Desastres de Quadribol



O resto do fim de semana foi terrivelmente monótono, cada aluno mais cheio de deveres do que o outro, o domingo passou lentamente com o grupo de amigos dividido. Lene ficou encarregada de, junto com Cath, “cuidar”de Tiago na biblioteca, para que esse fizesse seus trabalhos e lições. Lily e Remo ficaram com Pedro e Sirius na sala comunal, de modo que os dois piores marotos (Lê-se Tiago e Sirius), não ficassem juntos, que Tiago não ficasse babando pela ruiva e Lene não perdesse a concentração ao lado do namorado.


Após o almoço os amigos resolveram dar uma folga nos estudos e se divertirem, nevava do lado de fora.


- Por que não vamos até o jardim para brincarmos um pouco? – Sugeriu Pontas


- O que? Nesse frio? De jeito nenhum!!! Vamos congelar e pior, vamos gripar! Nunca!


- Ai, Lily! Não seja tão careta!! Será divertido, se griparmos... Beleza, um chazinho e dois dias de cama. Mas ficar trancada em um castelo velho durante o fim de semana é o fim da picada! Já basta ficarmos aqui o ano inteiro!!! – Repreendeu Lene, divertida dando um empurrão na amiga.


- É! Vai ser bom Lils! Brincar na neve...


- Coisa de criancinhas Catherine!! – Falou ela, contrariada, mas sendo empurrada em direção aos jardins.


- Então seremos crianças por um dia! Toma isso, moita ruiva!!!! – Berrou Sirius, escandaloso, tacando na amiga uma bola maciça de neve. Os demais riram e Lily abriu a boca, surpresa.


- Agora você vai ver!!! BLACK!!!!!! VOLTA AQUI!!! – Gritou em resposta com uma bola de neve em mãos. Correu até o menino que fugia, ali mesmo instalou-se uma longa guerra da neve entre todos. Cath mirava em Tiago que acertara em Lene. Essa por sua vez desviava de Remo que fora atacado duplamente por Lily e Sirius.


Minutos mais tarde todos caiam pelo gramado coberto de uma neve macia e fofa, exaustos e molhados. Ofegavam e riam simultaneamente, fora um momento muito bom. Apenas faltara Pedro, que dissera ir até a biblioteca em busca de um livro especifico. Voltaram para dentro e vestiram roupas quentinhas, jogaram até tarde na torre da grifinória, quando o cansaço os venceu e, aos poucos, foram para seus dormitórios, em um merecido descanso.


A semana passou tensa, em véspera do início da nova temporada de quadribol, pairava certa hostilidade entre as casas. Corvinos menos educados e sonserinos mais agressivos. Grifinória treinou segunda e quinta para o jogo de sábado, contra a casa verde da escola. Quando sexta chegou, parecia que o nervosismo dos grifinos já não estava mais em níveis “medíveis”. Era 7 da noite, Lily estava na sala comunal, adiantando seu dever de Runas, na companhia de Sirius, Tiago e um adormecido Pettigrew.


- Então, preste atenção Almofadinhas... Quando eu localizar o pomo você e o artilheiro mais próximo fazem a “defesa Petroff” para deixar o gol mais protegido. Independente da posição do pomo, eu faço a “Finta”, Bagman rouba o balaço e na hora do mergulho acerta no apanhador da sonserina. Que acha?


- Pode demorar até você ver o pomo, até lá o que faremos? – Indagou o outro


- Jogamos, ora bolas!


- Sim, óbvio! Mas mudando as táticas a cada jogada? Digo, qual a estratégia, temos só treinado, nada de lógico e estrutura. Ai, de repente, do nada, de uma hora para a outra, você muda a tática de captura do pomo? Não dá, Pontas!!! – Reclamou Sirius.


- Ai! Calem a boca, por Merlin! Preciso estudar!


- Mal ai, Lils. Estou nervoso. – Pediu o moreno de óculos, passando a mão no cabelo, arrepiando-o.


Lily suspirou, guardou a pena dentro da mochila vermelha, fechou o tinteiro repousou-o sobre o pergaminho que escrevia. Levantou-se do sofá e acomodou-se no chão ao lado dos amigos.


- Será um ótimo jogo! Temos o melhor apanhador, uma super goleira e um artilheiro fantástico! Os outros são ótimos, mas meus amigos são os melhores. Ganharão de qualquer jeito, se isso não acontecer, vocês irão se ver comigo! – Os dois riram relaxados, Lily os abraçou e sorriu, foi esmagada por dois fortes abraços dos amigos.


- Assim eu choro, que cena mais linda gente! – Zombou Catherine que voltara da aula. Lily assustou-se e pulou de uma vez para ficar de pé. Porém esqueceu-se que estava nos braços de Sirius e ao levantar a cabeça, bateu-a contra o queixo duro do maroto. Ambos caíram no chão, gemendo.


- Minha cabeça!!!


- Mia oca, Lily -  Grunhiu Sirius, cuja língua cortara e agora sangrava. Remo ria da cena, junto com Tiago, Cath e Lene


- Que trombada, eim? Se quisesse matar o Six, dizia Lils. Eu ajudava. – Brincou Lene, que com um gesto de varinha conjurou almofadas para se sentar. Risadas ecoaram pela sala.


Eles permaneceram mais um tempo entre risos e brincadeiras, até que Tiago ordenou que o time de quadribol inteiro se retirasse para uma boa noite de sono.


O sábado amanheceu enevoado, as garotas se levantaram cedo. Antes das 8 da manhã, estavam na sala comunal a espera dos amigos, que apareceram minutos depois. Desceram para tomar café, o tempo estava fechado, com muita cerração e muito frio. Sentaram-se à mesa para se alimentarem, mas Lene, Sirius e Tiago não o faziam.


- Come ao menos um pouco Lene. – Insistia Sirius.


- Como pode me aconselhar a fazer isso, se nem mesmo você faz? – Reclamou ela.


- Estou sem fome. – Justificou o maroto


- Pois eu também.


- Comam todos vocês, senão não terão forças nem para subir na vassoura. – Ordenou Lily.


- Não dá Lils. Se eu comer algo, vou passar mal, meu nervoso é tanto que nada para no meu estômago. Desde ontem está assim. – Explicou Tiago


- Você não está COMENDO DESDE ONTEM, TIAGO POTTER? – Vociferou surpresa. – Coma ao menos uma torrada! AGORA!!!


- Mas eu...


- Nada de, mas! Coma antes que passe mal. Ou eu vou te obrigar a comer. E sim, eu chego a níveis extremos! Se precisar, dou na sua boquinha. – Ela ameaçou pegando pão com manteiga e o aproximando perigosamente da boca do maroto. Tiago sorriu, gostou da cena, “sua”ruivinha se preocupava com ele.


- Sou um menino teimoso. Não vou comer, acho que vou precisar ganhar na boquinha. – Brincou ele abrindo a boca, os demais riram da cômica cena. Para a surpresa dele, ela o fez. Rasgou com a mão um pedaço do pão e colocou-o delicadamente na boca dele. O espanto do menino era tanto, que se esqueceu de fazer birra e engoliu a comida normalmente.


- O que foi isso? – Quis saber Lene indignada.


- Ora... Eu... Dei pão ao Tiago, algo demais? – Respondeu a ruiva, visivelmente constrangida. Ao notar o olhar cheio de segundas intenções vindas dos demais, tentou explicar-se. – Mas vocês, mentes imundas, não vão levar isso para um lado malicioso ou, ao menos, que tenha algo diferente de amizade. Eu só me preocupo com o Tiago, assim como sempre me preocupei com a Lene e como faço com o Six. Ficou claro?


- Como água... Sra. Potter. – Respondeu Cath em alto e bom som. A segunda sentença, por sua vez, foi pronunciada de modo quase inaudível.


Terminaram o café em silêncio, um Tiago constrangido, uma Lily envergonhada, um Sirius que tentava notar algo de “duplo sentido” entre as palavras da amiga, um Pedro alheio à conversa, um Remo ainda surpreso, no que era acompanhado por Cath e uma Lene vigilante nas atitudes do apanhador e da monitora. Rumaram para o campo de quadribol, apesar de haver neve nos jardins, existiam, nos céus, alguns raios de sol muito fracos, que buscavam por entre as nuvens um espaço por onde pudessem irradiar luz.


Remo, Cath, Pedro e Lily foram às arquibancadas, já Lene e os outros dois marotos estavam no vestiário, preparando-se para o jogo.


- Ok, pessoal. Mantenham a calma e façam um bom jogo, trabalho em equipe é essencial. Acho que é só isso mesmo. – Encorajou Tiago, o capitão do time. – Almofadinhas.


- Esse é meu último ano, eu não volto para casa se não ganhar essa taça mais uma vez. Ficou claro? Excelente!! Somos da grifinória e vamos entrar para ganhar... – Cantarolou ele


- Nesse time, só os melhores podem jogar. – Continuou Lene, sorrindo ansiosa. – Vamos lá, vamos lá! Grifinória vai levar! Essa taça já é nossa porque nós vamos...


- Ganhar!!!! – Gritaram os demais em coro.


...


Olá Hogwarts!!! Bom dia e bem vindos a mais um jogo de... Quadribol!!! – Gritinhos e aplausos percorreram as arquibancadas. -  Teremos outra épica batalha entre o bem e mal...


- Sr. Finn! – Repreendeu professora Minerva


- Desculpe professora. Hoje, Grifinória enfrenta Sonserina!!!! E vamos aos jogadores!!! No time da casa verde jogam: os batedores Maximiliano e Rodolfo Lestrange, artilheiros Antonio Dolohov, Belatriz Black e Régulo Black, o apanhador Seamus Avery e o capitão e goleiro do time... Lúcio Malfoy!!!!!!


Os sonserinos aplaudiam eufóricos do seu lado da arquibancada, a torcida grifina vaiava, seguida por alguns lufanos e muitos corvinos. O time sonserino entrou em campo, voando por toda a extensão dele para organizarem-se nas posições para inicio de jogo.


- Mas cuidado cobrinhas... Contra vocês, tem o time poderoso da casa vermelha e dourada!!! Esse ano o capitão preparou um grupo “bomba” para o jogo, estão no time os batedores Marcus Creveey e Will Bagman, os artilheiros Louis Atkinson, Peter Wilson e Sirius Black. -  Muitos aplausos, na maioria de garotas, foram ouvidos ao citarem o nome do maroto. – A fantástica e bela, goleira Marlene Mckinon...


- Bela e que já tem namorado, Finn!!! Olha lá, eim!!! To de olho em você!!! – Gritou Sirius, ciumentamente.


- E o apanhador e capitão do time... Tiago Potter!!!!! -  Os berros se tornaram insuportavelmente altos. – E vamos ao jogo!!! A goles é lançada juntamente com o pomo de ouro. Os balaços agora entram em jogo. O apanhador vermelho paira acima de todos, apenas observando o jogo... A goles na posse dos sonserinos, Dolohov vai, passa por um, por dois, ele está na boca do gol... Segure essa Mckinon e... A goles e arrancada por Black, ele revida o jogo, está em ziguezague no campo para fugir dos jogadores sonserinos. Ele é barrado, pelo próprio irmão... Sim, senhores. Uma reunião de família... Hora de lavar a roupa suja, eim Blacks???   


- E agora irmãozinho, como você vai passar??? O Régulo mal te barrou foi??? – Caçoou o mais novo.


- Que divertido!! Eu amaria ficar e te dar um belo corte, Regulinho... Mas tenho que marcar meus 100 pontos de jogo! Tchau.


- Parece que Sirius deu a leza no irmão e fugiu por baixo. Ele está longe do gol, marcação cerrada, onde estão os artilheiros da grifinória, meu Merlin!!! E sem companheiros ele mira e... No aro do meio!!! É fantástico minha gente!!! Grifinória marca 10 pontos!!!! -  Gritos e aplausos ensurdecem os jogadores.


O jogo permaneceu tenso e com uma hora de duração o placar era de 310 à 140 para a grifinória. Tiago localizou o pomo e sinalizou para o amigo. Marlene aprumou-se no gol ao ver que Tiago faria a “Finta”. O coração dos amigos na arquibancada foi a mil. O apanhador sonserino seguiu Tiago com velocidade, Sirius organizou a defesa pedida pelo outro e roubou a goles. Ia em direção ao gol, viu o amigo subir novamente e o apanhador adversário capotar no chão de areia, o erro que ocorreu veio da parte dos batedores que não foram avisados do funcionamento das jogadas. Os sonserinos, furiosos, organizaram uma barreira para dificultar o acesso ao pomo.


- O que é isso? Parece que o capitão sonserino está roubando o bastão de seu batedor!! O que ele pretende??? O balaço se aproxima... Potter está não mais que 6 metros do pomo!!! Ele vai alcançá-lo exatamente agor... UAU!!! Que ataque!!!


Tiago não via mais o pomo. Uma dor lacerante atingiu suas costelas direitas e outra igualmente forte em seu braço direto que se esticava para alcançar o pomo. Viu um calombo em seu punho, mas a dor era demais. Fechou os olhos e já não controlava a vassoura. O vento lambeu seus cabelos negros e ele desmaiou antes de chegar ao chão.  


 - Tiago!!! – Lily gritou da arquibancada. Não foi a única, mas a primeira. Desceu os degraus altos da arquibancada. Sirius marcou mais um gol e então a sonserina capturou o pomo de ouro, ficando com 290 pontos contra os 320 da grifinória.


Quando a ruiva alcançou o campo com Remo e Cath em seus calcanhares, viu Sirius descendo da vassoura e berrando.


- MALFOY!!!! Seu filho da mãe!!!! Como... Você... AHHHH!!!! Vou te matar seu cachorro!!!! – E o moreno cerrou o punho e levou-o de encontro ao nariz de Lucio, que imediatamente começou a sangrar. Malfoy gritou de dor e socou Sirius no estômago.


- SIRIUS!!!! – Guinchou Lene apavorada. Régulo e Belatriz desceram da vassoura e iniciou-se uma briga.


- Sirius, deixa de brigar! O Tiago precisa ir para a enfermaria, agora! – Pediu Lily, assustada.


- É! Ouve a sangue-ruim da namoradinha do Potinho... Sirius!!! Ela sabe o que diz! A santinha da Evans!! – Cuspiu Belatriz.


- Cale sua boca e morda sua língua para falar de minha amiga, Black! – Defendeu Remo tranquilo.


- O imundo Lupin acha que pode falar comigo, que audácia!


- Ele fala com quem quiser, sua nojentinha! – Respondeu Cath, irritada


- Mas parece que precisa de uma porta voz para se defender, não é? – Provou Régulo.


- Você está querendo um nariz quebrado também, Regulinho??? – Zombou Sirius que desacordara Malfoy com um tapa na nuca


- Adoraria te mostrar que idade não é documento, força ganha sempre! – Devolveu o irmão, sorrindo sádico.


- Então vem, bebezinho!!! Mostra que é melhor que o Sirius aqui.


- Estupefa.. – Ele começou, levantando a varinha.


- É briga corporal seu idiota. Seu cérebro está ligado? Tem certeza? – Caçoou Lene, audaciosa. Belatriz rosnou para ela e partiu para cima, puxando os cabelos compridos da morena grifina. Lily e Cath correram de encontro à amiga para socorrê-la. Cath separou as duas e amparou Lene, para que esta se levantasse.


- Nunca. Mais. Encoste. Nas. Minhas. Amigas. Ok? – Falou Lily, pausadamente. – Não sabe do que sou capaz.


- Comigo por perto não vai fazer nada com a Bela! – Disse Rodolfo, namorado de Belatriz, que recém pousara no chão. Eles ainda estavam no meio do campo e toda a escola assistia a briga, os professores desciam de seus lugares para irem amparar os alunos dentro do campo, mas ainda não haviam chegado. Lily sabia que era só uma questão de tempo para que todos ali ganhassem detenção, ela própria se roia de vontade de socar Belatriz.


- Então é só te tirar do caminho. – Disse Cath, controlada.


- Agora, chega!!! – Régulo se engalfinhou em uma luta com Sirius, Belatriz veio para cima de Catherine que foi socorrida por Lene e Lily. Quando Rodolfo tentou atacar as meninas pelas costas Remo o impediu com um feitiço não-verbal e o sonserino caiu no chão, duro. O licantropo dirigiu-se ao amigo acidentado e verificou que a pulsação de Tiago estava baixa, a respiração ofegante. Quando puxou a vassoura para longe do amigo, viu uma mancha escura no uniforme dourado da casa, o peito de Pontas sangrava, o braço estava quebrado e havia alguns arranhões no rosto do menino.


- Parem!!! Parem com isso!!! – Berrou Mcgonagoll, escandalizada. – Srta. Black, menos 100 pontos para a sonserina, eu vi a briga e a senhorita atacou as minhas alunas sem motivo. Mas o senhor, Sr. Black também recorreu à violência desnecessária. Descontarei 80 pontos para a grifinória e concederei ao Sr. Lupin 15 pontos por manter a calma e buscar a concórdia em um momento de discussões acaloradas.


Remo corou e sorriu agradecido. Sirius exibia um corte nos lábios e aranhões nos pulsos. Catherine estava suja e com o uniforme bagunçado, Lily tinha as bochechas rosadas e com pequenos cortes.


- Obrigado. Professora, Tiago está muito mal. Uma hemorragia externa nas costelas, falta de ar e baixa pulsação. Precisa de tratamento.


- Será levado agora para a enfermaria, Sr. Lupin, obrigada. – Ela findou indo, na companhia da enfermeira, para dentro do castelo levando Tiago em uma maca flutuante.


- Se deu bem nessa, irmãozinho. Na próxima vai ver!!! – Disse Régulo que saía irritado junto com Belatriz, carregando Lucio e Rodolfo.


- Merlin, tivemos sorte dessa vez!!!! Você é louco Sirius!!!


- Sou assim, Lene. 7 pedras na mão para quem mexe com meus amigos. – E deu um sorriso galante para a namorada.


- Vamos logo, senhor 7 pedras na mão. Temos que ver como o Tiago está. – Pediu a ruiva.


- Por que mesmo o interesse repentino no menino, Lily???


- Cala essa boca, Cath. – Devolveu, rindo e voltando ao castelo com os amigos.


Andaram devagar até dentro da escola, quando tomaram o corredor rumo a enfermaria, Lily ficava cada minuto mais ansiosa. Corria na frente dos demais sem notar, retornava até eles e os apressava, pulava de ansiedade, chamava. Queria, o mais rápido possível, ver como estava seu amigo. Os outros riam e zoavam a ruiva. “Para que essa ansiedade, Lils?”, “Foi só uma quedinha de nada” ou “O Pontas supera essa, relaxe que hoje ele não morre.”


  Quando finalmente chegaram a porta da ala hospitalar, o coração da monitora acelerou um pouco. O que estava acontecendo com ela? Tendo taquicardia por conta do Potter? Ou melhor... Do Tiago?!!! Céus!!! Ela não estava bem, sua cabeça a confundia. Ela assim julgava, mas na realidade, tudo estava claro como água.


Adentraram a sala incrivelmente impecável, o piso de mármore brilhava e as macas estavam limpas, com lençóis perfumados e travesseiros fofos. Na metade do extenso “corredor” de leitos hospitalares, uma das camas estava ocupada por um jovem magro e alto, tinha os olhos cerrados, parecendo adormecido, ao seu lado repousava uma amassada armação de metal, que minutos atrás fora um óculos. Seus cabelos negros estavam desordenados e arrepiados, a manta azul e branca, listrada, cobria-o até os quadris. Um de seus braços repousava pendurado ao lado da cama, o outro, estava dobrado sobre a barriga, enfaixado e engessado, o havia quebrado. Sua camisa ainda estava manchada de sangue mas parecia que o ferimento fora tratado. Cada um dos amigos puxou uma cadeira e sentaram-se ao lado dele, fitando-o, preocupados.


Não muito depois, surge a enfermeira. Uma senhora baixinha e raquítica cujos cabelos já estavam grisalhos devido à idade. Trazia uma bandeja repleta de frascos e comprimidos, uma toalha dobrada, muitas talas de imobilização e um vidrinho que Lily reconheceu como álcool. Assim que notou a presença dos jovens logo os cumprimentou.


- Olá meus queridos!!! Como estão?


- Muito bem, Sra. Hildegard. Como tem passado? – Quis saber Aluado, com um sorriso bondoso no rosto.


- Ótima, meu amor! Madame Pomfrey está viajando para umas férias, mas volta antes da lua cheia desse mês. – Respondeu a velhinha, piscando para Lupin. – Então sua amada enfermaria está no meu comando até lá.


- E o Tiago, como está? – Indagou uma preocupada Lily.


- Esse rapaz? Vixe!!! Esse ai é duro na queda viu. minha filha! Nunca vi menino para se machucar tanto! Aparece-me aqui toda santa vez que termina esse assassinato em forma de jogo para enfeixar alguma parte do corpo! Já remendei esses dois braços umas 5 vezes, a perna direita ele engessou umas duas vezes. Que eu tenha atendido foi só, mas como o prontuário não mente, sei que esse garoto aí tem a maior lista de ferimentos da escola!  Olhe se quiser. – E entregou para Lily um bloco de folhas de papel pardo. Havia mais ou menos umas trinta que a menina calculou sem contar. Cada uma com uma data, especificando o tipo de ferimento como foi tratado e outras informações.


- Então ele está bem? – Quis confirmar a morena que estava sentada ao lado de Lily. A senhorinha assentiu enquanto levantava a blusa de uniforme de maroto. – Viu Lils? Está mais tranquila agora? O Tiago não morreu, ele ainda é todo seu!!!


- Oh!! A senhorita namora esse belo rapaz? – Perguntou interessada a enfermeira.


- Quê!!! Não!!! Nada há ver. É que a Marlene implica comigo mesmo! Não!!!! Eu e o Tiago??? Não, não!!! Somos só amigos. – Explicou a ruiva corando furiosamente e deixando o prontuário do amigo sobre a mesinha de apoio. Os outros riram do embaraço da menina.


- Ah, mas é claro!! – Sra. Hildegard confirmou, voltando sua atenção para o paciente, mas murmurando algo como “Também dizia isso para o meu marido quando éramos jovens”.


O peito do maroto já havia sido limpo, embora as costelas ainda estivessem quebradas. A enfermeira aplicou uma pomada pastosa e mal cheirosa sobre os machucados do maroto. Lily fingia o máximo que podia, mas bastava que ela olhasse para a maca a sua frente que seus olhos ficavam hipnotizados pelo peitoral definido de Tiago. Espantava esses pensamentos mudando o foco de seus olhares, embora não quisesse desprender-se da visão privilegiada que estava tendo.


- Hum... Lily?? Acho que tem uma babinha escorrendo ali ó!!! – Zoou Cath, fingindo limpar a boca da amiga que corou e abaixou a cabeça constrangida. Os amigos gargalhavam. 


- Senhores!!! Eu já fui jovem e não quero ser estraga prazeres da juventude de hoje, mas isso aqui é uma enfermaria. Por favor, falem mais baixo!!! – Pediu a senhorinha, que continuava a tratar do menino.


- Desculpe. – Responderam todos em uníssono. Ela sorriu e pouco depois terminou os curativos. Baixou a camisa do moreno e pegou seus remédios, colocou-os sobre a bandeja e avisou que iria até a secretaria da ala hospitalar atualizar o prontuário, mas que se os amigos quisessem poderiam ficar mais um tempo.


- Pessoal, preciso sair. Hoje fiquei de ajudar uma turma de DCAT do 6º ano. Volto mais tarde para ver o Pontas, ok? E Lily, cuidado com a babinha, viu!!!! – Brincou Remo e saiu da sala, rindo.


Dirigiu-se à torre da grifinória, pegou seus livros, passou pelas cozinhas e pegou um pão de queijo. Foi para a sala de aula para a qual lecionaria. Sentou-se na mesa do professor e saboreou o que seria seu almoço. Esperou mais alguns minutos e os primeiros estudantes começaram a chegar. De todas as casas, Grifinos, Lufanos, Sonserinos e Corvinos. Entre esses corvinos havia uma especial. Uma morena dos olhos castanhos que trazia seus livros nos braços e deu um sorriso tímido ao descobrir quem seria seu professor.


Remo não a notou tão cedo, também... Ela não tentara fazer-se presente. Sentara-se no meio da sala, entre alguns colegas de casa e abriu seu livro. Ele dirigiu-se a frente da sala para explicar o conteúdo que os alunos pediam. Após alguns minutos de fala, ele pediu que cada um dos alunos realizasse as atividades do livro. Passou por entre as carteiras de modo a explicar qualquer dúvida que surgisse. Estava pelo meio da sala quando notou uma mão esticada no ar, em pedido de auxílio, dirigiu-se até lá e tomou um susto ao ver quem pedia sua ajuda.


- Melhissa!!! – Disse assustado. – O... O que está fazendo aqui?


- Tendo uma aula reforço em DCAT, pelo menos é pelo que vim. Estou na sala certa?? – Brincou ela, achando graça da cara do amigo.


- Sim... Digo, é a sala certa. Estou só um bocado surpreso que você precise de “aulas reforço”. Enfim, vamos deixar de papo furado qual sua dúvida?


- É sobre os inferi. Não entendi muito bem a definição... – E passaram um tempo estudando. Uma hora passou rápido e ao se darem conta já era três da tarde. Remo dispensou seus “alunos”, guardava seu material quando uma voz o chamou.


- Remo...


- Hum? – Respondeu sem se atentar com quem falava.


- Você está bem? Digo, está meio... Pálido.


- Quê? Não!! Eu... Ah, é você Mel! Por favor, não saia por ai dizendo isso. Você consegue imaginar porque estou assim. – Falou, um tanto envergonhado.


- Ham?.. Ah! Sim, desculpe. Preocupei-me um pouco. – Ela suspirou triste. – Para aonde vai agora?


- Ala hospitalar, Tiago caiu da vassoura no jogo de hoje. – Respondeu a ela saindo da sala na companhia da garota.


- Hum... – Disse desinteressada. - Desculpe ser assim, tão direta, mas... Vai acontecer o baile de natal do professor Slughorn e podemos levar alguém... Bem... Você é um menino...  Na verdade, o único com quem consigo conversar direito. Será que gostaria de ir comigo? – E corou com vergonha. O maroto estava escarlate, suas orelhas queimaram um pouco. Como? O estavam convidando para um baile de natal? Era piada, só podia ser!!


- Ham... Eu... É... Bem...


- Deixe! Esqueça tá? Faça de conta que eu não disse isso! – Falou depressa e constrangida, afastando-se dele.


- Mel... Espera! – Disse tocando de leve nas mãos da menina. Ela se virou, Remo suspirou e, vencendo seu lado tímido falou. – Será um prazer te acompanhar ao baile. – O espanto da menina era tal que seus livros caíram no chão com um baque surdo. Ela pulou no pescoço do menino e o abraçou. Remo sentiu algo novo, que jamais experimentara, teve a sensação de que mil borboletas voavam em seu estômago. Era bizarro, já havia saído com outras garotas, mas na maioria das vezes eram encontros planejados por Tiago ou Sirius, então as garotas eram... Bem... Meio vulgares e pareciam se atirar para cima dele, que era tímido assumido. Melhissa era diferente, um doce de pessoa, interessante e divertida, muito amiga e educada. “Seria uma namorada perfeita, mas não para mim. Posso machucá-la, em todos os sentidos. Nem sei por que sou assim com ela, mas é tão estranho, quando olho nos olhos castanhos dela... Não sei, tudo fica diferente, como se não pudesse me controlar mais. Está ai algo que livro nenhum explica.”


  Separaram-se, ela sorriu e deu-lhe um beijo delicado na bochecha, corando muito. Despediu-se e sumiu pelos corredores. O maroto parou por muito tempo no corredor, ainda sentindo o abraço da menina. “Merlin!! Entendi o que acontece, não pode ser!!! Que castigo!! Justo ela, não pode ser!! Me apaixonei pela Melhissa!” . Sentindo essa nova conclusão doer-lhe os pensamentos, foi até a ala hospitalar ver o amigo.


***


Uma mudança na Fic, essa parte se passa pouco depois que o Remucho saiu da enfermaria, é narrada pelo Metido Potter. Espero que fique bom! Boa leitura!


(PoV Tiago)


Eu senti que estava em um lugar quentinho e confortável. Ainda não tinha aberto os olhos, pensei que tivesse morrido na queda e aqui fosse o céu. Demoraram só alguns segundinhos para que o meu cérebro me mostrasse que era mentira. Primeiro porque eu já sobrevivi a coisas piores, como a minha mãe com raiva, e segundo porque se eu morresse, certamente não iria para o céu. Tentei mexer meu braço direto, mas ele doeu, então ouvi vozes.


- Gente, ele se mexeu! Acho que acordou!


- Olha a mentira, Catherine. Ele tá mais parado que um boneco de madeira.


- O Pinóquio é de madeira e se mexe, Lene.


- Quem?!!


- Ah esquece, é um personagem trouxa.


- A ruiva e suas geringonças de trouxa!! – Eu reconheci essa voz como à de um cara muito chato, que vocês conhecem por Almofadinhas, ou Sirius Black, mesmo.


- Ninguém tá cego não! Eu acordei mesmo! – Falei enquanto abria os olhos.


- Tiago!! – Antes que eu me habituasse claridade, uma coisa laranja e macia bateu no meu rosto e eu não enxerguei mais nada. Só reconheci quem (ou o que) era, pelo cheiro maravilhoso de rosas e orquídeas, que eu amava. Era a minha Lily. – Que bom que acordou! Como está? – Quis saber ela, já de pé, me olhando, ou talvez estivesse olhando para os pés por conta da vergonha de ter me abraçado em público, não sei direito porque estava sem meus óculos.


- Eu estou bem! Mas quero os meus... – Comecei a tatear a tão conhecida mesinha da enfermaria.


- Os óculos, Toupeira Cega? – Pergunta meu “Querido”amigo Black – Estão aqui, Pontas.


- Valeu! – Digo tomando minha armação de metal com lentes de vidro. – Alguém tem varinha? – A Lene me dá a dela. - Obrigado. Óculos Reparo! – Fiz o feitiço e meu “enxergante”, que antes estava quebrado, se consertou.


  - E então... Como se sente, Sr. Potter, aumentando o tamanho de seu prontuário? – Fala a Cath, com voz de radialista


- Sinceramente, Cath? Muito bem! É uma alegria voltar aqui nesse local tão especial! Para mim é mais uma conquista. – Meus amigos riem. – O que quebrei dessa vez, Almofadinhas?


- O braço e três costelas, um recorde novo se quer saber!


- Oba!!! Algo que eu ainda não tinha quebrado, uhu!!


- Cada louco com sua tia!! – Fala a Lene. O que ela quis dizer?


- Mania, Lene. – Corrige a ruivinha


- Mania de que, Lils? De roer as unhas? Eu já perdi esse hábito feio.


- Esquece! – Rimos das idiotices da Marlene.


- E cadê o Aluado? Porque ele não está rodeando meu leito de enfermo?


Então a porta da enfermaria abre e entra um cara cheio de livros nos braços, sabe aquele ditado “Falando em Voldemort, ele aparece”? Foi mais ou menos por ai que as coisas aconteceram. Esse meu amigo ainda vai noivar com um desses tijolos em forma de papel. Ai depois do casamento ele já tem o primeiro bloco de concreto para fazer a casa.


- Afe coisa ruim!! Vaza daqui com esses difusores do mal, Aluado. – Fala o Sirius pulando da cadeira e fazendo com os dedos um sinal de cruz.


- O quê?


- Esses... Livros. – Ele sussurrou o nome dos objetos, como se fosse uma palavra proibida, embora para o Sirius nenhuma palavra seja proibida. – Eles podem fazer mal para nós! Eu rogo, pelos poderes de Merlin, para que toda a maldade que esses objetos horrorosos trazem possa ser levada para longe de mim, da minha namorada linda, desse veado enfermo e das amigas da minha Lene! – Continuou o abestado, fingindo rezar. – Amém!


Ok! Diga-me se depois dessa idiotice você se manteria sério? Não mesmo! Gargalhamos, rimos até as costelas doerem, o que para mim não foi muito. O Aluado se sentou perto da minha cama e começamos a conversar.


- Como está, Pontas?


- Bem! Só quero sair daqui logo.


- Ah, mas não vai mesmo, querido. Só tem previsão de saída para terça. Agora se ajeite. Está na hora de tomar uma dose de remédio para os ossos e outra para evitar a dor. – Falou a enfermeira, Sra. Hildegard. Prefiro 1000 vezes ela à Madame Pomfrey. Aquela ranzinza e sebosa da enfermeira chefe. Só reclama da vida e é toda cheia das frescuras... “Não suje isso”, “Não saia da cama”, Cuidado, não toque nos curativos!”e coisas do tipo! Como sei que essa tia de hoje é legal para hipogrifo, fiz o que qualquer filho único e mimado faria... Birra!


- Terça! Ah, não!!! Vou perder meu fim de semana!!!! Por favor me libera amanhã. Por favor, por favor.... Por favorzinho!! Com um pomo de ouro no “I”!!! – E fiz carinha de choro.


- Sério, Pontas birrando é hilário! – Falou o Almofadinhas


- Desculpe, Sr. Potter. É o melhor que posso fazer. E seus amigos também precisam ir, está passando da hora de visitas. – Falou ela, me dando um remédio com gosto de suor de camelos. Não que eu já tenha bebido suor de camelo.


- Então já vamos! Tchau Tiago. Amanhã nós voltamos. – Avisou a Lils, afagando meu cabelo e saindo com as meninas.


- Tchau Tiago! – Disseram as outras duas, rindo.


- Tchau Pontas, vamos Aluado. Vamos te benzer contra o poder maligno dos livros. – Eu ri e meus amigos se foram.


Essa seria uma noite longa! Longa e chata, posso dizer! Afinal, aquela era a enfermaria.

N/A: Capítulo novo!!
Eu ficaria feliz de receber um comentário :) Só um já me deixaria muuuuito feliz! Se eu merecer...
Não sei se ainda vou continuar a postar, pq acho que ninguém está lendo! :(
A fic está ruim? Estou postando pouco?
De uma autora triste,
Morgana Pontas Potter


 

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Comentários (1)

  • Talisman José da Silva Moraes

     Ah não, não abandone essa fic... Ela é fantástica! Uma das minhas preferidas! Todo dia acesso esse site na esperanca de ver um capitulo novo dela! Não desista, por favor! Mas ach que você poderia postar um pouco mais...

    2014-03-14
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