Aos cuidados de Snape




O amanhecer do dia seguinte foi consideravelmente estranho para Louise que acordou e se viu praticamente abraçada a Snape. Ele não havia acordado ainda e ela pôde ficar o observando. Era, de fato, engraçado que ele dormisse de forma tão calma se quando acordado parecia sempre tão intenso.
Pensando nisso, Louise caiu no sono novamente e, quando acordou pela 2ª vez, ele já havia levantado. Da outra parte da masmorra ouviam-se as vozes de Dumbledore e Mcgonagall perguntando sobre o estado da menina enquanto Snape contava sobre a crise da noite anterior.
Ela, na realidade, sentia-se bem melhor. Seus sentidos ainda não estavam 100% recuperados mas já podia, pelo menos, ouvir e ver com mais clareza. Apesar disso, a fraqueza e o cansaço pareciam persistir – e, a julgar pelo frio que sentia, a febre também.
Ao longo do dia, no entanto – apesar das diversas poções que tomou – a febre piorou consideravelmente e, pouco antes da hora do almoço, ela já estava se sentindo desfalecer novamente.
“Pelo amor de Deus, você está fervendo mais ainda do que ontem!” – Snape colocava as mãos no pescoço quente dela – “Não tem outro jeito a não ser um banho gelado.”
Louise arregalou os olhos e sussurrou palavras incompreensíveis enquanto agarrava o travesseiro e a cama quente tentando se manter ali. Mas era inevitável, Snape já a havia puxado dos lençóis e a levava para a banheira enquanto ela reclamava e choramingava de frio.
Ele a levou diretamente para a ducha de água fria que caía magicamente do teto ignorando o fato de que ela estava vestida. A roupa, conforme encharcava, ia ficando cada vez mais grudada e a blusa branca extremamente transparente. Louise não parecia reparar porque só o que conseguia pensar era no frio mas, assim que olhou para Snape, viu que ele tentava inutilmente não fitar seu corpo.
De repente ele a puxou pelo braço e, por um instante, Louise pensou que ele fosse despi-la mas só o que queria era encostar em sua pele para ver se ainda havia febre.
“É, não parece estar abaixando. Acho melhor que fique na banheira por um tempo até a temperatura diminuir.” – disse enquanto já tomava suas providências e fazia um sinal com a varinha em direção ao teto, fazendo a água parar,
“O que está esperando?” – ele apontou para a banheira já cheia com uma expressão impaciente. Louise o fitou com surpresa.
“Bem, você não espera que eu troque de roupa na sua frente, espera?” – e fez um sinal para que ele virasse de costas. Snape bufou com má vontade, revirando os olhos e virou-se praguejando:
“Pelo amor de Merlin, o que a faz pensar que eu quereria ver tal cena? Você é uma criança cheirando a leite!”
“Não foi o que me pareceu durante as aulas de Oclumência, professor.” – ela frizou a palavra professor com ironia enquanto se enrolava na toalha.
“Não creio que...” – Mas antes que Snape acabasse sua frase, Louise caía praticamente desacordada no chão. Ele se virou rápido e a pegou no colo a levando para o quarto. No entanto, ao entrar, deparou-se com Mcgonagall e Madame Pomfrey olhando com surpresa. A cena de Snape carregando Louise Potter de toalha no colo era, de fato, inusitada.
“Perdoe, Severo, mas creio que perdi algum capítulo da história.” – disse Mcgonagall sarcasticamente.
“Pois perderá a história toda se não me der licença agora.” – e passou pelas duas colocando Louise na cama e seguindo até suas enormes estantes de poções.
Antes de desmaiar realmente, Louise ainda ouviu a voz rouca da professora ordenando “Chame Dumbledore” enquanto Madame Pomfrey saía com passos curtos e apressados.

Já era quase fim da tarde quando acordou novamente e ouviu Dumbledore e Snape conversando a uma curta distância.
“Mas receio que essa poção não seja fácil de fazer. Ou achar. Estou certo?” – indagava Dumbledore.
“Realmente. Acabei com metade do meu estoque para prepará-la. Mas creio que só ela poderá resolver a situação.”
Dumbledore deu um suspiro de alívio misturado à preocupação e falou com sua voz sorridente:
“Você tem cuidado bem dela pelo que posso ver.” – Snape não respondeu então ele continuou – “Sei que se importa muito com ela, Severo. Mas tenho certeza que tudo ficará bem.”
“Como pode ter certeza?” – questionou com uma voz visivelmente tremida.
“Pelo seu esforço.” – o diretor respondeu com simplicidade – “Louise está em boas mãos. Mãos que não a deixarão cair, tenho certeza.”
Snape suspirou, levando Dumbledore até a porta.
Já no dia seguinte, a menina acordou se sentindo realmente mais disposta e arriscou levantar-se da cama sem ajuda. Quando chegou à outra extremidade da masmorra se deparou com Snape dormindo desajeitado no chão sobre vários livros. Livros esses todos abertos em páginas que falavam da poção que ela havia tomado e como reverter o quadro. Louise não pôde evitar de sorrir por pensar que ele havia dormido pesquisando sobre como ajudá-la. E, ainda com um sorriso aberto no rosto, o viu acordar sobressaltado.
“Você... o que... você não deveria estar fora da cama, Potter.” – ele falou com a voz rouca de sono.
“Bom dia pra você também.” – ela ainda sorria – “Eu estou bem melhor, obrigada por perguntar. E você, como se sente?”
Snape a olhava com os olhos negros inchados de sono e o cabelo desalinhado enquanto parecia tentar organizar seus pensamentos. No entanto, não podia esconder um certo brilho estampado em seu rosto por ver a menina saudável novamente.
“Isso não muda nada, volte pra cama que eu vou levar o que você deve tomar.” – e se encaminhou ao seu imenso acervo de garrafas rotuladas.
Louise, porém, ignorou a ordem e sentou-se em frente aos livros sobre os quais ele havia dormido.
“Então... Foi essa a poção que causou tudo?” – perguntou, folheando as páginas.
“Aglaiásia.” – e, assim que ele respondeu, Louise lembrou de ter ouvido sobre ela na primeira aula de Snape daquele ano. – “Concentrações intensas e visivelmente preparada com intuito de morte.”
“Mas como... Quer dizer, Lyon também tomou e...”
“O Sr. Bucket tomou a inofensiva poção rosada que deveria estar em todos os caldeirões. Todos exceto o seu pois, pelo visto, a sua foi claramente enfeitiçada.”
Enquanto Louise ainda pensava a respeito, tentando formular sua próxima pergunta, Dumbledore e Mcgonagall chegaram para saber novidades. Diante do quadro visivelmente melhorado de Louise, decidiram então que ela já poderia voltar para seu dormitório contanto que fosse até a sala de Snape para tomar a poção diariamente.
Ela sorriu pensando em quantas coisas não teria para falar com Míthia e Nigel mas, assim que bateu a porta da masmorra atrás de si, sentiu um frio no estômago lembrando da manhã que acordou abraçada a ele. Afinal era uma situação um tanto rara dormir sobre Severo Snape e agora ela se perguntava se algum dia teria uma manhã tão doce quanto aquela.

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