O Almoço



Harry já havia terminado de se arrumar fazia tempo, mas Hermione permanecia no banheiro, se preparando. Tinha certeza que ela queria impressionar Ronald. “Mas por quê? Será que ela ainda nutre algum tipo de esperança? Não! Se nutre, ela não iria fingir ser casada comigo. Ela quer mostrar a ele o que perdeu. Se for assim, eu vou ajudar ao máximo!” Harry pensava, sentado na cama.
De repente ela apareceu e deixou Harry abobalhado. Estava maravilhosa! Havia prendido cuidadosamente os cabelos e colocado lindos brincos. Usava um vestido que realçava suas formas e uma sandália de salto fino. Harry quase não acreditava no que via. Não se parecia com a Hermione que ele estava acostumado a conviver e nem com aquela que fôra casada com Rony. Era outra! E estava muito melhor!

- Uau!!! – foi o que ele conseguiu dizer.

- Gostou? – perguntou ela, dando uma última olhada no espelho.

- Eu adorei, mas é mesmo a minha opinião que você está querendo?

- Se você está se referindo ao Weasley, eu não estou nem aí para ele. – disse puxando um pouco o vestido para baixo.

- Vou acreditar! Bem, já estamos meio em cima da hora. Vamos, quero exibir a minha esposinha para os outros. – ele brincou e saíram.

Chegando ao Ministério, eles foram conduzidos ao saguão de entrada para o Salão Principal, onde havia uma enorme mesa para 20 pessoas, cuidadosamente arrumada, numa decoração requintada.
Hermione avistou Nicola, conversando com alguns outros funcionários do Ministério. Ele fez uma aceno discreto para eles e se aproximou.

- Ah, os Potter! – disse-lhes piscando um olho – O ministro me contou que assim que querem ser chamados.

- Isso mesmo! – disse ela.

- Já vamos nos sentar. A seleção inglesa já está no prédio. Estará aqui daqui há pouco. Com licença. – disse se afastando para cumprimentar um bruxo que entrava.

Harry virou-se para Hermione e perguntou:

- Você tem certeza que quer continuar com isso? Agora é a hora para mudar de idéia.

- Não quero mudar de idéia, Harry! Eu quero mostrar a ele que eu posso, perfeitamente, ser feliz com outro homem. Portanto, Potter, trate de se comportar como meu maridinho.

- Se é assim, então o teatro vai começar agora, eles estão entrando.

Hermione não teve nem tempo de olhar para a porta, pois Harry a puxou pela cintura e envolveu sua boca com a dele, A princípio ela ficou atordoada com aquele gesto, mas descobriu estar adorando aquilo. Ela sentia os lábios quentes de Harry escorregando sobre os seus, deixando-lhes molhados. Ela começou a se sentir quente, então passou os braços em volta dele e abriu a boca, deixando que suas línguas se encontrassem. O beijo não durou muito, apenas o suficiente para que um par de olhos azuis os notassem. Ao se soltarem, eles se olharam um pouco desconcertados e ofegantes, mas logo recuperaram o fôlego e disfarçaram, olhando em volta. Então viram o ruivo olhando para eles. Harry se aproximou de Rony, com Hermione de mãos dadas com ele.

- Ronald Weasley! Há quanto tempo não o vejo, meu amigo! – disse, estendendo a mão para ele.

Ronald estava admirando Hermione, quando o amigo o cumprimentou. Ele disfarçou e aceitou o cumprimento de Harry.

- Potter! Como vai? – perguntou e se virou para a ex-esposa – Hermione?

- Tudo ótimo! – disse Harry.

- Mais do que ótimo! – corrigiu ela.

- Acho que ótimo é pouco, pelo que pude ver há um minuto. – Rony disse.

Hermione deu um leve tapa no ombro de Harry.

- Viu, meu amor? Eu disse que a gente não deveria se beijar aqui.

- É..., desculpe Ron, mas é que eu não consigo descolar minha boca da boquinha minha esposa. – riu dando-lhe um beijinho rápido.

- Esposa? – Rony ficou surpreso.

- Isso, Ron! – disse ela mostrando-lhe a mão esquerda – Nós estamos em lua-de mel.

Ele encarou o anel por alguns instantes e depois a olhou. Hermione não pôde avaliar bem a fisionomia dele. Parecia-lhe que havia raiva, desprezo e tristeza misturados.

- Como vai a Samantha? É o nome da sua esposa, não é? – ela perguntou disfarçando e fingindo não saber da separação.

- Você deixou de ler O Profeta Diário? Não acredito que não saiba que eu me separei.

- Separou? – ela arregalou os olhos e levou sua mão à boca, num gesto de surpresa.

Harry não pôde deixar de admirar o sangue frio dela. “Daria uma ótima atriz”. Ele pensou.

- Separei, há uns 5 meses. – ele confirmou.

- Perdão Ronald, mas eu só leio no Profeta Diário as notícias interessantes e construtivas. As páginas de Esportes e de Fofocas eu uso para forrar a gaiola de uma coruja que eu comprei há pouco tempo. Não sabia mesmo, perdão por haver tocado no nome dela.

- Tudo bem, se você não sabia... – comentou, sem acreditar muito – mas o que vocês dois estão fazendo por aqui?

- Ah, quando Rufus soube que nossa lua-de-mel seria na Itália, ele nos pediu para fazermos uma visita ao ministro italiano. Uma visita de cortesia, para manter o bom relacionamento entre os dois países.

- E ele convidou-os para o almoço?

- Isso! – Hermione respondeu – Não tínhamos idéia que vocês viriam também, até agora há pouco, quando os vimos. – mentiu ela.

Então o Ministro Pietro chegou.

- Sr. e Sra. Potter, que bom que vieram! – disse-lhes cumprimentando-os – E você é o melhor goleiro da Europa! Ronald Weasley! – e cumprimentou-o também – Vamos entrar, todos estamos com fome, não é? – brincou.

Harry colocou seu braço sobre os ombros de Hermione e a conduziu para o Salão, sorridente. Rony, no entanto, estava com uma cara de poucos amigos quando ele e os companheiros também entraram no Salão para o almoço.

- Ron, aquela não é a sua ex-esposa? – perguntou um deles, enquanto Hermione se sentava.

- É! – disse seco.

- Cara, como ela está gost...

- Cala a boca! – falou irritado

- Tudo bem, tudo bem, mas que ela está, ela está!

Quando ele foi sentar, só havia sobrado um lugar, e era justamente em frente ao casal, então ele se sentou a contragosto.
Harry e Hermione agiam bem melosos um com o outro, com risinhos, suspiros e selinhos rápidos. Rony tentava disfarçar que estava olhando para eles. Na verdade sua vontade era de sumir dali.
Em um certo momento, ele derrubou sem querer o guardanapo. Quando se abaixou para pegar, Hermione colocou sua mão rapidamente na coxa de Harry, para que Rony visse por baixo da mesa. Pela cara que ele fez quando levantou, ela conseguira seu intento. Harry, por sua vez, ficou surpreso com a atitude, mas quando sentiu a mão dela pousada em sua coxa, ele sentiu uma pontada de desejo logo acima. Hermione não tirou logo a mão. Ao contrário, estava adorando sentir o calor de Harry sob ela. Porém, ao ver a expressão do amigo, percebeu que fôra ousada demais e retirou a mão, dando um sorriso a ele.
Rony continuava com a cara de quem comeu e não gostou.

- Ronald – Hermione começou – vocês vão ficar muito tempo em excursão pela Europa?

- Temos mais um mês. – ele disse – Daqui vamos para França, depois Espanha, Alemanha e, por último, a Bulgária.

- Ah, a Bulgária... – ela suspirou – Você sabe que tenho saudades de me corresponder com...

- Viktor Krum? – ele disse em um tom mais alto, que fez algumas cabeças se voltarem para eles.

- Fale baixo, Ronald! É do Krum mesmo que eu estava falando.

- Harry – Rony se virou para ele – você não vai permitir isso, vai? Ela falar deste cara em plena lua-de-mel?

- O que é que tem Ron? – ele disse em voz baixa – Ela dorme é comigo e não com ele.

- Eu sei, mas esse cara sempre esteve entre a gente. Ela sempre falou dele.

- Correção, Ronald – ela disse – você é que sempre mencionou o nome dele durante qualquer discussão nossa. Em qualquer uma, você conseguia encaixar o nome dele. Se a discussão fosse sobre Quadribol, o nome dele estava lá. Se fosse sobre Hogwarts, o nome dele estava lá. Até se fosse sobre comida, você citava o Krum. Você sempre foi ciumento.

- Ciumento, eu? Eu nunca gostei dele. Se ele ainda estiver jogando, talvez nem o cumprimente.

- Que falta de civilidade, Ronald.

Harry estava achando que aquilo não estava tomando um rumo muito apropriado e resolveu se meter.

- Ora, vamos deixar o assunto Krum para trás, ok? - e mudou de assunto – Você precisa visitar o Coliseu, Ron. É o máximo, cara.

- Deve ser, deve ser, mas não vamos ter tempo. – disse emburrado

- Que pena! – disse Hermione – Se você quiser, eu posso mandar umas fotos que eu tirei para você ver.

- Ah, que ótimo! E eu vou querer ver as fotos dos pombinhos em lua-de-mel? – desdenhou.

- Eu hein, Ronald. Parece até que está com ciúmes! – ela provocou-o.

- Ciúmes? Eu estou é com pena do Harry. Não sabe a furada em que se meteu.

Harry, que estava mastigando sua comida, se engasgou na hora. Hermione fuzilou Rony com o olhar. As pessoas da mesa que estavam mais próximas pararam de comer, esperando a reação dela. Pelo canto do olho, Harry viu Hermione puxar sua varinha, discretamente por baixo da mesa. Ela apontou-a para Rony, sem que ninguém notasse, nem o próprio. Ela não disse nada, mas Harry sabia que era um feitiço ou azaração não verbal.

- Mione... – ele ainda sussurrou, mas já era tarde.

Rony olhou para ela e tomou um gole de sua bebida. Assim que pousou o copo na mesa, Rony se sentiu um pouco tonto. Deu-lhe uma vontade imensa de gargalhar. Ele não conseguiu segurar e começou a rir alto.

- Nossa!! – ele disse em voz alta e meio enrolada – Essa bebida é tão boa! – e gargalhou de novo. De repente se levantou, ainda rindo, e quase caiu, mas conseguiu segurar-se na mesa. Então pegou seu copo. – Quero propor... um brinde! – disse num tom estridente, que chamou atenção até do ministro, que estava na outra ponta da mesa.

- Mione, o que você fez? – Harry perguntou no ouvido dela, que tinha um sorriso de satisfação nos lábios.

- Quero... propor um... brinde a... meu amigo aqui – e apontou para Harry, que estava querendo se enfiar embaixo da mesa – e sua... esposinha – e deu outra sonora gargalhada, levando o copo aos lábios. Só que ele errou a boca e esparramou o líquido por todo o rosto, rindo muito em seguida.

- Ronald Weasley, o que está havendo com você? – perguntou-lhe o treinador.

- Mione – implorou Harry – tire o feitiço, ele vai nos envergonhar.

Porém ela apenas mirava Rony, com um crescente desprezo. Este cambaleava pelo salão, rindo. Foi até à janela e gritou:

- Olhem... aqui... psiu... aqui em cima! Eu sou...um idiota, sabiam? Idiota e corno! – disse com uma voz esganiçada – A minha primeira... esposa... está casada com meu, meu... melhor amigo e a segunda..., a segunda... me largou. É, ela me largou... por um trouxa. Por...um... trou-xa, acreditam? – e gargalhou de novo – Estou bem arrumado com... com ex-esposas hein.

Rony estava totalmente bêbado. Somente Harry e Hermione sabiam que a “bebedeira” dele era uma azaração que ela havia lançado. A sorte dele é que poucas pessoas na rua deveriam entender inglês. De repente ele se virou novamente para Hermione e veio na sua direção. Ela o encarou firme.

- É... Hermione Potter... até que fica mais sonoro que Hermione Weasley... – riu e se abaixou próximo a ela – Mione, espero... muito... que você... seja... feliz... – ele a olhou fundo e completou pegando na sua mão – Eu... eu... nunca... nunca mereci... você. – e riu de novo. Depois levantou e foi direto para o banheiro vomitar.

Todos olhavam a cena, sem reação. Hermione viu-o indo para o banheiro e murmurou um contra-feitiço, apontando a varinha discretamente para ele. Virou-se para Harry.

- Ele vai melhorar. Vamos embora! Eu já ouvi o que desejava.

Ao passar por Rony no corredor, ele mirava seus pés, sem conseguir encará-los. Hermione, então, segurou seu braço e disse a ele:

- Eu também espero que você seja feliz Ron. Muito feliz. – deu-lhe um beijo no rosto e se afastaram.

Ao chegarem no elevador, o ministro veio até eles.

- Desculpem, eu não sabia que isso iria acontecer. Vocês foram casados? – ele perguntou à Hermione.

- Por pouco tempo apenas.

- Ah, bem, venham até minha sala, eu quero dar as últimas instruções para o caso.

Harry e Hermione o acompanharam e ela notou que a penseira já não estava mais lá. Achou esquisito e depois comentaria com Harry.
- Ministro, eu andei pensando e acho melhor a gente mudar nosso disfarce.

- Como assim?

- Não adianta muito agirmos como trouxas se não pudermos, digamos, “entrar” no setor bruxo de Cuneo. Acho que poderemos agir duplamente.

- Bem, se você acha mais viável..., talvez concorde com você. Toma, leve esse guia bruxo da cidade. Vocês vão precisar.

Os dois seguiram para o hotel, tentando esquecer do episódio Ronald Weasley, mas no quarto acabaram falando sobre ele.

- Mione, o almoço saiu como você esperava?

- Bem, teve uma hora que eu fiquei com uma raiva enorme dele, mas depois senti pena. Agora não sinto nada. Acho bem melhor.

- É verdade! Alguma partes foram divertidas, você não achou?

- É, você viu a hora em que ele jogou a bebida na própria cara? Deu uma vontade imensa de rir, mas eu me segurei.

- Eu me refiro ao nosso beijo e a hora em que você colocou sua mão na minha coxa. Para mim estas foram as melhores partes. – disse, encarando-a com um sorriso maroto.

Hermione ficou um pouco vermelha, mas sorriu de volta.

- Você gostou, Potter? Espero que tenha aproveitado bem, porque aquilo não se repetirá.

- Puxa, você faria isso com o seu próprio marido?

- Você mesmo disse que vamos mudar de disfarce!

- Eu disse que agiríamos como bruxos, normalmente, mas seremos um casal bruxo em lua-de-mel. Nada mudou! Eu ainda quero “fingir” muito perto dos outros.

Ela via que ele brincava, mas ao mesmo tempo falava sério. Ele tinha os olhos tão bonitos que pareciam sorrir junto com seus lábios. Hermione lembrou daquele beijo e de como ela gostou de sentir sua boca quente sobre a dela. Pena que havia sido por tão pouco tempo. “Quem sabe não haverá outra oportunidade?” Ela pensou.
Acabaram de aprontar tudo e deixaram o hotel em direção a Cuneo, no veículo trouxa alugado.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.