Merry Christmas.



Ao cumprir dos sonhos | Capítulo 14.


Merry Christmas.




O espírito de natal invadia as pessoas, entusiasmadas por uma época prazerosa na qual toda a família estaria reunida. Na casa dos Potter não seria diferente. Hermione estava imensamente feliz por James e Jared estarem em casa novamente. O silêncio fora deixado para trás, dando lugar para risadas e algumas brigas inevitáveis entre os irmãos.


Após livrar-se uma hora dos pedidos que sua mãe lhe fazia para deixar uma ceia perfeita, Jared subiu as escadas, desviando de seu quarto para entrar no quarto do irmão. O garoto estava abotoando sua camisa verde, diante do espelho.


- Mamãe te obrigou a usar verde de novo pra destacar seus olhos? - Comentou Jared rindo ao sentar na cama. - Você sempre vai ser o filhinho mimado dela.


- Oh, quem disse isso foi o garoto de camisa vermelha... Opa, e foi a mamãe quem te obrigou. – retrucou, saindo de perto do espelho.


- Fico horrível de vermelho. - Reclamou o garoto olhando para o irmão mais velho. - Mas eu não vim aqui para discutirmos moda como duas adolescentes.


- Então veio aqui pra que? – perguntou sentando na cama, para calçar as meias.


- Vou assumir meu namoro essa noite antes do jantar. - Disse após um longo suspiro. - Mamãe vai ter um ataque. E nem quero imaginar qual vai ser a reação do tio Rony.


- Hoje é véspera de natal, vai que acontece um milagre? – indagou rindo, mas Jared continuava sério. – Não se preocupe, tem o papai, e a tia Luna, nada vai acontecer. E outra... A mamãe já sabe, não é?


- Sabe. Mas você reparou o quanto ela tá diferente comigo? Ela não me deixou em paz o dia todo. Senti-me com a idade do Ben. - O garoto coçou a cabeça.


- Bem, não a culpe, é que ela depositava todas as suas esperanças em você... – brincou, calçando um par de tênis.


- Mas eu não a desapontei. Só estou namorando. - Jared fez uma careta ao se levantar. - Eu vou descer antes que ela dê por minha falta lá embai... - Foi impedido de continuar ao ouvir a mãe chamá-lo. - Eu disse. - Suspirou caminhando até a porta.


- Vai lá moranguinho da mamãe, ela já sentiu sua falta. – James voltou ao espelho, e bagunçou os cabelos.


Jared voltou até a cama, pegando o travesseiro e atirando-o nas costas de James. Soltou um muxoxo ao sair do quarto, contrariado.


...


O som da campainha fora ouvido inúmeras vezes por alguns minutos. Harry perdera a conta de quantas vezes abrira a porta, sorria e dava boas-vindas aos recém chegados. Ele passou a tarefa para James, alegando que precisava ajudar Hermione antes que ela fizesse um novo desastre. Mas ela parecia não precisar de ajuda ao conversar animadamente com sua mãe, Luna e a Sra. Weasley.


James resmungou algo baixo quando o pai voltara para a sala e a campainha fora ouvida novamente. Porém, Harry dera início a uma conversa ao lado de Rony, e os Srs. Granger e Weasley. Olhou para Jared, que conversava discretamente com Kira. Caleb estava com o olhar distante, assim como sua mente. Ben e Lily ele não tinha idéia de onde estavam, mas não tinha tempo para pensar nisso.


Levantou do sofá, revirando os olhos e resmungando. A idéia de que poderia ser Emma o fez sorrir, deixando de lado a contrariedade. Afinal, fazia dois dias que não a via. Abriu a porta animadamente, mas o sorriso se desfez em seus lábios ao dar de cara com Marcus.


- Você veio mesmo... – resmungou dando passagem ao amigo, que vestia uma camisa social vinho, por baixo do casaco.


- E não era para eu vir? - Ele perguntou erguendo uma sobrancelha, sorrindo em seguida. - Já sei. Estava esperando uma morena gostosinha, não é?


- Mais respeito, ou te expulso daqui dizendo pro meu pai que você chamou a minha mãe desse jeito. – disse e riu.


- Tá louco? - Marcus sussurrou olhando assustado para Harry. - Olha o tamanho do seu pai. Dá dois de mim.


- Ótimo, então controle sua língua. – disse caminhando com ele logo atrás.


O som da campainha se fez ouvir novamente. James suspirou, só poderia ser Emma. Todos que haviam sido convidados já tinham chegado. Até mesmo Marcus, na qual ele contara que não iria aparecer. Ao abrir a porta suas suspeitas se confirmaram, sorrindo admirado com a garota diante de si. Emma usava um vestido prata, um cinto preto afinava sua cintura e o salto alto lhe dava elegância por baixo do casaco.


- Desculpe a demora. - Ela disse levemente corada. - A culpa foi da minha mãe. Eu juro.


- Tudo bem... – ele murmurou antes de beijá-la. – O importante é que chegou.


- Com certeza. - Ela sorriu ao entrar na casa, sendo guiada por James até a sala.


Lily desceu as escadas sorridente, trajando seu vestido rosa que ficara uma graça na opinião de sua mãe. Levou a mão no queixo, fazendo uma expressão pensativa e então seguiu para seu pai. Ele conversava com Rony e a única forma que ela vira de chamar sua atenção foi puxando a camisa azul que ele vestia.


- Oi princesa. - Harry interrompeu a conversa, pegando Lily nos braços. - Onde estava?


- No quarto, eu “passou” batom, mas a mamãe limpou tudo. - ela disse, mostrando os lábios que ainda continham vestígios vermelhos.


- Lily. - Harry a olhou, rindo junto com os demais. - Em primeiro lugar não se diz eu passou e sim eu passei. E em segundo você sabe que é pequena demais para usar batom?


- Sou pequena nada! - exclamou fazendo uma careta. - Sou uma moçinha.


- Não, não é. Você é uma princesa. - Corrigiu beijando-a na face.


- O que tem feito hein "moçinha"? - Perguntou Rony sorrindo para Lily.


- Aprendi a ler, tio Rony. A mamãe ensinou. E vou na aula de desenho e pintura! - caminhou até um dos vasos e apontou para seus desenhos.


- Obra dela. - Comentou Harry olhando de Rony para a filha.


- Pelas ceroulas de Merlin. - Rony exclamou um tanto surpreso pelos talentos da garota.


- Cenouras? - indagou abafando uma risadinha. - Tio Rony você fala muito engraçado! - Lily emendou e riu outra vez.


- É ceroulas, Lily. - Harry a corrigiu novamente, rindo ao lado de Rony, Sr. Granger e o Sr. Weasley. - Ela também está começando a descobrir a magia.


- Mesmo? - John, o avô de Lily, a olhou curioso.


- É vovô. Eu quebrei o cinzento da sala, só porque eu fiz assim. - então ela franziu a testa, estreitou os olhos e fez força.


- Mas só realmente funciona quando ela está com raiva. - Disse Harry sorrindo com as caretas que Lily fazia.


- Puxou ao pai então. - Comentou Rony dando tapas no ombro de Harry, que se sentiu orgulhoso.


- Foi porque o Benji disse que eu era bobona... Mas o bobão é ele! - explicou Lily, se ajeitando entre as pernas de Harry.


- Eles não se dão muito bem. - Explicou Harry afagando os cabelos da filha. - Na verdade a Lily só se dá bem com o James.


- O Jimmy é o irmaozão mais legal do mundo. Ele trouxe muito doce pra mim, o Jared não trouxe nada.


- Lily o James não é o único irmão que você tem. Não pode ser egoísta assim. - Disse Harry olhando para a filha.


- Jared deve ter outras preocupações agora já que está namorando. - Rony falou fazendo Harry engolir em seco.


- Mas ele falou que ia trazer uma tampa, eu não gosto de tampa! - a menina reclamou.


- Tampa? - O Sr. Weasley olhou de Lily para Harry, confuso.


- Tampa da privada de Hogwarts. - Respondeu Harry arrancando risadas de todos. Ele olhou para Lily. - Sabe onde Ben está?


- Com o tristão dele, a Emma tá ajudando a cuidar dele. Ela é boa para isso, porque ela teve um monte quando era desse tamanhozinho. - falou e apontou sua própria altura.


- Emma? - Rony perguntou para Harry, franzindo o cenho.


- Namorada do James. Hermione se redimiu com ela depois de tudo que aconteceu. - Respondeu Harry.


- E esse neto ingrato nem para me apresentar à namorada. - Resmungou John fingindo-se contrariado.


- James ainda não está muito acostumado com esse lance de namoro. - Harry sorriu amarelo, tentando defender o filho.


- Ele tá com vergonha vovô. - simplificou Lily, sorrindo e mostrando os dentinhos. Então se voltou para o pai. - Papai...


- Diga. - Harry a olhou interessado, sorrindo.


- O Ben pode ter o tristão, e eu posso ter um patinho? - perguntou sorridente, afagando as bochechas dele com todo carinho.


- Pato? - O moreno franziu o cenho, pensativo. - Por mim tudo bem. Mas você tem que falar com sua mãe também. Se ela deixar você ter um pato...


- Pato? - Jared se aproximou. - Vai comprar um pato para a gente comer? - Perguntou recebendo um olhar severo do pai.


Lily prendeu a respiração, juntou os lábios, que tremiam involuntariamente. Dos olhinhos verdes, ameaçavam cair algumas lágrimas. Ela fungou quando olhou para o irmão mais velho que a fitava confuso.


- Você não vai comer meu pato! - disse chorosa. - Jared você é um bobão, e eu não gosto de você!


- Mas eu... - Jared olhou confuso de Lily para o pai.


- Você tinha que abrir a boca. - Sibilou Harry para Jared, pegando Lily nos braços e beijando-a na testa. - Ele não vai comer seu pato. Não precisa chorar.


- Perdi alguma coisa? - Jared olhou ainda confuso para Rony.


- Lily pediu um pato para o seu pai. Aí você falou que ia comer o pato e ela se assustou. - Explicou o ruivo.


A menina soluçou agarrada ao pai, Jared tentou chegar mais perto, mas ela virou o rosto.


- Quero a minha mamãe... - choramingou.


- Está bem. Vou te levar até sua mãe. - Harry seguiu para a cozinha, interrompendo a conversa que Hermione tinha com as demais convidadas. Ela olhou confusa para Lily chorosa nos braços do pai. - Lily pediu um pato, Jared disse que ia comê-lo, ela se assustou e quer você. - Explicou entregando Lily para os braços da mãe.


- Oh, meu docinho, não precisa chorar... Jared não vai comer seu patinho, porque eu não vou deixar. Está bem? - falou carinhosa, enquanto a garotinha brincava com os botões de seu vestido vinho.


- Plomete? - indagou fungando.


- Eu prometo meu bem. - respondeu ela.


- Eu vou agora desenhar como meu pato vai ser, aí o papai compra ele do jeito que eu quero né? - Lily disse um tanto mais feliz.


- Claro, princesa. - Harry sorriu afagando as costas da filha.


...


Quanto mais próximo o jantar ficava, mais nervoso e ansioso Jared se sentia. Embora tentasse não demonstrar, suas mãos suavam frias constantemente. Pelo olhar de receio e a expressão de Kira, ela também estava nervosa. Quando todos seguiram para a sala para esperar o jantar ele viu naquela oportunidade o momento certo.


Jared se levantou com Kira ao seu lado, trocou olhares com James e Harry, que o encorajava. Ele então pediu a atenção de todos, recebendo outros olhares curiosos.


- Eu tenho uma coisa para contar a todos. - Começou após um longo suspiro. - Como a maioria das pessoas aqui sabe, eu estou namorando. - Pode ouvir um muxoxo de Hermione. - Eu sempre fui apaixonado por essa garota e agora eu vi que essa era a oportunidade certa. - Suas mãos se entrelaçaram com a de Kira. - Eu quero apresentar minha namorada, Kira Weasley.


Um grande silêncio percorreu o ambiente e as reações foram das mais variadas logo em seguida. Luna bateu palmas, sorridente e entusiasmada. Hermione suspirou, sabia que aquilo viria mais cedo ou mais tarde. Mas Rony deixara o copo de uísque de fogo cair de suas mãos, ecoando pela sala. Seus olhos estavam arregalados, surpreso com o que ouvira.


- Como... Como disse? - ele indagou atônito. Luna parou com as palmas, e começou a massagear os ombros do marido.


- Papai... - Kira murmurou.


- Kira... - Jared deu um passo para trás. - Kira e eu estamos... Namorando.


- Boa notícia, não é? - Disse Harry dando um tapa nas costas de Rony, tentando acalmar a situação. - Agora estamos mais próximos do que nunca.


- Boa notícia?! - quase berrou, levantando-se de onde estava. - Você não tem idade para namorar. E estou querendo lembrar quando foi que dei permissão para isso...


- Tenho 14 anos pai, não sou um bebê. - resmungou a garota loira.


- Rony, Kira está certa. - Disse Luna em defesa da filha. - Ela já está grande o bastante para saber o que deve ou não fazer. E é o Jared, nós o conhecemos. Sinceramente não poderia imaginar alguém melhor para nossa filha. - Luna sorriu para o casal.


Desta vez Hermione sorrira orgulhosa, pelos dizeres da amiga. Enquanto Rony bufava e praguejava para quem quisesse ouvir.


- Mãe. - Jared se aproximou, receoso. - Tudo bem com a notícia?


- Er... Bem... - riu sem jeito olhando para o marido que sorriu divertido. Então a morena voltou seu olhar para o filho que desejava imensamente que ela deixasse o escândalo para Rony. - Teremos que conversar mais sobre isso, querido... Não é que eu não queira que namorem, mas... Por enquanto não vejo problema.


- Eu sabia. - Sussurrou Jared revirando os olhos.


- Deveria estar contente, você se lembra de quando apresentei Emma. - James comentou.


- Deveria ficar calado, James Potter. - replicou a mãe, um tanto irritada.


- O que importa é que já aconteceu e é inevitável. - Disse Harry tentando amenizar o clima, passando o braço pelo ombro de Hermione. - E que agora só falta o Ben nos apresentar sua namorada e... Ai. - Reclamou ao levar um beliscão da esposa e recebendo uma careta do filho menor.


- Bem, que tal mudarmos de assunto. Um que não envolva...


- Nem vem Hermione, seu filho não vai se safar desta! - exclamou Rony, irritado.


- Um minuto aí. - Harry deu um passo à frente, ficando na frente de Jared e Kira. - Primeiro: você não vai fazer nada com meu filho, vai Rony? - Indagou erguendo uma sobrancelha. - Segundo: Jared sempre gostou da Kira e não fazia questão nenhuma de esconder isso. Só você que é lerdo demais não reparou.


- Obrigado, pai. - Sibilou Jared constrangido.


- E terceiro. - Harry prosseguiu. - Como Luna disse, eles já são grandes o suficiente para saber o que fazem.


- Exatamente, tente superar Rony... - Hermione falou em tom de provocação.


- E você não piore a situação. - Disse Harry para a esposa, recebendo um olhar frustrado. - Eu não entendo porque tanto alarde. É só um namoro. Ele não a pediu em casamento.


- Concordo com Harry. - disse a senhora Granger. - É só um namorinho adolescente, não se esqueça Ronald que você já teve essa idade. - emendou. - E que quase namorou minha filha.


- Senhora Granger esse... - Harry olhou para a sogra, forçando um sorriso. - Esse lembrete é desnecessário.


- Eu segui tudo conforme devia ser feito. Fui devagar e depois a pedi em namoro em Hogsmead. - Disse Jared chamando a atenção de todos. - Está feito. E eu não vou voltar atrás com a minha decisão.


- E eu não ia querer isso. - Kira arriscou fazendo brotar um sorriso dos lábios do namorado.


- Ora, ora, esse moleque enfeitiçou a minha filha! - disse nervoso. - Minha Kira...


- Não chame meu filho assim, Ronald! - o interrompeu Hermione, irritada em dobro. - Se fizer isso outra vez, vai vomitar algo mais que lesmas... Está lembrado? – ele fizera uma careta. - E escute bem, o que eu vou dizer. - o ruivo parou, assim como todos, que a fitavam curiosos. Os garotos com sorrisinhos disfarçados continham a euforia. - É melhor você se controlar, e aceitar o fato de que Jared e Kira se gostam e estão namorando, e que você não fará nada, para impedir isso. E não vai tocar em um fio de cabelo do Jared. Ficou claro?


- Eu disse que seria mais fácil aceitar logo os fatos. - Luna sussurrou com um sorriso em aprovação da bronca severa que Hermione dera em seu marido.


Rony engoliu em seco, sendo obrigado a esquecer a raiva e frustração que sentira naquele momento com a revelação. Era difícil aceitar que Kira, sua filha e sua princesa, havia crescido e estava namorando. Sabia que isso poderia acontecer um dia, mas não esperava que fosse tão cedo assim.


Engolira ainda quando a viu entrelaçar as mãos as de Jared e seguir para a sala, onde outro casalzinho namorava. Bufou contrariado, ficando vermelho outra vez. Luna o beijou no rosto, e sorriu contente pela filha, e pela situação ter tomado um rumo favorável.


- Bem, acho que agora podemos jantar. Não é mesmo? - sugeriu Hermione, sendo seguida até a cozinha pela mãe, Luna e a Senhora Weasley.


- Rony, um dia eu vou passar pela mesma situação que você. - Disse Harry passando o braço pelo ombro do amigo. - Eu tento brincar falando que a Lily só vai poder namorar daqui a vinte ou trinta anos, mas eu sei que isso vai acontecer muito mais cedo. Kira não é mais uma criança. Deixe-a viver a vida dela.


- Vou tentar... - apenas disse, cruzando os braços.


- Ótimo. - Harry sorriu, dando um leve tapa no ombro do ruivo antes de seguir para a sala de jantar. - Vem, vamos jantar.


Rony pareceu se animar um pouco com essa perspectiva. O aroma que chegava a todos era o melhor possível, e ele sentiu o estômago reclamar por tantas horas sem comer, e pelo susto passado. O senhor Weasley sempre mantinha uma conversa animada com o pai de Hermione, achando cada frase do dentista fascinante, e além de tudo, marcaram de jogar golfe quando a neve dos campos se derretesse. Os meninos riam de um comentário feito por James sobre um jogador de quadribol qualquer, encenando ainda mais o ambiente familiar que o Natal lhes proporcionava.


Todos estavam sentados à mesa, porém um lugar permanecia vazio. Harry franziu o cenho, percorrendo seu olhar pela sala de jantar. Ela não estava ali. Virou-se para Hermione e perguntou entre as altas conversas e risadas que preenchiam o ambiente.


- Cadê a Lily?


O sorriso da morena se apagou quando avistou a pequena cadeira da filha vazia. Seus olhos percorreram o local rapidamente a procura dela, a menina sempre gostava de se esconder e poderia estar em algum lugar por ali. Com apenas a atenção de Harry presa nela, Hermione buscou por Lily. Seu coração se assaltou quando não vira os pezinhos se mexendo por entre a cortina. Nem quando não ouvira os risinhos dela embaixo da mesa.


Trêmula, ela voltou-se para Ben.


- Querido, viu sua irmã? - perguntou.


- Não, eu não vi. - respondeu ele, enchendo a boca de comida.


- Ela deve estar desenhando lá em cima. - disse ao marido. - Eu vou atrás dela.


Harry se levantou ao sentir seu coração bater mais rápido. Algo lhe dizia que havia algum problema. Algo lhe dava esse pressentimento ruim. Levantou-se da mesa ao lado de Hermione. A esposa subiu a escada para procurar lá em cima, enquanto ele se ocupou em procurar na parte de baixo da casa. Procurou-a em todos os possíveis cantos que imaginara, até mesmo nos armários, mas Lily não estava. O desespero começava a tomar conta de si. Porém, ele precisava ficar calmo. Não seria perdendo a cabeça que a encontraria.


- Harry, algum problema? - Perguntou Rony assim que ele voltara para a sala de jantar.


- Lily. Não estou conseguindo encontrá-la. - Harry suspirou. Hermione entrou na sala, visivelmente preocupada e assustada também. - Ela está lá em cima?


- Não... Não está! - o respondeu com os olhos marejados. - Eu procurei em toda parte, mas ela não está... O casaquinho dela sumiu do cabideiro.


- Vou procurá-la lá fora. - Harry saiu acompanhado por Rony e o Sr. Weasley.


- Hermione você... - Luna se aproximou da morena, receosa. - Eu não quero assustá-la mais do que devia, mas você olhou o quarto dela direito? Você disse que o casaquinho dela não está lá.


- Olhei em todo o quarto, Lily não está em casa... - disse e cansou-se de segurar o choro.


James se aproximou da mãe, assim como Jared e Ben. O mais velho a abraçou.


- Fica calma... O pai vai encontrá-la. - sussurrou afagando os cabelos dela.


A noite não facilitava para a procura da filha. Harry sentia-se cada vez mais desesperado e nervoso ao mesmo tempo. Não tinha idéia para onde Lily poderia ter ido e milhares de coisas passavam por sua mente naquele momento. Coisas ruins que poderiam acontecer com ela sozinha durante aquela noite fria.


Ela estava só, tinha apenas quatro anos e ninguém para protegê-la. Voltou para casa, encontrando uma Hermione desesperada. Ele se aproximou e a abraçou, permitindo que ela chorasse em seus braços enquanto lhe afagava os cabelos. Queria compartilhar da mesma dor, mas não devia. Precisava ser forte para procurar a filha.


- Eu vou sair para procurá-la. - Harry se afastou um pouco para olhá-la, enxugando as lágrimas da face de Hermione. - Eu vou encontrar a Lily.


Aos prantos e mal conseguindo falar, Hermione assentiu agarrada ao marido.


- Eu vou com você, pai. - James falou, preocupado.


- James eu sei que você quer ajudar, mas você não vai poder fazer nada. Não pode usar magia fora de Hogwarts. Rony e Arthur vão comigo. - Harry beijou a testa de Hermione, olhando para o filho. - Fica com a sua mãe. Ela precisa mais de você. - Disse antes de deixar a sala novamente.


O garoto tomou a mãe nos braços outra vez, e a fizera sentar-se no sofá da sala. Hermione chorava dolorosamente, e Luna fora fazer-lhe um chá calmante.


...


Embora não fizesse parte da família ela podia compreender todo o sofrimento na qual passavam com o desaparecimento de Lily. E sabia que naquele momento, mais do que nunca, ele precisava dela ao seu lado. E ela estava disposta a ficar ali. Pelo pouco que conhecia de Lily já fora o suficiente para nutrir um carinho enorme pela doce e esperta garota.


Seguiu para a varanda com uma caneca de café em suas mãos. Ele estava sentado no degrau, o olhar distante. James estava demasiado preocupado e não fazia questão de esconder isso de ninguém, mas fizera questão de guardar a preocupação para si. Sua mãe precisava dele forte para lhe dar apoio e não desesperado como ela estava.


Emma sentou ao seu lado, colocando a caneca de café nas mãos do moreno e atraindo o olhar dele para si.


- Você vai precisar. - Sorriu carinhosa. - Kira está com Jared. Ben não conseguiu e acabou dormindo no sofá. Sua mãe está mais calma, mas ela não está sozinha.


- Obrigado, Emmy. - agradeceu, voltando o olhar para longe.


- Não precisa agradecer. - Emma acariciou as costas dele suavemente. - Como você está?


- Tentando não desmoronar de uma vez... - respondeu James, suspirando fundo.


- Imagino. - A morena o tocou na face, fazendo com que James a olhasse. - Não quer conversar? Isso pode te ajudar. Desabafar é bom.


James então fitou a namorada, bebeu um gole de café e o deixou de lado. O frio praticamente o congelara em minutos. Viu Emma apertar o casaco em torno de si e esperar sua resposta. Por mais que quisesse dizer como se sentia ainda era difícil para ele, conversar.


- Bem... Eu... - a garota afagou sua mão em sinal de conforto e segurança. - Estou com o coração apertado.


- É claro que está. - Emma sorriu em sinal de compreensão, desviando seu olhar para sua mão e a de James. - Ela é sua irmã. Impossível não ficar assim.


- Lily é tão pequena, e está por aí sozinha sabe-se lá como e com quem... - comentou angustiado.


- Eu não conheço Lily há muito tempo, mas ela é muito inteligente para a idade que tem. Ela vai conseguir superar. - Emma levantou seu olhar para James. - E seu pai vai conseguir encontrá-la.


- Espero que sim... - disse e olhou para frente. - Sabe, Lily foi uma surpresa para todos nós. Mas quando vimos àquela coisinha tão linda nos braços da minha mãe, Jared e eu, nós paramos de brigar e sentir ciúmes... E, foi bom ter responsabilidade de cuidar de uma irmãzinha caçula, já que o Ben não é do tipo frágil. - riu-se. - Minha mãe vai ficar louca se...


- Não fala isso. - Ela o interrompeu, afagando a nuca de James por entre os cabelos. - Lily vai voltar sã e salva pra casa. Eu sou filha única, não sei o que é ter irmãos. Mas eu sei o quanto você os ama, principalmente a Lily. - Emma sorriu. - Seus olhos brilham quando fala dela.


O moreno sorrira fino, e fechou os olhos, deixando escapar por eles uma fina lágrima.


Emma acariciou a face do moreno delicadamente, enxugando a lágrima que percorrera ali. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. James pela primeira vez desabafara e lhe disse o que realmente estava sentindo. Não guardou todos os sentimentos para si. Aquilo a fizera ter mais certeza do quão carinhoso James era por trás da beleza e da pose extrovertida que ele mantinha e que na qual ela já sabia.


- Lily vai voltar pra casa. - Sussurrou Emma beijando-o na face, deitando sua cabeça no ombro de James e entrelaçando suas mãos.


...


Fazia três horas que tinha saído de casa para procurá-la e até naquele momento não encontraram nenhum sinal. Mas ele não iria desistir tão cedo. Jamais desistiria de procurar sua própria filha. A escuridão da noite e o frio lhe faziam ficar cada vez mais preocupado. Lily poderia estar congelando. Ela era pequena e frágil demais para enfrentar uma noite tão fria sozinha.


Ele sabia, algo dentro de si lhe dizia que iria encontrá-la, que tudo ficaria bem e poderiam voltar para casa. Hermione também não saía de seus pensamentos. Estava aflita, desesperada quando a deixou horas atrás para procurar a filha. Três horas se passaram e ele poderia imaginar o estado da esposa naquele momento.


Virou mais uma rua, apertando o casaco em seu corpo quando mais um vento frio colidira consigo. Será que Lily também sentira esse vento frio? A varinha estava em sua mão por dentro do bolso do casaco, pronta para qualquer situação que encontrasse durante o caminho. Foi então que ele a viu e aquilo fizera seu coração se aquecer de alívio e felicidade ao mesmo tempo. Ela estava sentada no banco do ponto de ônibus, cabisbaixa. Levantou o olhar quando um ônibus encostou.


Harry caminhou em direção à filha, que descera do banco e andava até o ônibus. Ela iria entrar, iria partir. Não poderia deixar que aquilo acontecesse. Sem pensar retirou a varinha das vestes e murmurou um feitiço em direção ao ônibus, fazendo com que a porta deste fechasse. A garota olhou assustada.


- Lily. - Harry se aproximou e a tomou nos braços, abraçando-a apertado. Algumas lágrimas de alívio se formaram em seus olhos ao senti-la em seus braços. Encontrara sua filha, sua princesa. Ele se afastou para olhá-la, sentindo a pele fria da garota. - Por que fez isso? - Perguntou deixando as lágrimas rolarem.


- Ia comprar meu pato, sozinha. Peguei o dinheiro do Ben. - respondeu mordendo o lábio.


- Eu não disse que ia comprá-lo? - Harry a olhou surpreso. Não podia acreditar que Lily fugira de casa por tão pouco.


- Não... Porque eu vi um dentro do forno! - exclamou. - O Jared ia comer meu patinho!


- Minha princesa aquilo não era um pato. - Harry sorriu ao olhar o ônibus na qual Lily iria embarcar partir. - Aquilo era um peru. E mesmo que você tivesse um pato o Jared não ia comê-lo. Eu não deixaria.


- Mas eu pensei que ele ia comer mesmo assim... - murmurou envergonhada. - Eu ia voltar pra casa depois.


- Lily. - Harry se sentou no banco com a filha em seu colo. - Você é pequena. Não ia conseguir voltar porque toda vez que você sai de casa é acompanhada de mim ou sua mãe. E sempre aparatamos. - Enxugou o próprio rosto. - Você deixou todo mundo preocupado. Sua mãe está desesperada.


- O que é estar desesperada, papai? - perguntou pueril, fazendo Harry sorrir.


- É ficar triste e preocupada. E foi assim que você deixou sua mãe. - Harry retirou seu casaco, colocando-o em volta do corpo da filha. - Sua mãe estava chorando porque você saiu e não disse nada pra ninguém.


- Eu ia deixar uma cartinha, mas eu não sabia juntar as letrinhas. - explicou. - Vocês vão ficar bravos comigo?


- Não, nós não vamos ficar bravos com você. - Harry a olhou sério. - Mas se fizer isso de novo eu vou ser obrigado a te dar seu primeiro castigo. E eu não quero fazer isso com você.


Lily assentiu, e tremeu os lábios. Harry a apertou nos braços passando seu calor ao corpo pequeno da filha. Pegou-a no colo, e a menina passou os braços ao redor de seu pescoço.


- Eu te amo, muitão, papai.


- Também amo você, minha princesa. - Harry sorriu beijando-a na face, a olhando nos olhos. - Promete nunca mais fazer isso?


- Eu promete... Prometo! - corrigiu-se e riu.


- Ótimo. - Harry a beijou na testa, se levantando com Lily em seus braços. - Vamos para casa antes que sua mãe fique louca. - Disse antes de aparatar.


...


O clima na casa ficava cada vez mais pesado com o passar do tempo. Hermione tentava se manter firme, mas era só ver a neve caindo lá fora ou o nome de Lily ser mencionado para cair no choro novamente. Rony já tinha voltado com o pai, alegando que não a encontrara. Tudo agora estava nas mãos de Harry.


A expressão no rosto de cada um era de preocupação e angústia. E agora tinham mais um motivo para se preocupar. Harry estava demorando demais. O barulho da porta chamou a atenção de todos, fazendo com que seguissem para a sala. As expressões foram de alívio ao verem a cena.


Harry estava com alguns flocos de neve sobre a cabeça e suas roupas, ele afastou o casaco revelando uma Lily sonolenta e com aparência de cansaço.


Hermione sorriu em meio às muitas lágrimas que banhavam seu rosto. Sem esperar mais um segundo, correu para junto do marido, onde pegou Lily nos braços. A beijou diversas vezes, fazendo a menina rir. Então alisou seus cabelos úmidos, e sua face corada.


- Oh, meu amor, porque saiu sem nos avisar? - indagou Hermione aliviada.


- Fui sair e comprar meu pato. - respondeu ela. - Mas eu voltei mamãe. Eu te amo. Não vou mais fazer isso.


A morena assentiu, abraçando-a mais. Harry se juntou a elas, assim como os outros filhos.


- Desculpa se eu disse que ia comer seu pato. - Disse Jared beijando a face da irmã caçula. - E desculpa se eu não tenho sido o melhor irmão do mundo. Eu vou mudar com você, Lily. Eu prometo. Eu amo você irmãzinha.


- Não vai mais me dar uma tampa? - perguntou manhosa, e Jared negou com a cabeça. Lily sorriu imediatamente. - Eu amo você também.


- E eu vou deixar você brincar com o Félix, mas só quando eu estiver perto... - Ben disse, e a irmã soltou um grito eufórico.


- Hum...  O que eu posso fazer por você? - James pensou alto. - Acho que uns beijinhos, não é?


- Beijinho! - Lily bateu palmas.


James a tomou nos braços, cobrindo o rosto de Lily com beijos e fazendo-a rir. No colo do irmão ela começara a narrar à idéia que teve de tomar um ônibus para ir comprar seu pato, recebendo mais alguns conselhos de que fora errado sua atitude. A garota perdeu as contas de quantas vezes teve que prometer que não fugiria de casa novamente.


A presença de Lily trouxe a calma e a felicidade ao ambiente antes dela sair de casa.


...


Desceu de sua cama agarrada ao ursinho de pelúcia que ganhara do pai naquele natal. Seguiu para a porta e a abriu com calma, caminhando silenciosamente até o quarto dos pais. Lentamente abriu a porta para que esta não fizesse barulho e os acordasse.


Levantou as cobertas e subiu na cama, engatinhando por entre a mãe e o pai até que alcançasse o travesseiro. Ajeitou-se nas cobertas, colocando o ursinho deitado na cama. Virou o rosto para o lado da mãe, passando as mãozinhas entre os cabelos dela. Hermione suspirou, abrindo os olhos lentamente e sorrindo ao enxergar a face da filha pela luz da lua que entrava pela janela.


- Lily... O que está fazendo aqui amorzinho? - indagou baixo e sonolenta, mas ainda com o sorriso nos lábios.


- Tava frio no meu quarto, mamãe. Queria dormir aqui. Pode?


Hermione riu levemente, afagando os cabelinhos da menina. Estavam cheios como os seus.


- É claro que sim, querida.


Lily sorriu travessa ao se virar para o lado do pai no intuito de acordá-lo também. Suas mãozinhas deslizaram suavemente pelo rosto de Harry, fazendo Hermione sorrir. Ele abriu os olhos, bocejando e olhando surpreso para a filha.


- O que você ta fazendo aqui princesa? - Ele perguntou sorrindo.


- Vim dormir na cama grande... - respondeu sapeca. - Aqui é quentinho!


- Esperta você. - Disse Harry rindo ao beijá-la na face, olhando para a porta que acabara de ser aberta. Ben se aproximou, coçando o olho. - Me deixa adivinhar. Você quer dormir aqui porque é quentinho.


- Posso? - Ele esboçou um largo sorriso para os pais.


- Vem, meu querido. - fora Hermione quem respondera, abrindo espaço entre Lily para que o filho pudesse se deitar ali.


O menino sorriu, e fizera o mesmo caminho que a irmã. Deitou-se e colocou a cabeça no travesseiro, esboçando um sorriso satisfeito nos lábios. A mãe lhe fazia carinhos no cabelo e ele bocejou levemente.


Mais uma vez a porta fora aberta e Jared entrou com o próprio travesseiro em mãos. Ele não pediu permissão, apenas subiu na cama e deitou entre Ben e o pai. Harry o olhou franzindo o cenho.


- Eu ouvi a Lily e o Ben vindo pra cá e resolvi vir também. - Jared disse, fechando os olhos.


Hermione escutou o marido falar alguma coisa, e riu aconchegando Lily nos braços para que sobrasse mais espaço. De repente, a porta se abriu outra vez, e por ela, James entrara um tanto acanhado. Trazia assim como Jared, seu próprio travesseiro, e sorriu sem jeito quando o pai o fitou surpreso.


- Er... Não quero ficar sobrando. - ele confessou coçando a nuca.


- Então o que está esperando? - Hermione o encorajou.


- Ah, meu Merlin. - Harry revirou os olhos ao jogar a cabeça no travesseiro enquanto James deitava entre Lily e Ben. - Vou ter que dividir a cama com três homens.


- Somos seus filhos. - James comentou, bocejando.


- Tenho que aceitar os fatos. - Sussurrou Harry se ajeitando nas cobertas, sentindo que qualquer movimento grande que fizesse cairia da cama.


- Pai o senhor ocupa muito espaço. - Resmungou Jared se virando na cama, deixando Harry surpreso e fazendo todos rirem.


- Pai, porque o senhor não vai cochilar na poltrona? - James sugeriu fazendo todos rirem outra vez.


- Eu estou na minha cama. - Retrucou Harry contrariado pela sugestão de James.


- Não. Eu quero que o papai fique. - Disse Ben em defesa do pai, fazendo-o sorrir vitorioso.


- Cabemos todos aqui, meninos. - Hermione disse. - Mas confesso que estou surpresa. Não recebemos certas visitas há muito tempo.


- Natal, mãe. Todo mundo fica meloso e emotivo nessa época. - Comentou Jared após um bocejo.


Harry tentou puxar um pouco de coberta para si, mas ao puxá-la exercera força de mais e ele acabara caindo de costas no chão. Todos se sentaram na cama e o olharam assustados, até Hermione acender as luzes e todos caírem na gargalhada.


- Harry, você está bem? - a morena perguntou, preocupada, cessando o riso.


- Acho que sim. - Harry murmurou ao se levantar com as mãos nas costas e sentar novamente na cama.


- Papai, foi muito legal. Faz de novo. - Pediu Ben sorridente, dando alguns pulos de joelho na cama.


- Mais uma ele não aguenta. - Disse Jared em uma gargalhada.


- Com certeza não... Sabe como é, a idade está chegando. - James disse fazendo os irmãos rirem.


- Por Merlin, James, fique quieto. - a mãe ralhou. - Tem certeza, meu amor, de que está bem?


- Um dia você vai ter minha idade. - Retrucou Harry para James, erguendo uma sobrancelha. - Eu tô bem. Só um pouco dolorido. - Respondeu sorrindo para a esposa.


- Então volte para cá. - a morena pediu sorridente.


Harry se deitou novamente ao lado de Jared, conseguindo um espaço pouco maior após sua queda. Ajeitou-se nas cobertas e no travesseiro.


- Agente já pode abrir os presentes? - Lily indagou de olhos fechados.


- Eu pensei que fossemos dormir agora. - Jared disse confuso.


- E vamos. Pela manhã você pode abrir os presentes Lily. - Disse Harry para a filha.


- Eu vi o James dando o presente dele pra namorada antes do jantar. - Comentou Ben deixando o irmão mais velho de olhos arregalados. - Foi um beijão que...


- Boa noite, Ben. - cortou-o, sorrindo amarelo. - Boa noite pessoal...


- Boa noite, covarde. - Disse Jared rindo junto com o pai.


...


Acordar cedo demais para Lily não era algo bom. Sentia-se entediada já que os pais dormiam até tarde nos fins de semana e feriado e, como James e Jared também estavam em casa, era sinal de que ficaria sem nada para fazer por um longo tempo. Aquilo a deixou irritada. Não iria ficar acordada sozinha enquanto todos dormiam apertados na cama dos pais.


Lentamente ela tirou o braço da mãe que envolvia sua cintura e se levantou. Abafou uma risada quando James virou para o lado e se agarrou em seu ursinho de pelúcia. Aquela cena era um tanto cômica para o irmão mais velho. Seguiu em passos sorrateiros até a cozinha, arrastando uma cadeira e subindo nela. Abriu o armário e de lá tirou um pote de geléia de morango. Ela amava geléia de morango, mas naquele momento ela iria lhe saciar outra vontade.


Subiu as escadas de volta para o quarto, constatando que Ben acabara de acordar. Não poderia pregar uma peça nele. Levou o dedinho indicador nos lábios em sinal de silêncio para o irmão, que olhou o pote em suas mãos e arregalou os olhos levando a mão na boca para não rir. Lily ficou de joelhos na cama, pensativa. Se passasse a geléia em James ele acabaria por sujar seu ursinho também e ela não o queria todo melecado. Então sua única opção fora Jared.


Engatinhou até o irmão e se ajoelhou, abrindo o pote com a ajuda de Ben. Mergulhou sua mãozinha na geléia e de lá tirou o suficiente para melecar as bochechas do irmão. Ben segurou o travesseiro com força no rosto para não rir. Em questão de segundos, Jared estava todo melecado com geléia de morango. Os soluços de Ben para reprimir a gargalhada acabaram acordando James, que olhou confuso para a cena, mas mordeu o lábio com força para não rir também.


Jared abriu os olhos lentamente, assustado com os olhos dos irmãos sobre si e a expressão de travessura na face. Alguma coisa estava errada. Ele sentou na cama, bocejando.


- O que foi? - Perguntou coçando os olhos e notando uma camada diferente em sua face. Seus olhos caíram no pote de geléia nas mãos de Lily, então olhou para suas mãos e constatou o que suspeitara. James e Ben caíram em uma sonora gargalhada. - Lily. - Jared resmungou entre os risos, que acabaram por acordar os pais.


- O que... - Harry olhou sonolento dos outros filhos para Jared, soltando uma sonora gargalhada.


- Mas... Mas o que está acontecendo...? - Hermione indagou murmurando por causa do sono.


- Sua filha resolveu usar os dons artísticos em mim. - Retrucou Jared chamando a atenção da mãe.


- Ficou legal, Jar. - Comentou Ben rindo.


- Ficou mesmo um moranguinho, que coisa mais linda! - James comentou, rindo.


Hermione riu também, e pegou um lenço na gaveta, em seguida limpou as bochechas de Jared.


- Não enche. - Jared sibilou dando um tapa na nuca de James.


- Eu jamais imaginei ter um filho moranguinho. - Comentou Harry entre risos com James e recebendo um olhar furioso de Jared.


Lily esboçou seu melhor sorriso travesso para James, passando delicadamente as mãozinhas na face do irmão e o sujando também.


- Quem é o moranguinho agora, linda? - Indagou Jared com sarcasmo, rindo.


- Morango é gostoso. - disse convencido.


- Morango é uma delícia! - Lily aprovou passando os dedos no doce e em seguida colocou na boca. - Agora falta o Ben...


- Não. Eu não. - Ben se levantou da cama, escondendo atrás do pai.


- Esse é um ótimo jeito de acordar a gente desejando feliz natal. - Disse Jared entregando o lenço que sua mãe usara para limpar seu rosto a James.


- Aposto que ela não tinha nada pra fazer e resolveu nos acordar. - Disse Harry vendo Lily assentir com a cabeça ao passar o dedinho pelo queixo do pai, sujando-o também. - Eu disse.


- Papai está gostoso agora também. - Lily disse e riu, beijando o queixo de Harry. - Só as meninas que não podem ficar sujas...


- Te dou um galeão se sujar sua mãe. - Sussurrou para a filha, sorrindo maroto para Hermione.


A morena olhou para a filha que hesitava, mordendo o lábio. Ela mesma olhou para a mãe e esta sorrira sem jeito. Os irmãos esperavam ansiosos o que a pequena decidiria.


- Lily... - Hermione murmurou.


- Não pode sujar a mamãe. - ela comentou séria.


- Me dá. - Jared tomou o pote das mãos de Lily, pegando um pouco de geléia e passando na face de Hermione. - Agora ela ta suja.


- Me lembre de te pagar depois. - Murmurou Harry para o filho, rindo.


- Isso não é justo... James quer ganhar um dinheiro pra ir ao cinema com a Emma? - a morena perguntou.


- Mas é claro, o que tenho que fazer senhora? - brincou o mais velho, rindo.


Trocaram um olhar cúmplice, e James pegou um pouco de doce, e besuntou o nariz e a boca de Harry, sob desculpas. Ben riu com gosto, recebendo um pouco do excesso e geléia que cobria o rosto do vice-ministro.


- Devia ter sido mais esperto. - Suspirou Harry pegando o pote e puxando Ben, deitando-o na cama e passando geléia nas bochechas e na testa do pequeno, que ria e tentava se soltar. - Pensou que ia ser o único limpo aqui?


- Na verdade, tem uma pessoinha aqui que ainda está limpa. - Jared olhou travesso para a irmã caçula.


- Quem? - ela perguntou lambendo os dedinhos.


- Você. - Jared a deitou na cama, enquanto Harry e Ben faziam alguns pontinhos vermelhos nas bochechas de Lily. - Agora todo mundo ta decorado para o natal. Que maravilha. - Comentou soltando a irmã.


- Eu falô que as meninas não era pra sujar! - exclamou irritada, mostrando a língua para o irmão.


- Oh, Lily você está tão linda. - Hermione comentou para amenizar o ambiente. - Não está? - perguntou aos filhos e ao marido.


- Continua uma princesa. - Harry sorriu beijando a face da filha. - Agora todos para o banho antes que as formigas ataquem.


- O banheiro é meu. - Gritou Jared se levantando e saindo correndo do quarto, deixando um James contrariado para trás.


- Use o nosso banheiro, mas não faça bagunça. - Hermione disse a ele.


- Valeu mãe! - exclamou e saltou da cama, batendo a porta em seguida.


- Pelo menos não vamos ter briga essa manhã. - Comentou Harry limpando o rosto de Lily. – Pronto, moçinha pequena. - Sorriu.


- Tá pregando... Tudo melecado, eu não gosto mais do Jared. - comentou fazendo bico.


- Lily ele estava brincando, assim como você. Tá passando da hora de você parar de tratar apenas o James como irmão. Todos ficaram preocupados ontem quando você sumiu, até mesmo o Ben. - Harry apontou para o filho menor, que confirmou com a cabeça.


- Seu pai está certo, meu amor. - Hermione disse e beijou a bochecha da menina. - Hum, que delicia... - Lily riu gostosamente.


- Então vou gostar do Jared, ele não vai me dar a tampa. - murmurou, passando as mãos nos cabelos.


- E o Ben? - Harry perguntou para Lily, olhando para o garoto que estava ocupado em examinar o pote de geléia, constrangido pela conversa.


Lily sorriu, e pulou no pescoço do irmão. Surpreso, Ben fizera uma careta e a abraçou também.


- Também gosto muito de você, Benji. - ela disse sorrindo. - Podemos brincar com o Félix depois?


- Tá bom. Me ajuda a lavar o aquário dele mais tarde. - Ben disse sorridente para a irmã. - Depois brincamos com ele. - Dizia ao sair do quarto com a irmã.


- Você tá linda sabia? - Disse Harry sorrindo, examinando algumas partes do rosto de Hermione sujo por geléia de morango.


- Mesmo? - indagou e riu. - Estou toda melada... - murmurou, passando o dedo no rosto. -... E a culpa é sua.


- Mas essa era a intenção. - Harry sorriu malicioso, se aproximando de Hermione e acariciando-a na nuca, roçando seus lábios aos dela. - Eu queria te limpar depois. - Completou beijando-a no queixo, passando a língua lentamente pela região para limpá-la.


- Pare... - ela riu. - James está no nosso banheiro. - alertou, mas Harry não parara sua carícia. Hermione fechou os olhos, sentindo a boca dele desprender-lhe sensações.


Harry apenas sussurrou qualquer coisa, demonstrando que não dera importância para o comentário da esposa. Seus lábios seguiram do queixo para as bochechas, fazendo as mesmas carícias e acrescentando algumas mordidas de leve, o que fizera Hermione sorrir.


Ele se afastou um pouco para olhá-la, e ela pode constatar que os lábios dele estavam cobertos por geléia também. Aquilo a atraíra ainda mais, puxando o lábio inferior do moreno com o dente e passando a ponta de sua língua para limpá-lo, fazendo-o ofegar contra sua boca.


- Hm... Muito bom. - Hermione sussurrou, e riu.


- Pode ficar melhor. - Sussurrou Harry antes de aprofundar o beijo, dando leves mordidas no lábio da esposa. Suas mãos deslizaram pela coxa de Hermione, fazendo-a suspirar. Ia partir para uma carícia mais forte e ousada, mas o som da porta sendo aberta o impedira. Afastou seus lábios dos de Hermione, direcionando seu olhar para a porta do banheiro. James permanecia estático e com uma careta cômica.


- Que nojo! - ele exclamou revirando os olhos.


- Começamos assim pra você ser concebido. - Disse Harry com um sorriso torto, recebendo um cutucão de Hermione. - E não era você que estava no maior amasso com sua namorada antes do jantar? - Desdenhou.


- Me poupem desses detalhes... - o apanhador fizera outra careta.


- Isso mesmo Harry, me poupe dos detalhes também. - Hermione comentou imitando o filho.


- Não fui eu que vi. - Harry levantou os braços em sinal de rendição, entrando no banheiro e fechando a porta.


 


 


 


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N/A: Capítulo de natal postado.
Postamos em julho, mas escrevemos o capítulo perto do natal. Estavamos inspiradas com o clima natalino. kkkk
Esperamos que tenham gostado.
É maaraa ver os Potter reunidos. *-*
Principalmente com os Weasley. Fica muito cute. kkkk
Mas ainda continuamos exigentes. Sabemos que tem algumas pessoas que comentam, e comentam bastante. Mas ainda queremos mais.
Tem alguns leitores caladinhos, que acompanham a fic e não comenta. Queremos comentários de vocês também. Não custa nada deixar sua opinião sobre a fic ou o capítulo.
Isso é bom que incentiva nós, autoras.
E como já avisamos antes, a fic está terminada. Só vocês comentando para a gente postar e saciar a curiosidade de vocês em saber o que vai acontecer.
Ta ai o recado.
Beijo das autoras.


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09/07/2010.

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