Marieta Mazza



Sophia mostrou as acomodações para a nova hóspede. Seu chalé era vizinho ao do casal Mason.

- Srta. Mazza, a srta. pretende ficar por quanto tempo? – perguntou Sophia.

- Ainda não sei. Tenho algumas coisas a fazer em Cuneo, depois vou embora.

- A srta. me desculpe a indiscrição, mas não pude deixar de notar esta gaiola e esta..., como é mesmo o nome deste pássaro?

- Ah, é uma coruja. Não ligue, é que eu sou excêntrica mesmo. Já tive até um gambá quando era criança.

E as duas riram.

- Sra. Ambrosini, eu não quero que esta coruja incomode ninguém. Os chalés estão todos ocupados?

- Grande parte deles.

- Eu ficaria envergonhada se alguém me achasse uma maluca por ter uma coruja. Se a senhora puder não comentar por aí...

- Não se preocupe, não comentarei. O casal ao lado do seu chalé nem vai prestar atenção no barulho da sua coruja. É um casal inglês em lua-de-mel. Parecem bem apaixonados.

- Ingleses? No chalé ao lado? Que interessante! – e deu uma olhada para a porta deles.

Um pouco depois, Harry e Hermione terminaram de almoçar e se dirigiram para o chalé.

- Harry, eu estou muito preocupada. Nós não avançamos em nada nesta busca. Quer dizer, ouvimos o senhor Andrea lá balbuciar coisas, mas não sabemos até que ponto aquilo tem a ver com o caso em questão.

- Eu sei, eu sei. Vamos precisar falar com Nicola, afinal o nome dele estava no meio. Talvez ele fosse só um conhecido, mas é estranho o homem também citar o nome do principal suspeito.

- Se você quiser, podemos ir até lá ainda hoje.

Quando Harry ía responder, ele ouviu uma coisa estranha, um piado muito parecido com o de uma coruja. Ele puxou Hermione para próximo à porta do chalé.

- Você ouviu isso?

- Pareceu-me uma coruja. – ela respondeu.

- A mim também. E parece ter vindo daquele chalé a direita.

Os dois miraram o chalé desconfiados e depois entraram no deles. Hermione foi até a janela e tentou ver ou ouvir mais alguma coisa, mas nada aconteceu.

- Hermione, você acha que...

- Que há algum bruxo ali? Ora, Harry, quem em nome de Merlin andaria com uma coruja por aí?

- E por que cargas d’água haveria um bruxo por aqui?

- Não é um bruxo, é uma bruxa, veja! – disse ela apontando pela janela para a mulher que saía do seu chalé.

- E como podemos ter certeza disso?

- Simples! – ela disse com a mesma expressão que fazia quando estava em Hogwarts e ele e Rony perguntavam alguma coisa óbvia. – Sua capa de invisibilidade.

- Hermione, você não vai...

- Shhh. – disse ela já jogando a capa dele sobre a cabeça e saindo porta à fora.

Ela certificou-se que a mulher havia mesmo deixado o chalé e, chegando próximo à porta, murmurou com a varinha na mão:

- Alohomorra. – e a porta se abriu.

Hermione entrou e fechou a porta atrás de si. O chalé estava normal. Não havia nada fora do lugar. O que indicava que ela acabara de dar entrada. Ela confirmou que havia uma gaiola com uma coruja, próxima à janela. Não havia mala alguma, apenas uma pequena valise em cima da cama. Ela hesitou, mas já que estava ali...

Da janela do chalé, Harry viu quando a hóspede voltava ao seu quarto. Hermione ainda estava lá. Precisava chamar a atenção da amiga. “E se ela tirou a capa?” Foi o que veio na sua cabeça. Não pensou duas vezes. Abriu a porta do seu chalé.

- Ah, nova vizinha! Como vai! – foi a única coisa que veio na sua mente.

A mulher se assustou um pouco, mas aceitou seu cumprimento, dando um sorriso a Harry.
Hermione ía abrir a valise, quando ouviu a voz dele. Rapidamente ela jogou novamente a capa sobre a cabeça e foi para perto da porta, esperando a oportunidade certa para sair. Ela e Harry conversaram um pouco. Quando a mulher abriu a porta, Hermione aproveitou o precioso segundo antes dela fechá-la e se precipitou para fora.

No quarto, Hermione se despiu da capa.

- Você é louca! – foi o que Harry disse.

- Louca, eu? Quem é que sempre perambulou pelos corredores do colégio, em áreas e horários proibidos, vestindo isso?

Harry não pôde deixar de rir.

- Colocando desse jeito... E aí, é uma coruja ou não?

- É! Bem bonitinha até! Não há bagagem alguma. Eu ía dar uma olhada na valise que estava na cama, mas aí ouvi você falando com ela. A propósito, obrigada! – e deu-lhe um sorriso.

- Não há de quê. – e devolveu-lhe o sorriso.

No chalé ao lado, a mulher fazia um carinho na coruja.

- E aí amiga, gostou? Nosso amigo também vai ficar satisfeito.

Então ela prendeu um carta na pata da coruja, deu uma rápida olhada pela janela e, como viu tudo calmo, soltou-a. Não sabia ela que, da janela ao lado, Harry viu quando a coruja bateu asas para longe dali.


Naquela noite, Harry estava jantando com Hermione. Ela quase não tocava na comida e estava muito vermelha.

- Você está bem? – ele perguntou.

- Eu não estou me sentindo bem. – ela colocou as costas de sua própria mão no seu rosto e na sua testa – Acho que estou com febre... Harry, eu..., eu acho que eu vou desm... – e ela escorregou da cadeira para o chão.

- Hermione! Não!

Ele correu até ela e seu corpo estava fervendo. Checou seu pulso e não sentiu nada.

- Hermione, fala comigo! – ele batia no seu rosto.

Ele aproximou seu rosto do dela para checar sua respiração, mas também não a sentiu. Desesperado, colocou o ouvido no seu peito, mas não ouviu seu coração. O rosto dela começou a perder a cor e os lábios estavam roxos.

- Sr. Mason... – dizia Sophia que estava junto a ele – ela está... está morta!

- Hermione! Não! Por favor, acorda! Você não pode ter me deixado! Essa maldita doença não mata de uma vez! Vamos fala comigo! Fala comigo!!

Harry acordou e viu que estava sonhando. Automaticamente se levantou do sofá e foi até a cama. Ela estava lá, adormecida em um sono tranqüilo. Estava linda. Vestia uma camisola que deixava suas pernas de fora. Que vontade tinha de tocar seu corpo, fazer-lhe um carinho. “Ela tem lindas pernas.” Pensou ele. Começou a se sentir estranho. “Vou dar uma saída.” Ele olhou as horas, 8:30h. Não quis acordá-la. Escreveu-lhe um bilhete curto, mudou de roupa, pegou varinha e dinheiro, foi até o banheiro e se concentrou. Aparatou na rua da loja de poções. Havia reparado quando estiveram lá, que a rua era como o Beco Diagonal. Havia várias lojas, bares, etc. e era reduto bruxo.
Harry se dirigiu ao primeiro bar que encontrou e se sentou.

- Eu quero alguma coisa forte. – disse Harry ao barman.

Olhou em volta e viu que havia algumas pessoas no bar. Um homem se levantou e sentou-se ao seu lado. Tinha nas mãos uma bebida vermelha borbulhante.

- Desculpe se estou sentando aqui, mas aquele homem ali atrás está me dando arrepios.

Harry se virou discretamente e viu um bruxo horrendo, com cara de poucos amigos. Virou-se novamente para o balcão, enquanto o barman colocava a sua frente um copo com a mesma bebida vermelha e borbulhante que o outro bebia.

- Parece que você está que nem eu. – ele mostrou a bebida e encarou Harry minuciosamente – Na verdade você parece bem pior. Aposto que é mulher!

- Está tão na cara assim? – Harry perguntou antes de provar a bebida.

- Para querer uma dose de “Hálito de Dragão” a essa hora da manhã!

Harry sentiu o primeiro gole descer queimando a sua garganta e se depositar como fogo no fundo do seu estômago.

- Então esse é o nome desta coisa. – disse levantando o copo para outro gole. Só que invés de um gole, ele virou o copo todo de uma vez.

Desta vez a bebida desceu mais fácil. Ele colocou o copo no balcão e disse ao barman:

- Outro!

O homem ao lado deu um assobio.

- Eu vim aqui tentar apagar alguns problemas, mas você parece que está bem mais desesperado para afogar as mágoas.

Harry não estava prestando muita atenção, enquanto virava o segundo copo da bebida. Olhou para o lado e foi como se as feições do homem se movessem. Achou até engraçado. Jurava que havia só um barman ali. Agora parecia que havia dois, e um igualzinho ao outro. Ele deu um sorriso.

- Outro!

Enquanto bebia o terceiro copo, achou ter ouvido o outro homem se dirigir novamente a ele. Tentou prestar atenção ao que dizia.

- Se você quer realmente afogar as mágoas, eu conheço um lugar ótimo perto daqui. Lá você pode afogar as mágoas e “afogar” o que mais quiser. Se é que me entende.

- Mostre-me onde é. – ele se viu falando.

Eles pagaram a conta e o homem conduziu Harry pela rua e depois entraram em um outro bar. Nos fundos havia uma escada velha, que descia e levava a um corredor escuro que cheirava à urina. Pelo caminho o homem perguntava coisas a Harry e ele respondia, mas não tinha idéia nem sobre o que era. Chegaram a uma porta velha. O homem levantou a varinha e murmurou algo que Harry também não entendeu. Quando a porta abriu, revelou um salão mal iluminado e poeirento, com velas flutuando pelos cantos. Os quadros pela parede, pelo que Harry pôde perceber, pois estava meio tonto, eram todos de mulheres sem roupas e em poses sensuais. Elas se remexiam para os homens que estavam por lá. Pelo horário, não eram muitos. Harry viu uma mulher no colo de um velho que tinha idade para ser seu avô. Mais adiante, um outro derramava um líquido verde nos seios de uma outra mulher e lambia freneticamente, antes que escorresse para a barriga. O acompanhante de Harry disse qualquer coisa como:

- Agora é com você amigo. – e se dirigiu a uma terceira mulher que estava sozinha.

Harry se viu sendo conduzido para o andar superior. O quarto para onde foi levado tinha uma coloração vermelha nas paredes e tinha aspecto de sujo. Harry não estava ligando, desde que a satisfação fosse maior. Quando se deu conta, havia uma mulher a sua frente. Harry não soube precisar sua idade, pois tinha a visão um pouco turva, mesmo de óculos. Ele a apalpou e viu que estava nua. Era só isso que importava a ele. Enquanto a beijava, sentiu a mão dela dentro de suas calças, tocando-o. Deu um gemido baixo e desceu a boca pelo seu pescoço e seios. Enquanto ele a lambia, ela tirou as calças dele e depois ele mesmo arrancou a camisa. Ele estava agindo mecanicamente. Sentia vontade de transar, mas sentia que aquilo estava errado, pois não era com aquela mulher que queria estar. Forçou-se a não pensar nisso e tentou focar no que estava fazendo. Na verdade, ele não estava fazendo. A mulher estava. Ela estava com a cabeça afundada entre as pernas dele. Por incrível que pareça, Harry sentia apenas uma sensação boa, mas nada de extraordinário. Nunca havia se sentido daquela forma. Harry fez ela parar e a puxou para cama, tentando fazer a coisa funcionar.


Hermione acordou e não viu Harry no sofá. Quando viu as horas se assustou: 10h! “Por que será que ele não me acordou? Eu já devo ter perdido o horário do café da manhã.” Levantou resignada e viu que ele havia deixado um bilhete.

“Volto daqui a pouco.

Harry”

“Daqui a pouco? Que horas será que ele saiu?” Tomou um banho e foi para o restaurante do hotel. Harry não estava lá. Na verdade só havia uma pessoa lá. A mulher misteriosa do chalé ao lado. Ela deu um sorriso quando Hermione chegou e pediu que se sentasse com ela. Hermione atendeu ao pedido dela.

- Que bom que veio me fazer companhia. Cheguei aqui agora também. Acho que perdemos o dejejum.

- É verdade. – disse Hermione.

- Meu nome é Marieta Mazza e o seu?

- Hermione Mason.

- Você está no chalé ao lado do meu, né? Seu marido é aquele rapaz de cabelos escuros?

- Isso!

- E onde ele está que não está com a esposa aqui? – e deu um risinho maroto.

- Ah, também queria saber. – disse Hermione.

- Eu o vi saindo mais cedo. Eu já estava acordada.

- Você lembra que horas eram?

- Acho que faltavam uns 15 min para às 9h. – depois perguntou – Você me desculpe se estou sendo indiscreta, mas vocês estão em lua-de-mel, né?

- Exatamente.

- Ah – deu um sorriso – pode ficar tranqüila que eu não vou ficar ouvindo o barulho de vocês. – e piscou para ela.

Hermione ruborizou um pouco.

- Nós somos silenciosos. – disse-lhe devolvendo o sorriso. – Mas falando em barulho, desculpe, mas não pudemos deixar de ouvir um piado, vindo do seu quarto. Nós vimos uma coruja voando de lá.

A mulher ficou bem sem graça. Hermione sentiu que a deixou constrangida e decidiu forçar que ela se abrisse, então complementou:

- Sabe, eu também tenho uma coruja. Mas ela está no meu apartamento, em Londres.

Pareceu a Hermione que a mulher se acalmou um pouco. Ela disse:

- Ah, Ingleterra... Eu gosto de lá. Uma vez fiz uma visita a uma importante escola ou universidade, não lembro bem, que vocês têm por lá.

Hermione sentiu que ela estava sondando e não quis abrir o jogo totalmente, esperando que a outra o fizesse primeiro.

- Verdade? Cambridge ou Oxford?

- Hogwarts. – ela respondeu.

Hermione deu um sorriso e ela sorriu também. Neste momento Sophia chegou até lá.

- Ah, meninas, desculpe, mas já passou o horário do café da manhã. Se quiserem posso arrumar alguma coisa para vocês.

- Por mim só um copo de água é o suficiente. – disse Marieta.

- Para mim também. – disse Hermione.


Harry estava sentado na ponta da cama. A mulher estava encostada na parede e dava uma longa tragada num cigarro.

- Você deve estar esperando eu dizer: Isso nunca me aconteceu antes! – disse Harry com uma expressão idiota.

- Estava mesmo. – ela deu uma risada.

- Ok, não foi a primeira vez, mas posso garantir que isto é quase impossível.

- Não estou criticando você. Você brigou com a sua mulher?

- Eu não sou casado! – ele disse num impulso.

- E o que está fazendo com este aliança enorme na sua mão esquerda?

Harry mirou a aliança e o rosto de Hermione apareceu na sua mente.

- Se isso animar você, a maioria dos nossos “clientes” é casada. – ela o olhou bem – Você é louco por ela, não é?

Harry não sabia se ainda era efeito do porre ou não, mas se deu conta que sim. Era louco por ela. “Louco não, alucinado!” Ele apenas assentiu com a cabeça e começou a se vestir.

- Você não quer tentar de novo? Olha, eu sou uma bruxa metamórfoga, é só você descrevê-la um pouco e eu procuro deixar minha aparência o mais próximo possível da dela. Quem sabe não ajuda aí... – ela apontou para o local abaixo da sua cintura.

Ele apenas sorriu.

- Não, obrigada. Quanto eu devo a você? – disse pegando a carteira.

- Não é nada. Não vou cobrar a você. Na verdade eu vou até lhe ajudar. Você não vai querer que sua esposa veja você bêbado, vai? – ela levantou a varinha e disse um pequeno feitiço que fez Harry se sentir bem melhor.

- Obrigado. – ele disse e saiu.

Procurou pelo homem do bar, mas calculou que ele ainda deveria estar se divertindo com alguma mulher.
Ao sair dali, viu uma pequena aglomeração em torno de uma banca de jornais e revistas bruxas. Chegou mais próximo e tentou ler a notícia da primeira página.

MANIFESTANTES FAZEM PROTESTO EM FRENTE AO MINISTÉRIO, EM ROMA

Centenas de pessoas estão, desde ontem, em frente ao Ministério da Magia, protestando contra a ineficiência do ministro em relação à doença que vem matando os nascidos trouxas. A doença, que já matou cerca de 30 pessoas em Cuneo, está tendendo a se espalhar. O ministro não quis dar entrevista, mas seu acessor, Sr. Nicola lambertiatti, falou ao jornal:
“Estamos profundamente entristecidos pela morte de tantas pessoas de bem. Estejam certos que o ministro, juntamente com a comunidade curandeira, não está medindo esforços para que seja descoberta a cura para esse mal.”
Testemunhas dizem que os manifestantes estão querendo invadir o Ministério, mas por enquanto as autoridades estão conseguindo controlar a multidão. Mais informações página 5.

Harry saiu dali atordoado. Estava se sentindo meio impotente, pois nada havia descoberto. Dirigiu-se ao local trouxa mais próximo. Fez sinal para um táxi para voltar ao hotel.


No restaurante do hotel, Sophia entregou os copos de água às duas.

- Meu garçom deu uma saída para comprar algumas coisas para o hotel, então eu mesma vim servir vocês. – disse dando-lhes um sorriso.

- Obrigada! – disseram em uníssono.

Marieta começou a mexer em sua bolsa, procurando algo. Então o seu batom caiu e rolou para perto de Hermione, por baixo da mesa.

- Ah, será que pode pegar para mim.

- Claro! – disse Hermione e se abaixou para pegar o batom.

Procurou embaixo da mesa por alguns segundos e, assim que o achou, levantou a cabeça para entregar a Marieta. A mesma guardava um pequeno frasco na bolsa. Hermione fez um olhar inquisitivo.

- Estou colocando um perfuminho. Espero que não me julgue pelo que vou contar. É um segredo: estou namorando um bruxo casado. Por isso estou aqui, em um hotel trouxa. Para não gerar desconfiança. Ele vai se encontrar comigo aqui. – ela olhou o relógio – Ele já deve estar lá fora. Eu vou indo, depois a gente conversa. – disse tomando um gole da sua água.

Hermione pareceu ter realmente sentido um aroma diferente. Se era perfume, não tinha certeza. Deu de ombros e tomou toda a sua água.

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