A arena das miragens




Assim que Snape abriu a porta encontrou Dumbledore, acompanhado de Mcgonagall e Hagrid, esperando impacientemente. Louise percebeu a expressão de surpresa em seu rosto e concluiu que ele devia estar pensando o mesmo que ela. Afinal, uma visita relativamente rara e estranha, tendo 365 dias pra escolher, resolvera – de todos eles – vir exatamente no mais inapropriado de todos.
“Perdoe a invasão, Severo. Mas creio que temos urgência.” – disse Dumbledore calmamente. – “Interrompemos?”
“Não, diretor, eu...”
“Já estava dormindo?” – Mcgonagall perguntou desconfiada diante da frase enrolada de Snape.
“Estava dando aula.” – concluiu rispidamente.
“Claro que estava. Eu mesmo mandei Louise há algum tempo.” – disse Dumbledore sorridente. – “Ela ainda está aí?”
“Sim. O senhor quer vê-la?”
“Se incomoda se entrarmos?”
Assim que ouviu isso, Louise se ajeitou esperando os quatro cruzarem a porta.
“Minha querida” – começou Dumbledore – “recreio que termos que interromper a sua aula. Mas são assuntos importantes. Creio que vocês possam continuar outro dia, não?”
“Claro, senhor.” – ela disse, disfarçando um certo desapontamento.
“Eu agradeço.” – ele continuou – “E espero que tenha bons sonhos.” – concluiu sorrindo.
Louise sorriu e, olhando para Snape, falou:
“Vou ter.”
No dia seguinte, ela aproveitou o café da manhã para contar a Míthia o que havia acontecido já que Nigel tinha até a biblioteca.
“Meu Merlim amado, Louise Potter, como assim?”
Enquanto as duas conversavam, Louise reparou que Snape também havia chegado, a olhando com a mesma seriedade de sempre. Logo depois de sua entrada, Dumbledore levantou-se sorrindo e começou:
“Bom dia! Creio que terei que prende-los aqui por mais algum tempo antes de seguirem para suas aulas. Mas será rápido.” – Louise lutava para conseguir prestar atenção às palavras dele – “Bem, faz 15 dias desde o início do torneio e creio que os participantes já devem estar ansiosos por novas pistas.”
“Muito.” – Louise cochichou com Míthia, rindo sarcasticamente.
“Sendo assim, amanhã teremos uma reunião aqui no Salão principal com os três competidores e respectivos diretores de suas casas. Como todos sabem, a Srta. Pastrix foi desclassificada mas devo comunicar que o professor Snape acatou a decisão de não escolher nenhum outro aluno para repor o lugar dela.”
“Que estranho isso, não? Porque ele não escolheu mais ninguém? A Sonserina vai ficar sem nenhum representante.”
“É” – concordou Louise pensativa – “É estranho.”
Afinal não era o primeiro fato estranho em toda a história e não seria o último. Embora seu ódio por Snape já tivesse uma história de quatro anos, em nenhum outro momento ela estivera tão perdida entre atitudes e sentimentos.
Na noite seguinte, Louise seguiu para o salão encontrando Heath Bennet e Lyon Bucket pelo caminho. Heath continuava simpaticamente agradecido pelo que Louise fizera na 1ª tarefa e Lyon parecia exibir o mesmo sorriso convencido de sempre.
Assim que todos chegaram, Dumbledore começou:
“Primeiramente devo dar parabéns aos três pelo ótimo desempenho na 1ª tarefa! Receio que essa talvez seja um pouco mais desafiadora.”
“Mais? Ótimo.” – pensou Louise irritada.
“Nessa tarefa vocês estarão em uma arena e passarão por três fases com três situações a serem resolvidas. Nenhuma delas é muito complicada diante da capacidade de vocês, tenho certeza.” – Dumbledore acrescentou docilmente – “E, obviamente, elas não serão reveladas agora. Contudo...” – ele fez uma pausa rápida – “Posso lhes dar uma pista que, acredito eu, será esclarecedora.”
“O perigo tem diversas máscara e formas, ele assume aspectos diferentes e, muitas vezes, encantadores. Nem sempre é seguro confiar no que se vê. Mas a intuição, essa sim, é certeira.”
Louise não conseguia imaginar o que teria que encarar mas tampouco conseguia se preocupar. Eram, de fato, muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo e agora, para piorar a situação, ela também soubera por Míthia que Pandora havia inventado e espalhado que havia visto Nigel e Louise juntos quando a menina estava na ala hospitalar. Não que se importasse com o que todos achavam mas pensar em Snape ouvindo tal informação lhe dava uma espécie de nó no estômago.
Logo no dia seguinte, no entanto, ela teve que enfrentar outra aula que teria junto à Sonserina: Defesa contra a arte das trevas. Mort Headstrong continuou com seu método mais teórico do que prático porém demonstrava particular interesse por Louise e as pistas da tarefa. Assim que todos se retiraram ao final da aula o professor se aproximou dela, indagando sobre o que ela pretendia fazer.
“Então, minha querida, soube que receberam a nova pista ontem! Já tem algum palpite?”
“Creio que não... Essas pistas nunca me trazem muitas idéias, se quiser sinceridade.”
O professor riu. Parecia atencioso e solícito.
“Venha aqui que eu vou lhe mostrar uma coisa.”
Ele caminhou até a mesa e abriu um imenso livro em uma página previamente marcada onde Louise pôde ler em enormes letras: “Feitiços ilusórios de miragem”. Vendo a expressão de curiosidade e interrogação dela, ele prosseguiu:
“Sabe, a arte dos feitiços de miragem tem sido usada durante anos na defesa contra a arte das trevas. É muito útil para quem usa, realmente. Mas não tão agradável quando se entra em algum lugar com tal objetivo, sabe?”
“Mas o que eles fazem exatamente?”
“Confundem. Criam imagens que não existem, sensações ilusórias, entre outras coisas. O essencial é que a pessoa fique confusa.” – ele concluiu sorrindo e fechando o livro. – “Bem... Pensei que pudesse querer saber.” – e se retirou da sala antes que Louise pudesse responder.
Assim que se encaminhava ao salão principal ainda pensando no assunto, ela encontrou Pandora Pastrix acompanhada de Peggy Aconty.
“E aí, Potter, preparada para a próxima tarefa? Seu namoradinho se mata se você quase morrer de novo, hein?” – as duas deram risinhos arrogantes.
“Ele não é meu namorado e você sabe bem disso, né Pastrix, afinal, fez questão de espalhar exatamente o oposto pela escola inteira!”
“Ah, poxa, Potter... Você devia me agradecer por ter anunciado o lindo relacionamento de vocês. Te poupei de outra humilhação.” – Ela falava sarcasticamente enquanto Peggy ria.
Em um impulso de raiva, Louise pegou a varinha e encostou à garota que, por sua vez, também já tentava se defender. Peggy parecia não saber se apartava o início de briga, se participava ou se continuava com a cara de origami que ela carregava 24 horas por dia.
No entanto, antes que pudesse tomar uma decisão, Snape e Mcgonagall surgiram pelo corredor. A essa altura as duas já quase se engalfinhavam e Snape imediatamente partiu para segurar Louise enquanto ela tentava inutilmente se soltar.
“As senhoritas podem me explicar o que está acontecendo aqui?” – Mcgonagall disse em sua voz tremida. – “Que cena mais ridícula é essa que estou presenciando!”
As três ficaram em silêncio enquanto Snape ainda segurava os braços de Louise.
“Que fique bem claro que não levarão uma boa detenção pura e simplesmente por causa do torneio. A não ser, é claro, que Severo se oponha e queira lhes dar alguma punição sendo a Srta. Pastrix da Sonserina.”
Snape olhou atentamente, largando Louise e, após uma pausa, respondeu:
“Não.” – e as três suspiraram com um certo alívio embora Louise tenha sentido uma ponta de decepção – “Mas, caso a senhora não se oponha, gostaria de levar Potter.”
Mcgonagall e as outras duas o olharam com desconfiança e surpresa mas, por um momento, ninguém disse nada.
“Bem... Creio que não. Não me oponho. Pastrix e Aconty, podem ir então.” – e, dispensando as Sonserinas, também continuou a andar, deixando Snape e Louise sozinhos.

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