma das lojas de logros dos gêmeos. Mesmo estando em outro continente eles arranjavam algum jeito de criar problemas. E isso a fez lembrar que varinhas falsas tinham sido proibidas de serem vendidas! O que aqueles dois estavam tramando guardando caixas delas?

O que quer que fosse ela tinha certeza que preferiria não saber. Ela adorava as criações dos dois irmãos mas agora como uma auror precisava “cumprir” certas leis. E algumas vezes essas leis ficavam no caminho dos gêmeos. Nada graveé claro.

Arrastou Malfoy com certa dificuldade e o encostou na parede mais próxima. Ele podia estar mais esquelético que uma modelo trouxa, mas ainda pesava o bastante para lhe dar trabalho.

Recuperando um pouco o fôlego ela olhou para seu relógio de pulso.

Estava doida para sair do Egito e voltar para o clima ameno da Inglaterra, infelizmente o tempo parecia se arrastar no calor e ainda faltavam duas horas até que ela devesse embarcar no navio para sua terra natal.

Finalmente!

Depois de caçar Draco Malfoy até o fim do mundo ela ia voltar para a Toca. Teria que agüentar os sermões de Harry e Rony, mas valeria a pena.

Quim Shacklebolt também não ia aprovar a saída dela no rastro de Malfoy.

Gina podia ser uma auror mas era mais um titulo do que seu verdadeiro trabalho. No Ministério ela não passava de uma mera guarda em Azkaban, passando dias tediosos na companhia de dementadores e aurores calados pelos efeitos das criaturas. Quim até o momento não autorizara nenhuma missão de campo para ela com o argumento que além de inexperiente Gina também era explosiva demais.

As três capturas que fizera de Comensais foram em nome de outra organização e não do governo. Seu verdadeiro trabalho era a de caçadora de comensais para a Ordem da Fênix.

Ela estava na Ordem desde que convencera sua mãe na sua adolescência. Depois do término da guerra o grupo não se desfez. Harry fizera uma promessa que nunca mais ia deixar que comensais ficassem impunes como depois da primeira guerra.

E assim eles começaram a caçada. Fazendo justiça com suas próprias mãos, mesmo que se o Ministério da Magia não autorizasse.

Sendo aquela uma missão não-autorizada pelo Ministério ela não podia contar com o apoio, nem com o dinheiro do governo. E por isso não haveria uma escolta para Malfoy e ela teria que o carregar pela Cairo inteira e agüentar uma viagem longa de navio sozinha com a criatura. Era um transporte bruxo e por isso mais rápido que os convencionais trouxas, mas assim mesmo seria demorado demais para Gina.

Horas no mesmo lugar que Malfoy? Ia ser infernal.

Mas, agora mais calma, ela concluiu que tinha ficado um pouco nervosa demais. Olhando para a figura pálida ela se convenceu que ele não poderia ser tão perigoso assim...

“Gina, admita, você entrou numa fria.”

E para piorar ainda mais essa “fria” estava quente. Até mesmo na sombra o calor achava ela...


Mais uma vez Draco se viu acordando contra seu gosto. E mais uma vez uma discussão o tirava da inconsciência.





Foi a pior sensação de deja vu que já tivera.

- Escute aqui, não me venha com essa bobagem! Eu comprei a passagem! Está aqui, olhe! Está vendo o escrito?

- Temos ordens de não deixa-la subir nesse navio, moça. Ordens são ordens.

- E de quem são essas ordens, afinal? Querem um incidente internacional, é? O Ministério inglês vai ficar sabendo disso!

- Nossas ordens vêem exatamente do Ministério inglês. A senhorita não pode sair do Egito.

- O quê?

A conversa começava a interessar Draco e ele abriu os olhos. Notou que estava de pé, levitando e com suas mãos atadas e logo atrás da infame ruiva.

Ela estava com os braços cruzados e em sua frente dois guardas egípcios impediam que ela embarcasse em um navio enorme de aparência mágica.

Atrás deles se formara uma enorme fila de bruxos indignados com a demora.

É exatamente o que você ouviu. Agora, por favor, retire-se da fila.

A voz do guarda indicava que se a ruiva não obedecesse grandes tentáculos saíram do mar e arrancariam a cabeça dela.

Draco riu da possibilidade, a imagem se repetindo várias e várias vezes em sua mente. E cada vez a idéia se tornava mais engraçada.

- Você vai deixar eles falarem assim com você, ruiva? Que covarde – ele a provocou, estava louco para que ela entrasse em uma confusão.

- Cale a boca, fuinha. – ela repetiu, o levitando para fora da fila.

- Nossa, agora sim! Depois desse insulto tão criativo desistirei dos meus modos malvados e planos malignos e viverei o resto de minha vida pecaminosa doando doces para criancinhas necessitadas em Hogsmeade! Obrigado, você me fez ver a luz!

Ela revirou os olhos e parou de levita-lo. Ele caiu de traseiro no chão do porto egípcio.

Com certa dificuldade ele se levantou, sem a ajuda de suas mãos presas a cordas.

- Não sei o que é pior: o peso morto ou a boca suja! – ela murmurou para si mesma.

Ele não respondeu, preferindo observar o porto e buscar rotas de fugas. Havia um número considerável de idiotas pegando o navio, mas infelizmente também havia muitos guardas barbudos com turbantes ridículos.

Parecia que o ministério da magia do Egito preferia de prevenir que remediar.

- Malfoy! Malfoy! Eu estou falando com você! – gritou a ruiva em seu ouvido, o forçando a virar-se para ela – Pare de tentar criar planos de fuga imbecis e preste atenção!

Draco soltou uma gargalhada.

- Você só pode estar delirando, infeliz! Por que eu ia querer ouvir você?

- Ah, não sei...Porque eu tenho a sua vida em minhas mãos? Talvez porque eu posso te entregar aos egípcios e as técnicas de torturas tão famosas das prisões deles?

- Melhor eles do que uma ruiva metida a auror, Potter fedido e o Weasel pobretão.

- Como sempre você não me deixa escolha.

Ela apontou sua varinha e ele gemeu de irritação. Ia ficar inconsciente mais uma vez? Não era a parte de ficar desacordado que o incomodava, era a de acordar que era um pé no saco.

E toda aquela estuporização não fazia bem para a pele dele nem para o seu cérebro.

Além disso...Sabe se lá o que aquela ruiva fazia com ele enquanto ele estava inconsciente! Estava cansado de acordar cada vez em um lugar diferente e perdendo chances de fugir.

- Fala logo o que você quer! – disse entre dentes e irritado.

- Assim está melhor. Vamos subir nesse navio.

- E como, inteligência? Não está vendo os guardas? É cega também, é?

- Você não tem imaginação, Malfoy? – ela disse e depois apontou para contêineres que carregavam a bagagem dos passageiros – Vamos pela classe super-econômica.

- Sabia que você era pobre Weasley, mas agora oficialmente vejo que estava errado. Você não é pobre só. É sádica também.

- Weasley? E o que te faz acreditar que eu sou uma Weasley, me atrevo a perguntar?

- Cabelo ruivo, sardas e roupas de segunda...E shampoo barato. Ah sim, e a inteligência de anta empacada.

As orelhas dela ficaram vermelhas de raiva mas ela conseguiu se controlar, para a decepção de Draco.

A ruiva deu um empurrão e o forçou a andar em direção a bagagem.

Pararam na frente de uma grande caixa escrito “Suprimentos – Mantenha em local arejado”. “Ou morra lentamente” Draco acrescentou na sua cabeça quando sentiu o cheiro de peixe podre.

A Weasley jogou a tampa da caixa no chão.

- Entra aí.

- Mas nem pensar!

- Qual o problema?

- O cheiro só para inicio de conversa...

- Você por acaso já sentiu o seu próprio fedor, Malfoy? Tenho até dó dos peixes. Há quanto tempo você não toma banho? Um ano?

- Pelo menos eu tenho uma desculpa para feder. Qual é a sua, Weasel?

Ele foi empurrado e acabou caindo dentro da caixa, as pernas pro alto e o rosto batendo em um peixe feio. A sardinha tinha uma expressão assustada e estava tão próxima que Malfoy sentia o gosto das escamas em sua boca.

- Não faça amizades, Malfoy. Zoofilia é crime.

- Então o seu pai já devia ter sido preso. – ele gritou tentando tirar o gosto de peixe da boca.

Ele sentiu o pé dela em seu traseiro o empurrando para mais fundo.

A pouca luz foi bloqueada pela tampa. O ar apenas entrava pelas frestas da madeira, mas não ajudava em nada.

- Nos vemos daqui a pouco, queridinho. Não se divirta demais.

A ruiva deu duas batidas na lateral da caixa e ele ouviu ela se afastar.

Ele ia morrer ali. Se não pelo cheiro, pela humilhação.

Demorou um bom tempo até conseguir se virar e sentar entre os peixes fedidos e salgados. Tentou abrir a tampa com suas mãos atadas mas não conseguiu.

Ia se virar novamente para tentar chutar ela quando ouviu um barulho de pés de aproximando.

- Essa é a última. – disse um marinheiro com sotaque escocês.

A caixa balançou e foi levantada.

- Eita! Mas este treco tá pesado demais! O que tem aqui? Abóboras? – outra voz mais inglesa reclamou do peso.

- Abóboras? Espero que não! Dá mó caganeira! O Joe não conseguiu sair do banheiro por duas semanas depois de comer uma! O cheiro tá até hoje.

Eles carregaram a caixa continuando com sua conversa fiada e estúpida. Incrível como marinheiros conseguiam se lembrar de respirar.

Finalmente pararam de papagaiar e passaram correntes pelo objeto e Draco sentiu que seu abrigo infame era levitado para dentro do compartimento de carga do navio.

Houve um baque surdo e todos os peixes a sua volta sacudiram. A luminosidade diminuiu e ele sabia que agora era o passageiro clandestino no1.

Onde estaria o no2?

Com sorte no próximo navio para o pólo sul.

Sorte? O que era isso mesmo?

Revirando os olhos e balançando a sua cabeça para tentar tirar uma sardinha do cabelo, Draco decidiu que sua vida não podia ficar pior.

Qualquer bebida alcoólica seria bem vinda agora. Qualquer coisa que o parasse de pensar no que ele estava prestes a pensar!

Tortura perdera a graça...Qual seria o próximo episódio? “Draco Malfoy pede autografo para Potter?”

O pensamento apenas bastou para que ele sentisse ânsia de vômito.

“Não, não é isso! Estava sendo só prático. Torturar ia só me atrasar...”

Riu amargamente e quase engoliu um peixe.

Não conseguia nem enganar a si mesmo mais.

O velho Draco Malfoy conseguiria. Mentiu para si mesmo durante sua adolescência não foi? Por que era tão difícil agora?

Onde estava uma Batida de Ali Babá fedida quando se precisava de uma?

Com grande esforço tentou pensar em outra coisa. Achando na tarefa de soltar suas mãos uma boa distração.

Mordeu a corda e fiapos do material grudaram em seus dentes amarelos. Foi o bastante para enfraquece-la e depois de várias tentativas de rompe-la, teve sucesso.

Conseguiu sentir-se um pouco orgulhoso de seu feito, mas a distração terminará e agora ele viu a fraca cor esverdeada em forma de caveira em seu braço.

A Marca Negra.

Ela sempre estaria ali, não? Rindo da cara dele com aqueles dentes ossudos. E ele tinha a ligeira impressão que a cobra mostrava a língua para ele.

Quando estava bêbado tudo piorava...A caveira repetia “Fracassado. Seu grande fracassado”.

- Se eu fosse você me matava, moleque – dizia.

E para isso Draco respondia:

- Vai se danar. E cale a boca se não eu corto meu próprio braço!

- Você não tem coragem. Covarde, fracassado!

Agora não era só a caveira que falava, os peixes também estavam olhando para ele de um jeito estranho.

E ele nem estava bêbado, por Merlin!


- E é isso tudo que tem a dizer, jovem Malfoy?



- Você me ouviu.

Houve risadas em voz baixa a sua volta. Divertiam-se com seu tom de desafio.

- Pois bem. – Lord Voldemort então se virou para um dos comensais mascarados ao seu lado – Lúcio, faça as honras.

A figura encapuzada se aproximou, varinha em mãos.

- Estenda seu braço – mandou em uma voz fria.

Draco obedeceu, dobrando a manga de sua camisa e deixando que a varinha do pai se aproximasse.

- Ajoelhe-se e repita as palavras que lhe direi. “Dou-lhe meu sangue puro e minha vida. Use-a como lhe convir. Minha vida e meu sangue ao Lorde das Trevas”

- Dou-lhe meu sangue puro e minha vida. Use-a como lhe convir. Minha vida e meu sangue ao Lorde das Trevas.

- Muito bem. – sorriu maliciosamente Voldemort – Muito bem.

Draco sentiu uma dor aguda em seu braço e teve que segurar para não gritar. Não gritaria na frente deles.

Fechou os olhos ao invés disso.

Quando a dor diminuiu, ele os abriu novamente e fitou seu braço. Sangue escorria da recém feita marca.

Todas as figuras agora eram faces. Suas máscaras foram retiradas.

Seu pai lhe ofereceu sua mão para ajuda-lo a se levantar.

- Não me falhe, Draco Malfoy. Eu não perdôo-lo fracassos, como seu pai lhe pode informar muito bem.


A tampa da caixa foi aberta.

Era a ruiva.

- Bom dia, raio de sol. Gostou da viagem? – ela estava com um sorriso satisfeito nos lábios.

Quando Draco não respondeu e continuou a encarar a esmaecida Marca Negra, Weasley pegou a força seu braço e o puxou para fora da caixa.

- Que foi? O peixe comeu a sua língua?

- Não. – grunhiu cobrindo com seu casaco velho a marca.

Ela levantou uma sobrancelha.

- Assim você me decepciona, Malfoy. Onde estão os comentários sarcásticos?

- Por que você não me deixou na porcaria da caixa, Weasel? Qualquer coisa é melhor que ouvir a sua voz de gralha.

- Achei que ia ser mais divertido te jogar no mar. Você precisa de um banho.

Foi então que ele percebeu que tinha suas mãos livres.

Poderia tentar fugir!

“Para onde, exatamente? Pular na água e nadar até morrer?”

Saiu da caixa e se sentou no chão, encostando-se na parede gelada do navio. Pôs as mãos nos joelhos e soltou um suspiro de frustração.

- Ok, agora você está me assustando. – disse a ruiva, suspeitando da atitude estranha que ele tomara.

- Vá se danar, Weasel.

- E depois eu não tenho criatividade?

Aquela garota idiota não calava a boca, não?

Felizmente ela parou de perturba-lo com perguntas imbecis e agora mexia em uma mala de couro velha. Tirando algumas roupas e chapéus ridiculamente gigantes e coloridos.

- Roubando lixo? Está tão desesperada assim?

- Roubando não. Pegando emprestado.

- Até parece. Continue se enganado, queridinha, quem sabe algum dia convença o resto do mundo.

- O resto do mundo parece concordar comigo, Malfoy. Por que você acha que está indo para a prisão e eu não?

- Se nós tivéssemos acabado com o traseiro de vocês, todos iam achar que vocês eram os malvados. E eu teria pessoalmente te esfolado viva e seria aplaudido por isso.

A ruiva riu.

- Até parece, Malfoy. Como se maníacos assassinos fossem aclamados como heróis! Está tentando justificar os seus atos, fuinha?

- Você estÿ

- Eu não preciso, benzinho. Não fui eu quem destruiu vidas e famílias.

- Não? Será mesmo, Weasel?

- Tenho certeza, iria me lembrar disso. – riu.

- Eu tinha uma vida. E vocês a destruíram.

- Ah por favor, poupe-me. Você fala como se não tivesse merecido isso. Você matou pessoas, Malfoy, torturou trouxas!

- Vai me dizer que você já não matou, Weasel?

- Só em defesa própria – ela falou rapidamente, virando o rosto, incomodada.

Ah, ele tinha atingido um nervo!

- Sei. Matou do mesmo jeito. E o que isso te faz, Weasel? Você não é melhor do que eu.

- Eu fiz o que era necessário. Defendi o que era certo.

- O que você achou que era certo, Weasel. Eu também fiz isso.

- Eu não acredito nisso! Não acredito que você tem a cara de pau de falar essas coisas!

- E eu não acredito que você é ingênua o bastante para acreditar que existem “bonzinhos” e “malzinhos”! O mundo não é branco e preto, ruiva. Não é tão simples assim.

- Faça meu favor, Malfoy! Desde quando matar e destruir passou a ser considerado justificável?

- Não existe bem ou mal, Weasel. Só o poder. E aqueles que o tem é que determinam o que é considerado bom ou ruim. Acorde para a vida.

- Cale a boca.

- Por quê? A verdade te incomoda? Incomoda saber que você não é diferente de mim? Que não passa de um peão na mão dos outros? Uma marionete?

- Não, é porque você é deprimente. Eu não preciso justificar a minha vida para uma fuinha magricela. E desde quando você acha que é capaz de filosofar, Malfoy? Faça um favor para a humanidade e pare de tentar. É de fazer qualquer um dar risada.

- Se iluda o quanto quiser, queridinha. Algum dia nossos papéis vão estar trocados e eu vou adorar dizer: “Eu não disse?”

- Até os burros sonham, Malfoy. Não quer dizer que os sonhos se realizarão. Mas em uma coisa eu concordo: Você não passava de uma marionetezinha na mão do seu pai. Aposto que se ele dissesse para você pular de uma ponte, você obedecia com gosto.

Raiva transbordou, raiva que ele não sabia que ainda possuía. Mas era sempre assim toda vez que a palavra “pai” surgia.

- Agora é a sua vez de ficar quieta, Weasel.

- Aposto que você chorou que nem um bebezinho mimado quando ele morreu, não é? Ficou perdido sem o mestre da marionete.

- Cala a boca, sua idiota.

- E o mais ridículo era que ele podia te chutar e humilhar e mesmo assim lá estava Draco Malfoy lambendo os pés do pai novamente! Correndo atrás dele que nem um vira-lata com o rabo entre as pernas!

Ele se lançou para cima da ruiva. Não sabia o que estava fazendo mais...O ódio o cegando. Não se importava se ela estava armada, se ele estava sem varinha ou se o mar lá fora estivesse violento graças à tempestade. Nada disso importava.

Só queria torcer o pescoço dela. Tirar todo o ar dos pulmões daquela desgraçada.

A prensou contra o chão, todo a força de seu corpo em cima dela. Ele agarrou a mão dela que segurava a varinha e a forçou deixa-la cair.

A ruiva ria.

- Qual a graça, sua desgraçada?

- Dessa vez eu estou pronta para você, Malfoy.

Ela o chutou na barriga e o derrubou. Colocando o corpo esguio sob o dele e impendido Draco de se mover.

A Weasley estava tão perto que as pontas do cabelo ruivo da infeliz roçavam no rosto dele, o cheiro de shampoo barato invadindo suas narinas.

Todas as sardas do rosto dela pareciam estar prontas para pular nele e o contaminar com pobreza e podridão.

Era repugnante.

- Tenha um pouco de dignidade, Draco. E pare de passar ridículo. Mais uma tentativa de fuga deprimente como essa e eu nem vou me dar o trabalho de mover um dedinho.

- Não estava tentando fugir, idiota. Só te matar.

- Mais deprimente ainda.

- Você vai ver. Eu só estou me aquecendo. – ele cuspiu conjurando o velho tom de desafio.

Era mentira. Estava cansado e sentia-se cada vez mais derrotado.


Thanks por todas as reviews! Espero que continuem gostando da fic:)

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.