Tesouros submersos



Era de manhã cedo quando Louise foi acordada por Míthia lembrando que aquele era o fatídico dia do torneio.
“Lou, acorda, anda, a gente descobriu uma coisa, anda!”
Assim que Louise sentou na cama ainda coçando os olhos inchados, Míthia pegou um livro e começou a folhear as páginas ansiosamente.
“Olha, olha aqui, nesse livro diz que os dentes dos dentauços têm várias utilidades e uma delas é o auxílio em escavações.”
“Ahn?”
“É, parece que ele tem uma particularidade que é como se fosse um ímã, ele atrai os objetos. E é muito pontudo também, o que ajuda a achar coisas soterradas.”
Vendo a expressão de paisagem no rosto de Louise, Míthia começou a explicar impaciente:
“Meu deus, amiga, acorda! A parte clara do lago é coberta por pedras e areia. Juntando todas as pistas, é óbvio que você vai ter que achar alguma coisa dentro do lago, usando o dente!”
Imediatamente, Louise lembrou da dica de Snape e o homem do quadro na noite anterior. Não tinha real certeza de nada mas só o que desejava era que tudo acabasse logo.
Já chegando ao local da tarefa, acompanhada de Nigel e Míthia, ela encontrou Pandora Pastrix, competidora da Sonserina, seguida por Peggy Aconty, sua amiga igualmente insuportável.
“Animada, Potter?”
“Claro, Pastrix, e você?”
“Rezando pra não ser ofuscada pelo seu brilho, sabe?” – ela riu sarcasticamente e saiu com Peggy atrás dela.
“Esquece essa menina recalcada, Lou, agora é a hora, você precisa se concentrar.”
Louise se despediu dos dois, recebendo os últimos conselhos, recomendações e desejos de boa sorte. Então se juntou aos outros três e os respectivos diretores de suas casas.
Ao som das últimas palavras de Dumbledore, um apito soou e os quatro puderam entrar na água. O uso de uma poção preparada com a ajuda da inteligente Grifinória Hermione Granger garantiu que Louise conseguisse respirar dentro da água e ganhasse cauda e aspectos sereianos.
Lá embaixo era bastante escuro e, após nadar um pouco, Louise logo viu uma região totalmente iluminada. A areia era branca e as pedras pareciam ovos de animais – redondas e lisinhas. Não era muito grande e era incrivelmente fácil de localizar devido a luminosidade. Logo viu também que dois dos outros competidores já estavam lá – Lyon Bucket e Heath Bennet.
Lyon havia usado uma poção que corroia a areia fazendo com que fosse mais fácil achar o que ele procurava. Em poucos minutos subiu com um sorriso vencedor no rosto, saindo do campo de visão dos outros dois.
Heath, por outro lado, parecia não saber o que fazer e revirava a enorme quantidade de areia com as próprias ineficientes mãos.
Assim que Louise tirou o dente de seu bolso percebeu que Pandora acabara de chegar com a aparência visivelmente alterada. A sonserina tinha enormes garras no lugar das mãos e cavava com muita velocidade.
O lugar estava infestado de criaturas e Louise se perguntava quando iria encontrar o dono do dente que ela agora usava para cavar. Por um momento, odiou ter sido a única que recebera aquela dica e desejou ter recebido qualquer outra que a levasse a algo menos perigoso. Mas concluiu que talvez essa possibilidade fosse extremamente ilusória.
Começou, então, a cavar com mais força e agilidade ao lado de Pandora – que, por sua vez, era envolvida por nuvens de areia.
Não demorou muito para que visse um objeto parecido com um que vira no quadro de Hogwarts. Era algo parecido com uma taça de aproximadamente dois palmos e de um dourado muito aceso. Nela havia vários desenhos e, exatamente na frente, o brasão de Hogwarts.
Antes que Louise conseguisse alcançá-lo meio a nuvem de areia ela viu uma mão branca próxima a ela pegando o objeto. No mesmo instante, a taça ficou completamente negra e toda a areia ao redor começou a subir tornando a água turva.
Algumas pedras rolavam e caíam enquanto muitas criaturas afobadas as rodeavam. A água parecia tremer como um terremoto, como um mar revolto, e Louise tentava subir novamente enquanto era envolvida pela areia.
Quando conseguiu ver então um fio de luz e água limpa acima dela, recebeu um puxão em seu bolso sendo empurrada para trás e, ao abrir os olhos novamente, viu Pandora subindo à superfície.
Ia subir novamente quando lembrou-se da taça da Grifinória e tentou localizá-la com as mãos. Embora não a tenha achado, Louise viu no chão Heath Bennet desmaiado e foi ao seu encontro tentando colocar o menino apoiado em seus ombros.
Enquanto puxava o garoto pesado para si, Louise sentiu ao seu lado um movimento e, no segundo seguinte, estava sendo puxada por uma força absurda que havia rasgado metade das suas vestes e deixado cair o dente que ela carregava. Quando conseguiu abrir os olhos ela pôde ver parte das escamas avermelhadas da criatura que a puxava pela barriga. Era um dentauço.
Louise tentou arranhá-lo com as mãos mas só conseguiu arrancar uma escama, irritando o animal ainda mais. Em um movimento rápido ela o chutou, se desvencilhando e tentando achar o dente. Antes que pudesse pegá-lo, o dentauço a derrubou pelas costas abrindo sua boca gosmenta e quase abocanhando seu pé. Louise o tacou uma pedra e se esquivou chegando ao local onde Heath estava ainda desacordado. Ao lado dele ela viu, então, uma taça dourada com manchas negras e reconheceu ser o tesouro da Grifinória. Assim que a pegou em uma das mãos, o animal voltou ficando seus dentes no outro braço de Louise. Ela suspendeu a taça e bateu em sua cabeça até que ele a soltasse.
Logo do lado de Heath ela viu o enorme dente avermelhado e o alcançou. Já com ele em uma das mãos e a taça na outra, Louise sentiu novamente parte das suas vestes sendo puxadas e, com um movimento rápido, fincou o dente no dentauço que, imediatamente, a largou.
Seu braço estava ensangüentado e sujo de uma gosma esverdeada que parecia ser o veneno do bicho. Louise sabia que não tinha muito tempo e a dor já a tomava por completo então nadou até Heath e o puxou, tentando subir para a superfície.
Ao olhar para baixo viu que suas pernas já voltavam ao normal, o que significava que, em pouco tempo, o efeito da poção acabaria. Com um esforço sobre-humano ela nadou carregando o peso do garoto, a taça em uma das mãos e o outro braço completamente dolorido e destroçado.
Quando chegou à superfície viu que todos já deviam ter concluído que algo dera errado pois suas faces eram de extrema preocupação. Louise estava completamente sem forças com Heath jogado em cima dela e sentiu ter sido puxada por Hagrid assim que emergiu.
“Abram espaço, abram espaço.” – Dumbledore ordenava.
A menina sentiu a taça ser puxada de sua mão e viu Míthia e Nigel abaixarem com os olhos lacrimejando. Sua percepção estava muito fraca e, embora ela tentasse falar e se levantar, sentia-se cada vez mais fraca.
Ao redor, havia muito falatório e diversos alunos e professores tentando tomar providências e distribuindo ordens mas Louise só conseguiu enxergar Snape, com sua capa esvoaçante, empurrando todos até chegar a ela e abaixando-se.
“Severo, você sabe o que fazer. Conhece o veneno de um dentauço.” – Snape assentiu sem tirar os olhos sérios de Louise e Dumbledore continuou – “Mas corra, não há muito tempo.”
Então a fraqueza foi tomando Louise que sentia o veneno ir alcançando cada pequena parte de seu corpo. Antes de desmaiar, viu seu braço ficando cada vez mais branco, um branco arroxeado. Seu corpo todo estava branco.
“Pelo amor de Deus, ela precisa ser levada imediatamente...” – e a frase se perdeu na escuridão de um desmaio.

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