O Fim da Esquisitice



CAPÍTULO DOIS - O Fim da Esquisitice




Tia Petúnia conduziu–o até a cozinha e o fez sentar–se e não tirou em momento algum os olhos dele. Harry ainda escutava alguns gritos pela janela da cozinha embora aos poucos eles pareciam cessar. Tio Válter, assim como Harry, parecia confuso com a atitude da esposa, mas estava incrivelmente imóvel ao lado do fogão da cozinha. Harry mirou os olhos de tia Petúnia e ela lhe retribuiu um olhar gelado e sério que lembraram a Harry alguém que ele conhecia, mas antes de poder pensar no que havia acontecido a porta do corredor de entrada se escancarou e com um estrondo da mesma batendo, depois o barulho de passos e então Dudley Dursley emergia no portal.


Duda estava suado e com uma cara de horror intenso e indicava com um dedo gordo a porta e ao abrir a boca para falar, tia Petúnia gesticula com o dedo em riste diante da boca e com um aceno da mão pede para que ele se sente. Harry nunca vira uma cena tão estranha, uma colisão bruxo–trouxa e tio Válter não estava berrando nem tia Petúnia se lamuriando e Duda estava obedecendo a ordens; realmente algo estava por vir.


Com um hem–hem, que lembrou Harry de sua pior professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Dolores Umbridge, tia Petúnia se levantou e começou a falar sem rodeios.


– O que aconteceu hoje foi um ataque dos Comensais da Morte, eles representam perigo de vida a todos nós e principalmente a nós três, – ela mirou tio Válter e Duda – são seguidores de um senhor cujo objetivo é eliminar nós, pessoas normais. – Harry poderia até achar graça da cena, não fosse pelas pessoas que poderiam ter sido mortas ali no final da rua Magnólia, seu tio e seu primo estavam estupefatos com as notícias que sua tia lhe dava e Harry também, como ela sabia de tudo aquilo... – Só um lembrete, vocês – e apontou para Duda e tio Válter – podem não se lembrar, mas já foram atacados por estas pessoas encapuzadas e mascaradas. Vieram atrás de minha irmã há quinze anos atrás, fizeram algo comigo que me obrigava fazer o que eles queriam e fui quase morta por eles, você – olhou Duda – estava no chão chorando e eu não podia fazer nada e você – foi a vez de tio Válter – ficou rodopiando no alto da sala e berrando o que parec...


– Eu vi tudo isso no ano passado, quando aquelas coisas, sabem lá o que eram... – Duda estremeceu – Como você soube? Isso foram imagens que passaram na minha cabeça, como sonhos...


– Não seja tolo! Aquilo não foram sonhos, foram criaturas que fazem você lembrar de sua pior memória! E de fato esta foi sua pior memória! Eu queria esconder de você, mas devido ao que aconteceu e esta acontecendo! – tia Petúnia aumentara desnecessariamente o tom de sua voz e agora alguns fios de cabelo se soltavam do coque que havia sido preso cuidadosamente. Falar sobre aquilo estava sendo doloroso para ela. – E você Válter, como eu ia dizendo, ficou rodopiando no teto da sala ao que pareciam ser gritos de dor – tia Petúnia parecia muito desgostosa de contar tudo aquilo a seu filho e seu marido.


– Eu sei o que foi isso, foram as maldições Cruciatus e Impérium...


– Não fale de magia perto de mim – tio Válter parecia um queijo do reino de tão rosa que estava.


– Foi exatamente isso, Lílian na época me alertou sobre esses nomes, ela se preocupava comigo – Harry sentiu que pela primeira vez na vida sua tia se referia a sua irmã com carinho – mas eu não escutei e vi meus maiores tesouros serem atingidos por coisas daquela gente! – A cada momento Harry se surpreendia com as mudanças de humor de sua tia – E hoje o dia que eu temi por toda a minha vida chegou.


Fora demais para tia Petúnia, ela caiu de joelhos no chão da cozinha e quando Duda correu para ajudá-la, ela choramingou alto – Não!Dudiquinho... como eu queria que esse dia nunca chegasse, você seria mais feliz sem saber disso tudo e você Válter... meu companheiro de longas datas, eu me lembro quando você se espantou quando disse que queria me mudar, era preciso ou morreríamos pelas mãos daquela gente. E para meu desespero, você disse para eu esperar e tudo aconteceu...


– Petúnia, querida você só esta cansada...


– Não, Válter! Vocês não entenderam, eu tenho um parente mágico ligado diretamente a mim o que faz com que o ministério daquela gente não aplique feitiços para perder a memória em mim. Eu posso saber da existência do mundo mágico e de fatos mais graves diferentes de vocês que só tem um conhecimento pequeno sobre aquela gente. Por isso Válter você não lembra, muito menos o Duda. Entenderam? – e choramingando tia Petúnia continuou e disse em voz alta como se aquilo lhe custasse a vida – Corremos risco de vida, Harry tem de ir embora dessa casa.


Sabia. Algo de ruim na rua dos Alfeneiros quatro tem o mesmo significado de Harry Potter! Harry olhou espantado para sua tia que estava ajoelhada no chão choramingando e com as mãos no rosto.


Como se a mesma estivesse esperando o momento, uma coruja parda entrou pela porta aberta do corredor e deixou delicadamente uma carta cair no colo de Harry. Com cuidado ele pegou o envelope e puxou o pergaminho escrito em verde. A caligrafia que outrora fora firme, agora estava borrada e sem nenhum floreio.



Harry, você vai ser levado da casa de seus parentes algum dia, irá para um local seguro onde aqueles que te levaram te guardarão. Espere e siga o meu antigo conselho ande com sua varinha e não hesite. Use-a se necessário.



A carta que recebera fora de fato a melhor durante todo o verão, a chave de sua liberdade estava ali naquele pedaço de pergaminho velho e rebuscado, já não vira a hora de partir. O entusiasmo foi tão grande que se esquecera dos instantes finais da conversa com seus tios e só se lembrou quando escutou um grito histérico de tia Petúnia.


– HARRY! De quem era a carta? – Harry não queria responder, mas falou – É um aviso dizendo que vou embora.


Os olhos de seus tios se iluminaram e pareciam ter voltado ao estado de sempre – Quando você vai? – tio Válter olhava esperançoso esperando uma resposta como “Hoje” ou “Pela Noite”, mas Harry apenas disse que não sabia quando, só sabia que seria levado dali em breve e por um instante fugaz viu tia Petúnia sorrindo.


Harry se dirigiu ao seu quarto e ali permaneceu até o escurecer. Sua cabeça rodava diante de tanta informação, há alguns minutos antes, Comensais da Morte estiveram ali, no final de sua rua atacando casas trouxas por brincadeira e poderiam ter matado algum inocente por brincadeira! Aquilo era cruel de mais para ser verdade, não podia estar acontecendo, pessoas inocentes estavam se envolvendo com um problema que poderia ser resolvido com apenas uma maldição lançada pela pessoa certa no alvo certo. Nada poderia ser pior do que o fardo que Harry andava carregando desde junho, estava em suas mãos decidir o futuro do mundo bruxo, entregá-lo as trevas de lord Voldemort ou lutar pelo bem de todos e se tornar um assassino. Era muito difícil não poder dizer aquilo com alguém, andara pensando em contar a seus melhores amigos, Rony e Mione, mas resolveu não o fazer porque poderia deixa-los muito assustados e correndo perigo,pois só Harry e Dumbledore sabiam dessa informação e se mais alguém soubesse eles seriam alvo de Comensais e de Voldemort e definitivamente Harry queria seus amigos ao seu lado e não sendo usados como isca.


O-menino-que-sobreviveu ficou ali perdido em inúmeros pensamentos e quando o horizonte estava tomado pelo azul escuro e profundo Harry adormeceu.


Harry estava em uma estação de metrô de Londres, o ar frio da noite ondulava seus cabelos e circulava por entre os bancos vazios. Alguns instantes mais tarde, Harry avistou uma capa roxa descer ondulante os degraus que davam acesso as ruas de Londres, mas quando Harry virou o rosto se viu em um aposento de pedra fria com bancos escalonados formando uma arquibancada medonha, ao final da última fileira de bancos um pedestal e um véu ondulante no centro da sala, Harry hesitou, mas quando começou a descer os degraus de pedra sentiu umas bicadas de leve em sua orelha e viu que Edwiges estava ao seu lado com uma carta no bico. Harry se levantou sonolento e tateou à procura dos óculos sobre o criado mudo e quando seu quarto entrou em foco, pegou o envelope e o abriu era uma resposta de Rony.



Harry, eu vou tentar ser curto porque eu to sem tempo, fiquei sabendo do que aconteceu na sua rua... Ainda bem que a Ordem agiu mais rápido que o ministério, ou então seriam mais casas atacadas... E aqui o dia dos que te protegeram ‘tá chegando. Rony


Enquanto guardava a carta sobre a escrivaninha viu um feixe de luz verde incidir sobre sua mão e foi verificar a janela, única fonte possível da luz, o chegar no parapeito da janela viu um enorme símbolo no céu, um crânio com uma cobra saindo pela boca, a Marca Negra. Estava ela estampada no céu, quando um fino feixe de luz dourada subiu da terra em direção ao céu e a Marca Negra sumiu.


Tia Petúnia exclamava lá da cozinha – Harry! Venha fazer o café! Harry respondia com um sim nada simpático. Desceu as escadas e a Marca Negra sumira de seus pensamentos.




Os dias consecutivos aos ataques à rua Magnólia, foram absolutamente silenciosos. Seus tios pareciam menos preocupados, já que passariam o resto do verão sem ele, mas só falavam aos cochichos e Duda havia parado de sair com sua gangue, se trancava no quarto o dia todo, e só saia para comer. Harry admirava a situação e até gostava dela; proporcionara a ele o momento para poder passar todas as suas redações a limpo e terminar quase todos os deveres.


As notícias do Profeta não traziam nada de novo, e cada vez mais Harry pensava na profecia que não lhe saia da cabeça. Pensou que a Guarda estava demorando muito a chegar já haviam se passado três dias desde então.


Depois do almoço de sábado, enquanto subia as escadas para o quarto Harry se lembrou da guarda que viera buscá-lo no ano anterior, Tonks, Moody, Lupin, Quim, Estúrgio, Emelina e outros bruxos que estavam realmente dispostos a morrer por ele, ao chegar em seu quarto viu vários rolos de pergaminhos e tinteiros sobre a escrivaninha, que também estava abarrotada de penas, quebradas ou novas, uma porção de doces mágicos, como Feijõezinhos de Todos os Sabores, chicles de Baba e Bola, Caramelos Canário e sapos de chocolate. Seu malão estava aberto ao pé da cama e havia vestes negras espalhadas pelas bordas do malão e no canto entre o armário e a parede, se encontrava seu maior tesouro, sua vassoura de corrida Firebolt, dada por seu amado padrinho Sirius Black.


Quando Harry puxou algumas vestes para dobrar e guardar novamente no malão, escutou um barulho de vidro se partindo e rapidamente veio a sua memória o espelho de Sirius, e então tomado pelo pânico e pela agonia de ter perdido algo tão precioso como o espelho que ganhara de seu padrinho... Ao que Harry mexeu nas vestes sentiu os cacos deslizarem por sua mão, mas para seu alívio, era apenas mais um frasco velho para poções.


O espelho que parecia ter se quebrado, fora de fato a gota d’água para o sentimento de falta que Harry sentia, que interpretou o acontecimento como uma forma de mostra a si próprio o quanto ele ainda estava ferido pela perda de seu padrinho, seu, ate então, maior tesouro.


Naquele mesmo dia, Harry pode arrumar suas coisas e repor tudo no malão. Recolheu seus livros e penas, suas meias sujas e também seu caldeirão que estava num canto cheio de pergaminhos inutilizados.




A convivência com os Dursley foi ficando cada vez mais difícil, a comunicação era pelo olhar, palavras nem pensar. Tia Petúnia havia ficado realmente muito chocada com o fato de que sua vizinhança fora atacada por gente daquela laia e que durante anos de convivência nunca pensara que algo deste nível fosse ocorrer ali, estava realmente abalada. Já Harry se sentia um pouco mais alegre, os pesadelos já não eram freqüentes e seus pensamentos não eram mais observados por ninguém. As notícias no Profeta Diário eram tediosas, e não traziam nenhuma notícia nova e a única coisa relacionada com Voldemort era um bilhete que vinha em toda edição escrito:



Aquele Que Não Deve Ser Nomeado voltou. O Ministério da Magia esta tomando providências, e alerta a toda população mágica que fique atenta. Qualquer notícia ou suspeita mande-nos uma coruja.

Grato


Cornélio Fudge



Harry se perguntava se em dias tão perigosos como estes era seguro mandar uma coruja para o ministério, ela poderia ser interceptada ou coisas do gênero, e se a informação fosse importante jamais chegaria ao seu destino. Isso não era bom.


Olhou pela janela e viu o céu num tom misto de laranja com lilás e abaixo da linha do horizonte, centenas de casas quadradas umas iguais às outras, uma competindo com a outra, ingenuamente. Não sabiam que riscos eles corriam, de repente alguém entrar em suas casas e içá-los no ar como marionetes ou então serem simplesmente mortos num horrível holocausto. Não só trouxas corriam perigo, bruxos também; famílias poderiam ser destruídas ou despedaçadas assim como a dele próprio já fora. Harry sentiu uma raiva crescer dentro dele, a mesma raiva que fez ele lançar a Maldição Cruciatus em Bellatrix em junho.


Não via a hora de continuar as reuniões do AD para praticar mais azarações e feitiços, agora ele não teria de ser o único “professor”, Hermione, Rony, Neville, Gina e Luna poderiam ajuda-lo já que eles também combateram Comensais da Morte junto com ele e agora o ajudariam a realizar os encontros. As reuniões do AD lembravam Harry do caso em que Marieta os denunciou para Umbridge e Cho veio pedir a ele que a perdoasse e etc. O céu já estava azul escuro quando Harry pôs seus pijamas e foi se deitar e dormiu pensando na noite em que sua tia pela primeira vez demonstrara carinho por ele e Harry embora ressentido se sentira reconfortado de saber que alguém se preocupava com ele.

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