Felix Felicis



CAPÍTULO CATORZE – Felix Felicis







As últimas duas semanas de novembro foram mais frias que as anteriores, o que obrigou todos os alunos a usarem suas grossas capas pretas com botões prateados. Fortes tempestades de vento estavam se tornando comuns nesta época. O sol recusou-se a aparecer por dias, e Harry concluiu que o dia do jogo no qual Sonserina tinha ganhado, havia sido o último dia de sol do ano. Todas as manhãs o grande lago amanhecia coberto por uma camada fina de gelo, fazendo com que sua superfície lisa se parecesse mais ainda com um grande espelho. Não só Edwiges parecia ter sido tocada pelo frio, mas todos os animais do castelo, incluindo os que estavam nos terrenos externos da escola. Nas aulas de Hagrid, os Dedos-duros pareciam muito tristes com frio enquanto os Agoureiros pareciam contentes como Edwiges. A bela coruja-das-neves de Harry vinha lhe fazer visitas diurnas quase todos os dias, o frio parecia animar-lhe por demais. Pichitinho estava eufórica como sempre, mas o frio parecia lhe assustar, sempre que uma brisa corria perto dela, a pequena corujinha corria para os braços quentes de Rony. Bichento, o grande gato laranja de Mione, estava muito contente nas últimas semanas, fosse pelo frio ou pela notícia que ele trouxera na noite de quinta-feira.


– Sempre pensei que corujas entregavam o jornal. – disse Rony quando viu o gato laranja vir em sua direção.


– Ele é tão inteligente! – disse Mione com o orgulho transbordando pelos olhos. O gato deu um pulo na poltrona de Mione e se acomodou nas pernas da garota, que delicadamente retirou o jornal dos dentes do gato. O rosto de Hermione levou um baque. Ela se viu chocada e depois sorriu pelo canto da boca. – Vejam com seus próprios olhos. – a menina virou o jornal para que lessem a manchete e Gina deu um suspiro de aflição e medo. Harry leu e não acreditou. Estava tão feliz e vibrante que o máximo que Harry conseguiu dizer foi um “Wow!”. A manchete do jornal dizia. Nada Mais de Sr. Fudge. Harry apertou os olhos e leu a descrição embaixo. Atual Ministro da Magia é caçado pela Suprema Corte dos Bruxos por negligência.


– Me dá isso aqui! – pediu Harry veemente.


Harry pegou o Profeta e a primeira coisa que viu foi que o jornal estava com a data do dia seguinte. Aquele jornal ainda não havia entrado em circulação! Harry passou os olhos novamente pela manchete e pela foto de Fudge no grande Átrio do Ministério da Magia. O atual ministro da magia que outrora conversava com Harry como um velho amigo, teve no último ano apenas um objetivo: desacreditar Dumbledore e fazerem pensar que Harry era um louco. Tudo só porque não acreditou no retorno de Voldemort. Mas aquilo era passado. Harry começou a ler a notícia, e a cada parágrafo ficava mais espantado.




Cornélio Oswald Fudge, atual ministro da magia, foi eleito há mais de oito anos e desde então ocupava o cargo de maior prestígio no mundo mágico. No entanto alguns fatos que ocorreram há menos de dois anos atrás, ameaçavam a existência do mundo pacífico que o Senhor Fudge ajudara a reconstruir após a queda de Você-sabe-quem. Nosso atual ministro recebeu conselhos de fontes confiáveis de que Aquele-que-não-nomeamos havia voltado e pretendia recobrar forças o mais rápido que pudesse para continuar a batalha contra trouxas e bruxos mestiços. No entanto para desespero da comunidade bruxa, nosso Ministro nem mesmo averiguou as possibilidades da história ser verídica ou não. Além da palavra de um bruxo adulto e confiável, Fudge se negou a ligar fatos relacionados ao retorno de você-sabe-quem com fatos ate então desconexos como a morte sem motivo de um trouxa, uma manifestação de Comensais na Copa Mundial de Quadribol, e o desaparecimento repentino de uma funcionária do ministério Berta Jorkins, além da morte de um estudante da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Cedrico Diggory. Tudo isso já era de conhecimento de Fudge que juntamente com um grupo seleto de amigos íntimos tentou desacreditar as suspeitas de Alvo Dumbledore, um bruxo excêntrico, porém muito poderoso e sensato; Fudge usou de seu poder para comandar a escola de Dumbledore, e até afastar-lhe do cargo que ocupa, diretor. Durante o início deste ano mesmo, Dumbledore enquadrava uma lista dos dez mais procurados do Esquadrão de Aurores, mais procurado até que, acreditem, Sirius Black, assassino em massa, seguidor foragido de Você-Sabe-quem. Entretanto, os erros de Cornélio se voltaram contra ele mesmo. Em junho passado Alvo Dumbledore, alguns bruxos conhecidos do diretor e seis de seus alunos forma pegos em um grande batalha em pleno Átrio de nosso Ministério da Magia aqui em Londres contra no mínimo dez Comensais da Morte, muitos foram presos e descobriu-se serem pessoas influentes, como Lúcio Malfoy e o carrasco do Departamento de Execução de Criaturas Perigosas, além de seu mestre que batalhou até o último segundo com Dumbledore que, por competência está bem e não saiu com seqüelas do duelo com aquele-de-quem-não-falamos. Vendo as atuais circunstancias em que se encontra o mundo mágico, depois de ataques descarados a trouxas e bruxos, note por sinal, que muitos dos ataques resultaram em muitos mortos, a Supremas Corte dos Bruxos baixou um parágrafo, esta noite, pedindo o afastamento do atual ministro, por negligência a fatos concretos e fontes confiáveis que se relacionavam a um problema de segurança pública. A comunidade mágica foi questionada sobre a decisão da Suprema Corte e a maioria das respostas mostra uma população insatisfeita com o atual ministro; muitos bruxos disseram que de nada sabiam antes do ataque dos Comensais no Átrio do Ministério. “Sou uma leitora assídua do Profeta, um jornal de confiança, e durantes todas as atividades que aquele louco que se diz Lorde praticava embaixo de nossas capas o jornal não noticiou nada!? Fique abismada ao saber de tudo, definitivamente me arrependo de ter votado no jovem Fudge...”constatou transtornada uma velha bruxa de setenta e sete anos que espera ansiosa por novas eleições. A Corte apenas aguarda aprovação superior a sessenta por cento dos integrantes, para que o novo parágrafo tenha caráter de lei civil e assim tire Fudge do cargo e ponha uma pessoa de caráter. Poucos integrantes se recusaram a dar a opinião. Dolores Umbridge, secretária sênior do ministro e Percival Weasley, assistente pessoal de Cornélio, se recusaram a dar uma opinião após o fim da seção da Suprema Corte. Entenda todo o processo de afastamento do ministro nas páginas 15, 16, 17.




Ainda que aquele jornal pudesse ser uma farsa, todos pareciam ter ficado satisfeitos. Os cinco se entreolharam espantados. Neville parecia flutuar de felicidade e Gina assim como Mione parecia aflita e preocupada. Harry ainda relia partes avulsas enquanto Rony admirava o fogo crepitante da lareira. O som da balburdia que invadia a sala comunal e parecia não tocá-los, todos estavam muitíssimo quietos, imersos num silencio interior, gritando por ajuda no meio daquela barulheira silenciosamente rude.








O dia seguinte amanheceu cor de chumbo, as nuvens pareciam tristonhas e o sol parecia definitivamente não aparecer, o gelo que começava a se acumular nas bordas do grande lago começavam a ganhar volume fazendo um grosso cordão de neve às margens do lago. Através do teto encantado do Salão Principal Harry via grandes nuvens se retorcerem formando diversos redemoinhos negro e cinza. As altas janelas do salão tinham uma fina camada de gelo nos beirais e todas as vidraças do castelo estavam embaçadas devido ao cortante frio que rondava as áreas externas do castelo.



Durante o café da manhã, Harry estava ansioso por receber sua edição do Profeta Diário, só para ter certeza de que aquele exemplar era autêntico assim como a notícia. Hermione já havia se sentado ao seu lado e ambos aguardavam o correio e os amigos Rony e Gina que por algum motivo qualquer haviam ficado no salão comunal. Harry se serviu de um pouco de ovos com bacon e algumas torradas, Hermione escolheu comer uma panqueca com geléia. Antes mesmo que os garfos fossem elevados á altura de suas bocas, uma centena de corujas, de todas as raças, cores e tamanhos invadiu o salão principal pelas frestas laterais do telhado. Harry ergueu os olhos à procura de Edwiges, mas a coruja não estava ali com correspondência alguma para o garoto. Uma grande coruja parda trazia presa à sua pata uma pequena cesta com seis exemplares de jornal. Quando a ave baixou vôo para que Hermione pudesse receber sua edição, Rony e Gina atravessaram as portas do salão e caminharam na direção dos outros dois. Hermione desenrolou o jornal e Harry pode ler as mesmas letras garrafais que havia lido na noite anterior. NADA MAIS DE SR. FUDGE. A euforia tomou conta de Harry enquanto Rony e Gina se sentavam. Os irmãos Weasley tinham estampado no rosto o espanto mesclado ao desespero e a preocupação, Harry olhou a mão do amigo e viu um pedaço de pergaminho enrolado sendo apertado com força pelas mãos de Rony. Uma coisa era certa, aquela carta possuía algo muito importante, ou então os dois não ficariam tão espantados.



– Vocês viram? O jornal era real! – exclamou Mione desatenta, a preocupação latente de Gina e Rony.



– Meu pai. – sentenciou Rony.



A cor se esvaiu do rosto de Hermione. – O que aconteceu com ele? – Mione analisou o rosto dos amigos e viu o quanto insensível havia sido. – Porque estão com essas caras?


– Mione! – disse Harry chamando a atenção da amiga. – Deixe-os falarem.


– Meu pai me mandou essa carta. – Gina puxou o rolo de pergaminho amassado da mão do irmão e entregou a Mione. – Ele pediu que mostrássemos a vocês dois também. Não se preocupem. – completou Gina ao ver a cara de espanto de Mione. – Estão todos bem lá em casa.


A carta do pai de Rony dizia.


Meus filhos, Rony e Gina. Amigos Harry e Hermione.





É difícil falar sobre política com vocês, mas é melhor prevenir-lhes da situação que se encontra diante de nosso futuro. O atual ministro da magia foi deposto de seu cargo ontem á noite na última seção da Suprema Corte dos Bruxos, liderada por Madame Marchbanks, a corte votou pela cassação do mandato de Cornélio Fudge. Foi por isso que enviei um exemplar adiantado para vocês ontem à noite. Minerva me garantiu que o jornal chegaria até vocês ontem, assim como exata carta que foi entregue a ela antes de chegar a vocês. Essa decisão da Suprema Corte dos Bruxos pode ser muito prejudicial aos negócios da Ordem, há a hipótese de um ministro pior que Fudge se eleger. Os requisitos para se candidatar são muito poucos e superficiais demais, mesmo Dolores Umbridge poderia se candidatar ao cargo, o que seria definitivamente pior que o atual ministro. Uma pessoa como Dolores, poderia criar empecilhos maiores do que os já existentes, além de poder desconectar contatos úteis que Dumbledore possui dentro do ministério, como Tonks, Quim, eu, simplesmente nos despedindo. Já não é segredo para ninguém que estou do lado de Dumbledore, o mesmo ocorre com Quim e Tonks, que está atualmente em Hogwarts. Há a segunda possibilidade de um ministro corrupto se eleger e fazer com que a situação vire de lado, encobrindo ataques dos Comensais e também liberar os conteúdos secretos dos departamentos ligados à Inteligência. Todo esse processo vai se arrastar até o que me parece o mês de março. Não se precipitem, não mostrem de que lado estão, sabemos que existem espiões dentro de Hogwarts. Odeio essa maldita guerra. Por mim, eu não teria escrito esta carta, que só tende a preocupar-lhes ainda mais, principalmente Harry, que eu sei, já tem o suficiente para se preocupar, mas como Dumbledore disse que seria melhor desta forma, assim o fiz. Rony e Gina, sua mãe está bem assim como Gui, Carlinhos, Fred e Jorge. Qualquer coisa falem com Minerva ou mesmo Dumbledore.





Aos meus filhos e amigos,





Arthur Weasley





P.S.: Molly está aqui pedindo para enviar um beijo para cada um.



Harry terminou de ler a carta do Sr. Weasley mas ainda assim, não havia entendido o porque das caras de espanto e preocupação que Rony e Gina, tinham estampado no rosto. Harry pensou em uma forma delicada de lhes fazer uma pergunta. Pensou mais um pouco mas Hermione foi mais rápida e mais direta também.


– Por que vocês dois estão assim? – Hermione rolou os olhos novamente pelo pergaminho – Ao que me parece isso é só uma carta advertindo dos proble...


– P-pe-per-cy. – disse Gina gaguejando. – Percy.


– O que tem ele a ver com a carta? – perguntou Harry curioso.


– Com a carta nada. – concluiu Gina. – O problema é papai não ter citado se ele está bem.


Harry no ímpeto de solucionar o problema disse. – Seu pai deve ter se esquecido. E também, como ele poderia saber se Percy estava bem se nem morar mais com eles ele mora?


– Um Weasley nunca se esquece de outro. – sentenciou Rony – É o lema do brasão da família. Alguma coisa aconteceu com aquele paspalho! – Rony olhou para o amigo e disse – O relógio da minha casa nunca erra.


Harry instantaneamente se lembrou de um relógio alto de pêndulo, onde no lugar dos números havia escrito, “Escola”, “Trabalho”, “Viagem” e “Perigo Mortal” além de outras que Harry não se lembrou; e ao invés de dois ponteiros, havia nove, cada um com o nome de um Weasley. Harry começou a se preocupar. Percy era um dos irmãos mais velhos de Rony e tinham uma ambição muito grande, assim como seu orgulho que o levou, a brigar com os pais por uma disputa de opinião e também a sair de casa. Desde então Percy estava desligado de sua família, mas mesmo assim Gina e Rony pareciam preocupados com o irmão.


No lugar de palavras o silêncio tornou-se audível e antes que o horário do café da manhã terminasse eles se levantaram e se dirigiram em direção ás suas aulas. Gina subiu até o segundo andar para a aula de Tonks enquanto os outros três continuaram subindo até que chegassem na sala de Flitwick, onde era lecionada a matéria, Feitiços.


Como de costume, o pequeno professor estava em pé sobre uma alta pilha de pesados livros e ministrava sua aula com sua voz esganiçada. Hermione e Rony fizeram questão de sentar um do lado outro ficando Hermione no meio dos dois. Flitwick explicou como expandir o feitiço da invisibilidade para além do corpo enfeitiçado. Flitwick entregou-lhes diversos dedais coloridos onde deveria enfeitiçar para que deixassem não só o dedal, mas todo o seu dedo. Após todos começaram a praticar, Harry sentiu uma profunda queimação na testa. Harry ergueu a varinha e exclamou a fórmula mágica e nesse mesmo instante Rony pisou em seu pé, embora o amigo não tivesse tido a intenção, a pisada havia sido forte, e sem que Harry percebesse, Rony foi empurrado para trás como se uma enorme mão invisível assim o fizesse. Ainda no mesmo segundo flitwick olhou perpeplexo pela sala como se procurasse por alguma coisa, quando o professor trocou um olhar com Harry ele exibiu uma expressão enigmática e veio andando em sua direção.


– Potter! – chamou o professor.


– Sim. – respondeu prontamente.


– Por favor, – disse Flitwick com calma – venha até minha sala. Srta. Granger, não deixe que a sala de aula se transforme num pub. – O pequeno bruxo, saiu andando e entrou atrás de uma estante de livros que mais parecia uma passagem secreta. Harry saiu de seu lugar, e ao ver a expressão perplexa dos nos rostos dos amigos, Harry deu com os ombros. Quando Harry se aproximou da instante ela emanou diversas partículas de luz azul e revelou uma porta na estante. Harry atravessou e chegou ao também pequeno, escritório de Flitwick. O mestre de Feitiços estava sentado em sua cadeira (era mais alta que o comum, além do que, Harry notou que havia uma pequena escada ao lado da mesma) e fazia gestos desconexos com a varinha e dela grandes tufões de vento espalhavam a poeira da escrivaninha nas vestes de Harry, que estava de pé e esperava ansioso por uma explicação do porque daquilo tudo.


– Sei que você deve estar preocupado por causa de seus problemas. Dumbledore vive dizendo que não ninguém que ele conheça que tenha um fardo tão grande como o seu. – sentenciou Flitwick. – Embora não acredite, o que senti na sala de aula foi assombrosamente forte e creio que a energia tinha vindo de você. Potter, seja sincero. – Harry não estava entendendo nada da conversa de Flitwick – Você procurou se aplicar um feitiço de corpo fechado ou algo do gênero?


– Não. – indicou Harry em tom de veemência.


– Você têm certeza disso?


– Absoluta.


– Devo estar ficando velho... – resmungou para Harry – A aula está para acabar, você está dispensado. Nós dois sabemos que precisamos de um pouco de descanso. – Embora Harry não tivesse compreendido o sentido da conversa em particular com seu professor de feitiços, o garoto aceitou a dispensa do professor, e ao passar pela sala de aula, pegou sua mochila e saiu da sala, ainda no portal da sala, Hermione perguntou – Você...vai embora? – interrogou descrente.


– Flitwick me dispensou! – disse Harry nervoso saindo da sala de aula e se dirigindo a torre de Grifinória. Ao chegar na moldura da mulher-gorda, Harry disse a senha (Escada de pano!) e antes que pudesse atravessar o buraco do retrato, Bichento, o animal de estimação de Mione saltou e impediu Harry de entrar. Um gato esperto e laranja, Bichento dava unhadas em Harry a cada nova tentativa de chegar a sala comunal.


– Vocês dois! Decidam-se! – A mulher gorda disse olhando pelo canto do quadro que havia girado, tirando muito da área de visão da senhora de rosa. – Um gato e um bruxo. Quem será mais esperto. – disse sarcástica.


– O que será que ele quer com isso? – disse Harry às paredes. E como se o silêncio das grossas pedras frias que revestiam o castelo lhe respondessem Harry completou. – Você que me mostrar alguma coisa? – Bichento parou de tentar atacá-lo e começou a ronronar alto e andar entra as pernas do garoto. Harry pode jurar que por um instante o gato havia sorrido. Mas no mesmo instante lembrou-se que era impossível ele era um gato. Apenas um gato satisfeito. Um felino feliz.


Bichento começou a guiar Harry pelos corredores do castelo, seu rabo de escovinha estava erguido como uma antena de rádio e quando ficava indeciso o gato laranja abanava o rabo levemente. O gato foi descendo escadas virando a cada curva e explorando cada atalho para em segundos chegarem a Gárgula que Harry conhecia muito bem. Aquela gárgula dava passagem ao escritório do diretor. Antes que Harry chutasse o gato com raiva, a gárgula ganhou vida e Alvo Dumbledore apareceu diante de Harry Potter, o diretor despendia uma aura de felicidade e poder. Harry viu a felicidade constante nos olhos do diretor e o sorriso aberto na boca. Bichento deu um salto relativamente alto e se enroscou nos braços do diretor.


– Entre. – pediu Dumbledore com um aceno de mão. Harry atravessou a gárgula e começou a subir a escada em espiral. – Não se assuste com o que verá em minha sala. – Quando Harry abriu a porta do escritório do diretor, levou um susto. Não acreditou. Nem tampouco gritou. Olhou veemente para a figura de um homem de costas e piscou duvidando que aquilo fosse real. O homem virou o rosto e disse vagarosamente.


– Pensei que você havia me esquecido. – era Lupin, vesti suas mesmas vestes velhas e esfarrapadas além de calçar seus antigos sapatos pretos com o verniz descascado. Harry sem pensar em nado correu na direção do amigo e ainda que Lupin estivesse sentado abraçou o amigo. Pela primeira vez Harry se sentiu confiante feliz desde a morte de seu padrinho. Embora estivesse muito feliz por ver Lupin, sabia que Sirius havia ido e com o peito apertado e ferido pelas saudades dos pais e do padrinho Harry disse a Lupin sinceramente.


– Remo, não desapareça jamais. – Lupin parecia ter se emocionado profundamente ao ouvir seu nome de batismo. Só quando Harry soltou Lupin, o garoto viu que haviam dezenas de cortes finos no rosto do antigo professor e amigo de sempre.


– Nosso Lupin foi encontrado esta madrugada por dois de nossos mais dispersos integrantes da Ordem, Mundungo e um de seus capangas, um tal de Verruga. – Dumbledore parecia realmente contente. – Ele foi encontrado em Chippenham, à leste de Bristol. Passa bem. Não é mesmo? – direcionou a pergunta a Lupin que confirmou com um aceno de cabeça.


Dumbledore se dirigiu à porta de seu escritório e antes que os deixasse à sós, ele disse o desnecessário. – Vocês dois têm muito o quê conversar. – e sem mais nada a dizer Dumbledore saiu da sala com suas pesadas vestes azuis enfunando ás suas costas.


Lupin ficou olhando Harry, e Harry ficou admirado de ver que ainda havia esperança na guerra, que ainda havia o amor, a esperança, a fraternidade, a amizade e a sinceridade. Embora Voldemort lutasse com todas suas forças para que tudo isso fosse extinto do mundo, Harry se viu pela primeira vez, desde que havia escutado a profecia, uma vitória sua contra Voldemort, não seria um assassino. Lupin parecia confirmar os pensamentos de Harry com o largo sorriso que exibia.


– Você... Está ótimo! – disse Harry sem palavras.


– Você também parece bem. – Lupin olhou pela janela e disse a Harry em tom sério. – Harry. Seus pais, você precisa saber o que eles fizeram por você.


– Sinto saudades deles, ainda mais em tempos difíceis como estes. Ainda bem que você ainda está aqui.


– Eu sei quanto é difícil a perda. – Lupin olhou para os olhos do garoto e Harry se sentiu reconfortado. – Seus pais era muitos importantes para mim. Seu pai um amigo inseparável e sua mãe... Ah, Lílian era uma fortaleza, sabia como nos deixar calmos, era a mãe de todos nós. – Lupin desviou o olhar para os sapatos e abriu novamente o assunto. – Você precisa saber o que seus pais fizeram por você.


– Me deram a chance de viver. – disse Harry decidido.


– Não, só isso. – afirmou Lupin – Seus avós, pais de seu pai eram bruxos trabalhadores, além de serem poderosos. Construíram um pequeno império. Você viu sua pequena fortuna no Gringotes. – Harry piscou sem jeito. – Vendiam capas e vestes. No começo de tudo, batalharam e trabalhavam muito. Tudo até que seu avô viajou ao oriente e descobriu a arte de criar capas de invisibilidade com um bruxo Indiano. Voltou com um filhote de Seminviso.


– Seminviso?


– É o animal do qual se retiram os pêlos. O bruxo lhe vendeu um filhote e seu avô quase perdeu tudo por aquele bichinho. Muito caro, seu avô usou todos os galeões que tinha ganhado apostando tudo naquele pobre animal mágico. – Lupin olhou a volta e viu como os quadros estavam atentos ao que se dizia sobre aquela criatura. – Ele é como um macaco, possui pelos longos e finos que são usados na confecção de capas da invisibilidade. Seu avô juntamente com sua avó, teceu quase todas as capas de invisibilidade da Europa, mesmo porque nem sempre foi comum utilizá-las. Até hoje são raras. E a capa que você possuiu foi a primeira a ser tecida. Foi feita pelo seu avô e sua avó.


– Qual eram os nomes dos meus avós? – perguntou Harry com a voz curiosa.


– Ah, sim, como poderia me esquecer, Sr. Harry e Sra. Ellen. – Harry ficou satisfeito e honrado de ter o nome de seu avô.


– Ele tinha o meu nome? – disse o garoto assustado.


– Sim, ás vezes é até estranho lhe chamar por Harry, parece que estou sendo rude. O Sr. Potter era muito generoso, nos acolhia todas as férias, eu digo, eu e Sirius. – Lupin engasgou e mirou o garoto que ainda estava entusiasmado de ter o nome do avô. – Íamos lá todo mês de agosto. Era uma casa boa, tinha um belo gramado que sua avó mantinha com apreço. Seu avô logo parou de trabalhar, poucas capas haviam lhe dado o dinheiro que talvez os Malfoy nunca tenham.


– Então aquele cofre é maior do que imaginei. – disse Harry sorrindo. – Meu pai nem precisava trabalhar.


– Mas ele continuou tocando a loja para seu avô. Ficaram instalados no Beco Diagonal por anos, embora não precisasse do dinheiro seu pai fazia questão de trabalhar, mesmo porque sua mãe assim o fazia.


– Onde ela trabalhava? – Lupin desviou o olhar.


– Antes de seus pais se casarem, o seminviso de seu avô ficou doente e perdeu todos os pêlos. Seu avô ficou quase louco, mas como me lembro de Tiago ter nos contado ainda tinham algumas dezenas de capas prontas, caso precisassem vender.


– Onde ela trabalhava? – novamente Lupin desviou o olhar do garoto.

– Seu avô e sua avó viveram até depois do casamento de seus pais. Voldemort já procurava por seus pais, embora soubesse que não tivesse filhos sabia que talvez tivessem um futuramente. Precavido, Voldemort foi à procura de seus pais na casa de seus avós, onde moraram até que pudessem construir sua própria casa. Só que Voldemort encontrou seus avós, seus pais estavam na Escócia se divertindo numa curta Lua-de-Mel. Seu pai ficou arrasado ao saber do que ocorrera, sua mãe já estava grávida de você e quase o perdeu.


– Remo! – Harry o chamou à atenção – Onde minha mãe trabalhava?


– Ah sim, Lílian trabalhava no Ministério da Magia, no Departamento de Feitiços Experimentais, era uma excelente bruxa e criou dois feitiços, o último – Lupin silenciou-se pó um instante, mas logo continuou – era algo sobre um portal, ou alo do gênero. Como você deve saber os projetos do Departamento de Feitiços Experimentais são protegidos e nem sua mãe podia nos contar. Seu pai sabia que era algo extremamente poderoso.


Naquele instante, Dumbledore adentrou no escritório, e atrás do diretor os dois maiores amigos de Harry apareceram: Rony e Hermione. Quando os dois viram Lupin, ficaram como Harry, extasiados, correram em direção ao amigo e o abraçaram e deram boas-vindas e fizeram comentário sobre sua ausência.


Harry que se absteve por aquele instante da curiosidade incessante dos amigos, e se reteve, de pé, a analisar o pequeno planetário em movimento que Dumbledore possuía. Harry olhou por cima do ombro e viu Lupin novamente, ele realmente havia conhecido sua família profundamente, e Voldemort havia matado seus avós também. Harry ficou ali, parado, admirando Marte girar em torno do pequeno Sol em miniatura e dos grandes anéis azuis de saturno. A vida humana era algo muito frágil, imutável. Bem, pensou Harry, talvez Voldemort tenha feito algum progresso contra isso. A cicatriz na testa de Harry formigou, mas a saudades que sentia dos pais era maior que tudo no mundo, até mesmo a dor de sua cicatriz, nada podia ser mais importante do que poder se lembrar dos pais. Harry sabia que seu pai fora um grande bruxo, e sua mãe parecia também uma grande bruxa, trabalhava no Ministério da Magia, Harry sentiu um aperto no peito, Harry, mais do que nunca sabia que sua mãe o amava realmente sobre todas as coisas.

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