Capitulo 2 - Escolhas



Capitulo 2 - Escolhas

Harry despertou sentindo-se tonto, estava deitado com o rosto para baixo, durante um bom tempo apenas ficou prestando atenção no silêncio. Ele estava completamente sozinho. Ninguém o olhava. Não havia uma via alma mais lá. Ele não tinha total certeza da presença de si mesmo e não lembrava-se exatamente do que tinha acontecido.
Um bom tempo depois, ou talvez tempo algum, percebeu que ele devia existir, devia ser mais que pensamento sem corpo, porque estava deitado, definitivamente estava deitado sobre algo. Portanto, tinha uma sensação do toque, e a coisa sob a qual estava deitado devia existir também.
Quase no instante em que chegou a esta conclusão, Harry se tornou consciente de sua nudez. Após um instante de total perplexidade recuperou-se convencido de sua solidão total, isto não o perturbou, mas o intrigou ligeiramente. Ele imaginava que, como podia sentir, poderia também ver. Ao abrí-los, descobriu que tinha olhos.
Após abrir os olhos percebeu que estava deitado numa névoa clara, embora não fosse como qualquer outra névoa a qual tivesse visto. O ambiente ao seu redor não estava coberto pelo vapor, aliás o ambiente ao seu redor era formado pelo vapor. O chão em que ele deitava parecia ser branco, nem quente nem frio, mas simplesmente estava lá, algo branco e achatado.
Ele se sentou. Seu corpo parecia ileso, mas estava completamente amortecido. Ele tocou sua face. Não estava mais usando óculos.
Então um barulho chegou até ele através do nada que o cercava: percebeu quase no mesmo instante que era o barulho de água, um rio para ser mais específico, podia ouvir o barulho da corrente de água. Virando-se para o outro lado percebeu ao longe um imenso rio, que ele não notara antes, talvez devido a sua desorientação.
Olhando melhor Harry percebeu que não era apenas um rio, mas havia várias correntes de água, que pareciam levar a lugares diferentes. Estavam muito ao longe, mas o moreno percebeu figuras indistintas próximas aos rios, pareciam sombras ou vultos.
Pela primeira vez, desejou estar vestido.
Seu desejo mal se formara em sua cabeça quando vestes apareceram numa curta distância. Passada a surpresa inicial, ele as pegou e vestiu: elas eram macias, limpas e quentes. Foi extraordinário como elas apareceram, simples assim, no momento em que ele as quis...
Levantando-se olhou novamente ao redor com algumas perguntas martelando em sua cabeça. Será que ele estava em uma grande Sala Precisa? E o que demônios havia acontecido? Quanto mais ele olhava ao redor, mais detalhes apreciam para ver. Não havia teto no local, apenas um imenso vazio, que parecia infinito na escuridão. Talvez fosse um campo. Tudo estava silencioso e parado, exceto pelos barulhos das correntezas que ficavam cada vez mais fortes.
De repente uma vontade louca de saber o que estava fazendo num lugar como aquele se fez presente na mente de Harry, queria entender o que acontecera. Será que tinha morrido? O pensamento o assombrou de tal forma que ele sentiu a súbita necessidade da resposta.
Ele apressou-se e começou a caminhar de maneira rápida e decidida em direção as sombras que estavam ao longe. Quando estava próximo pode perceber que realmente eram sombras que embarcavam numa espécie de barco de aparência miserável, era de madeira de aparência apodrecida e que não inspirava nem um pouco de confiança, parecia ser grande o bastante para apenas seis pessoas embarcarem nele. O barco mal se sustentava nas agitadas águas esverdeadas, não se podia ver as profundezas do rio, pois eram escuras e sombrias como se escondessem segredos.
Na proa do velho barco estava um ser que mais parecia um cadáver, era tão magro que os ossos quase perfuravam a carne, o rosto encovado e os olhos negros saltando pelas órbitas, em sua face um sorriso que demonstrava alguma espécie de alga verde entre os dentes, não havia um fio de cabelo em sua cabeça e mal se cobria com pedaços de pano que pareciam ser de um velho shorts podre.
A surpresa deixou Harry paralisado, que tipo de lugar era aquele? O que eram aquelas sombras e aquele ser estranho que mais parecia a descrição da morte? As perguntas voltavam com força a mente do moreno. Foi então que ele percebeu um movimento com o canto de seu olho direito. Virando-se rapidamente, viu-os.
Um homem e uma mulher caminhavam em sua direção lado a lado, não, Harry corrigiu, não pareciam um simples homem e uma simples mulher. O poder irradiava de ambos, se ele acreditasse poderia dizer que estava na presença de dois deuses, pensou com sarcasmo.
A mulher possuía cabelos da cor do ouro, que brilhavam com a aura prateada que a rodeava, os olhos prateados de um tom nebuloso pareciam que podiam ver alem de tudo e de todos, aparentava ter vinte anos, a pele tão alva que emanava um leve brilho, ela parecia sorrir enquanto caminhava em sua direção.
Ao lado da loira, um homem de cabelos loiros platinados que lhe chegavam aos ombros, os olhos prateados como o frio do aço, sua pele era tão branca quanto a neve, como se não visse o sol a muito tempo. Também aparentava não ter mais que vinte anos. Uma aura azul arroxeada e praticamente sem vida o circulava, o que causou arrepios na espinha de Harry.
Eram perigosos, foi o que Harry pensou um instante antes dos estranhos seres pararem a cerca de dois metros de si, o homem o olhava com os olhos frios como o aço e uma expressão séria, a mulher tinha um ar mais amigável e parecia sorrir para ele, mas também aparentava seriedade.
- Quem são vocês? - Perguntou Harry calmamente, escondendo todo o receio que sentia. Era uma das grandes habilidades que ele havia aprendido em seu treinamento, Snape fora ótimo nesse aspecto, apesar do caráter sombrio.
- Sou Baha. - Respondeu a mulher, o tom de voz era longínquo como se ela falasse de um lugar muito distante, mas mesmo assim era bela e continha sabedoria.
- Sou Hades. – o homem disse, a voz era tão fria quanto Harry imaginava e sua expressão parecia avaliativa.
- O que querem? - Perguntou o moreno.
- Lhe oferecer uma oportunidade que nenhum mortal jamais recebeu. - Falou Baha se aproximando, Harry notou que ela era alguns centímetros mais baixa que ele.
- Só se vocês forem deuses. - Disse Harry calmamente achando aquilo uma droga, não sabia o que estava acontecendo, e não gostava disso.
- Como adivinhou? - perguntou Baha em tom divertido, chegando mais perto do moreno. - Eu estou aqui para lhe oferecer uma nova vida. - Falou Baha em tom de voz profundo e poderoso.
Harry reparou que o homem era calado, falava pouco, apenas o necessário.
- Não procuro uma nova vida. - Falou Harry, pausou um momento e então uma revelação surgiu em sua mente – Eu morri, não foi?
- Sim. – Hades respondeu seco e direto.
O moreno forçou a mente, tentando se lembrar de como acontecera sua morte. Como um raio as imagens surgiram em sua mente, rápidas e dolorosas. Lembrou-se do ataque que Voldemort empreendera contra o castelo, as lutas sangrentas que se seguiram, sua batalha com o Lorde das Trevas que perdurara por toda a noite, reviu os corpos de seus amigos, Luna toda ensangüentada, Neville pálido e frio estirado no chão, Gina fora praticamente esquartejada, e havia Rony e Hermione, ambos haviam sido torturados e mortos.
Novamente a dor de ver os amigos mortos voltou com força, a impotência diante do inevitável, a desolação e o ódio, seguidos pela resignação e a apatia quando ele desistira de lutar e se entregara a morte. O vazio deixado pela morte deles, Harry sabia que jamais teria suportado viver num mundo sem os amigos.
Levantou os olhos cheios de dor e desolação para os estranhos a sua frente. Quando falou sua voz estava vazia e sem emoções, contrastando com o seu semblante que se encontrava turbulento pelas lembranças recentes.
- Acho que não quero mesmo uma nova vida. – falou Harry pausadamente, como se falar fosse doloroso.
- Não a sua. - Disse Baha em tom profundo e sábio. - Harry Potter, nós podemos trazer todos os seus amigos e conhecidos de volta, podemos fazer a última batalha de Hogwarts nunca ter ocorrido.
- Quem você pensa que é para brincar com uma coisa dessas? - Urrou Harry em fúria, sua dor era grande, quem eles pensavam que eram para brincar com a memória daqueles que ele amava. Os seres pareceram não ligar para a repentina explosão do moreno.
- Sou Baha, guardiã das eras, senhora do tempo! Eu sou a observadora do passado, presente e futuro. - Disse a mulher em tom firme e forte, o brilho dos olhos prateados parecia aumentar de intensidade. - Eu já vi diferentes futuros e passados, já observei o futuro de cada escolha que os humanos fizeram e vão fazer, vi centenas de mundos ruírem e caírem na escuridão das trevas como o seu e outros sendo criados. Eu posso mudar o passado e o futuro dos homens, mas nunca posso mudar o meu.
- Eu sou Hades, Deus dos Mortos e Senhor do submundo! Sou o guardião das almas dos mortos. – o homem falou com sua voz fria e gelada como o aço, seus olhos tambem brilhavam com mais intensidade – Já vi milhoes de almas passando por esse mesmo lugar para atravessar o rio Aqueronte.
- Deuses não existem. - Falou Harry. - E mesmo que existissem, eles não passariam de seres superficiais e cruéis que têm inveja de sua própria criação, divertindo-se enquanto a vêem se auto-destruindo.
- Você descreveu bem alguns deuses. - Falou Hades, sua voz soou mais fria, demonstrando que estava levemente ofendido. – Alguns deuses realmente são assim, mas isso não quer dizer que todos somos ruins.
- Você disse que as almas passam por esse lugar para atravessar o rio Aqueronte. – observou Harry após refletir sobre as palavras do tal Hades. Ainda não estava convencido de que eram realmente deuses. Hades concordou – Então me diga que lugar é esse.
- Ao contrário do que você pensa, eu não sou o deus da morte, mas sim do pós-morte. – Harry ficou levemente surpreso ao ver que ele percebera o que estava pensando – Eu não sou inimigo da humanidade, como é o caso de Ares, deus da guerra. Esse lugar em que nos encontramos não possuí um nome próprio, cada um o descreve da maneira que achar melhor, é a entrada para o reino dos mortos. É aqui que todos os mortos, bons ou maus, chegam.
Harry ouviu aquilo quieto, então ele estava no lugar para onde iam as almas dos mortos. Hades o observava, assim como Baha, não conseguiam ver o que aquele mortal pensava, era como se houvesse uma espécie de barreira ao redor dele, sabiam o que aquilo significava, por isso o haviam escolhido e decidido interferirem no destino dos humanos.
- Os mortos pegam a balsa de Caronte para atravessar o rio Aqueronte, também conhecido como rio das dores. Ele transporta os heróis. As crianças, os ricos e os pobres para o Hades, ou Mundo Inferior. Na outra margem do Aqueronte fica Cérbero, o cão de guarda de três cabeças do Hades. Ele é muito dócil e gentil com as almas que chegam, mas demonstra sua face violenta caso elas tentem fugir.
Harry lembrava-se de ter lido algo sobre o mitológico Cerbero que guardaria os portões do Tartaro, um enorme cão selvagem que era mais forte que cem homens.
- O que acontece coim os mortos após atravessarem o rio? – perguntou Harry, nao sabia exatamente por que perguntara, mas queria saber.
- No Hades as almas são julgadas por três juizes, com responsabilidades específicas: Minos tem o voto decisivo, Éaco, julga as almas européias e Radamanto, julga as almas asiáticas. Nem mesmo eu interfiro no julgamente deles, a não ser em algumas raras ocasiões. Quando um morto cai no Tártaro ele recebia uma punição específica. Os juízes não são deuses e sim mortos que devido à sua forte personalidade e seu senso de justiça tornaram-se juízes. Em algumas versões eu presio o tribunal dos mortos.
Harry reconhecia vagamente algumas informações que ele lera na escola primária, mitologia era sua matéria preferida. Lembrava-se da primeira vez que a professora de história citara algo sobre deuses em sua aula, foi como se uma chama se acendesse no interior do moreno. No intervalo da aula ele fora a biblioteca e pedira um livro sobre o assunto, que ele levara para casa. Fora aunica coisa que realmente chamara sua atenção na escola. Voltou a prestar atenção nas palavras de Hades ao perceber que ele voltara a falar.
- O mundo inferior possuí um largo portão de bronze que é fechado por dentro, cercado por muralhas triplas que rodeiam todos os condenados, ninguém nunca conseguiu escalá-lo para fugir. Lá os mortos são julgados por diferentes deuses e juízes, existem apenas tres caminhos para onde os mortos são enviados. O primeiro caminho leva a um lugar chamado de Campo, uma região de nevoeiros e de árvores assustadoras. É tambem conhecida como Planície dos Narcisos, para onde são mandados os mortos menos afortunados, nao recebem nenhuma punição especial, a não ser a trizteza.
Harry viu Baha mecher-se de maneira desconfortável, como se não gostasse de ouvir o que Hades explicava ao moreno.
- O segundo caminho leva aos Campos Elísios, é o que os humanos chamam de paraíso, onde estão as almas dos heróis, santos, poetas e outros. Nele corre o rio Estige (rio da imortalidade), é onde o sol brilha e existem cascatas de vinho, onde ninguém fica bêbado. Os mortos dos campos elísios podem voltar à Terra por um curto período de tempo, mas como sua nova vida é tão boa, raramente o fazem, mesmo por pouco tempo. – Harry ficava cada vez mais interessado no que Hades falava, era como se estivesse hipnotizado – O terceiro caminho leva ao chamado Tártaro, possue um largo portão de bronze que é cautelosamente fechado por dentro. O Tártaro seria o inferno dos humanos, um lugar de penas, castigos e danação eterna, é reservado apenas as pessoas más ou aqueles que desafiaram os deuses. Os gritos de angústia ecoam nas altas muralhas triplas que rodenham os condenados. É onde os Titãs, os antigos deuses que foram aprisionados por Zeus, por mim e por Poseidon. Estas três “prisões” ão rodeadas por cinco rios, Aqueronte (o rio da dor), Cócito (lamento), Flegetonte (fogo), Lete (esquecimento) e Estige (ódio), que fazem a fronteira entre os mundos superiores e inferiores. – termimou o relato Hades.
Harry ficou imerso em pensamentos por alguns segundo até que a voz de Baha voltou a soar, surpreendendo Harry que se esquecera dela.
- Já chega de perdermos tempo com coisas que não são importantes. – a voz dela soou levemente irritada – Vamos ao que interessa.
- Certo. – concordou Hades – Como Baha disse, nós podemos lhe oferecer umas nova vida, onde seus amigos ainda estão vivos, assim como seus pais também.
Os olhos de Harry brilharam de interesse quando Hades falou sobre os amigos e principalmente os pais, aos quais ele secretamente sempre desejara conhecer.
- Como assim? - Perguntou o moreno.
- É complicado explicar o complexo do contínuo de tempo e espaço e da morte para humanos. - Falou Baha com descaso. - Mas pense bem Harry Potter, para termos de trazer seus amigos e seus de volta, você terá de pagar um preço, talvez alto demais para você.
- Nenhum preço seria alto demais. - Falou Harry, não importava quem eles fossem, ele jamais desperdiçaria a oportunidade de ter seus amigos e pais de volta.
- Nós teríamos de apagar sua existência desse mundo. - Falou Hades calmamente. – Desviaríamos a linha temporal onde seus pais não estavam em casa na hora em que você foi atacado pelo Lorde Negro e criaríamos uma nova zona temporal, algo parecido com uma nova dimensão. Nessa dimensão seus pais não morreram, Voldemort caiu, mas retornou durante seu primeiro ano na escola, ao roubar a pedra filosofal. Seus amigos também estariam vivos, você teria seus pais e também teria dois irmãos.
Harry estava com um olhar distante, como se apreciando o que eles ofereciam para si, a chance de ser novamente feliz.
- Nesse novo mundo Voldemort voltou mais poderoso do que nunca, continuando seu reino de terror, ele conquistou vários países e está em uma guerra com o mundo que ainda é livre de sua influencia.
Harry arregalou os olhos incrédulo, Voldemort conquistou países inteiros, e esta ainda mais forte segundo ela. Como ele deteria algo assim?
- Você pode detê-lo nesse mundo, pode impedir que ele vença dessa vez, ter a oportunidade de salvar seus amigos, afinal você conhece melhor do que ninguém o jeito do Lorde pensar e agir, do que ele gosta de provar. - Disse Hades, sua voz saía fria e calma como se tentasse explicar uma coisa simples a uma criança.
- Mas como eu poderia vencer Voldemort se nesse mundo ele esta ainda mais forte? - Perguntou o moreno confuso com tudo aquilo. Não sabia se ficava cheio de esperança ou se ficava desolado pelos lados negativos e da derrota certa nesse novo mundo.
- Você estará ligado a Voldemort da mesma maneira. - Falou Baha calmamente. – Como ele está mais forte você também estará mais poderoso, poderia lutar contra Voldemort, conseguir a vingança que você sempre desejou, reconstruir sua amizade com seus amigos e impedir que a destruição se espalhe por todo o mundo como ocorreu em seu mundo.
- E o que vai acontecer a dimensão em que eu morri? - Perguntou o moreno confuso.
- Será totalmente obliterada, destruída, será apagada. Por isso dizemos que sua escolha é sem volta. - Disse Hades, agora ao lado de Harry.
- Como eu sobrevivi ao ataque de Voldemort se minha mãe não se sacrificou para me dar a proteção? – perguntou Harry curioso.
- Você tem um poder oculto muito grande, seu potencial mágico é superior a de qualquer humano que já vi. Como ele o atacou quando ainda era uma criança inocente seus poderes agiram de maneira instintiva se defendendo e o protegendo. – vendo que o moreno de olhos verdes iria formular uma pergunta continuou – Sua mãe nunca precisou se sacrificar para salva-lo, mas como ela o fez da primeira vez seus poderes não se manifestaram uma vez que você já estava protegido.
- Quer dizer que nesse mundo eu já tenho meus poderes ativos desde pequeno? – perguntou Harry intrigado.
- Não. – respondeu Hades rindo levemente – Seu poder apenas o defendeu, para desperta-lo é necessário um treino intenso, ao qual você já realizou antes de morrer, isso será o bastante para despertar uma grande parte de seus poderes ocultos.
- Grande parte? – disparou o moreno em seguida.
- Sim, seus poderes adormecidos são grandes e será necessário muito treinamento para desperta-lo completamente. – Baha respondeu calmamente. – Mas nesse mundo as coisas são um pouco diferentes do que você pode estar imaginando. – continuou Baha de maneira cautelosa.
Aquilo pareceu despertar a atenção do moreno, que virou seus olhos verdes para olha-la com curiosidade e receio.
- Como assim? – perguntou cheio de suspeitas.
- Como explicamos, também haverão conseqüências, que podem ser dolorosas e grandes demais para você. – Hades disse.
- Nenhum preço seria grande o bastante para ter meus pais e amigos de volta. – respondeu Harry de maneira confiante. – Mas o que vocês ganhariam com isso? – perguntou Harry novamente cauteloso.
- Estamos cansados de ver mundos destruídos por causa de loucos, queremos ver um destino feliz, sabemos que você poderá trazer esse final, afinal você é aquele que carrega o mundo em suas costas, você sofreu e viu o lado ruim da vida, você compreende o sofrimento e a alegria, você é uma espécie de líder e pode guiar os humanos para o lado certo. Antes você não estava preparado, achamos que você pode estar agora. Aceite seu destino escolhido. – Baha completou suavemente.
- Aceito. - Harry respondeu sem pestanejar. As coisas podiam não ser como eram, mas seus pais e amigos estariam vivos e se certificaria que isso acontecesse.
- Bom, faremos isso. - Disse a deusa. - Não se esqueça que as coisas mudaram, pessoas que morreram talvez estejam vivas, outras não. Também nunca diga nada sobre de onde você realmente veio, apenas uma pessoa pode saber sobre isso, portanto escolha bem para quem compartilhará esse segredo.
- Você recomeçará na época em que você e seus amigos estão para ingressar no sétimo ano, estudará em Hogwarts, mas não se esqueça que lá a guerra ainda continua e Hogwarts é solo intocável.
- Intocável? - Perguntou Harry curioso. – Quer dizer que os filhotes de comensais vão estar por lá?
- A escola será intocável, nenhum dos lados pode interferir nela. Alunos de todos os lados vão pra lá, de países conquistados por Voldemort e de países livres, que lutam contra Voldemort, use isso ao seu favor e aproveite. – Baha respondeu.
- Isso é um presente para ajudar em seu treinamento. – Hades estendeu a Harry uma corrente totalmente negra, que o moreno pegou – Use-a sempre, é um selo divino, usado para deter os poderes de um deus ou alguém muito poderoso. – Ele explicou.
- E o que eu vou fazer com ele se ele vai inibir minha magia? – perguntou Harry confuso.
- Apenas a corrente é usado como selo, mas se ela for usada com este pingente, se tornará algo completamente diferente. Apenas será sugado sua magia extra, a que você ganhará conforme for evoluindo em seu treinamento, sempre aumentando o nível de magia em seu corpo, é também uma espécie de treinador. Não podemos lhe dar conhecimentos, mas você precisa aprender a lutar com espadas, enquanto usar a corrente você aprenderá diariamente coisas novas.
Harry observou mais atentamente a corrente, percebeu que era de prata enegrecida como ele nunca havia visto, o pingente era uma cruz também negra, não era muito grande. Harry a colocou no pescoço e imediatamente uma energia diferente percorreu seu corpo, era como o sopro da morte ou como se o próprio anjo da morte estivesse presente.
Harry olhou para Hades e Baha e percebeu que eles o olhavam assombrados e completamente surpresos. Não entendeu exatamente o porque, mas sentia-se mais forte, como se um poder oculto houvesse despertado.
Baha e Hades se recuperaram da surpresa de verem que o garoto possuía uma alma divida em seu sangue ancestral. Eles se afastaram de Harry, este os observou bater o que parecia ser palmas, de repente o ambiente ao redor desapareceu, não estava mais as margens do rio Aqueronte, agora estav em um lugar longínquo, o céu era estrelado e vermelho, ao seu redor milhares de imagens começaram a passar muito rapidamente, de maneira tão rápida que ele apenas percebeu poucas coisas, como a última batalha ou a época que seus pais morreram. Quando chegou a essa parte, a imagem parou no ar, ele viu como se tivesse de fora de tudo. Os pais em uma casa aconchegante, sendo atacados pelo Lorde negro, então a imagem se despedaçou como vidro e as imagens recomeçaram uma após a outra serem destruídas, caindo como estrelas, lembranças foram perdidas e que só Harry Potter saberia que uma vez existiram. Por fim ele voltou a ver o ataque a sua casa, mas dessa vez estava apenas ele e Voldemort, viu a luz verde irradiar e chocar-se em sua testa, em seguida uma aura negra o rodeou e devolveu a maldição a Voldemort que desapareceu em uma explosão que destruiu praticamente toda a casa.
Então Harry sentiu que estava sendo sugado por uma espécie de portal que apareceu a sua frente, olhou chocado para Baha e Hades que o observavam com expressões serias e compenetradas, foi a última coisa que Harry viu antes de mergulhar na escuridão do infinito.
Depois de alguns segundos de silêncio Baha falou com a voz enrouquecida.
- você sentiu o mesmo que eu quando o garoto colocou a corrente? – perguntou ela com um tom estranhamente leve.
- Sim. – respondeu Hades – Nunca imaginei que fosse voltar a vê-lo, não depois de ter sido destruído por Cronos.
- A maioria de nós possuí descendentes humanos, por que ele também não possuiria? – a voz de Baha voltou a ser sábia – Eu sabia que ele tinha algo oculto em si, só não imaginei que pudesse ser algo grandioso.
- Há mais. – disse Hades – Posso estar enganado, mas ele possui algo ainda mais primitivo e oculto nas profundezas de sua alma.
- Acredita mesmo que possa carregar duas essências divinas? – perguntou a deusa espantada.
- Sim, eu realmente acredito. Agora pode me dizer por que escolheu justamente ele se não sabia sobre todos esses poderes que ele encerra.
- Por alguma razão que eu não entendo não consigo ver o futuro dele, mesmo quando ele morreu seu destino era incerto. – respondeu Baha. Virando-se para Hades continuou com voz calma – Vamos observar e ver se realmente fizemos a escolha certa.
Baha desapareceu em seguida, mas Hades continuou por um momento observando ao longe, depois virou e também desapareceu. Iria observar os passos do escolhido, só desejava que ele não sofresse muito ao descobrir como era sua vida nesse mundo.


N/A: Pessoa, agradeço a todos que leram, desculpe os erros de gramática, mas as semanas tem sido corrida e eu mal tenho tempo para escrever, quanto mais para revisar, mas mesmo dou um jeito e escrevo todo domingo, assim posso postar pelo menos um cap. Por semana. Beijos a todos.
Agradecimentos especiais:
Kaos StoneHange: obrigado pelo comentário, acho que esse capitulo responde sua pergunta não é. Abraços.
Trinity: fico feliz que tenha gostado do primeiro cap., espero que também goste deste, onde estão muitas respostas e mistérios para os próximos capítulos. Encontrei sua fic na floreios, ela está fantástica e receber elogios seus é muito satisfatório, beijos.


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