A Busca



Harry aparatou no mesmo bar que estivera pela manhã. O bar do prostíbulo. Já era noite e o lugar estava cheio. Ele se dirigiu à escada, desceu, passou pelo corredor e chegou próximo à porta. Estava trancada. Não se lembrava o que o homem, na verdade Paolo, havia murmurado para abrir. Aguardou até que alguém chegasse. Não demorou muito para ela ser aberta por dentro. Um homem saiu e ele entrou. Esquadrinhou o salão à procura da mesma mulher com quem estivera pela manhã. O local estava bem cheio e havia mais mulheres. Harry pensou se teria sorte. “Ela deve estar com alguém.” Só lembrava um pouco dela, pois só pôde olhá-la melhor, depois que ela o curou do porre. “Se ela estiver transformada, aí é que eu não vou achá-la.” Lembrou que ela era metamórfoga. De repente, uma mulher se aproximou dele e começou a se roçar.

- Desculpe – ele disse – estou procurando uma amiga sua.

- Eu não sirvo para você querido? – perguntou, fazendo-lhe um carinho no rosto.

Harry segurou gentilmente sua mão e a retirou da sua pele, fazendo a mulher fechar a cara.

- Preciso falar com ela. Ela é metamórfoga.

A mulher se virou para um canto, onde havia um sofá com três casais. Eles se apertavam ali para caber. Era um emaranhado de braços e pernas.

- Dora! – chamou ela - Este cara aqui está procurando você. Aparentemente – ela se virou para ele com um sorriso irônico – só pode ser com você.

Então Harry viu uma cabeça emergir do sofá. Ela estava um pouco diferente. Os cabelos estavam de outra cor e seu rosto mais fino, mas era ela. Então a amiga tomou o seu lugar e ela foi até Harry.

- Ora, ora, ora. Então retornou para terminar o que havia começado? – ela perguntou rindo.

- Não! Na verdade eu preciso de uma ajuda sua.

- Minha? O que você está querendo?

- Você viu o homem que me trouxe aqui hoje pela manhã?

- Sim, ele vem aqui sempre. É freqüentador assíduo. De manhã ele só trouxe você e foi embora, mas voltou à tarde. Saiu há cerca de uma hora.

- Tem certeza?

- Claro, ele ficou comigo.

- Onde? – Harry perguntou.

- Como assim onde?

- Onde? Em qual quarto?

- Para que você quer saber?

- Lembra que eu disse que preciso da sua ajuda? Aí é que você vai me ajudar.

Disse que trabalhava para o Ministério e Paolo era suspeito de atividades ilícitas. Não entrou em detalhes, mas acrescentou que precisava checar o quarto para ver se ele havia deixado alguma pista. Ela então levou-o até o quarto. Era o mesmo que ele havia estado pela manhã. Harry deu uma olhada em volta.

- Sabe se alguém já usou a cama depois de vocês?

- Ainda não. Este quarto é só meu. Cliente só vêm aqui comigo!

Harry então checou a cama e os travesseiros.

- Você usava qual cor de cabelos quando estava com ele?

Dora não entendeu nada, mas respondeu:

- Ruivos.

- Então este fio de cabelo é dele, certamente. – disse levantando um fio de cabelo castanho do travesseiro.

- Provavelmente. Você deu sorte, pois depois que você saiu, eu dei uma limpezinha por aqui e ele foi o segundo do dia.

- Ótimo! – disse guardando o fio de cabelo, cuidadosamente em um lenço e colocando no bolso - Diga-me Dora, você sabe onde ele reside?

- Bem, nossos clientes não costumam dar seus endereços, claro! Mas, Paolo sempre me tratou melhor que as outras e só vou contar isso porque você é do Ministério. De vez em quando ele me leva para sair e, dia desses, ele passou por um prédio e apontou para uma janela, dizendo que morava lá.

- Janela? De que andar?

- Acho que era 4º, mas não sei o nº do apartamento.

- Me leva lá!

- O quê?

- Me leva lá! Eu pago! – disse mostrando a carteira.

- Ok, ok, mas vamos dizer que estávamos transando aqui, pois a essa hora eu não posso sair.

- Certo.

- Segure minha mão. Craque – eles desaparataram.

Aparataram em uma rua, próxima a um shopping center trouxa.

- Veja, é ali! – disse ela apontando a janela do prédio.

Ele olhou para o prédio e depois virou-se para ela.

- Dora, preste atenção. Eu vou tomar um pouco deste líquido. – disse-lhe mostrando o frasco com a veritasserum. Eu quero que você me faça alguma pergunta. Qualquer coisa que você ache que eu vá mentir, ok?

- Não estou entend...

- Qualquer coisa que você ache que um homem mentiria. – e ele virou um gole.

Sentiu seus pensamentos voarem. Como se nada existisse em volta. Então ele a ouviu.

- Você me disse hoje de manhã que não era a primeira vez que você “negava fogo” com uma mulher. Quantas vezes isso aconteceu?

- Quatro – ele disse honestamente.

- Uau! Isso é a poção da verdade?

Harry focou novamente o olhar e olhou embaraçado para ela.

- Isso é realmente a poção da verdade! – disse mirando o frasco – Apenas me explicando: quatro vezes contando a de hoje de manhã. Em duas vezes eu estava meio doente e na outra... ah, droga, esquece. – ela riu - Obrigado Dora! Vá agora! Não vale a pena você ficar por aqui. – ele acrescentou.

- Tomara que tudo dê certo! Boa sorte! – deu-lhe um beijo no rosto e desaparatou.

Harry mirou a janela com atenção. Estava aberta e as luzes estavam acesas. Queria ter sua capa agora, mas não tinha, então iria no método trouxa mesmo. Chegou até a portaria e tocou o interfone do porteiro. Este veio até a porta curioso, devido ao horário.

- Ah, senhor, desculpe pelo adiantado da hora, mas preciso muito falar com meu cunhado. É sobre a irmã dele, mas eu não lembro bem o apartamento. Só lembro que fica no 4º andar.

- Qual é o nome dele?

- Paolo. – ele disse torcendo para que ele não tivesse trocado de nome.

- Ah, o Sr. Piccini! Claro, 403.

- Isso! 403!

- Qual é o seu nome?

- Mário. – foi o que veio na cabeça.

O porteiro interfonou, mas não houve resposta. Tentou novamente e nada.

- Acho que ele não está, senhor. – disse o porteiro.

- Está sim, as luzes estão acesas. – Harry disse.

- Bem, às vezes essas campainhas dão defeito. O senhor disse cunhado não é? - Harry assentiu – Então pode subir. Se a campainha de lá não funcionar também, então bata na porta. É mais certo! – e riu.

Harry forçou um riso solidário e subiu. Encontrou a porta encostada. Já temendo o pior, ergueu a varinha e entrou. O apartamento estava todo revirado. Em um canto, caído próximo ao sofá estava o corpo de Paolo. Harry se abaixou para confirmar. Estava morto mesmo. “Droga! Vou ter achar Nicola agora, de qualquer maneira!” Pensando nisso, ele desaparatou
Aparatou diretamente no hospital. Foi à enfermaria e a viu. Ela estava inconsciente, mas viva ainda. Sentou em uma cadeira ao seu lado e pegou na sua mão. Ela estava morna. Sentiu lágrimas inundarem sua face. Tirou os óculos e as enxugou com as costas da mão.

- Mione... – ele disse – pode ter certeza que eu vou voltar aqui com a cura! Nada vai acontecer a você! Esteja certa!

Harry começou a sentir seus olhos pesarem e ele acabou adormecendo ali mesmo.
Ele acordou, já de manhã, com Hermione delirando. Ela se debatia um pouco, dizendo coisas sem nexo. Harry correu e chamou o curandeiro. Este chegou rapidamente e a fez tomar uma poção que a acalmou. Novamente ela ficou inconsciente. Harry olhava absorto para ela e praguejando contra si mesmo, por ter dormido tanto tempo. Não poderia perder um segundo que fosse. Dormir era um luxo que ele não poderia se dar, enquanto não colocasse as mãos nele.
Decidiu procurar o ministro. Deu um beijo na testa dela e desaparatou.

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