Fora do Chão



CAPÍTULO TRÊS - Fora do Chão





O dia mal despontava na rua do Alfeneiros e Harry já estava de pé, aguardando, como de costume, a chegada do Profeta Diário, porém neste dia a coruja do jornal estava demorando muito e Harry desistiu de esperar as noticias e foi se trocar para descer e tomar café.

Enquanto trocava seus pijamas por jeans e uma camiseta velha Harry transferiu seus pensamentos a Mansão dos Black, para onde provavelmente seria levado dali a alguns dias, se lembrou das cabeças de elfos decapitados e deles com gorros de natal, postos por seu padrinho, e quão feliz ele havia ficado por isso. Mas aquilo era passado e ele simplesmente se fora para sempre. Harry sempre tentava se conformar com isso, mas aquele maldito véu não parecia ser motivo ou causa de morte de ninguém, mas se ele não morrera como ninguém o salvou? Porque Lupin não o puxou de lá? Porque aquele véu seria capaz de matar alguém? Eram sempre tantas perguntas que Harry após dias de confinamento no número quatro, estava se conformando que ele na verdade havia ido embora e que nada poderia ser feito. Mas de súbito, ele pensou que podia sim, fazer muita coisa. Só ele poderia deter o avanço do Poder das Trevas e com isso erradicar de vez a tristeza que Voldemort causava a todos, só ele tinha o poder, só ele podia fazer aquilo e mais ninguém, embora tudo aquilo talvez lhe fosse custar mais que qualquer coisa na vida, e...

– Desça logo! Ou vou retirar o café da mesa, rápido – o grito de tia Petúnia o chamara para a realidade e vira que ficara ali pensando por duas longas horas. Sua tia fora como sempre rude, mas Harry, embora agora soubesse que ela talvez até gostasse dele, resolveu ir o mais rápido possível e então calçou seu tênis e desceu correndo as escadas para a cozinha.

Quando chegou ao andar térreo encontrou tio Válter sentado no sofá lendo como de costume seu jornal matinal, Duda estava em seu quarto ou na rua, porque Harry não o viu nem na cozinha nem na sala de televisão, encontrou tia Petúnia lavando a louça com incrível agilidade na pia da cozinha. Entrou no cômodo e se sentou no lugar de sempre e comeu rapidamente uma torrada com geléia e uma xícara de leite. Voltou correndo ao seu quarto, aonde ao chegar encontrou uma bola de poeira se movendo, mas quando olhou com mais atenção percebeu ser Errol a velha coruja dos Weasley.

Errol estava mais velho e empoeirado do que nunca, mas ainda conseguia cruzar uma longa distancia e trazia em sua perna um rolinho de pergaminho, Harry puxou-o e leu rapidamente, mas não entendeu absolutamente nada, apenas que era a caligrafia de Mione. O pergaminho estava escrito:



Harry você sabe que aquele ano não esta longe, mas será nele a hora que a aurora irá chegar, e então o escudo vai vir te levar. Mione.



Harry leu e releu o pergaminho na esperança de entender alguma coisa, até, que depois de certo tempo ele puxou o pergaminho virou para o verso e escreveu com sua pena “Pare de bancar a inteligente, quero sair daqui, quando”. Mas parou abruptamente de escrever, como não entendera antes? Finalmente compreendera o que Mione queria lhe dizer... O escudo é a guarda que o buscaria para leva-lo do número quatro e o ano que não esta longe e que a aurora vai chegar é o sétimo ano, onde ele se tornaria auror, que representa as horas, ou seja, hoje às sete da noite, a Guarda de Avanço estaria ali para lhe buscar e retirá-lo daquele buraco. Um sentimento incrível de liberdade se instaurou em seu peito, todo sentimento de tristeza e solidão que estava sentindo naquele domingo cinzento havia desaparecido e se dissolvido no ar. E no meio deste turbilhão de emoções Harry viu outra coruja bicando o vidro do batente da janela, Harry reconheceu sendo a coruja que lhe trazia o Profeta Diário todos os dias, então ele procurou sobre a escrivaninha algumas moedinhas de bronze e abriu a janela para que ela entrasse e deixa-se o jornal sobre a cama. A coruja assim o fez e esperou que Harry depositasse seus três nuques em uma bolsinha de couro.

Enquanto a coruja sumia no horizonte cinza, para espanto de Harry o jornal trazia uma enorme foto da Marca Negra sobre um vão que parecia ser destroços de o que um dia fora uma casa, embaixo da foto Harry leu a manchete: CHEFE DE DEPARTAMENTO É ASSASINADO POR COMENSAIS A PROCURA DE INFORMAÇÕES leia mais: páginas 6, 7, 8 e 9. Harry correu os dedos pelas páginas do jornal, à procura das relacionadas ao acidente. E quando Harry abriu a página seis viu uma foto de ninguém menos que Perkins, o velho chefe do Departamento onde trabalhava o Sr. Weasley, os olhos de Perkins na foto estavam desfocados e pareciam procurar por algo que estava além de seu campo de visão. Abaixo da fotografia, o jornal indicava a data de seu nascimento e de sua presente morte. Harry rolou os olhos pelo jornal para poder ler todo o artigo, que em grandes letras negras dizia:


“Ontem à noite, após alguns dias fora de atividade, os seguidores Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado voltaram à atividade, e desta vez a vítima foi Bilius Perkins, atual Chefe do Departamento de Controle do Mau-Uso de Artefatos Trouxas, que teve sua casa invadida, pelo que indicam testemunhas trouxas, serem cinco pessoas de capas pretas usando mascaras brancas empunhando varas de madeira, e foi torturado até a morte. Os peritos do Esquadrão de Execução das Leis da Magia disseram que viram os seis Comensais através da janela, mas que quando eles perceberam a presença de autoridades eles mataram a vítima com a maldição imperdoável da morte. Ao que os peritos indicam Perkins foi procurado por que sabe do parecer de duas pessoas, Carlson Jones e Arthur Weasley, que poderiam ser interessantes ao serviço das Trevas. A hipótese de uma brincadeira também não está descartada, a casa da vítima foi completamente destruída o que impossibilitou a ação completa dos agentes do Esquadrão. Ainda assim, tudo parece indicar que os Comensais estavam à procura de informações. O Ministro da Magia, Cornélio Fudge, anunciou esta manhã que Arthur Weasley será o novo Chefe do Departamento, onde até ontem Perkins era chefe. O ministério pede cautela à comunidade bruxa, e quaisquer outras informações, por favor, envie-nos uma coruja. Veja a entrevista com Carlson e Arthur nas páginas sete e oito, respectivamente”.



Novamente Harry correu os dedos pelo jornal até a página oito e viu a foto do Sr. Weasley na parte superior do jornal. Embaixo a entrevista.



“Estamos aqui com Arthur Weasley, que por motivos nada agradáveis, é o novo chefe do Depar-tamento de Controle do Mau-Uso de Artefatos Trouxas. Bem, Arthur, como você analisa toda a situação? ‘É realmente muito chato perdemos um colega de trabalho, eu conhecia Perkins desde que entrei no Ministério, ele era amigo do meu pai, que também foi morto por Comensais, só que da última vez que Você-sabe-Quem estava no poder, e sempre tive uma relação boa com ele.’ Como você se sente sendo o novo chefe do seu Departamento? ‘Prefiro não responder esta pergunta, a forma como cheguei a este novo cargo é muitíssimo delicada.’ Porque você acha que Comensais procurariam através de Bilius informações sobre você? ‘Isso é algo que talvez nem mesmo Merlin saiba.’ Existem boatos, de que Alvo Dumbledore possui um grupo de combate a Você-Sabe-Quem, e que você supostamente é um integrante do mesmo. Isso é verdade? ‘Grupo de combate? Acredito, que quem atualmente combata Você-Sabe-Quem, seja o Esquadrão do Departamento de Execução das Leias da Magia, não Alvo Dumbledore. E definitivamente não faço parte de organização alguma.’ Você acha que como novo chefe você vá conseguir realizar todos os projetos deixados por Perkins?”.



A entrevista continuava, mas nada de útil estava escrito sobre a morte de Perkins, comentava sobre a transição que o Sr. Weasley iria passar. Tudo aquilo soava muito estranho aos ouvidos de Harry, era muito provável que os Comensais estivessem à procura do Sr. Weasley, mesmo porque ele era de uma das únicas famílias de puro-sangue que não era do lado das Trevas.

Harry deu uma ultima olhada no jornal e se levantou de sua cama e foi terminar de fazer seus deveres e terminar de arrumar seu malão. Procurava por algum objeto que poderia ser esquecido, olhou a sua volta e encontrou duas penas sob a cama e um rolo de pergaminho novinho em folha atrás da porta. Pegou todas as suas coisas e as colocou dentro do malão pegou o cadeado de ferro e trancou o mesmo. Organizou sua cama e deu uma limpeza na gaiola de Edwiges, que ficou observando o trabalho do dono de cima da escrivaninha, vestiu uma jaqueta, caso fossem de vassouras ele não iria sentir frio, e ficou ali sentado na cama aguardando a hora em que a Guarda chegaria, já eram seis da tarde eles não poderiam demorar tanto, se fosse como no ano anterior chegariam dali a alguns minutos.

Mas não foi assim. Harry esperou dez, vinte, trinta, quarenta minutos e nada. Eles deviam ter se atrasado. Harry se levantou e desceu para a cozinha onde poderia pegar algo para comer. A casa estava muito silenciosa e ao que Harry presumia os Dursley provavelmente tinham saído. Harry abriu a porta da geladeira à procura de algum lanchinho, quando fechou a porta da mesma com a mão cheia de batatinhas, viu um vulto correr a janela, largou o que segurava instantaneamente e tateou a jaqueta a procura de sua varinha, empunhou a mesma em direção a janela, escutou uma voz masculina exclamar “Alorromora!”, Harry escutou o estalido do trinco da porta se virando e de repente o barulho de passos entrando na casa. Virou-se e ficou empunhando a varinha na direção da porta da cozinha até que ele viu um vulto difuso através do vidro da porta da cozinha, a maçaneta rodou.

– Estupefaça! – um lampejo vermelho saiu da ponta da varinha de Harry e explodiu na porta. Instantaneamente bruxos aparatavam dentro da cozinha e para horror de Harry alguém descia as escadas.


– Ele está sozinho, – gritou uma voz rouca detrás do fogão – tudo bem, varinhas para baix...


– O que é isso? – Harry escutou a voz de tio Válter às suas costas – Quem quebrou a porta da cozinha? Moleque você vai pagar car...


– Solte o garoto, trouxa! – a voz de uma mulher foi escutada.
– Quem é você? Como entrou aqui?


Novamente a voz rouca foi escutada, mas agora enquanto falava o som de passos acompanhava – Nós já nos conhecemos, mas viemos aqui somente buscar o garoto Potter e não conversar – o rosto carrancudo de Moody foi iluminado, pela lâmpada acesa por tia Petúnia – se vocês me permitirem – Moody ficou encarando tio Válter na esperança de uma confirmação – ou não, Harry vá buscar suas coisas, Emelina ajude-o!
Com a luz acesa Harry pode ter uma visão geral da cena, estavam presentes os mesmíssimos bruxos que lhe buscaram no ano anterior, Harry distinguiu claramente os rostos de Lupin e Tonks no meio da confusão.

Emelina Vance o acompanhou até seu quarto para buscar as suas malas, ao chegarem lá em cima ela enfeitiçou seu malão para que descesse flutuando. Harry abriu a portinhola da gaiola de Edwiges e ela entrou delicadamente em sua gaiola. Harry pegou sua Firebolt e colocou no ombro. E seguiu a bruxa.


Para espanto de Harry ao descer tio Válter estava sentado na mesa da cozinha, imóvel e tia Petúnia tinha um certo espanto no olhar, mas ele parecia lacrimoso, ela abriu a boca e disse suavemente.


– Harry, talvez não nos veremos mais – e com um forte abraço ela se despediu como se pela última vez de seu sobrinho, o Menino-Que-Sobreviveu – Se cuide e acabe com aquele que matou seus pais. – e ao dizer isso ficou imóvel também.


– O que aconteceu com eles? – o que estava acontecendo Harry não fazia a menor idéia, seus tios estva duros como estatuas e ao que tudo indicava sua tia estava triste por que ele estava indo embora. Tudo parecia sem nexo algum.


– Harry, depois a gente explica, o primeiro sinal já foi dado, vista esta capa – Lupin falava depressa e jogava uma capa azul meia-noite sobre os ombros de Harry, que parecia ser feita de algo gelado e úmido – e...Moody! – Moody estava colocando tia Petúnia sentada ao lado de tio Válter – Termine logo isso e desilusione Harry...


– Eu posso desilusioná-lo! – uma bruxa de cabelos rosa chiclete veio em sua direção com a varinha empunhada. Harry sentiu um toque em sua cabeça e rapidamente seu corpo começou ficar gelado e então Lupin exclamou.


– O Plano é o mesmo do ano passado, seja la o que acontecer continue o caminho. Harry se todos cairmos continue voando à oeste que os outros irão te salvar. Vamos! – todos os presentes se retiraram da cozinha e foram até o quintal dos fundos. Observando o céu escurecendo, Harry notou que uma faísca vermelha piscava no horizonte.


– Subam! Fora do Chão! Já! – a voz rouca de Moody ecoou no quintal e Harry tivera certeza que o vizinhos escutariam.


Todos deram um impulso no chão e subiram cinco, quinze, trinta metros e rapidamente a rua dos Alfeneiros de tornou apenas uma linha amarela ao longe.


Harry se sentiu bem como nunca, sabia que voar lhe agradava e que não existia nada mais relaxante. Diferente do ano anterior quando eles tomaram um rumo leste, agora todas as vassouras seguiam a oeste. Tonks e Emelina trocavam toda hora de posição e quando Harry começava a achar que estavam chegando havia sempre um Moody gritando.


– Leste


Harry percebera só depois de alguns minutos de vôo que a capa que estavam usando impediam que fossem vistos claramente, se confundiam com o azul profundo da noite.


– Sul!


Harry olhou para trás e no mesmo instante viu um raio azul vindo em sua direção, deu o giro-da-preguiça e desviou com sucesso.


– Dodge! Podmore ! Retaguarda!


Estavam sendo atacados. Harry só conseguia distinguir pontinhos negros ao longe quando de repente seis vassouras emergiam de dentro de uma nuvem e uma risada cortou a noite, Harry reconheceu ser a risada sarcástica de Bellatrix. Haviam outro cinco Comensais mascarados, por trás de uma máscara, haviam olhos acinzentados e um cabelo louro prateado que escorria ate os ombros. Em uníssono o seis Comensais da Morte gritaram.


– MOROSMORDRE! – e um enorme crânio emergiu da ponta das seis varinhas e então Harry ouviu a voz de Lupin, Emelina, Tonks e Moody – ESTUPEFAÇA! – dois Comensais atingidos pelo feitiço caíram, mas Bellatrix e um outro Comensal continuaram lançando maldições em todas as direções.
Lupin e Quim avançaram como flechas na direção dos quatro Comensais restantes. Quim fez algo com a varinha que deixou um Comensal preso por uma forte amarra dourada. Lupin agora batalhava com Bellatrix que no momento ria e fugia de Lupin, que ao que parecia enviava uma bola prateada na direção de Bellatrix.


Temendo perder Lupin como perdera Sirius, Harry puxou a varinha do bolso e berrou com toda sua força – ESTUPEFAÇA! – e a risada de Bellatrix foi extinta daquela noite. Atingida em cheio nas costas ela caiu em direção ao solo.


A Marca Negra seguia-os para onde quer que eles fossem e enquanto Tonks e Emelina faziam um escudo para Harry gritando continuamente “Protego!” e às vezes lançando flechas douradas contra maldições que explodiam em enorme cogumelos de fumaça, Lupin agora batalhava ferozmente com a Comensal loura que após o esforço do duelo com Lupin ficou sem a máscara e revelou-se sendo Narcisa Malfoy. Harry leu nos lábios da mulher o encantamento da Maldição da Morte, mas bem a tempo Lupin lançou algo parecido com uma neblina sobre Narcisa que tentou fugir, mas atingida pela fumaça escorregou e caiu de sua vassoura. Faltavam apenas mais dois Comensais. Moody agora ajudava Tonks e Emelina na proteção de Harry, em meio ao caos no ar Harry escutou a voz de Moody.


– Não use sua varinha! Não ainda!


– ROCHUS! – um comensal gritou atrás de Lupin e uma enorme pedra saiu da varinha do Comensal. A pedra bateu em Lupin que também foi de encontro ao chão. Harry incendiado pela dor de perder alguém novamente virou o rumo da própria vassoura para ir buscar Lupin, mas sentiu que linhas invisíveis o puxavam contra sua direção ele escutava claramente a voz de Moody em seus ouvido dizerem “Volte a sua direção, não seja tolo!”, mas mesmo assim tentava se livrar das cordas invisíveis e então ouviu a mesma voz gritar “ROCHUS!” e então ele mudou novamente o curso de sua vassoura desviando do enorme bloco de pedra que vinha em sua direção.
A guinada que dera o deixara perdido. Não tinha idéia de onde Tonks e Emelina estavam agora. Moody era seu único ponto de localização. Ele batalhava com um Comensal abrutalhado a sua frente e então Harry ignorou o conselho que recebera.


– Expelliarmus! – e a varinha do Comensal da Morte desapareceu na noite escura assim como ele próprio que afundara na noite a procura da mesma.


Tonks e Emelina reapareceram segundos depois na mesma formação em volta de Harry. E quando Harry viu já era tarde demais, dois Comensais surgidos de uma outra nuvem amaldiçoavam suas últimas guardas. Harry escutou um grito e sentiu algo estourar em suas costas. Ficou tonto e sua visão ficou embaçada. Viu de relance a Marca Negra no céu. A dor que a pedra causava o deixava sem forças, Harry sentiu os dedos escorregarem pela vassoura e o vento passar por seus cabelos até que parou de cair e escutou uma enorme explosão.


Com dificuldade Harry abriu os olhos e viu algo dourado voar no céu, um canto melodioso e agradável encheu a noite, mas ainda assim Harry não resistiu e desmaiou ali na noite escura e fria.


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