Aluado, Rabicho, Almofadinhas



Título do capítulo: Aluado, Rabicho, Almofadinhas e... Ué cadê o Pontas

Poucos minutos depois, a sineta tocou, indicando o começo de outras aulas, o que levou Lily, Lene e Sirius a se retirarem da biblioteca e rumarem para a sala de Defesa Contra Artes das Trevas. Ao chegarem lá, encontraram Remo dividindo uma mesa com Cath, Pedro à espera de Lily (ela o havia prometido um auxílio na matéria) e Tiago, sentado no canto da sala, dividindo mesa com uma lufana, restava uma mesa vazia, que Sirius dividiria com Lene.


-Estão atrasados, Sr. Black e Srtas. Evans e Mckinon. – Disse o professor, que estava de costas para a porta, escrevendo na lousa.


- Desculpe professor. Perdemos a hora e demoramos a chegar até aqui. Não vai acontecer de novo. – Desculpou-se Lily, sentando-se ao lado do colega.


A aula passou, extraordinariamente, rápida. Tiago passou a aula inteira, calado e concentrou-se nos deveres assim, foi o primeiro a acabar a atividade. Guardou seu material em silêncio, de modo que, quando a sineta retocou, ele saíra da sala rapidamente, sem deixar tempo para os amigos conversarem com ele.


Teriam como última aula do dia, um tempo de herbologia com a sonserina. Como uma medida para evitar precisar sentar-se ao lado dos amigos, Tiago demorou-se o máximo possível no caminho, embrenhando-se entre alunos mais novos para que nenhum dos marotos o visse. Quando alcançou as estufas, viu que o único lugar disponível era ao lado de Helen Mitford, uma sonserina metida e esnobe que seguia e admirava os ideais da magia das trevas. Suspirou e seguiu calado até o lugar que lhe pertencia. Vários conhecidos de sua casa tentaram lhe ceder um lugar melhor, mas ele recusou.


Novamente, ele foi o primeiro a acabar as tarefas e quando se findou a aula, seguiu correndo até a sala comunal da Grifinória, subiu até seu dormitório e largou a mochila de qualquer jeito na cama, retirou apenas a varinha, abriu o malão desesperado, encontrou lá no fundo o que queria. Uma capa de tecido mole e frio, tinha uma aparência fina, era a capa da invisibilidade. Ouviu passos de alunos subindo até o dormitório, correu até a escrivaninha de Remo e jogou os livros ao chão, em busca de um pergaminho específico, o Mapa do Maroto. Encontrou-o em baixo de um livro que reconheceu como “Estudos avançados no preparo de poções”. Os passos se tornaram mais altos. Jogou a capa sobre si e verificou que havia desaparecido. Com a varinha e o pergaminho ocultos sob a capa, prendeu a respiração ao ver seus amigos abrindo a porta do cômodo. Andou silenciosamente até o lado da saída, que permaneceu aberta e esperou... 


- Mas o que houve aqui? – Perguntou Remo, abismado com a desordem do quarto.


- Alguém entrou aqui! Foi isso que aconteceu, Aluado. – Respondeu Sirius, irritado


- Meus livros!!!! Meus livros inocentes. – Bradou Remo, apanhando-os do chão e desdobrando as folhas, enquanto os reempilhava sobre a escrivaninha. – Quem fez isso? Quem entrou aqui?


- Alguém que sabia a senha! – Respondeu Almofadinhas


- O mapa sumiu! O Mapa do Maroto! Desapareceu! – Gritou Aluado, desesperado.


- Curioso, o malão do Pontas está aberto e a mochila dele é a única aqui. O que nos sugere que... – Deduziu Almofadinhas.


- Que o Tiago pegou a capa e saiu. Mas antes, levou o mapa... Ele quer ficar só, não quer que saibamos onde ele está. – Concluiu Remo no fundo triste e preocupado. Ele já sabia da discussão que o amigo tivera na biblioteca


Tiago deu um sorriso fraco da porta... Seus amigos o conheciam melhor que ninguém, o entendiam e respeitavam. Era isso o que tinha de mais belo na amizade dos marotos, o companheirismo. Olhou para dentro do quarto mais uma vez antes de sair em silêncio e se dirigir à sala comunal, a espera de alguém que pudesse abrir a passagem do retrato para que ele pudesse sair da Torre.


Sua oportunidade não demorou a aparecer, três garotas entraram conversando... Justo aquelas garotas... Cath, Marlene e... Lily! Ah, não! Lily era a ultima que ele tinha vontade de ver, considerando Hogwarts inteira. Preferiria até o seboso do Snape a ela. Estava muito magoado e assim que a viu, ficou pior. Tentava se sentir mal pelo que disse... Mas não conseguia. Tentava esquecê-la, mas também não o fazia por ser quase impossível. Chegou à conclusão de que havia se apaixonado... Antes era impossível imaginar um Tiago apaixonado, sua imagem de galinha e namorador não lhe permitiria ter um relacionamento duradouro. Mas então, recordava-se do que Aluado havia lhe dito dias atrás: “Pontas, você se apaixonou. Não adianta negar. Se você chegou a mudar por ela, é por que a ama ou será que simplesmente você acordou um dia e pensou: Vou ser uma pessoa melhor porque isso fará o mundo feliz e o Aluado parar de brigar comigo! Não minta, você quer a companhia dela!” e sua mente lhe mostrava a verdade. Aproveitou a passagem aberta e saiu.


Queria ficar só e pensar. Decidir-se e tentar entender sua complicada mente seu confuso coração. Dirigiu-se então ao único lugar em que encontraria paz e silêncio. A sala precisa! Caminhou até o andar onde estava esse mágico ambiente e, antes de entrar imaginou três vezes o que queria. “Preciso de um lugar para pensar. Preciso de um lugar para pensar. Preciso de um lugar para pensar.”  E materializou-se a porta de madeira, abriu-a e viu um lugar lindo, um jardim...


Havia tulipas, rosas e lírios plantados, formando um caminho que levava até um espaço arrumado no centro do jardim. Uma clareira onde, coberta por um teto de vidro arredondado, jazia um banco de concreto, que estava pintado de branco e uma mesa da mesma cor. O banco estava coberto de almofadas de todas as cores e tamanhos. Quem ali sentasse, teria uma vista completa do jardim, que do lado esquerdo era repleto de girassóis e do direito era adornado com uma fonte, de onde jorrava uma água cristalina. 


Admirou a paisagem por vários minutos antes de assentar-se. Quando descansou seu corpo no banco foi que sentira a dor. Oh, que dor! A garganta queimava e os olhos ardiam, era difícil mirar os próprios sapatos. Soltou apenas uma exclamação de pena antes de dizer para si:


- Por que faz isso comigo, Lily? Por que me machuca assim? Faz-te feliz me ver sofrer? Ou será que faz isso porque nunca me viu sentido com o que me diz? 


Antes que pudesse contê-las, as lágrimas vieram. Quentes e ardidas, sofridas e amargas. Era quase um sacrifício impedi-las de sair. Já não queria mais escondê-las, debruçou-se sobre os próprios joelhos e chorou como uma criança. Soluçava, nunca desejara a mãe tanto como agora. Seu abraço reconfortante e suas palavras de amor. Chorou mais ainda por lembrar-se dela.


Fora nas férias, divertia-se com Sirius em sua casa quando a carta chegou. Seus pais haviam sido feridos em um combate com comensais da morte, não resistiram aos machucados e faleceram duas horas depois, no hospital. A carta, fora escrita com a caligrafia de sua mãe, sabia que morreria e deu seu último sopro de vida através da carta que enviou ao filho, minutos antes de dormir para sempre ao lado do marido.  


 Desde então, tivera de administrar toda a fortuna da família, além da casa e das contas. Teve de amadurecer da noite para o dia e ser adolescente já parecia ser um passado longínquo. Voltara à escola, mais sério e menos brincalhão. Remo notara a mudança, mas ao perguntar nada lhe foi dito. Tiago voltou a achar graça em se divertir, mas deixara de levar a vida como antes... Cada noite uma garota diferente, passeios noturnos pelo castelo, encontros na torre de astronomia durante a madrugada faziam parte do antigo Tiago. Apenas Sirius e Dumblendor, o diretor da escola, sabiam da morte de seus pais.


Por isso, tanto lhe ofendera o comentário de Lily, esse era seu último ano na escola e quando saísse dali, estaria só no mundo, sem familiares. Tinha apenas aos marotos, que possivelmente se separariam. Estava deprimido com tudo aquilo e nem ao menos conquistara Lily com sua mudança de vida. Ela ainda o tratava como uma criança que não cresceu.


Permitiu-se mais alguns minutos de choro e ao se acalmar, desejou ter onde lavar os olhos. Uma pia de pedra surgiu junto à fonte e sobre a mesa toalhas aquecidas. Limpou-se e bebeu água da fonte. Sentiu fome.


- Não vou aparecer no salão principal. Vou até as cozinhas.


Saiu decidido. Ao chegar lá, pegou apenas um copo de suco de abóbora, uma fatia de empada de carne e alguns bombons de morango. Vagou até o pátio de pedra ao ar livre e lá se sentou para comer. Em silêncio e só.


Na sala comunal, por sua vez, as garotas conversavam:


- Notei o Tiago estranho. Aconteceu algo? – Perguntou Cath, intrigada.


- Pergunte à Lily. – Devolveu uma Lene brava, que adiantava seus deveres.


- Ai, Lene. Vai me tratar assim até quando? Não disse a ele nada que já não tivesse ouvido de mim.


- Você disse que ele era filhinho de papai, que era esnobe e orgulhoso, Lily! Isso machuca. Tiago é meu amigo, não quero vê-lo sofrer! – Disse a morena, indignada.


- Tudo bem, posso ter exagerado. Desculpe! Mas não acho que ele vá sofrer por isso, digo, já disse coisas tão ruins ou mais e ele não sofreu nada. – Falou a ruiva, fugindo da culpa.


- Só porque ele não chora na sua frente, não quer dizer que não sofra. Digo, quando Lockhart terminou com você, você não chorou na frente dele, mas por isso quer dizer que não sofreu? Cai na real Lily, você gosta do Tiago, só é orgulhosa demais para admitir. Vai perder ele quando se tocar, se continuar assim. Sou sua amiga, quero seu bem! – Falou Lene, calma e compreensiva.


Cath nem perguntou mais nada, já sabia que deveria ter rolado outra briga estilo Lily. vs. Potter. Logo em seguida, desceram Sirius e Remo, acompanhados de Pedro.


- O que acham de descermos para jantar, donzelas? – Perguntou Remo, galante e cortês


- Eu aceito, Sr. Lupin. – Brincou Lily de volta, se agarrando ao braço que maroto lhe estendera.


- Agora magoei, Remi. Vai levar ela e não eu? – Disse Lene, fingida.


- Você tem algo melhor que ele... Eu! – Falou Sirius, exibido, abraçando Lene pelos ombros. Todos riram


- E eu? Vou com quem? – Argumentou Cath


- Comigo. – Manifestou-se Pedro


Saíram andando até o salão. No caminho, Lily perguntou:


- Estão zangados comigo? Quero dizer, por ter discutido com o Potter?


- Não Lily. Já nos acostumamos com essas discussões diárias, dessa vez foi mais forte do que o normal, mas... Está tudo bem... Entendemos seu lado! Só espero que o Pontas apareça logo. – Confidenciou Sirius em um tom meio cansado, que mesclava tristeza e preocupação. 

N/A: Olá! Mais um capítulo postado. Espero que estejam gostando.
Morgana Pontas Potter 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.