Can we talk?



Algum tempo depois de todo o drama com o Draco eu voltei a falar MESMO com Fred,e,consequentemente,com Lino e George também.
Mas eu sempre notava que ele estava... Distante. Não era como antes,quando ele fala comigo e ficava sério,fazia brincadeiras e as vezes até ficava um pouco mudo. Agora a máscara que ele tinha antes havia voltado,aquela terrível máscara de pessoa risonha que é simpática por ser simpática.
Ouvindo assim não parece tão ruim,mas para mim? Era péssimo. Ele não parecia mais... Ser ele mesmo... Sei lá,faltava alguma coisa.
Por não saber como ter o que tínhamos novamente,acabei me focando mais em ajudar Harry com as aulas de Dumbledore e encontrarmos uma maneira de fazer o Slughorn contar a ele o que quer que ele prescinde saber sobre as Horcruxes.
Mas,não dava pra ficar se preocupando com essas coisas agora,afinal,de todas as merdas possíveis depois de tudo o que aconteceu, tinha que ser algo relacionado ao Rony!
-Então, no geral, não foi um dos melhores aniversários do Rony, não é?-comentou Fred.
Era noite; a ala hospitalar estava silenciosa, as cortinas fechadas, as luzes acesas. A cama de Rony era a única ocupada. Harry, eu e Gina estávamos sentados perto dele. Tínhamos passado o dia inteiro esperando do lado de fora das portas duplas, tentando espiar lá para dentro, sempre que alguém entrava ou saía. Madame Pomfrey só nos deixou entrar às oito horas da noite. Fred e George tinham chegado dez minutos depois. Calmos como sempre. Quem olhasse nem pensaria que o irmão caçula dos dois panacas saltitantes havia sido envenenado!
-Não foi bem assim que imaginamos entregar nosso presente-disse George,deixando um grande embrulho na mesa-de-cabeceira de Rony e se sentando ao lado de Gina.
-É, quando imaginamos a cena, ele estava consciente - confirmou Fred.
-Acho que em algum momento do "presente" de vocês ele acabaria ficando inconsciente mesmo...-eu disse revirando os olhos. Isso não me surpreenderia.
-Ah,que bom que nossa querida Hermione está aqui,sempre animando e botando fé em todos.-retrucou Fred me lançando um sorriso provocador e em seguida puxando uma cadeira ao lado de Harry e voltando a encarar Rony.-Como foi exatamente que isso aconteceu, Harry?
E então Harry teve de explicar a história que já tinha repetido cem vezes a Dumbledore, a McGonagall, a Madame Pomfrey, para mim e Gina.
-... então enfiei o bezoar na boca de Rony e a respiração dele melhorou um pouco, Slughorn correu para buscar ajuda, McGonagall e Madame Pomfrey apareceram e o trouxeram aqui para cima. Acham que vai se curar. Madame Pomfrey diz que terá de ficar aqui mais ou menos uma semana... tomando Essência de Arruda.
-Caramba, foi sorte você ter se lembrado do bezoar-disse George em voz baixa.
-Sorte que tivesse um na sala - respondeu Harry.
Eu inevitavelmente dei uma fungada quase inaudível. Tinha ficado meio quieta o dia todo. Esperei o dia inteiro só pra saber se meu amigo estava bem,e,quando finalmente pude vê-lo,fico desconfortável por que o irmão excepcionalmente lindo dele está na sala me encarando quase que fixamente.


"Opa! Será que eu ouvi a frase ‘excepcionalmente lindo‘?!"
"Consciência meu amor,da pra voltar depois com todo esse seu sarcasmo? De preferencia quando eu não tiver um amigo desmaiado na minha frente!"


-Mamãe e papai sabem?-perguntou Fred a Gina,tive uma leve impressão que isso foi só pra quebrar o silêncio que havia tomado conta.
-Eles já viram o Rony, chegaram há uma hora; estão no escritório de Dumbledore, agora, mas vão voltar logo...
Houve uma pausa durante a qual todos ficamos observando Rony, adormecido, resmungar um pouco.
-Então o veneno estava na garrafa?-perguntou George em voz baixa,tentando ressuscitar novamente a conversa.


"Meu querido! Você pode até ser bonito,mas beleza não mata tédio nem constrangimento."
"Cala-A-Boca consciência!"
"Oush,achei que só não pudesse zoar com o senhor ‘Quase te beijei‘,não com o gêmeo dele."


-Estava -respondeu Harry.-Slughorn serviu o hidromel...
-Ele poderia ter posto alguma coisa na taça de Rony sem você ver?
-Provavelmente, mas por que Slughorn iria querer envenenar Rony?-entrei na discussão,que,até o momento,Harry e Fred tinham tentando entender o ocorrido.
-Não faço a menor ideia-respondeu Fred, enrugando a testa. - Você acha que ele poderia ter trocado as taças por engano? Querendo envenenar você?
-Por que Slughorn iria querer envenenar Harry?-indaguei.
-Não sei-replicou Fred - mas deve haver muita gente que gostaria de envenenar Harry, não? "O Eleito" e tudo o mais?
-Então você acha que Slughorn é um Comensal da Morte?-perguntei.
-Tudo é possível-respondeu Fred sombriamente.
-Ele poderia estar dominado pela Maldição Imperius - sugeriu George.
-Ou poderia ser inocente - retruquei.-O veneno poderia estar na garrafa, caso em que provavelmente era destinado ao próprio Slughorn.
-Quem iria querer matar Slughorn?
-Dumbledore acha que Voldemort queria o apoio de Slughorn - disse Harry.-O professor esteve escondido durante um ano antes de vir para Hogwarts. E... -ele parou por um minuto -... e talvez Voldemort queira tirar Slughorn do caminho, talvez ache que ele pode ser valioso para Dumbledore.
- Mas você disse que Slughorn tinha pensado em dar a garrafa a Dumbledore no Natal-Gina lembrou a Harry.-Então o envenenador poderia muito bem estar atrás do Dumbledore.
- Então o envenenador não conhecia Slughorn muito bem -falei.-Qualquer um que conhecesse Slughorn saberia que havia grande probabilidade do professor guardar uma coisa gostosa daquela para si mesmo.
-É,-raciocinou Fred-é possível...
-Não diga que eu estou certa,você a pouco tempo estava me contrariando.
-Todos podem mudar de opinião.
-E ao que me parece...-eu ia retrucar mas nesse momento as portas abriram.
Hagrid entrou e vindo em nossa direção, sua cabeleira salpicada de chuva e deixando no chão um rastro de pegadas lamacentas do tamanho de boias.
-Passei o dia todo na Floresta!-ofegou.-Aragogue piorou, estive lendo para ele... só me levantei para jantar agora há pouco, e a professora Sprout me contou o que aconteceu ao Rony. Como é que ele está?
-Nada mal-respondeu Harry.-Dizem que vai ficar bom.
-Somente seis visitas de cada vez!-avisou Madame Pomfrey, saindo depressa de sua sala.
- Com o Hagrid são seis - observou George.
- Ah... é... - concordou Madame Pomfrey, que, pelo jeito, contara Hagrid como várias pessoas, diante de sua corpulência. Para disfarçar seu embaraço, ela correu a limpar as pegadas com a varinha.
Nesse momento de constrangimento dela,Fred se adiantou:
-Hermione,posso falar com você um minuto lá fora?
Assenti com a cabeça e fomos indo em direção à porta.
Eu poderia jurar que antes de fechá-la vi George cutucar Harry e dizer "Eles crescem tão rápido..." Fazendo-o rir.


+++


Assim que fechei a porta ele me perguntou:
-O que diabos foi aquilo?
-Aquilo o que?-perguntei fingindo que aquele pequeno ataque que eu dei lá enfermaria não tinha acontecido.
-Ah é assim?!-ele diz me olhando com raiva-Você da um "pequeno piti" na enfermaria sobre como eu ando distante e ainda não sabe o que tava errado?-ele diz chegando mais perto,eu tome me aproximo instintivamente,com qualquer outra pessoa no mundo eu estaria fazendo isso para me preparar para a óbvia explosão de berros e xingamentos que sairiam,mas não dava pra pensar direito com ele se aproximando.
-Agora vai me dizer que anda tudo perfeitamente normal entre agente?-digo na defensiva fazendo ele revirar os olhos-Voce se afasta de mim sem eu saber o motivo e ainda quer que eu aja como se estivéssemos todos saltitantes e cagando arco-íris por aí?
-AH JURA?! VOCÊ NÃO FAZ IDEIA DO MOTIVO PELO QUAL EU ME AFASTEI?!-ele diz irônico,já deu pra ver que ele vai começar a jogar na cara-Por acaso vou ter que pegar um vira-tempo pra nós dois voltarmos a alguns dias atrás?-ele disse enquanto eu me aproximava mais,eu não sei se era o fato de ele estar quase gritando de novo ou o fato de estarmos ficando MUITO próximos que está me fazendo perder o raciocínio-Quando você claramente disse que precisava de um tempo pra pensar seja lá que merda que você...-antes que ele consiga terminar qualquer que fosse a maldita coisa que ele iria dizer eu faço a coisa mais estúpido que se poderia fazer em uma discussão.
Eu o puxo pra mim e o beijo.
E exatamente como na primeira vez em que nos beijamos ele se surpreende no começo.
A diferença é que dessa vez eu sei o que eu estou fazendo.
Que se foda qualquer dúvida ou razão para eu me afastei de vez dele.
Eu me cansei delas. De cada uma delas.
Depois de um tempo,ele me beija de volta mas logo em seguida nos afastamos. E para a minha surpresa,ele continua com a testa colada na minha.
-Por...que...você fez isso?-ele me pergunta pausadamente. Imediatamente sorrio ao ouvi-lo dizer isso.
-Porque eu achei que isso seria um ótimo jeito de te dizer que já tinha me decidido.
-E pelo que eu notei,acho que eu vou gostar muito dessa decisão.-ele diz me fazendo rir enquanto me afasto um pouco.
-Eu também acho-digo fazendo-o sorrir.
Entrelaçamos as mãos.
E entramos novamente na enfermaria.

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