Você não me conhece



Um dia inteiro havia se passado e Louise continuava sem saber a que Dumbledore se referia com sua dica estranha. Ainda que passasse pelas paredes do castelo sempre muito atenta, nenhuma possibilidade lhe parecia plausível.
Infelizmente, a noite chegara bem rápido e, com ela, a detenção com Snape.
“Essa noite a Srta. irá organizar esses documentos cujos nomes, acredito eu, sejam bem familiares.”
Assim que bateu os olhos ela reconheceu na primeira página um “James Potter” escrito em letras garrafais. Logo na página seguinte lia-se Sirius Black e Remos Lupin e assim por diante. Todos eram papéis advertindo os pais em relação às infrações dos filhos às regras da escola. Louise tentava engolir a raiva.
“Algum problema, Srta.?” – Snape perguntava sarcasticamente ao ver sua expressão. – “Talvez a verdade seja um pouco mais... amarga do que parece?”
“Não há problema algum nem verdade alguma, essas advertências são extremamente estúpidas.”
“Claro, claro. De certo era o que pareciam para o seu pai arrogante e os amiguinhos fracos dele.”
“Eles não eram fracos!” – Louise levantou no impulso já com a respiração ofegante – “Nem meu pai, nem Sirius, nem Lupin! Porque você os odeia tanto, hein? Porque insiste em chamá-los de arrogantes enquanto você é que tem o nariz em pé e só sabe destratar os outros?”
Snape arregalara os olhos com a ousadia da menina e contraía cada vez mais a boca em um nítido sinal de raiva.
“Não ouse falar comigo dessa forma!” – ele a pegara pelo braço chegando a poucos centímetros de seu rosto – “Você não sabe nada sobre quem seu pai realmente era, não sabe nada!”
“Sei mais do que você! Meu pai era um grande homem assim como Sirius é!” – Louise gritava tentando se desvencilhar de Snape mas a força com que ele a segurava não permitia – “Me solta!”
“Você é exatamente como ele, exatamente! Tão arrogante quanto, tão egocêntrica quanto! Se achando acima das regras, acima dos outros...” – ele falava tão perto que Louise podia sentir sua respiração e ver as pequenas mechas de cabelo negro caindo em frente aos olhos.
“VOCÊ NÃO SABE NADA!” – ela gritou o empurrando.
“Ah, sua...” – Snape vinha a passos largos pegando a varinha dentro das vestes e a encostando no pescoço de Louise.
“Ótimo, colocando feitiços em alunos. Dumbledore vai adorar saber disso.”
Snape tirou a varinha, ainda relutante, e envolveu sua mão no pescoço de Louise.
“Não me dê motivos, Srta. Potter. Você não sabe do que eu sou capaz!” – ele segurava o queixo da menina enquanto a encostava na parede.
Louise o olhou nos olhos em silêncio e riu. Isso provavelmente o afetou mais do que qualquer outro fato porque, em segundos, ele já estava ofegando a dois dedos de seu rosto com uma mão em seu pescoço e outra segurando a varinha em sua bochecha. Estavam tão próximos que Louise podia sentir seu corpo imprensado entre a parede fria e o corpo quente de Snape.
Ele repetia que ela não sabia do que ele era capaz enquanto a menina o olhava atenta sem responder. Então ele foi afrouxando a força e Louise se desvencilhou, caminhando para a porta. Antes de sair, ela sorriu pretensiosamente e disse:
“Então mostre.”

Assim que voltava para o dormitório, ainda pensando na discussão, Louise se deparou com uma cena inusitada. Um dos quadros no corredor estava completamente coberto de água. Embora não visse ninguém dentro dele, ela o tirou da parede e sacudiu. Como havia imaginado, de dentro dele foi despejado aproximadamente 1 litro de água e, logo após, uma voz fraquinha começou a sussurrar palavras incompreensíveis. Então um velho barbudo completamente encharcado saiu detrás de uma enorme pedra negra e falou com a mesma voz sussurrada:
“Siga a água, Madame, siga a água!”
“Perdão, mas...”
“Siga a água, Madame, a água!”
Louise, ainda sem entender, olhou para o chão e viu a quantidade de água que escorria pela escada. Foi descendo em busca de alguma pista e, no último degrau, se deparou com um enorme dente pontiagudo e avermelhado.
Continuou descendo e viu em um outro quadro uma mulher a observando atentamente:
“Uh... Um belo dente, senhorita. Provavelmente pertenceu a um belo dentauço, ah sim. Muito corajosa a senhorita, muito corajosa!”
“Dentauço? Desculpe, mas eu...”
“Shhhh!” – ela fez um gesto com o dedo em frente a boca – “Não pode dizer nada, senhorita, não pode contar a pista! A pista é sua, senhorita!”
“Pista? Então o dente é a pista?”
A mulher no quadro colocou o dedo indicador na boca novamente pedindo silêncio e recitou:
“Na água clara irá rolar o que deves procurar. Mas não vá se enganar ou o vento irá levar o que pode lhe ajudar.”
“Água clara? O único lago aqui é o lago negro e...”
“Shhhhhhhh!” – a mulher olhou para os lados sussurrando – “Hogwarts é um lugar de muitos segredos, senhoritas, muitos segredos!”
Vendo que não conseguiria obter mais informações ali, Louise agradeceu e voltou ao dormitório pensando. Uma coisa, pelo menos, parecia certa: a 1ª tarefa seria na água. Só restava saber em que água.

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