Veteranos



O expresso de Hogwarts já estava estacionado na plataforma 9 ½ quando os Weasley apareceram. Estavam acompanhados de Harry Potter. Mal os viu, Hermione conduziu os pais em direção ao grupo. Abraçou Harry, cumprimentou o senhor e a senhora Weasley, deu um beijo em Gina e sorriu para Rony, mantendo uma pequena distância. O rapaz disfarçou a decepção. Os Granger enveredaram numa conversa sobre carreiras com os Weasley. E os jovens se afastaram para comentar as últimas notícias do Profeta Diário. Alastor Moody estava desaparecido.

- O que pode ter acontecido com ele? Mamãe disse que Olho Tonto devia ter voltado de uma viagem secreta há 15 dias. Como ele não deu sinal de vida, comunicaram o sumiço ao Ministério da Magia. Fudge está furioso, investigando por onde ele andou e por que teria viajado. É claro que ninguém entrou em detalhes - murmurou Gina.

Tiveram de mudar de assunto porque Draco Malfoy acabava de surgir. Estava vestido com elegância, parecendo mais velho do que era. Pansy Parkinson logo se aproximou, dando-lhe um beijo estalado no rosto. Draco distendeu os lábios. Seria um sorriso? Ao lado dele, Narcisa Malfoy olhava com indiferença para as pessoas na plataforma. Subitamente, mirou os Weasley e os Granger, que agora riam juntos de alguma história engraçada. Narcisa mirou os quatro de cima a baixo. Terminou a inspeção com um sorriso de superioridade. Draco cochichou-lhe algo nos ouvidos e descobriu Rony, Hermione, Harry e Gina encostados na parede perto dele.

- Ora, ora, Potter, finalmente ganhou alguns centímetros. Pelo visto, os Weasley melhoraram de vida e puderam te tratar melhor nas férias. Não é sempre lá que passa o verão?

- Cale-se, Malfoy. Não te interessa onde estive.

- Realmente. Bom, eu estive na Nova Zelândia. Ei, Weasley, posso mostrar as fotos para você, já que nunca terá condições de viajar tão longe.

- Se um dia nós nos interessarmos por você, quem sabe veremos suas fotos. Até lá, pode esperar sentado. Em seu lugar, eu arranjaria uma cadeira bem confortável - respondeu Gina, imitando o ar de superioridade de Malfoy.

- Eu estava falando com seu irmão, namoradinha do Potter. Tinha esquecido da sua existência.

- Ai, que azar. Como é que fui te lembrar que eu existo? - replicou a garota, batendo a mão na testa. Pegou Hermione pela mão e com o outro braço começou a arrastar Rony rumo ao trem. Harry lançou um olhar irritado a Draco e se aproximou dos Weasley para as despedidas. Draco não ligou para isso. Sua cabeça estava em outro lugar. “Está mudada a pequena Gina. Ela está bem interessante. Só não mudou de caráter. Continua respondona. Vamos ver por quanto tempo mais mantém a pose.”





*****





Harry estava desembarcando na estação de Hogsmeade quando ouviu uma voz familiar às suas costas.

- Olá, veterano.

Era Hagrid. O rapaz estendeu a mão para o guarda-caças de Hogwarts, que a sacudiu com o vigor. Hermione e Rony vinham do grupo de monitores e também cumprimentaram Hagrid. Estavam felizes em vê-lo.

- Sim, senhores. Como cresceram. Daqui a pouco estarão casando, tendo filhos. Sim, sim. Quero ver essas crianças correndo por aqui - brincou Hagrid, visivelmente emocionado. - Ô, olhem esta mocinha. Ainda não é uma veterana. Mas já tem o jeito de mulher. Quem é mesmo o sortudo que namora você? - perguntou o guarda-caças, saudando Gina, que corou violentamente.

- Sou eu - respondeu Dino Thomas, colocando o braço ao redor da cintura da garota. Rony não gostou nada daquilo. Harry teve ganas de esmurrar o colega de quarto e se espantou com essa reação. “O que está acontecendo comigo”, pensou. Hagrid riu e deu um tapa nas costas de Dino, que recuou dois passos com a força do cumprimento.

Os quatro estavam doidos para conversar porque não tinham ficado muito tempo juntos no trem. Gina também fora nomeada monitora e esteve tão ocupada quanto Rony e Hermione, agora monitora-chefe. Harry se instalara num vagão ao lado de Neville Longbottom e Luna Lovegood. Neville fizera insistentes perguntas sobre Gina, o que fez Harry suspeitar do amigo. Estaria interessado na irmã de Rony? Quando ele e Hermione apareceram no vagão, Luna pediu que Rony se sentasse ao lado dela. Queria escolher um clube de quadribol para torcer e pedir a opinião do goleiro da Grifinória. Hermione fez um beicinho imperceptível. Gina só apareceu meia hora antes de chegarem a Hogsmeade. Por coincidência, Draco deu as caras naquele momento. Fingiu se esforçar para lembrar o nome da caçula dos Weasley. Evidentemente, estava com ele bem guardado na memória. Tinha “levantado” a ficha da garota. Não permitiria que a pequena brincasse com ele. Mas Gina não lhe deu bola, ignorando completamente a encenação do loiro. Frustrado, Draco se retirou, esquecendo-se de provocar seu rival.

Harry teve de esperar até todos os alunos se instalarem no salão de refeições de Hogwarts para voltar a conversar com Rony e Hermione. Durante o jantar, trocaram rápidas impressões e palpites sobre os rumos da guerra contra Voldemort. Não tiraram qualquer conclusão. Em seguida, subiram para seus quartos para arrumar a bagagem. Harry não estava suportando a presença de Dino, apesar de o rapaz estar quieto. Não desconfiava que aquilo se chamava ciúmes. Depois de alguns minutos chamou Rony para ir à sala comunal. Lá, ouviram duas garotas conversando animadamente: Gina e Hermione. Os dois tiveram a idéia de surpreendê-las. Por isso, avançaram lentamente pela sala, abaixando-se o máximo que podiam.

- Não sei, não. Acho que os meus pais não vão aceitar na boa o Vitor em casa no Natal. Eles continuam me tratando como criancinha. Não aceitam tranqüilamente que eu namore um cara que já ganha o dinheiro dele. Vai ver que estão com medo que eu vá morar com o Vitor depois de Hogwarts.

Rony teve a impressão de ter levado um soco no estômago. Empalideceu e felicitou-se de estarem no escuro. Harry não olhou para o amigo. Sabia que ele estava surpreso.

- Meus pais não vão se incomodar se eu levar o Dino comigo no Natal. Sei que a festa está longe. Mas foi ele que tocou no assunto. Acho que as saudades de mim bateram forte nele - riu. - Tive de dar um monte de beijos no trem. Por isso, demorei para encontrar vocês.

- Muito bonito, senhorita Weasley. Mamãe vai te mandar um berrador daqueles se souber que você ficou agarrada ao namorado enquanto devia desempenhar suas tarefas de monitora.

As meninas gritaram assustadas com a súbita aparição de Rony. Gina arremessou uma almofada no irmão. Antes que se recobrasse do susto, divisou Harry parado junto ao sofá, sem reação. Ergueu outra almofada, numa clara ameaça. O rapaz, no entanto, não se importou. Os olhos verdes estavam frios. Hermione levantou-se, reclamando que xeretar a conversa dos outros era indigno deles. E as duas saíram da sala comunal.

Rony se jogou sobre o sofá. Estava mal humorado. Harry ficou de pé, aparentando calma. Por dentro, fervia. Imaginava Dino beijando Gina, tocando a pele macia dela. Não tinha o direito de ficar bravo. Afinal, nunca tiveram nada, e nem teriam. Nunca tinha sentido nada especial por ela. Exceto pelo desejo dos últimos dias. Um desejo que considerava absolutamente natural, aquela vontade que um cara tem de ficar perto de uma garota bonita. Coisa dos 17 anos, dos hormônios em ebulição. “Todo mundo fala que isso é normal na minha idade. Então, não tem nada demais”, pensou. Lembrando-se de como o amigo estava irritado, tentou acalmá-lo.

- Desamarra essa cara. Se você dissesse que gosta dela, podia ser diferente - arriscou.

- Do que você está falando?

- Da Hermione, claro.

- Acha que gosto dela? Somos amigos. Só isso - respondeu, procurando disfarçar o embaraço. E emendou: - Estou assim por causa da Gina. Esse Dino vai entrar na linha. E não vou concordar com convite nenhum. Natal em casa, somente você. E a Mione, se ela quiser.

- A gente ainda nem teve a primeira aula e já estamos falando de Natal.

- Isso é culpa da Gina. Por que ela tinha de falar disso? Se o Dino for para minha casa, também levo alguém. Pronto, convido a Luna. Ela faz um charminho para cima de mim. Reparou? E você? Que tal convidar a Cho?

- Não. Nossa história terminou faz tempo.

- Ué, mas ela não te escreveu? Você me contou que ela te chamou para sair, que estava toda... hum... carinhosa na carta, não estava? Cara, a Cho ainda gosta de você. E, vai por mim, você não vai conseguir ninguém mais bonita do que ela. Pelo menos, não aqui.

As palavras de Rony calaram fundo em Harry. Era óbvio que ele descartava a irmã das possíveis opções de Harry. Ele não queria ver Gina envolvida em qualquer história amorosa. Mesmo que fosse com seu melhor amigo. “Mas tudo bem. Eu também não acho certo”, argumentou para si. Isso foi suficiente para convencer Harry. Dias depois o rapaz escreveu uma carta para Cho. Combinava um encontro em Hogsmeade no primeiro final de semana em que os alunos de Hogwarts recebessem a liberação. Ele avisaria quando.






Semana que vem posto mais um capítulo. Obrigada.

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