Recuperação



Olhou no relógio e se deu conta de que estava atrasado. Erica o esganaria se demorasse mais algum minuto. Não correria o risco de brincar com o humor da mulher já que ele mudava frequentemente e o pegava de surpresa. Uma hora ela era carinhosa e o cobria de beijos e na outra ela já gritava e o enchia de tapas. Hormônios de mulher grávida:

- Não precisa me bater. Já estava indo. - Disse assim que a porta da sala fora aberta. Perdeu a conta que fazia durante as correções das provas.

- Eu não vim até aqui para bater em você. - Disse uma voz diferente fazendo com que ele levantasse seu olhar. - Embora eu tenha um certo fetiche não realizado por você.

- O que quer Jassie? - Perguntou revirando os olhos levantando-se da cadeira que ocupava.

- Vim contar toda a verdade sobre aquela noite em que fui visitá-lo. - A loira sorriu sentando-se na mesa e cruzando as pernas em um gesto para conquistar o homem diante de si. - Você quer saber não quer?

- Claro que sim. - Respondeu como se fosse óbvio. - E que preço que vou ter que pagar por isso?

- Adoraria uma noite de prazer que não foi realizada como pagamento. - Jassie mordeu o lábio inferior enquanto o olhava tentadoramente, na opinião dela.

- Como assim não foi realizada? - Kevin franziu o cenho confuso.

- Professor infelizmente você apagou depois que tomou aquela taça de vinho. - A loira disse em tom de indiferença, como se não se importasse com as consequências. - Bem que eu queria que acontecesse algo naquela noite, mas o planejado era assim.

- E qual era o plano? - Perguntou Kevin entre dentes.

- Ir até você. Convencê-lo a tomar uma taça de vinho e em seguida levá-lo para a cama onde eu ia me deitar ao seu lado e a professora Erica nos veria juntos. - Disse olhando suas unhas. - Esse era o plano.

- Você não planejou isso sozinha. Precisou de ajuda para avisar a Erica.

- Não. Eu não planejei. Gina Weasley foi a grande mestra. Ela planejou tudo e usou Draco Malfoy para se passar por você e ligar para Erica.

- Por que fizeram isso? - Kevin não imaginara que a verdade viria tão facilmente, mas já estava ficando irritado.

- Gina ficou furiosa quando Erica descobriu que ela planejou para que eu me passasse de doente durante a competição das líderes de torcida. Você sabe. Brincou com a Weasley brincou com fogo. - A loira desceu da mesa e caminhou até a porta.

- Espera. - Kevin a chamou fazendo com que ela parasse. - Por que está me dizendo a verdade?

- Porque estou farta de seguir as regras de Gina Weasley. Quero fazer minhas próprias regras.

Jassie esboçou um sorriso antes de sair. Gina Weasley que se dane, pois a garota iria mudar radicalmente daquele dia em diante. E teria boas razões para isso.

***********

- Dizem que ele vai anunciar que é homossexual. - Comentou Jim arrancando risadas te todos.

- Você só fala besteira cara. - Comentou Ryan dando um cutucão no loiro enquanto subiam a arquibancada para sentarem na última fileira.

- Tem alguém aqui que não está de bom humor. - Disse Hilarie após se sentar apontando com a cabeça uma Gina Weasley de cara amarrada e completamente furiosa sentar na primeira fileira. - O que será que aconteceu?

- Não tenho idéia. - Respondeu Rony ainda olhando para a irmã. - Mas eu não me meto na vida dela. Cansei de tentar ajudá-la e receber patada.

- Ai não. - Sussurrou Kimberly fazendo com que todos olhassem para onde ela olhava.

Hermione entrou na quadra passando a mão em seu rosto, cabisbaixa para que ninguém notasse que enxugava as lágrimas:

- Olhem os olhos dela. - Kimberly continuou enquanto a amiga se aproximava. - Ela estava chorando. Hermione e Harry brigaram de novo.

- Mas eu pensei que ela ficaria feliz porque Harry foi solto. - Disse Rachel rapidamente e sorrindo amigavelmente assim que Hermione se sentou ao seu lado.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou Kimberly.

- Harry e eu demos um tempo. - Respondeu levantando o queixo observando o diretor subir no pequeno palco improvisado ao centro da quadra, sem perceber os olhares surpresos dos amigos ao seu lado. - Aquele policial que o prendeu disse que eu não deveria perder meu tempo indo visitá-lo e Harry acreditou.

- Foi por isso que ele te tratou daquele jeito ontem? - Perguntou Rony confuso vendo a morena assentir com a cabeça.

- Mione mas... Você... - Kimberly escolhia as palavras com cautela para usá-las. - Você não acha que dar um tempo foi demais?

- Não eu não acho. - Hermione olhou séria para a amiga. - Até que Harry me prove o contrário essa é a minha decisão.

Todos trocaram olhares querendo que alguém dissesse algo que fizesse a amiga mudar de idéia, mas ninguém sabia exatamente o que dizer. Então olharam para o diretor que pegara o microfone e começara a falar:

- O baile de formatura dos alunos do último ano será daqui a dois meses. A partir de hoje os ingressos estarão disponivéis na secretaria, diretoria e com os líderes de equipes como a capitã das líderes de torcida Hermione Granger e o capitão de futebol Harry Potter. O tema ficará por conta da melhor turma desse ano, que foi a turma "B". - Disse ouvindo uma gritaria e assobios da turma mencionada, que estava sentada na última fileira da arquibancada. - Peço para que escolham não só um tema adequado para vocês como também para as outras turmas já que este é o último ano de vocês no colegial. O orçamento para esse ano é maior que o ano passado. Por isso abusem da criatividade. E uma pequena observação. A organização do baile também ficará ao critério da turma B.

Uma grande barulheira surgiu na quadra. Alunos da turma B começaram a reclamar contrariados por terem que organizar um evento tão grande como o baile de formatura. O diretor levou cerca de dois minutos até conseguir fazer com que todos ficassem em silêncio para que pudesse prosseguir:

- Porém vocês ficarão livres das provas finais. - Disse fazendo outra barulheira surgir, porém de comemoração. Hermione suspirou cruzando os braços, não aprovara a idéia. - Entretanto, terão que fazer trabalhos extra-curriculares que os professores passarão para vocês nos próximos dias. - Completou fazendo com que o barulho diminuísse. - Eu peço a colaboração de todos para fazermos deste baile o melhor baile que o High Hill School já teve.

Novamente a barulheira de comemoração e aplausos preencheu o ambiente. O diretor levara mais tempo do que antes para que a barulheira acabasse:

- Agora eu gostaria de passar o microfone a uma pessoa que me pediu um tempo para poder falar aqui diante de todos. - Disse o diretor olhando para trás a procura de alguém. - Harry Potter.

Os alunos se olhavam e trocavam conversas sussurradas se perguntando o que Harry queria falar. Hermione sentiu seu sangue gelar ao vê-lo subir no palco com um buquê de rosas brancas e pegar o microfone. Olhou confusa para os amigos ao seu lado, mas eles também estavam surpresos tanto quanto ela. Esticou-se então para que pudesse ver melhor. O moreno estava corado, pois tinha vergonha de falar em público:

- Primeiramente eu não estaria aqui falando em público se não fosse por dois motivos importantes. E o primeiro é que eu gostaria de esclarecer que embora metade de algumas pessoas aqui não acreditem, eu não coloquei a bomba naquele gerador. Encontraram o controle no meu armário, mas alguém o colocou lá. E sinceramente eu não me importo se vocês me acham inocente ou culpado. O importante é que minha família, meus amigos e minha namorada estão certos de que eu sou inocente. Isso pra mim já basta.

Hermione franziu o cenho confusa. Por que ele estava ali falando aquelas coisas?

- Maluco. - Sussurrou a morena balançando a cabeça negativamente ao pegar seus materiais e se levantar e começar a descer a arquibancada.

Harry a procurou pela arquibancada e logo a viu. Porém ela ia embora, ainda estava contrariada com o que acontecera. Respirou fundo para criar coragem. Tinha que dizer alguma coisa para impedir que ela fosse embora sem saber o que queria falar:

- E o segundo e mais importante é que eu machuquei a pessoa mais importante da minha vida quando ela foi me visitar. - Disse rapidamente, fazendo com que ela parasse assim que terminara de descer toda a arquibancada. - Em um momento de desespero eu dei ouvidos a outra pessoa e esqueci dos sentimentos que eu tenho em relação a ela. Eu fui imprudente e não nego, mas eu não vou suportar se você ainda estiver chateada comigo. Não posso viver sem você, Mione.

Algumas garotas que estavam presente suspiraram desejando ser Hermione naquele momento. A garota esboçou um pequeno sorriso, permanecendo ainda imóvel. Não podia negar que ele estava incrivelmente lindo e romântico. Viu-o descer do palco e caminhar até ela. Assim que se aproximou a olhou nos olhos e, ainda com o microfone em mãos, falou:

- Eu sei que você tem medo do que pode acontecer, mas eu juro que não vou te magoar dessa forma novamente. E eu estou jurando algo que eu posso cumprir porque a última coisa que eu quero e vê-la sofrer por minha causa. - Ouviram novamente suspiros, mas se sentiam sozinhos naquele lugar novamente. - Eu te amo demais pra te perder por causa de uma estupidez minha. E você sabe muito bem que eu nunca fiz um discurso em toda a minha vida. Mas por você eu faria qualquer coisa.

Harry entregou o buquê que estava em suas mãos para a garota, que recebeu com um largo sorriso que surgiu em sua face onde percorria uma lágrima. Viu-o então tirar algo do bolso e o mostrar. Ele segurava dois ingressos perfeitamente decorado e escrito em letras douradas "Baile de Formatura":

- Você é completamente maluco. - Hermione disse olhando dos ingressos para ele.

- Sou. - Harry assentiu sorrindo. - Completamente maluco por você. - Mais um suspiro das garotas presentes. - Eu não vou ao baile de formatura sozinho. E até lá eu você vai ter que me ensinar a dançar. - Olhou as pessoas começarem a rir a sua volta e por um momento esquecera que estava em público. Mas não se importou com aquilo. - E então Hermione? Será que você aceita o perdão do seu namorado e o convite que ele te fez para o baile?

Ela foi impedida de responder por um momento quando a maioria das pessoas da quadra começaram a gritar "Aceita" por um longo tempo. Harry lhe lançou um olhar maroto. Ela estava sendo pressionada a perdoá-lo:

- E como eu posso dizer não pra você?

Ambos esboçaram um sorriso terno de felicidade antes de se beijarem, sobre aplausos e gritos das pessoas que estavam na quadra naquele momento.

Um loiro que estava sentado no canto da última fileira observou a ruiva se levantar e sair dali correndo. Ele então pulou para o chão pela lateral da arquibancada e a seguiu.

***********

Caminhou a passos longos pelo corredor deserto. Queria desaparecer daquele colégio, desaparecer daquele mundo. Por mais que quisesse odiar Harry e Hermione por protagonizarem aquela cena romântica diante de todos seu coração não consiguia. Ela apenas sentia inveja. Inveja de Hermione por ser tão amada a ponto de Harry fazer tamanha loucura por ela. Ele jamais fizera isso quando estavam namorando. E, provavelmente, nunca faria se ainda estivessem juntos.

Entrou em uma sala vazia. Não queria que ninguém visse as lágrimas que cobriam seu rosto. Sentou-se em uma cadeira ao fundo da sala e abaixou a cabeça. Estava tão perdida em seu choro que não percebeu a porta sendo aberta e alguém entrar. Somente deu conta de que não estava sozinha quando sentiu alguém se aproximar. Levantou seu olhar, enxugando as lágrimas rapidamente assim que o vira:

- Não me enche vai Malfoy. - Virou o rosto para o outro lado enquanto ele puxava uma cadeira e sentava ao seu lado. - Me deixa em paz.

- Por que ta chorando? - Perguntou em um tom calmo, que fez Gina se assustar e olhá-lo surpresa. Sentiu a mão dele em seu rosto secando suas lágrimas.

- Estou farta disso tudo. - Gina cruzou os braços. - Farta de tentar ser o que eu não sou. Farta de todos pensarem que eu sou Gina Weasley a garota que não vale nada.

- Por que continua dando razão para que todos pensem assim então? - Draco a olhou nos olhos e Gina estremeceu por um breve momento. Ele nunca fizera aquele contato tão íntimo com ela.

- Não vou dar mais. - Gina esboçou um pequeno sorriso. - Quer saber Malfoy? Cansei de ser a vilã da história. Cansei de querer ser amada por alguém que sempre cobicei. Vou buscar outra pessoa que me ame. Acho que é o melhor que eu faço.

- Faz a coisa certa Weasley. - Draco sorriu olhando-a admirado. - Não sabe o quanto é bom te ouvir falando isso.

- Mas não pense que eu vou me apaixonar por você um dia. - Seu olhar caiu sobre os lábios de Draco, que se curvaram em um sorriso divertido e ciníco ao mesmo tempo. Nunca reparara, mas aquele sorriso era incrivelmente lindo.

- Por favor, Weasley. - Sussurrou aproximando seus lábios aos dela. - Ruivas não me atraem.

Gina sorriu antes de sentir os lábios dele sobre os seus convidando-a para mais um beijo frio e prazeroso que sempre lhe causava arrepios. Ela então abriu seus lábios permitindo que ele aprofundasse aquele beijo. Draco assim o fez, explorando a boca da ruiva cautelosamente com sua língua enquanto sua mão deslizava dos cabelos macios para as costas. As mãos dela lhe arranharam a nuca, fazendo o garoto ofegar. Gina Weasley o deixava louco.

***********

- E o Harry? - Perguntou Kimberly assim que a amiga se aproximara das líderes de torcida.

- Foi pra casa. - Respondeu colocando seus materiais na arquibancada. - Ele precisava descansar. - Virou-se para as garotas que a olhava. - Chamei vocês para avisar que amanhã começamos a treinar. Temos duas coreografias importantes para aprender. A nossa apresentação normal antes do jogo e a última coreografia como líderes de torcida que vai ser depois do jogo.

- Hermione uma música você já escolheu. - Perguntou Ashley chamando a atenção de todas para si. - E a outra?

- A outra será a da nossa última apresentação. E será uma surpresa. - Hermione sorriu para as garotas. - Amanhã então, depois das aulas, começamos a pegar pesado nos treinos. Não se esqueçam.

O restante das líderes saíram da quadra deixando Hermione e as amigas sozinhas:

- Se não precisam de mim eu preciso ir. - Kimberly disse para as amigas. - Infelizmente meu pai chamou a Marilyn para jantar e obrigou minha presença em casa essa noite.

- Isso é bom. - Disse Rachel sorrindo esperançosa. - É uma chance para vocês se conhecerem.

- Quem disse que eu quero conhecer aquela mulher mascote? - Questionou a garota séria antes de se afastar.

- Foi só um comentário. Não queria ofendê-la. - Sussurrou a loira ainda surpresa com a reação repentina de Kimberly.

- A culpa não é sua mascote. - Hermione passou seu braço em volta do ombro da loira. - A Kil ta sobre pressão. É muita coisa sobre ela. Fim de ano, casamento, Marilyn e a viagem com o Jim.

- Por falar em casamento. - Hilarie sentou-se no chão da quadra e as garotas copiaram seu movimento. - Ryan me disse meio que sem querer que Jim ta um pouco apertado com o orçamento do casamento já que o pai dele vai abrir uma filial da agência em outro país.

- Há não. - Lamentou Hermione em tom triste. - E a Kimberly sabe disso?

- Creio que ele vai contar pra ela hoje ainda. Vai ser um choque pra ela.

- Nós podiamos ajudá-la. - Sugeriu a morena entusiasmada e recebendo um olhar confuso das amigas. - Kimberly não quer um casamento grande. Ela quer apenas os amigos e a família. Podemos falar com o Jim e preparar tudo.

- Mione você é louca. - Disse Hilarie rindo da sugestão da amiga. - Maluca também.

- Qual é. Vocês sabem o tanto que a Kimberly sonha com esse casamento. Vai ser divertido.

Hermione esboçou um largo sorriso. Estava bastante entusiasmada com a idéia de planejar um casamento. As amigas não puderam recusar a oferta.

*************

O som da campainha a fez respirar fundo. Não estava preparada para encarar Marilyn novamente. Muito menos em sua própria casa. Propositalmente fingira que estava procurando algo na geladeira para não ter que atender a porta:

- Kimberly. - Seu pai a chamou pela segunda vez. - A campaiha.

- Sim, eu a ouvi. - Respondeu indiferente enquanto servia-se de suco. - Eu já te disse que precisamos trocar essa campainha? Há quanto tempo temos ela?

- Kimberly. - O homem insistiu em tom mais severo e largando as panelas ao fogão. - Não torne isso difícil.

- Por que teve que convidá-la? - A morena revirou os olhos. - Sabe que não a quero por perto.

- Você queira ou não ela é sua mãe. - Ele a olhou. - E eu não vou ficar assistindo você recusar a oportunidade de ter uma mãe novamente. Vá abrir a porta.

Kimberly caminhou em direção a sala enquanto resmungava algo que seu pai não pudera ouvir. Faria o possível para não ser simpática com Marilyn naquela noite e deixar bem claro que a relação entre mãe e filha já fora descartada de sua vida quando Kathe faleceu:

- Boa noite. - Disse seca dando passagem para que a mulher entrasse.

- Boa noite querida. - Marilyn sorriu sem jeito pela forma que fora tratada ao entrar na casa. - Como foram suas férias?

- Ótimas. Consegui ficar longe de vo... - Kimberly foi impedida de terminar sua frase quando seu pai seguiu para a sala fingindo-se entusiasmado com a visita.

- Marilyn. É um prazer revê-la. - Disse gentilmente.

- Quando foi a última vez que se viram? - Perguntou a garota erguendo uma sobrancelha. – Quando ela me abandonou?

- Kimberly. – O pai a repreendeu severo.

Kimberly deu de ombros caminhando para a cozinha, deixando uma Marilyn arrasada e envergonhada na sala junto com o pai. Não fingiria estar contente com Marilyn em sua casa. Detestava aquela mulher e o fato de saber que tinha seu sangue e ela tivera coragem de abandoná-la.

***********

Caminhou apreensivo para seu quarto. Poderia estar exagerando, mas se a reação dela fosse como estava sendo nos últimos dia, aquela poderia ser sua última noite de vida. Ao chegar no local a encontrou sentada na poltrona diante da janela, lendo um grosso livro. Talvez aquele livro seria a arma do crime.

- Erica. - Ele a chamou, porém ela ainda tinha os olhos no livro. - Preciso te contar algo que aconteceu hoje.

- Diga. - Respondeu imóvel.

- É sobre... sobre o que aconteceu entre Jassie e eu.

Erica fechou o livro com força, apertando-o em suas mãos. Seu olhar expressava uma raiva que surgira naquele momento com aquelas palavras. Seu rosto estava inexpressível.

- Diga. - Repetiu fria.

- Jassie veio falar comigo hoje. - O loiro começou a explicar sentando-se na cama. - Ela confessou tudo. Confessou que foi Gina Weasley quem planejou tudo para se vingar de você por ter revelado pra Hermione que elas tentaram sabotar a competição de líderes de torcida. E, como já era de se imaginar, entre Jassie e eu não aconteceu nada naquela noite. Gina alterou o vinho para que eu apagasse.

- Eu mato aquela vadia. - Sibilou Erica furiosa ao jogar o livro em suas mãos no chão. - Vou acabar com a raça dela.

- Primeiro se acalma. - Kevin se aproximou com cautela. - Erica, se ficar nervosa não vai fazer bem pra Vanessa.

- Mas como é que eu não vou ficar nervosa? - Perguntou com o tom de voz alterado. - Amanhã ela me paga.

- Erica você não pode fazer nada por mais que esteja com raiva. - Disse recebendo um olhar fulminante da loira. - Ela é sua aluna. Se prejudicá-la pode ser demitida.

- Há não posso é? É o que veremos. - Disse com sarcasmo ao se levantar de sua poltrona. - Veremos como Gina Weasley vai reagir quando for desmascarada na frente de todo o colégio.

************

- Gatinho. - Disse Hilarie sorridente ao descer as escadas e, no último degrau, pular nos braços de Ryan e beijá-lo. - O que ta fazendo aqui? Pensei que fosse estudar.

- Eu vou. - Ryan sorriu ao colocá-la no chão. - Mas antes eu tenho um assunto pendente pra resolver.

- Então fala. - Hilarie o cutucou na barriga. - Você sabe que eu não gosto de suspense.

- Pelo que parece, depois que o Harry convidou a Mione pra ir ao baile diante de todo o colégio, os caras criaram vergonha na cara e estão convidando as garotas. - Disse tirando dois convites de seu bolso. - Eu sou um deles. - Observou a morena esboçar um largo sorriso. - Hilarie quer ir ao baile comigo?

- Mas é claro que eu quero namorado. - Respondeu entre pulos antes de beijá-lo. - Você é um fofo sabia? Eu amo você.

- Também te amo Hilarie. - Ele a beijou levemente. - Agora vou pra casa estudar. Te vejo amanhã no colégio.

- Até amanhã.

Ryan se despediu da namorada antes de deixar a casa. Iria embora andando, gostava de caminhar a noite. Começou a seguir seu caminho de volta para casa sem notar que estava sendo seguido.

************

Estava sozinha naquela casa grande e vazia e, por mais que sua gata estivesse presente, não queria continuar ali. Pegou-a nos braços, que resmungou com um grunhido e se espreguiçou no colo da dona, desceu as escadas e trancou a porta ao passar. Atravessou a rua e tocou a campainha.

- Miha você tem que deixar de ser tão folgada. - Comentou antes que a porta se abrisse. - Vamos ficar com o seu pai. - Completou rindo ao entrar na sala e colocar a gata no chão.

- Se isso quer dizer que eu sou um gato, agradeço pelo elogio. - Disse Harry em tom de ironia, olhando a gata se deitar na poltrona e começar seu cochilo.

- Você é um gato. - Hermione sorriu ao abraçá-lo e beijar-lhe levemente. - Como você está?

- Cansado ainda. - Respondeu sentindo ela acariciar suavemente seu rosto. - Não dormi nada essa noite naquele lugar.

- Se quiser descansar, Miha e eu vamos pra casa e assim você po...

- Não. - Respondeu apressadamente. - A última coisa que eu quero agora é ficar longe de você.

- Ta bem. - Hermione mordeu o lábio inferior, pensativa. - Quer subir e se deitar? Prometo que vou ficar.

- Muito menos. - O moreno balançou a cabeça antes de se sentar no sofá.

- O que aconteceu? - Perguntou sentando-se ao lado dele.

Harry respirou fundo, olhando para o lado. Tinha medo de confessar para a namorada o que atormentara sua mente durante todo o dia. Entretanto, não podia escondê-lo. Prometera à si mesmo que seria honesto com Hermione e seus sentimentos e assim o faria.

- Eu fiquei pensando hoje no que você disse. Acho que você tinha razão. - Harry a olhou. - E se eu não puder mudar o que eu sonho e isso prejudicar não só eu como outras pessoas? E se prejudicar você?

- Harry. - Hermione segurou o rosto do moreno entre suas mãos. - Você não deve levar à sério o que eu digo em um momento de raiva. Estava chateada com o que você disse e falei besteiras.

- Você não falou besteira Mione. Falou a verdade. - Harry desviou seu olhar. - Eu errei e vou continuar errando.

- Eu fui egoísta, Harry. - Hermione suspirou ao olhá-lo. - Pensei em mim mesma. Não pensei em você. Não pensei na sua situação Você não deveria escutar o que eu disse.

- Não foi culpa sua Mione. - Disse acariciando-lhe a face.

- Eu só quero te pedir uma coisa. - Hermione o olhou nos olhos sorrindo. - Independente do que acontecer de agora em diante, se for bom ou ruim, me promete que vai me deixar ficar do seu lado. Aconteça o que acontecer.

- Prometo. - Sussurrou beijando-a levemente. - Sempre.

***********

- Eu soube que você vai se casar. - Disse Marilyn tentando uma conversa razóavel com a filha. - Fico feliz por você. Ele é um ótimo rapaz.

- É mesmo? - Kimberly descansou os talheres sobre o prato. - Então porque o expulsou quando ele foi falar com você?

- Imaginei que ele fosse te contar. - Marilyn a olhou calma. - Sei que agi errado, mas não gostei da forma que ele falou comigo.

- Como queria que ele falasse com você? Que te compreende? Que fez a escolha certa em me abandonar?

- Kimberly. - O pai lhe chamou a atenção novamente, constrangido.

- Não há um dia em que eu não me arrependa da escolha que fiz. - Marilyn enxugou uma lágrima que percorreu sua face. - Kimberly você é nova e está prestes a se casar. Imagina se você engravidar. O que você faria?

- Jim não me abandonaria. - Sentiu-se receosa por afirmar isso, mas manteve sua voz firme. - E mesmo que ele me abandonasse, jamais abandonaria meu filho.

- Você não entende. - Marilyn insistiu. - Eu errei. Mas como eu ia cuidar de você? Se eu soubesse cuidar de mim mesma você não estaria aqui Kimberly. Eu era irresponsável, imprudente naquela época.

- Alguém quer sobremesa? - Sugerio Jonny na esperança de encerrar aquela discussão, mas elas não lhe deram atenção.

- A única que não entende aqui é você. - Kimberly se levantou furiosa. - Eu só tive uma mãe e ela morreu. - Lágrimas começaram a rolar em sua face. - Não preciso de uma outra mãe. Não preciso de uma mulher que me abandonou. NÃO QUERO VOCÊ COMO MINHA MÃE. NÃO QUERO.

Marilyn a viu subir as escadas correndo e a porta de seu quarto ser batida com força. Encostou-se na cadeira, permitindo-se chorar. Jonny então se aproximou e a olhou.

- Dê um tempo para ela. - Disse chamando sua atenção. - Foi muito difícil para ela aceitar que Karen morreu. E vai ser mais difícil ainda aceitar que ela pode ter outra mãe. Um dia ela vai entender e vai te aceitar.

- Tenho medo de que esse dia seja tarde demais. - Disse mais calma. - Não tenho muito tempo de vida. Mas eu queria tempo suficiente pra me redimir com ela. Provar pra ela que estou arrependida e que posso ser uma boa mãe também.

- Não diga isso. - Ele lhe lançou um sorriso confante. - Você terá muito tempo ainda para mostrar isso à Kimberly.


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