Inimigos para Sempre



Harry caiu suavemente no asfalto. Levantou-se e encarou a imponente prisão inglesa de bruxos. Já estivera lá várias vezes, junto com Hermione, levando bruxos do mal para serem encarcerados. Pensou nela novamente. Ele tinha que ser rápido, pois não sabia se os tais “4 dias” seriam realmente 4 dias. Escondeu o bule em um terreno baldio ao lado. Colocou a mão no bolso e tocou o frasco com a polissuco e o lenço com o fio de cabelo de Paolo. Ele se encaminhou para o grande portão. Já conhecia as pessoas encarregadas e alguns dos guardas. A prisão agora era guardada por diversos gigantes, mas ainda tinha alguns dementadores por lá. Para que a altura dos gigantes não fosse impedimento, o teto de toda a prisão havia subido através de magia. O chefe dos guardas era velho conhecido de Harry: Grope, meio-irmão de Hagrid. Assim que Harry passou pelos portões, foi recebido por um sorridente Grope, que não lembrava nem um pouco aquele velho Grope de anos atrás. Agora estava bem apresentável, civilizado e falava inglês fluentemente.

- Harry Potter! Trouxe mais um para botarmos nos eixos? – Grope perguntou e riu.

- Não, Grope. Desta vez vim falar com um que já está aí dentro. – disse Harry sério.

Grope franziu o cenho e perguntou:

- Quem você veio ver, Harry?

- Severo Snape!

Harry foi conduzido para o setor de segurança máxima de Azkaban, onde estavam os antigos Comensais da Morte. Enquanto caminhava, Harry tentava não ouvir os gemidos de dor e as lamúrias dos presos. Isso sempre o deixava nauseado, juntamente com o fato de ter que passar por corredores fétidos, extremamente úmidos e cheios de ratos. Ao se aproximar do corredor onde estavam os Comensais, ele agradeceu ao gigante que o acompanhava e o dispensou. Ficou atrás de uma pilastra, retirou cuidadosamente o lenço com o cabelo do primo de Snape, colocou o fio dentro do frasco com a polissuco e a virou em um gole só. “Tenho uma hora para arrancar a verdade do miserável!” Pensou, já sentindo o efeito da poção. Seus cabelos ficaram mais ralos e sua pele mais morena. O rosto adquiriu uma feição mais dura e magra e sua altura diminuiu um pouco. Olhou seu reflexo através de uma poça de água no chão do corredor. Ele era Paolo! Retirou rapidamente os óculos e os guardou. Aproximou-se então, do corredor onde pôde vislumbrar Bellatriz Lestrange, McNair, Goyle e Malfoy, entre alguns outros. Arrepios de ódio percorreram seu corpo, lembrando que perdera muitos amigos na guerra através da mãos daqueles que ali estavam. Procurou não encará-los e foi até a última cela. Lá estava ele: o Seboso maldito! Tinha os cabelos compridos, até o meio das costas, mais oleosos do que nunca. Estava bem mais magro e com um rosto chupado, embora a feição de desprezo e o olhar de ódio continuassem ali. Harry notou que ele ainda usava vestes negras, porém estavam imundas e o cheiro de urina era forte. Ele olhava absorto para uma pequena fresta no alto da parede, onde entrava um tímido raio de sol. De repente ele notou a presença de alguém e se virou para a grade da cela.

- Severo, meu primo! – disse Harry, forçando um sotaque italiano e um sorriso.

Snape focou os olhos para tentar reconhecer a pessoa. Levantou-se e se aproximou um pouco.

- Paolo? – ele quis confirmar.

- Claro, primo! Não se lembra mais de mim? – perguntou Harry.

Snape encarou o “primo” com uma expressão séria, olhos nos olhos. Harry sentiu um calafrio ao encará-lo, mas segurou firmemente o olhar. Snape olhou-o de cima abaixo e voltou a sentar-se no fundo da sua cela.

- O que veio fazer aqui, Paolo? – disse friamente.

Harry pensou que não deveria ir direto ao assunto. Tinha que disfarçar um pouco.

- Ora, Sna..., hmm, Severo, vim ver como você estava e lhe contar dos avanços do nosso velho plano.

Snape deu aquele sorriso irônico que Harry tanto odiava.

- Você quer me dizer que se deslocou lá da Itália, onde você deve ser um homem bem procurado, para me visitar aqui na Inglaterra, em uma prisão asquerosa e me contar como anda o plano?

- Você acha que não merece visitas, primo?

Novamente Snape levantou-se e buscou o olhar do “primo”. Sua feição era indecifrável. Harry permaneceu o encarando e, para apressar as coisas, ele disse:

- Bem, não é só isso.

- Não? – Snape ergueu as sobrancelhas.

- Aconteceu uma coisa e eu preciso saber..., bem..., um amigo meu..., não aquele que esteve em Hogwarts comigo, um outro amigo. Ele envenenou-se por engano e...

- Ora, primo – ele enfatizou a palavra “primo” – não vai me dizer que tem amizades com sangues-ruins?

- Bem, este bruxo estudou e trabalhou comigo por anos. Ele estava me ajudando a espalhar o veneno pela cidade. Realmente ele é nasc..., ah...sangue-ruim, mas eu não pretendo matá-lo por enquanto, porque está sendo de boa ajuda.

- E o que quer, priminho?

- Quero que você me diga novamente como curar a doença, porque eu não me lembro mais. Faz muito tempo. – Harry disse logo, antes que gaguejasse.

Snape novamente o encarou.

- Deixe-o morrer! – ele disse e se virou para o interior da cela.

- Não! Quer dizer..., ele ainda pode ajudar mais um pouco. Depois eu matarei ele, sem dó nem piedade.

Sentado novamente no mesmo lugar de antes, Snape ajeitou as vestes e olhou para ele.

- É admirável! – ele disse.

- Admirável? – surpreendeu-se Harry – Admirável que eu queira, digamos, retardar a morte deste homem? Sim, porque ele vai morrer depois, mas não precisa ser agora. Ainda preciso da ajuda dele.

- Não, não é isso! O que é admirável é que, mesmo depois de todos esses anos, você ainda não consiga fechar sua mente para mim, Potter!


No Hospital de Cuneo, Hermione era observada pelo filho de Sophia, que levara Nicola, a pedido de Harry. Ela estava cercada por 3 curandeiros e se debatia muito na cama. “Tomara que ele chegue a tempo!” Ele pensou, ao ouvir um dos curandeiros dizer que a moça não passava daquele dia.


Harry estacou e deu um passo para trás ao ouvir seu nome. Tentou disfarçar.

- Quem é Potter, Severo?

Snape deu um sorriso de ironia.

- Potter, você realmente acredita que só porque estou preso aqui, eu perdi minha habilidade de Legilimens? – disse se levantando mais uma vez e chegando próximo a ele para encará-lo.

Harry tentou desesperado fechar a mente ou pensar em algo que Paolo pensaria, mas na sua cabeça ele só via Hermione, Hermione, Hermione e a necessidade de salvá-la.

- Quer dizer que a sua amiguinha sabe-tudo sangue-ruim está nas últimas? – Snape perguntou com um sorriso.

Harry sentiu o sangue ferver e abandonou qualquer tentativa de disfarce.

- SEU MISERÁVEL, NOJENTO! VOCÊ VAI ME DIZER AGORA COMO EU LIVRO HERMIONE DAQUELA DOENÇA! – Ele gritou.

Snape deu outro sorriso sarcástico.

- Você acha que sete anos em Azkaban me transformaram em amante deste tipo de ralé? Eu quero mais é que ela morra, como todos os sangue-ruins deste mundo.

Harry não se segurou e levantou a varinha para ele.

- O que vai fazer Potter? Vai me matar? – ele riu – E quem vai contar a você sobre a cura? Vai me lançar a maldição Imperius?

- Não é uma má idéia! – Harry desdenhou, ainda apontando a varinha para ele.

- Vai lá Potter! – Snape abriu os braços e estufou o peito para ele – Depois eu mesmo vou pedir para arrumarem uma cela para você aqui ao meu lado.

- Bastardo mestiço! Covarde!

Snape crispou os lábios.

- Não... me... chame... de... covarde! – exclamou.

- Então, se você não é covarde, por que não tem coragem de me contar sobre a cura?

- Tentativa ridícula essa, Potter! – ele disse – Por que não pergunta sobre a cura para o meu primo ou o amigo dele?

- Porque seu primo está morto e Nicola provavelmente está também.

Snape riu alto.

- Então, Potter, quer dizer que a vida daquela nojentinha da Granger está nas minhas mãos? É ótimo saber!

- Snape – Harry tentou apelar para razão – o que tem a perder? Sua vida não mudará em nada com isso. Você não vai sair daqui mesmo para apreciar o estrago daquela sua maldita fórmula.

- Também não tenho nada a ganhar, não é? Muito pelo contrário. Isto me tirará a satisfação de saber que a sangue-ruim morrerá e que o amiguinho dela vai ficar desesperado.

- Fale-me agora! – Harry disse, sentindo seu corpo e feições voltarem ao normal.

- Faça-me um favor! Vá embora para eu não ter que olhar para sua cara de novo. – disse Snape ao notar que Harry voltara ao normal.

Ele então lembrou da veritaserum e pegou o frasco.

- O que é isso, Potter? – perguntou Snape desconfiado.

- O que você acha? Não é cerveja amanteigada, isso eu posso garantir. GUARDAS! – ele gritou.

Snape tinha um olhar amedrontado, pois já havia apanhado muito dos gigantes.

- Está com medo, Seboso?

Snape não respondeu, pois pelo corredor chegaram Grope e mais três gigantes, além de um dementador.

- Segurem ele para mim. Preciso de uma informação importante.

Grope assentiu e os três gigantes entraram na cela e seguraram os braços e pernas de Snape, enquanto o dementador voava em volta dele, pronto para dar o “beijo” caso fosse necessário. Harry enfiou-lhe o líquido goela abaixo e aguardou. Snape tentou ainda se desvencilhar, até que seus olhos ficaram vidrados e seu corpo rígido.

- Diga-me agora, Snape! Como se cura a doença que vem matando os nascidos-trouxas?

Snape disse numa voz etérea:

- Não há antídoto para o veneno.

- Já sei disso! – Harry disse impaciente – Quero saber da cura!

- O único jeito de salvar a pessoa é através de uma transfusão sangüínea.

- Só isso?

- O bruxo, ou bruxa, que fizer a doação, tem que pertencer a uma família de pelo menos cinco gerações de puro-sangues, e tem que ter afinidade com o doente.

- O que quer dizer com afinidade?

- Deve gostar pelo menos um pouco do doente. Pode ser um amigo.

Harry pensou nele mesmo. Mas ele era puro-sangue por uma geração apenas. Seus avós por parte de mãe eram trouxas. Então pensou na família Weasley, mas não daria tempo.

- E se a pessoa não tiver todas essas gerações de bruxos puro-sangues como ancestrais? – ele perguntou.

- Quanto menos gerações de puro-sangues na família do doador, maior a afinidade deve haver entre ele e o doente. Quem fizer a doação, deve gostar mais ainda do doente. Dependendo do caso, amar incondicionalmente o doente.

De repente o rosto de Snape contorceu-se e ele voltou ao normal. Ele olhou para Harry.

- Moleque insolente! Como ousou? Você... – ele falava com ódio.

- Seboso, tenho que admitir que sua inteligência é razoável. A probabilidade de um nascido trouxa ter afinidade grande com famílias com gerações de puro-sangue é menor do que o normal, mas posso dizer que não é impossível. Se Hermione precisa de sangue de quem a ame, ela vai ter a quantidade que quiser.

- É mesmo? E quem ama incondicionalmente aquela sangue-ruim?

- Eu! – ele exclamou, saindo correndo dali e deixando Snape boquiaberto

Harry percorreu os corredores o mais rápido que pôde para sair da prisão e pegar a chave de portal para voltar a Cuneo. “Tinha que dar tempo!” Ele pensou.

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