O 5° retorno a Hogwarts

O 5° retorno a Hogwarts



O dia estava incrivelmente aceso do lado de fora da janela enquanto Louise entrava na cabine de trem vazia, seguida por Míthia e Nigel. Era seu 5° ano em Hogwarts e parecia ter sido ontem o dia que Hagrid entrara na casa de seus tios trouxas dando a fatídica notícia de que ela era uma bruxa.
Era tragicamente engraçado, na verdade, o fato dela estar lutando contra o maior bruxo das trevas tão pouco tempo após ter saído da vida calma que levava. Tudo acontecia rápido, em questão de segundos ela deixava de ser a simples Louise e passava a ser Louise Potter, nome que ela nem sequer sabia ser tão famoso entre os bruxos. Deixava de ser uma menina qualquer morando no armário embaixo da escada para ser a menina que sobreviveu. E descobria um passado seu que ela não imaginava ter vivido. E contemplava os possíveis futuros com medo do que viria a viver.
“Estranho estar de volta? – Míthia perguntou sorrindo – digo... depois de tudo que aconteceu ano passado.”
“Talvez. É sempre diferente voltar a Hogwarts. Mas sempre bom.”
“É, eu fico me perguntando como será esse ano. O ministério continua afirmando que Voldemort não voltou e, bem, para os que acreditam nas palavras do Ministro, a morte de Cedrico é um caso em aberto.” – Míthia divagava com um tom investigador. Embora parecesse curiosa, não tinha preocupação em seu tom de voz. Nunca tinha preocupação em seu tom de voz, o que Louise considerava estranho e adorável ao mesmo tempo.
Nigel sorriu, também se divertia com as muitas teorias que Míthia formulava, mas – diferente dela – tinha em seu rosto rugas precoces de ansiedade.
“Eu acho – Nigel começou – que talvez esse ano seja mais complicado do que os outros em Hogwarts.” – e deu um suspiro como conclusão. Tentava suavizar as afirmações com medo de assustar Louise mas nenhuma de suas palavras parecia ser mais dura do que seus olhos estavam agora.
“Bom... – Louise sorriu para os dois – o dia que tivermos um ano calmo em Hogwarts provavelmente será entediante.”
De fato, sempre fora excitante chegar a Hogwarts sem saber o que esperar mas em nenhum dos outros anos ela estivera tão perto da morte como esteve no ano anterior. Assistir Cedrico Diggory morrer diante de seus olhos e estar frente a frente com Voldemort dera a ela uma perspectiva um pouco maior do quanto sua morte era bastante almejada por algumas pessoas.
É claro que em todos os outros anos o que não faltava eram pessoas tentando lhe tirar a vida, isso era um fato – pensou Louise – mas a idéia do torneio tribruxo ter sido cancelada pura e simplesmente por causa dela, por causa das evidências nítidas de que havia alguém tentando entregar sua cabeça a Voldemort, era um pouco mais surpreendente (e assustadora) do que descobrir ser afilhada de um prisioneiro de Azkaban.
Talvez mais estranho ainda fosse pensar que ela confiara em Alastor Moody e ouvira seus conselhos enquanto ele – que, na realidade nem era o próprio Moody – fazia de tudo para colocá-la no torneio e, consequentemente, levá-la até Voldemort. Pensar nisso a deixava com um nó no estômago. Ela confiara em Moody assim como confiara em Quirrel no 1° ano e ambos tentaram matá-la. Da mesma forma, havia desconfiado de Snape na época e descoberto depois que era ele quem a tinha protegido. Talvez ela não soubesse em quem confiar – concluiu, rindo pra si mesma.
“O que acha, Lou?” – a voz de Míthia de repente surgiu a tirando de seus devaneios. Não fazia a mínima idéia do que estavam falando.
“Claro, eu concordo” – falou, rindo.
“Míthia acha que Snape deve ocupar o cargo de DCAT agora que Moody foi embora de Hogwarts.” – informou Nigel.
“Que? Você ta maluca? Eu prefiro ter aula com um hipogrifo do que com ele!”
“Eu sei, todos nós preferimos – Míthia respondeu, ainda rindo – mas é o que deve acontecer afinal Snape sempre quis o cargo e, bem, Dumbledore confia nele.”
Louise assentiu com a cabeça embora rezasse por dentro para que Dumbledore não permitisse isso. Era tudo que não precisava, era o pior que poderia acontecer. Nenhum homem despertava tanto ódio nela como Severo Snape. Nenhum outro homem a desafiava tanto, a incomodava de tal forma. Rude, sarcástico e desafiador, ele passara os últimos quatro anos a prejudicando de todas as formas possíveis. Parecia odiá-la como odiara o pai dela e, ainda assim, a protegera em diversas circunstâncias; em todas as circunstâncias. Louise não o entendia e, embora soubesse que Dumbledore confiava plenamente nele, ela desejava que ele não fosse tão confiável assim. Desejava que ele desse provas e mais provas do quanto era cruel e detestável e, assim, poderia odiá-lo por completo, sem a mistura de gratidão e curiosidade que sentia.
“Estranho nenhum professor de DCAT durar muito lá, não?” – questionava Nigel.
“Viu, mais uma prova. Snape quer o cargo e todos os professores que entram acabam saindo pouco tempo depois. Ele provavelmente lançou alguma maldição ou feitiço, sei lá. Não vai descansar enquanto não conseguir, pode escrever o que eu digo.” – Míthia teorizava enquanto os outros dois riam.
“Talvez seja bom aprender como se defender da arte das trevas com alguém que já fez parte dela, não?”
Louise pensou em responder mas não sabia bem o quê então desistiu. Quando olhou para a janela viu a paisagem que esperava com saudade desde o fim das últimas férias.
“Ah, chegamos!” – disse sorrindo.

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