O Profeta



Hermione estava sozinha na cozinha, colocando as louças para serem lavadas. Ouviu alguém entrar.


 


- Mônica está mais calma?


 


Ela não precisou olhar para saber que era Olívio, mas se virou para encará-lo.


 


- Está sim. Eu e Gina meio que a obrigamos a dormir. – disse com um sorrisinho


 


- E você? – perguntou cauteloso


 


Ela maneou a cabeça, mas não respondeu, e ele fingiu não notar.


 


- O que vocês resolveram? – dessa vez ela perguntou


 


- Eu, você e Mônica vamos a Hogwarts hoje ainda. – respondeu


 


- Que bom que eu não precisei brigar pra vocês me incluírem nos planos dessa vez. – ambos riram


 


- Sabíamos que não íamos conseguir te convencer do contrário.


 


Eles ficaram em silêncio por alguns instantes.


 


- Nós precisamos conversar. – soltou Hermione


 


- Não há o que conversar! – disse seco, querendo encerrar aquele assunto


 


- Claro que há! – retrucou ela e ele abaixou o olhar – Não que eu não esteja grata por você está aqui agora, porque eu estou, mas... – ela suspirou e ele voltou a encará-la – se eu soubesse que eles iriam atrás de você eu teria impedido.


 


- E eu ficaria arrependido pelo resto da minha vida! – disse firme – Olha Mione, eu fui um idiota hoje mais cedo, nada deveria me fazer desistir de encontrar o Harry, ele é meu amigo e... a coisa que eu mais quero no mundo é te ver feliz. Então não vamos mais falar sobre isso! – ela abriu a boca, mas ele a cortou. – Por favor, por mim.


 


Ela revirou os olhos e ele sorriu.


 


- Tudo bem Wood! – disse divertida – Você me convenceu mais uma vez, satisfeito?


 


- Sim! – disse ainda com um sorriso nos lábios – Mas agora eu vou indo. Passo aqui às seis da tarde. Estejam prontas!


 


- Pode deixar.


 


Ele se aproximou e a beijou no rosto, fazendo-a ficar vermelha, e ele mais uma vez fingiu não notar. Era melhor que fosse assim, fingir não ver as coisas que ela fazia, e que o encantava, era a melhor saída que ele havia encontrado pra passar esse tempo ao lado dela. Ele saiu a deixando ainda vermelha. Hermione suspirou, deixou seus pensamentos vagarem pela lembrança da noite que eles narraram a Olívio a pouco, e ainda presa aquele dia não pôde evitar a lembrança da manhã seguinte.


 


*****************************************************************


 


Estavam os seis acomodados naquele quarto, ao redor da cama dela. Ficaram ali a noite toda observando cada movimento que ela fazia, simplesmente não haviam conseguido sair dalí. Ela havia acordado há quase uma hora atrás, mas ainda não havia dito uma sequer palavra, pois a última vez que tentara acabara cuspindo sangue, e Cedrico parecia um regulador, sempre que ela esboçava qualquer movimento para falar ele a controlava.


 


- Olá – disse Rony entrando, ele havia ido tomar café da manhã – Trouxe uma surpresinha pra vocês.


 


Mônica se esticou para tentar ver alguma coisa, mas logo desistiu fazendo uma careta de dor. Cedrico a repreendeu com um olhar, mas voltou sua atenção para Rony, que mostrou o Profeta que trazia na mão.


 


- Tenho até medo de ler! – disse Gina


 


- Prometo que vocês vão gostar! – disse o ruivo estendendo o jornal a Harry – Leia pra nós Potter.


 


Harry balançou a cabeça e pegou o jornal, que tinha na primeira página uma foto dos sete, Harry às vezes não tinha idéia de onde eles conseguiam aquelas fotos.


 


- “A Última Esperança” – começou entediado lendo o título e passando em seguida para a matéria –


“Hoje, após sermos bombardeados com as notícias sobre a invasão de Hogwarts, a morte e traição do chefe dos aurores Willian Clint e o ataque a Mônica Potter (que ainda se recupera no St. Mungus, mas que não corre mais risco de vida), a população bruxa finalmente se rendeu aos encantos da Família dos Anéis. Após serem atacados e desacreditados nas últimas semanas, Potter e seus amigos parecem finalmente assumir o posto que lhes fora destinado desde o início nessa guerra, o posto de heróis.


Hoje pela manhã alguns admiradores dos sete mais jovens e promissores bruxos da nossa época estiveram no St. Mungus para prestarem solidariedade a Mônica Potter. “Eles são nossa última esperança” disse uma jovem bruxa que se encontrava no local “os únicos que podem dar fim a esta guerra, que tanto tem nos assombrado, para vivermos em paz novamente”.


Mais tarde Harry Potter e Hermione Granger apareceram abraçados no outro extremo do saguão de entrada do hospital e acenaram para os presentes. O casal mais amado do mundo bruxo parecia abatido e não quiseram dar entrevista.


O Profeta presta aqui seu apoio a Família dos Anéis e deseja-lhes sorte nessa empreitada que, certamente eles irão enfrentar de agora em diante, sabemos que não será fácil carregar em seus ombros toda a responsabilidade e confiança que a nação bruxa agora deposita neles.”


 


Harry terminou de ler com uma cara de espanto.


 


- Uau! – soltou Draco, também surpreso


 


- Acho que “Uau” – disse rindo abobalhado – É a melhor palavra pra descrever essa matéria.


 


- Mônica tinha razão. – disse Hermione sobre o olhar atento da garota – Essa invasão fez com que o mundo bruxo voltasse a ter esperança em nós, como tinha que ser. Você não está feliz?


 


Mônica balançou a cabeça de um jeito engraçado, dando a entender que não estava tão feliz assim. Harry se levantou e foi até o pé da cama.


 


- O que foi maninha? – perguntou preocupado


 


Ela se preparou para começar a falar, Cedrico fez sinal de impedi-la, mas ela o olhou com ternura e ele entendeu deixando-a tentar.


 


- Harry... – começou ela com dificuldade por causa das dores que sentia quando falava – Me desculpa, eu... sinto muito!


 


- Pelo o quê Nina? – disse indo para o lado da cama e segurando a mão dela.


 


- Por... – ela fez uma careta – não ter conseguido...chegar até você. E por não...ter acordado a tempo.


 


- Nina, pára com isso! – pediu ele em tom de angústia


 


- Não Harry... – começou ela novamente – eu sei que era... importante pra você!


 


- Mas não foi culpa sua meu amor! – disse dando um beijo no topo da cabeça dela – Você salvou o meu dia só por ter sobrevivido, não peça desculpas, eu não posso aceitar isso!


 


Ele fez menção de abraçá-la, mas desistiu ao se lembrar das dores que ela sentia. Ela sorriu carinhosamente para ele, que retribuiu.


 


- Pronto, agora chega! – disse Cedrico – Nem mais uma palavra Mônica Potter, ou eu peço o médico pra te dar outra poção tranqüilizante daquela.


 


Mônica virou os olhos e os outros riram. Harry voltou a se sentar.


 


- Por falar nisso, já ta na hora do seu remédio. – disse ele ajeitando o travesseiro da garota – Vou chamar uma enfermeira, até lá se comporte Mônica.


 


Quando ele saiu Mônica suspirou.


 


- Juro...que se eu...tiver que ficar...mais um dia aqui...com Cedrico – ela olhou séria para Hermione – eu me mato!


 


Todos riram novamente.


 


- Ele está cuidando de você Mônica. – disse Hermione sorrindo – Ele fica tão fofo assim.


 


Mônica olhou pra ela com cara de descrente e depois balançou a cabeça.


 


- Talvez eu acabe...matando ele! – disse olhando o teto e depois fazendo uma careta – Ai!


 


- Viu! – disse Gina – Não seja teimosa, ele ta certo, você é que se parece demais com seu irmão!


 


Ela discordou com a cabeça, mas dessa vez não falou nada, a dor começara a ficar insuportável novamente. Harry riu, sabia que era verdade.


 


- Acho que é de família esse negócio de ser cabeça-dura. – disse ele maroto


 


- Deve ser. – disse Mônica pela última vez, mas bem na hora que Cedrico entrou


 


Ele entrou fazendo cara de desgosto.


 


- Vocês estão fazendo ela conversar. – disse enquanto eles faziam cara de ofendidos – Vão dar uma volta, todos vocês!


 


- Nós não estamos fazendo nada! – defendeu Rony


 


- Aposto que se ela ficar aqui sozinha comigo ela não vai dar um pio. – disse enquanto puxava Rony da cadeira


 


Mônica olhou para Gina suplicando que ela não fosse.


 


- É ele quem manda, sinto muito! – disse a ruiva divertida


 


Draco, Gina e Rony foram os primeiros a saírem. Hermione ficou esperando Harry na porta enquanto ele dava mais um beijo na irmã. Quando ele pegou a mão de Hermione para eles irem, Cedrico o chamou.


 


- Harry!


 


Ele se virou.


 


- Oi Ced.


 


- Me desculpa não ter confiado em você ontem, por ter duvidado da sua preocupação com a Mônica, eu não sei onde eu tava com a cabeça! – disse sem graça


 


- Resumindo... – era Mônica, que recebeu um olhar reprovador de Cedrico – ele foi um...imbecil!


 


Cedrico revirou os olhos.


 


- Eu realmente estou amando essa história dela ficar de boca fechada! – disse ignorando-a


 


Harry e Hermione sorriram.


 


- Tudo bem Ced! Estávamos um pouco alterados, sem magoas. – respondeu o moreno


 


Ele e Hermione saíram, e antes de fecharem a porta ouviram Cedrico perguntar pela milésima vez naquele dia se Mônica estava sentindo dores. Os dois percorreram um pequeno pedaço do corredor em silêncio, até começarem a falar.


 


- E você como está? – perguntou a ele


 


Ele sorriu, mas Hermione pôde ver abatimento em suas feições.


 


- Melhor impossível, afinal estou andando de mãos dadas com minha namorada, coisa que não fazíamos há algum tempo. – respondeu apertando sua mão à dela, ela sorriu – Mas quanto ao resto... estou tentando aceitar, ainda não me conformo de não ter chegado a tempo.


 


Agradeceu mentalmente por ele ser sincero, amava quando ele fazia isso.


 


- Eu não quero saber o que aconteceu de verdade ontem Harry, porque sei que se você pudesse contar você contaria. – disse abraçando ele pela cintura enquanto ainda caminhavam – Mas seja lá o que for não foi sua culpa, você fez o máximo que pôde, eu sou testemunha disso.


 


Ele sorriu a apertando mais forte em seus braços.


 


- Eu sei disso! – disse suspirando – Acho que pela primeira vez eu não me culpo pela morte de alguém. Ele fez o que tinha que fazer e era pra ser assim, não podemos mudar o que está destinado a acontecer. Não é isso que Mônica diz?


 


- É sim! Ela vive dizendo isso.


 


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Hermione não parava de pensar que naquele instante, e em todas as horas que passaram juntos depois daquele dia, ele sabia o que ia acontecer, ele sabia que seu corpo podia ser possuído por Voldemort, e para sempre. Sentiu alguém abraçado-a por trás, de uma forma carinhosa, e beijando o topo da sua cabeça. Ela não se assustou, reconheceu o perfume dele assim que ele entrara.


 


- Queria poder ir a Hogwarts com vocês. – disse Cedrico – Mas não acho que muita gente lá vai ajudar, muito pelo contrário, só vai chamar mais atenção do que queremos.


 


- Também acho! – disse se soltando dele e virando para encará-lo – É melhor irmos em um número pequeno.


 


- E como você e Mônica não abririam mão disso de jeito nenhum...


 


Hermione concordou. Cedrico era mesmo um amor, ficava tão feliz pela amiga, por ela ter alguém como ele.


 


- Eu não acredito que vocês vão se casar! – disse sorrindo e passando a mão nos cabelos dele


 


- Eu não quero te assustar, mas você provavelmente deve ser a madrinha! – disse fazendo biquinho


 


Hermione bateu no ombro dele.


 


- Não podia me contar em outra hora? – disse surpresa


 


Ele riu.


 


- Eu ando me perguntando isso, se custava eu pedir a mão dela em outra hora. – ele parou de sorrir aos poucos,não conseguia desviar seus pensamentos de Harry – Não sei como o Harry agüentou guardar aquilo em silêncio, sabendo o tempo inteiro qual deveria ser o seu destino, isso devia matá-lo por dentro.


 


Hermione abaixou a cabeça.


 


- Tem outra coisa que tem me preocupado também. – disse ela sobre o olhar curioso dele – Como ele deve estar agora? Você já pensou nisso Ced? Enquanto nós estamos aqui procurando um jeito de tirá-lo de lá, ele simplesmente... – ela suspirou – ele simplesmente está lá respirando, pensando e vivo. Tenho medo de que ele tenha enlouquecido todo esse tempo sozinho.


 


- Eu prefiro não pensar nisso. – disse assustado com a recente preocupação de Hermione – Não sei se eu conseguiria, não sem enlouquecer!


 


- Que Merlin nos ajude daqui pra frente. – disse distante – Cada segundo vai ser precioso!

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