De Volta Ao Número Quatro



– CAPÍTULO UM –
De Volta ao Número Quatro





Um dia quente de verão aguardava para despontar, uma fina linha laranja marcava o horizonte e abaixo do mesmo erguiam minúsculas casas com seus jardins bem cuidados e com seus carros lavados em suas respectivas garagens. Um típico subúrbio inglês, e ao meio de tanta normalidade havia apenas duas pessoas que estavam preocupadas, não com o programa de verão do dia seguinte ou com coisas banais, mas com sua vida e a de outros. Uma principalmente estava ali, em seu quarto, afundada em devaneios sobre seu futuro, sobre se o menino-que-sobreviveu seria capaz de derrotar aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Ali perdido em seus pensamentos se encontrava um menino magricela, com olhos verdes esmeralda emoldurados por dois anéis prateados e cabelos negros e despenteados, era Harry Potter.


Harry estava acordado desde a madrugada já que seu sono fora interrompido inúmeras vezes com cenas de sua vida que faziam parte de um passado longe e que no momento só tornaria mais difícil sua recuperação. As lembranças de seu padrinho só faziam-lhe se sentir mais culpado pela sua morte.


Todos os dias seu cérebro o forçava-o a lembrar-se de seu terceiro ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, quando conhecera seu padrinho e até junho passado, quando seu maior vínculo familiar se fora, a não ser pela tia Petúnia que o tratara tão mal durante sua vida que já não tinha tanta estima pela mesma; seu tio Válter era marido de tia Petúnia e não deixava de seguir o exemplo da esposa. Fora aquele o ano mais feliz de sua vida, conheceu seu padrinho e vira nele uma esperança de se livrar de seus tios, mas devido à contra-tempos, nada podia ser perfeito e ali estava ele de volta ao número quatro.


A vida com os Dursley era tão animada como um velório, seus tios o ignoravam e seu primo, Duda, também. Harry sentia sempre grato pelo fato de fazerem isso por que quando abriam a boca, as coisas acabavam tomando o rumo errado.


Estavam sentados à mesa do café de sexta-feira e Duda mostrava-se incrivelmente mais forte que no ano anterior, porém seus anos de gordo causaram-lhe danos irreversíveis: continuava lerdo e preguiçoso. Naquela manhã tio Válter pediu que Duda pegasse a tigela de bacon e ovos.


– Dudão! – Duda fingiu não escutar, e Harry conteve um riso fraco e sem força – Dudão! Pega essa tigela para mim fazendo o favor! – Duda assim o fez e intencionalmente deixou cair metade do conteúdo da tigela nas pernas de Harry.


– Dudley! – exclamou histericamente tia Petúnia, seus maxilares mais aparentes que nunca e seus enormes olhos vidrados em Duda. Seus tios durante este verão reagiam sempre de forma a agradar Harry, pois levaram a sério, a ameaça de Moody na estação King’s Cross.


– Ah... Desculpe! – Duda andava pior do que nunca, e parecia querer descontar em Harry pelo o que ele o fez passar no verão passado quando os dois foram atacados por dementadores – Não tive a intenção. – disse em tom de falsete.


Harry fingia não ver o que se passava ao redor, pois de preocupações bastava o sentimento de culpa que carregava há uma semana. A atitude dos Dursley naquele verão era muito mais liberal do que normalmente, deixavam Harry fazer seus deveres e não o incomodavam.

Harry estava fazendo uma redação a pedido da professora McGonagall intitulada “Objetivos do Egresso”, onde deveria expor suas idéias quanto à carreira desejada, e o qual era o objetivo de seguir a carreira escolhida, onde ele queria chegar e etc. Harry molhou a pena e escreveu “‘Objetivos do Egresso’ aluno Harry Potter”. Começou a escrever sobre a carreira de auror, na qual seriam necessários no mínimo quatro N.O.M. ’s e sete N.I.E.M.’s e que daria o seu melhor nesses dois últimos anos de curso para que adquirisse seus N.I.E.M.’s. Enquanto escrevia lhe passavam pela cabeça cenas no Departamento de Mistérios, onde pusera a vida de seus amigos em risco. Uma cruz de fogo...Uma chama roxa...O grito de Bellatrix ecoando em seus ouvidos... E a ultima visão de seu padrinho até ele cair além do véu. Ao terminar seu esboço da redação de McGonnagal ele pegou outro pergaminho molhou a pena novamente e escreveu.



Rony,


Eu estou bem, e os trouxas também estão melhores depois do aviso que receberam na plataforma nove e meia. Quero sair daqui.



Harry



Ao terminar Edwiges desceu delicadamente de cima do armário e pousou sobre a escrivaninha apinhada de pergaminhos e livros. Ela esticou a perna e Harry prendeu o bilhete na mesma, no mesmo instante ela levantou vôo e desapareceu no branco intenso de uma nuvem realmente fofa.




Os dias no número quatro pareciam demorar o dobro do tempo normal e o calor não ajudava em nada, só deixava tia Petúnia mais agitada e tio Válter mais nervoso, ao menos Duda passava o dia fora, provavelmente com sua gangue, e só voltava tarde deixando tia Petúnia ainda mais preocupada.


Durante uma noite relativamente quente, Duda demorou mais que o normal o que levou tia Petúnia à histeria, não deixando Harry dormir e fazendo com que se levantasse e observasse a cena de cima da escada.


– Válter! Onde está o Dudiquinho! O nosso Dudiquinho! – tia Petúnia gritava e andava pela casa como louca e tio Válter tentava acalmá-la. – Já se passaram mais de três horas! Onde está o Dudiquinho!


– Petúnia, querida, ele é jovem sabe se virar! – tio Válter embora parecesse calmo estava vermelho e parecia por demais angustiado – Daqui a alguns minutos ele deve voltar, ele já deve estar vol... – um barulho de chave virando o trinco e Duda imergia no portal branco dos Dursley.


– Dudiquinho! – tia Petúnia pareceu mais do que nunca um cavalo, sua enorme cara ossuda colou na de Duda e desabou em lágrimas sobre o filho. – Duda, você deixou a mamãe preocupada, você não pode fazer isso, enten... – sua voz mudou de melancólica para furiosa e seus olhos encontraram impiedosamente os de Harry – Que você está observando?


– Nada, vou me deitar. – Harry se apressou e foi para o quarto, ainda escutava a discussão no andar de baixo, quando escuta a música do noticiário urgente, escuta a voz da jornalista: -...incendiadas misteriosamente, vizinhos dizem ter vistos suspeitos andarem envolta da casa e dispararem o que pareciam ser jatos de fogo, nenhumas das hipóteses foi confirmada, um dos moradores morreu e outros dois estão feridos em estado grave. Adriane, de Chertsay, para o Última Notícia. Obrigada Adriane, e o calor no sudest... Harry escutou tudo em silêncio, e quando voltou ao seu quarto uma enorme coruja parda se encontrava encarrapitada no peitoril da janela. Ela bicava o vidro freneticamente e suas enormes asas batiam lentamente e nuvens de poeira se formavam ao redor dela. Harry pegou a carta da perna da ave e no instante seguinte ela já não estava mais ali.


Harry abriu a carta e reconheceu a caligrafia fina escrita com tinta verde, era Dumbledore:



Harry, eu acabo de ser informado de um ataque a três casas trouxas que foram atacadas por comensais esta noite, eles estão “brincando” o que não é bom, pois esses ataques não cessarão tão cedo. Não ande sem varinha pela casa e fique atento, pois o ataque foi próximo a sua casa. Estou providenciando para que você saia já daí.


Harry sabia que a situação estava se saturando, mas tentando não pensar em nada foi dormir.



Na manhã seguinte, quando Harry desceu para o café da manhã encontrou apenas Válter e Petúnia à mesa, Duda não estava. Tia Petúnia tinha enormes olheiras nos olhos e parecia ter chorado a noite toda, já tio Válter estava sério e lia o que parecia ser um jornal velho e de cabeça para baixo. Harry abriu a boca e exclamou inconformado:


– Onde está o Duda? – tia Petúnia fungou mais alto e derramou a xícara de chá que estava a sua frente. Tio Válter parou abruptamente de ler seu jornal. Ambos olharam indignados na direção de Harry e ele preferiu não ter perguntado, mas mesmo assim se sentou e como de costume comeu o mais depressa que pode, para evitar momentos de conflito.


Antes que terminasse de comer, tio Válter quebrou o silêncio.


– Não lhe interessa aonde Duda vai ou deixa de ir. – tio Válter falava e seu enorme bigode seguia a linha de seus lábios.


– Tá’bem. – Harry se apressou pela porta da cozinha e foi para seu quarto onde poderia enfim passar a limpo sua redação, e fazer tantas outras.


Subiu as escadas e quando chegou em seu quarto, Harry puxou um pesado exemplar de História da Magia para escrever sobre a Confederação dos Bruxos e um resumo sobre todo o conteúdo estudado, Revolta dos Duendes, as Guerras dos Gigantes dentre outros assuntos que Harry se lembrava vagamente. Passou depois para os exercícios de feitiços, as cabalas da varinha, que ocuparam boa parte da tarde. Nos dias seguintes Harry finalizou sua redação sobre Feitiços de Desaparição a pedido de McGonagall e à pedido de Snape a redação sobre o uso de Poções de Efeito Mental, como a poção para Confundir, a poção da Paz e o Veritaserum, que agem diretamente no cérebro. Mantinha sua mente ocupada com deveres e outras coisas para não pensar no padrinho, mas Harry volta e meia ficava pensando em todos acontecimentos do ano anterior...
Perdera tudo, seus pais e seu padrinho. Seu destino há muito havia sido decidido, teria de escolher em ser ou um assassino ou uma vítima. Pensou em como havia sido ingênuo de cair na armadilha de Voldemort, de acreditar em Monstro, de nunca abrir aquele pacote do espelho de Duas-Faces, podia ter evitado tudo o que aconteceu...


Havia livros, pergaminhos, penas e tinteiros sobre a escrivaninha; o canivete de Sirius, o mapa-do-maroto e o espelho de Duas-Faces estavam guardados em seu malão, assim seria menos doloroso; Edwiges ainda não havia voltado, logo estava ele ali sozinho naquele fim de dia quando de repente uma pequena coruja-das-torres entrou trazendo um envelope pardo escrito em verde:



Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


Níveis Ordinários em Magia


Harry Potter


Rua dos Alfeneiros, 04


Little Whinging


Surrey



Harry pegou o envelope inconformado, e então se lembrou, eram as notas de seus N.O.M.’s, abriu o envelope ansioso para saber suas notas, lembrando que se realmente quisesse chegar a ser um Auror deveria receber pelo menos Excelente, em Defesa Contra as Artes das Trevas, Transfiguração, Feitiços e Poções. Harry abriu ansioso a carta e puxou o pergaminho com suas notas, estava nele escrito:



Ministério da Magia da Inglaterra


Departamento de Educação e Exames



Seguem abaixo as notas obtidas no exame de Nível Ordinário em Magia pelo aluno Harry Potter, do quinto ano de estudo de Magia e Bruxaria na escola de Hogwarts.



O conteúdo avaliado pode obter as seguinte classificações:


Deplorável


Passável


Aceitável


Ótimo


Excelente


Excedeu as Expectativas



Defesa Contra as Artes das Trevas: Excedeu as Expectativas



Feitiços: Excelente



Transfiguração: Excelente



Astronomia: Passável



Adivinhação: Aceitável



História da Magia: Aceitável



Trato das Criaturas Mágicas: Ótimo



Poções: Excelente



Tendo em vista, os resultados obtidos o aluno obteve 81,25 % de aproveitamento e no total alcançou sete N.O.M’s e foi aprovado nas matéria que obtiveram nota superior ou igual ao Aceitável.



Além das notas a carta trazia o nome dos novos livros, que eram quatro:



O livro padrão de feitiços 6ªsérie,


de Miranda Goshawk


Transfiguração Avançada,


de Sara Tombsky


Magia Negra: Combata-a!


de Lawel Aveniz


Poções Avançadas,


de Huany Amep.



Harry ficou exasperado ao saber que havia passado com êxito nas matérias requeridas para ser auror, especialmente poções, a matéria que ele achava a matéria mais chata de todas, talvez fosse pelo professor Snape que mantinha um profundo ódio do garoto ou pelas aulas serem com o pessoal da sonserina. Ficou horas deitado imaginando como seria seguir a carreira de auror, o que ele aprenderia, se lembrou da voz de McGonnagal dizendo que o ajudaria a ser auror nem que aquilo lhe custasse a vida, do curso que teria de fazer no ministério, e então seu pensamentos voaram para o padrinho que provavelmente se ainda estivesse ... estaria lhe preparando um cartão de aniversário já que dali a algumas semanas completaria dezesseis anos, ficou ali pensando até que o sono foi mais forte que ele, e o derrotou.




Na manhã seguinte tia Petúnia e tio Válter já estavam sentados à mesa, o silêncio era total e Duda ao que parecia já havia saído novamente. Harry tomou seu café e enquanto pegava o leite sua varinha escorreu de seu bolso e rolou na mesa, soltou algumas fagulhas que levaram tia Petúnia ao nervosismo total.


– COMO VOCÊ SE ATREVE A AMEAÇAR AQUELES QUE LHE ALIMENTAM E LHE DÃO UM TETO? – enquanto tio Válter esbravejava, Harry pegou rapidamente a varinha e a guardou no bolso interno da jaqueta.


– Desculpa!? – a voz de Harry tentava se sobrepor à zoeira geral até que ele gritou – DESCULPA, ‘TÁ!? EU NÃO TIVE CULPA!
Tia Petúnia indicou com um ossudo dedo indicador as escadas.


– GAROTO VÁ PARA O SEU QUARTO, ESCUTE SUA TIA. – tio Válter parecia uma abóbora de dia das bruxas, seu rosto gordo estava num intenso laranja vivo. Harry caminhou em direção as escadas, e enquanto Harry subia, ele escutava uma explosão. Pensou “Não pode ser. Não aqui. São nove da manhã, eles não teriam a audácia...” BUM... “Sim eles teriam.” Harry desce as escadas correndo e escancara a porta do número quatro, vê no final da rua Magnólia uma casa pegando fogo e um carro flutuando no ar. Alguns que passavam pela rua estavam aos berros enquanto dois vultos distintos lançavam feitiços na casa em chamas e no carro que agora batia contra o muro da casa. Harry distinguia algumas vozes berrando “Incêndio!” e “Império!” e então após longos minutos, depois da casa estar quase destruída, vários bruxos aparataram no local usando vestes azul pavão com as inicias EELM gravadas em letras garrafais douradas, e apontando as varinhas para os comensais que como as sombras se dissipando na luz desaparataram. Harry sente uma mão tocar o seu ombro e leva um susto, ao se virar vê tia Petúnia com o rosto sério e mais ossudo que nunca. Ela mexeu os lábios e disse:


– Entre, vamos conversar.







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Comentários (2)

  • sra fernandes

    Começado a leitura..... gostei de sua abordegem e foco na escrita. Sugiro apenas que faça uma revisão nos texto, na minha humilde opinião, dá pra retirar algumas palavras que estão duplicada, sem perder o sentido da frase. Como por exemplo "Na manhã seguinte, quando Harry desceu para o café da manhã(...)não vejo a necessidade de repetir a palavra 'manhã'. Veja se não fica mais enxuto o texto assim "Na manhã seguinte, quando Harry desceu para o café(...)" Repito, estou só sugerindo! Parabéns pela fic. bjs Sra. Fernandes

    2013-02-26
  • Martina.Rodriguez

    muito bem escrito mesmo!

    2012-04-29
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