No Ministério



Harry acordou e olhou em volta. Parecia-lhe que ele não estava no seu quarto. Tateou em busca de seus óculos. Quando os colocou, teve a certeza que realmente não estava em sua casa. Olhou para o lado e constatou que havia uma mulher ao seu lado, na cama. Na verdade, aquilo havia se tornado rotina na vida dele. Desde que perdera Gina, na batalha final contra Voldemort, há 7 anos, Harry havia se fechado para o amor. Não queria relacionamento duradouro com ninguém e se permitia apenas relações sexuais com quantas mulheres aparecessem pela sua frente, bruxas ou trouxas. Se já era famoso antes, depois que acabou com Voldemort, ele virou celebridade, portanto as mulheres não paravam de cair aos seus pés. Deu mais uma olhada na mulher e tentou se recordar do seu nome. Nem isso lembrava. Deixou um bilhete curtíssimo:

“Obrigado pela noite.
H.”

E saiu desaparatando.

Hermione acordou bem cedo. Não era mesmo de ficar muito tempo na cama. Havia muitas coisas a fazer e ela não podia se dar esse luxo. Tomou um banho, jogou uma roupa no corpo e foi para o Ministério. Chagando lá, foi diretamente para sua sala e começou a fazer o relatório sobre o caso em que estava trabalhando. De repente ouviu um barulho no corredor. Sabia que era ele aparatando. Olhou no relógio e constatou que ele estava atrasado. Só naquela semana era a 3ª vez e eles ainda estavam na 5ª feira. Não demorou muito e ela ouviu uma batida na porta.

- Entra! – disse ela.

Harry entrou com um sorriso e 2 cafés nas mãos. Entregou um à amiga e se sentou.

- Como soube que eu ainda não tinha tomado café?

- Deixe me ver... porque você é Hermione Granger e não tem tempo para essas besteiras como comida, descanso e tal. – e riu para ela, que acabou sorrindo também.

Ela observou ele por alguns instantes.

- Você está bem, Harry?

- Um pouco de dor de cabeça, nada mais.

- Você andou bebendo ontem? – perguntou ela, já sabendo da resposta.

- Ah, que nada! Só um pouquinho para relaxar.

- E foi só isso que você fez para relaxar? – perguntou desconfiada.

- Bem...

- Não precisa responder! – ela exclamou.

Ele se sentou. Dividia aquela sala com ela há 3 anos, desde que foram contratados pelo Ministério. Assim que se formaram na melhor Escola de Aurores da Europa, eles foram indicados ao Ministério da Magia e imediatamente admitidos. Adorava trabalhar com ela, apesar do seu temperamento e personalidade não haverem mudado nem um pouco desde Hogwarts. Continuava mandona, teimosa e sempre queria ter a última palavra, mas também continuava compenetrada, organizada, inteligente, compreensiva, fiel, conselheira e a melhor amiga que alguém poderia querer. Havia um exemplar do Profeta Diário na sua mesa. Pegou-o e começou a ler. Hermione, em sua mesa, voltou ao relatório que estava fazendo. De vez em quando ele a mirava por cima do jornal. Se o temperamento de Hermione continuava o mesmo, sua aparência estava diferente. Ela estava muito bonita. Havia adquirido corpo de mulher. Um corpo muito bonito. Porém Hermione não aparentava perceber seu próprio corpo ou sua aparência, pois ela não costumava dedicar nem um tempinho do seu dia para se arrumar. Suas roupas eram sérias demais e ela nunca usava maquiagem. Ela também quase não saía para se divertir. Isto tinha um motivo: Ronald Weasley. Eles começaram a namorar no 7º ano e logo após se formarem em Hogwarts, eles se casaram em uma cerimônia simples. A guerra contra Voldemort não fôra boa para a família Weasley, pois, além de Gina, Percy também tinha morrido. Rony havia se tornado um goleiro de Quadribol muito bom no último ano de Hogwarts e alguns times da Inglaterra ofereceram-lhe bons contratos. Não demorou muito e ele já estava jogando pela seleção nacional. Enquanto Hermione cursava a Escola de Aurores, Rony viajava pela Europa fazendo o que mais gostava: jogar Quadribol. Ficavam pouco tempo juntos, pois ele viajava demais. Ele já era um jogador famoso. Após 4 anos de casada e já às vésperas da sua formatura como Auror, Hermione descobriu que estava grávida. Ela estava doida para dar a notícia a Rony. Estava muito feliz. Talvez um filho voltasse a aproximar os dois como era no início do casamento. Ao chegar em casa, o encontrou sentado na poltrona, com uma expressão indecifrável.

- Ron, eu tenho uma coisa para lhe contar. – disse com um sorriso, ao se sentar ao lado dele.

- Eu também. – ele disse, meio frio.

- Então fala você primeiro.

Enquanto ele procurava uma melhor forma para falar o que tinha que falar, Hermione notou que havia 2 malas próximo à entrada e que ela não havia reparado quando entrou.

- R-Ron, para que aquelas malas?

- Hermione..., não está dando certo. Nós não estamos dando certo.

- Ron, eu..., eu não estou entendendo...

Ele levantou nervoso, passando a mão pelos cabelos ruivos.

- Eu conheci outra pessoa. – ele disse de supetão.

- O quê?

- Mione, nosso casamento está acabado há algum tempo. A gente pouco se vê. Nós...

Hermione chorava, segurando seu ventre, como se tivesse sentindo algo. Ela conseguiu dizer:

- Quem é ela, Ron?

- Você não conhece. Ela escreve para uma revista esportiva bruxa. Nós..., bem..., nós nos conhecemos há pouco mais de 1 ano e acabamos nos envolvendo.

- Você está com ela há mais de 1 ano?

- Estou. Desculpe.

Ela levantou, ainda com a mão na barriga, foi até à porta e abriu-a.

- Vá embora Ron! Pegue suas malas e saia. Não dá mais para olhar para a sua cara. Depois você me manda os pergaminhos de separação para eu assinar. Adeus.

Logo depois que ele saiu, Hermione sentiu pontadas mais fortes no ventre. Quando olhou, via que descia um filete de sangue pela sua perna. Ela usou de todas as suas forças e conseguiu aparatar dentro de St. Mungus, mas foi tarde demais e ela perdeu o bebê. Rony nunca soube que iria ser pai.
Quando Hermione lhe contou essa história, Harry sentiu ódio do amigo. Nunca esperaria que ele fizesse isso com ela. Não chegou a romper relações com ele, mas ficou um bom período de tempo o evitando. O próprio Rony quase não procurava Harry, pois sabia que ele havia ficado do lado de Hermione e estava muito mais próximo a ela, já que iriam começar a trabalhar juntos no Ministério.

Hermione estava concentrada no relatório, mas de vez em quando pegava Harry a olhando.

- O que foi? Você quer me perguntar alguma coisa?

- Quero! – disse de pronto.

- E o que é?

- Há quanto tempo você não sai com um homem, Mione?

- O quê? – ela perguntou surpresa.

- É isso mesmo! Você e Rony já estão separados há 3 anos. O que está impedindo você de viver?

- Talvez o mesmo que esteja impedindo você. – ela disse com os olhos marejados.

- Eu? Mione, eu saio com mulheres.

- Eu sei. Eu sei que você sai, mas você por acaso lembra do nome de alguma delas? – ela desafiou - Harry, por favor! Você está me recomendando fazer o mesmo que você?

- Não... – ele disse – Claro que não! Desculpe.

- Harry, eu não tenho disposição nem para me arrumar, quanto mais me envolver com alguém.

- Bom, pelo menos você notou isso.

- Que eu não me arrumo? Eu tenho espelho em casa, meu amigo.

- E por que você não faz nada, Mione?

- Já disse, falta de disposição.

- Mione, você tem só 25 anos! Não pode morrer para o mundo.

- Eu tenho a mesma idade que você, Harry. Se viver é dormir com tudo o que se mexe, então... – disse e depois se arrependeu – Desculpa, eu não quis dizer...

- Quis sim, mas não se preocupe, você não está errada. Eu não consigo mesmo manter nenhum relacionamento. Na verdade eu nem sei se quero.

- Harry, eu sei que você amava a Gina, mas eu era amiga dela e tenho certeza que ela mesma não gostaria de ver você assim: bebendo e transando com qualquer uma por aí.

Ele baixou os olhos. Quando iria falar algo, o Ministro em pessoa entrou na sala deles.

- Rufus! – disse Harry.

- Sr. Scrimgeour, como vai? – ela perguntou.

Rufus ainda era o Ministro e conhecia-os bem. Não titubeou nem um momento em contratá-los e estava muito satisfeito.

- Potter, Granger, tenho uma missão para vocês.

- Sr. Ministro, eu ainda estou trabalhando no caso daquele bruxo de Notingham.

- Eu sei, eu sei, mas estou designando Tonks para este caso.

- Mas por que senhor?

- Granger, você e Potter são meus dois melhores aurores. Quim e Moody estão velhos e Tonks prefere ficar mais por aqui, para cuidar dos filhos, então eu darei este caso mais simples para ela. Você já descobriu tudo, agora é só pegá-lo. Tonks fará isso com o pé nas costas.

- Sobre o que é a missão Rufus? – perguntou Harry.

- O Ministério da Magia Italiano solicitou ajuda à OMCB (Organização Mundial de Cooperação Bruxa) devido a coisas estranhas que estão acontecendo por lá. Tem uma doença atacando os bruxos em uma cidadezinha na fronteira com a França. Ainda não descobriram o que é, mas há grandes probabilidades de ser alguma poção nova, criada para matar. Não se sabe se está sendo aplicada na água ou aonde, mas a coisa só afeta os bruxos.

- E por que nós? Na Itália há muitos bons aurores. – disse Harry.

- Exatamente porque os aurores italianos são muito conhecidos por lá. A OMCB está querendo agir sigilosamente e pediu ajuda à Inglaterra. Vocês falam o idioma e vão disfarçados.

- Disfarçados senhor?

- Isso, vocês vão como um casal de trouxas.

- Trouxas? – perguntou Harry, surpreso.

- Exatamente, Potter. Estou juntando o útil ao agradável. Além de excelentes aurores e falarem italiano, vocês conhecem bem os trouxas, porque conviveram toda a infância e adolescência com eles. Não haverá nenhum empecilho para vocês.

- Bem, mas por que um casal? – perguntou Hermione.

- Porque vai ficar menos suspeito. Vocês são jovens e cheios de vida, o que fariam juntos em um lugar daqueles se não estivessem em lua-de-mel?

- Lua-de-Mel? – perguntaram os dois juntos.

- Isso! Algum problema? – ele perguntou com um olhar que não dava margem a nenhuma argumentação ou recusa.

Os dois balançaram as cabeças negativamente.

- E quando iremos senhor?

- Amanhã pela manhã. Vocês vão agir como trouxas desde a saída. Vão de avião e haverá um carro alugado à disposição de vocês. Primeiro vocês ficarão em Roma, onde vão encontrar o Ministro da Magia da Itália. Ele vai passar todas as coordenadas a vocês. Depois seguem para a tal cidade. Levem o mínimo de artefatos bruxos possíveis. Somente as varinhas e a sua capa de invisibilidade, Harry. Lá na Itália eles terão o resto que precisarem, Veritasserum, Polissuco, etc. Vão até o setor de pessoal. Há uma quantia em dinheiro disponível para vocês usarem. Comprem roupas trouxas, pois é isso que são, a partir de – olhou o relógio – agora. Estão dispensados por hoje. As passagens e passaportes estão no setor de pessoal junto com o dinheiro. E não esqueçam: na frente dos outros, ajam como um casal apaixonado que acabou de se casar. Boa sorte!

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