O primeiro gosto de adeus

- Eim? Não vão responder?!

- Eu... Eu me recuso a responder qualquer coisa que possa me incriminar, sem a presença de um mediador imparcial! – Tiago protestou, sentindo os nervos a flor da pele

- Ah, cale a boca, grande imbecil! Eu sei que foram vocês que aprontaram toda aquela algazarra! Vocês estão muito encrencados! – o sorriso maníaco dobrou de tamanho.

- E qual é a prova? Como pode nos acusar assim? – Remo fez uso da esperteza.

- Estão fora da cama depois da hora!

- Como? Não! O toque de recolher ainda não soou! São só... – Sirius consultou o relógio de pulso. - 21h10min. BOSTA!!

- Eu sou monitor! Eu... Eu estava conversando com um colega de monitoria sobre a ronda de amanhã, sinto muito, Sr. Filch... – salvou a própria pele.

- Hum... Tá! O loirinho aí eu até deixo passar, mas vocês dois... Ah, vocês dois!! Não sabem como eu estava louco para pegar vocês! Eu já agüentava mais esperar...

- Ei cara! Sossega! Pontas e eu somos machos, ok? Temos namorada e tudo o mais... Nada de propostas indecorosas ou maliciosas, ouviu? – Sirius não tinha perdido o bom humor, suas tiradas  pervertidas arrancaram risos de um Tiago tenso.

- Muito engraçadinho... o que está segurando, seu malandrinho? - Filch foi esperto e viu o mapa do maroto nas mãos de Sirius. Almofadinhas escondeu o pergaminho atrás de si rapidamente.  – Não adianta esconder que eu já vi! Mostra!

- Mostrar o quê? – passou, discretamente, o pergaminho para Tiago, que logo murmurou o encantamento para esconder a magia do mapa. Mostrou as mãos ao zelador. – Não tenho nada! Sabe, Sr. Filch, às vezes, com a idade, vemos coisas que não existem...

- Não! Eu vi sim, era um pergaminho!

- Pergaminho? Olha essa, Aluado, o zelador tá doidão. – Remo deu um meio sorriso, nervoso. Tiago aproveitou que Argo estava ocupado mirando Remo e tentou escorregar o mapa para o bolso do jeans, foi pego no ato.

- AHÁ! Me entregue isso agora! – ordenou triunfante, o coração de Tiago desembestou. Dar o mapa? Isso não era possível.

- Ah, isso? – tentou enganar o homem. – É só um pergaminho que minha tia me deu de presente.

- E que, por acaso, você carrega dentro do bolso o tempo inteiro, não é? Anda! ME DÁ! – Tiago entregou, relutante e tremendo. – O que tem nele?

- Já disse! É uma carta!

- Uma carta sem palavras? Muito mal mentido, Potter! – zombou com escárnio.

- Está enfeitiçada para que intrometidos como o senhor não a leiam! – urrou com raiva

- MENTIRA! Vou levá-la comigo e vamos ver o que consigo descobrir! – avisou, pondo o mapa dentro de seu bolso.

- Pois veja aqui, na frente de todos nós! – Sirius resmungou.

- Esqueci minha varinha, garoto insolente! – Filch pareceu constrangido.

- Então use a minha! – Remo entregou a sua, tenso.

- Não! Quero dizer, quem me garante que não há alguma alteração nessa daí? Não! – estava muito corado e nervoso. – Sumam daqui! A detenção de vocês é sexta, último dia de aula, polir os troféus... Uma maravilhosa despedida da escola! Agora sumam daqui! Anda, para as salas comunais, AGORA!! E Potter! Leve essa mochila sebosa com você! – jogou a mochila azul aos pés do maroto e houve um barulho de vidro sendo quebrado.

Logo depois uma nuvem de fumaça amarela saiu da mochila de Tiago. O vidro com o bus de bobotúbera, e as outras misturas, se quebrara e derramara todo o conteúdo na bolsa de aula do maroto. A raiva lhe subiu a cabeça, puxou a varinha do bolso e murmurou em alto e bom som com a voz irritada.

- Furnúnculus! Levi Corpus! Cara de Lesma! Densaugeo! Langlock! – num segundo Filch estava pendurado no ar, de cabeça para baixo, coberto de furúnculos, vomitando lesmas, com os dentes crescendo na velocidade da luz e com a língua colada no céu da boca!

- Tomara que morra assim, seu seboso insuportável! – berrou antes de correr para a sala comunal com Remo e Sirius, que o olhavam espantados e riam, respectivamente. 

  Subiram até a Torre, calados e internamente furiosos pela perda do mapa. Pouco antes de alcançarem a porta do retrato, Tiago extravasou a raiva e a chateação.

- Mais que ódio do Filch! Seboso maníaco, insuportável, ladrão! Eu não acredito que ele pegou o mapa!

- A culpa é minha também, deveria ter olhado melhor o mapa, Pontas. – Sirius comentou, muito frustrado

- É! A culpa é sua também, Sirius! – Tiago gritou estressado. Falou a senha à mulher do retrato, com muita frieza e entrou, sentindo o sangue quente nas veias pululando de ódio. –  FILCH INSUPORTÁVEL! SACO DE BOSTA DE DRAGÃO!! TITICA DE HIPOGRIFO!!

- Acho que tem alguém estressado por aqui... – Lily murmurou, tirando os olhos do livro de Marlene e voltando suas atenções aos marotos recém chegados. – Quer um sabãozinho para limpar essa boca suja, Tiago? – Sirius riu, achando graça e cumprimentou Lene com um selinho demorado.

- Filch roubou o mapa do maroto, nos pegou quando estávamos no quinto andar... Tiago está inconsolável de fúria... – Remo explicou com paciência.

- Então ganharam detenção? – foi Marlene que perguntou.

- Hum... É... – Sirius deu um sorriso arteiro

- Eu bem que avisei, né... Mas não... Os marotos sempre sabem o que fazem... Ok! Vocês que decidiram, mas nada disso teria acontecido se tivessem me ouvido e não ido armar confusão, se tivessem ficado aqui na sala comunal estu...

- Ah, Lily! Se for para dar lição de moral, fica quieta! Eu já tive uma noite suficientemente ruim para você ainda me vir com “Eu avisei”! Tá, você avisou... Que coisa mais chata! Você pode gostar de passar o final de semana inteiro estudando, mas eu não! Sinto muito, aceite esse fato de que eu não vou ficar trancafiado nessa sala estudando como um demente! – urrou Tiago, explodindo toda a chateação sobre a namorada.

Lily ficou apenas encarando-o com os olhos arregalados e sem acreditar. Respirou fundo, guardou os materiais na mochila, jogou-a sobre os ombros e caminhou decidida até ele. Os amigos receavam o fim dessa confusão.

- Escuta aqui, mal educado! Eu não sou saco de pancada para as suas frustrações, Tiago. Eu te adoro e te respeito, então faça o mesmo... Sua cabeça está quente e eu não quero arrumar uma boa briga! Quando você estiver no seu normal de novo e quiser pedir desculpas a sua NAMORADA, eu vou estar no dormitório ou revisando na biblioteca, ok?! Boa noite! – e subiu as escadarias do dormitório, correndo. Não havia gritado, nem alterado o tom de voz, somente falado baixinho e com determinação.

- Eu fiz besteira, não fiz? – Tiago se deu conta dois segundos depois que Lily bateu a porta do quarto. Lene, Sirius e Aluado fizeram um positivo com a cabeça. – Que ótima noite a minha! Já vou dormir, tchau galera! – subiu as escadas do dormitório masculino de dois em dois degraus, com a cabeça fervilhando de coisas.

***

- Bom dia, Lilindinha! – foi o cumprimento de Tiago à amada, na manhã seguinte, na hora do café da manhã no Grande Salão.

- Bom dia. – não parecia tão amável e doce como de costume. – Lembrou-se de descontar a raiva em seu travesseiro antes descer, foi?

- É algum tipo de piada que eu perdi? – correu os olhos por entre Sirius, Lene, Pedro e Remo, atrás de respostas enquanto se sentava e pegava para si em prato, que encheu com as comidas deliciosas preparadas pelos elfos da escola.

- Não. É que acordou tão... educadamente amoroso que me assustei! Das duas uma, ou alguém tinha trocado de personalidade com você ou você tinha descontado sua raiva interior em sua cama, antes de descer... – a ironia foi solta calmamente por Lily, que bebericava seu chá de maçã.

- Ah... por ontem, não é? – ficou meio encabulado de recordar-se de suas infantilidades da noite anterior. Lily não respondeu, continuou a bater seu papo alegre com Marlene, fazendo de conta que nada tinha acontecido. Tiago levou as mãos aos cabelos e bagunçou-os cansadamente.

- Ela está me dando um gelo, é isso? – sussurrou para Sirius e Remo.

- Parece né...

- Eu fiz tanto mal assim ontem à noite? – Tiago parecia arrependido.

- Quer que eu responda como amigo ou como pessoa sincera? – Aluado foi categórico. – Porque cada personalidade da minha pessoa te dará uma resposta diferente. – Sirius riu.

- Ah, parem de gracinhas! Por que não vai lá agarrar a tal Srta. Merlin e me deixa em paz, Aluado?

- Ui! A mocinha ficou irritada! – Sirius zombou e Aluado caiu em gargalhadas.

Tiago limitou-se a abocanhar sua torrada com geléia e ignorar, mas logo em seguida não pôde mais se controlar e riu junto. Lene e Lily olhavam a cena, achando graça de tudo...

O domingo se estendeu vagaroso. Sirius sentou-se em uma das mesas da sala comunal para estudar com Marlene, mas parecia dar mais atenção à ela do que às revisões. Lily aproveitou a manhã para enviar uma carta à mãe, contando sobre os exames de final de ano e confirmando a presença no casamento da irmã mais velha, que aconteceria em três semanas. Tiago concentrou-se verdadeiramente em estudar para os testes e não conversou com nenhum dos amigos por toda a manhã. Aluado, por sua vez, aproveitando que já tinha estudado, tirou a manhã livre com Melhissa, embaixo do velho carvalho na beira do Lago Negro. A brisa fria de começo de verão, o sol morno na pele, a água gelada do lago em seus pés pálidos... Agradável folga de domingo...

- Então... vai fazer os N.I.E.M’s essa semana, não é?

- É... – Remo confirmou, passando outra vez os dedos por entre os fios de cabelo da namorada.

- Estamos cada vez mais perto... – confessou em um tom melancólico

- Perto? Perto de que, Mel?

- De nos separarmos... – os olhos arderam; olhou para cima, evitando chorar. – Você vai se formar e sair da escola, eu ainda tenho mais um ano aqui...

- Mas que bobeira, Mel... como se o fato de você estar na escola fosse atrapalhar a gente de ficar junto!

- Quase não vamos nos ver... – choramingou, olhando-o nos olhos castanhos.

- Vou estar em Hogsmeade em todos os dias de passeio, e vou te escrever toda semana, e vou te encontrar na estação de trem em todas as vezes que você resolver voltar para casa nos feriados... – avisou carinhosamente, beijando-a o topo da cabeça.

- Sou uma boba, né?

- Não! É normal ficar preocupada, mas não se incomode, nunca vou te esquecer! – ela se aconchegou mais próxima a ele e descansou a cabeça no ombro de Remo, fechando os olhos.

***

A hora do almoço passou voando, assim como o período da tarde. Lily não atrapalhou as revisões de Tiago, que terminou de estudar somente perto do jantar. Sirius, ao contrário, passou sua tarde com Marlene no campo de quadribol, voando e brincando. Lily usou sua tarde de folga para terminar de ler um livro interessante que ganhara de sua mãe no natal: As aventuras do detetive Sherlock Holmes. Riu com o humor espirituoso dos contos e ficou tensa com o relato dos crimes hediondos do século 19, que eram narrados pelo amigo do detetive. Estava em um momento particularmente crítico de um dos contos. Sussurrava as palavras do livro, para si própria.

“- Há algo de demoníaco lá dentro – disse ele com uma emoção que eu nunca havia visto. – O que pensa que isso significa, Watson?

Abaixei-me para espiar pelo buraco da fechadura e recuei horrorizado. A lua iluminava o aposento com um raio difuso e desigual. Vi então, olhando direto em meus olhos e destacando-se no escuro, um rosto que parecia flutuar no ar. Era a reprodução cabal de Thaddeus: a mesma cabeça alta e reluzente, o mesmo rosto pálido. Mas as feições estavam fixadas num sorriso horrível {...}”

- Lily... – foi um murmúrio rouco perto de seu ouvido

Houve um berro na sala comunal. Lily levantara da poltrona com um pulo, de espanto. Alunos a encararam, assustados, mas depois voltaram suas atenções de volta ao que faziam. Parara em pé a dois metros de distancia da cadeira, segurando a varinha empunhada em uma das mãos e o livro na outra. O rosto pálido de pavor e as pernas bambeando de susto. Seguidamente Tiago soltou uma gargalhada estridente e contagiante, zombando da namorada que ainda estava congelada de susto.

- Foi... foi só uma brincadeira, amor.... – ele ria enquanto se encaminhava até ela.

- Não... não brinque assim quando eu estiver lendo livros de suspense, Tiago! – gaguejou assustada.

- Calma, Lils... não foi nada demais. Anda, vem sentar... agora estou curioso com esse livro, vem ler para mim, vem. – pediu com voz doce. Lily parecia ter esquecido estar brigada com ele, pois imediatamente sentou-se no espaço que sobrava na poltrona e aninhou-se no peito dele, continuando a ler em voz baixa a narração do livro. Depois de dois capítulos, havia adormecido... 
... 

- Lily... Lily acorda, amor... – um sussurro manso acordou Lily. O sono estava gostoso, um sonho
maravilhoso com seu amado Tiago, o conforto acalentador de sua colcha em seu dormitório...

Foi aí que Lily deu-se conta que não estava em seu dormitório, estava na sala comunal! E aquela não era sua colcha quentinha, era o  linho macio da camisa de Tiago. Sentiu-se ruborizar e ficar com as orelhas muito quentes. Afastou o rosto do peito da amado, com muita relutância, e alisou os cabelos emaranhados, esfregou os olhos...

- Merlin, que vergonha! – levou a mão às bochechas e sentiu o calor da pele corada.

- Grande besteira! – Tiago fez pouco caso. – Lene já subiu, pedi que ela trouxesse algo para você, do jantar... Tem um prato com bolinhos de arroz e bacon que ela pegou e o Sirius conseguiu contrabandear uma garrafa de suco de abóbora, lá da cozinha. Está tudo no seu dormitório. – explicou dando um sorriso.

- Obrigada! – disse Lily com uma vergonha contida. – Acho que vou subir... Que horas são?

- Quase nove... É melhor jantar logo... – advertiu em tom sério. – E eu sinto muito não poder ficar mais tempo com você, mas vou terminar de treinar para o teste prático de feitiços, ok? Boa noite, Lils. – e deixou um beijo sereno nos lábios da amada, levantando-se, entregando-a o livro e, por fim, subindo as escadas do dormitório masculino...

***

A semana de N.I.E.M’s foi extremamente corrida e tensa. Na manhã de segunda-feira houve o teste teórico Transfiguração e Feitiços. Os alunos tiveram uma hora de folga entre o almoço e o teste prático de feitiços, que seria de tarde. Sirius e Lily escolheram uma sala vazia onde treinaram com Lene, Tiago e Remo, todas as azarações, feitiços convocatórios, expulsórios, de proteção, de defesa, de ataque e de tudo o mais que sabiam.

Quando tiveram de ir para o exame prático de feitiços, Lily tremia nas bases, nervosa. As mãos geladas de tensão se contorciam nervosas sobre seu colo, enquanto esperava ser chamada para o exame. Já tinha contado uma dúzia de alunos serem chamados, Sirius fora um deles. Entrara sorrindo e saíra do mesmo modo, com aquele sorriso irritantemente maroto brincando em seus lábios. Os devaneios de Lily iam desde sua prova de Transfiguração, de manhã, passando pelo casamento de Petúnia e por seu relacionamento com Tiago, findando em se recordar da pronúncia correta do feitiço de animação...

- Evans, Lily? – congelou. Era sua vez.

Sentiu Tiago tocar-lhe o braço. Os olhares se encontraram. Os castanhos dele passando calma e serenidade, os verdes dela suplicantemente nervosos.

- Relaxa... Só vai lá e arrasa! – sussurrou para ela, que se abriu em um sorriso bobamente apaixonado.

- Evans? Evans, Lily? – chamaram-na outra vez.

- Aqui! – levantou-se, mais confiante

O professor acompanhou-a com o olhar, mantendo uma expressão indecifrável. Lily respirou fundo e deixou-se ser acompanhada por ele para dentro da saleta. Havia uma mesa de madeira com alguns objetos simples em cima, uma cadeira atrás. O professor sentou-se e pediu o que queria para poder avaliar Lily. A ruiva executou com maestria o que havia sido pedido e, depois de 10 minutos, deixou a sala com uma expressão vitoriosa, embora sabendo que poderia ter errado algo, mas com mais certeza de que fizera seu melhor.

Esperou pelos amigos na sala comunal. O primeiro a regressar foi Remo, seguido de Marlene, Pedro e, por último, Tiago. Conversaram sobre amenidades até a hora do jantar, que Lily aproveitou para estudar mais um pouco para o exame de Runas, que seria pela manhã.

Na terça-feira houve testes de Runas para Lily e Lene, Adivinhação para Tiago e Sirius, Pedro e Remo tiveram o primeiro horário da manhã para rever a matéria de Transfiguração, que seria o primeiro exame prático do dia. Lene era a mais tensa para o exame prático de Transfiguração, tinha certeza que não conseguiria fazer a transformação de homem em animal. Era quase certo que falharia.

- Esse exame é horrível! Minha tartaruga transformada tinha pés de ser humano! – balbuciou antes de subir para o dormitório e se debulhar em lágrimas, de nervoso.

Lily a consolou e quase duas horas depois, Marlene estava terminando seu almoço para poder ir para a biblioteca revisar a matéria de astronomia cujos testes, teórico e prático, seriam na sexta-feira seguinte. Lily e os marotos foram fazer seu teste escrito de TCM naquela tarde, de modo que os amigos só se reencontraram no jantar.

- O teste era realmente estupidamente fácil!

- Tá brincando, Lily? Levei quase 20min para lembrar a resposta daquela questão sobre os sereianos! – Sirius resmungou abocanhando seu sanduíche de patê.

- Pois eu achei bem simples, Almofadinhas! – foi Tiago que respondeu, bebendo seu suco de abóbora.

- Gente, vou subir! Tenho um encontro marcado! – Lily pronunciou-se, virando para dentro o último gole do suco de laranja

- Encontro?!  Está zoando com a minha cara?! – Tiago cuspiu o que comia, no prato. Os olhares se arregalaram para ela.

- É claro que não, bobinho! – um sorriso sapeca brotou dos lábios vermelhos de Lily. – Meu livro de História da Magia me aguarda.

- A convivência comigo está te deixando muito levada, Srta. Evans!! – riu Potter

- Me ponha de castigo então... – agora o sorriso era malicioso. Lene corou pela ousadia da amiga, Sirius ria gostosamente da malicia da amiga ruiva. Tiago a olhava meio abobado. – Tchau meus amores!

Saiu, deixando no ar seu perfume adocicado de jasmim e lírios.

- Essa ruiva vai me matar qualquer dia desses!! – Tiago pode responder apenas isso, antes de perder-se em seus devaneios nada inocentes...

A manhã de quarta estava abafada. O sol brilhava no céu azulado e foi quase impossível, para os alunos, concentrarem-se no teste escrito de História da Magia. Seguidamente veio a prova teórica de herbologia. Tiago teve certeza que fora mal, saíra da sala resmungando e praguejando as plantas de seu exame.

- Aquela maldita mandrágora! Não consegui me lembrar dos métodos de proteção ao colhê-la! Respondi só sobre as luvas!

- O grito fatal! Não se lembrou de por “abafadores de ouvido”? – Lene interpelou. A resposta foi negativa. – Pena... mas não há tempo de se chatear. O Exame prático é agora, depois do almoço... melhor se preparar...

Foi exatamente o que todos os seis amigos fizeram. Biblioteca antes e depois do almoço foi a solução para seus problemas com a prova de herbologia. Depois das quatro da tarde, Lily e Marlene estavam na sala comunal com Tiago, Sirius e Remo. Pedro estava em seu exame de Estudo dos Trouxas e fazia muito calor em todo o castelo.

- Meu Merlin, eu vou assar aqui! Acho que vou tomar um banho!

- Outro banho, Sirius? Já o que, o quarto de hoje? – Marlene reclamou, com o livro de DCAT apoiado sobre as pernas.

- Não gosta de eu estar cheirosinho?

- Adoro! Mas assim vai acabar com a água do castelo! Merlin sabe quanto tempo você demora naquele chuveiro... – ironizou.

- SHH! Eu quero ler! – Remo, Lily e, surpreendentemente, Tiago.

Na quinta-feira pela manhã, tiveram teste de DCAT, em que ninguém teve nenhuma dificuldade em responder todas as perguntas com maestria. Seguidamente veio o teste teórico de Poções. Lily e Remo foram excepcionalmente bem e saíram da sala debatendo, animadamente, as perguntas da prova. Lene, Tiago e Sirius ficaram para trás, resmungando do teste do professor Slug.

- Adivinha quem é??? – dedos finos cobriram os olhos de Remo, fazendo-o parar. Lily sorriu, achando graça. Tiago se aproximou por trás dela e envolveu-a em um abraço, ao que o sorriso duplicou de tamanho.

- Hum... mão fina, dedos gelados... É a Marlene? – fingiu tentar

- Eu não! – Lene riu, abraçada a Sirius, ali ao lado.

- Então é... A Helena, da monitoria?

- Não é ela não, Remo! Passou foi longe... Helena tá é longe de ser morena! – Lily ajudou.

- É a... A Alice, namorada do Frank? – outra vez negaram

- Ah! Já sei! É a Cristina!

- Posso saber quem é Cristina, Remo Lupin?! – Melhissa irritou-se largando os olhos dele e cruzando os braços.

Um sorriso muito maroto brilhou nos lábios de Remo, que puxou-a para perto, envolvendo-a em seus braços.

- Cristina... – sussurrou no ouvido da menina. A raiva dela sumira naquele segundo. – É a minha... Mãe!

Todos riram e Melhissa encheu-o de tapas fracos. Remo encostou o nariz ao dela.

- Senti saudades, quatro dias sem você é tempo demais... – ela corou. Estava prestes a beijá-la quando...

Pontas pigarreou sonoramente ao seu lado. Sabia que era de propósito, nem o fitou.

- Vocês não deviam fazer essas coisas maliciosas na frente de uma pessoa pura como eu!! – Lily gargalhava.

- E eu! – Sirius continuou a brincadeira.

- Então a resposta é simples, parem de me olhar e vão agarrar as namoradas de vocês, que tal? – ironizou levemente chateado por ter sido interrompido.

- É uma ótima ideia, meu caro amigo maroto! – foi a última coisa que Tiago falou antes de calar os risos sonoros de Lily, que gargalhava sozinha desde que Sirius começara seu momento “agarramento” com Lene.

Remo ainda pode sorrir dos amigos antes de concentrar-se completamente na linda menina à sua frente.

- Já disse que te adoro?

- Não hoje! – ela riu ao respondê-lo.

- Ok. Te adoro! – e não falou mais nada, sua boca estava ocupada com outra coisa naquele momento.

***

Após o almoço, tiveram teste prático de poções, em que Lily teve certeza ganhar um “ótimo” e Tiago achava que merecia ao menos um “Excede Expectativas” por ter chegado ao meio da receita. Pela noite tiveram um descanso, já que Lily preferiu deixar todos à vontade de estudos e dar a devida atenção à seu novo livro, agora cheio de atividades interativas.

O último dia de exames chegou com um sol monótono e escaldante. Lene e Remo fizeram o teste teórico de Astronomia e Lily, Sirius, Pedro e Tiago tiveram o começo da manhã livre de exames. Perto do meio dia, o 7º ano inteiro estava na entrada do castelo para o teste prático de DCAT, ansiosos.

- Eu sei que todos estão eufóricos para fazer o teste e livrarem-se de uma vez dos N.I.E.M’s, então vou ser breve. – o professor Morrison foi categórico. – Montei grupos de oito alunos, um casal de cada casa. Cada grupo, à sua vez, completará um circuito de atividades por toda a área externa do castelo e todos os outros estaram em uma bolha mágica flutuante, comigo, assistindo, do alto, o desempenho de seus colegas. Ok? Então vamos começar!

Lily e Frank ficaram no primeiro grupo, que ainda tinha Severo Snape e Tasmin Picket, representando a sonserina, Luanne Petalon e Robert Van Persien, pela corvinal, Richard e Madalena Lionel, pela lufa-lufa.

Iniciaram com a primeira dica, que os levou à orla da floresta, onde enfrentaram um bicho papão. Frank, com facilidade, o transformou em um palhaço com pernas de pato. Depois, a pista guiava à beira do lago. Havia um Grindylow, do qual Richard logo se livrou e pegou a nova dica. Guiava até a horta do castelo, lá estava a esfinge transfigurada, de professora Mcgonagoll. O enigma era simples para Luanne, a corvina logo o desvendou e buscou a pista, que os conduziu às Estufas de Herbologia. Um boneco com feitiço animatório os obrigava a fazer uma seqüência de feitiços, do contrário começaria um duelo. Tasmin tentou, mas errou o último da lista. O boneco soltava feitiços por todo lado. Foi Lily que salvou a pele dos outros, arriscando-se a sair do esconderijo e petrificar o atacante. No fim, todos acertaram uma prova. As notas não foram comentadas.

Tiago e Lene ficaram na mesma equipe. Os desafios eram muito diferentes dos de Lily, mas completaram o circuito sem dificuldades. Robert Crawley, da lufa-lufa, ficou na equipe deles e mostrou ser um exímio duelista, ao lutar contra as armaduras do castelo, agora semi-vivas.

Pedro Pettigrew e Mary Mcdonald foram os próximos; um time nada excepcional, que passou muitos perrengues durante a prova. Saíram de lá cortados e, certamente, cansados.

Sirius e Alice eram a dupla grifinória que se seguia. O maroto, obviamente, teve um desempenho espetacular e Alice não ficou muito atrás.

O último time possuía, da grifinória, Remo e Catherine. A coisa ficou tensa, quando tiveram de trabalhar em equipe, já que não se falavam há quase um mês.

“Por favor, não. Remo não. Não comigo, não é justo! Essa maldita prova vale nota, e com ele me encarando... Não vai dar... Por que temos de estar brigados? Só atrapalha mais. Droga, droga, droga, droga, droga, droga, dorga, dorga, dorga, Dorcas... Já nem mais faz sentido!!”

- Catherine! Por Merlin, é sua vez, quer parar de enrolar?! – ele reclamou a seu lado. Cath obedeceu, sentindo-se magoada.

O exame acabou logo depois. Todos puderam ir para o almoço após a demorada prova sob sol escaldantemente quente. Sirius, Tiago e Pedro vinham na frente, fazendo algazarra. Remo conversava com Lily e Lene sobre o exame de DCAT.

- Eu achei bem legal sabe... trabalhar em equipe.

- É, mas não foi você que teve de trabalhar com o Mulciber, Lily. – Lene reclamou.

- Minha dupla foi a Catherine, do que estão reclamando. – Remo zombou.

Lily e Lene não riram. Não havia graça em zombar da amiga com quem tinham compartilhado tantos segredos, brincadeiras, estudos, tristezas, sonhos...

- Desculpem, não quis dizer isso, de verdade...

- É só que... sabe, e se ela estiver certa, no final de tudo, Remo? Fico até hoje pensando, ela não inventaria algo tão sério!

- Lily... não adianta acreditar numa baboseira dessas!

- Eu sinto falta da minha amiga... – Lene comentou triste.

Nem Lily, nem Remo ousaram dizer nada contra os sentimentos da amiga. O almoço foi descontraído. Pela tarde, Lily e os marotos fizeram o teste prático de Trato de Criaturas Mágicas, saindo muito cansados e sujos de terra. Cada um teve de cuidar de um pelúcio e alimentar devidamente um dos hipogrifos da escola.

- Estou exausta!! Ainda bem que os exames acabaram! – Lily gemeu, ao se jogar contra a poltrona macia da sala comunal, mesmo ainda estando suada e enlameada.

- Ainda temos mais uma semana de aula, não comemore, ruiva... – foi Sirius que estragou a alegria, indo em direção a Marlene, para beijá-la.

- Sirius!!! Não! Some daqui, anda! Vai tomar um banho que você está fedendo, uhh!! – Lene fugiu dele, parando no meio da escada do dormitório feminino. O maroto riu e subiu para o próprio dormitório.

Pedro, Remo e Tiago riram, antes de acompanhá-lo escada acima. Lily acabou se resignando e indo também se limpar. Encontraram-se de novo no jantar, onde Lene e Remo comeram depressa para ir logo ao exame de Astronomia. Quanto mais cedo começassem, mais cedo terminariam... e para fazer o exame cedo, nada melhor que ser o primeiro a chegar à sala de prova.

Sirius ficou a jogar xadrez de bruxo com Pedro, enquanto Tiago e Lily tiravam os primeiros minutos de namoro naquela semana. Lily escolhera a sacada da sala comunal para ficar a sós com o amado. Sentaram-se no sofá que lá tinha e ficaram a apreciar a brisa gelada daquela noite de verão. Tiago deitara-se nas pernas de Lily, onde dizia ser o lugar mais confortável. A ruiva, que nada tinha a reclamar apenas acariciava o cabelo negro de Tiago, dando sorrisos bobamente apaixonados para ele.

- Já comentei que seus olhos são lindos, Lily? – ele perguntou, olhando-a

- Depende... devo considerar antes ou depois de começarmos a namorar? – Tiago riu.

- Depois, antes não contava, eram cantadas. – dessa vez Lily não reprimiu a gargalhada.

- Como era mesmo o poema.... ah! Já sei!  - pigarreou uma vez, imitando a voz de Tiago. – “Você diz que eu sou um troglodita; que não sei te elogiar; já está passando da hora; de o contrário eu te provar”...

- Ah!! Eu lembro, foi no quinto ano! – e riu. – "Anda sempre desfilando; com mil livros a carregar; tem olhos de esmeralda; e agora, Evans, que tal você me beijar?!” – Lily chorava de rir, ao lembrar-se do episódio. – Ei! Eu falava sério, sobre o beijo, Lily!

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