O Véu da Morte



CAPÍTULO VINTE E UM – O Véu da Morte




O dia dos namorados havia chegado, e pela primeira vez em Hogwarts ele havia percebido, que neste dia, as garotas ficavam mais volúveis e o burburinho dos cochichos era mais alto. Aproveitando uma data sutilmente festiva, o segundo domingo do mês, foi o dia em que todos os alunos puderam visitar o vilarejo de Hogsmeade, embora a maioria desejasse correr para a Dedos-De-Mel e comer um monte guloseimas ou, tomar um cerveja amanteigada no três vassouras, foram poucos os alunos que foram ao vilarejo. Assim como no natal, os alunos, principalmente os Lufa-lufas, estavam receosos de que mais um ataque pudesse ocorrer.


Embora Harry estivesse com muita vontade de visitar o povoado preferiu ficar no castelo, já que Rony e Hermione foram sozinhos. Não que os amigos não o tenham convidado, mas ele sabia que não queria interferir assim como fizera na sede da ordem. Neville, Simas e Dino o chamaram, mas ele preferiu ficar na torra da Grifinória, acompanhado Gina em uma maratona de estudo de poções.


– Não, Gina, as pedras da lua, fazem outra coisa! – disse Harry indicando com o dedo seus antigos desenhos do quinto ano. – Beladonas é que atuam em um composto de limpeza!


– Não entendo por que sou tão ruim em tudo. – comentou chateada.


– Você não é ruim em nada! Você é até b...-boa demais!


Gina riu.


– Poções não são meu forte, além do que ainda nem sei o que vou fazer, e se delas vou precisar!


– Vocês não vão ter aconselhamento profissional não?


– Acho que só mais no final do semestre.


– Ano passado a Umbridge inspecionou minha consulta. – Harry começou a imitar a ex-professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, uma cobra em pessoa, malévola e egoísta, e sem espera Harry derramou seu tinteiro. O estrago foi geral. Os pergaminhos foram encharcados por tinta e mesmo que Gina e Harry gritassem, “Evanesco!Evanesco!” a escorria mais ainda. Tentando recuperar alguma coisa os dois foram ao chão e recuperaram alguns pergaminhos e um punhados pernas molhadas com tinta negra.


– Não acredito no que eu consegui fazer! – disse Harry perplexo com as mangas e as barras das vestes sujas. – Um tinteiro e todo esse estrago.


– Eu gosto de estudar com você. – disse Gina sem graça. – Mas mesmo assim, – começou rindo – acho que não vou agüentar estudar um pouco mais da matéria do Snape.


Os dois riram e ficaram se olhando por alguns instantes, conversaram o dia todos, sobre os mais diversos assuntos, desde a sucessão ministerial até o extinto FALE da Hermione. Gina lhe contou que de fato o FALE ainda não havia acabado completamente, Hermione lhe contara que estava apenas pensando em novas formas de conduta, mas que dentro de Hogwarts ele ficará adormecido. Harry ficou extasiado olhando a garota, seus longos cabelos ruivos, ondulavam sobre seu ombro e escorriam até o seu colo. Harry contraiu o sub-abdômen e antes que percebesse, estava rindo de Gina, que havia acabado de lhe contar uma piada de um vampiro louco e um trouxa que sabia demais.


– Realmente! Como o vampiro iria entrar na casa dele? – Harry riu mais um pouco e Gina o acompanhou.


– Você já pensou na próxima reunião da AD? – disse Gina sugestiva.


– Não ainda, não, aprender aquela Azaração do Corte não foi fácil. Fiquei dias praticando durante os intervalos. – e finalizando disse – Eu peguei de um livro, lá da sala da AD.


– Já que nós dois ficamos aqui nesse castelo, – disse Gina com a monotonia na voz – poderíamos ir até a Sala Precisa e pesquisar alguma coisa para a reunião de quarta-feira.


– Boa idéia. Me espera aqui. Vou pegar o mapa do maroto. – Harry correu e subiu as escadas que davam acesso ao dormitório masculino. Quando entrou no aposento circular, foi em direção a sua cama e de dentro de seu malão puxou o mapa do maroto. Antes que fechasse seu malão, Harry viu seu reflexo perto de algumas roupas velhas, ele olhou novamente e viu um espelho velho, semi coberto por um papelão velho. Era o espelho de Duas-Faces de Sirius. Ele balançou a cabeça para tentar não pensar em seu padrinho, mas a imagem de sirius em um espelho não lhe saia da cabeça. Ele fechou o malão e foi ao encontro de Gina.


Enquanto os dois caminhavam pelo sétimo andar, Harry ficou um pouco mais quieto, embora lutasse contra si mesmo para que conversasse descentemente com Gina. Ela contava satisfeita que havia conseguido fazer uma finta de Andreas no último treino de quadribol e Harry apenas confirmava com a cabeça e falava momentâneos “Ah!” ou “É.”. Harry desejou que chegassem logo até a Sala precisa, para que pudesse encher sua cabeça com outra coisa que não fosse a morte de seu padrinho.


– Senhor Potter! – uma voz esganiçada gritou. Harry procurou á sua volta e não viu ninguém, só notou a presença do dono da voz quando direcionou seu olhar para o chão. Viu uma criatura de no máximo um metro e com enormes orelhas que se pareciam com asas de morcego. Era Dobby.


– Que prazer Dobby encontrar o Senhor! Dobby muito feliz! – disse o elfo.


– Olá Dobby! – disse Gina muito simpática.


– Olá, você me parece muito gentil, minha senhora!


Gina riu.


– Bem Dobby, nós estávamos de passagem. Até mais! – e dizendo isso Dobby desaparatou. Harry teve certeza de que havia ouvido um grito de sarcasmos por parte de Dobby, mas seguiu em frente sem dar muita atenção. Quando avistou o bruxuleio dos archotes que ladeavam a tapeçaria de Barnabás, o amalucado, Harry avistou a parede lisa. A parede que escondia o melhor aposento do castelo. A Sala Precisa. Gina olhou para Harry e ele olhou para ela. O vento entrou no corredor impetuoso, como se com ele trouxesse mais do que ar. Harry caminhou até a parede de pedra lisa. Quando se aproximou uma porta preta apareceu. Ele pôs a mão na maçaneta e esta estava trancada. Como assim? Pensou consigo mesmo. Tentou novamente a mais uma vez a porta não abriu. Ultimamente estava cansado de encontrar portas fechadas. Tentou pela terceira vez e quando assim o fez, escutou um estalido gélido do trinco da fechadura. Gina se aproximou.


Quando a porta se abriu, o aposento usado para praticar as reuniões da AD, havia sido substituído por um local de pedra fria. O enorme salão era retangular e a porta se localizava na parte mais alta. Abaixo diversos degraus escalonados convergiam para um mesmo ponto. No meio da sala, lá embaixo, havia um patamar um pouco mais fundo. Sobre ele erguiam-se um arco de pedra, cujos blocos formadores estavam tão desgastados e quebrados em alguns pontos, que Harry se surpreendeu que ainda se mantivesse de pé. Novamente ele estava surpreso com aquele arco. Sem apoio algum, um véu negro, antigo e esfarrapado ondulava levemente. Novamente havia se deparado com aquele véu. Mas estava na Sala Precisa, em Hogwarts! Como uma sala do ministério viria parar ali? Por alguns instantes ficou se questionando sobre como aquilo estava ali.


Harry olhou para o véu e sentiu medo. Sentiu o medo de perder mais alguém, o medo de ter medo, o medo do medo. Não sabia se deveria descer e novamente analisar aquele véu, cujo outro lado jamais seria de sua ciência, ou se deveria permanecer ali sentado esperando que algo ocorresse. Mas o que ele realmente queria naquele momento era que tivesse seu padrinho de volta. Que em uma atitude de arrependimento por ter sumido tanto tempo, voltasse. A voz de Gina lhe gritando, não lhe atingia. Harry sentiu uma lagrima descer-lhe do olho. Levantou-se e começou a descer os degraus de pedra com grandes saltos. Seus olhos úmidos foram secos pelo vento da descida. Harry ficou frente a frente com o véu.


Harry ergueu a varinha.


IMPEDIMENTA! – a voz do garoto ecoou no silêncio e atravessou o véu sem nem ao menos interferir em suas ondulações. Gina ainda lhe chamava o nome. Harry não sairia dali enquanto não descobrisse do que se tratava aquele maldito véu. Não sairia dali sem uma explicação, mesmo que fosse necessário morrer ali esperando. Ele queria descobri o que era aquilo.


Harry escutou o grito agudo de Gina mesclado ao zunido fino que vinha de cima. Harry olhou para cima e viu um teto negro, tão negro que parecia inexistente. Era como se estivesse dentro de uma caixa sem tampa, guardada em um quarto escuro. De repente, um quadrado cor de madeira começou a descer do escuro infinito. O zunido fino que escutava estava aumentando. Quando olhou novamente para cima, o pequeno quadrado revelou-se sendo uma estante pesada de madeira que caiu sobre o arco de pedra destruindo o completamente. Harry escutou o barulho de tecido sendo rasgado e ficou extremamente contente. As lágrimas se esvaíram, mas a curiosidade não. Harry sente que Gina desceu os degraus e está atrás dele. A estante estava repleta de livros iguais. Alguns os livros eram azuis pavão e tinham familiares letras douradas, todas muito floreadas. E outros eram negros e possuíam letras quadradas escritas em prata.


– Essa estante! – exclamou Gina, a voz ecoando no aposento – Ela estava lá naquela sala da Ordem! Eu e Hermione vimos esses livros! Eles são do ministério!


Harry não deu atenção a Gina e puxou um livro intitulado Segredos da Magia – Departamento de Mistérios – 1981. Harry ficou ávido pela curiosidade de ler aquelas páginas e quando abriu o livro, um grito fino e renitente ecoou por alguns instantes. Quando o grito do livro findou diversas vozes, ficaram entoando em seus ouvidos, como se naquele momento o aposento estivesse cheio de gente. Harry folheou algumas páginas e viu que a maioria estavam em branco, totalmente limpas, não fosse pela presença das traças que o tempo trouxe. Harry folheou um pouco mais e ao final do mesmo achou uma pequena nota. Profecia adicionada á estante oitenta e quatro. Sabia que era sua profecia. Guardou o livro e puxou outro, e outro, e outro. Todos em branco. Quando puxou um dos últimos livros restantes, ele folheou e viu que haviam um página escrita até a metade. O livro era datado de mil oitocentos e cinqüenta e nove.



O véu da morte foi concebido em conjunto pelos inomináveis Alvério Loosi e Ângela Condery, foi um projeto que ocuparam em toda sua vida profissional, tendo o êxito final em dezembro de 1852. O véu da morte foi criado para que aprisione pessoas, bruxas ou não, em um outro plano tridimensional. Usados em sua composição, feitiços da memória e de aparatação. Além das maldições da Morte e da Prisão. Ângela o descreve da seguinte forma:
“O véu foi criado, para o uso de extremos casos, deverá permanecer encarcerado em um aposento que o evidencie para que ninguém, posse tocá-lo e assim se machucar seriamente. O chamamos de Véu da Morte, pois até hoje ninguém nunca voltou do outro plano. A pessoa que o atravessa, fica então como morta. Não há o que fazer.”
Um fato curiós a respeito deste artefato poderosíssimo é que qualquer pessoa, que viu a morte com os próprios olhos, escuta ecos que acreditam, serás vozes dos que já passaram. O Véu da Morte, foi obra única. Como é quase impossível manuseá-lo, os Ministérios da Magia da Inglaterra, do Brasil e da Nova Zelândia, responsabilizaram-se pela proteção do véu que foi divido em trás partes, e hoje são escondidos da comunidade mágica, e tido como um mito.



Harry terminou de ler e desejou que saísse dali o mais rápido possível. Havia acabado de ler a constatação final de que Sirius havia realmente ido. Harry pela primeira vez desde que havia visitado aquela sala, chorou pela morte do padrinho. Sentiu que toda sua tristeza escondida estava sendo expelida, como se algo de podre estivesse sendo extirpado do seu ser. Gina parecia muito assustada, e havia se ajoelhado ao lado do amigo e o abraçava com força. Ele olhou para ela e sentiu medo de perdê-la, e o medo que estava sentido desde que entrara naquele lugar, estava se espalhando até os fios de seu cabelo. Uma voz latejava em sua mente. Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas... A direção de seu medo começou a mudar, agora sentia medo de não atingir o objetivo. O Lorde das Trevas desconhece... Ele tinha um trunfo. O outro sobreviver... Sabia que tinha o poder, só não sabia usá-lo. Gina o abraçou com muita força e Harry não chorou mais. Decidiu não perder tempo, já que talvez seu destino não durasse muito, colou a ponta de seu nariz no nariz de Gina e quando enxergou si mesmo na íris da amiga fechou seu olhos e ficou ali. Acontecesse o que acontecesse, ele teria seus amigos, e Ginevra Weasley, sua maior fortaleza.

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