Atrás das Portas



 


Agradecimentos:


 


 


 


Arthur lacerda – Obrigada, pelo elogio. Eu sou um pouco má, as vezes. Mas prometo que é só as vezes. Espero que goste deste capitulo também.


 


Ana Marisa Potter – Obrigada, mil desculpas pela demora. Espero que goste deste capitulo també, é dedicado principalmente a vc e ao Arthur.


 


Amei os cometários de vocês, continuem comentando.


 


 


 


Beijos e boa leitura.





Atrás das Portas


 


 


 


A lua cheia brilhava intensa no céu, o Beco Diagonal estava irreconhecível, janelas quebradas, lojistas chorando escondidos embaixo de suas camas, mesas ou balcões, dezenas de encapuzados corriam de um lado para o outro tentando entrar nas lojas e eram impedidos por feitiço dos próprios lojistas. Feitiços de anti-aparatação haviam sido colocados no beco, agora os mesmos que haviam colocado tais feitiços se esforçavam por retirá-los, o motivo? Um Lobisomem corria na rua tortuosa do Beco, e se não bastasse isso um cervo e um cão negro, surgidos, só Merlin sabe de onde, mordiam e atacavam os Comensais. Enfim, tais feitiços foram desfeitos, podia-se aparatar nos limites do beco, assim o local foi esvaziando até restar apenas alguns comensais retardatários, o cervo, o cão, o Lobisomem que agora corria pela Travessa do Tranco assustado por muitos feitiços lançados sobre ele, além de Voldemort que se esgueirava pelas paredes do beco tateando algo a sua frente.


 


As ruas do Beco diagonal estavam salpicadas livros e folhas soltas, pedaços de metal que antes foram uma luneta e uma balança. Uma coruja alvíssima havia se libertado da gaiola, que era agora puro estilhaço, e pousara no alto de uma loja e observava a luta. O cervo se transformou em homem novamente após expulsar o ultimo Comensal com a sua galhada. James Potter ria abertamente e se encaminhava em direção ao cão que mancava, quando ouviu um grito.


 


Tudo passou muito rápido.


 


- Você não precisa morrer menina, saia da frente. – O homem de olhos vermelhos se deliciava com o medo da ruiva a sua frente.


 


- Não, o Harry não. Eu lhe imploro. Faço o que quiser, mas o Harry não.


 


- Você que pediu – sussurrou Voldemort levantando a varinha.


 


O silêncio reinou por meros milésimos de segundo então uma voz vinda de um lugar distante gritou:


 


- LILY


 


James ouviu alguém gritar, imaginou que fosse Sirius, apesar da voz ser bem diferente da voz rouca de seu amigo, mas não tinha tempo para pensar quem gritara tão desesperado pelo nome de sua mulher. James correu o tanto que pode então uma luz branca, muito forte, se incidiu pelo Beco Diagonal inteiro, James não enxergava nada além daquela luz branca.


 


- AVADA KEDRAVA


 


Era isso, era o fim, James sabia que era o fim, apesar de estar cego pela ofuscante luz ele tinha certeza que sua mulher havia morrido, ela estava a centímetros de Voldemort. James chorou e se ajoelhou nas pedras frias do Beco, a luz estava diminuindo ou eram apenas os olhos de James que estava se acostumando com ela? Ele não sabia. Temia ouvir outra vez a voz fria de Voldemort pronunciando o mesmo feitiço para matar agora seu filho. James chorou e se levantou tinha que salvar Harry, pelo menos Harry, não deixaria Lily morrer em vão, mas para que lado ir? James não enxergava um palmo à frente, a luz estava certamente mais fraca, mas James via bolotas coloridas devida a intensa exposição da tal luz.


 


Então, ao contrário do que James esperava, ele ouviu uma voz, não distante, mas sim, perto da sua nuca lhe sussurrando, ao invés de gritar, e com uma voz firme, e não a voz gélida de Voldemort.


 


- Lily – a voz vacilou, mas depois continuou mais forte – e seu filho estão salvos, aparate para a Ordem rápido.


 


James olhou para trás, mas não viu ninguém, não quis acreditar na voz e continuou em frente para a direção onde Voldemort estava, e provavelmente onde jazia o corpo inerte de sua mulher e seu filho, James esperava que, ainda vivo.


 


Uma mão agarrou James, ele virou e se deparou com o rosto emoldurado por hematomas de Sirius.


 


- Vamos – disse Sirius apressadamente.


 


- Harry – chorou James – Li... Lily.


 


- Não estão mais lá, já confirmei – disse Sirius mostrando a capa da invisibilidade na outra mão – Voldemort ainda está confuso, mas não vai demorar muito pra perceber o que está acontecendo. Precisamos ir, vamos aparatar.


 


James resistiu um pouco, mas se deixou levar por Sirius, mas ainda teve tempo de ver o corpo magro de Voldemort entrando em foco, o rosto pálido estava crispando de raiva e assim que os olhos vermelhos encontraram James e Sirius no meio da aparatação Voldemort ergueu a varinha e pronunciou a maldição da Morte que apenas passou pelo espaço vazia que segundos antes era ocupado por eles.


 


As últimas coisas que o vazio Beco Diagonal ouviu aquela noite foram um urro de raiva do Lorde das Trevas e um uivo de um lobisomem perdido no meio dos prédios obscuros da Travessa do Tranco.


 


 


 


 


 


James e Sirius chegaram à pequena alameda onde ficava a sede da Ordem da Fênix, James ainda chorava e tremia, mas se deixava obedientemente ser conduzido por Sirius, que de varinha em punho, mancando e sagrando, estava vigilante e olhando para todos os lados. Ambos os amigos mentalizaram o endereço da Ordem da Fênix, a modesta, porém grande casa apareceu com suas luzes apagadas indicando que não tinha ninguém nos quartos, ou estavam todos na cozinha, que ficava aos fundos da casa, e por isso não tinha como saber se havia luzes acesas; ou não havia ninguém na Ordem, já que o único morador fixo era Sirius.


 


Ao entrarem na Ordem da Fênix Sirius largou o braço do amigo que vinha segurando desde o Beco Diagonal, James escorou as costas na parede do Saguão de entrada e soluçou. Sirius chegou perto pra tentar controlar o amigo, mas sua mãe foi expulsa com um tapa de James que gritou de dor, um grito agudo e triste. As lágrimas de Sirius corriam livres, mas silenciosas deixando que seu irmão pronunciasse sua dor sozinho.


 


Passaram alguns minutos onde só se ouvia os soluços de James, Sirius tentou novamente se aproximar do amigo, mas novamente foi repelido, não por um tapa, mas sim por um empurrão. James levantou com brusquidão e caminhava apressadamente em direção a porta.


 


- Onde você pensa que vai? – Perguntou Sirius apressando o passo em direção ao amigo,


 


- Procurar minha mulher e meu filho! – respondeu James secamente – E matar aquele cretino.


 


- E aonde você acha que Lily e Harry estão? – perguntou Sirius cautelosamente.


 


- Não sei, mas nem que eu tenha que vasculhar cada canto do mundo eu vou achar. – James estava lá com a porta aberta pronto para sair, seu rosto manchado pelas lágrimas, parecia que ele tinha envelhecido uns vinte anos só naquele momento. As feições haviam endurecido, e não parecia o mesmo James que pulava e cantava contente naquela mesma manhã.


 


- Pontas, não – Sirius agarrou James antes que ele conseguisse pôr o primeiro pé para fora – Devem ter Comensais vigiando a Ordem, não é seguro.


 


- Me Solte Black – James esbravejou.


 


- Não – Sirius segurou com mais força, agora com as duas mãos.


 


- Solta – James virou e colocou a ponta de sua varinha na garganta de seu amigo – Solta, se não serei obrigado a te azarar.


 


Sirius soltou e afastou um passo, mas quando James estava para sair disse:


 


- Ela está salva, eles estão salvos. Você ouviu assim como eu, sei que ouviu.


 


- Mas onde eles estão? – disse James chorando parado na soleira aberta, ainda protegido pelo feitiço Fidélis.


 


- Não sei – Sirius colocou a mão no ombro do seu melhor amigo.


 


 


 


- Papai? – uma voz fraquinha falou vinda da porta que levava o saguão de entrada para a sala de estar.


 


Sirius virou rapidamente para a direção de onde vinha a voz e segurou um grito de felicidade. James não teve coragem para se virar.


 


- Papai? – disse novamente um pouco mais forte.


 


James chorando olhou e correu o máximo que seus ferimentos permitiam e parou. Chegando em frente a Harry ajoelhou-se encarando e examinando o filho e lhe deu um abraço molhando as costas da roupa do menino com suas pesadas lagrimas.


 


- Ta tudo bem papai, eu to bem. – Disse Harry confuso.


 


Mas James parecia não ouvir e abraçava cada vez mais forte seu pequeno filho, a única coisa que conseguia dizer era: “minha culpa”.


 


- Não foi sua culpa Pontas, não tínhamos como prever um ataque desses. – disse carinhosamente Sirius depois de fechar a porta e encaminhar até o afilhado, com um sorriso cansado escapando dos lábios.


 


Harry conseguiu soltar um de seus braços do abraço do pai e fez desajeitadamente um carinho nos cabelos do maroto, ele sabia que era isso que sua mãe fazia quando seu pai entrava em desespero, não que ele costumasse entrar em desespero facilmente na frente de Harry, mas o menino tinha visto seus pais nesta situação certas vezes, mas nessas horas ele sempre era mandado para o quarto, porém Harry nunca foi bom de seguir as regras tão prontamente e algumas vezes tinha visto o pai naquele estado e sua mãe consolando com um afago nos cabelos.


 


Ao contrário do que o garoto desejava o gesto de carinho não serviu para acalmar o pai, James chorou mais ainda e afundou a cabeça nos ombros do menino.


 


- Vamos papai, mamãe não vai gostar de te ver assim quando ela acordar – disse Harry.


 


James soltou o abraço como se tivesse levado um choque e, ainda ajoelhado, encarou os olhos verdes do filho e com grande nervosismo perguntou:


 


- Sua mãe está aqui?


 


Harry respondeu que sim e apontou para a sala de estar onde só se podia ver um pouco dos vastos cabelos ruivos de Lily. O grande sofá florido ficava de costas para a porta e parecia que Lily estava deitada sobre ele com a cabeça apoiada em um dos braços do sofá, apenas seu cabelo podia ser visto.


 


James levantou e aos tropeços chegou ao sofá onde se ajoelhou novamente para tentar sentir o pulso da mulher e escutar seu coração. Sirius segurou Harry esperando pelo pior e foi com grande alivio que recebeu as gargalhadas de James. James não conseguiu segurar o riso, estava muito feliz, Lily estava viva, estava desacordada, era verdade, mas estava viva. Seu coração batia ritmado como numa canção. James chorava ainda, mas lágrimas de felicidade, e junto com essas lágrimas ele ria aliviado. Procurou na poltrona ao lado uma almofada, levantou a cabeça da sua mulher e colocou a almofada embaixo. Passou a mão pelo rosto dela tirando os fios de cabelo que lhe caiam sobre os olhos e segurou sua mão.


 


Sirius e Harry se aproximaram. James fez um sinal para que Harry fosse até ele e abraçou o filho novamente, só que dessa vez foi mais comedido então olhando para o filho e sem largar da mão da mulher perguntou:


 


- Você está bem, Harry? Não está machucado? Como vocês vieram parar aqui? O que aconteceu afinal?


 


- Calma, Pontas, uma pergunta de cada vez – sorriu Sirius.


 


- Não sei o que aconteceu papai. – começou Harry fazendo careta para tentar se lembrar – Lembro de estar no beco com um monte de Comensais e de Voldemort chegar. Depois disso, mamãe tampou meus olhos, só conseguia ouvir seus gritos, pai. Então do nada tudo ficou confuso.


 


- É noite de lua cheia, esquecemos, Remo está transformado, uma hora dessas, no meio do Beco Diagonal – disse Sirius.


 


- Espero que ele não se machuque muito – disse James sério.


 


- Espero que ele não machuque ninguém – respondeu Sirius – Certo, então, essa parte eu entendi, Remo foi nosso elemento surpresa, depois disso nos transformamos em animagos e expulsamos todos os Comensais, mas como Voldemort percebeu que vocês estavam lá encobertos pela capa?


 


- Acho que mamãe percebeu que alguém iria atacar o papai e lançou um feitiço, depois disso tudo foi muito rápido. Ele nos descobriu e mamãe se colocou na minha frente – disse Harry de olhos fechados revivendo o momento – e implorou para que ele a matasse ao invés de mim, ele disse que era para ela sair, disse que ela não precisava morrer, mas ela não saiu, ele levantou a varinha, mas alguém gritou pela mamãe e tudo ficou claro.


 


- Uma luz ofuscante – disse James – mas eu ouvi Voldemort lançar uma maldição da morte.


 


- Não sei papai, porque depois da luz ofuscante eu senti a alguém empurrar a gente e bati a cabeça na parede e acho que desmaiei, quando acordei eu estava no tapete e a mamãe no sofá e vocês dois na porta de entrada.


 


- Deve ter sido a sua mãe que trouxe vocês pra cá – disse James pensativo.


 


Harry deu de ombros enquanto Sirius pedia pra ver onde o menino tinha batido a cabeça e constatava que tinha um corte na cabeça do afilhado, e fechando o corte com um feitiço, disse:


 


- E a voz que me avisou para pegar você e fugir? Certamente era de um homem.


 


- Não sei – disse James – Também ouvi tal voz. Talvez Lily saiba...


 


- Não poderia ser Hagrid? – perguntou Harry.


 


- Não. – Sirius fez que não com a cabeça – Vi quando Hagrid foi embora no Caldeirão Furado, ele estava com alguma coisa muito preciosa de Dumbledore e falou que ia avisar o diretor e buscar reforços, eu mesmo disse pra ele fazer isso.


 


Todos se olharam perplexos e ficaram mudos.


 


 


 


 


 


 


 


- Então? – perguntou o velho homem da sua escrivaninha.


 


- Estão salvos – respondeu cansado se sentando na cadeira em fronte ao diretor – deixei ela e o menino na Ordem.


 


- E quanto a James? – perguntou Dumbledore.


 


- Avisei que saísse – disse com um certo desprezo na voz – ele e aquele amigo dele, o Black. Quanto ao Lobisomem, deixei lá.


 


- Ninguém terá coragem de se aproximar dele até o amanhecer, até lá terei retirado Remo. – sorriu o velho diretor – Alguém te viu?


 


- Não – respondeu – Creio que não. Feitiço Iluminus – respondeu ele ao arquear das sobrancelhas do velho diretor – E acho que nem o Potter nem o Black identificaram minha voz.


 


- Espero que Voldemort não descubra.


 


- Não irá descobrir, como não descobriu até hoje que estou ao seu lado.


 


- Mas ele desconfia, Severus. Não deixe brechas para que a desconfiança passe a ser certeza.


 


- Vou tomar cuidado. – As palavras saíram ao acaso.


 


- Quero que me prometa que não fará mais isso. – Dumbledore disse mais sério do que nunca naquela noite.


 


- Isso o que? – Severus disse em tom de desafio.


 


- Arriscar sua posição para salvar Lily – respondeu Dumbledore encarando os olhos escuros do professor.


 


- Não posso prometer isso, senhor. – disse indignado – farei tudo para salvar Lily, tudo que estiver ao meu alcance, mesmo que isso signifique acabar com o meu disfarce ou com a minha própria vida.


 


- Admiro sua coragem, mas Lily não quer a sua proteção para ela – Dumbledore viu que ele ia retrucar e continuou – ela prefere que o filho seja protegido. E para fazer isso prefiro que você fique na escola e me ajude, só posso confiar essa tarefa a você.


 


- Como você sabe o que ela prefere? – disse o moreno com ódio.


 


- Tendo em vista que hoje ela se colocou entre o Voldemort e Harry, totalmente desprotegida, com a opção de sair a pedido seu, mas não saiu, ela morreria pelo filho. – os olhos do diretor brilharam em direção a Severus.


 


Snape olhou para o diretor incrédulo, como ele sabia o que tinha acontecido. Dumbledore sorriu.


 


- Conheço cada aluno meu. – disse esclarecendo as dúvidas de Snape. – Por isso quero que você prometa que não arriscara sua posição, pelo menos por enquanto. Preciso que você proteja Harry, vamos Severus, prometa!


 


- Para você é fácil, não? Quer que eu prometa servir de babá para o filho do Potter. – Snape cuspiu esta última frase como se fosse algo venenoso e odioso.


 


- Do James e da Lily, não se esqueça. Ele tem os olhos dela, sabia? Igualzinhos. – Dumbledore o olhou interrogativamente.


 


- Mas...


 


- Prometa Severo!


 


- Mas...


 


- Prometa.


 


- Ok, Dumbledore, você me venceu. Eu prometo.


 


- Promete que não vai arriscar em hipótese nenhuma?


 


- Sim.


 


- Nem se Lily tiver nas mãos de Voldemort prestes a morrer na sua frente, você não vai se revelar?


 


- Eu... – Snape vacilou – Eu... Prometo – disse de olhos fechados.


 


- Jure!


 


- Eu juro, Dumbledore, eu juro, mas se você fizer tudo para evitar isso.


 


- Vou fazer o possível e o impossível, mas não garanto.


 


- Era o que eu temia. – Snape suspirou tristemente.


 


- Admiro a sua coragem, Severo – disse Dumbledore levantando-se da sua cadeira para dar a volta e ficar por trás da cadeira de Snape e colocar a mão no ombro do homem que agora escondia o rosto em suas mãos – Em anos em Hogwarts não vi coragem igual a sua, nem mesmo na Grinfinória.


 


Snape desdenhou ainda com o rosto entre as mãos.


 


 


 


 


 


 


 


- Harry – a voz fraquinha de Lily chamou do sofá.


 


- Estou aqui mamãe – disse Harry se virando para a mãe e colocando a mão no seu rosto – estou bem e a senhora?


 


- James?


 


- Aqui meu amor, não faça esforço estamos todos bem.


 


Lily sorriu fracamente e olhou para o marido e depois para o filho que sorriu e carinhosamente ela passou seus dedos no rosto de Harry.


 


- O que aconteceu? – perguntou ela agora olhando para o marido, mas sem largar Harry – só me lembro de uma luz muito forte e alguém me chamando...


 


- Estamos nos perguntando a mesma coisa – disse Sirius – Não foi você?


 


- Não – disse Lily séria


 


- Não sabemos quem provocou aquela luz – disse James


 


- Nem quem trouxe você e o Harry para a Ordem – completou Sirius


 


- O que deve ser a mesma pessoa – concluiu Harry.


 


- Sim – Lily concordou – mas quem?


 


- Você não se lembra de nada, meu amor?


 


- Não – respondeu Lily tentando puxar pela memória – eu só lembro de alguém me chamando, uma voz conhecida, mas não sei quem. Não foi você querido? Ou Sirius?


 


Ambos fizeram que não com a cabeça e pararam pra pensar.


 


Sirius colocou a mão no ombro do afilhado e levou ele escadas a cima para ele dormir e deixar seus pais sozinhos na sala, James se acomodou mais perto do sofá e acariciava Lily que descansava. Então olhando para o relógio na parede que indicava meia noite e um, Sirius sorriu para Harry e parou abrindo os braços.


 


- Harry você tem onze anos – disse Sirius sorrindo e indicando o relógio.


 


Harry sorriu e abraçou o padrinho.


 


- Acho que o seu presente ficou no beco diagonal – Sirius olhou maroto. Ele e Harry gargalharam e foram para os quartos descansar, afinal aquele dia havia sido muito longo.


 


Ao chegar ao quarto de hóspedes que o padrinho lhe indicou Harry entrou percebendo o quanto estava cansado. O quarto não era grande, mas era bem confortável, cobertores e travesseiros estavam postos sobre a cama esperando por um possível hóspede temporário. Harry tirou a jaqueta de trouxa que ele estava usando e virando para a janela se deparou com uma coruja branca olhando para ele, então foi a te a janela e esperou a coruja levantar a pata para lhe entregar uma carta, mas isso não aconteceu. A coruja apenas piscou. Harry, então, se lembrou do presente que seu pai havia lhe dado, será que era a coruja que ele havia ganhado?


 


- Você é minha? – perguntou não muito certo deque receberia uma resposta.


 


A coruja piou baixinho e abaixou a cabeça para que o dono fizesse um afago. Harry sorriu.


 


- Você precisa de um nome – disse, mas olhou para convidativa cama ao seu lado – Mas acho que vou deixar isso para amanhã.


 


A coruja piou mais uma vez e deu um carinhoso belisco na mão do dono e abriu as asas e voou na direção do horizonte para caçar. Harry acompanhou-a com o olhar, mas assim que ela saiu do seu campo de visão ele se colocou na cama e dormiu imediatamente, antes mesmo de ouvir o pai carregando sua mãe adormecida para o quarto ao lado. Era 31 de julho.


 


 


 


 


 


 


 


Harry sorriu, quando abriu os olhos e viu a luz do sol inundando seu quarto, era o dia de seu aniversário, os tão esperados onze anos, ele iria para Hogwarts e finalmente conheceria o mundo bruxo de verdade. Harry sentou-se na cama e buscou o relógio digital que sua mãe lhe dera ano passado, James disse que um relógio de bruxo ele só teria quando fizesse dezessete anos, mas quem se importava, ele tinha onze e iria pra Hogwarts.


 


Era quase dez da manhã, estranho, pensou Harry. Não que ele não dormisse até aquele horário algumas vezes, quando sua mãe permitia, é claro, mas estranho era o fato de seus pais não estarem no quarto esperando ele acordar ou até acordando o menino para lhe dar os primeiros “parabéns”. Harry levantou e olhou no espelho oval que tinha no quarto, seu cabelo estava pra cima como sempre, instintivamente ele levou as mãos ao topo da cabeça com a intenção de achatar os fios, mas inutilmente desistiu. Sua mãe, mesmo, já tinha tentado de tudo, poções, cortes e até gel trouxa, mas nada, os cabelos teimavam em ficar bagunçados, igual aos do pai, a diferença era que James adorava o penteado e algumas vezes, sem que Lily percebesse, o que Harry reparou, ele eriçava ainda mais os fios. Já Harry achava bem embaraçoso parecer que não penteava os cabelos.


 


O menino suspirou e olhou para a janela, e viu sua coruja empoleirada no beiral dormindo com um sapo morto ao lado.


 


- Você precisa de um nome e uma gaiola – pensou Harry e olhando o sapo semi decepado – Urgentemente.


 


Harry arrumou as cobertas e desceu os degraus que levavam a sala de estar, seus pais e Sirius deviam estar na cozinha discutindo a noite de ontem, mas não era possível que eles tivessem se esquecido do aniversário dele, eles nunca esqueceram.


 


O quarto onde o menino estava era no terceiro andar, no segundo andar também havia alguns quartos, o de Sirius, por exemplo, ficava no segundo andar pelo o que Harry sabia. Ao passar por uma porta Harry ouviu vozes e parou, não queria ouvir atrás da porta, mas não pode resistir.


 


- Quieto Remo – disse uma voz doce que Harry reconheceu como sendo a da sua mãe – assim eu não posso passar essa poção.


 


- Ta doendo muito, Lobinho? – debochou Sirius.


 


- Você ri por que não é com você, e não me chame assim – disse Remo bravo.


 


- Ah, Remo, por Merlin, você já passou por coisa bem pior – disse James.


 


- Isso faz tempo, James, eu não sou mais o garoto, sabia?


 


- Deixe de manha, Aluado – disse Lily rindo – terminei.


 


- Obrigado, Lily – agradeceu Remo


 


Harry se mexeu com a intenção de entrar, e encostou a mão na maçaneta, mas a menção do nome fez o menino parar onde estava.


 


- E Harry, onde está que eu ainda não o vi hoje – disse Sirius.


 


- Aquele dorminhoco ainda não saiu da cama – disse James


 


- Parece alguém que eu conheço – Remo debochou


 


- Quem? – James perguntou sério – Sirius? Eu disse que essa convivência ia fazer mal para o garoto, Lily.


 


Todos riram.


 


- Falando em Harry, preciso falar uma coisa com vocês – Harry parou até de respirar, sua curiosidade estava fazendo seu coração pulsar mais forte, e seus instintos mandaram sinal para que ele ficasse o mais quieto possível.


 


- O que? – disse Sirius curioso.


 


- Peraí um minutinho – os passos de James vieram em direção à porta, o menino saltou para o lado e subiu as escadas o mais silenciosamente possível para se esconder no patamar acima. O menino viu a cabeça do pai aparecer na fresta da porta e olhar para cima e para baixo, mas não percebeu o menino ali. Harry ouviu o pai lançar o Feitiço da Imperturbabilidade e suspirou frustrado, ele sabia que agora era impossível saber o que eles estavas discutindo.


 


Harry desceu as escadas em direção a cozinha para tomar café da manhã, porque já que não podia saciar sua curiosidade o jeito era saciar o seu estomago, que já estava reclamando pela falta de alimento. Ao entrar na cumprida cozinha encontrou Emelina Vance, imponente como sempre, com seu xale verde água ao entorno de seu corpo, quem a via assim poderia achar que ela era uma esnobe ou metida, mas não era assim, na verdade Emelina era bem engraçada.


 


- Olá Harry – disse ela bocejando – noite difícil hein?


 


- Ah, sim – disse Harry.


 


- Vamos, coma umas torradas – disse ela se levantando – preciso ir, vim só ver como Lily estava. Dumbledore me contou – e dizendo isso a bruxa saiu da cozinha em direção a porta de saída parando apenas para cumprimentar Lily que vinha descendo.


 


- Bom dia meu amor – disse Lily sorrindo para Harry – Parabéns! – ela deu um pequeno abraço no filho foi em direção ao fogão para preparar bacons e ovos para ele.


 


- Mamãe... – começou Harry


 


- Shiu – fez Lily – não faça muitas perguntas, você sabe como Remo fica depois das transformações.


 


- Bom dia, Harry – James entrou sorrindo e bagunçando o cabelo do menino – Parabéns. Dormiu muito hoje, hein?


 


- Concordo, Pontas. Esse meu afilhado anda muito dorminhoco – disse Sirius entrando também – Feliz aniversário, filhote – Harry ia se levantar pra receber o tradicional abraço do padrinho, mas Sirius foi em direção ao outro lado e sentou-se de frente para James que estava já sentado ao lado de Harry.


 


- Dia, Harry – sorriu fracamente Remo com pelo menos três curativos visíveis – Ah, parabéns pelo seu aniversário.


 


- Obrigado – respondeu Harry com um sorriso meio tristonho.


 


Tudo estava muito estranho, não tinha presentes, não que o menino se importasse com isso, mas pelo menos os pais deviam ter se lembrado de lhe dar pelo menos um par de meias, mas Harry lembrou que eles deviam ter comprado ontem, no Beco Diagonal, ou seja, todos os presentes que deviam ser dele ou foram pisoteados ou estourados por algum feitiço, além do mais tinha a coruja, aquele devia ser o presente dos pais. Mas quanto a Sirius? Ele nunca tinha deixado de dar um presente. A não ser que o Harry tivesse uma festa surpresa. Se fosse isso ele iria descobrir, pensou o menino consigo mesmo.


 


- Está meio calado hoje, filho. Aconteceu alguma coisa? – perguntou James.


 


- Não é nada, papai – respondeu – Você tá bem, Remo?


 


- Não muito, Harry – disse Remo tristonho – as transformações acabam comigo. Essa noite foi a pior. E por falar nisso desculpa por ontem, era pra ser um dia especial.


 


- Não peça desculpas, Reminho – sorriu Sirius – sem você estaríamos... – Sirius passou o dedo indicador pela garganta e fez uma careta. James riu e Remo sorriu fracamente.


 


- Vocês não têm jeito – disse Lily tentando parecer séria, mas sem muito êxito – Vocês quase morreram... NÓS quase morremos e vocês riem.


 


- Lily, meu amor, já passou, o que podemos fazer agora é rir.


 


- Sério, James? – sorriu Sirius – Hoje de manhã você não parecia tão animado assim...


 


James deu um chute na canela de Sirius e apontou discretamente para Harry, mas o menino nem percebeu, pois estava entretido com o bacon.


 


- Doeu – sussurrou Sirius.


 


- Então cala a boca pra não levar outro – sussurrou de volta James.


 


- O que tanto vocês estão cochichando? – perguntou Lily acordando tanto Harry quanto Remo de seus devaneios.


 


- Estamos pensando em onde vamos hoje à tarde – disse James sorrindo.


 


- Vocês não podem sair hoje à tarde – respondeu Lily.


 


- Por que não? – disse Harry esperançoso.


 


Todo mundo olhou para Harry. O menino estava certo da sua festa surpresa e como ele sabia que o pai podia às vezes ser um pouco distraído teve certeza que sua festa seria à tarde, afinal Remo não poderia comparecer à noite, pois estaria transformado, tudo se encaixava.


 


- Francamente Harry, depois do que aconteceu ontem você sinceramente acha que eu vou deixar seu pai sair por ai? – respondeu Lily séria.


 


- Ah, por isso – disse Harry desapontado.


 


- Por que Harry, você quis tanto saber? – perguntou James debochado.


 


- Por que eu queria ir junto – respondeu não muito convincente.


 


James sorriu. Remo levantou e anunciando que iria dormir por que estava exausto e pedindo para que Lily o chamasse no fim da tarde sem falta caso ele não acordasse antes. Remo tinha dito a Harry que aparatava em lugares isolados em noites de lua cheia como as montanhas ou a floresta proibida, quando não havia aula, claro, para relembrar os bons tempos. James e Sirius insistiram pra ir junto, mas nem Remo nem Lily concordaram na maioria das vezes.


 


James também levantou e chamou Sirius para a sala de reuniões, Harry levantou pra ir junto, mas seu pai o olhou de um jeito que Harry achou melhor voltar a sentar onde ele estava. O menino ficou sozinho com a mãe na cozinha.


 


- Harry, querido, por que você não vai para o quarto? Tenho tanta coisa para arrumar, terá muita gente pra almoçar hoje – Harry sorriu, sua mãe nunca foi de guardar segredo, ele teria um almoço de aniversário – E Emelina não poderá me ajudar. – continuou ela.


 


- Quem vem almoçar, mamãe? – perguntou empolgado


 


- Os membros da Ordem, meu bem – respondeu Lily – espero que você não se importe de comer no quarto, a reunião é secreta – e respondendo ao olhar intrigado do filho – é sobre o ataque de ontem. Então querido, suba. Eu te chamo na hora do almoço.


 


Harry subiu as escadas arrastando os tênis, odiava ser excluído.


 


Passando pela sala de reuniões ele ouviu a voz alta do padrinho, só que Sirius não estava muito feliz como Harry achou que estivesse ao planejar uma festa surpresa.


 


- Você tem certeza disso, James? Ele vai ficar desapontado – disse o padrinho.


 


- Tenho. Não posso arriscar novamente. Acredite isso vai doer mais em mim do que nele, mas não posso pôr a vida dele e de outras pessoas em risco, não depois do que aconteceu ontem, Lily estava certa. Ela sempre está certa. – respondeu o pai sério.


 


- Então temos que mandar uma coruja para Dumbledore.


 


- Aham. Lily e eu vamos falar com Harry primeiro.


 


Sem entender nada do que o pai e o padrinho estavam falando, mas tendo certeza que não era sobre uma festa surpresa, Harry subiu as escadas para o quarto, pois acabava de lhe ocorrer uma grande ideia.


 


Harry chegou e viu sua coruja empoleirada no armário cochilando com a cabeça sob as asas, e viu todos os seus livros de escola empilhados na cama. Harry sorriu, pegou um pergaminho do monte que estava ao lado dos livros e rasgou três pedaços, com a sua pena nova e um tinteiro escreveu a seguinte frase nos três pedaços de papel:


 


Você vem para a Ordem hoje?


 


O primeiro ele endereçou para a Hermione e acordou sua coruja.


 


- Você pode entregar isso aqui para mim? – sussurrou ele e como a coruja piscou significativamente – É para Hermione Granger – e Harry falou o endereço – Espere por resposta e volte.


 


A coruja voou para o horizonte, enquanto isso Harry endereçava os outros bilhetes para Rony e Neville, ele sabia que se houvesse uma festa os amigos seriam convidados, por tanto apareceriam na Ordem.


 


Mandar bilhete por bilhete levou o resto da manhã inteira, mas no fim Harry tinha nas mãos três cartas dos seus melhores e únicos amigos, e ainda decidiu o nome da coruja enquanto folheava o livro da Sra. Bagshot: Edwiges.


 


Harry acariciando Edwiges a colocou em cima do guarda roupa e leu primeiro a carta de Hermione, não tivera coragem para ler antes, queria ter todas juntas.


 


 


 


Caro, Harry


 


Há quanto tempo você não me escreve. Não vou para a Ordem hoje, nós iríamos para o Beco Diagonal, mas por algum motivo que desconheço, não vamos mais. Aconteceu alguma coisa? Minha mãe e meu pai foram chamados para ir para a Ordem, mas não vão poder, pois tem uma grande cirurgia de canal hoje. Qualquer coisa a gente se vê no expresso de Hogwarts. Ah, Feliz Aniversário, eu ia comprar seu presente hoje no Beco, mas parece que terei que adiar.


 


Hermione Granger


 


Ps: Linda coruja.


 


 


 


Harry suspirou, Hermione não viria, mas isso não queria dizer que não haveria festa. Harry pegou a segunda carta, era de Rony.


 


 


 


Hei, Harry


 


Como vai cara? Não vou pra Ordem hoje não, papai e mamãe vão, mas acho que é por causa de alguma coisa que aconteceu ontem, sei não, nós vamos ficar aqui com a tia Muriel. Ei cara nós vamos para Hogwarts, dá pra acreditar? Fred e Jorge estão até me ensinando fazer um feitiço, eu te mostro no Expresso. E, Parabéns pelo aniversário, mandei hoje cedo Errol com o seu presente, mas acho que ele foi para Godric’s Hollow, e você está na Ordem. Por falar em coruja, essa não é Artemis, neh? Bem que achei diferente.


 


Até


 


Rony Weasley


 


 


 


Harry colocou a carta de lado, Rony também não viria, pelo menos Neville teria que vir, ele vivia na Ordem. Harry pegou triste a última carta e leu:


 


 


 


Fala, Harry


 


Coruja nova? Também ganhei um animal, tio Algi me deu um sapo por ter entrado em Hogwarts.  Meus pais já devem estar ai, mas eu fiquei aqui com a vovó. Obrigada pelos parabéns, Harry. Parabéns pra você também. Tenho que ir, vovó está chamando.


 


A gente se vê.


 


Neville Longbottom


 


 


 


Harry tinha mandado votos de feliz aniversário no bilhete de Neville, pois afinal o garoto fazia aniversário no mesmo dia que ele. Harry suspirou desanimado, então ele não teria mesmo uma festa. Ouviu então sua mãe chamar um tempo depois, ele olhou para as cartas desanimado e desceu levando Edwiges consigo para colocar ela junto com Artêmis, a coruja dos pais.


 


Lily viu o filho entrar desanimado na cozinha, várias pessoas estavam sentados na mesa, Sr. e Sra. Weasley, Sr. e Sra. Longbottom, Emelina Vance, Dédalo Diggle, Estúrgio Podmore, Mundungo Fletcher, Olho-Tonto Moody, Sirius e seu pai. Harry levou Edwiges para onde Artêmis estava e colocou a coruja, sorriu fracamente e cumprimentou os membros da Ordem. Lily deu um prato para Harry que se serviu e foi em direção a porta para poder comer no quarto, então o Sr. Weasley se pronunciou.


 


- Ora, deixe o menino comer aqui Lily, não vamos conversar de negócios no meio do almoço, vamos? – perguntou Artur sorridente – Além disso, Dumbledore ainda não chegou.


 


Harry olhou pra mãe que assentiu com a cabeça, então Harry ocupou um lugar vago de frente para Sirius e sua mãe sentou-se ao lado dele de frente para seu pai.


 


- O que foi querido? – sussurrou Lily preocupada – parece triste, você está doente?


 


 - Nada, mãe – disse Harry – É que...


 


- Que? – perguntou Lily preocupada


 


- Nada não – respondeu Harry depois de pensar. Seus pais tinham muita coisa pra se preocupar do que seu aniversário.


 


- Onde está Remo, Lily? – perguntou Artur


 


- Descansado, ontem foi uma noite e tanto – respondeu a ruiva – Para todos nós para dizer a verdade.


 


 - Os meninos te mandaram lembranças, Harry – sorriu carinhosamente a senhora Weasley – principalmente Rony, queria até vir junto.


 


- Obrigado, Sra. Weasley – disse Harry desanimado – mande lembranças para eles também.


 


- Sim, querido – respondeu a Senhora Weasley.


 


-Vejo que sua coruja achou o caminho para o dono! – sorriu Sirius para Harry – Já colocou nome nela?


 


- Edwiges – responde Harry


 


- Belo nome – sorriu o pai.


 


- ... É por isso que às vezes eu acho que Dumbledore não está batendo tão bem das bolas – falou Estúrgio alto, ele estava conversando com Alice e Franco na outra ponta da mesa.


 


- Por que Dumbledore não está batendo tão bem, Estúrgio? – perguntou Sirius curioso.


 


- Ele teima em manter Severo Snape no cargo de professor de poções.


 


- Snape? – James engasgou com sua cerveja amanteigada – Snape é professor?


 


- Não sabia, James? – perguntou Franco, e vendo que James disse um incrédulo não continuou – Há uns dez anos, ele ocupa o cargo de poções. Dumbledore foi bem criticado quando nomeou Snape, mas alegou que ele estava regenerado e que vinha ajudando no combate a comensais, o que era um fato.


 


- Mas, o problema é o departamento de aurores – completou Alice – ultimamente tem divulgado muitos relatórios dando certeza da participação de Snape em alguns ataques de Comensais, temos certeza que ele é um deles.


 


- E Dumbledore – retrucou James exasperado – Não fez nada?


 


- Dumbledore afirma que confia plenamente em Snape – respondeu Frank – Não podemos fazer nada, ele é o diretor.


 


- Dumbledore não anda com certeza bem das bolas – disse Sirius.


 


- O Snape não vale nem um feijãozinho com gosto de caca de nariz – disse James.


 


- Não seja tão duro, James – disse Lily, que estava quieta até aquele momento.


 


- Não me venha defender ele, Lily – disse James bravo – ele não vale nada, você sabe disso.


 


- Quem é Snape, mãe? – sussurrou Harry.


 


- Uma pessoa que estudou nos mesmos anos que eu e seu pai, ele era um sonserino. – respondeu Lily triste.


 


- Não tem nada que possamos fazer? – perguntou James indignado.


 


- Dumbledore não escuta com relação a esse assunto – respondeu Frank  – o jeito é reclamar como conselho estudantil, mas somos votos vencidos, há muitos pais sonserinos que adoram Snape, se é que você me entende. O resto dos pais é facilmente comprado, então...


 


- Nada – completou Sirius desanimado – O nível de Hogwarts decaiu muito.


 


- Não diga isso, Sirius. Você tem que concordar que Snape era um ótimo preparador de poções – disse Lily.


 


- Você era melhor – retrucou Sirius – Além do mais não podemos confiar nele, Lily.


 


- Dumbledore confia... – disse ela.


 


- Eu sei que você quer que Snape seja regenerado – disse James – Mas isso não acontece assim, uma vez comensal sempre comensal. Dumbledore também pode se enganar.


 


Lily voltou para seu prato pensativa. James e Sirius ainda xingavam Snape de vários nomes. Harry parou pra pensar que realmente estava começando a pensar que Hogwarts talvez não fosse só diversão.


 


Assim que acabou o almoço Harry subiu para o seu quarto, teve tempo apenas de ver Dumbledore entrar, mas nem chegou a falar com ele. Harry tinha visto o diretor de Hogwarts apenas algumas vezes, em que ele visitava Godric’s Hollow, achava-o simplesmente fascinante. Harry subiu as escadas correndo, pois sabia que não adiantaria tentar ouvir algo da reunião.


 


 


 


Já estava entediado de não fazer nada, o menino leu algumas folhas de seus livros, mas estava cansado. Deitou na cama e fez uma bolinha de papel com um pergaminho, jogando ela para o alto o menino fingia que aquilo era um pomo de ouro e ele era o apanhador. Logo cansou disso também e adormeceu.


 


Harry acordou com um barulho forte, parecia algo estourando. Ele olhou para a janela e viu o céu azul já com fios dourados do fim de tarde, o dia estava acabando, e aquele tinha sido o pior aniversário da sua vida, ele não tinha nem ganhado as tradicionais tortinhas de caramelo que ele adorava tanto. Harry ficou de pé e se viu muito amassado, mas nem ligou, se sua mãe o visse assim com certeza ela iria ligar, mas seu espirito estava um tanto rebelde e a vontade de desagradar um pouco a mãe parecia o saciar.


 


O menino abriu a porta a fim de escutar novamente o barulho que lhe acordou. Mas a casa estava em silencio. Será que tinha sido apenas um sonho?


 


O menino desceu e verificou que a sala de reuniões estava aberta e vazia. Harry deu de ombros e foi em direção a cozinha procurar sua mãe, queria voltar para casa. Tudo estava muito quieto, onde todo mundo estava? A cozinha estava aparentemente vazia e como tanta gente fez para se esconder naquele lugar viria a ser um grande mistério na vida de Harry, pois várias pessoas começaram a aparecer quando ele colocou os pés no piso da cozinha. Todos os Weasley, os Granger, os Longbottom e os outros membros da Ordem. Um bolo enorme escrito seu nome estava flutuando em cima da mesa, salgadinhos, tortas de caramelo aos montes, todos estavam usando chapeis de festa, muitos balões coloridos e letras mágicas flutuavam formando as frases “Parabéns, Harry” “Feliz Aniversário” “Viva ao Harry”, serpentinas se enroscavam, magicamente penduradas no teto.


 


Sua mãe sorria como nunca no centro da cozinha, ela batia palmas animadamente, James entoava abraçado com Sirius e Remo “ele é um bom companheiro”. Hagrid gargalhava e ocupava duas cadeiras da grande mesa e ouvia as piadas dos gêmeos. Neville sorriu para ele com um sinal de jóia e um chapéu em forma de coroa, Harry reparou que o pai de Neville tinha acabado de conjurar grandes fachas iguais às de Harry para Neville. Harry não pode deixar de sorrir.


 


Lily correu para abraçar o filho.


 


- Não achou que íamos deixar passar em branco, achou? – disse ela rindo.


 


- Te pegamos, companheiro – disse Sirius abraçando o afilhado.


 


- Feliz aniversário, meu filho – disse James empolgado abraçando o menino.


 


- Parabéns, Harry – Remo também o abraçou – Daqui a pouco eu tenho que sair, você me entende, não é?


 


Daí então foi uma chuva de comprimentos, Harry não tinha lembrança de uma festa tão grande e tão cheia de gente como aquela, em geral seus aniversários eram comemorados apenas com os pais, o padrinho, Remo e pouquíssimos convidados, já que a segurança de sua casa em Godric’s Hollow era máxima. Os últimos a cumprimentá-lo foram Rony e Hermione, na realidade houve uma pequena briga entre os dois pra ver quem ia cumprimentar Harry primeiro. Rony não gostava muito de Hermione, desde o cinco anos a menina o irritava por ser metida a sabe tudo, e Rony a irritava por ser extremamente sincero com relação a isso.


 


- Vocês sabiam, não é? – perguntou Harry acusador para ambos.


 


- Era pra ser surpresa... – sorriu timidamente Hermione.


 


- Seus pais pediram que não contássemos nada – completou Rony – Neville não sabia de nada.


 


- Quer dizer que vocês mentiram pra mim? – disse Harry indignado.


 


- Ah, Harry não foi uma estratégia muito inteligente, não é – disse Hermione – é obvio que se fosse uma festa surpresa nós não íamos te contar.


 


- Não achei tão idiota assim – retrucou Rony – é obvio que a gente podia não estar sabendo de nada também, pensando que não fosse uma festa surpresa e sim uma festa normal.


 


- Ah, cala a boca – respondeu Hermione


 


- Cala a boca você, sabe-tudo – contra-atacou Rony.


 


- Seu...


 


- Quieto os dois – interrompeu Harry – Será que não dá para os dois ficarem em paz pelo menos uma vez na vida? Pelo menos no meu aniversário.


 


- Desculpa Harry – disse Hermione – É que esse babuíno de calças me tira do sério.


 


- Babuíno é a...


 


Mas Harry não teve tempo de ouvir quem era babuíno ou deixava de ser, pois seu pai o carregou para uma generosa pilha de presentes que se acumulavam em uma mesinha de canto. O sorriso do menino não poderia ser maior, para alguém que imaginava não ganhar nenhum presente, aquela pilha fazia o monte Everest ficar pequeno.


 


- Quero te dar o seu presente – James sorriu.


 


- Mas o senhor já me deu – respondeu o menino – Edwiges.


 


- Ah, a coruja – James hesitou – foi por você ter entrado em Hogwarts. Esse que eu vou te dar é de aniversário.


 


James pegou um pacote simplesmente embrulhado em um papel pardo, mas Harry não se decepcionou, uma coisa que aprendera com os pais era que se era algo com o que não se importa era com as aparências externas, tanto com embrulhos de aniversário quanto com as pessoas, o importante era o conteúdo.


 


Harry abriu o pacote e por ele escorregou um fino tecido prateado, imediatamente Harry reconheceu como a capa de invisibilidade do pai, um dos bens mais preciosos de James. Harry ficou extasiado.


 


- Essa capa pertenceu a meu pai – James sorriu – e ao pai dele, e assim por diante. Eu acho que hora de você ficar com ela. Sua mãe a princípio não foi muito a favor, então não faça nenhuma besteira, hein – apesar de estar dando um aviso o sorriso de James indicava exatamente o contrário.


 


- Sim, papai. Mas ela é sua, você precisa dela e...


 


- Acredite em mim filho, você precisa mais dela do que eu. – e com essa frase enigmática James encerrou o assunto – Agora guarde ela bem.


 


Harry embrulhou a capa novamente. Agora que ele estava perto da pilha de presentes não resistiu e começou a abrir todos eles. Hermione lhe dera um livro grosso – a cara dela – Harry pensou – chamado Hogwarts um história. Rony lhe dera um boné do União de Puddlemere, time de Quadribol que Harry torcia. Remo lhe dera uma miniatura de pomo de ouro, algo lhe dizia que foi seu pai que escolheu, muitos outros presentes foram recebidos por Harry, que incluíam ainda, um vídeo game portátil dos Granger, uma caixa com os deliciosos bolinhos da Sra. Weasley, entre outros. Mas o que mais lhe surpreendeu, depois do presente do pai, foi o de Sirius. O padrinho tinha lhe dado nada mais nada menos que uma vassoura, uma Nimbus 2000, novinha em folha.


 


Rony que estava ajudando a abrir os presentes assoviou baixinho quando viu a vassoura e Sirius percebendo que o afilhado abria o seu presente chegou sorrindo.


 


- Espero que goste – disse ele.


 


- E tem como não gostar? – respondeu Harry sorrindo – Obrigada Sirius, mas eu ainda não sei voar.


 


- Vai aprender – e dizendo isso diminuiu o tom da voz como se fosse contar um segredo – Só me faça um favor: seja melhor que seu pai, adoraria ver o James quebrando a cara ao perceber que foi vencido por alguém mais jovem.


 


Harry, Rony e Sirius gargalharam.


 


A festa se passou ótima, Harry não tinha visto apenas a pequena Gina, a irmã mais nova dos Weasley, e ao dizer isso pra Rony, o ruivo respondeu com um dar de ombros:


 


- Ela veio, só que fica tímida perto de você – e enchendo a boca com salgadinho finalizou – Vai entender.


 


Aos poucos as pessoas foram saindo, Remo foi o primeiro, saiu antes do pôr do sol. Depois disso Hagrid, os Granger, que não tinham se acostumado com as lareiras e preferiam voltar de ônibus, os outros membros da Ordem, e por fim os Weasley. Sobrou apenas uma grande bagunça na cozinha, mas Lily olhou cansada e feliz.


 


- Acho que posso deixar isso para amanhã – disse ela sentando-se em uma cadeira.


 


- É, vamos ter que dormir por aqui hoje de novo – disse James – Não se importa não é, Almofadinhas?


 


- De jeito algum – sorriu Sirius – fique à vontade, Pontas.


 


- Gostou da festa, meu amor? – perguntou Lily agora se dirigindo ao extasiado Harry.


 


- Adorei, mamãe – sorriu o menino – a melhor festa da minha vida. Obrigado.


 


- De nada, meu amor – sorriu ela.


 


- Foi um dos melhores dias da minha vida – disse o menino sonhador – melhor que isso só quando eu entrar em Hogwarts. Mal posso esperar.


 


Lily, James e Sirius pararam de sorrir. Sirius olhava nervosamente de Lily para James. Lily abaixou a cabeça e James perdeu a coragem. Harry percebeu tudo isso.


 


- O que foi? – perguntou ele.


 


- Todos ficaram quietos, Lily abriu a boca com a intenção de falar alguma coisa, mas foi James que se pronunciou primeiro colocando a mão sobre o ombro do filho.


 


- Você não vai mais para Hogwarts – Harry olhou incrédulo para o pai e depois para a mãe, mas ela tinha os olhos voltados para o chão. Harry, então, virou-se suplicante para Sirius que nada respondeu. James terminou com a voz grave – Sinto muito.

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Comentários (3)

  • Arthur lacerda

    só uma acréscimo: o google tradutor pode ser usado para fazer o que sugeri, se fores fazer. Lá eles traduzem para o latim, ou qualquer idioma que quiseres.

    2015-08-25
  • Arthur lacerda

    Mereces os parabéns, o capítulo está excepcional. Vou me meter um pouco na história (se me permites), e é meio que uma dúvida: Não criticando JK, pois ela tinha um objetivo que só no final que entendi, mas você alterou o curso que ela criou; Voldemort é um bruxo poderoso e com extenso conhecimento em magia, no entanto, Harry é um bruxo talentoso, porém com conhecimento mediano em magia. Percebes o desnível? Como o segundo venceria o primeiro? A pergunta é: Pretendes mudar isso? Se puderes me responder sem acabar com surpresas, agradeço. Por fim, obrigado pela dedicatória. PS.: Sugestão: se puderes criar feitiços para enfeitar mais o capítulo seria muito bom, já li várias histórias que os autores fizeram isso (sai um pouco daquele "uma luz vermelha saiu da varinha, uma branca, etc.). Desculpe se estou sendo abusado.

    2015-08-25
  • Ana Marisa Potter

    NNNÃÃÃÃOOO.O Harry tem que entrar em Hogwarts. Lily, James não façam isso com o menino.Agora falando a serio  o capitulo ficou optimo espero anciosamente pelo próximo capitulo. E espero realmente que os pais de Harry tenham mudado de ideas.

    2015-08-23
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