O TRIBUTO AO VÉU





CAPÍTULO 46:

O TRIBUTO AO VÉU


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_Mas... – Harry murmurou quando as figuras de Rony, Hermione e Gina surgiram na câmara, ambos descendo as escadas com passos largos. Hermione encarava a cena como se tivesse acabado de apanhar um ladrão em flagrante.

_O que pensam que estão fazendo?! – ela exclamou olhando de Luna para Harry, ela pareceu a Profa.Minerva nesse instante.

_Vamos entrar no véu – Harry falou e então algo gelado subiu por suas costas e o arrepiou inteiro, o véu estava balançando, um ar gelado vindo dele.

_No véu? – Rony repetiu sentindo o ar gelado e se afastando com uma expressão assustada que Harry sempre o via fazer quando via aranhas.

_Sim – Luna respondeu em voz baixa.

_Você vai se matar Harry?! – Gina exclamou e essas palavras saiaram dos seus lábios tão ferozmente que ela pareceu estranha nesse momento.

_Não – Harry respondeu calmo – Não posso dizer agora, não há tempo para isso...

_E porque Luna está indo? – Gina replicou preocupada – O que está acontecendo?

_O sacrifício – Luna respondeu parecendo mais lunática que nunca.

_Sacrificio? – Hermione repetiu e ela parecia um pouco assustada agora – Vai haver um sacrifício?

_Meu – Luna disse balançando sua cabeça – Harry vai precisar de um se quiser voltar – e ela continuou, abaixando sua cabeça como se não quisesse que mais alguém ouvisse – O guardião vai mantê-lo lá se não houver um sacrifício...

_Se alguém deve se sacrificar por Harry, esse alguém sou eu! – Gina disparou e o estômago de Harry gelou, jamais ouvira alguém dizer algo desse tipo sobre ele, e então sua gratidão por amar Gina pareceu crescer assustadoramente dentro de si.

_Eu farei porque sei que é a minha vez – Luna disse casualmente e seus olhos pareciam tão brilhantes e azuis que Harry os encarou curioso – Eu reverei minha mãe, eu sei que é a coisa certa a fazer e, bem – ela falou um pouco mais baixo, quase em um sussurro – Eu estarei ajudando Harry também e sinceramente não me importo de nunca mais voltar – Harry entendeu, pela expressão de Hermione, Rony e Gina que para Luna, atravessar o véu, morrer, não era nada demais, era somente um passo, ela veria sua mãe novamente, para ela, ficar presa no véu era como visitar uma cidade desconhecida, ir morar em um lugar que nunca visitou. Luna era única e especial e Harry entendeu isso naquele momento.

_Eu confio em você Harry – Hermione disse se aproximando e colocando sua mão no ombro de Harry – E eu sei que quando voltar vai ter destruído a Horcruxe presa no seu corpo, vamos lutar enquanto isso – Harry agradeceu por essas palavras, Rony lhe desviou um sorriso assustado e Gina o abraçou, um abraço demorado e caloroso, o perfume dos cabelos dela inundando as suas narinas, ela era, definitivamente, a pessoa que amava.

_Bom – Harry falou olhando para todos – É a nossa vez agora, é a nossa chance – e ele olhou para Luna com um sorriso tímido, o frasco com a poção vermelha em suas mãos. - Tudo bem? – indagou e Luna balançou sua cabeça esquisitamente, como se quisesse se livrar de algo que havia grudado em seu cabelo.

Abrindo o frasco, Harry sentiu o ar frio novamente e derrubou um pouco do líquido em sua boca, se sentindo aquecido e feliz entregou-o a Luna. Ela bebeu e seus olhos reviraram por um instante, a poção acabara agora.

Luna correu a um abraço com Gina, depois Hermione e até com Rony, embora tivesse sido algo rápido e desajeitado, que deixou as suas orelhas vermelhas, os olhos úmidos agora, Gina sorriu para ela, fora a própria Gina quem apresentara Luna a Harry, Rony e Hermione e agora eles estavam se separando, para sempre.

_Avise a todos – Luna falou, as lágrimas caindo pelo seu rosto, ela não parecia triste, mas sim satisfeita, a poção deixava a pessoa que bebia mais feliz, realmente feliz.

_Eu digo – Gina disse também emocionada dando uma última olhada para Harry.
Rony parecia abatido naquele momento, muito pálido. Harry trocou um olhar com Hermione e então, subindo no poço deu as mãos para Luna e colocando o véu sujo para trás das suas costas olhou para o que havia embaixo. Parecia a entrada para a Câmara Secreta pelo túnel do banheiro, tudo era muito escuro e apenas isso, completamente escuro.

Percebendo que Luna estava ansiosa e preparada sentiu a sua mão gelar e então eles pularam. Não se lembrou de ver ou sentir nada, apenas algo como se estivesse passando por escudos de proteção invisíveis e isso fazia eles se sentirem frios, os últimos escudos pareceram muitos mais fortes do que os primeiros e então não se sentia nada, não se ouvia nada e não se enxergava nada.

Harry caiu nas profundezas do véu e tudo o que podia ver era alguns tufos louros do cabelo de Luna perdidos enquanto parecia estar cego, não conseguia ver nada além de um branco infinito. Era como se estivesse entrando em um lugar aonde não existisse nada, nada além da claridade. Para Harry, eles pareciam ter entrado dentro de uma nuvem gigante.

E então ele percebeu que seu espelho começara a sacudir e sua cicatriz formigava cada vez mais forte agora.

_Deve ser por aqui - Luna falou caminhando ansiosa, os brincos de rabanete pendurados nas orelhas pequenas - Vamos encontrá-los logo, temos de ter cuidado, ele é muito perigoso...

_Quem é perigoso? - Harry perguntou seguindo Luna em silêncio, não conseguia imaginar que algum Comensal da Morte ou algo que pudesse feri-los pudesse surgir de um lugar tão ''limpo e calmo'', eles pareciam estar protegidos da guerra ali.

_Ao guardião - Luna respondeu e agora ela parecia um pouco amedrontada - O cão de três cabeças.

_Ele pode nos atacar? - Harry indagou enquanto avançavam em meio a claridade.

_Imagino que não - Luna respondeu rápido - Não se não criarmos problemas...

Com o passar de minutos Harry percebeu que eles estavam andando cada vez mais rápido e não haviam conseguido avistar ninguém ainda, tudo era branco e apenas branco, um silêncio estranho e uma paz que parecia que seria quebrada a qualquer momento por uma grande explosão.

Prosseguindo em passos largos Harry piscou os olhos e pensou ter visto a figura de um casal muito distante, ambos de cabelos muito negros e lisos e com expressões severas, eles trajavam vestes de trouxa, as piores possíveis e estavam parados em seus lugares o encarando, parecendo Comensais da Morte disfarçados.

_Você sabe quem são? - perguntou à Luna em voz baixa.

_Farad e Evana - ela respondeu - Os pais do Prof.Snape, muito sinistros.

Harry continuou olhando aquele casal, eram as primeiras pessoas que via ali, eles pareciam encará-los também, como se tivessem visto algo extraordinário.

_Espere – Harry disse para Luna – Eu quero falar com eles – Luna o olhou – Eu sei, eu sei – Harry acrescentou rápido – Mas é a única chance...

Luna o olhou não muito certa disso e então Harry se aproximou aos poucos enquanto os pais de Snape o encaravam.

_Oi – falou assim que estava bastante próximo, Farad e Evana eram muito pálidos e com expressões frias, os cabelos tão negros quanto os de Snape. Um olhar profundo e triste.

_Meu filho está bem? – Evana perguntou em um tom frio.

_Sim, Snape sempre soube se virar – Harry respondeu olhando-a – Mesmo não tendo feito a escolha certa...

_Ele nunca fez as escolhas certas – Farad disse raivoso.

_Severo é – Evana resmungou com uma expressão orgulhosa – Um filho exemplar, um legítimo Sonserino.

_É – Harry falou e sua voz saiu ríspida e alta – Um legítimo Sonserino que escolheu seguir pelo caminho das Trevas.

_O caminho mais forte é claro – Farad falou e sua voz saiu mais forte dessa vez

_E o que vai cair primeiro – Harry disse percebendo que conversar com os pais de Snape era tão inútil quanto conversar com Comensais da Morte e os tentar levar para o lado de Dumbledore.

_Ele vai morrer – Evana disse – Dumbledore... – Harry a encarou, ela lera a mente de Harry, era tão boa em legilimência quanto o filho. Os olhos de Harry no entando agora avistavam vários bruxos distantes, a figura deles crescendo em meio a claridade. Muito distante e bastante ferido estava Servolo Gaunt, avó de Voldemort.

_Temos que continuar Harry – Luna falou em tom urgente - Estamos perto agora. Geralmente os bruxos maus são divididos dos bons aqui, mas eu penso ter visto algo que lembrasse Gindelwald muito próximo.

_Você conheceu Grindelwald pessoalmente? - Harry perguntou em voz baixa enquanto se afastavam do casal Snape.

_Não - Luna respondeu informalmente - Eu vi muitas fotos dele nos livros que citavam Durmstrang ou falavam sobre as Artes das Trevas, ele foi o mais famoso aluno da Bulgária até então e é claro, o duelo com Dumbledore teve repercussão mundial, ele era, depois de Você-Sabe-Quem o mais temido pelos bruxos.

_Estamos indo exatamente aonde Luna? – Harry perguntou.

_Vamos encontrar seus pais e minha mãe – Luna falou olhando para os lados freneticamente – E então poderemos destruir a Horcruxe e pagar o tributo.

Caminhando pela claridade Harry avistou, em meio a muitos bruxos desconhecidos, o velho que fora morto por Voldemort três anos atrás, o Velho que guardava a casa dos Riddle em Little Hangleton.

Ainda avistando Servolo Gaunt parado, encarando uma escuridão que parecia estar surgindo de alguma lugar distante, dois bruxos estavam próximos a ele. Provavelmente Thomas e Mary Riddle, também da família de Voldemort.

_Eles não podem se aproximar de nós – Luna disse – Os pais de Snape não foram necessariamente ruins quando vivos por isso podemos nos aproximar deles, mas os outros não, é como se houvesse uma proteção que os impessa de avançar para esse lado. Pode não parecer, mas aonde eles estão é tudo muito escuro e sofrível, não se pode ver isso se você não estiver lá...oh, olhe, a Mirella... – Harry olhou para onde Luna vinha apontando e então avistou Mirella Delamanghna e Lynch Ivanova, ambos ex-campeões do Torneio do Olheiro e depois revelados Comensais da Morte que haviam sido mortos por suas próprias armadilhas. – Estamos perto agora – Luna murmurou e então Harry viu a figura de Tom Riddle, pai de Voldemort, perto de Lynch, ele parecia ter piorado muito de saúde, pois estava muito mais magro e andava com dificuldade. – Por aqui – Luna falou e então ela puxou a sua varinha e dando uma leve sacudidade Harry sentiu seu corpo estremecer. Poucos instantes depois eles caíram em um lugar infinito, ainda era tudo muito claro, mas era um campo, com uma grama muito verde e bonita e havia nuvens no céu e grandes árvores com sombras ainda maiores, havia riachos também e a brisa era muito prazerosa, era um lugar incrível, muito confortável.

_Mas... – uma voz disse atrás e Harry se virou, chocado, pensou que jamais ouviria aquela voz novamente.

_Cedrico? – murmurou e o bruxo o olhou, eles se abraçaram por um instante, ele ainda usava as vestes do Torneio, amarelas e negras, cores da sua casa e sorria bastante naquele momento, aquele tipo de sorriso que encantara as garotas na época de escola.

_Não me diga que você morreu – ele disse preocupado.

_Não – Harry falou em um sorriso – Estou bem, ainda estou.

_Conheci seus pais – Cedrico disse e o estômago de Harry congelou. – São bem jovens.

_Não se envelhece aqui – Luna comentou olhando lunaticamente para os campos, ela parecia entretida com a paisagem – Eu estudei isso por um bom tempo, o tempo nunca passa aqui.

_Exatamente – Cedrico disse olhando Luna com certa curiosidade. – E então Harry, veio fazer o que aqui?

_Me livrar disso – e Harry mostrou a cicatriz em sua testa, Cedrico apenas o olhou com as sombrancelhas sobressaltadas – Desculpa não poder contar, estamos com pressa.

_Entendo – Cedrico disse decepcionado.

_Se puder mostrar meus pais agradeceria – Harry falou ansioso.

_Ah sim – ele disse se virando para uma montanha distante – Eles geralmente ficam ali, esse lugar não tem fim então sempre mudamos de lugar, vi eles a pouco.

_Certo – Harry disse – Podemos ir? – Cedrico sorriu novamente.

Durante o caminho Harry reconheceu a velha escritora de História da Magia, Bathilda Bagshot, em meio a um grupo de bruxos falantes. Os pais de Slughorn eram exatamente como seu filho, Cameo e Elope Slughorn tinham exatamente a mesma altura e andavam rápido comentando algo que parecia bastante interessante.

_Ah sim – Cedrico disse assim que se aproximaram da montanha - Estamos perto agora.

Eles atravessaram as montanhas através de uma escada que havia, de madeira e chegando do outro lado Harry viu que havia muitos bruxos por todos os lados.

_Logo ali – Cedrico disse apontando para um grupo de bruxos não muito distante.

– Me desculpem, mas não poderei levá-los – ele falou e parecia realmente lamentar.

_Muito obrigado mesmo assim – Harry disse lhe apertando a mão, Cedrico o retribuiu com um último sorriso.

_Minha mãe – Luna murmurou enquanto se despedia de Cedrico.

_Muito bonita ela – Cedrico lhe sussurrou alegre.

Harry se virou para onde Cedrico havia dito estar seus pais e cada pedaço do seu corpo estremeceu naquele instante e sua garganta secou, suas mãos se fecharam trêmulas e seus olhos arderam e sentiu como se tivesse perdendo o chão. Acabara de avistar seus pais, a mãe de Luna muito próxima deles.

Naquele instante, ainda em choque, Harry saiu a correr por entre os bruxos, Luna ao seu calcanhar, desviando de pessoas que jamais vira na vida mas que o olhavam com surpresa e com largas expressões estranhas. Seu corpo pulsava de emoção quando estava se aproximando.

_Lilian! – um homem de cabelos negros curtos e despenteados com óculos exclamou e então Harry saltou daonde estava quando sua mãe se virou e quando percebeu estava envolto em um abraço com seus pais. As lágrimas caindo aos montes do seu rosto, o perfume do cabelo de sua mãe muito parecido com o de Gina e o jeito de Tiago o olhar malandro como o de Fred e Jorge.

_Mas... - Lilian gemeu, os olhos verdes aos prantos, ainda agarrada ao filho, depois de dezesseis anos estavam novamente juntos, estavam unidos como uma família e Harry pensou que abandonaria tudo, deixaria tudo que viera fazer só para jamais perder esse momento novamente – Harry! – Lilian exclamou e Tiago também estava aos prantos.

_Nós sabíamos que você viria – Tiago disse emocionado – Para fazer o que tem de fazer, muito, muito orgulho – e Harry correu a abraçar seu pai novamente, ele que fora sua inspiração no Quadribol, que fora sua fonte de consolo por muitos momentos difíceis, que fora seu guardião espiritual e sua força na fraqueza.

_Tudo vai dar certo – Lilian disse, Harry olhou para sua mãe, ela era realmente bonita, a bruxa que o dera a vida e o salvara, por todos esses anos das tentativas de Voldemort, a bruxa que o defendera, que o fortalecera durante todos os duelos contra as trevas, a bruxa que tanto o mundo da magia admirava.

_Harry! – a voz de Luna o chamou próximo e Harry se virou, Luna estava com sua mãe, uma bruxa alta, de longos cabelos louros lisos e olhos azuis grandes, ela parecia uma Veela, uma bruxa de beleza incrível.

Luna, naquele instante se virou, sua expressão meio assustada.
_Desculpa Harry, mas temos que fazer isso o mais rápido possível, o efeito da poção está correndo e se acabar você estará preso aqui para sempre.

_Eles podem vir conosco? – Harry perguntou.

_Ah sim – Luna falou e então ela deu a mão para sua mãe – Temos de ir rápido, é na caverna de Selwyn em que poderemos fazer isso.

_Segurem-se então – Tiago falou e então ele deu a mão para Harry que deu para sua mãe. Luna segurou a de Lilian e então eles rodopiaram por um instante, Harry viu tudo se dissolver em uma fusão de imagens e cores, como se estivesse viajando por uma chave do portal e então caiu em um lugar muito escuro. Seus pais, Luna e sua mãe mais ao lado.

_Aqui é muito perigoso – Lilian falou olhando para os lados com atenção – Temos de fazer isto logo.

Harry a olhou e então eles saíram a correr, Harry percebeu que eles pareciam estar dentro de uma torre alta e única, pelas janelas podia ver que lá fora tudo era muito escuro, só havia mar, eles estavam em uma alta torre em uma ilha perdida.

Chegando a uma escada circular começaram a descer, logo embaixo havia uma grande passagem para o mar, uma passagem em arco com duas chamas azuis no topo da cabeça de dois esqueletos que pareciam guardas. Harry sentiu o ar congelar rapidamente, como se dementadores estivessem se aproximando e então apanhou o espelho em um dos seus bolsos.

Tiago, que estava mais a frente, saltou dos últimos degraus para a passagem em arco na parede mergulhando e desaparecendo no mar. Lilian e a mãe de Luna fizeram o mesmo. Luna logo em seguida e então Harry, sentindo o frio piorar, algo que parecia só o atingir, também pulou.

Sentindo seu corpo inteiro se eletrocutar com a temperatura da água, seguiu seus pais, o espelho em sua mão brilhando muito agora.

_VAMOS – Tiago falou mais a frente e Harry, pela primeira vez percebeu que não sentia falta de ar ali, era como se estivesse usando o feitiço cabeça-de-bolha – NÃO SE AFASTEM! – ele disse quando Luna pareceu se distanciar.

Nadando por vários minutos rumo ao que parecia ser um lugar cada vez mais escuro, Harry passou por mais arcos debaixo da água, todos com caveiras com chamas azuis no topo dos crânios e então avistou uma grande luz vermelha vir de algum lugar em cima. Seus pais começaram a nadar na direção dela e a mãe de Luna puxou sua varinha, Luna fez o mesmo.

Harry, ainda com o espelho brilhante nas mãos seguiu mais atrás.

Quando ameaçou guardar o espelho percebeu que as caveiras no arco pareceram se morrer ameaçadoramente.

_Não faça isso! – a mãe de Luna falou – Mantenha o espelho em suas mãos – e então os pais de Harry saíram, Luna depois, a sua mãe e então Harry levou sua cabeça para fora da água, na direção da luz vermelha.

Estavam agora em uma caverna com várias caveiras cravadas nas paredes e com chamas vermelhas, bem ao centro, em uma ilhota, um grande cálice de madeira, com chamas vermelhas ao centro e dele vinha a luz que estava refletindo na água, pois eram chamas gigantescas.

Lilian e Tiago já produziam feitiços protegendo a ilhota e então Harry e Luna se juntaram a ele. A mãe de Luna produziu uns últimos feitiços e todos se aproximaram do cálice, rodeando-o, o frio das águas agora sendo dissolvido pelo calor das chamas.

_Coloque o espelho no fogo Harry – Tiago pediu e Harry o encarou por um instante. Levantando o Espelho de Dois Sentidos que Sirius o dera o jogou nas chamas e imediatamente elas se tornaram azuis assim como as do Cálice de Fogo. Diante de um momento de silêncio o fogo apagou com um silvo rápido e as caveiras nas paredes começaram a gritar.

_Estamos protegidos aqui – Lilian alertou, as caveiras agora saindo das paredes rumo a ilhota, as chamas em suas mãos – Elas querem apenas manter o cálice com as chamas, mas os feitiços as imperdirão.

No grande cálice agora havia surgido um líquido vermelho, tão vermelho como sangue.

_Toque Harry – Tiago lhe disse e Harry levou sua mão até o líquido, sentindo um grande puxão, viu as figuras dos seus pais desaparacerem e então caiu em um lugar escuro, completamente escuro, sem nenhum movimento, barulho ou sinal de luz.

Com um estampido forte algo despencou da escuridão e caiu como uma pedra no chão a sua frente, um pouco distante, uma criatura horrível e ferida, realmente machucada, estava debruçada e mutilada, com um líquido negro saindo de seu corpo, um líquido que se perdia na escuridão. Os guinchos dela eram ensurdecedores.

_Quem é você? – Harry perguntou não se aproximando, a criatura parecia extraordinariamente perigosa.

Com a pergunta, a criatura se calou e Harry viu que havia, em uma das suas mãos com apenas três dedos, um pedaço de varinha quebrado. Harry imediatamente levou sua mão a sua testa e percebeu que sua cicatriz não estava mais lá. E então percebeu que o que estava a sua frente era a Horcruxe de Voldemort aprisionada em sua alma, estava dentro da sua alma, frente a frente com a Horcruxe que deveria destruir.

_Mate-o... – uma voz disse em meio a escuridão e a criatura horrível se virou com uma movimento brusco e com um salto veloz atacou Harry agarrando-o o pescoço. Harry sentiu as mãos da criatura o queimarem a pele, ela guinchava de prazer enquanto tentava, com todas as suas forças, o sufocar. Harry tentou tatear a sua varinha no bolso, mas a criatura o impediu segurando sua mão. Sua pele estava queimando muito rápido agora e então a imagem de seus pais decepcionados lhe veio à mente e a criatura gritou, ela se afastou e Harry puxou sua varinha.

_LUMUS! – enunciou e um flashe de luz surgiu da sua varinha, mas não iluminou nada, pois tudo não passava de escuridão. O líquido da criatura caindo de seu corpo cada vez mais rápido agora.

_Mate-o... – a mesma voz de antes repetiu e a criatura em um salto desapareceu na escuridão. Atento a qualquer movimento, Harry viu algo se movendo as suas costas e imediatamente se virou:

_ESTUPEFAÇA! – seu jato vermelho disparou pelo ar e com um novo guincho ensurdecedor a criatura lhe voou na cabeça e lhe agarrou a testa. Harry sentiu sua cabeça estourar naquele momento e então algo estava voltando, estava adentrando seu corpo, a Horcruxe estava tentando voltar ao seu lugar de origem.

Harry caiu sem forças de joelho, a criatura agarrada a sua testa e tentando se desvencilhar, sua pele queimando completamente. Estava perdido em uma fusão de imagens agora, na noite de Halloween em que seus pais haviam sido mortos, quando se sentara no banco do Chapéu Seletor: “Está tudo aqui, em sua cabeça” ele lhe disse antes de lhe selecionar para Grifinória; Estava defronte a Voldemort na cabeça de Quirell, dentro da Câmara Secreta lutando contra Tom Riddle jovem, o diário sangrando; Acabara de descobrir que Sirius era seu padrinho, o corpo de Cedrico caiu morto e então dois raios vindos das varinhas gêmeas projetaram o Priori Incantatem e Harry fugiu, estava correndo pelo Departamento de Mistérios, na Câmara da Morte ouvindo vozes detrás do Véu, Sirius havia caído ali, estava sentindo uma dor na qual preferia morrer a passar, Voldemort estava dentro de seu corpo, Dumbledore o encarando com surpresa e medo. A figura que parecia um boneco de pano caindo de uma torre era o que parecia a queda de Dumbledore e então corria rumo aos seus pais, estava-os abraçando e com essa imagem, ambos reunidos novamente depois de dezesseis anos, Harry se levantou com uma força inesperada.

“Eles estão te esperando do lado de fora, eles contam com você” – uma voz gritou em sua mente e então a criatura se soltou da sua testa, Harry parecia ter se livrado de um peso enorme, odiando aquele pedaço de alma horrível que tentara o possuir, o envenenar, encarou com quase todo o ódio da sua vida e apontou sua varinha antes que ela pudesse se esconder novamente.

_CRUCIO! – a criatura se contorceu em meio a guinchos que inundaram os ouvidos de Harry e então ela caiu abatida, imobilizada, parecendo estar morta.
Harry sentiu seu corpo rodopiar e então voltou para a ilhota aonde estivera antes.

_Matou?! – Tiago lhe perguntou urgente e Harry acenou positivamente com a cabeça, estava se sentindo cansado agora, como se estivesse ficando mais fraco a cada segundo.

_Sua cicatriz está ai ainda – Luna disse em voz baixa.

_Imaginei que não fosse sair – a Sra.Lovegood disse sem surpresa.

_Você tem certeza de que matou o Horcruxe? – Lilian indagou de forma energética.

_Tenho – Harry falou olhando-a com a vista embaçada, estava ficando muito fraco, muito fraco mesmo – Mãe – acrescentou se sentindo melhor por isso.

_Temos de voltar então – Tiago falou – Os feitiços não durarão mais nenhum segundo – e quando Harry acenou positivamente com a cabeça, seu pai elevou sua varinha e Lilian pegou na sua mão, eles quebraram os feitiços e as caveiras dispararam para dentro da ilhota querendo os atacar. Lilian protegeu seu filho enquanto Tiago, a Sra.Lovegood e Luna duelavam. Harry mal podia sentir suas pernas agora.

Em meio as lutas velozes que aconteciam contra os esqueletos, Harry e Lilian pularam no mar e seguiram rumo aos arcos com as caveiras guardiãs, que agora estavam com suas chamas apagadas, como se quisessem, propositalmente deixar o mar mais escuro do que o normal.

Harry desviou um olhar para trás e viu a figura de seu pai e a Sra.Lovegood mergulhando, Luna mais ao lado.

_Você está muito fraco – Lilian murmurou preocupada – Não se preocupe com as caveiras, não nos atacarão se passarmos rápido...

Harry confiava plenamente em sua mãe, mais do que em qualquer bruxo que conhecera em toda sua vida.

E se sentido realmente muito fraco, sua visão começou a escurecer até que não conseguia avistar mais nada.


_Harry! – uma voz o chamou com inegável pressa e Harry abriu os olhos, estava de volta na área dos belos campos. Luna fora quem o chamava. – Temos que ir, o efeito da poção está acabando, temos de pagar o tributo para você ir embora.

Harry se levantou naquele instante, estivera deitado debaixo de uma grande árvore. Sua mãe lhe abraçou com pressa:

_Eu sei que nos veremos em breve. – e então seu pai também lhe abraçou.
_Confiamos em você. – Harry sorriu por um instante para eles.

_Vamos! – Luna falou o puxando pelo braço.

_Espere – Harry disse e então voltou para sua mãe, tinha de fazer essa pergunta.

_Diga querido – ela falou ansiosa.


_Porque no seu túmulo não havia a data de morte? – Lilian o olhou por um instante, não parecendo surpresa.

_Imagino que é porque os bruxos pensam que minha alma está viva enquanto você estiver vivo, é como se eu nunca tivesse morrido – Harry sorriu para ela e a abraçou em despedida.

Se sentindo decepcionado de ter de abandoná-los correu para as montanhas com Luna e então avistou Sirius correndo em sua direção, um largo sorriso no rosto.

_Harry, não...por favor, não podemos - Luna o suplicou e então Harry abraçou seu padrinho, ambos sorridentes.

_Eu sei que você tem que partir, em outra oportunidade lhe mostrarei os pais de Dumbledore, Kendra e Percival – e Sirius apontou para dois bruxos muito, muito distantes, no mesmo grupo falante aonde Harry vira Bathilda Bagshot – Agora vá e faça a coisa certa – Harry lhe deu um último abraço e então, saltando de dois em dois degraus pelas escadas, chegaram ao outro lado da montanha e Luna sacudiu sua varinha, eles rodopiaram no ar e então caíram no branco infinito. A figura dos bruxos das trevas distantes, parecendo muito sofríveis. Os pais de Snape não estavam mais ali agora.

_Você deve chegar ali Harry – Luna disse lhe mostrando o que parecia ser uma luz um pouco escura muito distante, o cão vai surgir a qualquer instante e eu farei o tributo da forma que aprendi na sala, você deve correr até lá e então saira do véu, se você perder a chance, jamais conseguira, entendeu? – Harry balançou sua cabeça positivamente e então, em meio a corrida, parou por um segundo, abraçou Luna e a olhou por um rápido instante enquanto voltavam a correr.

_Obrigado por tudo! – agradeceu; Luna não disse nada, apenas um dos brincos de rabanete lhe escaparam de uma das orelhas durante a corrida e então os olhos de Harry arderam muito quando todo o branco se tornou negro e a sua frente uma criatura gigantesca surgiu, um enorme cão de três cabeças rugindo ferozmente. Centenas e centenas de serpentes de fogo também surgiram por todos os lados agora, vultos perolados também, Harry percebeu que eles haviam entrado na área em que eram levados os bruxos das trevas e a luz que deveria atravessar estava logo atrás, mais seu corpo doía muito naquele lugar e sentia que não teria força para correr até lá quando precisasse.

_QUANDO EU DISSER TRÊS! – Luna avisou e então as serpentes de fogo avançaram prontas para dar o bote. Luna tirou o brinco de rabanete que restava da sua orelha e puxou de um dos seus bolsos, um saquinho vinho daonde retirou três Medalhões, os mesmos medalhões que pertenciam à Harry, Rony e Hermione. E agora Harry entendera tudo, o vulto acizentado que o atacara na última vez que estivera na Câmara da Morte e que apenas foi detido com o uso dos Medalhões era o cão, em sua extrema ganância, tentando atrair mais vítimas para dentro do véu, os Medalhões, as Relíquias Mortais eram os únicos objetos que poderiam lhe paralizar.

_HARRY! – Luna gritou pondo os três Medalhões e então Harry viu que uma luz estava a cercando agora, ela parecia assustada – UM...DOIS...TRÊS! – e então Harry sentiu que tudo acontecia lentamente, olhou uma última vez para Luna quando o cão avançou para atacá-los e ela, colocando os Medalhões, um a frente do outro ergue-os na altura da sua cabeça e os mostrou ao cão, a luz ao redor do seu corpo se tornou mais intensa e nenhuma serpente de fogo se aproximava mais, os vultos perolados sobrevoando os ares. O cão partiu pronto a lhe matar e então Harry sentiu que estava passando por barreiras e mais barreiras invisíveis, como se elas quisessem o impedir de passar, o tentando puxar de volta, mas Harry nunca fora um bruxo das trevas e isso não funcionaria com ele. Não com Luna o defendendo, pagando o tributo. Sentindo uma grande explosão às suas costas viu o cão rugir e então Luna partira, ela se sacrificara, pagara o tributo ao cão, o tributo ao véu. O cão, parecendo aturdido, se virou rugindo para Harry e então avistou a luz que Luna o dissera para seguir, saltando com as últimas forças que lhe restavam sentiu seu corpo queimar rapidamente, como se tivesse acabado de entrar um lugar muito quente e o cão rugiu ainda mais alto, mas já era tarde, ele não podia mais prender Harry, Luna fizera tudo certo, Harry estava voltando a Câmara da Morte, estava voltando a guerra que agora, nada o impedia de terminar.

Sentindo o calor ser deixado para trás, foi passando por um túnel escuro até sentir o véu sujo e esfarrapado bater em seu rosto e então foi jogado para fora do poço, caindo no chão de pedra da Câmara da Morte, três bruxos vieram correndo para ajudá-lo, não os reconheceu naquele momento, sua cicatriz ardia muito e não tinha forças nem ao menos para se levantar, agora era tudo ou nada. Luna se fora.

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