Largo Grimmauld



22horas e 23minutos


 


Olívio observava o homem guardar alguns de seus pertences dentro da mochila, não era muita coisa. Viu ele colocar um livro e enfim fechá-la.


 


- Está pronto? – perguntou


 


- Sim, pronto! – respondeu Dolohov visivelmente agitado


 


- Não precisa se preocupar,vamos te por naquele navio e você vai chegar livre até a Itália. – assegurou-lhe Olívio


 


- Porque a Itália? – perguntou o outro curioso


 


- É o próximo navio a partir, depois dele só daqui a três horas. – disse tranquilamente


 


Dolohov balançou a cabeça em sinal de entendimento e os dois saíram do quarto, se dirigindo ao andar de baixo, onde estavam os outros. Desceram em silêncio, e ao atingiram o último degrau pararam diante dos garotos. Dolohov pareceu tenso ao notar a presença de Tonks, que o encarava duramente.


 


- Fique calmo Dolohov! – disse Draco notando a tensão dele – Tonks vai nos ajudar, não vamos te trair, trato é trato.


 


O homem assentiu, mas ainda permaneceu alerta.


 


- Tem algo que quero entregar a vocês. – disse tirando algo do bolso da frente da surrada mochila – Harry pediu que eu entregasse quando tivesse terminado o serviço pra vocês.


 


Viram, sobre olhares atentos e curiosos, ele tirar da mochila dois envelopes, lacrados.


 


- Uma é para todos vocês e outra é para Granger. – disse estendendo os envelopes


 


Hermione se adiantou e tomou os envelopes da mão dele. Os observou atentamente, um tinha o nome dela e o outro estava escrito: À minha família. Um pequeno sorriso se instalou em sua face com o fato de Harry chamar os amigos de família. Ela passou o segundo envelope a Rony, ainda sorrindo.


 


- São cartas. – disse desviando seu olhar de Rony para Dolohov – Obrigada Dolohov, por tudo.


 


O homem sorriu tristemente.


 


- Não precisa agradecer Granger, ainda estou em divida com vocês. – admitiu e se virou para Tonks, visivelmente constrangido – Srta. Tonks, não vou pedir desculpas porque sei que o que fiz não tem perdão, mas quero que saiba que me arrependo e que se pudesse voltar no tempo teria feito tudo diferente, espero que algum dia possa pelo menos deixar de me odiar por ter tirado a vida de alguém que amava.


 


Tonks respirou fundo e soltou o ar pesadamente.


 


- Não seria hipócrita de dizer que um dia vou te perdoar e que talvez o ódio que sinto por você desapareça... – disse sincera e ele assentiu – Mas, acredite, o desejo de vingança que nutria por você se foi. Estamos quites agora, você tirou a vida de alguém que eu amava, mas devolveu a vida a alguém que eu amo.


 


Dolohov pareceu se tranqüilizar com o que ela dissera.


 


- Dolohov, o horário. Qual é? – perguntou Gina sem delongas


 


Dolohov pareceu refletir por alguns instantes, temendo que se contasse antes de estar a salvo poderia ser traído.


 


- Você tem nossa palavra Dolohov. – disse Cedrico como se lesse os pensamentos do homem – Espero que ela baste a você, porque não há outro jeito de fazermos isso!


 


Dolohov suspirou e tirou de dentro do bolso da calça um pequeno pedaço de pergaminho.


 


- 23:47 – disse entregando o pergaminho a Cedrico, que tinha escrito exatamente aquele horário


 


Cedrico balançou a cabeça o encarando.


 


- Obrigada, mais uma vez. – disse por fim


 


O silêncio se fez presente e Olívio percebeu que era hora deles irem.


 


- Hermione, a capa. – pediu o garoto e ela lhe entregou – Nina, a poção polissuco. – Mônica repetiu o gesto de Hermione – De quem é? – perguntou se referindo a poção


 


- Um homem de meia idade, tem o mesmo porte que Dolohov, peguei na lanchonete da esquina, não tem erro. – lhe assegurou a garota


 


Olívio assentiu.


 


- A chave do carro. – pediu dessa vez a Draco – Afinal essa porcaria teria que ter alguma serventia. – brincou e Draco sorriu lhe entregando a chave


 


- Quem vai dirigir? - perguntou Thereza


 


- Não se preocupe, não será eu. – tranqüilizou-os fazendo-os rirem – Tonks vai comigo, ela irá dirigindo. - a mulher assentiu sobre o olhar dos outros. - Nos desejem sorte!


 


Os garotos desejaram sorte a eles um a um e se despediram. Olívio passou a capa a Dolohov e ele vestiu-a, os três deixaram a casa logo depois. Os amigos ficaram sozinhos, em um silêncio que durou alguns minutos.


 


- Vocês querem ler? – perguntou Gina, que agora tinha a carta nas mãos


 


Eles se entreolharam, um esperando o outro decidir.


 


- Você lê pra nós Gina? – pediu Mônica, sentindo um frio na barriga


 


Gina concordou e passou a abrir o envelope, sobre o olhar dos amigos. Dava pra ouvir a respiração ofegante de cada um com o silêncio que se estabeleceu. A voz de Gina retumbou no local, fazendo-os estremecer por dentro.


 


“Hermione, Mônica, Cedrico, Draco, Gina, Rony e Thereza,


Passei a noite pensando se deveria escrever essa carta e havia decidido não fazê-lo, mas tem coisas que preciso dizer se acaso tudo não sair como o planejado e vocês não conseguirem me salvar. Não que esteja duvidando de vocês, sei que estão fazendo o possível e o impossível e se estão lendo isso agora, provavelmente já devem ter todas as respostas, mas ainda assim o destino é incerto e tudo pode acontecer. Bem, foi pensando nisso que decidi escrever, é como uma despedida, caso o destino teime em conspirar contra nós. A primeira coisa que quero dizer é que Merlin sabe o quanto eu sofri todo esse tempo sem poder contar nada a vocês, já que a única coisa que eu queria era correr até vocês e gritar por socorro, pedir ajuda. Fazer tudo isso sozinho tem acabado comigo, mas estou bem agora, e acho que estar em paz vai me ajudar a agüentar a solidão. Quero também pedir desculpas a você Mônica, por não ter estado aí pra te levar até o altar, imagino o quão linda você vai ficar naquele vestido e meu coração dói ao pensar que não verei minha irmãzinha no dia mais importante da vida dela. Imagino o quanto vocês devem ter sofrido durante todo esse ano que passou e sinto muito por isso também, mas se não der certo quero pedir que não sofram mais, por favor, não se culpem, voltem a viver a vida de vocês, não quero que sofram mais por mim, quero que sigam em frente, ou jamais poderei me perdoar.


Quero pedir uma última coisa a vocês, caso não dê certo  ele é quem sairá e entendam uma coisa, não há nada sobre mim que ele não saberá, todos os meus segredos, os meus temores, todos os meus pensamentos. Isso torna tudo muito mais perigoso, ele terá a minha aparência, saberá agir como eu, mas vocês precisam estar atentos e preparados, não deixem a emoção confundí-los, ele saberá usar isso a favor dele, vocês precisarão ser mais espertos, não podem errar. E se for ele, não hesitem nem um segundo depois de descobrirem, matem-no, não deixe que tudo tenha sido em vão. Confio em vocês para isso, ele não será tão intocável como já foi um dia.


Espero voltar a vê-los, mas se não acontecer quero que saibam que amo todos vocês e cada segundo que passamos juntos foi inesquecível, compartilhar cada dor, cada alegria, cada derrota e cada vitória com vocês tornou minha vida muito mais feliz, mais humana, mais real. Não teria conseguido nada disso sozinho, vocês são os verdadeiros heróis, não eu, nunca se esqueçam disso. Sejam felizes!


 


Do eterno amigo, irmão e amor,


Harry James Potter.”


 


Gina terminou de ler com a voz falhando, lágrimas desciam de seus olhos sem que tomasse consciência delas, dobrou calmamente o pergaminho e encarou os amigos. Mônica, Hermione e Thereza também tinham as faces cobertas de lágrimas.


 


- Não vamos falhar! – disse Rony com a voz rouca – Esqueçam essa carta.


 


- Rony tem razão, não pensem nisso, temos tudo sobre controle! – disse Draco em tom de reprovação


 


Ninguém mais disse nada, todas as hipóteses e especulações não adiantariam de nada, a única coisa que tinham a fazer era esperar e torcer pra que tudo desse certo.


 


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Hermione se sentou na beirada de sua cama com a carta de Harry nas mãos, ainda não sabia se deveria ler, tinha medo do que ela dizia. Olhou novamente para a carta, Harry queria que ela lesse. Suspirou e rompeu o lacre, abrindo-a em seguida.


 


“Meu amor,


 


Sabe aquele momento em que toda a sua vida passa diante dos seus olhos? Dizem que é na hora da morte, mas hoje tive a certeza de que acontece quando se toma uma decisão importante, uma decisão que muda tudo, todo o curso da história e então o que poderia ter sido também passa diante de você. Hoje tomei a decisão mais difícil e altruísta da minha vida, logo eu sempre tão egoísta decidi pedir a única mulher que amei que ela me esqueça caso eu não retorne. Vi então minha vida passar diante dos meus olhos, todos os momentos importantes, e adivinha: você estava em todos eles. Vi também como poderia ter sido diferente se tudo isso não estivesse acontecendo, vi você em um lindo vestido branco caminhando até mim, vi nossos lindos filhos, vi nós dois envelhecendo juntos e pude ver o quanto seriamos felizes, e por isso torna o que vou dizer ainda mais difícil. Mione, se eu não voltar quero que siga em frente, quero encontre alguém que te ame e te respeite, alguém que te faça rir como eu jamais fiz, que não te faça chorar como fiz e que não te faça sofrer. Caminhe até ele vestida de branco, tenha filhos com ele, envelheça ao lado dele e deixe-o te fazer feliz. Como disse você foi a única e por isso posso me contentar em ter sido o seu primeiro. Não se deixe confundir quando a porta for aberta e de lá sair um certo moreno de olhos verdes, veja além das aparências. Você sempre conseguiu ver minha alma, espero que não tenha perdido o jeito.


Amo você.


 


Adeus.


Do sempre seu, Harry.”


 


Hermione dobrou a carta, limpando uma teimosa lágrima em seguida.


 


- Idiota! – murmurou – Você é um completo idiota Potter!


 


Suspirou. Não sabia o que pensar, estava confusa demais, tudo estava acontecendo muito rápido. Não queria pensar no que poderia ou não acontecer se Harry não voltasse, só queria se concentrar no fato de que o veria novamente dentro de algumas horas. Isso já era o suficiente para lhe enlouquecer, não precisava ficar pensando se conseguiria amar outro homem caso não tivesse Harry novamente. Ela balançou a cabeça e guardou a carta em uma das gavetas da escrivaninha, não iria pensar nela novamente, não por agora.


 


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23horas e 06minutos


 


Olívio e Tonks haviam acabado de voltar e traziam com eles o Ministro e mais quatro aurores. Os Weasley também haviam chegado.


 


- Estão prontos? – perguntou Olívio visivelmente ansioso


 


Eles concordaram com um aceno de cabeça. Todos estavam tensos, era notável.


 


- Saímos em meia hora, tentem se acalmar, precisamos de vocês com a cabeça no lugar lá. – pediu Olívio


 


- Nós iremos aguardar aqui. – disse o Sr. Weasley se referindo a ele e o restante da família, tirando Rony e Gina


 


Olívio concordou.


 


- Cedrico, será que você e Gina poderiam revisar tudo? – Olívio viu os dois saírem – Hermione, posso falar com você? A sós?


 


Hermione franziu a testa, mas concordou e os dois partiram em direção ao escritório. Olívio foi o último a entrar e fechou a porta atrás de si.


 


- Deu tudo certo com Dolohov? – perguntou Hermione preocupada


 


- Sim, sim. Tudo saiu perfeitamente bem. – disse imediatamente e se calou


 


Hermione o encarou esperando ele se pronunciar.


 


- Então... – disse Hermione fazendo um gesto com a mão


 


Ele sorriu nervosamente.


 


- O Ministro me ofereceu um trabalho nos EUA, muito bom, será uma ótima experiência pra mim e bem... eu aceitei. – contou


 


- Que bom Oli! Fico feliz por você! – disse Hermione sincera, mas sem saber aonde ele queria chegar com aquela conversa


 


Ele ignorou o comentário que ela fez, não queria perder a coragem.


 


- Eu só aceitei porque tenho certeza que vamos conseguir tirá-lo de lá. – admitiu – Mas preciso saber se acaso não acontecer... entenda Mine, eu quero que dê certo, muito! – apressou-se em dizer - Mas preciso saber caso ele não voltar, se há alguma chance pra nós dois? Não digo amanhã, ou daqui um mês, mas quero saber se algum dia você nos daria essa chance.


 


Hermione estava surpresa. Não havia pensado em nada disso, não havia pensado em não dar certo, e agora tudo parecia pressioná-la pra tomar uma decisão sobre algo incerto e pro qual ela não estava preparada, tinha que admitir. Ela abriu a boca algumas vezes, mas continuou sem dizer nada. Encarou-o, ele continuava no mesmo lugar, com a mesma expressão de desespero. Ela relaxou, devia isso a ele.


 


- Oli... – começou docemente, se aproximando. Colocou uma das mãos na face dele – Você seria o primeiro e talvez o único pra quem eu entregaria meu coração novamente se ele não voltar, mas não posso prometer quanto tempo vai levar pra que isso aconteça.


 


Ele sorriu tristemente.


 


- Obrigada. – disse, realmente grato


 


Ele a abraçou com tanto carinho que Hermione percebeu que não mentira, poderia tê-lo amado e ele poderia ser o alguém de quem Harry falara na carta, mas queria que jamais precisasse encontrar esse alguém.


 


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23horas e 40minutos


 


O Largo Grimmauld estava escuro e deserto, exceto pelos bruxos ali presentes, não havia ninguém na janela espiando o anormal movimento. Eles estavam todos parados, fitando atentamente o número 12 a frente.


 


- Diggory. – chamou-o o Ministro, tirando-o de seu transe – Gordon irá lhe passar o procedimento, você vai abrir em sete minutos não é isso? –perguntou consultando o relógio de bolso


 


- Sim senhor. – confirmou Cedrico com a voz rouca


 


Viu o tal de Gordon se aproximar.


 


- Você vai deixar sua varinha conosco. – disse o auror visivelmente tenso – Você vai apenas abrir a porta. Preste bem atenção garoto, você não vai entrar, vai abrir a porta e se afastar o máximo que puder. Entendido?


 


Cedrico balançou a cabeça. A verdade é que não conseguia raciocinar direito. Sentiu a mão de Mônica na sua e se virou para olhá-la.


 


- Vai dar tudo certo. – sussurrou a garota com os olhos úmidos


 


Ele mais uma vez acenou com a cabeça e depositou um rápido beijo nos lábios dela.


 


- Hora de se aproximar Cedrico. – ouviu alguém dizer – Quatro minutos! Me dê sua varinha.


 


Ele apenas retirou a varinha de dentro do bolso do casaco e entregou a quem quer que fosse. Hermione o observou aproximar-se, sua mão estava suando frio e o ar parecia faltar em seus pulmões. Cedrico parou em frente a porta, olhou seu relógio de pulso “Três minutos”, pensou. Olhou para trás uma última vez, seus amigos estavam apreensivos, tensos, temerosos e tanto outros sentimentos pôde ver que preferiu se voltar para a porta e concentrar-se. Olhou o relógio mais uma vez, agora faltava um minuto apenas. Pôs a mão direita na maçaneta, enquanto mantinha a esquerda erguida, vendo os segundos passarem lentamente e quanto mais eles passavam mais sua respiração ficava ofegante. Cinco, quatro, três... Viu o ponteiro dos minutos se mover para 47 e no mesmo instante girou a maçaneta, empurrando a porta por completo. Uma forte luz o fez fechar os olhos, ouviu gritos vindos do interior da casa e tateou o bolso atrás de sua varinha, mas não achou nada.


 


- Afaste-se Diggory! – ouviu alguém gritar


 


Pôs o braço sobre o rosto e começou a dar passos para trás, mas a escada dificultava e impedia que fosse rápido. Chegou ao último degrau e os gritos cessaram, mas a luz permanecia forte e o impedia de abrir os olhos. Sentiu alguém puxá-lo pelo braço e deixou-se ser guiado até aonde todos estavam. Dalí conseguiu abrir os olhos, mas era difícil focar muito tempo a luz e não podia ver nada além dela.


 


- Merlin! O que é isso? – exclamou Rony


 


A luz começou a perder a intensidade aos poucos e aos poucos também eles começaram a abrir os olhos por completo. Viram a porta do número doze escancarada, mas nada podiam enxergar dentro dela, senão o breu. Seus corações voltaram a bater descompassados quando avistaram um pequeno movimento vindo de dentro, um vulto parecia sair das sombras, estava cambaleante, viram uma das mãos se apoiar no corrimão do lado de fora, era uma mão magra e coberta por cortes. Eles nem sequer respiravam direito agora, o tempo parecia ter parado, quando enfim viram o vulto sair por completo da escuridão e revelar uma homem um tanto quanto magro, com cabelos negros bem crescidos, barba igualmente negra comprida e olhos verdes fundos. Os joelhos de Hermione fraquejaram e Draco precisou segurá-la por temer que ela caísse. Harry Potter estava diante deles, ou pelo menos, seu corpo estava.


 


- Parado! Não se mova! – gritou Gordon, apontando a varinha para ele – Seja você Harry Potter ou não.


 


 


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Pessoal ta aí o Cap.


Talvez só tenhamos mais um,m ou talvez dois!!!


 


esperam que gostem e comentem pro outro chegar rapidinho!!!! rsrsrsr


 

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