Véspera de Natal III



Estava chovendo naquela parte de Londres, uma chuva forte, enquanto Cedrico e Mônica esperavam a porta ser aberta.


 - Cedrico, fica calmo! – pediu Mônica à porta da casa dos Diggory – Assim você me deixa ainda mais nervosa... e depois tem que tomar cuidado, você sabe, pra não passar mal.


 - Amor, também não exagera eu to tomando o remédio direitinho e depois eu não to tão nervoso assim! – disse ele agitado


 Mônica ia retrucar, mas a porta foi aberta, Cedrico sorriu e se adiantou para abraçar a mãe, e em seguida apresentou-a a namorada.


 - Mãe essa é Mônica Potter, minha namorada. E Mônica, essa é minha mãe!


 As duas se cumprimentaram sorridentes dizendo algo uma para a outra.


 - Mas vamos entrar, seu pai está terminando de se arrumar. – disse fechando a porta, enquanto os dois se sentavam no sofá – Fique a vontade querida, é um prazer para nós receber a garota que anda fazendo nosso filho sorrir tanto.


 Mônica ficou um pouco sem graça, e apertou forte a mão de Cedrico. Logo em seguida o Sr. Diggory apareceu não tão sorridente como de costume.


 - Pai. – Cedrico se levantou para abraçá-lo


 Os dois se encararam, Cedrico parecia um pouco receoso e o Sr. Diggory tinha um olhar duro. Mônica se sentiu pouco à-vontade com a situação e a Sra. Diggory pigarreou, como se quisesse chamar a atenção do marido. Cedrico desviou o olhar do pai.


 - Essa é Mônica Potter papai, e esse é meu pai! – disse ele tímido


 Mônica se levantou para cumprimentar o pai do namorado, sem entender o porquê de todo aquele clima entre ele e Cedrico.


 - É um prazer conhecê-lo Sr. Diggory, Cedrico fala muito no Sr.!


 - É um prazer conhecê-la também Srta. Potter! – disse ele um pouco mais simpático – Tive o prazer de conhecer seu irmão, um grande garoto.


 - Obrigada.


 - Mas vamos jantar logo! – chamou a Sra. Diggory, ela era bem simpática


 Ela pegou Mônica pelo braço e as duas começaram a caminhar para a sala de jantar numa conversa bem animada, deixando os dois sozinhos na sala. Cedrico passou pelo pai.


 - O que você está fazendo não é certo filho! – disse o Sr. Diggory


 Cedrico parou de caminhar e se virou para o pai que ainda estava de costas, se aproximou um pouco dele.


 - Escuta pai, amar não é errado, a gente não manda no coração. – ele estava muito sério também – por favor, não diga nada que possa estragar essa noite, pelo menos uma vez na vida não pense no que é certo ou errado, pense que eu estou feliz e é isso que importa!


 Cedrico voltou a caminhar para a sala, e o Sr. Diggory logo atrás dele. Quando eles se sentaram a mesa o jantar foi servido, a comida estava deliciosa, a própria Sra. Diggory que havia preparado.


 - Que saudades que eu tava da sua comida mamãe! – suspirou Cedrico


 - Realmente a Sra. cozinha muito bem Sra. Diggory, a comida está maravilhosa! – comentou Mônica


 - Obrigada meus queridos, mas é muita gentileza sua Mônica! – agradeceu sorrindo, e Mônica se perguntou se ela nunca parava de sorrir, mas gostava disso.


 - Então filho – chamou o Sr. Diggory – Como vai à saúde? Tem tomado seus remédios?


 - Que tal não falarmos disso? – perguntou Cedrico


 - Nós somos seus pais querido, e ficamos preocupados com você! – disse a Sra. Diggory, dessa vez sem sorrir


 Cedrico não ficou muito feliz com o rumo da conversa, e Mônica sabia que ele não gostava de falar na doença.


 - A Srta. sabe não é mesmo Srta. Potter, sobre a doença que Cedrico tem? – perguntou o homem recebendo um pequeno aceno de cabeça. – Ele tem problema do coração, nada de emoções fortes, nada de riscos. Por isso eu não queria que ele fizesse parte disso!


 - É eu sei, ele já me contou, mas tenho certeza de que vai dar tudo certo, ele vai ganhar um coração novo e vai se recuperar. – ela sorriu e acariciou a face do namorado - Ele anda tomando o remédio direitinho, eu fico sempre na cola dele.


 - É bom saber que tem alguém cuidando dele enquanto eu estou longe – sorriu a Sra. Diggory – eu sempre fui super protetora!


 Mônica sorriu também, mas o Sr. Diggory continuava um pouco sério. E Mônica achava que conhecia o motivo.


 - Eu só quero o bem do filho de vocês, sei que o que nós estamos fazendo não é certo, mas aconteceu...


 - Amor, não precisa! – pediu Cedrico


 Ela ia continuar se explicando, sem se importar com a interrupção do namorado, mas foi o Sr. Diggory que a cortou.


 - Não é esse o problema Srta. Potter, - falou o Sr. Diggory - isso é comum, não deveria ser, mas é, e até que a diferença de idade entre vocês deixa o caso menos assustador, ele não vai ser professor pra sempre! O problema é outro.


 - Pai, por favor... – pediu Cedrico mais uma vez


 A Sra. Diggory enfiou o rosto entre as mãos, e Mônica estava totalmente confusa. Cedrico se levantou.


 - Vamos embora daqui! – ele a puxou pela mão, fazendo ela se levantar – Já chega!


 - Hei amor, calma. – pediu Mônica assustada, com as mãos no peito dele – Nós vamos, mas você tem que ficar calmo, por favor!


 Cedrico concordou, mas não conseguiu se controlar totalmente.


 - Você não vai poder fugir disso pra sempre Cedrico, uma hora ela vai descobrir! – gritou o Sr. Diggory


 Mônica parou.


 - Pare com isso Amos!


 - Vamos Nina, por favor! – implorou ele


 - O que eu vou descobrir? – perguntou ela mais do que confusa


 Cedrico passou as mãos entre os cabelos.


 - Não é nada importante amor, confia em mim! – disse a pegando pela mão novamente


 - Nada importante filho?! Achei que você fosse um homem mais decente! – o Sr. Diggory estava realmente alterado, e Cedrico também


 - Cala a boca pai! – berrou ele – Eu nunca disse que concordava com essa loucura, isso é problema seu!


 - O compromisso é seu também!


 A Sra. Diggory tentava a todo custo encerrar a discussão, mas parecia impossível. Mônica se apressou.


 - Do que o senhor está falando? – perguntou com medo da resposta.


 - Não diga nada!! Vamos embora Nina, agora!


 Mônica se soltou das mãos dele.


 - Eu quero saber Cedrico! Do que ele ta falando? - Todos ficaram em silêncio – Agora!


 - Cedrico é noivo de outra garota! – soltou enfim o Sr. Diggory


 O silêncio pairou sobre a sala. Mônica olhava para Cedrico esperando alguma reação por parte dele, mas ele a encarava um pouco envergonhado sem se mover.


 - Isso é verdade Cedrico? – perguntou ela


 Ele hesitou.


 - Não totalmente! – respondeu ainda a encarando


 - Sim ou não?


 Cedrico abriu a boca algumas vezes.


 - Sim ou não, Cedrico? – perguntou um pouco nervosa – Só responda, sim ou não?


 Ele suspirou.


 - Sim! – disse ele, e viu que os olhos dela se encheram de lágrima – Mas eu posso explicar...


 Mônica sorriu.


 - Mas eu não quero ouvir! – disse com grosseria, passando a caminhar para a sala.


 - Mônica! – chamou tentando segurá-la pelo braço, mas ela se soltou – Amor, por favor?


 Ele ia caminhando atrás dela.


 - Me deixa em paz Cedrico, não vem atrás de mim! – Ela o olhou com o rosto molhado – todo esse tempo, tudo o que você me disse, tudo... não significou nada pra você! – ela gesticulava as mãos, muito nervosa – Eu era só mais uma garotinha boba, que acreditou no seu papinho, que se derreteu com as palavras bonitas...mas você me usou e me enganou, assim como ta fazendo com essa pobre garota.


 Ele ficou paralisado, não sabia o que dizer, nem como se defender. Queria que ela o deixasse contar a verdade, que ela o ouvisse. Ele a olhou voltar a andar em direção a porta, ela não se importou em pegar seu casaco e nem com a forte chuva que caía do lado de fora. Ela parou antes de sair de vez.


 - Quem é a garota? – perguntou sem encará-lo, de costas para ele.


 Cedrico suspirou, ele não queria mais esconder nada, mesmo que isso lhe custasse sua última chance de se explicar.


 - Cho Chang! – disse com a voz trêmula


 Mônica virou a cabeça para encará-lo, deu uma risada cínica.


 - Que se dane! – disse mais para si mesma do que para ele


 Ela passou pela porta e a bateu com força. Cedrico afundou o rosto entre as mãos, se sentando no sofá.


 - Filho! – ele ouviu a mãe chamá-lo, aproximando-se – Eu sinto muito!


 Ele levantou a cabeça, podendo ver o pai às costas da mãe.


 - Satisfeito papai? Satisfeito?! – gritou com ódio


 O Sr. Diggory continuou sereno.


 - Eu só te ajudei filho. – Cedrico o olhou incrédulo – você nunca conseguiria contar a ela a verdade, e nem desmanchar com a Cho. Você tinha medo de perder a Mônica e vergonha de parecer um mau caráter diante da Chang e da família dela. Eu só fiz o que era certo filho, essa mentira estava virando uma bola de neve!


 Cedrico se sentiu um pouco atordoado, talvez o pai estivesse certo, mas a única coisa em que conseguia pensar no momento era em Mônica.


 - Mas ainda sim eu a perdi pai! – disse num tom quase que desesperado – eu a perdi pra sempre!


 O pai se aproximou dele e pôs a mão sobre seu ombro.


 - Você não a perdeu ainda filho – Cedrico o encarou – apenas vá atrás dela e prove que é com ela que você quer ficar, que é ela que você ama... apenas deixe seu coração falar. – disse apontando para o coração “danificado” do filho


 - Ele não vale de muita coisa pai.


 - Claro que vale filho! Vale pra mim, pra sua mãe.. – ele sorriu – e pra ela também!


 Eles se encararam profundamente por algum tempo.


 - Agora vai logo! – despertou o Sr. Diggory – Ela saiu sem o casaco e a varinha dela está lá dentro não está? – Cedrico afirmou com a cabeça – Significa que ela não aparatou, não deve estar muito longe.


 O garoto começou a se apressar.


 - Obrigado pai! – ele parou no meio do caminho – Mas pai e o Sr. Chang? O Sr. tinha um acordo com ele e...


 - O amor não é um acordo filho, ele simplesmente acontece, sem ser planejado...


 - Está chovendo lá fora filho, você não pode tomar chuva! – ele apenas se virou e se apressou em direção a porta – Cedrico seu coração! Não faça nenhuma besteira filho! – ele abriu a porta e saiu – Tome cuidado – sussurrou a mãe preocupada


 - Deixe ele, o coração do nosso garoto corre muito mais perigo longe dela – disse o homem distante


 Enquanto isso Cedrico corria pelas ruas procurando por ela, a chuva caia forte sobre sua cabeça e ele já estava completamente encharcado. Dobrou a esquina a sua frente e deu de cara com uma bonita praça. Tentou enxergar através da água a sua frente, e suspirou aliviado. Lá estava ela, sentada em um banco sobre a grossa chuva, estava ensopada assim como ele, não dava para ver lágrimas, mas Cedrico sabia que ela chorava. Aproximou-se cautelosamente.


 - Nina! – ele teve de gritar para ela ouvir, o barulho da chuva era ensurdecedor.


 Ela se assustou com a presença dele ali.


 - O que você está fazendo aqui? – gritou ela no mesmo tom que ele


 - Eu só quero te explicar tudo Mônica!


 - Vai embora Cedrico!


 - Me deixa falar amor, me deixa te contar a verdade, eu só quero uma chance pra você me ouvir, eu...


 - Cala a boca Cedrico! – gritou ela mais alto – Você não pode ficar na chuva! Você é louco?!


 Cedrico ficou sem reação. Achou que ela estava lhe mandando embora porque não queria ouvi-lo, mas ela estava preocupada com ele.


 - Eu não me importo... – disse ele, e ela escutou


 - O quê? – perguntou incrédula


 - Se essa é a única maneira de você me ouvir, se isso vai te fazer me perdoar, se isso for trazer você de volta pra mim... pouco me importa! – disse a encarando


 - Nada disso vai fazer você me ter de volta! – disse durona, mas Cedrico sabia que a preocupação a estava corroendo por dentro.


 - Eu te amo! – disse pegando-a de surpresa


 - Eu não consigo mais acreditar nessas palavras, não vindo de você! Como eu vou saber se não é ela quem você ama? Ou se não outra? – ela parou, tentando entender a razão de tudo aquilo – Por que eu Cedrico? Eu preciso saber, por que eu?


 Houve um segundo de silêncio.


 - Eu te amo por que você sorri quando fica nervosa – começou ele com um grande sorriso, ela parou para ouvi-lo – por que você se preocupa mais com os outros do que com você mesma, por que você odeia batom – ela sorriu – por que, mesmo não admitindo, você sente falta dos seus pais. E por que eu passaria a noite toda aqui dizendo o porquê de te amar, mesmo que eu tenha que pegar uma pneumonia por isso.


 Eles se encararam, ela havia parado de sorrir. Cedrico abriu os braços e sem pensar duas vezes ela correu para abraçá-lo.


 - Por que não me contou antes? Por que esperou eu descobrir desse jeito? – disse num choro angustiado


 - Porque eu tive medo de te perder! – disse ele a abraçando mais forte – porque tive a idéia idiota de que as coisas se resolveriam sozinhas, mas não é assim que acontece. Me perdoa Nina, eu juro que posso explicar tudo.


 Ela se afastou um pouco para encará-lo, ou tentar, já que a chuva caía cada vez mais forte. Ele tossiu um pouco forte. Ela se adiantou.


 - Você vai ter todo o tempo do mundo pra me explicar, mas agora é melhor você sair dessa chuva, ou então algo pior do que uma pneumonia pode acontecer. – disse preocupada


 Ele concordou e sorriu. Cedrico se apoiou sobre o ombro dela e ambos começaram a andar.


 - Do que você está rindo? – perguntou a garota


 - “Você se preocupa mais com os outros do que com você mesma” – disse com um sorriso bobo


 Ela balançou a cabeça.


 - Você tem uma doença do coração, tomou chuva muito forte por minha causa, está fraco e você não quer que eu me preocupe?


 - Não é isso! – disse com a voz um pouco mais baixa, ela o olhou – é que você fica linda quando faz isso.


 Ela ficou um pouco sem graça e começou a apressar o passo. Quando chegaram à porta da casa dos Diggory, Cedrico já estava muito fraco, mal se agüentava em pé.


 - Porque você sempre faz a coisa errada Diggory? – disse rápido, já encoberta pelo telhado da casa. – Você sempre tem que fazer o que te dá na cabeça? Droga Cedrico! Fica acordado!


 Ela tocou a campainha desesperadamente, e a Sra. Diggory não tardou a abrir, como se já soubesse o que lhe esperava do outro lado da porta. O Sr. Diggory foi até eles apressado, pegou Cedrico pelos ombros e o deitou no sofá. Foi impressionante a rapidez com que Cedrico passara mal, num instante ele estava falando que a amava e no outro estava quase desfalecido em seus ombros. Ele já havia lhe contado algumas coisas sobre sua doença, mas ela nunca o vira daquele jeito. Sabia que ele era frágil, e que qualquer coisinha o deixava vulnerável, até mesmo uma chuva forte, ou uma briga com a namorada.


 - Filho fala comigo! – chamou o Sr. Diggory a tirando de seus pensamentos – Cedrico abre os olhos filho, você é forte!


 Cedrico se mexeu um pouco e seus olhos quase não se abriram. A Sra. Diggory sorriu um pouco fraco.


 - Mãe? – sussurrou ele – Onde ela está? Ela já se foi?


 A mulher sorriu um pouco mais forte e abriu espaço para Mônica passar. Ela se aproximou e se ajoelhou à frente do rapaz.


 - Ei amor – disse passando a mão pelos cabelos molhados do namorado – Eu estou aqui, está tudo bem.


 - Não vai embora? Por favor, deixa eu te explicar tudo...


 - Shi – disse chorando e segurando a mão dele - não precisa explicar nada agora, eu não vou a lugar algum, ta bem? – ele concordou com a cabeça – Eu te amo! E só quero que você fique melhor agora. Tente dormir um pouco,nós vamos estar aqui, o tempo todo certo?


 Ele concordou mais uma vez, fechou os olhos com alívio, respirou fundo e dormiu. O Sr. Diggory usou a varinha para secá-lo e eles o levaram para cima, onde antigamente era o quarto do filho. Mônica foi atrás e não saia de junto dele um só instante.


 - É melhor você descansar meu bem. – pediu a mulher


 - Não Sra. Diggory, eu prometi que não sairia de perto dele, e não vou sair. – respondeu firme


 A mulher se sentou ao seu lado, em um pequeno sofá que existia no quarto.


 - Ele vai ficar bem! Não é a primeira vez que isso acontece, quando ele era mais novo vivia tendo essas recaídas. – disse ela carinhosa – Foi só cansaço mesmo, essa doença o torna tão frágil!


 As duas o observavam como se medissem cada respiração do garoto.


 - Eu só não entendo como ele não tem nenhuma recaída durante essas batalhas. – disse a mãe vagamente


 Elas ficaram quase meia hora sem ao menos se mexerem, até que foram interrompidas pela voz dele.


 - Mônica! – chamou baixinho


 Ambas se levantaram apressadas.


 - Oi amor! – disse com a voz barganhada, ele sorriu


 O Sr. Diggory apareceu na porta e parou quando os viu, sorriu e acenou para que a mulher o seguisse. Ela se levantou e os dois caminharam para fora do quarto.


 - Você está sentindo alguma coisa? – perguntou séria, colocando o cabelo atrás da orelha


 Ele sorriu estendeu o braço e começou a acariciar o rosto da namorada. Ela se arrepiou com o toque dele e não conseguiu segurar o choro.


 - Achei que tinha te perdido. – disse ela entre soluços, se deitando junto a ele


 Ele a trouxe para mais junto de si.


 - Eu estou bem, foi só um susto. Isso não foi nada amor, está tudo bem! – disse beijando o topo da cabeça dela


 Eles ficaram um tempo em silêncio, apenas ouvindo as batidas do coração um do outro.


 - Me desculpe não ter te contado – disse ele – Eu tive medo de te perder.


 - Tudo bem, não precisamos falar sobre isso agora. – disse ela apoiando o queixo sobre o peitoral dele para encará-lo


 - Não! Eu estou bem! – resmungou ele – eu quero te contar toda a verdade, agora.


 Ela concordou.


 - Se é isso o que você quer?


 Ele engoliu em seco, e se calou por breves segundos.


 - Há uns doze anos atrás, eu devia ter uns oito e a Cho uns sete, - disse tentando se lembrar – estava acontecendo uma temporada de caça bruxa aquele ano, papai e o Sr. Chang estavam nela. No fim de quase uma semana eles estavam exaustos, e estavam no último dia da temporada, foi quando um grupo de Centauros, vindos do Norte, avançou em direção a eles. Eu nunca soube muito bem o que acontenceu...a única coisa que eu realmente sei foi que papai salvou a vida do Sr. Chang, e se tornou um herói para ele! Na mesma noite, quando já estavam em suas barracas recuperados do susto, o Sr. Chang prometeu, na frente de todo o acampamento, a mão da filha dele ao filho do homem que lhe salvara.


 - Isso é sério? – perguntou Mônica surpresa


 Cedrico sacudiu a cabeça e voltou a falar.


 - Papai não levou muito a sério, disse que seria uma honra ter a pequena Chang como nora! Estavam todos um pouco bêbados, e ele achou que todos esqueceriam no dia seguinte, e que até mesmo o Sr. Chang não se lembraria, mas não foi o que aconteceu – ele suspirou – No dia seguinte o Sr. Chang procurou o meu pai e disse que queria oficializar o compromisso.


 - E ele aceitou. – disse Mônica, como se fosse óbvio.


 Eles ficaram em silêncio enquanto ele, distraído, lhe acariciava a face e depois os braços.


 - E depois? – perguntou ela


 Os dois se sentaram, um de frente pro outro.


 - Quando ela fez 15 anos eles nos apresentaram e nós passamos a namorar. Éramos garotos, eu a achava bonita e acho que ela achava o mesmo de mim. – Ele fez uma pausa – Até que um dia percebemos que não nos amávamos, fizemos um acordo, iríamos fingir que ainda estávamos juntos para os nossos pais e depois que nos formássemos contaríamos a eles. Mas aí aconteceu tudo aquilo... 


 Mônica olhou para o lado pensativa.


 – Diz alguma coisa! – pediu ele


 Ela voltou a encará-lo.


 - O que você quer que eu diga? – perguntou com os olhos úmidos – “Vai Cedrico, corre pra ela”? Eu estaria sendo hipócrita, porque a última coisa que eu quero agora é te ver perto dela.


 Cedrico balançou a cabeça.


 - Mônica pára com isso! Eu não sinto nada por ela, é você quem eu amo! – ele pegou o rosto dela entre as mãos – Quantas vezes eu vou ter que te explicar isso?


 - Não é isso amor, eu sei que você me ama. – ela já estava chorando novamente


 - Então o que é? – perguntou ele carinhoso, enquanto secava as lágrimas do rosto dela


 - É que hoje, pela primeira vez, eu soube que... - ela pausou – que eu não posso mais viver sem você.


 Cedrico a olhou com carinho e depois a abraçou.


 - E só hoje você descobriu isso? – perguntou em tom brincalhão – eu sabia disso desde o primeiro dia em que te vi!


 - Pára seu bobo! – pediu ela e depois deu um tapinha de leve no ombro dele -  Você sabe o que eu quis dizer.


 - Eu sei!


 - Eu te amo! – sussurrou ela


 Ele a afastou de seu abraço, a encarou e depois a beijou apaixonadamente.


 - Eu sei disso também! – ambos sorriram


 Ele a trouxe para mais perto de si novamente.


 - Você não vai me perder nem por um segundo, vai ter que me agüentar por muito, mas muito mais tempo ainda!


 - Então eu quero que você vá ver a Chang. – disse ela em um tom de voz muito suave


 - A gente tem tempo pra pensar nisso, agora eu só quero ficar aqui com você, sentindo seu cheiro, ouvindo sua respiração... é a única coisa que ainda me mantém vivo. – ele beijou o topo da cabeça da namorada – Eu te amo.


 - Eu sei! – eles voltaram a sorrir

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