Meninos maus



Dois anos se passaram, a guerra permanecia sangrenta e inabalável. O mundo Bruxo temia mais do que nunca, não se via mais bruxos andando sozinho pelas ruas, qualquer sinal de integral com uma pessoa não mágica poderia ser considerada uma afronta ao Lord das Trevas, então o as amizades entre bruxos e trouxas entraram em colapso. Ninguém queria trabalhar nesta parte do ministérios, os bruxos já não mandavam os filhos para escolas trouxas antes de Hogwarts, não se via roupas comuns. Qualquer traço não mágico era acusativo.


O pequeno Harry, agora aos 7 anos, alheio a essa aversão que surgia, segurava uma pequena carta que recebera aquela manhã. Estava tomando coragem para falar com a mãe.


A carta fora escrita por uma das suas melhores amigas, Hermione Granger, a letra já não era tão infantil, Hermione sempre se esforçava para ser a melhor há anos e alguns cadernos de caligrafia a fizeram ter uma letra tão boa quanto de qualquer adulto, ao contrário de Harry que ainda não havia superado as linhas tortas comuns a sua idade.


Saiu do seu quarto com um suspiro e foi em busca dos pais, encontrou James dormindo no quarto do casal, havia sido noite de lua cheia e, apesar dos protestos de Lilian e Remo, ele e Sirius acompanharam o próprio Remo em sua última transformação daquele mês.


Harry sorriu, gostava quando o pai saia para estes passeios, geralmente ele voltava mais alegre e paciente. Não sair de casa frustrava James mais do que qualquer coisa, odiava ver os colegas da Ordem voltando feridos da missão e ele lá intacto. Para tio Sirius não era diferente, ele era o que perdia a paciência mais fácil.


Continuou pelo corredor do primeiro andar, a porta do quarto de hóspedes estava entreaberta, Harry observou cabelos castanhos claros, já salpicados de fios brancos, por entre as cobertas.


- Tio Remo – sorriu Harry dizendo pra si mesmo – eles devem ter vindo direto para cá.


Harry desceu silenciosamente, as escadas sabendo que encontraria mais alguém dormindo, se o pai e Remo estavam lá, Sirius não poderia faltar. E Harry estava certo, o moreno dormia desconjuntado no sofá da sala. Alguém deveria ter tentado colocar uma manta sobre ele, mas esta jazia no chão embolada. Harry riu, adorava Sirius, adorava quando ele estava lá.


O menino foi entrando na cozinha, a casa estava silenciosa, buscou pela mãe e não a achou. Ficou preocupado, não era comum ela sair, ainda mais sem seu pai ou um dos marotos.


 A porta da sala de repente se abriu, o menino levou um sobressalto. Uma mulher morena ainda jovem, cabelo muito negros e olhos da mesma cor entrava em casa e ao ver Harry sorriu.


- Bom dia, meu filho – sem sombras de dúvidas era a voz de Lily, mas o sorriso sumiu e a jovem mulher assumiu um ar confuso ao ver a carinha de assustado do menino – Que foi, querido?


Harry foi se afastando da mulher temeroso. A morena então olhou estranha para Harry e depois pensativa para a janela que refletiu sua imagem. Ela se pós a rir e retirou a varinha do bolso.


- Sou eu, Harry, querido – e com o floreio da varinha seus olhos ficaram de um verde brilhante e divertido – Tive que me disfarçar para ir ao mercado, estávamos sem comida em casa – mais um floreio e os cabelos ficaram acajus – Seu pai geralmente é muito melhor neste disfarces do que eu, mais não o quis acordar – disse  Lily sorridente.


Harry suspirou aliviado.


- Bom dia, mamãe. O disfarce estava ótimo, não reconheci a senhora.


- Sim, mas não consegui mudar minha voz – disse ela pensativa, guardando as compras - Geralmente, James consegue, ele sempre foi melhor que eu em transfiguração. Seu pai ainda está dormindo?


Harry acenou que sim e Lily sorriu pra ele e viu que ele segurava ainda uma carta.


- Recebeu uma carta, querido? – disse Lily indo preparar o café.


- Hermione, me mandou hoje cedo – Harry informou preocupado – Ia pedir se posso pegar a Artêmis emprestada para reponde-la.


- Claro, meu bem – Lily respondeu preocupada com o tom de Harry, parando de fazer o café olhou para ele com os olhos profundos – Aconteceu alguma coisa?


Harry suspirou tomando coragem, não queria falar o que estava prestes a pedir, já haviam tido aquela conversa milhões de vezes e mãe nunca reagia bem a elas. Não que ela gritasse ou colocasse Harry de castigo, mas o que mais chateava Harry era ver que a mãe ficava triste e magoada, não gostava de vê-la assim.


- Mamãe, posso estudar na mesma escola que Hermione? – Harry soltou tudo de uma vez.


Hermione estudava em um colégio trouxa, depois de algum tempo após o atentado, Dumbledore permitiu que a menina voltasse a escola, acreditando que o furor do ataque havia passado, isso aliado ao fato dos quatro comensais atacantes, terem sido presos pessoalmente por Frank e Alice Longbotton.


- Harry – Lily suspirou cansada, se virando pra o fogão – já conversamos sobre isso.


- Mas Hermione precisa de mim – respondeu Harry simplesmente estendendo a cartinha que estava na mão.


Lily curiosa se voltou ao filho que lhe olhava com olhos de suplica, pegou a carta e começou a ler em voz alta.


“Harry,


Como vai?


A nova escola é ótima, os professores são incríveis, as aulas maravilhosas, já li quase todos os livros indicados.


Mas pode deixar, você ainda é o meu melhor amigo, não tenho muitos por aqui, eles não gostam de mim, me acham esquisita, me chamam de sabe tudo o tempo todo.


Geralmente fico sozinha no intervalo, mas assim é melhor, sobra mais tempo para reler a matéria.


Te vejo na Ordem qualquer dia.


Abraços,


Hermione.”


Lily se surpreendeu com a sinceridade infantil e guardou para si mesma que deveria falar com os Granger a respeito da solidão de Hermione.


Harry olhava suplicante a mãe.


- Harry, querido. Você sabe que eu não posso deixá-lo estudar fora – Já conversamos sobre isso.


- Eu sei, mamãe, mas Hermione precisa de mim.


O coração de Lily se encheu de orgulho, seu filho não estava pedindo por ele e sim pela amiguinha. Lily se sentiu inclinada a deixar, mais que nunca. Não queria, mas começava a se sentir segura, há algum tempo não havia ameaça a seu redor. O feitiço Fidelus era um sucesso, Sirius estava a salvo, não havia mais um traidor entre eles.


- Vou conversar com seu pai, Harry – Lily suspirou resignada ao ver o sorriso deslumbrante no semblante de Harry – mas não prometo nada. Agora tome seu café.


 


 


Já se passava das 11 da manhã quando James acordou, Harry lia solitário o Quadribol  através dos Séculos em seu quarto, sorriu para James quando esse o comprimentou, mas não ameaçou sair do quarto. James, olhou para o quarto de hospedes, já com a cama arrumada e não pode deixar de sorrir, Remos sempre era o primeiro a levantar. Desceu e contatou Sirius ainda estirado no sofá da sala a sono soltou e roncos esporádicos.


- Bom dia, meu amor – Sorriu para Lily que conversava com Remo na cozinha – por que você está com mechas pretas no cabelo?
Lily passou a mão nas madeixas e sorriu.


- Por que sou péssima em transfiguração humana – disse ela displicente – tive que sair para ir ao mercado, achei melhor me disfarçar, acabei assustando o Harry quando voltei e na pressa não me olhei no espelho para desfazer o feitiço.


- Deixa que faço isso – disse James chateado fazendo um floreio com a varinha  nos cabelos da esposa e desfazendo o feitiço completamente – Você deveria ter me acordado, eu poderia ter ido ao mercado com você. Não gosto quando sai sozinha.


- Eu fui à esquina, James – Lily respondeu brava – Você sempre sai sozinho, não sou um bibelô e eu estava disfarçada.


- Ok, eu sei disso, eu só me preocupo – Respondeu, James – Acordou cedo, Aluado – James resolvendo mudar de assunto.


- Não queria incomodar mais – disse sorrindo cansado – Além do mais preciso voltar pra Ordem, acho que consigo aquele emprego hoje.


- Você não incomoda jamais, Remo. – Sorriu Lily.


- O que me incomoda é você se candidatando a estes empregos ruins – disse James preocupado.


- Balconista não é tão ruim assim, James – Remo sorriu resignado.


- Mas é um desperdício, você é inteligente, Aluado, esforçado, o melhor de nós quatro – James respondeu revoltado – Podia conseguir coisas muito melhores, foi o único que prosseguiu estudo a respeito da defesa da arte das trevas, você descobriu a existência da poção do Acônito.


- Mas sou o único que é um Lobisomem, James.


- Mas isso não o diminui em nada, já te disse – respondeu James revoltado.


- Não é o que pensam os últimos 15 empregadores que visitei – Remo suspirou – Olha, não vamos discutir, o mundo não é como vocês, loucos, de confiarem em um lobisomem.


- Não somos loucos – disse Lily com simplicidade – E você não é um monstro.


- Quem não é um monstro? – Bocejou Sirius chegando na cozinha.


- Aluado – resmungou James – E o seu grande complexo de inferioridade.


Remo suspirou desanimado, preferiu não comentar, era impossível fazer com que seus amigos o encarasse como o resto das pessoas, os amava por isso, mas era frustrante faze-los entender os seu ponto.


Sirius olhou para Remo.


- Vai dar tudo certo na sua entrevista, Remo – disse sério.


James e Remo olharam para ele incrédulos, geralmente Sirius era o mais enfático neste assunto, sempre dizendo que Remo não deveria se rebaixar. Sirius apenas deu de ombros, estava cansado de discutir com Remo, sobre isso.


- Onde está, Harry – Perguntou Sirius mudando de assunto – Ainda dormindo?


- Está lá em cima, desanimado – Respondeu Lily – Recebeu uma carta de Hermione.


- Deveria estar animado então – respondeu James confuso.


- Hermione não está se dando bem na escola – contou Lily – não tem amigos, acham ela esquisita.


- Ahh – respondeu James olhando para Remo, sabia como era ter um amigo que se achava esquisito.


- Ele me pediu para estudar com ela – Disse Lily sem olhar para o marido ou os amigos, se olhasse iria chorar – Sabe, pra ela ter um amigo pelo menos.


Todos se olharam triste.


- Igual ao pai – resmungou Sirius – James pediria isso por mim também.


- E por mim – completou Remo.


Lily sorriu, James enrubesceu.


- Mas ele não pode – sussurrou James – estaria colocando a vida dele, de Hermione e todas as crianças na escola em risco.


- Eu sei, eu sei – Respondeu Lily frustrada – Mas tente dizer isso para o seu filho de 7 anos.


Todos se calaram.  O que não sabiam é que Harry estava ouvindo. Vinha descendo a escada, logo depois do padrinho entrar na cozinha, como citaram seu nome não pode resistir. Sabia que os pais estavam triste por não deixa-lo estudar, mas não podia resistir a ficar com raiva, não pedia por ele, será que eles não viam, uma hora teria que sair de casa, não poderia ficar lá para sempre.


Harry entrou na cozinha, tirando todos de seus devaneios.


- Bom dia, Harry – Sorriu Sirius timidamente – Passou bem a noite.


- Bom dia, padrinho – respondeu Harry com raiva – Tio, Remo – Remo acenou de volta – Papai – James olhou para o filho estranhando, conhecia Harry e ele não estava normal, trocou olhares com Lily que também olhava o filho confusa. Será que ele havia ouvido a conversa.


- Bom dia, Harry – respondeu James curioso – Está tudo bem?


- Sim – resmungou Harry – Como foi a noite, divertida?


- Maravilhosa – Respondeu Sirius rindo ignorando o muxoxo de Remo – Há muito não me divertia tanto assim. Estava com saudades de Hogwarts.


Ao mesmo tempo Sirius levou um chupe de Remo e James por baixo da mês, e reprimiu um grito de dor olhando ofendido para os amigos.


- Vocês foram para Hogwarts? – respondeu Harry curioso e esquecendo que estava bravo.


- James – gritou Lily – Vocês estão malucos, esperava mais de você, Aluado. – disse Lily revoltada – Hogwarts está tendo aula, vocês poderiam ter machucado alguém, algum aluno.


Remo olhou para os próprios pés e sussurrou:


- Eu não queria, falei isso pra eles Lily. Eu não gosto nem de pensar o que poderia acontecer.


- Não ia acontecer nada – Sirius assumiu um ar arrogante – Estávamos lá, além do mais Remo tomou a poção que você preparou, Lily. Remo estava calmo e consciente.


- Além do mais, é sempre bom rever o castelo – disse James sorrindo.


Harry olhou invejoso para o pai, sonhava com Hogwarts desde que se conhecia por gente. Sua raiva aumentou, queria sair de casa, sentia vontade de se provar, de mostrar que era corajoso como o pai e o padrinho.


Remo e Sirius almoçaram nos Potter, e foram para Ordem, Aluado teria a entrevista à tarde no Beco Diagonal.


Harry após o almoço foi direto para o quarto, estava bravo e não queria ficar perto dos pais. Lily e James se entreolharam e foram atrás de Harry. Lily abriu devagarinho a porta e viu o filho debruçado na Janela.


- Aconteceu alguma coisa, querido – Perguntou Lily entrando no quarto e abrindo espaço para James entrar.


- Não – respondeu Harry seco.


- Você ouviu nossa conversa de manhã – Perguntou James passando a mão nos cabelos e olhando o filho sério.


Lily olhou pra James incrédula.


- Sim – respondeu Harry, virando para os pais.


- Você entendeu que não podemos deixa-lo estudar em uma escola trouxa – Perguntou James muito sério.


- Sim – Harry estava começando a ficar cada vez mais irritado – Mas isso é muito injusto.


- Harry... – começou Lily mas foi interrompida por Harry que começava a se exaltar.


- Eu sei, mamãe. Mas eu não vou poder ficar nessa casa para sempre – disse Harry – Papai pode sair, a senhora pode sair e eu, eu sou o único que fico aqui. – Harry estava tão nervoso que uma dos vidros da janela do quarto trincou.


- Harry você é diferente – disse Lily – Eu sei o que você está sentindo...


- Não você não sabe – Harry gritou – Aposto que seus pais não te prendiam em casa. – Os vidros da janela do quarto explodiram.


Lily olhou para o filho não acreditando e começou a chorar ofendida.


- Harry – foi a vez de James dizer preocupado, se irritasse mais o filho, ele poderia se machucar mais com sua mágica acidental.


- Você também, papai – respondeu nervoso Harry, ouviram-se mais vidros se quebrando em outros quartos – Você virou animago pra ajudar um amigo e agora quer me proibir de ajudar Hermione.


- Eu não... eu estou só te protegendo – respondeu James nervoso, mais vidros estilhaçados, agora 


- Não quero ser protegido – Gritou Harry, todas as janelas da casa explodiram a mesmo tempo, o moveis do quarto de tremiam como se estivessem no meio de terremoto. – Quero sair dessa casa.


- Harry, não grite - respondeu, Lily nervosa – E pare de ser mimado. Não adianta você explodir a casa toda, você não vai sair daqui.


Harry suspirou, tentando se acalmar, sentia energia mágica o cercar. Os móveis pararam de tremer, não se ouviam mais barulhos. Lily estava nervosa tinha vontade de gritar com Harry e se controlava. James olhava sem atitude, estava perplexo nunca vira Harry com raiva antes.


- Você está de castigo, Harry – disse Lily também tentando se acalmar – vai ficar no quarto até eu deixar descer.


- Grande diferença – resmungou Harry.


- Não seja insolente – disse James – Reparo - James apontou para a janela que juntou os cacos e se arrumou. – Nós conversamos depois -  disse James saindo do quarto junto com Lily.


 


Lily parou do lado de fora do quarto chorando, James socou a parede.


- Ele não é assim James – Chrou Lily.


James olhou para ela e passou as mãos no cabelo frustrado.


- Ele só está chateado. – Lily vai passar.


 


- JAMESSS!!!


James e Lily ouviram um grito do andar de baixo, e logo passos apressados pelas escadas. Não demorou e um Sirius transtornado apareceu no patamar da escada com a varinha em punho.


- Aconteceu alguma coisa? – disse Sirius apontando a varinha para o corredor – Vocês estão bem? E o Harry? Cadê o Harry?


- Calma Almofadinhas – respondeu James ficando apreensivo com estado do amigo – Estamos bem, Harry está no quarto. Aconteceu alguma coisa?


- Aconteceu alguma coisa? – respondeu Sirius com o rosto sombrio – Eu chego, tem vidros explodindo, a sala, parece que passou um furacão, tem vidro por todos os lados. Corri o mais depressa que pude.


Llily e James se entreolharam. Sirius olhava de um para o outro cada vez mais nervoso.


- Então, vão me contar quem quase derrubou esta casa? – perguntou bravo – ou vou ter que azarar vocês?


- Harry – sussurrou Lily.


- Quem? – perguntou Sirius confuso.


- Harry – respondeu James mais auto – ficou bravo conosco e não conseguiu controlar a magia.


- Uau – ria Sirius – Não é que o baixinho é poderoso.


- Sirius isso é sério – Disse James ainda nervoso, mas depois sem conseguir controlar o entusiasmo – Tá muito feio lá em baixo?


- Vai ser difícil encontrar uma janela ainda inteira – Respondeu Sirius descendo as escadas junto com os amigos – Veja você mesmo.


A sala de estar brilhava com todos os pequenos cacos de vidro que se espalhavam pelo chão, a luz refletia em cada caco. As cortinas entravam e saiam pelas janelas em acordo com o vento. Lily suspirou.


- O que vocês fizeram para Harry ter esse acesso de raiva? – Perguntou Sirius


- Não deixamos ele frequentar a escola trouxa junto com Hermione – respondeu Lily.


- Só isso? – Sirius franziu o cenho – Digo, ele sempre foi proibido de sair mesmo, por que só agora?


- Também não sei – responde James – Harry nunca agiu assim.


Os três começaram a limpar a casa, e reparar os vidros. Lily estava muito abalada com a reação de Harry, James tentava a consolar falando que o estado de espirito do filho ia passar, mas sem muita confiança. Com a desculpa de ajeitar o andar de cima Sirius se esgueirou até a porta do afilhado, bateu lentamente e abriu.


- Sou eu, Harry – Sirius foi entrando.


O menino estava desolado deitado na cama brincando com um velho pomo, presente que Sirius lhe dera no ano anterior. O menino deixava o pomo escapar, para penas apanhar no último instante antes que ele voasse para longe o suficiente que o menino tivesse que levantar da cama. Sirius riu, não podia deixar de comparar Harry com o pai.


Fazendo uma última captura particularmente difícil, Harry guardou o pomo no bolso do casaco e olhou para o padrinho.


- Estou encrencado, Sirius? – Perguntou simplesmente.


- Não vou negar que você fez um belo estrago – respondeu Sirius risonho – mas seus pais vão entender.


- Me descontrolei – Harry não queria olhar para o padrinho – Não quero passar o resto da vida aqui sem fazer nada.


- Você é bem filho do seu pai, Harry – Sirius piscou para ele – Mas entenda Lily e James.


- Mas como vou entender, se ninguém me diz nada? – Harry indagou.


- Olhe, não conte aos seus pais – Sirius sussurrou lançando um feitiço na porta – Só te conto isso porque sei que você já está bem grandinho.


Harry olhou assustado e curioso, será que finalmente lhe contariam o porquê de tanta proteção, tanto zelo.


- Olhe, não quero te assustar, Harry – disse Sirius olhando nos olhos do menino – seus pais me matam se souberem que te contei qualquer coisa, mas eu sei como se sente... Bem agora que comecei não adianta enrolar não, é? – Sirius parecia se arrepender mas continuou – Bem, Voldemort cismou com você – Vendo que o menino ia retrucar ele se apressou – ninguém sabe por que, ele achava que James, Lily e você representam uma ameaça, ou um alerta. Não sei.  Sei que ele quer acabar com vocês, por isso você não pode sair, muito menos estudar em uma escola trouxa, você estaria colocando...


- Todo mundo em risco – completou baixinho, Harry – Desde quando? – perguntou Harry ao padrinho.


- Desde que você era um bebê – respondeu Sirius sério – Por isso sou o fiel do segredo, um feitiço que não revela onde vocês moram, a não ser que eu conte.


Harry parou para refletir, não estava com medo, parecia estranho, mas era como se sempre soubesse. Confia nos pais e no padrinho, sabia que não deixariam nada de mal acontecesse ao garoto. E este pensamento só o deixou pior, fora mimado e egoísta, como dissera o pai, explodira com eles, sendo que queriam apenas o proteger.


Sirius não estava entendendo o silencio do menino, um frio lhe passou na espinha, e se tivesse assustado o menino? Harry tinha apenas 7 anos, Sirius se precipitara e o menino deveria estar apavorado. Sirius estava quase se xingando quando Harry lhe chamou a atenção.


- Obrigada, tio Sirius.


- Você não está assustado? – perguntou o incrédulo Sirius – É compreensível ter medo e...


- Não estou com medo – interrompeu Harry – Acho que sempre soube, só acho que papai não vai me perdoar.


- Claro que vai – gargalhou Sirius, depois percebeu que acabou sendo muito alto e se controlou – Só peça desculpas e se comporte, eu acho. James não vai ficar bravo por muito tempo. Agora tenho que ir antes que deem por minha falta.


Sirius desfez o feitiço que havia lançado na porta e foi saindo.


- Padrinho – disse Harry baixinho – Obrigado.


Sirius assentiu feliz e piscou pro menino indo até os outros quartos terminar de arrumar os vidros quebrados.


 


 


A tarde vinha caindo, James e Lily estavam abraçados no sofá, Sirius estava na poltrona lendo o Profeta Diário.


- Tudo bobagem – disse Sirius jogando o jornal na mesa de centro. – Estão escondendo metade do que está acontecendo.


- Sabe Sirius – disse Lily – por que você voltou tão cedo, acabei não te perguntando.


Sirius espreguiçou na poltrona dando um sorriso presunçoso que lhe fazia ficar mais parecido com todos os outros membros da família Black.


- Aluado – Disse Sirius – ele não quis me deixar ir com ele para o Beco Diagonal e eu não queria ficar na Ordem sozinho. Então resolvi voltar.


- Remo estava certo – disse Lily ignorando a careta que Sirius fazia – James será que não podemos deixar Harry descer, não gosto de deixar ele sozinho lá em cima, já é solitário suficiente só nos três... quatro – corrigiu Lily sorrindo para Sirius.


- Vamos falar com ele – respondeu James – Você espera aqui, Almofadinhas?


- Claro – Sirius sorriu.


 


James e Lily subiram batendo na porta do quarto de Harry, entrando em seguida. O quarto do menino era claro, na parede um grande pôster com 7 jogadores vestidos de listras azul marinho e com juncos cruzados no peito, o pôster era do Puddlemere United, mesmo time para quem torcia James. Havia papeis amaçados em cima da escrivaninha, onde jazia o livro quadribol através dos séculos e uma coleção de figurinhas de sapo de chocolate. A colcha da cama em tons vermelhos e dourado jazia desenforme e bagunçada. E na parede um grande Janela, com vista para a pequena igreja de Godric’s Hollow, onde estava Harry apoiado olhando o tempo lá fora.


- Harry – começou James, mas foi interrompido pelo abraço do menino.


Harry abraçou o pai e murmurou um pedido de desculpas e depois olhando a mãe nos mesmos olhos verdes que via todos os dias no espelho.


- Desculpa, mamãe, fui egoísta e mimado, não deveria ter falado daquele jeito com a senhora – e olhando por pai – nem com o senhor.


Lily sorriu. James também e bagunçando o cabelo do filho disse:


- Já passou. Agora vamos, Sirius está sozinho naquela sala e eu já tive trabalho o suficiente para um dia.


Harry tentou ajeitar os cabelos que o pai ouriçara mais, mas sem sucesso. Lily sorriu e beijou Harry na bochecha segurando-o pela mão.


Ao chegarem na sala viram Sirius agachado na lareira falando com a cabeça ladeada por chamas de Remo.


- Olá, a todos – disse Remo parecendo abatido – estava procurando pelo Almofadinhas, achei que você estaria aqui na Ordem.


- Fazendo o que, Reminho? – disse Sirius debochado – Sabe que sinto sua falta quando estou sozinho.


- Como foi a entrevista, Remo? – disse Lily ignorando a careta de Remo e as gargalhadas de Sirius.


- Acharam que sou qualificado demais para o emprego – suspirou Remo – e o fato de ser Lobisomem não ajudou também.


- Mas você contou, Aluado? – Perguntou James descrente.


- Tive que contar, Pontas – James fez um muxoxo ignorado por Remo – O que você queria que eu fizesse, não posso trabalhar em época de Lua Cheia?.


- Você vai conseguir alguma coisa, Aluado – Disse Lily tentando animar o amigo – tenho certeza.


- Espero, Lily – disse Remo – Caso contrário, bom, caso contrário é bom nem pensar.


O telefone dos Potter tocou, sobressaltando James, Remo e Sirius, que não eram acostumados ao aparelho trouxa. Harry que estava mais perto do aparelho foi atender seguido pelos olhos da mãe.


- Alo- disse Harry – Sim ela está, vou chamar.


Tampando o fone com as mãos, virou pra mãe e disse:


- Mamãe, é para senhora – disse Harry – Acho que é tia Petúnia.


- Tuney? – Exclamou  Lily se levantando – Como sabe?


- Pela grosseria – exclamou Harry dando de ombros.


Os marotos riram e Lily ficou brava com a irmã, que foi percebido como ela atendeu o telefone. James era o único sério, Petúnia nunca ligava, geralmente era Lily que procura a irmã.


- Alô, Tuney? – Disse Lily atendendo o telefone – Não, Petúnia, não demorei de propósito... Sim, era o Harry, meu filho... Não fale assim dele, Petúnia. – Lily ia ficando brava com a irmã.


- Aconteceu alguma coisa?... Sim, dementadores... – Lily foi ficando branca – Causam, medo frio, é como se nunca mais fosse se sentir feliz outra vez.


James e os outros assistiam a Lily, ao telefone, preocupados a menção da palavra “dementadores”. Remo ainda estava na lareira, James se levantou com a varinha em punhos, mas parou ao sinal da sua mulher que olhava para ele


- Você tem certeza, Tuney? – Lily estava com cara de aflita – Eu acredito, não precisa gritar... Eu sei que você tem um filho... Olhe, fique ai, não sai de casa, não abra a porta pra ninguém. Eu estou indo, fique calma. – Lily desligou o telefone nervosa e olhou para James.


- Precisamos ir para Little Whinging – disse Lily aflita – Petúnia tem certeza que há dementadores rondando a casa.


- Não podemos ir, Lily – disse James passando as mãos nos cabelos – Sua irmã deve estar se confundindo, o que dementadores estariam fazendo na rua dos Alfeneiros? Além do mais, como Petúnia saberia o que são dementadores? Trouxa não enxergam, não é? – James olhou para os amigos pedindo apoio, Sirius fez sinal de quem não sabia, mas Remo assentiu, e como geralmente se podia confiar em Remo no quesito defesa contra as artes das trevas, James se deu por satisfeito.


- Tuney sabe o que são dementadores, ela ouvia quando comentávamos – Lily pareceu nervosa – digo, quando eu comentava sobre Azkaban na época de escola.


- Ok, Ok. Vamos eu, Remo e Sirius – disse James – Você fica aqui com Harry.


- Não vou ficar coisa nenhuma, Ela é minha irmã – Gritou brava Lily – Eu vou, James. Pare de me tratar como se eu fosse uma boneca de porcelana, por que eu não sou.


- Eu sei – disse James – Ok, então vamos eu,  você, Sirius. Aluado pode ficar com Harry.


- Acho melhor, Sirius ficar com Harry – disse Aluado – pode ser apenas uma armadilha, Sirius é o fiel do segredo então.


- Obrigado, Aluado – disse Sirius emburrado – Vou perder toda a ação por sua causa.


Lily ficou branca quando Sirius falou em ação. James olhou feio pro amigo, que deu de ombros.


- Acho melhor irmos só irmos eu e você James – disse Lily – Petúnia pode ser desagradável as vezes.


- As vezes? – murmurou James irônico, recebendo um olhar mortífero da esposa. Havia encontrado Petúnia poucas vezes, apenas quando Lily o apresentou como namorado, no enterro dos pais das duas e um vez em que tentaram apresentar Harry, onde o menino saiu machucado pelo primo e Lily ofendida por Petúnia ainda ter culpado Harry, todas as vezes a conclusão de James sobre sua cunhada eram todas exceto que alguma vez na vida ela tenha sido agradável.


- Vocês, tem certeza? – disse Remo.


- Sim -  Lily assentiu – Pode cuidar de Harry para nós, Remo.


- Ei, achei que eu ia cuidar de Harry – Disse Sirius magoado – Eu posso cuidar dele.


- Eu sei, Sirius – Disse Lily enquanto abotoava a capa de viagem – Mas e que vai cuidar de você?


Todos deram uma gargalhada, inclusive Remo que saia da lareira de corpo inteiro, James sorria, adorava Lily marota.


- James... – disse Sirius apelando.


- Ela tem razão, Sirius – disse James ainda rindo – Não queremos chegar com a casa explodida, você e Harry sozinhos juntos, não gosto nem de imaginar.


Sirius mostrou a língua em uma atitude muito madura, enquanto as risadas continuavam. Lily e James se despediram dos rapazes com um aceno e de Harry com um beijo e um “cuide-se bem”. Saíram do perímetro da casa e desapartaram.


 


Ao chegarem no começa da Rua dos Alfeneiros viram dezenas de dementadores circulando, James e Lily gritaram ao mesmo tempo.


- Expecto Patronum


Uma corça e um cervo prateados correram juntos espantando os dementadores, Llily correu para o número 4 apavorada, James a seguiu olhando de um lado a outro com a varinha em punho.


- Tuney – Lily batia na porta desesperada – Petúnia, sou eu. Abra a porta, espantamos ele.


- Lily, com licença – disse James carinhoso e preocupado – Alohomora – A porta se abriu em um clique, Lily olhou para ele magoada – Não me olhe assim, não é seguro ficar na rua esperando sua irmã abrir a porta, agora entre.


A casa dos Dursley estava quieta, Lily se assustou imaginando que chegara tarde demais, porém James apontou para sala onde os três Durleys estavam abraçados na sala. Lily suspirou aliviada.


- Está tudo bem agora, Tuney – disse Lily.


- É tudo culpa sua, Lily – Disse Petúnia indignada – Eles devem estar atrás de você, a culpa é sua, anormal.


James apontou a varinha para a cunhada indignado, mas Lily colocou a mão sobre o seu braço, fazendo que ele delicadamente abaixasse a varinha.


- Desculpe, Petúnia fazer você passar por isso – Lily suspirou - mas se você tivesse deixado eu protege-los, como eu pedi logo que sai de Hogwarts...


- Não fale essas anormalidades na minha casa – Foi a vez de Valter apontar para Lily – Não precisamos dessas esquisitices.


- Não foi o que pareceu – resmungou James.


- Entendam, tem uma guerra lá fora – Lily disse triste – e, infelizmente, você estava certa Tuney, eles podem ter vindo atrás de você por minha causa. Então, de uma vez por todas, deixem-me protege-los.


- NÃO – disse Valter – não quero sua anormalidade, sua... esquisitice... perto da minha família.


Neste momento um garotinho loiro veio gingando para perto dos pais.


- Quem são estes? – disse Duda.


Lily sorriu, há muito não via o sobrinho.


- Este é meu sobrinho, como está crescido? – Perguntou Lily se abaixando para ficar na altura do menino e olhando para Petúnia – Olá, Duda, sou sua tia Lily.


- Você é esquisita – disse Duda – Mamãe nunca falou de você. Me trouxe um presente? Tia Guida sempre me traz presentes.


Lily piscou sem saber o que responder, James resmungou algo como “Criança mal educada”, mas ninguém de fato entendeu, ou pareceu entender.


Lily agitou a varinha e do nada apareceu um carrinho de madeira, colorido, extremamente bem feito. Lily entregou para o sobrinho sorrindo e ignorando a cara assustada de Valter e os gritos indignados de Petúnia.


Duda pegou o carrinho e o jogou no chão e olhou para a tia cobiçoso.


- Você pode fazer aparecer qualquer coisa? Pode fazer aparecer um videogame? Docinhos de caramelo? Pode me dar uma piscina?


Lily levantou indignada, se juntando a um perplexo James.


- O que você está fazendo com este menino, Petúnia? – Disse Lily se levantando triste.


O que tem meu filho? – disse Petúnia indignada – Duda sabe o que quer pra ele, tudo que tem direito. O problema não é meu filho, não tenho culpa se você está acostumada com o seu, deve ser um anormal igual vocês.


- Não fale de Harry – disse Lily brava, a varinha de James soltava faíscas, estava quieto apenas por consideração a Lily, mas sua vontade era de azarar os Dursley.


- Lily, vamos embora – disse James nervoso – Não estou gostando mais de termos vindo.


- Precisamos protege-los, James – disse Lily preocupada – Estes dementadores não estavam aqui a toa.


- PAREM DE FALAR COMO SE NÃO ESTIVÉSSEMOS AQUI – Gritou Valter.


- Cala a boca, Dursley – Disse James nervoso – Ok, Lily, vamos protege-los, mas vamos rápido, não estou com bom pressentimento.


 


 


- Você, oque? – sussurrou Remo para Sirius.


- Shiu – Sirius respondeu olhando de soslaio para Harry que estava compenetrado pensando em uma jogada particularmente difícil de xadrez de bruxo que vinha jogado com Sirius – Contei ao Harry que Voldemort está atrás dele. E não me olhe assim, Aluado, ele tem o direito de saber.


- Ele tem sete anos, Sirius – sussurrou Remo revoltado e olhando para o menino que mandava satisfeito a torre em direção ao bispo de Sirius – o menino deve ter ficado apavorado. James vai ficar irado com você.


- Cavalo na E7 – disse Sirius mais alto, tirando o sorriso de Harry, e depois voltando a sussurrar somente para Aluado – Não ficou assustado, Harry é corajoso, sabe que não terá que enfrentar Voldemort, iremos protege-lo. Além do mais você não viu o estado que ele deixou esta casa. Harry está ficando rebelde com esta situação e só ia piorar, acredite, eu sei, eu era assim também.


- Mas você contou sobre... – Remo olhou para Harry nervoso – sobre o você-sabe-o-quê?


- A prof...? – Sirius se calou ao olhar assassino de Remo – Não, claro que não.


- Menos mal – suspirou Remo, e virando para Harry sorriu – A Rainha, Harry.


- Rainha na E5 – disse Harry contente – Xeque, Padrinho.


- Não é justo, Aluado – disse Sirius emburrado para um Remo gargalhante. 

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Comentários (1)

  • Ana Marisa Potter

    Olha nova leitora aqui. A fic está na pausa eu não quis acreditar quando vi por favor a história está muito boa nao desiste nao.BjsEspero em breve o nova capitulo. 

    2015-06-09
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