Legilimens



Antes que pudesse sequer dizer qualquer coisa, Louise já estava sendo carregada por Snape. Ele a puxava pelo pulso de forma violenta enquanto os dois desciam as longas escadas redondas a passos largos e rápidos.
“Será que você pode tomar cuidado, por favor, meu pulso chega a estar sem circulação.” – resmungava Louise enquanto, na realidade, desejava que aquela mão forte e violenta lhe tocasse mais frequentemente.
“Não creio que o lorde das trevas vá tomar cuidado com seus suaves pulsos de princesa, Potter.”
“Mas você não é o lorde das trevas, é?”
“Não, mas tenho igual desprezo pela sua fragilidade.”
Louise o olhou com ódio, embora ele não pudesse ver por estar a sua frente, e desistiu de questionar tal questão que – ela sabia bem – só levaria a mais provocações.
“Onde estamos indo?”
“Às masmorras.”
“Olha... Seja lá o que for que eu tenha que fazer lá, antes eu preciso passar no dormitório.”
“Ah, é?” – ele parou no degrau que estava e virou-se para trás – “Fazer o que lá? Avisar o namoradinho onde está indo?”
Havia um ar de desprezo e ciúmes na voz dele fazendo com que Louise se sentisse superior ainda que soubesse que o namorado a quem ele se referia não passava de melhor amigo.
“Isso não é da sua conta, é?” – disse, sorrindo.
“Você não vai mais poder ter segredos comigo, Potter” – ele também sorriu.
Louise não entendeu exatamente o que ele quis dizer, embora o efeito de intimidação da frase tenha dado certo, e Snape virou-se vitorioso voltando a andar. Ela, por sua vez, desistiu de tentar argumentar e conformou-se com o fato de que continuaria desconfortavelmente de camisola diante de Severo Snape.
Assim que chegaram, ele começou:
“Não se sabe o exato motivo mas há uma forte ligação entre a mente do lorde das trevas e sua, esteja ele ciente disso ou não. Esperamos que ele não esteja.”
“E se ele estiver, eu...”
“Se estiver, ele terá o poder de ler sua mente, controlá-la e enlouquecê-la de todas as formas possíveis.” – Snape pegou a varinha e foi até onde Louise estava sentada. – “Levante-se. Você terá aulas comigo a partir de agora para aprender a fechar sua mente. Durante essas aulas eu tentarei penetrar sua mente e você deverá resistir.”
Louise levantou-se insegura pensando até que ponto ele poderia penetrar o que ela tinha em mente. Pensamentos, lembranças, sentimentos e desejos contidos... Se ela não se controlasse fortemente, se ela não fosse forte o suficiente, permitira que ele visse tudo que não poderia ver. O quanto ela o odiava compulsivamente, o quanto ela procurava motivos para achá-lo mais e mais detestável. E veria o quanto ela, involuntariamente, ofegava quando a voz dele chegava aos ouvidos dela, o quanto o mistério dele a enlouquecia, a arrepiando sempre que ele tocava nela.
“Legilimens!”
E Louise estava tensa demais, vulnerável demais, por mais que tentasse era impossível fechar sua mente. Por mais e mais que tentasse, só o que conseguia era pensar cada vez mais nele e refletir a preocupação sobre o que ele acharia dela, sobre o que ele veria – e estava vendo! – sobre tudo que envolvia aquele homem que a fazia perder o controle.
“Pensando em mim, Potter?” – ele se aproximou com uma expressão sarcástica e vitoriosa no rosto. Louise se levantou mais branca do que já era:
“Só se for no quanto você é desprezível!” – ela gritou tentando, inutilmente, se sentir menos vulnerável. Snape a pegou pelo braço, empurrando-a para a mesa e encostou a varinha em seu pescoço.
“Legilimens!”
Ela se contorcia, tentava controlar-se, tentava ser forte, mas as lembranças e pensamentos passavam pelos seus olhos mostrando que era em vão, Snape também já estava vendo tudo. Também via as lembranças dela em relação a ele, via o quanto ela reparava em seus lábios, via o quanto ela imaginava a mão forte e ríspida dele passando por todo seu corpo. E Louise já sentia-se envergonhada demais até pra controlar-se. Queria odiá-lo mais do que nunca, queria que ele visse o quanto ela o odiava e que soubesse que seus pensamentos impróprios e arrepios eram involuntários, eram ilusões, eram inexistentes! Queria que ele nunca pudesse ver o que havia por trás de seu ódio infantil e intenso.
“Sabe, não creio que o lorde das trevas vá ter mais piedade de você se souber que você me ama.” – Snape falava em um tom suave como quem está se divertindo.
“Eu não te amo!” – ela gritou irritada – “Eu teria que ser muito idiota pra amar alguém prepotente como você!”
No mesmo instante, ele a empurrou novamente pra mesa, segurando seus braços, e se aproximou. Louise sentiu cada centímetro de sua pele ser tocada pelo corpo dele que agora estava completamente colado ao dela – o que, obviamente, a deixou ainda mais nervosa. Queria sair dali, queria ter aulas de Oclumência com qualquer um, qualquer um, que não fosse ele.
“Legilimens.” – ele sussurrou a uns três dedos de seu rosto e Louise, já esgotada, não se esforçou para tentar impedir. Deu a ele sua mente aberta pra que ele comprovasse o que agora já estava estampado nos olhos dela.
Snape a olhava de forma tão profunda e cortante que Louise podia perceber nitidamente o quão fundo ele ia nela. E desejou ter a mesma capacidade para entrar no céu negro que eram os olhos dele e desvendar, afinal, o que se passava por trás daquela máscara de frieza e sarcasmo.
“Tão fraca como o pai.” – ele sussurrou com desprezo.
“Eu não sou fraca!” – ela o empurrou fortemente.
“Fraca e arrogante!”
“EU TE ODEIO!” – ela foi ao encontro dele com uma raiva brutal, agarrando a gola de suas vestes quase que numa tentativa de agredi-lo, ignorando completamente o fato de que aquilo era uma aula e ele um professor. Snape a puxou pelos braços e a empurrou contra a parede.
“Me odeia, Potter?”
“Você é desprezível! Desprezível! Pretensioso, rude, asqueroso!” – ela se debatia tentando fazer com que ele a soltasse.
“QUIETA! Você não me conhece! Você não sabe nada!”
“Sei o suficiente pra saber que você vai morrer sozinho!” – As palavras atingiram Snape de forma visivelmente intensa e ele a apertou contra a parede com as mãos comprimindo seu rosto e pescoço.
“NÃO OUSE FALAR COMIGO DESSA FORMA!”
Os dois estavam mais próximos que nunca e Louise oscilava entre mil tipos diferentes de sentimentos. Queria abraçá-lo forte o suficiente para esmagá-lo e extravasar seu ódio. E, ainda assim, não conseguia evitar de olhar para seus lábios finos e suaves Da mesma forma, reparou que ele também observava cada parte de seu rosto e focava a boca dela com uma mistura de raiva e malícia.
Em um movimento rápido, Snape colou sua boca à dela fazendo Louise sentir sua língua quente entrar quase que de forma violenta e devastadora. Era um beijo extremamente devastador. Em poucos segundos, as mãos dele já seguravam o pescoço dela e passavam dali para o resto do corpo com uma pressão e força enlouquecedora. Ela passou os braços ao redor do pescoço dele, enterrando os dedos em seus cabelos. Com as ríspidas mãos em seus seios, Snape beijou seu rosto e pescoço deixando suas mechas negras passearem suavemente pelo colo de Louise.
Respirando de forma intensamente ofegante, ela o puxou pelas vestes e o empurrou contra a parede, invertendo as posições. Sentiu os braços dele envolverem sua cintura e desceu o rosto até seu pescoço perfumado e pálido, beijando e mordendo sua pele macia.
Quando sentiu pela primeira vez a mão quente dele entrar pela camisola e subir pela sua coxa, um barulho foi ouvido na porta. Alguém batia insistentemente, obrigando Snape a se recompor, ajeitando-se, e dar fim à primeira aula de Oclumência para ir atender a quem batia.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.