O cerco das trevas

O cerco das trevas



Urros e grunhidos ecoavam no ar. A marcha soturna se aproximava. Rony Weasley ainda não planejara como enfrentar a ameaça que desconhecia. Hermione podia ter lhe explicado o que eram orcs. Mas como vencê-los era outra história. Quanto tempo tinha se passado desde que deixara o castelo? Devia ser quase meia hora, porém parecia muito mais. “Droga! Não consigo raciocinar direito. Tenho de armar uma defesa”, resmungou. Tinha consciência que sozinho não poderia fazer muita coisa contra uma horda. O som estava aumentando. As pisadas das criaturas martelavam o solo, fazendo vibrar a folhagem que forrava o chão. O rapaz teve a idéia de usá-las para criar uma cortina de folhas que atrapalharia a visão dos inimigos. Teria apenas de recorrer a um contra-feitiço sobre ele para poder se movimentar sem problemas. E, escondido assim, poderia atacar melhor.

O primeiro orc a surgir, no entanto, não lhe deu tempo de aplicar o plano. A criatura saltou do meio da escuridão e se colocou diante dele. Era um batedor e estava armado com um machado.

- Sinto cheiro de carne fresca – disse numa voz arrastada e com os olhos brilhantes.

E tentou golpear o rapaz, que girou o corpo para o lado, escapando por pouco do machado.

- E eu sinto cheiro de algo podre – respondeu Rony, assim que se recuperou do susto. Não imaginava que eles falassem sua língua. Ouvia perfeitamente que os outros orcs estavam muito perto. Mas estes se comunicavam numa fala incompreensível. A mensagem, porém, era clara. Logo estariam ali. Tinha de ser rápido antes que o batedor o denunciasse.

- Não se preocupe, garoto. Você não vai reclamar mais do cheiro. Arranco seu nariz agora mesmo – e desferiu outro golpe, desta vez com precisão.

- Protego!

A machadada encontrou uma sólida e invisível barreira no ar. O orc recuou um passo e Rony sentiu que o braço vibrara desagradavelmente com o impacto. “Por Merlin, esses bichos são fortes como o diabo! Não vai dar para enfrentar um a um.”

- É isso que você chama de magia, garoto. No tempo em que os orcs andavam sobre a terra existiam verdadeiros magos e não coisinhas como você – desdenhou a criatura, andando em torno do rapaz.

- Eu não sou grande coisa mesmo. Ainda tenho muito a aprender – debochou. – Mas enquanto isso vou praticando. Estupefaça!

O feitiço de Rony atingiu o orc em cheio e o batedor caiu por terra. Com a varinha fez o machado voar longe. Não queria deixar uma arma disponível para quem viesse em seguida. “Menos um”. Mal concluíra o movimento, a criatura subitamente pulou sobre ele. Despertara e estava apertando seu pescoço.

- Vou acabar com você, garoto. Você é um bruxo muito fraco para um orc! – grunhiu perto dos ouvidos de Rony, que se nauseou com o odor de carniça vindo do batedor.

Por alguns segundos, o rapaz lutou para libertar o pescoço. Já estava quase sem ar quando se lembrou de algo simples. Vira Dumbledore e Voldemort desaparatarem na campina. Isso só podia significar que estavam numa área em que a magia de Hogwarts não exercia mais influência. Desaparatou no instante em que parecia que seus olhos saltariam do rosto tamanha a pressão exercida pelo orc. Surgiu a alguns metros de distância, mas numa posição ainda visível para o inimigo. Não havia tempo para recuperar o ar. Disparou a azaração preferida de Gina. E com ela rebateu o orc violentamente contra uma árvore. O bicho bateu a cabeça com estrondo e apagou de vez.

- Incarcerous! – bradou para ter certeza de que o inimigo não voltaria a se levantar. Só então esfregou o pescoço dolorido e onde já se destacavam manchas arroxeadas. “Vou ter de ficar mais esperto”, gemeu de dor, pensando em como seria bom contar com a ajuda de Madame Pomfrey naquele momento.

Mas não houve mais espaço para lamentações. Uma fileira de orcs surgiu diante de seus olhos. As criaturas o observaram primeiro com surpresa, depois com um brilho malévolo. Assim que elas avançaram em sua direção, Rony fez com que a cortina de folhas se erguesse, cobrindo-o do ataque inimigo. Uma enxurrada de flechas cortou o ar procurando atingi-lo, mas o rapaz, protegido pelo feitiço, deslocou-se rapidamente pela floresta e disparou azarações a torto e a direito nos flancos da fileira. Ouviu gritos e imprecações. À medida que encontrava os inimigos abatidos, acionava cordas para prendê-los. Era o único jeito de garantir que eles não se levantariam. Alguns orcs desmaiavam com um único disparo da varinha. Outros, no entanto, eram tão resistentes quanto o batedor. Caíam, entretanto se erguiam depois de breves segundos, recuperados. “Preciso fazer algo mais impactante”, pensou o ruivo enquanto desviou de um tridente arremessado às cegas. Sentia que estava estragando a festa, porém ao mesmo tempo notava que outras fileiras surgiam e contornavam a cortina de folhas para se dirigir ao castelo. Captou no ar uma frase de alguém que parecia ser o comandante das hordas.

- Seja quem for você, não vai nos impedir de continuar. A sua cortina não vai te proteger do bewolf – e riu desdenhoso, afastando-se do emaranhado de folhas voadoras que confundia a visão dos orcs.

Rony tentou estuporar o líder dos invasores, mas errou a mira. As folhas também prejudicavam sua pontaria, embora não atrapalhassem suas deslocações. “O que raios será bewolf?”, intrigou-se. Zarkis, o dono da voz desdenhosa, ordenou numa língua incompreensível que o pequeno exército tomasse outro caminho, deixando a primeira fileira caçando o bruxo. O ruivo, por sua vez, continuou disparando as azarações sobre os inimigos, que fechavam cada vez mais o cerco, obrigando o rapaz a correr de um lado para o outro. Estava ficando difícil escapar dos ataques. Protegia-se o máximo que podia, porém imaginava que não tardaria a ser atingido.

- Sinto cheiro de carne fresca – tripudiou um dos orcs com a mesma voz áspera do batedor.

- Eu já ouvi isso antes. Como vocês são repetitivos - respondeu com maus modos.

E então sentiu um rasgo no ombro esquerdo. Por causa da dor, curvou-se para frente e isso o salvou de um segundo golpe. Uma espada grosseira e disforme, porém afiada, cortou o ar sem nem mesmo arranhá-lo. Rony entendeu que denunciara sua posição ao falar em voz alta.

- Eu sei que o atingi. O chefe terá de me dar um prêmio – grunhiu o atacante, desferindo outros golpes contra as folhas voadoras, sem sucesso.

Rony se arrastava pelo chão, buscando se afastar do perigo. O sangue escorria por suas vestes. E a ferida ardia como se fosse fogo. Sua vontade era gritar, mas não podia nem sequer gemer para não se revelar. O orc estava muito perto. Podia ver sua sombra gigante e o mau cheiro atingia suas narinas. Outros contornos começaram a se desenhar ao redor dele. “Eles vão me descobrir”, pensou desesperado. “Hermione, o que eu faço?”, perguntou-se. Como um flash, veio a sua mente o dia em que a garota imobilizara os diabretes da Cornualha numa longínqua aula de Defesa Contra a Arte das Trevas. “Ainda bem que Lockhart não conseguiu apagar minha memória”, rejubilou-se, fazendo força para ficar de pé num salto rápido. Juntou toda a energia que possuía. Teria de ser preciso. Apontou o braço direito em direção às sombras e bradou:

- Imobilus!

Com satisfação, viu os orcs caírem totalmente imobilizados. Não podiam falar, mas os olhos estavam saltados nas órbitas, mostrando quanto estavam espantados de terem sido pegos. Havia 20 deles espalhados pelo chão. Rony soltou um suspiro de alívio, executou os feitiços de amarração e em seguida apontou a varinha para a ferida. O talho era grande e foi coberto com um tampão que o rapaz havia conjurado. “Pelo menos, paro de sangrar”, imaginou. O curativo não era muito bom e o corte lhe causava dor. Só que o ruivo tinha de prosseguir se quisesse atrapalhar os planos de Voldemort. Para reunir todos os inimigos que aprisionara, arriscou-se a abaixar a cortina de folhas. O olhar dos orcs imobilizados se transformou. Havia muita raiva neles, porém nada podiam fazer. Com dois piparotes da varinha, os prisioneiros foram reagrupados junto a dois enormes eucaliptos. Tarefa cumprida, o jovem Weasley correu atrás das marcas de pisadas deixadas pelas hordas. Tinha percorrido apenas três metros quando a seus ouvidos chegou um rosnar alto. Parou instantaneamente e girou a cabeça para todos os lados. A escuridão atrapalhava a visão. O rosnar se repetiu e estava mais perto dele. Não teve dúvidas. Seria atacado de qualquer jeito. Melhor, portanto, encarar o inimigo.

- Lumus!

A luz da varinha revelou do seu lado esquerdo um animal do tamanho de um rinoceronte. Parecia um lobo gigantesco, mas suas costas estavam cobertas por uma pele com grossas placas, como se fosse a de um crocodilo. A estranha camada de couro se estendia do alto da cabeça até a ponta do rabo. E sobre o crânio havia uma espécie de elmo com uma grossa e pequena lança em forma de chifre. Um adereço perfeito para destrinchar quem estivesse a sua frente.

- Que bicho horrível você é? – deixou escapar.

- Rapazinho, assim você vai magoar este bewolf – riu um orc que estava sobre o pescoço do animal e que Rony não notara. – Temos outros no exército de Zarkis. Pobrezinhos! Passaram tantos séculos dormindo e agora estão com uma fome de lobo. Tsc, tsc. Pena que você para ele só serve para despertar ainda mais o apetite.

O bewolf soltou um rugido que reverberou pela floresta. Arreganhou a bocarra exibindo presas poderosas e imensas.

- Cachorrinho bonitinho... – soltou Rony, recordando-se que não costumava ter sorte com canídeos. E voltou a erguer a cortina de folhas enquanto caminhava rapidamente para longe da besta.

Já encoberto pela folhagem voadora, escutou uma gargalhada do orc. Rony estava tenso. Sentia o coração batendo acelerado. Andava sorrateiramente para trás, em busca de algum refúgio. Tinha posto uma boa distância de separação. Não o suficiente, porém. O bewolf abaixou-se como se estivesse preparado para saltar. Rosnou outra vez. E com apenas um pulo ficou a centímetros do rapaz. O bafo quente atingia o rosto do bruxo.

- Rapazinho, não adianta se camuflar. O bewolf não precisa te enxergar. Ele tem um faro capaz de te localizar tão facilmente como se você tivesse mergulhado numa tina de peixe podre. E agora estamos tão perto que até eu consigo captar o seu cheiro. Cheiro de sangue. Você está ferido, coitadinho – gargalhou outra vez.

Instintivamente, Rony colocou a mão sobre a ferida. E soltou um palavrão. Tinha voltado a sangrar. O curativo estava empapado. O orc gritou algo para o animal e o bewolf deu um bote que o bruxo conseguiu repelir com Protego. A extraordinária criatura recuou um pouco, mas voltou a investir com outras tentativas de morder o rapaz. Rony usou o feitiço durante todos os ataques, mas era sempre empurrado para trás devido à força do bicho. O orc utilizava um chicote tanto contra o animal quanto contra ele. Duas vezes, sentiu o açoite sobre suas costas. Na última, tropeçou na raiz de uma árvore e foi direto para o chão. Teve tempo apenas de rolar para o lado antes do bewolf arrancar um pedaço da raiz com uma mordida feroz. Levantou-se e tentou correr, mas com uma patada o bicho o arremessou de volta para o solo. “Vou ser estraçalhado a menos que...” e desaparatou no exato instante em que a criatura buscou abocanhá-lo pela cabeça. As folhas continuaram dançando no ar, como se estivessem confusas.





*****




Hermione corria pela floresta o mais rápido que podia. A ida parecia mais fácil do que a volta. Deviam ter andado quilômetros pela mata. Não se importava com os ruídos dos animais noturnos. Naquele momento, o único medo que a tomava era não chegar a tempo de ajudar a defender o castelo. Ouviu o som de uma ave ganhando altura. Depois escutou cascos em disparada. Cervos? “Ou centauros?”, pensou num minuto em que parou para recuperar o fôlego. Já devia estar bem perto de Hogwarts. O peito arfava. Os cabelos estavam completamente desalinhados. Gotas de suor cobriam sua testa.

- Ora, ora, o que encontramos aqui, meu velho Akrip?

A garota ergueu a cabeça num átimo. Seu queixo caiu ao identificar dois orcs armados com garrotes.

- Quem são vocês? – gritou assustada.

- Dois batedores, queridinha. Hum, Gosmiliath, ela tem a pele tenra. Bem tenra.

- Não se aproximem de mim – disse, apontando a varinha para os dois.

Eles riram.

- Se você for boazinha, prometemos que você terá uma morte rápida – respondeu Akrip. – Gosmiliath tem uma boa mão e se der um belo golpe...

Hermione berrou Expelliarmus, mas estava tão nervosa que atingiu a árvore e não o orc. Akrip lançou uma rede que estava escondida na outra mão e prendeu a varinha da garota. Com um gesto violento, puxou a rede e fez com que a bruxa soltasse a varinha. Ela retrocedeu e na seqüência correu na direção oposta a dos inimigos. O problema é que foi detida no mesmo minuto. Sem enxergar direito por causa do escuro, debateu-se entre gritos até que ouviu uma voz conhecida.

- Quieta!

Draco Malfoy segurou os braços da garota com firmeza e encarou os dois orcs que brandiam os garrotes. À vista do emblema de Comensal, eles pararam.

- Não gostamos de interferência em nosso trabalho – sibilou Gosmiliath.

- Vocês reconhecem este símbolo, não reconhecem?! Acredito que saibam também que os Comensais da Morte estão no comando.

- Não vamos obedecer fedelho algum – rosnou Gosmiliath voltando a erguer o garrote.

O rapaz tremeu e isso não passou despercebido por Hermione, que tentava se desvencilhar.

- Draco Malfoy, juro que você vai me pagar por isso! – disse, desferindo um pontapé no apanhador da Sonserina, que disfarçou a dor.

Ao ouvir o nome, Gosmiliath hesitou. Akrip semicerrou os olhos, aproximando-se. O rapaz se deu conta de que os orcs reconheciam o status de seu pai. Apontou a varinha para a testa de Hermione e a mandou se comportar para não se arrepender. A garota obedeceu porque sabia que estava em desvantagem e porque precisava planejar um meio de fugir.

- Sou filho de Lúcio Malfoy e vou levar esta prisioneira para o Lorde das Trevas.

- Ninguém nos pediu para fazer prisioneiros. Temos ordem de pegar apenas Harry Potter. Com o resto, a gente pode fazer o que quiser – resmungou Akrip, obrigando com a mão o companheiro a abaixar a arma.

- Os Comensais têm ordens diferentes. E eu vou levar esta mocinha comigo. Se vocês não gostam de interferências, o Lorde gosta menos ainda. Agora, sigam seu caminho. Que eu farei o meu.

Os batedores arregaçaram os beiços, mostrando caninos luzidios. Estavam irritados, mas cederam. Assim que deram as costas, foram atacados por Draco, que recorreu ao feitiço de estuporar. Péssima escolha. Akrip sucumbiu à magia, porém Gosmiliath resistiu e arremessou o garrote contra o rapaz. Draco usou Protego e a arma voltou-se conta seu dono. O orc se abaixou para não ser atingido e, furioso, correu contra o bruxo, agarrando-o pelo pescoço. Gosmiliath teria quebrado os ossos do sonserino caso Hermione não tivesse recuperado a varinha.

- Imobilus! – berrou.

O orc não se mexeu mais, no entanto, foi necessário um grande esforço de Draco para se safar das garras do orc. Assim que se viu livre, empurrou a criatura para longe dele, virou para o lado e vomitou. Estava branco. Com a voz trêmula, confessou que tinha se esquecido o que seu pai lhe contara a respeito de orcs.

- Alguns deles resistem a feitiços de estuporação e nenhum agüenta magia imobilizadora.

- Isso porque feitiços imobilizadores travam os comandos do cérebro, enquanto que estuporar equivale a uma pancada. Forte e pesada, mas se até o Hagrid suporta isso, o que se dirá de orcs? – ensinou Hermione, mantendo a varinha apontada para o rapaz. – Diga-me o que você está fazendo aqui.

- Estou voltando para Hogwarts para avisar que os orcs estão chegando e que tem um balrog a caminho.

- E o que você faz usando a marca de Você-Sabe-Quem?

- Isso foi para me proteger. E você viu que deu certo. Eu te salvei dos orcs.

- Essa marca mostra que você é um Comensal. Que você é aliado do nosso maior inimigo!

- Eu não estou do lado deles. E te aconselho a parar com essa palhaçada senão essas criaturas que você falou vão aparecer e a McGonagall vai ser pega de surpresa. Se a gente demorar, adeus Hogwarts.

- Não dá para confiar em você!

- Bom, eu estou atendendo a um pedido daquela que ficou no grupo por causa da decisão do Snape.

- Como?

- Eu sei lá o que isso significa, mas foi isso que a Gina pediu que eu falasse para a McGonagall. Eu achei que aquela velha não acreditaria em mim.

- Não seja mal educado. Ela é uma mulher de respeito – respondeu, abaixando a varinha. – Mas como é que a Gina...

- Eu a encontrei na floresta. Ela seguiu os professores. E você, o que está fazendo aqui fora?

- Não te interessa.

- Que simpatia! – debochou. – E antes que me pergunte eu fui até a campina encontrar o meu pai. Ele tinha me chamado e me deu essa roupa para me proteger.

- É melhor contar sua história dentro do castelo. Vamos!

Hermione ainda não se sentia confortável, porém confiava no recado de Gina. Por algum motivo - imaginava a monitora-chefe -, a ruiva revelara a Draco algo que apenas os membros da Ordem da Fênix sabiam. “Esse peste jamais descobriria isso por outros meios, senão fosse por ela”, calculou. O sonserino amarrou os orcs e apontou Hogwarts com a cabeça. Tinham de se apressar.

- Quando a gente bater no portão, trate de tirar esses vestes e esse emblema nojento. Ninguém vai suportar ver isso aí – bronqueou a garota que voltou a correr, desta vez acompanhada de Draco.





*****




Ao aparatar no alto de uma árvore, Rony buscou recuperar um pouco das forças. Pelo efeito da magia, as folhas ergueram-se do solo rapidamente para cobri-lo. Os galhos também se curvaram para resguardá-lo dos olhos inimigos. O rapaz matutava um jeito de vencer o bewolf. Protegido pelo feitiço da cortina verde, disparou uma sucessão de azarações sobre o bicho. O grosso couro, no entanto, se mostrava um bloqueio muito eficiente porque ele não se abalou. “Maldição!”, praguejou, abalado com o insucesso. O condutor da besta vociferou em resposta:

- Pegue logo esse sujeitinho. Ele já me cansou.

Rony sentia que a situação piorava para o seu lado e se prometia prestar mais atenção aos feitiços de transfiguração. “Se eu pudesse transformar esse monstrengo num coelhinho...”, lastimou-se, enquanto via que o bewolf avançava rumo à árvore onde estava, erguendo as patas pesadas sobre o tronco. O impacto foi tão forte que o rapaz perdeu o equilíbrio. A queda foi inevitável. As folhas seguiram o trajeto do ruivo entre o galho e o chão. Ele deu um gemido de dor. O ombro ferido ardia violentamente e agora parecia também estar fora do lugar. Conjurou outro curativo para o corte. E o bicho se abaixou com agilidade para mordê-lo. Desaparatou mais uma vez e se colocou às costas do animal. Precisava ser rápido. Suspendeu o feitiço de cortina de folhas. Elas não estavam ajudando mais diante daquela situação. E o rapaz pensava em algo mais. “Se eu apagar o orc, talvez o bichão esqueça de mim e vá embora.”

Assim que a folhagem voltou ao normal, Rony se concentrou sobre o orc, completamente visível e prateado pelo brilho da lua. O bewolf já tinha se virado em sua direção. Seu olfato não falhava.

- Ah, você está aí. Desistiu da sua magiquinha? – perguntou o orc, com sarcasmo.

Rony respondeu com um movimento ligeiro da varinha.

- Estupefaça!

O orc caiu de borco sobre a terra, completamente inerte. “Tô melhorando a potência”, comemorou o rapaz em silêncio. Por um minuto, o bewolf ficou parado, indeciso a respeito do que fazer. Não estava mais sob o domínio da criatura das trevas que o fustigava com o chicote. Podia ir para onde quisesse. Mas o animal voltou a arreganhar as poderosas mandíbulas e rosnou alto.

- Não vai mesmo sossegar, hein, bichão?! – comentou o bruxo, procurando dar um tom seguro à voz, embora soubesse que o medo estava ali, instalado em seu corpo.

O animal passou a rodeá-lo, ameaçador. Coração acelerado, Rony manteve o olhar fixo sobre ele. Não podia se deixar surpreender. Nuvens abriram no céu e a lua cheia brilhou com intensidade. O bicho parou um instante e emitiu um longo uivo, como se anunciasse o início do fim. O bruxo quis se aproveitar do momento e jogou depressa Imobilus sobre a criatura. Mas o bewolf apenas abaixou a cabeça e o feitiço não o paralisou. A couraça era impenetrável. Foi a vez de a besta atacar. Tensionou as patas para saltar sobre o bruxo e deu o impulso. A terra sofreu um estranho abalo, causando espanto a Rony. Porém ele não tinha tempo a perder. “Desaparatando”, pensou, focando sua atenção na magia. Nada aconteceu, porém. Horrorizado com a falha, o jovem Weasley teve de mudar de tática numa fração de segundo.

- Protego! – gritou quando o animal estava quase em cima dele.

Foi derrubado no mesmo instante. O bewolf dava uma dentada atrás da outra e Rony não podia se descuidar, recorrendo sem parar ao feitiço. “Por que não consegui desaparatar? Será que já atingi os limites do castelo?”, perguntava-se agoniado.

- Ai, que droga!

Gritara porque o animal o prendera à terra com as patas e uma das garras penetrara na coxa direita. Desesperado, apontou a varinha para a pata e berrou Impedimenta. Por um instante, o bicho recuou, como se houvesse levado um pequeno choque. Sem entender, Rony viu que a criatura saiu de cima dele e se afastou alguns passos para lamber a região atingida pelo feitiço. “Talvez ele seja mais sensível a essa magia”, pensou enquanto se erguia com dor. Não desejou se arriscar mais e também retrocedeu. Quanto mais distância do bewolf, melhor.

- Boa coisa não posso esperar de você – falou com certa dificuldade, sentindo pequenas agulhadas nas pernas, sinal do sangue voltando a circular direito depois de ter ficado preso sob as patas daquela imensa criatura.

A besta fez o mesmo, girando o corpo para um dos lados, como se fosse seguir a trilha deixada pelos orcs. O rapaz soltou um curto suspiro de alívio. “Está indo embora.” O animal, entretanto, estacou e moveu um dos olhos para o rosto do bruxo. A lua clara iluminou as pupilas que tinham uma expressão assustadora. E então o monstrou semicerrou as pálpebras e jogou a pesada cauda sobre o rapaz, pegando Rony em cheio. A rabada o arremessou longe e ele se chocou fortemente contra uma pedra de tamanho considerável. Por pouco não perdeu os sentidos. Sentou-se debilmente.

- Cachorrinho traidor – murmurou, com a boca sangrando.

O incômodo no ombro e na perna não eram nada perto do que sentia nas costelas. Respirar era doloroso. Mover-se, um sacrifício. Até mesmo pensar se convertera num suplício. “Seria tão bom deitar e dormir”, imaginou o bruxo vendo o bewolf se aproximar confiante de que a fatura estava liquidada. Quando ele já estava bem perto, simplesmente projetou a cabeça sobre o bruxo pronto a engoli-lo de uma vez, a baba escorrendo das mandíbulas. “Acabou...” Trêmulo e ainda confuso devido ao golpe, Rony calculou que não adiantaria, mas decidiu usar mais uma azaração contra seu algoz, mirando a parte inferior do focinho do animal. Disparou o feitiço com a pouca energia que lhe restava.

O urro do animal mostrou que Rony estava enganado. Ainda havia chance de vencer. A besta foi arremessada para trás, não o suficiente para que o bruxo se considerasse livre do perigo. O rapaz procurou desaparatar. De novo, a magia falhara. Com esforço, ficou de pé e executou uma série de feitiços.

- Impedimenta! Imobilus! Petrificus Totalus!

O bewolf, no entanto, movimentada o pesado corpo para ficar protegido sob a couraça. Abaixou a cabeça e lançou-se soturnamente contra o bruxo, com o chifre do elmo apontado em sua direção. Os feitiços e azarações não agiam. Rony correu para o lado, mas o animal saiu em sua perseguição. Não havia jeito de fazê-lo sucumbir à magia naquela posição. Para o rapaz só restava fugir. As dores no corpo, no entanto, o impediam de avançar muito. Estava muito fraco. De repente, viu luzes surgirem de uma parte da floresta. Eles vinham em alta velocidade. Mais inimigos? Desesperou-se. Não voltaria a ver Hogwarts. Não voltaria a ver sua família, nem Harry, nem Hermione. E ele nem dissera o quanto gostava dela! As luzes estavam muito perto e as nuvens cobriram a lua mais uma vez. Seu fim aconteceria no negrume da noite. O bewolf já estava tão perto que não haveria escapatória. Restavam-lhe apenas mais alguns passos, exceto se ocorresse algum milagre. Corria o quanto podia, mas não agüentava mais. E as luzes mudaram de direção e acertaram um alvo maior: o bewolf. Um estrondo forte se ouviu na floresta. Sem fôlego e com dor, Rony parou para olhar o que tinha acontecido. Quase gritou de alegria ao se dar conta do ocorrido. Lá estava o velho Ford Anglia de seu pai. O carro atingira a lateral do bicho, que tombara e arrastara com ele alguns árvores.

- Que bela porrada! – disse numa voz curta e cansada.

Os faróis do automóvel iluminavam bem a criatura, revelando o quanto ela lutava para ficar de pé. Era uma batalha desesperada. “Essa couraça tem de ser muito pesada para te proteger, não é, bichão?”, pensou, aproximando-se do carro para dar-lhe um afago na estrutura metálica e coberta de folhas e cipós. E uma idéia veio a sua mente. Tinha imaginado entrar no Ford Anglia e fugir do bewolf até perceber que, sim, o monstro era vulnerável. Andando tropegamente, se colocou de frente para o animal que balançava o corpo de um lado para o outro, tentando se erguer. Rony mirou a barriga peluda da besta e apontou a varinha.

- Estupefaça!

Imediatamente, o bewolf perdeu os sentidos. Soltou um grito. “A couraça protege esse monstrengo, exceto nas áreas que não têm as placas. Claro! O feitiço tem de vir de baixo para cima”, berrou para o carro, compartilhando com o automóvel a descoberta. “Ou de cima para baixo se alguém ou algo conseguir virar o bichão, não é, meu velho”, disse, entrando no Ford Anglia e assumindo a direção. Rony podia agora correr de verdade e ajudar a proteger Hogwarts.





*****




Depois de ter despachado Pansy Parkinson de volta à ala da Sonserina, Minerva McGonagall circulou pelo castelo, dando ordens aos professores e monitores. Estava de novo no salão principal quando pancadas secas se ouviram contra o portão do castelo. As batidas ecoaram pelo espaço vazio e o ruído fez com que Madame Norrra arrepiasse o pêlo das costas. Filch correu até uma janela maldizendo a criatura que ousasse entrar em Hogwarts. A professora se colocou diante da porta.

- Onde estão os outros professores que não estão vigilantes? – disse, irritada, lembrando-se que dera a missão de cuidar da frente de Hogwarts à Madame Sprout.

Filch soltou um palavrão.

- São os fujões, professora McGonagall. Ou melhor, são dois deles. Os outros já devem estar mortos.

- Quem?

E ouviu os gritos de Hermione Granger. Pedia que abrissem o portão para ela e para Draco Malfoy. McGonagall soltou os ombros, aliviada.

- Deixe-os entrar, Argo.

- De jeito nenhum, professora. Como vamos saber se eles não são Comensais disfarçados? – resmungou armando o arco que trouxera.

- Somos nós. Por favor, precisamos entrar. Hogwarts vai ser atacada por criaturas do mundo antigo – gritou Hermione mais uma vez, esmurrando o portão.

McGonagall não esperou mais. Ergueu as mãos e com varinha fez o portão se abrir imediatamente, dando passagem a Hermione e Draco. Filch manteve uma flecha apontada para os estudantes. Salivava. A professora ordenou que abaixasse a arma, fazendo com que o zelador murmurasse impropérios num tom quase inaudível.

- Senhorita Granger, eu não sei o que deu na cabeça de vocês...

- Professora, não há tempo para muitas explicações. O que posso dizer é que seguimos os professores na floresta e fomos até uma campina onde vimos Você-Sabe-Quem e seus Comensais abrirem um portal para que um exército de orcs marchem até aqui...

- Orcs? Mas orcs não existem mais.

- Eles devem ter descoberto a passagem para Nephasta – disse Hermione num fio de voz.

- E eu garanto que os orcs estão bem vivos – emendou Draco, ainda pálido.

- Eu entendo muito pouco das criaturas do mundo antigo. Talvez Flitwick tenha mais informações.

- Espero que ele tenha muito mais informações – gemeu a garota. – É que tem algo ainda pior vindo para cá. A senhora sabe como deter um balrog?

A mestra de Transfigurações a olhou terrificada. E outra voz se manifestou num tom aéreo.

- Um balrog! Minha bola de cristal estava me avisando do perigo negro. Eu sabia, eu sabia – disse Sibila Trelawney carregando a bola e surgindo ao lado de Madame Sprout que, por sua vez, explicou-se rapidamente com a diretora da Grifinória. Tinha ido avisá-la e por isso se afastara um minutinho da frente do castelo. Irritada, McGonagall voltou sua atenção para a ex-professora de Adivinhação.

- Importa-se, Sibila, de nos dizer o que devemos fazer para nos defender desse demônio? – perguntou com desdém.

- Não há nada a ser feito. Ele é imbatível. Temos de fugir.

- Fique aqui, então, e monte num pergaminho as rotas de fugas para todos. Quero alternativas para cada professor e aluno. Certamente, sua bola nos ajudará muito. Madame Sprout, espero que exerça com mais cuidado sua função de vigilância. Já sabe do perigo que corremos. Filch, alerte os alunos a se encontrarem no salão principal dentro de cinco minutos. Todos deverão defender Hogwarts. Isso, claro, até a hora em que tivermos o plano de fuga pronto. Certo, Sibila? – e saiu, puxando Hermione e Draco pelo braço.

- A senhora tirou a Trelawney do caminho, não é? – interrompeu Draco.

- Professora Trelawney, rapaz. E isso me lembra que o senhor me deve explicações. Que história é essa de estar em contato contínuo com seu pai? – perguntou numa voz severa.

- Bom, ele é meu pai. A gente sempre teve contato antes e eu não sei por que deixaria de ter.

- Porque ele é um Comensal e um foragido de Azkaban. Não brinque comigo, senhor Malfoy – respondeu aborrecida.

McGonagall os conduzira até sua sala. Estava muito preocupada, porém não devia transparecer seu estado para os alunos. Conteve as emoções.

- Não estou brincando. Err, meu pai me chamou, me convocou para um encontro com ele na floresta. Mas eu não sabia que haveria...outros... ahn... Comensais – afirmou hesitante.

- Não tenho certeza se posso confiar em você – interrompeu a mestra.

- Gina confiou, professora – sussurrou Hermione.

- Sim, ela me pediu para avisar das criaturas e disse que eu estava atendendo um pedido daquela que... como é mesmo? Ah, sim, que ficou no grupo por causa do Snape.

- Professor Snape – corrigiu McGonagall, olhando preocupada para Hermione, como se a consultasse se devia aceitar as explicações do rapaz. A garota fez um sinal de que não tinha idéia. – Muito bem, senhor Malfoy. Vou te dar um crédito de confiança, apesar de ter escapado durante a noite para se encontrar com um Comensal. Mas vou confiscar sua varinha por ora. Não tem permissão de deixar o castelo e a senhorita Granger ficará encarregada de vigiá-lo. O senhor não poderá sair do lado dela!

Hermione se agitou.

- Eu? Ao lado dele? Eu não quero. Quero voltar com um grupo de aurores para resgatar o Rony – disse apressada.

- Os aurores ainda não chegaram. E eu não sei qual o motivo para esse atraso. Não podemos efetuar qualquer resgate. Temos de nos concentrar na defesa de Hogwarts! – decretou.

- Mas Rony está na floresta, no meio dos orcs! – observou desesperada.

- E também estão os professores Dumbledore, Snape, Hagrid, McKinley. Junto também com Harry e Gina, pelo que me lembro – retrucou, fazendo com que a garota ficasse rubra por ter só falado em Rony. – Senhorita Granger, compreendo perfeitamente sua aflição. É a minha também. Mas enquanto não recebermos reforços, não há nada que podemos fazer. Exceto torcer pelo melhor.





*****




Tonks estava sentada no sofá da sala, tomando a derradeira xícara de chá. Pretendia cair rapidinho na cama tão cansada estava. As semanas vinham se arrastando e os aurores andavam aborrecidos com a falta de ação. Bem que ela gostaria de ter sido mandada conter um ataque de dementadores na Irlanda, como acontecera recentemente. Mas o ministério entregara a missão para outros. É verdade que nunca enfrentara antes um dementador. Nem tinha muita certeza se o seu patrono seria eficaz. Só que em grupo tudo se resolve.

- Pare de bater o pé desse jeito, menina. Não é elegante.

A auror engasgou com o chá. Esquecera que agora estava com o retrato de Nigellus em sua casa. Tinham tirado a imagem da antiga casa de Sirius Black para que o antigo diretor de Hogwarts pudesse manter um canal de comunicação entre os membros da Ordem da Fênix. Mais um canal, obviamente.

- Vamos combinar que da próxima vez que o senhor quiser falar comigo vai começar dando boa noite.

- O professor Dumbledore me pediu...

- Ó, senhor Nigellus, que surpresa! Boa noite – interrompeu Tonks, insistindo no cumprimento.

- Não perca tempo com bobagens. A marca de Você-Sabe-Quem está brilhando intensamente no braço do professor Snape!

- O quê?

- É isso que você ouviu. Ele está muito perto do castelo e está convocando os Comensais.

- Quando isso começou?

- Faz pouco. Severo procurou o diretor e juntos decidiram investigar no local o que está sendo tramado. Dumbledore acabou de deixar Hogwarts e ele está acompanhado também daquele velho maluco...

- O professor Flitwick?????!!!!!

- Não, por Merlin! Você é sempre assim tão atrapalhada?! Estou me referindo ao escocês que já foi auror, Thelonius McKinley. Eles vão até a floresta com Hagrid. E o professor Dumbledore solicita a ajuda dos aurores. E pede que você cumpra esse papel porque ele não tem tempo para burocracias, para enviar uma coruja para o ministério?

- Ele quer a companhia dos aurores para andar pela floresta? É. Pode ser perigoso.

- Nãooo! É para vigiar Hogwarts. Se Você-Sabe-Quem está tão perto do castelo a gente tem de pensar que um dos possíveis alvos dele é Hogwarts!

- Claro, claro. Não tinha reparado. Pode deixar comigo.

- Espero que tudo dê certo – resmungou antes de desaparecer.

Tonks deu de ombros. Correu até a cozinha para deixar a xícara sobre a pia. Pretendia desaparatar no meio da sala. Lustrou a varinha nas vestes e se dirigiu até o cômodo. No meio do caminho, no entanto, tropeçou em seu gato. “Ah, Mefistófeles! Você está sempre me atrapalhando. Preste mais atenção. Já sei. Quer dar umas voltinhas pelo bairro. Um minuto.” A auror achou que não seria demais abrir a porta para seu bichano. Não tinha idéia de quando regressaria. Pegou o felino preto no colo e caminhou rumo à porta dos fundos, imitando miados. De repente, Mefistófeles bufou e saltou dos braços de Tonks, com as costas arqueadas e arrepiadas.

- Ficou maluco? Você sempre gostou de dar uma saída. Venha e não me dê trabalho.

O gato bufou outra vez.Os olhos verdes brilhando ameaçadores para a saída. Tonks ergueu as sobrancelhas. Não entendia. Com a varinha, destrancou a porta. Cuidadosa, aguçou os sentidos para captar ruídos estranhos ou enxergar algo diferente. Não havia nada. Suspirou.

- Não tem erro, Mefis. Vê? Já estou do lado de fora. Está só fazendo um ventinho. Anda! Olha que estou com pressa.

Um jato de luz azulada saiu de trás de um arbusto e atingiu Tonks na cabeça, fazendo com que desmaiasse.

- Eu também estou com pressa. O Lorde das Trevas está me chamando, Nimphadora Tonks. Ele não esqueceu que você esteve no ministério da magia quando tentamos obter a profecia. Milorde sabe que você trabalha para Dumbledore – disse um homem coberto com uma capa escura. E completou – Ele ficará satisfeito com mais um trabalho bem executado por mim. Depois de Alastor Moody, você! E assim poderei ocupar o lugar de Malfoy.

O homem gargalhou. “Malfoy que se dane. Esta é a hora de Lovett”. Estava ocupado em rir quando o gato de Tonks saltou das sombras e abocanhou a varinha, correndo para a escuridão. O Comensal gritou de raiva. Abaixou-se para procurar o animal. Vasculhou o quintal da auror, revirou a lata de lixo, zanzou pela rua. Começava a se preocupar. Falhara bem no final de sua missão. E tudo por culpa de um gato. A marca em seu braço se acentuou. Precisava ir. Mas não podia levar a prisioneira para seu refúgio. Não sem a varinha. Para desaparatar e aparatar na floresta não havia problemas. “Maldito gato de bruxa! Terei de ir. Tudo bem. Essa doida não vai acordar hoje. O feitiço enregelante vai conservá-la assim e os aurores não serão avisados”. E se felicitou por ter ficado junto à janela para vigiar Tonks de perto. Por isso, pode ouvir as conversas da moça. Estava pronto para invadir a casa quando a escutara falando com o gato. E isso o lembrou do felino. “Maldito gato!”, xingou mais uma vez e desaparatou para se encontrar com seu mestre.














Eu sei, eu sei. Todos estão esperando o duelo entre Harry e Você-Sabe-Quem, mas algumas coisas precisam vir antes... Não posso desconfigurar a história. Aguardem os próximos capítulos. Bjs, K.

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