Hoggy Bloody Hogwarts



 


            O sol da manhã começava a invadir aquele quarto na Mansão Slytherin, incomodando aqueles que ali dormiam praticamente sem incômodo algum. Nem mesmo em seus sonhos haviam sido perturbados apesar de todas as preocupações recentes.


        Quando começou a abrir os olhos, Bellatrix notou que Voldemort já não estava mais ao seu lado – o sol o havia acordado primeiro. Ela, no entanto, não tinha vontade alguma de levantar. Procurou-o pelo quarto, até achá-lo ao lado de uma das janelas. Era quase um crime acordar tão cedo com um quarto cheio de cortinas negras. Quem, aliás, as tinha deixado abertas?


        Voldemort foi surpreendido quando as cortinas fecharam-se à sua frente, em sincronia com todas as do quarto. Olhou para a cama e viu quem estava tão incomodada com a claridade, empunhando a varinha. Tinha que parar com essa mania de dar privacidade a ela.


        - Chega a ser criminoso deixá-las abertas... – justificou-se ela, jogando-se novamente na cama.


        - Talvez. – concordou Voldemort, encarando as cortinas. Ele estava muito estranho.


        Na noite anterior, eles haviam tido uma conversa bastante séria, mas não o suficiente para deixá-lo daquele jeito – por mais que confessar coisas muito profundas sobre ele mesmo o pudesse deixar incomodado. Era algo mais.


        Bellatrix se levantou, mesmo sem desejar, e caminhou até ele. Mesmo percebendo a aproximação, Voldemort não mexeu sequer um músculo, permanecia como uma escultura de mármore. Ela parou atrás dele e apoiou as duas mãos nos ombros dele.


        - O que está acontecendo? – perguntou, com a voz fraca.


        - Nada... – Bellatrix respirou profundamente e apertou os ombros dele, desapontada com a inútil tentativa dele de mentir para ela.


        - Espera mesmo que eu acredite nisto? Posso ver em sua fisionomia, na forma como se porta, até na forma como respira que algo está errado... Algo não vai como o planejado... Está absurdamente tenso. – ela apertou mais uma vez os ombros dele, mas desta vez massageando. – Como é possível tanta tensão a esta hora da manhã quando nada está acontecendo?


        Voldemort fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, deixando-se relaxar sob o toque delicado das mãos dela. Ele suspirou, tentando se concentrar em alguma coisa que não fossem as falhas no plano. De uma coisa ela estava certa: mentir para ela era um esforço sem sentido, ela acabaria descobrindo.


        - Não quero falar sobre isso... – foi tudo o que ele disse.


        - Então presumo estar relacionado com Potter. – rebateu ela, no instante seguinte. Se ele não queria falar, tinha Potter no meio, era óbvio.


        Voldemort imediatamente segurou as mãos dela em seu ombro, tentando não descontar nela o ódio pelo atraso na busca de Potter somente porque ela havia decifrado o enigma sobre ele. Sim, estava irritado com isso, porque mais uma vez o sol nascia sem noticias do fedelho. Ele sumira como pó.


        - Eu realmente prefiro não conversar sobre isso. Mas sim, a incompetência em me trazerem Potter está me tirando do sério. – disse, ainda sem olhar para ela.


        Bellatrix soltou as mãos das dele e desceu-as por suas costas, até sua cintura, onde conseguiu abraçá-lo de modo a colar seu corpo no dele. Ela encaixou o queixo no ombro dele, tendo um acesso perfeito à orelha do Lorde.


        - Não acha que está cedo demais para se preocupar com isso? Estressar-se não deixará as pessoas menos incompetentes ou Potter menos invisível. Uma hora ou outra o fedelho cairá em seu caminho e estará terminado; o empenho dele em fugir só acaba com a lenda em volta dele e fortalece a realidade: Ele não pode contigo, nunca poderá e está morrendo de medo, correndo como uma garotinha assustada. – sussurrou Bellatrix, rindo das próprias palavras. – Como acha que o povo se sente vendo seu herói correr e se esconder? Potter nos ajuda ao destruir a própria imagem e quanto mais se empenhar nisso, mais o fará. Paciência pode ser nosso maior trunfo.


        Voldemort parou para pensar por um momento, talvez ele realmente pudesse reverter este quadro a favor dele. Afinal, Potter estava de fato fugindo como uma criancinha assustada. Ah, e ele devia estar bem assustado.


        - Ele pode correr o quanto quiser, Bella... Mas quanto mais ele corre, mais piora a própria situação. Não só com o povo, mas comigo. Eu vou acabar lentamente com ele, para compensar todo o tempo de busca...


        - Eu sei, mas acha mesmo que gastar sua manhã pensando nisso vale a pena? Garanto que agora Potter está dormindo e ignorando a própria iminente morte, ainda é muito cedo para se importar com problemas e irritações... Você está acima dele, não precisa nem mesmo se preocupar... – ela beijou os ombros dele, acariciando o peitoral nu dele, abraçando-o mais forte por trás.


        Os beijos dela desciam e subiam nas costas de Voldemort e ele estava seriamente pensando em ignorar os problemas até pelo menos o meio dia, ele era o Ministro da Magia, pessoas trabalhavam por ele. Ele podia relaxar e aproveitar.


        - E o que exatamente você propõe que eu faça? Durma como Potter?


        - É claro que não... – ela se afastou dele, praticamente obrigando-o a virar na direção dela. – Estava pensando em, talvez, algo mais ativo...  – ela andava de costas na direção da cama, lentamente.


        Ela, no entanto, não conseguiu chegar à cama. Antes que ela se afastasse muito, ele andou até ela, puxando-a pela cintura avidamente. O corpo de Bellatrix bateu contra o dele, encaixando-se nele no imediato contato. Ela espalmou as mãos no peito dele, acariciando até chegar ao pescoço. Os olhos dela queimavam de desejo, enlouquecendo-o à primeira vista.


        Voldemort subitamente agarrou a nuca dela e a beijou com ferocidade, selvageria, dominado de prazer, luxuria, sem nenhum autocontrole. Ele estava disposto a ignorar qualquer coisa para se entregar aquele prazer tão irracional, e aquilo não parecia em nada em ele, mas ele pouco se importava.


        Bellatrix correspondeu á altura, tomando posse do corpo dele com suas mãos, da boca dele com a sua, explorando, experimentando, testando cada pedaço dele sem deixar nenhum tipo de espaço para descanso ou respiração. Somente quando foi muito necessário o beijo se partiu por um segundo, com Voldemort prendendo o lábio inferior dela entre seus dentes. O beijo voltou por uns momentos, mas ela o partiu novamente.


        A bruxa concentrou seus esforços no pescoço dele, devorando a região, deixando marcas da avidez de seus beijos, da necessidade que tinha dele, com os lábios, os dentes, suas unhas. 


        Ele estava extasiado, ela o deixava assim, mas parecia ficar cada vez pior e ele não entendia por que. Parecia que ela tinha se tornado um tipo de droga para ele, uma necessidade e, por mais que ele odiasse depender de algo, nem mesmo pensava em deixar a dependência, porque era simplesmente bom demais.


        Bellatrix foi interrompida por ele que, sem aviso, passou a mão por detrás dos joelhos dela e a pegou no colo, andando aos beijos e carícias com ela até seus joelhos baterem na cama. Ele a jogou na cama e a observou lentamente se afastar dele, arrastando-se pela cama.


        Voldemort sorriu malicioso, sem tirar o contato visual com ela, e abriu a calça que usava antes de se arrastar na cama até ficar por cima dela. Ele segurou o rosto de Bellatrix com uma das mãos, brincando com os lábios dela com os dedos.


        - Se queres mesmo me segurar nessa cama pelo resto da manhã, vai ter que se esforçar e muito... – disse ele, contra os lábios dela.


        - Não duvide da minha capacidade... – ela arqueou a sobrancelha e enlaçou o quadril dele com as pernas.


        - Não disse que duvidava. – respondeu ele, voltando a beijá-la com loucura e devassidão, deslizando pelo corpo todo delas as mãos fortes e frias, causando choques em contato com a pele já aquecida dela.


        Bellatrix partiu o beijo e levou a boca até a orelha dele, tomou o lóbulo entre seus lábios, chupou-o e mordeu-o enquanto suas unhas arranhavam os ombros e a nuca dele. A bela arrancou suspiros dos lábios do Lorde.


        Eles voltaram a se olhar nos olhos e ela pôde ver o desejo queimar, os olhos deve turvos ao olhar para ela, a forma como ele a despia com o olhar. Os beijos dele foram para o colo dela e, do nada, ele puxou o tecido da camisola dela com ambas as mãos, rasgando-a toda no comprimento. Ele a arrancou do corpo dela e estendeu a abrangência dos beijos para quase todo o corpo dela. Marcas não faltariam.


         Voldemort apertou os seios dela com força e arrancou um gemido longo dela, sentindo sua calça pulsar com o som vindo dela. Seus lábios e sua língua cuidaram de experimentar os seios dela, brincando, chupando, mordiscando, tomando conta total. Os dedos finos dela agarravam-se em seus cabelos e ela rebolava contra ele, tentando aliviar o tesão que se acumulava nela e piorando o dele.


        Eles deveriam ter algum tipo de carma, porque no exato milésimo de segundo em que eles voltaram a se beijar e ela desceu suas mãos para o membro dele, alguém bateu na porta. Maldição.


        Bellatrix urrou de ódio e Voldemort fez menção de se recompor para atender, mas ela não deixaria. Puxou-o pelos ombros de volta para cima dela e o segurou pela nuca, além de apertar mais o laço de sua perna no quadril dele. O gesto dela causou um gemido involuntário dele devido à maior proximidade incomoda que os corpos adquiriram.


        - Bella...


        - Não atende... – ela pediu, os lábios contra os dele, as mãos brincando de explorar o corpo dele. Mais uma batida.


        - Não vão nos deixar em paz, pode ser sério...


        - Se fosse, estariam berrando, é bobagem... Ignora... – ela arranhou as costas do bruxo, que mordeu o lábio. – Não vai me largar assim na cama, vai? – ela passou a falar na orelha dele. – Tão excitada, tão molhada, pronta pra você... Louca por você... huh?


        Ah, era uma proposta sensual demais. Ela tinha um ponto, coisas sérias causam batidas mais enérgicas e gritos, provavelmente era um dos idiotas como Rabicho e Katherine os interrompendo, como sempre faziam.


        Voltou a beijá-la como antes, penetrando-a com dois de seus dedos de uma só vez, causando quase um grito por parte dela entre o beijo. Ele adorava quando ela se agarrava a ele como se não houvesse amanhã, do jeito que fazia naquele momento. Bellatrix arrancou de vez a calça e a roupa íntima dele.


        Depois disso, não demorou para que o Lorde tirasse os dedos de dentro dela e a penetrasse de vez com seu membro, gemendo longamente com ela. De prazer e dor por aquelas malditas unhas em sua pele.


        - Você gosta de me causar dor.. huh? – perguntou contra o pescoço dela, fazendo-a rir, e começou a sair por completo dela e entrar de novo.


        - Você gosta que eu te faça sentir dor... – ela cravou mais uma vez as unhas no ombro dele, desta vez acompanhadas dos dentes no pescoço dele. – Adora. – ele não podia negar, cada cravada ou mordida eram uma pulsação em seu pênis.  


        - Falando em dor... – ele entrou mais fundo e forte nela. – Lembre-me sempre de que sexo matinal é a melhor forma de começar um dia. – ele aumentou o ritmo das estocadas, mas mantendo a força de antes.


        - Faço questão... – disse ela, com os lábios roxos pelos beijos e entre gemidos, apenas esperando pelo momento em que eles inaugurariam suas manhãs com dois orgasmos novinhos em folha. De fato, não tinha como começar melhor um dia.


 


Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa


Capítulo 20 – Hoggy Bloody Hogwarts


 


        - Eles não atenderam... – disse Melinda, descendo as escadas a encontro de Draco e Gabrielle. – Provavelmente ocupados... – ela olhou para os dois com a expressão mais maliciosa que eles já haviam visto. – De qualquer forma, não é importante... Podemos ir ao Beco Diagonal sozinhos, quero dizer, somos maiores – tirando você, Gabrielle. Um recado com os elfos é aviso suficiente nessa família.


        Gabrielle fez uma careta para o comentário de Melinda sobre a maioridade e concordou com a amiga de ir sem Bellatrix. A parte boa de estar naquele circulo de amizades: acesso às listas de Hogwarts antes de todos, ou seja, ir ao beco diagonal sem trombar em ninguém naquele lugar lotado.


         - Mal posso acreditar que não teremos de agüentar pirralhos tropeçando na gente... Amo ser a namorada do diretor... – Gabrielle fez uma pose exagerada de apaixonada, arrancando risos dos dois. – Severus é um amor por nos dar a lista...


        - Claro que isto não tem nada a ver comigo sendo filha do Lorde das Trevas... – ironizou Melinda, causando outra cara emburrada em Gabrielle.


        - Hey! Pare de ser uma estraga prazeres. Você pode ser filha de quem quiser, mas eu durmo com ele...


        - Urgh! Disgusting, encerrando o assunto agora. – Melinda exagerou na cara de nojo, como se fosse realmente vomitar. - Aliás, cadê a louca da Nicky?


        - Deve estar chegando. – respondeu Draco. – Mandei uma coruja para ela lá em casa, mamãe me respondeu dizendo que ela estava se arrumando. Deve estar... – eles ouviram um barulho, um elfo chegando e anunciando Nicky. – chegando.


        - Estou atrasada, eu sei, mas a tia Narcissa me segurou lá me dando todas as instruções sobre os recados que ela mandava pro Draco, enfim...


        - Faço idéia, pobre de você... – Gabrielle fez uma cara de dor. – Agora... Vamos logo, por favor.


        Os quatro saíram da Mansão, dirigindo-se ao jardim para aparatarem. Como o dito, Melinda deixou um recado com os elfos para que avisassem seus pais. Poderia parecer idiota, mas ter aquela lista antes da hora dava a eles uma sensação de superioridade e poder, que começaria a ser comum naqueles tempos entre os próximos de Lord Voldemort.


        Sair todos juntos os lembrava que apesar de tudo, ainda eram adolescentes, como outros quaisquer. Ok, nem tanto. Eles eram tudo menos ‘quaisquer’. De qualquer forma, ninguém sabia bem como lidar com as situações que estavam por vir: Hogwarts estava cada vez mais próxima, mas oposta do que sempre fora.


        - Não será a mesma coisa... – disse Nicky, mexendo nos uniformes na loja de Madame Malkin. – Quer dizer... Agora literalmente teremos uma realeza...


        - Sim, os próximos ao Lorde serão mais valorizados, obviamente. – concordou Draco, jogando-se num puf.


        - Se a Melinda já era realeza antes, agora quem vai agüentar? – brincou Gabrielle, fazendo a chocada e desesperada.


        Gabrielle Ceresier foi no mesmo segundo acertada por uma peça de roupa jogada por Melinda, que estava se acabando de dar risada. A morena revirou os olhos e mexeu em mais umas roupas, olhando com cara de metida e superior para as amigas.


        - Não é minha culpa ter sangue nobre por ser, além de uma Black, descendente de Salazar Slytherin... Não pedi para nascer tão diva...


        - Ah, menos, vossa alteza! Bem menos... – foi a vez de Nicky jogar uma roupa contra Melinda, atraindo os olhares de Madame Malkin. – Mas eu estou falando sério, as coisas lá nunca serão as mesmas...


        - Não sei por que está reclamando... – interveio Gabrielle. – Quer dizer, para pessoas como nós a mudança será para melhor! Ainda mais que com Severus como diretor.... – todos eles foram interrompidos por um barulho de algo caindo no chão. Madame Malkin derrubara uma arara. – A escória passará longe da escola... – completou Gabrielle, dando pouca importancia à Malkin.


        Melinda, contudo, decidiu dar alguma importância ao gesto da mulher, resultado do que ela havia ouvido. Andou até Malkin, sentindo de longe o temor da mulher. Ela, como todos, sabia quem era ela e a temia por isso. Matar sua irmã em publico, Mel, somado a seu sangue igual a pessoas correndo. Mas Malkin não podia correr.


        - Algum problema, Madame Malkin? – perguntou, com sua habitual voz angelical. – Quer ajuda com esta arara? – Melinda fez menção de pegar a varinha nas vestes.


        - Não! – gritou Malkin, impedindo-a de pegar a varinha. – Está tudo bem, fiquem à vontade para escolher suas vestes de Hogwarts e o que mais quiserem... Eu cuido disso....


        - Oh, é claro... – Melinda se afastou um pouco, dando as costas para a mulher, que respirou aliviada, pensando que Melinda não ligara os acontecimentos, no entanto, a jovem parou no meio do caminho e girou nos calcanhares. – Aliás, sobre o que ouviu... Não é nenhuma surpresa, nada para se impressionar com... Mas creio que ouvir as conversas de seus clientes é levemente indelicado. – ela colocou um pouco de agressividade na última palavra.


        Malkin mais uma vez pareceu tremer na base, era quase ridículo tremer por causa de uma pirralha que nem tinha atingido a maioridade, mas aquele era um caso à parte. Bem à parte.


        - Desculpe-me, senhorita Black, eu não esperava ouvir nada, eu apenas...


        - “Apenas queria ver se precisavam de algo em especial”- Malkin arregalou os olhos quando ela perfeitamente completou sua frase. – O que foi? Ah, Legilimência, algo igualmente indelicado. Sabe, Malkin, tens sorte de que isto aconteceu comigo... Porque outros não teriam sido tão educados e compreensivos neste assunto.


        A mulher sabia de quem ela estava falando e realmente não queria descobrir o quanto não educado e, principalmente, não-compreensivo aquele casal poderia ser. A jovem bruxa se aproximou mais e tocou o ombro dela.


        - Mas eu... Sou delicada como um rosa... Ou pelo menos até me irritarem, é claro. – ela apertou o ombro de Malkin um pouco. – Aí, como toda rosa, faço as pessoas se lembrarem de que existem os espinhos. E os meus gostam de se expressar por meio de raios esverdeados... – disse ela, sorrindo como se convidasse Malkin para andar no parque. – Desta forma, acredito que queria ser minha amiga... E que me prometerá que nunca mais ouvirá nossas conversas, a não ser que pense que raios esverdeados combinam com seus olhos...- Malkin fez um sinal negativo com a cabeça e teve o ombro solto com força por melinda. – Ótimo, então porque agora não continuamos...? Acho que fui clara como um cristal.


        - Mais do que um cristal, Senhorita Black. – Malkin olhou para o chão. - Agora porque não tiramos suas medidas?


        - Oh, isto não será realmente necessário, minhas medidas não mudam. – ela olhou para as unhas. – Mas como sei que é um procedimento padrão, apesar de inútil quando o assunto sou eu, vamos, é claro. – completou entediada.


        Melinda seguiu Malkin até uma sala ao lado, onde tirariam as medidas, mas não sem antes olhar rindo para os amigos, que tentavam esconder as risadas. Aquela visita ao beco diagonal estava somente começando e eles já apostavam sobre quantas pessoas Melinda iria intimidar. Quanto mais, mais diversão e eles apostavam bem alto. E não deixavam de estar errados, aquele passeio ainda renderia muita diversão, porque quando Melinda via o poder de subjugar alguém, ela nunca perdia a oportunidade. Nunca. Tal pai, tal filha.


 


Plataforma nove três quartos - 1º de setembro de 1997


 


        A ansiedade dos mais jovens para o começo de mais um ano em Hogwarts foi logo compensada pelo tempo, que decidiu passar mais rápido do que eles poderiam sequer imaginar. O dia primeiro de setembro nunca fora tão esperado. A escola dos sonhos de Slytherin, nenhum sangue-ruim para importuná-los, parecia ideal. Parecia, mas a escola nunca será um lugar perfeito e todos sabem disso. Escola é escola.


        Draco, Nicky e Melinda foram para a Plataforma com Narcissa, ao que parecia Bellatrix tinha atendido ao pedido de Snape de não aparece na plataforma para não causar tumulto. Pelo menos não antes que ele a anunciasse como sua supervisora, ele preferia guardar o drama pra quando todos já estivessem no castelo. Bellatrix atendera a um pedido de Snape, era como se o fim do mundo estivesse se aproximando. Ou não.


        - Mas é óbvio que a titia não ficou em casa porque Snape pediu. – disse Nicky, como se pensar o contrário fosse um completo absurdo. Ah, espere, era mesmo. – Ela vai para Hogwarts ainda hoje, vai chegar lá junto conosco, ficará alguns dias longe do Lorde e todos nós sabemos que agora ele terá cada vez menos tempo livre... O que significa menos tempo com ela...


        - Então eles tentam aproveitar ao máximo todos os segundos possíveis juntos... – completou Draco, concordando com a prima. – Exatamente. Apesar disso, Snape estava certo! Tia Bella causaria um tumulto dos infernos aqui. Até ontem, ou sei lá quando, ela era procurada pelo Ministério. Quer dizer, re-procurada! Afinal ela foi solta, mas apareceu na confusão do ministério e tudo o mais o que agrava porque todos pensavam que ela tinha se ‘recuperado’.


        - Na verdade, pensavam porque queriam. Ela nunca fez muita questão de nada disso! – Melinda deu de ombros. – Ela nunca negou meu pai e todo mundo sabia disso, o fato é que meu adorado titio Lucius fez todo mundo acreditar que ela era completamente louca. Mas que ela causaria tumulto é fato, todos sabem que meu pai está no poder, mas temos que explodir as bombas com calma e colocar a mais perigosa Comensal da Morte da história como supervisora de Hogwarts será uma bomba e tanto!


        - Sabe o que eu acho? Que foi a sua mãe que convenceu Snape a fazer isso! Ou o Lorde mesmo. Para potencializar o efeito surpresa quando ela chegar em Hogwarts! Imaginam o drama? – perguntou Nicky, visivelmente animada com a idéia. Ela estava convivendo demais com eles, de fato. – Será demais! A vagabunda da Ginny Weasley... Vai surtar!


        - E Longbottom, então? – acrescentou Melinda.                     


        - Esse vai querer arrancar a cabeça da Bella! – eles ouviram uma voz conhecida e olharam para a frente, encontrando uma sorridente Gabrielle, acompanhada dos pais.


        - Hey! Gabrielle! – disseram os outros três, quase em uníssono e foram cumprimentá-la.


        - Er... O seu namorado já está em Hogwarts? – perguntou Melinda, baixinho, de modo que só quem estava ali pudesse ouvi-los.


        - Sim, sim... Ele tem que ser o primeiro a chegar lá, certo? Mas logo eu vou vê-lo! Sou monitora, preciso sempre estar em contato com ele. – Gabrielle arrancou risadas dos amigos e olhares preocupados de seus pais. Eles sabiam se tudo e não falavam nada devido ao apoio do Lorde das Trevas, mas era loucura. Estava longe de ser o que haviam planejado pra sua filha, mas no fim das contas era um bom pretendente apesar das décadas de diferença de idade.


        - Ah, falando em monitoria! Não acredito que você e Draco se tornaram monitores-chefes! – pronunciou-se a Sra. Ceresier, dirigindo-se a Melinda. – Meus parabéns a vocês dois!


        - Obrigada, Sra. Ceresier. – agradeceu Melinda, educada como um anjo. – É uma honra para nós dois.


        - De fato. – concordou Draco. – Mesmo sendo Severus Snape o diretor... Fomos pegos de surpresa. – mentira.


        - Mas voltando ao tópico Lady das Trevas! – disse Gabrielle, quase histérica. – Gente, mal posso esperar! Vou morrer de rir com as tentativas de Longbottom de acabar com a Bella!


        - Tentativas...? Ele é tão medroso que duvido que tente algo! – debochou Nicky. – Mas a vadia Weasley, essa vai ser a primeira. Deve estar se roendo agora que Potter sumiu e não pode comê-la. – Nicky notou o que tinha falado na frente dos adultos e colocou as mãos sobre os lábios, ficando rosada. – Desculpem-me. Não pude resistir.


        - Mas é verdade! – concordou Gabrielle que, mesmo sabendo que havia um pouco de despeito em Nicky, não podia deixar de notar o senso de realidade ali. – Aquela lá deve estar queimando de ódio, quando vir sua mãe lá... Será uma bomba mesmo. Quer dizer, ela é a mulher do homem que fez o homem dela fugir...


        - E isso nos renderá muita diversão porque convenhamos, nenhum deles é páreo para minha mãe. Nem eles juntos. – Melinda riu, olhando para eles enquanto andava em direção aos vagões.


        - Concordo na diversão. – disse Draco, também olhando para ela, quando foi interrompido por um tranco e um grito de menina.


        Quando Draco olhou para a frente, ele viu uma jovem loira caída no chão, pegando alguns pertences que deixara cair no chão. Como um perfeito cavalheiro, ajudou-a a se levantar. A menina arrumou suas roupas e o olhou, parecia ter mais ou menos a idade de Gabrielle.


        - Desculpe-me, Sr Malfoy. – disse a garota, envergonhada. – Olharei mais por onde ando.


        - Está tudo bem... – respondeu Draco, pensando que conhecia a jovem loira de algum lugar.


        - Quem é você? – a menina teve o olhar desviado para Melinda. – Tenho a impressão de que a conheço, só não me lembro de onde...


        Outras duas pessoas se aproximaram, essas duas de longe conhecidas de Draco e Melinda, e abraçaram a jovem loira que tanto os intrigava.


        - Mas é claro que você a conhece, princesa! – disse Pansy Parkinson, parecendo estar ultrajada com a falta de memória de Melinda.


        - Vigie o seu tom comigo, Parkinson. – alertou Melinda - Lembre-se que você ainda é a minha vadia. – ela levantou a sobrancelha e sorriu vitoriosa.


        Pansy pareceu ter levado uma facada no estômago e olhou para baixo, confirmando o que Melinda dissera com a cabeça e sussurrando algo como um “Como se eu pudesse esquecer”. A outra menina que eles conheciam abraçou mais forte a mais nova.


        - Vamos acalmar os ânimos! Melinda, está é a minha irmã mais nova! Nunca a viu comigo? – perguntou Daphne Greengrass, abraçando a irmã mais uma vez. – Todos na Sonserina sabem...Imaginei que logo você...


        - Oh, me desculpe! Ultimamente eu tenho tido problemas um pouco maiores e mais complicados do que a vida social da Sonserina, mas garanto que este ano prestarei maior atenção em meu tempo livre. – respondeu Melinda, quase sem emoção apesar das palavras afiadas, voltando sua atenção para suas unhas.


        - Imagino que sendo quem é, realmente não poderia ter notado algo tão trivial como quem é parente de quem na Sonserina... – foi a vez da irmã de Daphne fala, numa clara atitude de puxa-saquismo com Melinda. – Quer dizer, com todos os seus afazeres... E com você ajudando ao seu pai, como ouvi que tem feito, tem contato com coisas muito além de Hogwarts, muito maiores. Eu estranharia se fosse se ater a tais bobagens...


        Melinda sorriu de canto para a mais nova, estendendo-lhe a mão. A menina olhou para sua mão um pouco confusa, não estava entendendo a atitude de Melinda. Draco observava as duas, tentando entender o que ia acontecer.


        - Não fomos apresentadas propriamente ainda. – disse Melinda, sorrindo como uma criança num dia de sol. – Melinda Callidora Black.  E você é?


        - Astoria Greengrass, milady. – Astoria pegou a mão de Melinda e a apertou, sem olhar a princesa nos olhos, e fez uma pequena reverência que arrancou um riso de Melinda.


        - Milady?                                                                          


        - Sim, quero dizer, seu pai é um Lorde....


        - O que faz de mim uma Lady... Realmente... É só que estou mais acostumada a ser chamada de princesa. – ela voltou a rir.


        - Então, neste caso, seria vossa alteza... – Astoria pareceu pensativa.


        - Que tal Melinda? É como todos em Hogwarts me chamam afinal, pelo menos os próximos a mim...


        - Se assim o deseja, então é Melinda...


        - Ótimo, nos vemos em Hogwarts, Astoria. – Melinda virou-se para despedir-se de Narcissa e dos Ceresier para depois passar por Astoria e entrar no trem.


        Após ela, Gabrielle, Nicky e, por ultimo, Draco repetiram o gesto. Antes que Draco pudesse embarcar, Astoria o olhou longamente. Ele era bonito demais. E...


        - Proibido! – gritou Pansy. – Tire os olhos dele, Tory! Experiência própria! Você não vai querer aquela lá no seu pé! – Pansy segurou o rosto de Astoria. – Está me ouvindo? Você não tem idéia de como ela é! Ela parece angelical e um amor, mas ela não é. Been there, done that, ok?


        - Eu sei... Eu sei, Draco Malfoy é dela! Got it. Não sou louca, não vou me meter com o namorado da Princesa das Trevas! Não sou suicida! E, outra, ela é tão linda! Quer dizer, ela é quase uma obra de arte ambulante! Draco nunca olhará para outra, por Merlin! Além de tudo, ela é poderosa...


        - E prima dele! Estão entre família ali! – alertou Daphne – Mesmo que você conseguisse fazê-lo olhar e sair viva disso teria que conviver com ela! E você não quer uma Melinda te odiando nos almoços de domingo!


        - Eles não são só namoradinhos! Eles são quase propriedade do outro, a relação deles é intensa demais... É algo muito além do que um namorinho de escola... – completou Pansy.


        - Ok, ok, entendi! Podemos entrar no trem?


        - Olha lá, Tory!


        - Tenho o seu exemplo, Pansy! Não quero virar uma vadia da Melinda! Agora vamos logo, quero uma cabine decente! – Astoria entrou no trem, seguida pelas duas mais velhas que pareciam muito preocupadas. E com razão. Muita.


 


        Draco, Melinda e Gabrielle poderiam ter ficado na cabine dos monitores, mas preferiram ficar com Nicky – que não tinha esse privilégio – numa cabine comum. É claro que tiveram de cumprir seus deveres de monitores, mas logo estariam de volta. Não queriam deixar Nicky à mercê de idiotas, mas ela não estava assim tão à mercê.


        A ruiva estava entretida com seu livro quando ouviu a porta da cabine se abrir bruscamente, ela pensou que fossem seus amigos irritados com os novatos, mas... Não era nada disso. Quando levantou os olhos, teve de dar de cara com as duas pessoas que ela menos queria encontrar.


        - Ora, ora, ora. Foi só ir morar com o priminho que já está vestida como a namorada dele... Ou como a priminha... Estou confusa! – provocou Ginny Weasley. – Então é por isso que você e o Harry não deram certo, vocês gostam de coisas em família. Seus doentes!


        - Vestida como Melinda? Obrigada pelo elogio, Weasley! Eu não esperaria nada desse tipo vindo de você! Nem mesmo pensei que conseguisse elogiar roupas que você inveja por não poder comprar... Mas isso não é a única coisa que você inveja, huh? – Nicky levantou-se do banco e foi encarar Ginny cara a cara.- Sabe porque eu e Potter não demos certo? Porque éramos de mundos diferentes: ele do mundo hipócrita e eu do mundo sincero. Caso não estivéssemos em lados opostos, sabe quem seria a ruiva ao lado dele, certo? Sorry, Ginny, você foi o prêmio de consolação. – Ginny foi segurada por Neville Longbottom, que estava a seu lado.


        - Muito irônico, você se referir ao mundo da doente da sua tia, do amante e dos amiguinhos dela como um mundo “sincero”. – cuspiu Neville Longbottom. – Porque eu realmente devo discordar.


        - Ora, Longbottom! Pense comigo, se for capaz! – Nicky queria rir com a idéia de que logo Neville encontraria Bellatrix. - Vocês são tão maus quanto nós! Vocês matam, torturam, tudo sob o pretexto de que nós somos os caras maus... A diferença entre nós é apenas uma: nós admitimos quem somos, não nos escondemos atrás das máscaras de heróis e bons moços como vocês, seus hipócritas! – ela voltou a se sentar. – No entanto, seu que o cérebro de vocês não entenderá.


        - Eu vou mostrar o que o seu cérebro entenderá! – gritou Ginny Weasley, praticamente voando para cima de Nicky. Neville tentava segurá-la e dizer que aquela não era uma boa idéia, mas Ginny continuava se debatendo para dentro da cabine. Nicky a encarava absurdamente calma, o que a tirava do sério.


        Ginny só parou quando ouviu a voz de uma das poucas pessoas que ela odiava mais do que Nicky Tonks. A maldita vagabunda da priminha dela. A Princesa das Trevas, a filha do maldito que causara o desaparecimento de Harry.     


        - Sugiro que acalme seus nervos, Weasley, ou são dez pontos a menos para a Grifinória a cada movimento seu. Sabe, sou monitora chefe agora, meu poder aumentou um pouco... – disse Melinda, calmamente parada à parede do Expresso Hogwarts.


        - Bem sabemos porque seu poder aumentou, huh? Papaizinho intimidando os outros para te conseguir um bom lugar?


        - Nem que ele quisesse, precisaria. Afinal, quem é o novo diretor mesmo? – ela levantou a sobrancelha, provocando. – Mas eu não precisei da ajuda dele, sabe, meu pai me ensinou os meios... E devemos concordar, querida, não existe outra Sonserina para o cargo. De qualquer forma... Saia da porta da minha cabine, ou te levo imediatamente para a dos professores e tiro seus pontos, fui clara?    


        Ginny queria responder, mas Neville alertou-a de que McGonagall ficaria furiosa se eles arranjassem problemas logo com a Sonserina, principalmente com aquela ala da Sonserina. Tudo o que eles menos queriam era mais problemas em Hogwarts, então Neville arrastou Ginny por mais que nenhum deles quisesse sair dali.


        Os três monitores entraram na cabine e viram Nicky voltar a pegar seu livro para ler, revirando os olhos quando eles falaram dos dois que haviam acabado de sair. Ela estava dando uma Black e tanto.


        - Não sei porque não acabam com a Grifinória de uma vez. – suspirou Nicky, ainda olhando para o livro. – Eles são tão ruins quanto trouxas...  


        - Concordo, mas as coisas têm que ser discretas e aos poucos. Não queremos super-rebeliões no mundo bruxo agora que é nosso. – disse Draco, conseguindo a concordância de Melinda e Gabrielle. – Além disso, de quem abusaríamos?


        - Verdade, mas nem me parece estar falando com a ex-rolo-namorada de Harry Potter! – admirou-se Gabrielle.


        Nicky fechou o livro com força e raiva apenas ao ouvir o nome de Harry, todo o amor que tivera por ele havia se tornado um tremendo ódio pela idiotice, mania de heroísmo e tolice dele, além da hipocrisia. Ele era seu inimigo, assim como de todos os outros Comensais, ou mais.


        - Não me lembre desta época fatídica! Por favor, não sei onde estava com a cabeça! Estava louca, mas isso é culpa da minha mãe, por ter me criado longe de todos os princípios da nossa família, quero dizer, em meio aos trouxas! Uma Black em meio aos trouxas, chega a ser ridículo! – Nicky falava quase cuspindo fogo de tanta raiva de estava. – Agora eu não faço parte da árvore porque ela é egoísta. Enfim, isso é passado.


        - Realmente passado. Você também é uma Black, prima, e está vivendo como tal. – Melinda pegou uma varinha de alcaçuz e começou a comer, despreocupada com as coisas.


        - É, falando em viver, me dá uma dessas? – perguntou Draco, mas ela não entregou uma varinha, mordeu a sua própria e aproximou os lábios dos dele.


        Melinda abriu os lábios levemente e ele pôde ver o pedaço do doce na língua dela, ela fechou novamente e o puxou pelo colarinho.


        - Vem pegar...


        Draco beijou a namorada, causando protestos das amigas a bordo sobre como elas não queriam segurar vela. Quando ele finalmente pegou o doce, partiu o beijo.


        - Deixem de inveja! – brincou Melinda. – Só porque o seu homem está em Hogwarts e você não tem um não significa que eu não possa me aproveitar do meu!


        - Hey! Se aproveitar de mim? Vamos com calma para não traumatizar as crianças. – Draco foi acertado por doces, vindo de uma das duas, não sabia quem.


        Os quatro começaram a fazer uma pequena guerra de doces e a rir histericamente, podendo ser vistos pelo vidro por todos os alunos que passavam ali e por Ginny, que decidira ir procurar Luna, que havia sumido.


        A ruiva nem foi procurar a amiga e voltou bufando para a cabine, onde estavam Neville e alguns outros ex-membros da AD. Ela se sentou com ódio, chamando a atenção deles.


        - Eles estão lá! Fazendo guerra de doces, rindo, e Ron, Harry e Mione correndo perigo por aí. Isso não é justo! – ela agarrou os cabelos.


        - Quem e onde está Luna? – perguntou Neville.


                - Malfoy, Black e as capangas que a vadia chama de amigas...Argh, odeio chamar aquele monstro pelo nome do padrinho do Harry, é... Nojento, assim como a diversão deles. Nem mesmo  procurei Luna, tamanho o ódio que eu senti! Não dá...


        - Falando de mim? – uma voz doce os chamou da porta da cabine, Luna entrou sorrindo e se sentou com eles. Os amigos a cumprimentaram e Ginny narrou o que havia acontecido. – Deixa eles pra lá, Ginny, vai acabar sendo ruim só para você. É o que eu faço.


        - Luna está certa, Ginny. – concordou Neville. – A Melinda é esperta o bastante para te prejudicar sem ser pega. Controle-se.


        Ginny concordou, mas todos ali sabiam que com o rumo que as coisas estavam tomando, seria difícil demais manter o controle. Não somente ela, mas praticamente toda a AD teria dificuldades nisso, sem dúvidas. Porque aquele era apenas o começo.


 


Mansão Slytherin – Algum tempo depois


 


         - Imaginei que a esta hora já fosse estar em Hogwarts... – disse Voldemort, observando Bellatrix arrumando as coisas dela. Poucas, pois ela ficaria pouquíssimo tempo lá.


        - Ao que me consta, Snape quer fazer uma surpresinha aos alunos. Mas minha opinião? Ele quer é se livrar de mim um pouco mais. Não reclamo... – ela soltou o que estava fazendo e se virou para Voldemort que estava jogado no divã do quarto. – Tenho mais tempo aqui também...


        - Estranho querer mais tempo aqui já que mora aqui... – disse ele, parecendo indiferente. Parecendo. Eles estavam acostumados com joguinhos e sempre acabavam entrando neles.


        Bellatrix andou até ele, que observava os movimentos dela como num filme, ela parecia se mover em câmera lenta. Ela parou quando seus joelhos encostaram no divã. Ela apoiou as mãos no encosto, suas mãos ao lado do rosto dele.


        - Really? Porque ultimamente... Estar acompanhada nesta casa se torna cada vez mais raro e pelo jeito tende a ficar pior, então... – ela disse, o rosto próximo ao dele. – Pensei em aproveitar meus últimos momentos aqui... Pelo menos até ir para Hogwarts...


        Voldemort apertou a cintura dela, trazendo-a para mais perto de seu corpo, fazendo com a mulher quase caísse em seu colo. Quase, ainda brincaria um pouquinho com ela. Ah, se Bella soubesse o quanto ele adorava brincar com ela.  Ele beijou o ombro dela, fazendo um caminho molhado até o pescoço e voltando para o ombro.


        - Últimos momentos... Fala como se fosse passar muito tempo em Hogwarts... – disse, entre mordidas que dava no ombro dela.


        - Vinte e quatro horas trancada num castelo cheio de pirralhos e com Snape... Uma eternidade, acredite...- respondeu ela, agarrando-se aos cabelos dele, com os lábios presos entre os dentes e os olhos fechados, anestesiada pelo toque dele.


        Voldemort riu contra a pele dela, mandando um arrepio pela espinha dela. Bellatrix envergou o corpo momentaneamente e ele aproveitou para levar os lábios para o colo dela. Bellatrix suspirou entre os beijos dele, agradando aos ouvidos de seu mestre com cada ínfimo som de prazer que saía de seus lábios.


        - Quem sabe em uma de suas próximas visitar... Alguém não possa te acompanhar para que não fique tão entediada...- Voldemort subiu a trilha de beijos até chegar aos lábios dela, onde depositou um beijo leve. 


        - Hum... Adoraria que alguém pudesse ir comigo e torço muito para que isto realmente seja possível em breve... – respondeu ela, mordendo o lábio dele ao fim de suas palavras.


        - Será... Bem em breve... Mas enquanto isso...


        Voldemort finalmente puxou Bellatrix para sentar-se no divã e jogou seu corpo sobre o dela.A bruxa instantaneamente puxou-o pela nuca e o beijou com intensidade, tirando quaisquer outros pensamentos da cabeça do Lorde.


        Eles ficaram ali, explorando a boca do outro, enroscando seus corpos por incontáveis minutos, até que a falta de ar os obrigou a separar o beijos. Isso não impediu Voldemort de voltar a se concentrar no colo dela, levando-a a jogar a cabeça para o lado, fora do divã.


        Ao enroscar sua perna no quadril de Voldemort, Bellatrix fizera com que a saia do vestido escorregasse, dando a ele acesso livre à sua coxa. Acesso que este aproveitava com vigor, tocando fervorosamente cada centímetro de pele descoberta.


        Bellatrix gemeu baixo no ouvido dele, aumentando a proximidade dos quais deles. Quando ela se deu conta, já esfregava seu quadril contra o dele, que gemeu em resposta.   


        Voldemort voltou a beijá-la nos lábios, atacando a boca dela como se fosse a ultima coisa que eles iam fazer. Bellatrix agarrou-se aos cabelos dele e apertou sua perna contra ele. Ele mordeu o lábio dela e puxou um pouco, partindo o beijo.


        - Você precisa ir para Hogwarts, não deveria me provocar... – reclamou Voldemort. – Realmente não devia...


        - Por quê? Porque depois você se irrita de ter que dar a si mesmo uma mãozinha? – ela arqueou a sobrancelha, provocando-o.


        Voldemort acenou negativamente com a cabeça, cerrando os olhos, como avisando-a do terreno perigoso em que ela pisava. Subitamente ele segurou o pescoço dela, sem força, mas a assustando.


        - Cuidado como fala comigo, Bella querida... Lembre-se de que ainda é minha serva... – ele disse, contra os lábios dela, arrancando outro gemido dela.


        - E o que quer que sua serva faça? – perguntou ela, fazendo-o segurar um gemido por causa do quão erótica aquele frase soou.


        - Tudo... – respondeu ele.


        - Acha que terei tempo para tanto? – ela pareceu preocupada, mas não estava, na verdade, ela estava tão excitada que seus olhos estavam turvos. Os dele não estavam muito diferentes.


        - Isso, minha cara, é problema seu. Eu sei que não te deixo sair daqui até que cumpra suas tarefas... 


        Bellatrix riu da resposta dele, fechando os olhos um pouco antes de responder. Às vezes ela esquecia como joguinhos eram o forte deles e como geralmente ser a submissa a divertia, porque era fantasia imitando a realidade: ele era de fato o mestre dela.


        - Sim, senhor. Cumprirei tudo... – ela mordeu o lábio e o beijou novamente. Vinte e quatro horas não era muito, mas ela sentia que seria uma eternidade.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


 


         O primeiro jantar de Snape como diretor estava indo razoavelmente bem. Os primeiranistas já haviam sido selecionados pelo chapéu seletor e agora estavam todos calados, esperando pelo pronunciamento do diretor. Bom, calados todos estavam, esperando nem tanto. Tudo o que alguns menos queriam era ouvir o pronunciamento de Severus Snape.


        Snape se levantou, encarando os alunos, principalmente os da grifinória que o olhavam com asco. Os alunos da Sonserina dispararam em palmas e foram seguidos por alguns mais educados, mas menos empolgados, da Corvinal e da Lufa-Lufa. O diretor fez um sinal para que eles parassem e foi imediatamente atendido, antes de começar, notou um cochicho na mesa da sonserina: Melinda e Gabrielle de risinhos.


        “Vai começar”, era o que Melinda sussurrara para Gabrielle. E ela estava mais do que certa, o show ia começar em segundos. Não somente o show de Snape.


        - Boa Noite, alunos. – começou Snape, cortando as risadas da namorada e de Melinda e as conversas dos outros alunos. – Hoje começamos mais um ciclo em Hogwarts, mais um ano, mais um processo. No entando, nada será como antes. Todos nós estamos informados dos últimos acontecimentos e sabemos bem que algumas coisas vão mudar não somente em Hogwarts, como no mundo bruxo inteiro. A primeira mudança são vocês, alunos de sangue-puro: os únicos que se provaram merecedores de Hogwarts. A escola é de vocês.


        Alguns murmúrios de desgosto foram ouvidos na mesa da Grifinória e vários aplausos e gritos de apoio da mesa da Sonserina. A guerra estava mais do que declarada naquele salão. Snape retomou a fala.


        - Pois bem, algumas mudanças também ocorreram no corpo docente. Eu, é claro, deixei o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas vago e ele será assumido pelo Professor Amico Carrow. – Snape apontou para Amico, que se levantou e foi aplaudido educadamente pelos alunos. – Como todos sabem, Charity Burbage também deixou seu cargo, que será assumido pela Professora Alecto Carrow, cujos métodos de Ensino dos Trouxas são muito mais aprovados do que os de Burbage. 


        Alguém na mesa da Grifinória gritou algo parecido com “Só se for pelos Comensais da Morte” em provocação a Snape, mas este não tomou a provocação e nada respondeu, apenas continuou. Ou tentou, porque a porta do salão foi rapidamente aberta por Filch, que entrou correndo. Quando ele estava no meio de seu caminho até Snape, toda a atenção do salão foi novamente atraída para a porta.


        - Não precisa me anunciar, aborto estúpido, Severus está a minha espera. – uma voz feminina disse, arrogantemente, da porta. Quando os olhares a focalizaram, o ar no salão principal acabou. Bellatrix Lestrange... Em Hogwarts! Era a maior prova que o Ministério estava tomado, pois desde o incidente no Ministério ela voltara a ser procurada e nunca em condições normais poderia pisar em Hogwarts.


        - Bella! Sempre a alma da festa! Exceto que isto não é uma festa para fazer uma entrada dramática... – disse Snape, dispensando Filch.      


         - O que seria de mim sem entradas dramáticas, Severus? – perguntou ela, rindo, enquanto desfilava triunfantemente pelo corredor do salão principal, sentindo todos os olhos seguindo seus passos. – E quem fora eu poderia parar o salão assim, meu caro? É bem divertido, sabia? – ela riu, irritando Severus.


        Ela terminou de andar até onde ele estava e se posicionou ao lado dele. Bellatrix deu a mão a Snape, que encostou a boca no dorso – sem de fato beijar – educadamente e se virou para os alunos. Draco, Nicky, Gabrielle e Melinda estavam custando para segurar a risada face a todo aquele fingimento dos dois. Quem olhava, até pensava que eram amigos. Pensava mesmo.


        - Eu já estava para falar sobre a madame Lestrange. – ele olhou para Bellatrix e de volta para os alunos. – Mas já que ela nos agraciou com sua presença, creio que seja melhor deixar que ela mesma lhes diga o que eu ia dizer. – Snape soltou a mão dela e apontou para seu púlpito. – Bella... – ele deu um passo para trás e esperou ela se aproximar.


        Bellatrix chamou Filch, tirou a capa de viagem e tacou por cima dele, mandando que guardasse nos aposentos que Snape separa para ela. Filch obedeceu depois de um olhar de Snape, saindo resmungando. A morena se aproximou do púlpito, percebendo o afastamento de Severus, que se sentou em sua cadeira.


        - Boa noite, alunos. – começou ela, recebendo vívidas respostas da Sonserina, mas respostas bem fracas e mal criadas da maior parte das outras casas. – Oh, é incrível como os pais não mais ensinam modos a seus filhos. Como meu primeiro ato em Hogwarts, ensinarei o seguinte: Quando um superior seu, ou um adulto, ou qualquer pessoa te cumprimenta o jeito certo de fazer as coisas é responder. Não importa o quanto vocês me detestem, é deselegante e mal educado não responder e pior ainda responder mal educadamente. Então tentaremos novamente: Boa noite, alunos. – o tom de Bellatrix era tão afiado que seria provavelmente capaz de cortar um diamante.


        Certamente as linhas cortantes da voz dela fizeram efeito, pois soaram como uma ameaça implícita, e todos os alunos responderam, mesmo a contragosto, fingindo estarem extremamente felizes com a presença dela. Tirando, é claro, um certo Neville Longbottom e uma Ginny Weasley que ela ao longe percebeu que ficaram calados. Mas ela esperava, de qualquer maneira.


        - Ótimo, continuando... Como vocês todos devem ter percebido, toda vez que as coisas ficam complicadas em nosso mundo, ou começam um processo de grande mudança, o ministério se dispõe a ajudar Hogwarts. Como? Supervisionando a escola mais a fundo do que sempre faz, pois creio que todos estejam cientes de que o ministério sempre supervisionou Hogwarts de longe. Mas, em momentos de transição como o atual, é fundamental uma supervisão mais de perto. E é por isto que eu estou aqui: fui nomeada pelo Ministro Thecknesse como supervisora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. – a bomba estava jogada.


        O tumulto de comentários e conversas começou imediatamente no salão, os Sonserinos em geral comentando o quão demais seria aquilo: Snape diretor, Bellatrix supervisora. Enquanto os outros reclamavam dizendo que estavam para entrar na era Umbridge 2.0 e que suas liberdades seriam completamente tiradas.


        - Silencio. – pediu Bellatrix, levantando um pouco a voz. Uma vez. Ninguém se calou. Ela pegou a varinha e encostou no pescoço. – Silencio! – a voz dela ecoou por todo o salão em uma altura impressionante, fazendo todos cobrirem os ouvidos e calarem as bocas. – Ótimo. Bem melhor. Continuando: Eu serei supervisora, não alta inquisitora. É diferente: para começar, eu nem mesmo morarei em Hogwarts, tenho mais coisas para fazer do que vigiar a escola vinte e quatro horas por dia, isso é tarefa para meu querido amigo Snape. – Bellatrix olhou por cima do ombro para Severus, que deu um sorriso forçado.


        - Ah, claro! – Bellatrix teve a atenção chamada por um dos alunos, aliás, uma aluna. Ginny Weasley. – Garanto que tem mais o que fazer em seus dias, madame Lestrange. Como, por exemplo, trair o seu marido com o decrépito que você chama de Lorde?


        Ginny Weasley mal teve tempo de pensar antes de ser jogada para trás por um feitiço que ela nem sequer viu Bellatrix lançar. A garota ficou caída no meio do corredor por alguns segundos.


        - Onde está a sua petulância agora, Weasley? – os professores pareciam chocados com a atitude de Bellatrix, enquanto Filch tinha os olhos brilhando, aquele seria outro ano divertido para ele.


        - Eu não sei, talvez no mesmo lugar em que a sua vergonha na cara. – disse Ginny, se levantando. – Sabe, não me impressiona que a sua filha seja tão desajustada, quer dizer, olha a família que a coitada tem. – um barulho veio da mesa da Sonserina, Draco tentando segurar Melinda, que já retirara a varinha e apontava para Weasley.


        - Srta Weasley! – gritou McGonagall. – Por favor, se controle! Lembre-se que nesta escola, a Sra. Lestrange é sua superior e minha também, de todos nós... – Minerva fez uma pausa, como se tivesse cortado a frase no meio.


        - “Mesmo que isto não nos agrade”, ou “Por pior que isso possa ser” qual dos dois era o final da frase, Minnie querida? – Minerva gaguejou e não respondeu. - Não vamos bancar os hipócritas só porque estamos na frente das crianças, sabemos que me odeia tanto quanto Weasley, ou mais. – Bellatrix olhou para Minerva, que olhou para o próprio colo. – Mas agora todos vocês começarão inevitavelmente a puxar meu saco... Contudo, Weasley parece não querer seguir a multidão e isto é até... Divertido. Algo para me distrair quando estiver aqui...


        - Desculpe-me, mas antes que eu seja sua distração serei o seu fim, sua cadela nojenta! – Ginny cuspiu as palavras. – E não me importa a prostituta de quem você seja, eu vou acabar com você! Mesmo porque eu não tenho medo do estúpido do seu mestre...    


        - Crucio!                                                                          


        - Bellatrix! – gritaram Snape e McGonagall ao mesmo tempo, mas antes que eles se levantasse, Weasley estava no chão do salão, aos berros.


        Bellatrix desceu do púlpito e foi até perto da menina, que se contorcia e não conseguia evitar as lágrimas que escorriam por seu rosto. Os gritos dela enchiam o salão e as crianças mais jovens se encolhiam em seus lugares, fazendo notas mentais para nunca provocarem Bellatrix. Num floreio de varinha, a agonia de Ginny passou e ela teve seu peito pisado por Bellatrix, que mantinha sua varinha apontada.


        - O que eu vim dizer para vocês, é que rebeliões como esta não serão toleradas e que, se Snape não conseguir controlar caso algo assim aconteça novamente, vocês devem me chamar! E por quê? Simples, porque um foco desse pode ser a desgraça de toda a escola e não é isso que queremos... Porque quem acoberta é tão culpado quanto! E é desta forma que trataremos os rebeldes, ou pior... Então aqui vai um conselho: sejam bons garotos e garotas e terão ótimas recompensas, somos extremamente generosos com aqueles que merecem... Tão generosos quanto somos severos com os revoltados... – ela olhou para Ginny. – E eu tenho certeza que Weasley dirá a vocês o quão severa a “cadela nojenta” pode ser. – ela pisou Ginny com força. – E mesmo que ela minta, vocês viram com seus próprios olhos...


        Bellatrix tirou o pé de cima de Ginny e a garota se sentou no chão, o rosto ainda manchado das lágrimas, que ela secava compulsivamente envergonhada de ter chorado por causa de Bellatrix.


        - Ainda bem... – Ginny se levantou. – Que você admite o que é. – ela levantou a sobrancelha. – Cadela.


        No salão ecoou o som das costas dos dedos de Bellatrix chocando-se contra o rosto de Ginny, que foi de encontro ao chão de novo, sentindo o gosto metálico de sangue. Merda, a vagabunda era além de poderosa, forte.


        Bellatrix agachou-se e agarrou Ginny pelo queixo, forçando-a a encará-la. Pela primeira vez, a menina tremeu por dentro, temendo o que viria a seguir. Os professores pareciam profundamente preocupados com o que aconteceria ali.


        - Acho que não foi suficientemente clara de inicio. Mas eu posso ser muito mais clara se você quiser, traidora do sangue nojenta! Pergunte ao seu amiguinho Longbottom o quão clara eu fui com os pais dele... Talvez seja disso que você esteja precisando, de um pouco do que eu dei aos pais dele. – Bellatrix apontou Neville com a cabeça.


        Snape colocou a mão sobre os olhos, Bellatrix estava arranjando uma maneira interessante de resolver aquilo: piorando. Ela estava procurando briga com Longbottom também. Ah, ele devia ter imaginado que ela não resistia a atacar Neville. Afinal, ela devia tê-lo matado anos antes.


        - Cala a boca! – Snape sentiu o estomago virar: Aquela frase fora gritada por Neville. Ele estava certo, aquilo só ia piorar. – Cala a porcaria da boca, Bellatrix Lestrange! Dobre a sua língua imunda antes de falar dos meus pais!


        Bellatrix largou Ginny com tanta força, que a garota bateu a cabeça no chão com um baque. Ela se levantou e encarou Neville, por um instante todos que conheciam a história deles prendeu o ar, incluindo os adolescentes.


        - O que disse? – testou ela, para ver se o garoto retirava o que tinha dito, mas ele não se intimidou com ela.


        - O que você ouviu!


        - Sabe, Longbottom, eu tenho muito a falar dos seus pais. Tenho uma história imensa pra te contar, sobre como eles imploraram pela vida deles e, principalmente, pela sua. Sua mãe chorava muito mais quando não estava sendo torturada... Sabe por quê? Porque era quando ameaçávamos você! Aí ela sofria loucamente, principalmente quando eu subi as escadas, na direção do seu quarto, eu podia ouvir os berros dela, pedindo por clemência para seu pequeno filho de um ano de idade que não merecia sofrer como eles! Que era inocente e puro... Bom, se ela soubesse o idiota que você se tornaria certaria teria me pedido para fazer o favor de livrá-la de você! – provocou ela, rindo da expressão de ódio dele. – E agora você tem que me engolir, Longbottom...


        - Não, eu não tenho! – Neville voou por cima da mesa da grifinória, com a faca que estava ao lado de seu prato na mão, caindo por cima de Bellatrix, com a faca apontada para a barriga dela.


        Houve imediato alvoroço no salão, os professores correram para perto e pediram a Neville para que ele não fizesse uma besteira da qual se arrependeria depois, mas para o azar de Neville, ela havia sido muito bem treinada por Voldemort e já tinha a mão por cima da dele, virando a faca na direção dele, enquanto sorria como se estivesse num picnic.


        - Você não está exatamente na posição de sorrir, sabia? Eu ainda tenho a vantagem!


        - Ah, é? – ela riu, segurando a faca da forma que ela queria, sem permitir que ele a movesse um milímetro. – Pois eu penso que o seu pensamento de vantagem é patético, porque você nunca será páreo para mim, Longbottom!


        Dito isto, ela rolou e trocou de posições com Neville, ficando por cima dele com a faca contra a jugular dele no pescoço, tudo numa rapidez tão impressionante que ele mal notou o que tinha acontecido. Ginny Weasley arrastou-se um pouco para longe da cena no chão, começando a ficar assustada.


         - Eu sempre terei vantagem, Longbottom! E sabe por quê? Porque há dezesseis anos eu te poupei! Deveria ter te matado, é claro, mas não o fiz, e sabe por quê? Por causa do homem que logo irá matar seu amigo Potter, então você só vive por causa daquele que vocês – ela estendeu o olhar para Ginny – tanto odeiam. Como se sente devendo sua vida a ele? – disse ela, relembrando que não matara Neville apenas porque a marca havia desaparecido de seu braço, logo por causa de Voldemort, indiretamente, mas ainda assim.


          Neville pareceu desejar loucamente vomitar, ou gritar, ou os dois. Ginny percebia o que estava acontecendo ali, ela estava tentando atingir Neville e estava conseguindo.


        - Eu posso ter te poupado antes, mas agora... Nem tanto... – ao dizer isso, Bellatirx passou a faca no pescoço dele, abrindo um enorme corte. Ela se levantou antes que ficasse exageradamente manchada de sangue.


        Houve gritos no salão e pessoas correndo para salvá-lo, Bellatrix voltou lentamente ao púlpito, limpando o sangue de si com um guardanapo. Ela subiu no púlpito.


        - Caso Longbottom sobreviva para contar história, o que pela quantidade de sangue eu duvido, sugiro que vocês não o sigam porque... Vêem o que pode acontecer com pessoas como Longbottom e Weasley? Acho que não querem isso para si mesmos. Considerem um aviso de uma amiga: é assim que as coisas serão daqui pra frente! Ou vocês estão conosco, ou contra nós! E quando nós somos bons para nossos amigos, somos ótimos, mas quando somos cruéis com nossos inimigos somos melhor ainda! Eu tentei vir aqui e ser simpática e amigável, para dar este recado de forma delicada, mas como aqui foi visto, não foi muito possível. Agora... Acho que todos deveríamos jantar! – ela saiu do púlpito e foi até a mesa dos professores, onde sentou-se ao lado de Snape, que ordenou que trouxessem o jantar – enquanto Neville era removido para a enfermaria.


        - Você não pode simplesmente tentar matar alunos no jantar! – disse Snape, em tom de bronca, a ela o mais discretamente possível em meio ao jantar.


        - Longbottom? Ah, eu posso...- respondeu Bellatrix, focada no prato.


        - As crianças contarão a seus pais, Bella, por Merlin...!


        - Que dirão para elas não se rebelarem, mas não a tirarão daqui por medo de represálias. O que mais? – Snape revirou os olhos. – E outra, Longbottom tentou me matar primeiro. Legítima defesa...


        - Ah, claro, como se ele fosse ser bem sucedido. – ironizou Snape.


        - Não seria, nunca, mas se eu não revidasse igual qual impressão essas crianças teriam? De que somos fracos, Severus? Depois do que eu fiz, nem levantarão suas vozes para nada mais... Sabem que não estamos brincando.


        - Como quer fazê-los acreditar no quão generosos somos com nossos amigos quando faz isso?


        - Severus... Gabrielle, Melinda, Nicky e Draco estudam aqui e são muito populares. Eles são as provas vivas! De qualquer forma, com o tempo eles verão... – disse ela, displicentemente voltando a comer, ignorando-o completamente.


        Vários segundos de silêncio se passaram, até que Bellatrix pousou os talheres no prato e, depois de bebericar o que fosse que estivesse bebendo, voltou a olhar para Snape. O diretor ficou completamente confuso com o olhar fixo dela nele. Ele estava começando a ficar irritado.


        - O que foi? Perdeu algo aqui, my lady?


        - Não, não... Só estava pensando aqui... – disse ela, com a voz mais baixa do que o normal. – Como vai sua namorada? – ela desceu ainda mais a voz, mas mesmo assim foi o suficiente para fazer Snape engasgar com a bebida.


        - I beg your pardon... – sussurou ele, irritado.


        - Não se faça de idiota, ninguém está ouvindo e, mesmo que estivesse, McGonagall é quem importa e ela não está nem perto daqui... Então, responda: como está sua adorável namorada? Excitada com a idéia de um namoro nas sombras?   - ela levantou a sobrancelha, Snape a encarou incrédulo.


        - Deixe-me ver, está realmente tentando fingir que somos amigos?


        - Não, só estou tentando te irritar uma vez que eu já sei de tudo porque sou realmente amiga da sua namorada, então na verdade nunca precisaria te perguntar como ela se sente... Mas a idéia de te irritar falando disso em Hogwarts me encantou, não pude resistir. E pelo visto, eu consegui... Mission Accomplished.  – Bellatrix deu o sorriso mais insuportavelmente vitorioso da história e Snape sentiu como se no segundo seguinte ele fosse voar contra ela e apertar seu pescoço com tanta força que o quebraria tamanho seu ódio. – E agora? Planejando como me matará mentalmente?


        - Sabe, Bella... Provocar os outros constantemente apenas pelo prazer de irritá-los não é nada atraente em uma mulher da sua idade....


        - Outch! Você poderia me magoar assim! Mas felizmente eu não estou tentando parecer atraente para você e eu não ligo para a sua opinião, então... Você falhou, querido, falhou feio...


        - Por que você não fica simplesmente quieta, Bellatrix?


        - Por que não termina seu jantar em vez de prestar atenção em mim, huh? Ninguém está prendendo sua atenção, você a dá a mim porque quer...


        - O que quer dizer com isso, Bellatrix?


        - Que quando um não quer... Dois não discutem, mesmo quando um está quieto como um morto na maior parte da discussão... E que seu jantar está esfriando... – ela indicou o prato dele com a cabeça.


        - Não é minha culpa que você come rápido...


        - Não, eu não como rápido, você é que está comendo demais. O que também não é minha culpa, mas eu imagino de quem seja a culpa de toda essa sua necessidade de energia... – ela pousou os olhos na mesa da Sonserina e Snape sentiu seu rosto ficar quente. – O que é normal, visto a diferença de idade... – Bellatrix deu de ombros.


        - Ah, você saberia... – disse ele, olhando para o prato.


        - Não, eu não saberia... Mas sei quem sabe...Talvez você possa perguntar a ele e descobrir se você está fora do padrão de normalidade ou não, que tal? – Snape não respondeu.


        - Imaginei que era uma má idéia de assunto para o chá das cinco com o seu chefe, mas enfim...  – disse Bellatrix, a voz coberta de sarcasmo, e bebericou novamente, era suco de abóbora aquilo. Vinho não era algo que ela realmente esperava ser servido no jantar de Hogwarts.


        - Nosso chefe, a não ser que tenha se esquecido de que ele também é o seu chefe...  – foi a vez de Snape provocar.


        - Ah, como eu poderia? Se eu costumo obedecer às ordens dele com extrema freqüência nas mais diversas situações? E adoro isso... Ser serva dele... Sabe, sempre foi meu sonho realizado... 


        - Acho que podemos parar por aqui... – ele a interrompeu. - Já ouvi o suficiente...


        - Não sei porque você parece tão constrangido, eu não disse nada demais... A não ser que você tenha entendido de outra forma... – Bellatrix levou os olhos a encontrarem os dele, a provocação estampada em seu rosto. – Quanta malícia, Severus....


        - Meu jantar está realmente esfriando... – ele mudou de assunto e voltou a comer, deixando-a com seu sorriso vitorioso mais uma vez. O sorriso de quem estava se divertindo às custas dele, mas uma hora teria troço. Ele percebeu então o quão baixo eles estavam conversando, ou discutindo, porque ninguém parecia ter ouvido nada e estavam concentrados em seus próprios pratos.


Melhor desse jeito, ele pensou, voltando a comer e lembrando-se que, graças a Merlin, ela voltaria à Mansão Slytherin no dia seguinte. Mais algumas horas e ele, pelo menos por enquanto, ele estaria livre da praga que era aquela que se tornara a lady de todos ali...Pensamento suficiente para conseguir comer sem uma indigestão. Seria um longo ano...


 


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – Mais tarde naquela noite.


 


        Bellatrix estava acabando de se arrumar para dormir, novamente em Hogwarts após quase trinta anos, uma experiência esquisita que ela preferia não vivenciar. Mas aquele quarto era diferente, é claro, para visitas, muito mais luxuoso do que os quartos dos estudantes – mesmo os da Sonserina.


        Ao sair do banheiro, ela viu uma silhueta e a primeira coisa que fez foi procurar sua varinha, até ver quem era a pessoa que ali estava.


        - Como conseguiu me encontrar aqui? E, pior, entrar aqui? – Bellatrix relaxou, recostando-se ao portal do banheiro.


        - Benefícios de monitora chefe. – Melinda riu e jogou-se na cama que a mãe usaria. – Agora admita, eu te assustei!


        Bellatrix andou até ela, rindo da atitude da garota. Ela sabia ser bem engraçadinha e adolescente quando queria, por mais adulta que ela pudesse parecer às vezes.


        - Sim, você me assustou. – admitiu Bellatrix, sentando-se ao lado de Melinda na cama. – Eu geralmente não estou acostumada a ter pessoas surgindo do nada em meus aposentos... E considerando onde eu estou... Isso pode ser bem problemático. – Bellatrix olhou ao redor.  


        - Memory Lane, huh?¹ ­- brincou Melinda, recebendo uma confirmação da mãe, que parecia bem pensativa. – Faz algum tempo, imagino... Desde a última vez que esteve aqui, quero dizer, para passar a noite e tudo isso...


        - Trinta anos, my darling... Trinta… Me faz sentir velha, na realidade...


        - Pare! Agora vou ao assunto: Ginny Weasley. Você matou Longbottom, certamente, mas... E Weasley? O que fará com ela? Quer dizer... Torturou, ok... Mas só isso? – perguntou Melinda, parecendo chocada. – Não acha que ela vai se tornar um exemplo de como se rebelar?


        - Matá-la a faria uma mártir... Porque ela não usou nada mais do que palavras, diferentemente de Longbottom... Então usarei para ela o mesmo julgamento que usei para Longbottom: o troco com juros... – disse Bellatrix, simplesmente, confundindo Melinda.


- Ah, Mel querida... – Bellatrix acariciou o rosto da filha. – Espere e verá. Antes que eu saia daqui, meus problemas com Weasley estarão resolvidos.


        - O que quer dizer com isso?


        - Que matarei dois heróis com a morte de apenas um ser humano... No caso, Longbottom...


        Melinda continuou sem entender, mas mudou de assunto rapidamente, para coisas mais triviais, compartilhando algum tempo com a mãe antes de ir para seu quarto, esperando pelo o que viria a acontecer. Ela realmente estava curiosa.


 


        No dia seguinte, nada mais foi falado em Hogwarts, a não ser o acontecimento da noite anterior, envolvendo Bellatrix, Ginny e principalmente Neville. Todos estavam chocados e tinham um pressentimento de que aquilo não tinha acabado. Estava longe de acabar. Mas para a felicidade da maioria, elas não se cruzaram o dia todo.


        Quando o jantar chegou, o clima ficou ainda mais pesado, era o último possível e inevitável encontro entre Bellatrix e Ginny antes da partida da Comensal da Morte e parecia que ali algo realmente iria acontecer, principalmente porque Ginny pareceria bastante perturbada. Não como se fosse atacar, mas em uma extrema defensiva. E Bellatrix, parecia uma rainha sentada em seu trono esperando a cabeça de um inimigo.


        Antes que o jantar fosse servido, o professor Amico Carrow e sua irmã, professora Alecto, pediram a palavra e se levantaram. Ginny fechou os olhos, como se o momento para algo tivesse chegado. Ninguém ao seu redor entendeu, mas ela sabia o que teria de fazer. E ela sentia como se sua alma estivesse sendo retirada, como num beijo de dementador.


        - Precisamos fazer algo esta noite, antes que a consciência de alguém fique tão pesada que ela não possa suportar... – começou Amico.


        - Como educadores, precisamos zelar pelo bem estar de nossos alunos física e mentalmente. – completou Alecto. – E é por isso que chamamos a Srta. Ginny Weasley.


        Bellatrix endireitou-se na cadeira e todos arregalaram os olhos. Ginny levantou-se sob perguntas da grifinória e se aproximou da mesa dos professores, encarando o chão enquanto ouvia os cochichos. Mas, ela não conseguiu em um ponto não olhar para uma mesa que cochichava alto demais: Sonserina. Os olhos dela, no milésimo de segundo que se levantaram aos sonserinos, encontraram-se com os de Melinda, que levantou seu copo a ela como no mais sarcástico dos brindes.


        - Desde ontem à noite, a consciência da Srta Weasley a atormenta e eu creio que ela tenha algo para dizer à Madame Lestrange... – choque, foi o que rondou o salão.


        - A mim? – Bellatrix se levantou e aproximou-se um pouco de Weasley. – O que tem a me dizer, Weasley? Creio que já tenha falado demais ontem à noite, não?


        Bellatrix se fez de aborrecida, com a expressão de mágoa mais convincente da história do mundo. Ela era uma atriz e tanto e aquele era o espetáculo que ela escrevera e também dirigira.


        - Sim, madame. – disse uma Ginny completamente diferente daquela da noite anterior. Uma Ginny submissa. – É exatamente sobre ontem à noite que tenho que falar...


        - Sabe, Srta Weasley, eu realmente não tenho vontade de ouvi-la e não ligo para sua consciência, então sente-se.. – Bellatrix indicou a mesa da Grifinória, mas a jovem ruiva não se moveu.


        - Eu preciso que a senhora me escute! – Ginny quase chorou de desespero, ela precisava fazer aquilo. Ela realmente precisava, por mais que aquilo doesse muito mais do que a tortura, do que seria a própria morte, era necessário, era questão de vida ou morte. E se ainda fosse sua vida ou sua morte era uma escolha simples, mas não se tratava mais dela. – Por favor... Preciso dizer a verdade a todos...


        - Verdade?


        - Sim... Sobre o porquê de eu ter dito aquelas coisas horrorosas... – Bellatrix fez um sinal para que ela continuasse. – Eu as fiz porque a invejo, porque não suporto ver alguém mais feliz do que eu, ganhando mais atenção do que eu, porque sinto falta do Harry, sinto falta de como todos gostavam mais de mim quando o Harry estava comigo e... Pensei que se talvez eu fosse uma heroína como ele todos me adorariam também... Como adoravam a ele...- Ginny parou, querendo vomitar com as próprias palavras. – Eu pensei que teria a atenção de todos, que todos me tratariam como costumavam tratar a Harry, como alguém que os salvaria de algo...


        - Mas...? Porque vejo um mas aí...


        - Mas eu não sou uma heroína e nem ligo para salvar ninguém, só queria a atenção... E a usei para isto e...


        - E?


        - Eu não estou disposta a sofrer em prol dos outros... O louco era Harry, não eu. Minha vida é mais importante... Entre o mundo e eu, escolheria sempre a mim e só percebi isto ontem a noite: Nada no mundo vale mais do que mim mesma, muito menos os outros ou a atenção deles. – Ginny parou, já sentindo os olhares de ódio caírem em cima dela. Ela podia ouvir de longe os comentários de como ela era uma vadia fútil e calculista. Ela ficou sem falar nada por alguns segundos e foi o que despertou Bellatrix.


        - Então...?


        - É por isso que eu... Quero dizer que tudo o que eu disse sobre a senhora, na verdade é valido para mim. Eu sou a cadela maldita, eu fiz Neville se matar por meu desejo de popularidade e a ataquei sem ser sido atacada... E a senhora queria apenas nos ajudar nessa transição, dar seu apoio, pacificamente, mas eu precisava estar no centro do palco, então... Fiz o que fiz e por isso... – era o grande finale, Ginny não sabia se conseguiria, mas um olhar de Amico foi o suficiente para fazê-la dar alguns passos à frente, tremendo quase com o que teria que fazer. Seu estômago dava voltas.


        A aproximação de Ginny fez Bellatrix direcionar um olhar para Amico e Alecto, pela cara da garota aquilo ia piorar para ela e agora ela entendia o que os irmãos quiseram dizer horas antes dizendo que eles tinham um presente, um bônus além do que ela tinha pedido a eles naquela manha, quando ela mencionara seu desejo pela humilhação de Ginny.


        - Por isso...? – ela testou Ginny. – Eu estou realmente ficando confusa, Srta Weasley. Já entendemos que seus motivos foram estúpidos, fúteis... Que a senhorita é um poço de futilidade... Não acredito que tenha mais a dizer...


        - Por isso... Tudo o que eu fiz nunca mais se repetirá, eu prometo, eu envergonhei Hogwarts, deixei uma má impressão e...- Ginny chegou ainda mais perto. – I beg your pardon...- disse a ruiva, com a voz baixa.


        - I’m sorry, Miss Weasley?


        - I beg your pardon... – ela disse, alto dessa vez, tirando o ar do salão completamente. - Não quero deixar uma má impressão de todos nós, de mim...


        - Você foi bastante dura ontem à noite... É bastante complicado, Weasley... – uh, agora Bellatrix era a vítima. Ginny queria voar no pescoço da vadia, mas ela não podia. Amico olhou fortemente para ela como se indicasse algo.


        - Por favor, madame Lestrange, me perdoe... – Ginny tomou coragem de nem ela sabia onde para seu próximo movimento, o mais inacreditável de todos, ela caiu de joelhos. – Não posso deixar que vá embora sem me perdoar...       


        Por aquilo, nem Bellatrix esperava. Ela abriu a boca, tomada pelo choque e olhou imediatamente para Amico e Alecto. O que diabos eles tinham feito com aquela menina? Imperius? Porque se fosse só chantagem, eles eram muito bons com ameaças e chantagens.  Bons demais, pelas calças de Merlin. Ela estava quase entrando em colapso para conseguir reter a crise de riso que estava por vir.


        O salão explodiu em comentários maldosos sobre Ginny e sobre aquela cena absurda. Alguns até pediram para serem beliscados. Até mesmo os sonserinos.


        - Acordem-me agora! – pediu Gabrielle, chocada. – Ou não me acordem, Weasley humilhada é bom demais!


        - Totalmente. – concordou Melinda, aos risos.


        A reação das duas era basicamente a de toda a Sonserina, que observava como aquilo ia terminar...


        Bellatrix observou Weasley por alguns segundos, até andar até ela. A morena estendeu-lhe a mão e Ginny percebeu que não poderia ser boa coisa, mas a pegou e aceitou a ajuda para se levantar.


        - Eu geralmente não perdôo pessoas, Weasley, então de fato irei embora sem tê-la perdoado. Porém aprecio seu pedido, feito de forma tão emotiva e bela, então... Prometo pensar em seu caso, mas preciso de provas de que a Srta realmente está dizendo a verdade, que realmente merece ser perdoada e isso somente o tempo dirá...


        - Farei de tudo para provar que sou digna de seu perdão, madame... E me tornarei um exemplo de sua generosidade... – ah, aquela frase foi como uma facada no estomago que Ginny dera nela mesma. – É tudo o que eu mais quero, evitar que mais pessoas façam a burrice que eu fiz, preferir seu ódio à sua generosidade que sei ser imensa...


        - Ótimo então, veremos... Acho que agora todos nós podemos jantar em paz, huh? – perguntou Bellatrix, recebendo um aceno de confirmação por parte de Ginny Weasley. Quando a garota voltou à mesa da Grifinória, no entanto, nada era o mesmo. Ela era odiada pela maioria e começou a ser pelo resto assim que respondeu negativamente à pergunta “Eles te chantagearam, não foi?”. Não foi a negativa que irritou, foi a certeza dela na negativa, a firmeza, como se fosse realmente verdade.


Ela precisava fazer com que todos acreditassem nela, ela havia pisado em terreno muito perigoso e naquele momento ela simplesmente desejava não tê-lo feito. Talvez aquela não fosse a melhor abordagem das coisas, o enfrentamento... Aquela expressão “Se não pode vencê-los, junte-se a eles” veio à mente da garota naquele momento. Quem sabe, para vencer pessoas como eles, não devia-se agir como eles – por mais nojento que isto fosse. Assim que ela sentou na mesa da Grifinória, seu olhar se dirigiu para a mesa oposta: a da Sonserina, de onde Voldemort saíra, onde a filha dele estava naquele mesmo segundo, rindo de algo idiota dito por Draco Malfoy.


Eles não eram destemperados, eles não surtavam como ela e Neville na noite anterior, eles eram frios, calculistas, agiam por debaixo dos panos, sorriam para alguém enquanto planejavam matar essa pessoa. Nojento, mas funcional. Talvez aquela fosse a melhor maneira de atingi-los, jogando pelas regras deles. Mas, infelizmente, ela não podia dizer aquilo a ninguém, não mais, pois agora ela era odiada e fazer o que fosse para mudar aquilo lhe custaria caro, muito caro.


 


- Pode me explicar o que foi aquilo? – Snape perguntou a Bellatrix em algum momento do jantar.


- Pergunte a Amico e Alecto... – ela respondeu, displicente. – Não tenho idéia. Eles arranjaram tudo a meu pedido, obviamente, agora como convenceram Weasley, não é de meu conhecimento e não é problema meu... Mesmo que eu faça uma idéia.


- Uma idéia? O que quer dizer com isto?


- Chantagem, lógico, foi o que eles fizeram e creio que tenham ameaçado seus familiares. Bem clichê, mas é impressionante como sempre funciona. E Weasley tem vários familiares para se preocupar, além de já fazer parte de uma família que está sendo observada de perto por nós. – Snape concordou com um aceno de cabeça. - Sabe quando vão me convencer de aquele ser na casa dos Weasley é mesmo Ronald Weasley?  Vi as fotos, mas ainda não estou convencida. O garoto está com Potter, disto estou certa, só não tenho como provar, infelizmente. Enfim, eles a ameaçaram e visto a posição infinitamente complicada de sua família, ela foi pelo caminho mais seguro... Mesmo que isso não faça sentido numa traidora nojenta...


- Imaginei que faria algo contra a garota, agora... – Snape deu uma pausa para olhar diretamente para Bellatrix. - Perdão de joelhos no jantar, Bella? É exagerado até mesmo para você... E seu nome do meio é exagero, ou pelo menos devia ser.


- O que quer dizer com isso? – ela virou a cabeça rapidamente para ele, encarando-o com a sobrancelha levantada.


- Que você é uma rainha do drama! Em todos os sentidos! – ele disse, como se fosse óbvio. – Desde que eu te conheço você é assim, faz cenas absurdas, entradas triunfais, dá foras colossais nas pessoas em público. Você nunca foi discreta, Bella... Acho que nisto você e o Lorde combinam, não porque ele não queira ser discreto, ele quer, mas ele simplesmente não consegue, nem nunca conseguiu, por ser ele... 


- Eu, no entanto, quero não ser discreta... Esse era o final da sua frase. – ela respirou fundo. – E somos perfeitos porque os opostos se atraem, huh? Ele um poço de discrição e eu...


- Não foi o que eu disse. Isto tudo de estar no centro do palco é algo que vocês têm incrustado no ser de vocês, não podem fugir disso, vocês dois nasceram para pararem festas e tomarem as atenções, coisa do tipo. A diferença é que ele ainda tenta fugir e se ser misterioso, em boa parte do tempo, você já desistiu de fugir há muito tempo. A prova disso é Melinda, ele puxou isso dos dois... Então, só a respiração dela já chama a atenção: ela tem a sua impressionante presença e o mistério dele como se isso fosse possível. Ela é misteriosa ao mesmo tempo em que está sempre presente, com toda a atenção direcionada para ela.


- Sim, pois o mistério está no simples fato de ser quem ela é... E a presença, bem, Melinda sempre foi parecida comigo, sempre gostou de ser o centro das atenções, então ela não fugiu disso mas não conseguiu fugir do mistério... Está em quem nós somos... Como eu e o pai dela...


- Exatamente o meu ponto, mas voltando ao assunto... Até mesmo para você, que bem, está sempre fazendo de sua vida um espetáculo imenso...


- Foi levar como um elogio, Severus...


- Leve como quiser! De qualquer forma, perdão já é impressionante o bastante, mas de joelhos, não esperaria nem de você e não acreditaria se me contassem... – Snape parecia mesmo estar bastante impressionado, era visível no rosto dele o tamanho da descrença que o assolava. Principalmente por ser tratar de Ginny Weasley, principalmente por ser apenas vinte e quatro horas depois da demonstração de petulância daquela mesma garota, mesmo sob uma maldição Cruciatus.


- O engraçado é... Este show não foi de minha autoria... – respondeu Bellatrix e Snape abriu a boca começando algo parecido com “Mas você disse...”, ela fez um sinal para que ele parasse de falar. – Eu digo a parte dos joelhos não foi de minha autoria! Disto eu dou o crédito aos Carrow. Mesmo porque eles só fizeram isso pensando no possível credito que eu os daria junto ao Lorde das Trevas, como tudo o que fazem para mim e/ou para Melinda, mas de qualquer forma você entendeu.


Snape assentiu, sabendo exatamente sobre o que ela falava. Interesse, um vírus entre os Comensais da Morte, um vírus muito bem espalhado, aliás. Fazer favores para Melinda e/ou Bellatrix se tornara o sonho de muitos, para que pudessem ter algum crédito com o Lorde.


- Entendo, mas você disse que eles fizeram a seu pedido, então...


- Então eu obviamente não deixaria Weasley na dela, quietinha depois daquilo. A verdade é que eu queria matá-la lenta e dolorosamente, mas eu não podia, já que fiquei a noite toda ontem tentando convencer suas crianças de que nós não somos monstros e de que somente ataquei Longbottom porque ele me atacou primeiro, ou seja, legitima defesa. Sendo assim, sendo que a tentativa de Weasley foi de me humilhar e não de me matar...


- Matá-la fugiria de seu discurso. – Snape concordou. – Sendo asism, você a fez se humilhar, porque seria somente pagar na mesma moeda, com a diferença de que você realmente obteve resultados, já que ontem ela não conseguiu te humilhar, apenas passar por louca perante os colegas por estar enfrentando e provocando uma Comensal da Morte condenada e até ontem procurada. Como Longbottom, que tentou te matar, mas nem esteve perto, contudo você... Bom certamente ele não sobreviverá.


- Exatamente, o ponto que eu quis colocar pros alunos é que o máximo que faríamos era revidar, mesmo que em um nível de resultado final muito melhor. Mas revidar. Assim eu, para não me contradizer, tive que, infelizmente, deixar Weasley viva. Droga, parece que essa coisa de Lady das Trevas é mais difícil do que eu pensava, pelo menos agora que todos nós estamos públicos.


- Pensando em desistir do posto, my lady? – perguntou Snape, sarcástico, arrancando um risinho amargo e uma careta dela. – Muitas matariam por seu posto.


- No way, Snape. Eu mataria pelo meu posto. Só que na época em que nós Comensais estávamos nas sombras tudo parecia mais divertido...


- Isso é porque tudo às escondidas é mais divertido... Porque mesmo quando nós fazemos as regras, ainda temos que segui-las para não enfrentar rebeliões populares. E isso foi um exemplo, se você tivesse se contradito...


- “Tudo às escondidas é mais divertido” – Bellatrix o interrompeu. – Quem é você e o que fez com Severus Snape? Ah, espere, seu que não foi você que fez algo com Severus Snape, foi uma certa francesinha, mas isto é papo pra outra hora. Enfim, se eu tivesse me contradito...?


- Crianças contariam a seus pais e depois eles não nos apoiariam e nos dariam mais trabalho, etc, etc...


- Ou seja, eles ainda me temem pelo o que eu fiz a Longbottom e pela humilhação que causei em Weasley, mas...


- Confiam na sua palavra. Devo admitir: Genial, Bellatrix.


- Eu sei, obrigada. – Bellatrix fechou os olhos por um momento, enquanto ela bebia suco de abóbora. – Espere um minuto, nós estamos tendo uma conversa civilizada?


- Sem xingamentos, ameaças... É, parece que sim. – ele também achou estranho. – Devemos estar doentes.


- Síndrome de G.C., só pode. – disse ela, voltando a beber, desta vez mais rapidamente, o suco. 


Snape ia perguntar sobre o G.C., mas entendeu a sigla: Gabrielle Ceresier. Ela era amiga de Bellatrix, namorada dele. É, só podia os estar afetando.


- Ou isto misturado com algo em Hogwarts... ou então uma praga do Lorde das Trevas, quando disse que formaríamos uma ótima dupla no trabalho em Hogwarts. – ele pareceu realmente impressionado com a possibilidade que levantara.


- Espere, talvez estejamos falando diretamente de trabalho afinal. Quero dizer, estamos falando da ordem em Hogwarts, da calmaria que queremos manter então... – Bellatrix virou o rosto lentamente para ele.


- É trabalho e não estamos doentes. – Snape completou.


- Sim. E nem levando a sério demais nosso teatrinho para os alunos pensarem que somos amiguinhos e não notarem que quando eu digo supervisionando eu estou te vigiando, muito mais do que te ajudando e por isso não nos respeitarem e se aproveitarem de alguma forma de nossas brigas. – Snape abriu a boca para falar algo, mas ela simplesmente continuou. – Por pedido do Lorde, é claro, já que por mim as crianças não te respeitarem seria ótimo e elas me respeitariam de qualquer forma, porque eu sou mais procurada e mais temida do que você.


- Tirando Weasley e Longbottom, é claro, que não pareceram ligar pra isso.


- Imagine então como seriam com você! Devorariam-lhe vivo, Sev querido! – e eles estavam voltando às provocações, é, não estavam doentes. - Bom, de qualquer forma, um está à beira da morte e a outra odiada por sua casa... Então creio que não terei problemas com alunos me enfrentando mais... E nem com pais não nos apoiando. Ótimo para Hogwarts, ótimo para nossa parceria.


- Ótimo, quanto menos problemas melhor.


- Sim.


Os dois cortaram a discussão e terminaram de comer quietos, como se aquela louca conversa/discussão não tivesse ocorrido. Era estranho demais terem conversado sem trocar insultos por tanto tempo como fizeram, então no fim acabaram precisando se provocar um pouco, só para não perderem o hábito. Eles notaram, então, que com o trabalho junto iam acabar tendo mais daquelas loucas conversas civilizadas e teriam de tomar cuidado para acabarem esquecendo de que se odiavam – mesmo que por alguns momentos. Bellatrix, principalmente, fez uma imensa nota mental daquilo. Ela o odiava demais para deixar Hogwarts mudar aquilo mesmo por milésimos de segundo.


Ao fim do jantar, era hora de Bellatrix ir e ninguém poderia saber o quão satisfeita aquilo a deixava. Finalmente ir pra casa, deixar Hogwarts para trás com seus problemas. Já agüentara o bastante quando fora aluna, agora passava o bastão para Melinda. Mas a idéia de atormentar Snape era suficiente para lembrá-la de que aquelas visitas não seriam assim tão ruins. Ela se levantou e se aproximou do púlpito.


- Boa noite, alunos. Parece que nosso primeiro encontro foi bastante conturbado, mas creio que vocês perceberam que tudo o que desejo, que desejamos , é o bem estar de vocês todos e a ordem em Hogwarts. E que somente alguma ameaça a isto nos fará tomar alguma atitude drástica, e que – mesmo assim – só retornaremos o que nos foi infligido. Sendo assim, acho que podem perceber que nós não somos monstros em tempo integral, como alguns devem ter pintado para vocês. Minha filha é colega de vocês e, não apenas ela, mas vários de seus colegas me conhecem o suficiente para lhes dizer que eu sou sim um monstro frio e cruel, capaz de absolutamente tudo contra aqueles que me desafiam, mas que sou o oposto com aqueles que se aliam a mim. Desta forma, creio que vocês notarão que estar conosco é a melhor escolha e que não hesitarão em me chamar caso vejam que o Professor Snape precisa de alguma ajuda mais especifica para conter episódios como os da noite passada. Conto com o bom senso de vocês para termos um ano tranqüilo, de paz em Hogwarts. Como me chamar? Bem, seus professores sabem como me encontrar e, caso não achem nenhum deles, sempre terão minha filha para me achar. Bom, assim me despeço de todos vocês, esperando sinceramente que suas mentes estejam bem esclarecidas e que eu não precise vir mais do que o necessário a Hogwarts para ajudar a esclarecer a mente de alguém. Então, tenham um bom ano letivo! Até mais a vocês e aos professores. – Bellatrix olhou para trás. – Como já disse, espero não vê-los mais em breve do que o necessário.


Não houve uma grande manifestação dos estudantes, a maioria estava assustado demais pela lembrança do ocorrido a Longbottom para concordar que não queriam vê-la em breve ou discordar diretamente dela, não sabiam o que ela gostaria ou não, era complicado demais entrar na mente dela – não literalmente.


Bellatrix entendeu o que estava acontecendo e preferiu não forçar ninguém a falar nada, ela prometera a Voldemort ser o mais legal o possível com as crianças para conquistá-las – e a seus pais - e não assustá-las. E ela já ultrapassara seus limites de falta de bondade o suficiente para vinte e quatro horas.


- Agradeço a hospitalidade de vocês, tenham uma boa noite. – concluiu ela.


- E todos nós desejamos uma ótima volta, madame Lestrange. – disse Snape, ao se aproximar dela. Eles deram as mãos num cumprimento e Snape aproximou o rosto da mão dela, como fizera antes, naquela atuação de respeito mútuo e amizade que eles tinham mantido durante aquele tempo.


- Obrigada, Severus. Estou certa de que terei. – respondeu ela, para depois descer do púlpito e caminhar até a porta do salão principal, por onde passou para não ser mais vista pelos alunos. Ela fora embora. Snape respirou fundo como se um peso tivesse saído de seus ombros – sem deixar as crianças notarem. Mas ele estava certo de que ele não fora o único, não por ser Bellatrix, mas porque com ela ali era como se os olhos do próprio Lorde das Trevas estivessem em cima de todos e, mesmo Snape sendo dito o Comensal favorito, nem ele e nem ninguém queriam a vigilância de Voldemort vinte e quatro horas por dia.


Por quê? Porque o que importava não era o que se fazia, e sim o que Voldemort pensava que se fazia. Num tempo como aquele, no qual o Lorde estava suspeitando de tanta gente como uma conseqüência de estar no poder, ninguém podia se dar ao luxo de ter uma atitude mal interpretada. E sem vigilância constante isso era mais fácil. Muito mais fácil, por isso a volta dela pra casa foi um alívio para noventa por cento dos presentes. Incluindo, aliás principalmente, Snape.  


 


 


Mansão Slytherin


 


         Bellatrix não podia negar que ela estava mais do que aliviada em voltar à Mansão Slytherin. Hogwarts era melhor quando se era adolescente ou apenas o pai de um adolescente, fazer parte daquela equipe era insuportável, porque aturar adolescentes que têm o seu sangue é complicado o suficiente, aturar adolescentes que têm o sangue de outros é loucura.


        - Como foi lá? – perguntou uma voz, vinda do começo do hall, Voldemort, é claro. Bellatrix levantou os olhos e o viu, segurando duas doses de uísque de fogo. Ah, maravilha, era tudo que ela precisava.


        - Leu meus pensamentos. – disse ela, se aproximando rapidamente e pegando o segundo copo. – Obrigada.


        - Disponha. Agora responda a minha pergunta, mesmo que sua necessidade por álcool me diga que não foi tudo um mar de rosas... – Voldemort recebeu uma confirmação por parte dela, que o fez com um aceno de cabeça. – Bom, não só por isso é claro...


        - Hum... – ela deixou de beber o uísque de fogo, o fitando curiosa. – Isso está começando a ficar interessante. Vamos lá, quem te escreveu? Melinda? Não, ela me deixaria contar. Gabrielle? Hum... Não são tão íntimos ainda para ela lhe mandar corujas. Nicky? Menos ainda. Draco? A última coisa que ele faria no mundo seria te escrever pra falar sobre o que quer que fosse, pelo menos não relacionado a trabalho. Amico e Alecto? Talvez, mas temeriam por represálias minhas e estavam ocupados comigo, então... Só me sobre uma pessoa. Snape! Quem mais? – ela fez uma cara cansada. – O que meu adorado subordinado lhe reportou?


        Voldemort não respondeu, pelo menos não antes de puxá-la pela mão até a sala de estar, onde eles estariam mais confortáveis para conversar. Ela o acompanhou sem reclamar ou perguntar, o conhecia o suficiente para não se preocupar com esse tipo de coisa.


        Assim que eles entraram na sala, Voldemort continuou calado, a observando, o que a deixava confusa. Eles estavam tendo uma conversa seria, por que a pausa dramática e a observação afinal?


        - É impressionante como esses assuntos de Hogwarts engolem as pessoas. – ele finalmente falou, tirando-a de suas loucas divagações.


        - Por quê? 


        - Porque engoliu até mesmo a nós dois. Ateve-se ao fato de que você acabou de voltar de viagem? E a primeira coisa que nós fizemos foi falar de Hogwarts? – desta vez foi ele quem bebeu o uísque com bastante vontade.


        - Sim... Mas por que isso agora? – ela franziu o cenho, mas logo relaxou parecendo ter entendido algo. – Para cortar o assunto Snape? – ela levantou a sobrancelha. – Porque eu ainda estou irritada com a comunicação dele e louca para saber o que ele disse...


        - Não, o assunto Snape continuará. Mas eu me ative a outro fato... O fato de que você chegou e eu nem mesmo me dei ao trabalho de cumprimenta-la antes de pensar em Hogwarts...


        - Bom, eu também não me dei ao trabalho antes de responder... Agora entendi toda essa história de estarmos sendo engolidos por Hogwarts...


        Voldemort aproximou-se dela a segurou pela nuca, fazendo-a perder qualquer vontade que ainda tinha de falar. Ele a puxou, causando uma aproximação dos rostos. Colocou seu copo de uísque, que estava na outra mão, sobre a mesa de canto.


        - Mas ainda há tempo... – ele sussurrou. – Bem vinda de volta, minha cara Bella...


        - Obrigada... – ela sussurrou de volta. – É ótimo estar de volta...


        - Aposto que sim. – ele a puxou novamente pela nuca, trazendo os lábios dela contra os seus.


        Bellatrix circundou um de seus braços em volta do pescoço dele ao mesmo tempo em que ele a puxou para si pela cintura, achando um encaixe entre os corpos deles.


        O beijo que começou a se construir foi calmo, cheio de delicadeza e movimentos suaves. As línguas se encontravam sem brigar por espaço, cedendo-o e o pegando de volta como numa dança. Era um beijo de compartilhamento de poder, incomum neles, um beijo onde tudo o que ambos queriam era matar de forma igualitária a saudade que se instalara mesmo em tão pouco tempo.


        O beijo se partiu alguns segundos depois, eles não haviam esquecido de que ainda tinham um assunto importante para conversar.


        - Então... – foi ela a primeira a falar. – O que meu querido Severus te disse? – ela se jogou no sofá, provavelmente já preparando o que diria de volta. Bellatrix bebericou o uísque de seu copo, o que fez com ele pegasse seu próprio na mesa de canto.


                - Bem, ele me mandou uma coruja esta manhã...


        - Uma coruja... Para contar sobre meu terrível comportamento em Hogwarts, presumo...?


        - Algo desse tipo, sim. Ele quis demonstrar a mim sua preocupação com os acontecimentos de ontem à noite e, também, contá-los a mim além de deixar claro o quão incomodado ele estava com as possíveis consequências daquilo tudo. Segundo o que ele me contou, você teve alguns problemas com Weasley e Longbottom, começando por Weasley... Mas que na realidade você causou seu problema com Longbottom... – a expressão de Bellatrix mudou, mostrando uma linha de preocupação em seu rosto, como se ela estivesse procurando explicações para aquilo, mas ela não encontrou nenhuma no final das contas. Nenhuma convincente. No final, ela tentou abrir a boca para falar algo, mas Voldemort fez um sinal para que ela não o fizesse. – Não estou julgando ainda, apenas quero saber se a seu ver a versão de Severus coincide com a sua...


        - Um pouco, quero dizer, não é que Longbottom tenha me provocado de livre e espontânea vontade, como a Weasleyzinha fez... Eu de fato citei os pais dele em minha discussão com Ginny Weasley e isso o irritou, por isso ele me atacou... De certa forma, sim, eu o provoquei, mas não tive a intenção de arrumar um problema com o pirralho... Pelo menos não diretamente. O clima com Weasley estava tenso, eu acabei cedendo ao impulso de lembra-la do que eu era capaz de fazer e nada como os Longbottons para usar como prova, mas nunca pensei que o idiota do filho deles seria homem o bastante para me enfrentar! Então, posso ter causado, mas não foi proposital. – explicou Bellatrix, sabendo que – por mais que as versões fossem parecidas – era sensato mostrar seu lado da história.


        Voldemort aproximou-se dela, sem dizer nada, apenas dando longos goles em sua bebida, medindo-a com os olhos, parecendo pensar nas palavras que tinha acabado de ouvir. O Lorde sentou-se ao lado dela, permanecendo um pouco calado por alguns instantes, trazendo a ela imensa agonia pela falta de palavras dele.


        - Entendo. – foi a primeira resposta dele, uma neutra mais para boa porque ‘entendo’ quer dizer que a pessoa vê o seu ponto e não discorda dele, algo positivo. Ele não estava irritado. – Sabe, Bella, isso me lembra o quão duro eu tive que trabalhar para aprender a suportar provocações infantis e a medir as palavras que usava para não acabar acarretando situações desagradáveis.


        - Está dizendo que eu devia tê-los deixado me provocar sem resposta?


        - De forma alguma. O que me leva a Weasley. Sei o que aconteceu com Longbottom e como ele provavelmente morrerá. Isto foi um ponto para nós, pois assustou as crianças, deu uma lembrança do que somos capazes. Contudo, até esta manhã não tinha mais tocado no assunto Ginny Weasley, então estou sem saber o fim que isso tomou, pois te conhecendo... Sei que não deixou barato. – ele deu um riso de canto, observando-a mais de seu uísque.


        - Além da Cruciatus de ontem? Bem... Foi complicado, porque tudo o que eu queria era enfiar uma adaga no rim daquela garota e vê-la morrer, lenta, dolorosamente... – Bellatrix falava com brilho nos olhos, como se imaginasse a cena em sua cabeça, em deleite. – Mas tive que ser racional, concorda? – ele assentiu. – E eu tinha dito que com Longbottom só tinha devolvido na mesma moeda com um pouco mais de sucesso. O que significa que matar Weasley seria trair minha própria palavra, o que não dá muita credibilidade e sei que o que estamos buscando não é apenas o ódio e o medo, mas o amor e o medo de nossos súditos... Aquela velha história do ‘ser amado’ ou ‘ser temido’, bem, o ideal é ‘ambos’ pois eles se completam para a perfeição. O temor traz o respeito, o amor anula quaisquer vontades de nos tirar do poder, em conjunto trazem um reinado não só pacífico e vitalício para nós, mas fácil. Assim, precisávamos conseguir ambos e...


        - Atacando Longbottom você conseguia o temor, mantendo sua palavra... O inicio do processo de nascimento de um amor por ter cumprido sua promessa. – Voldemort completou. – Ou seja, o despertar da realização de que nós não somos ruins para eles e sim aquilo que estavam precisando: honestidade, honra. Entretando, lembrando-os sempre de que o seremos enquanto houver colaboração, apoio... E que do contrário, seríamos muito, mas muito ruins ao retornar o que nos foi infligido. Amor e temor, parece que solucionamos o dilema dos séculos.


        - Exato. Por isso só fiz a Weasley o que ela tentou fazer a mim: humilhação pública. – contou Bellatrix, arrancando um sorriso divertido de canto dele.


        - E como você fez isso?


        - Fiz ela me pedir perdão, no jantar, em frente à toda a escola e mais.. Fiz com que ela convencesse a todos de que me enfrentara por motivos fúteis, pois queria chamar a atenção, roubar o posto de herói que Potter deixou e, sendo a namorada dele, ela estava mais do que no direito de ocupar. Mas que como ela nunca se arriscaria em prol dos outros como ele fazia decidiu me pedir perdão enquanto era tempo. Em busca de minha dita generosidade. – ao contar, Bellatrix era praticamente uma criança ditando a compra de seu mais novo brinquedo e como desembrulha-lo fora extremamente divertido.


        Voldemort a observava narrar quase hipnotizado pela energia que ela erradiava a cada palavra dita, como se a satisfação dela fosse palpável, real, e estivesse ali bem à frente deles. A empolgação dela o atingindo como uma bomba.


        - Pergunto-me como Weasley se prestou a isto. Duvido que apenas o que aconteceu com Longbottom a levou a tal. – disse Voldemort, alguns segundos depois que ela tinha parado, ao perceber que ela o estava observando um pouco intrigada com sua quietude.


        Foi naquele instante em que o rosto de Bellatrix se iluminou ainda mais, quando ela mordeu o lábio por um segundo e sorriu aberta e grandemente, a diversão tomando seus traços como fogo em folhas secas. Ela bebeu um longo gole de seu uísque de fogo e piscou algumas vezes antes de falar.


        - Meu meio favorito... Ou segundo meio favorito, logo após a tortura: ameaças como forma de barganha...também conhecido como –.


        - Chantagem. – ele completou e assentiu, com uma nuvem de entendimento tomando conta de si, era a única maneira. Bellatrix confirmou com um sorriso divertido. – Bom, a garota tem certamente muito membros queridos para se preocupar... O que não falta é gente naquela família.


        - Tirando os amigos e contando com a vigilancia constante sobre sua família, a procura intensiva por seu ex-namorado ou seja lá o que Potter for dela, e o ocorrido com Longbottom... Ela não tinha muita escolha no fim das contas...


        - Contudo, isso tudo pode ser estragado se ela abrir a boca...


        - O que eu inclui na chantagem, lembrando a garota como Hogwarts e o mundo estão cheios de ouvidos nossos... E dizendo como eu cuidaria pessoalmente de resolver o problema de super população da família dela caso ela abrisse a boca e que por mais que ela tentasse esconder, eu ficaria sabendo já que além dos milhares de ouvidos, existem mais Legilimens a nosso trabalho naquela escola do que ela imagina.


        - Obviamente ela agora está olhando por cima do ombro tentando decifrar quem é Legilimens e quem não é...Mas você quis dizer Melinda, certamente...


        - E Nicky, o que é bem interessante já que minha sobrinha sempre disse ser uma péssima Legilimens e convenceu a todos disso, mas esteve treinando com Melinda nos últimos tempos, então não creio que o que todos pensam seja muito válido mais. Melinda mesma me disse que ela melhorou muito. Um trunfo, pois somente quem deve saber sabe da melhora dela. Por isso, eu mesma já pedi que elas vigiassem a pequena Weasley, quero dizer, os pensamentos dela e que a qualquer sinal de intenção de abrir a boca elas deviam me avisar...


        - Melinda, extremamente talentosa, irritantemente difícil de se resistir à invasão... Nicky, uma garota que todas pensam ter abandonado o talento, mas que vem na verdade tentando aprimorá-lo, o que faz com que todos baixem as defesas... Uma que consegue penetrar praticamente todas as defesas mentais e outra que faz com que as pessoas pensem que não precisam sequer se defender, acho que serão poucas as pessoas com pensamentos privados naquela escola. Principalmente Weasley...


        - Por isso pedi às duas. Nicky provavelmente fará Weasley pensar que está segura e terá mais tempo do que Melinda – que é monitora chefe- para vigiá-la. Contudo, se Weasley se proteger de qualquer maneira... 


        - Sempre teremos Melinda e eu fielmente duvido que Weasley saiba proteger a mente, principalmente contra ela.


        - Somos dois.


        - Você fez um plano bem sólido, deve ter mais alguém envolvido e ajudando... Deixe-me chutar... Os Carrow? Porque você dificilmente pediria ajuda a Snape...


        - Sim, Amico e Alecto foram quem contataram diretamente Weasley, para passar meu recado. Eles também a vigiarão e foram eles que colocaram um adendo na encenação de Weasley: o perdão acontecer de joelhos. – Ao contar, Bellatrix impressionou Voldemort, que soltou uma exclamação. – Exatamente isso! Impressionou-me também e eu decidi te contar, mesmo sabendo que provavelmente este foi o único motivo do desejo deles de me agradar.


        - Não vou negar que eles certamente queriam que você me contasse o favor que te fizeram e assim me agradar através de você, mas não acho também que eles não queriam te agradar diretamente, já que agora você tem poder, principalmente em Hogwarts.


        - Matar dois coelhos com uma cajadada só...


        - Tentando agradar às duas pessoas mais poderosas da atualidade. Bingo.


        - Mas, eles realmente mataram os dois coelhos ou somente a fêmea? – brincou ela.


        - Os dois. Eles te alegraram e ao mesmo tempo humilharam longamente uma traidora do sangue que é ou era intimamente relacionada a Potter, ou seja, me agradaram em dobro...


        - E desde quando me agradar significa te agradar? – provocou Bellatrix, levantando a sobrancelha.


        - Desde quando eu exigi que te respeitassem e te tratassem bem e desde quando te agradar te deixa num ótimo humor...


        - Humor que provavelmente me levará a fazer algo para deixar o seu platinado...


        - Por Slytherin, você é maliciosa! – ele pareceu ultrajado, fazendo-a rir gostosamente. – Não somente por isso...


        - Não ‘somente’...? – perguntou ela, num tom de quem dizia: eu estava certa.


        - Não é por isso, se fosse eu seria muito superficial. É porque... – ele parou, como se pensasse um pouco. - Porque eu realmente gosto de te ver de bom humor, relaxada, gosto de estar a seu lado quando você está assim e acabo contagiado por seu humor mesmo quando tenho motivos para ficar de mau humor e você sabe que eu raramente não os tenho. Além do que, geralmente as coisas que te agradam me agradam também. Somando-se os dois temos quase 99% de certeza de que te agradar vai acabar me agradando por tabela. Matemática simples. – ele deu de ombros.


        Bellatrix sorriu e assentiu, entendendo o ponto dele. Era verdade, quando ambos estavam de mau humor era impossível chegar perto deles sem acabar arrumando um problema para si, mas quando pelo menos um estava de bom humor, acabava contagiando o outro e a probabilidade de mortes ‘acidentais’ e das quais eles se arrependeriam depois diminuía.


        - Mas hey... – ele parou por um instante. – Você vai de fato só ameaçar Weasley? Digo, sem dar a ela um gostinho do que você faria se ela abrisse a boca?


        Voldemort notou nos olhos dela que tinha atingido um ponto interessante daquela história, ou seja, que ela a conhecia tão bem quanto ambos esperavam. Bellatrix o fitou, o olhar queimando em fúria, em sede de sangue.


        - Se minha resposta agora fosse sim, você poderia começar a me interrogar e perguntar “Quem é você e o que fez com minha mulher?”, não acha? – Perguntou Bellatrix, aproximando-se um pouco dele ao apoiar uma de suas mãos ao lado de seu corpo, e inclinar-se um pouco.


        - Definitivamente. Deveria inclusive começar a procurar pela sua poção Polissuco e imaginar como deveria ser sua morte...


        - Algo assim...


        - O que me leva a acreditar que você já pensou em tudo sobre o gostinho que dará a Weasley...? – ele enrolou uma mecha de cabelo dela em seus dedos.


        - Cada detalhe. Não é porque ataca-la publicamente mancharia minha reputação quanto à manutenção de minha palavra que eu não possa fazê-lo por debaixo dos panos... – disse ela, fazendo uma expressão inocente, típica de alguém que estava burlando as regras, pegando um atalho proibido. 


        - That’s my girl. – Voldemort levantou o copo e ela tilintou o seu próprio no dele e eles beberam ao mesmo tempo. – É exatamente o que eu faria e já fiz muito na vida...


        - Eu tive um bom professor... O melhor...


        - Não posso discordar. – Voldemort tomou os lábios dela nos seus por alguns curtos momentos num beijo rápido, mas muito mais intenso e voraz do que o de momentos antes. – Agora me conte, como está Hogwarts? Como sempre, imagino...?


        - Não muda muito, a não ser que agora só temos sangues-puro e alguns mestiços escondidos que só estão lá porque nós permitimos, mas... Hogwarts sempre será Hogwarts... – Bellatrix começou a contar como tudo permanecia no mesmo lugar, como as cerimonias era muito similares e como as mudanças estavam apenas nos professores.


Voldemort a ouvia como num passeio em suas próprias lembranças sobre o lugar, o primeiro lar que tivera, e odiava toda vez que ela citava como Dumbledore tinha deixado sua marca por todo o lugar e como alguns como McGonagall tentavam mantê-la mais do que viva. Mas ele retiraria aquela marca muito em breve. Ele podia ser apenas odiado e temido, mas ele seria mais do que isso, seria um dia maior do que Dumbledore e para isso, infelizmente, teria também que ser amado por aqueles tolos, para ultrapassar Dumbledore, teria de que igualar a ele primeiro.


Já o fizera há tempos em poder e temor, só faltava na questão popular... Mas aquilo era uma questão de tempo. Em épocas difíceis, pessoas precisam de segurança, de apoio, de alguém que os guiasse estendendo uma mão amiga e ele os daria tudo isso... Logo, mostraria como ele podia ser muito melhor e - até mais amado, já que as pessoas precisam disso - do que Dumbledore ou qualquer outro.


Talvez o amor popular fosse um dos poucos com real utilidade: ser amado trazia facilidade, como ele e Bellatrix discutiram mais cedo. E esta facilidade se mostraria, pois muito em breve, todos torceriam para que aquele governo fosse imortal. E quanto aquilo, ninguém precisava se preocupar. Voldemort estaria lá, sentando em sua cadeira, assistindo aos bruxos o adorando, convencendo-os de que poderia ser tão bom a eles quanto ruim aos trouxas, os mostrando como ele estava certo sobre o quão prejudiciais os trouxas eram...


E o faria para sempre, sem se preocupar com rebeliões... Pois quem se rebelaria contra um governante amado e apoiado por praticamente todos cuja crueldade para com os inimigos é lendária e tão temida quanto seu nome? Exato, ninguém, pois o misto correto de temor e amor resulta no melhor jeito de manter alguém no poder pela eternidade: através respeito completo e incondicional. Algo que muito em breve seria de posse dele. Muito em breve.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


 


No Salão Comunal da Sonserina, muitas pessoas juntavam-se aos cantos e cochichavam sobre o que tinha acontecido naquele começo de ano. Não era de se ignorar como em tão pouco tempo o suficiente para seis meses tinha acontecido, ou para um ano se contar apenas o padrão dos anos anteriores a Harry Potter – que eram muito mais tranquilos. Era de se imaginar que nos ouros Salões Comunais não fosse diferente a situação.


- É estranho... – Nicky disse, quebrando o silêncio em que se mantinham ela, Draco, Melinda e Gabrielle enquanto estavam sentados num dos sofás do salão, bem no canto.


Os outros três viraram seus rostos para ela lentamente, como se eles tivessem sido despertados de um sono profundo, como se suas mentes estivessem bem longe. E certamente estavam. Os colegas ainda demoraram um segundo para perceber que ela estava falando com eles e não consigo mesma.


- Não ter Harry Potter na escola, nem Hermione Granger, nem Ron Weasley... – continuou Nicky, fazendo-os se interessar ao citar os nomes do trio que eles mais detestavam. Ela percebeu o quanto aquilo tinha soado errado. – Não que eu sinta falta deles, é que simplesmente parece fácil demais.


- O que quer dizer com fácil? – perguntou Gabrielle, a voz soando realmente confusa com o tamanho das possibilidades que a palavra fácil abria. – O que está fácil demais?


- A dominação, pelo menos de Hogwarts. Não pode ser tão fácil... – Nicky sussurrou. – Eles lutaram tanto para fazer seu próprio exercito aqui, mas agora que foram é como se todos estivessem mortos. Longbottom e Ginny Weasley eram os últimos vivos e agora... Não mais têm influencia sobre ninguém. Tudo isso em um dia. Não parece... Fácil demais? Como num tipo de armadilha...?  


- Concordo com você, Nicky, e tenho o mesmo sentimento. – Melinda abriu a boca pela primeira vez desde que entrara naquela sala. – Mas o fato é que, por mais louco que pareça, é a realidade. Acho que estávamos tão acostumados a ter dificuldades que agora que temos tudo entregue de bandeja para nós... Parece estúpido, irreal. E não podemos nos esquecer que estamos falando apenas de Hogwarts e que tivemos intervenções superiores, por assim dizer.


- É o efeito Bellatrix Lestrange assolando a todos. – disse Draco, conseguindo a concordância das garotas. – Ela tirou o trabalho duro das nossas mãos... E nos deixou com a parte adolescente da coisa, ou seja, resolver nossos próprios problemas adolescentes. É por isso que parece ridiculamente fácil e até entediante...


-... Porque ficamos muito condicionados a nos meter em problemas ditos adultos. – completou Melinda. – E agora lidar com problemas ditos próprios para as nossas idades parece idiota de alguma forma...


- De todas as formas... É, acho que nós nos esquecemos de que somos adolescentes. – Gabrielle riu consigo mesma e causou risadas nos outros. – E isso de ficar condicionado pega rápido, porque a Nicky tá menos tempo nisso do que nós e mesmo assim já se sente como nós.


- Eu tinha uma irmã auror, acredite, estava acostumada com discussões sobre táticas de guerra nos almoços de Natal. – a voz de Nicky saiu amarga e ela rolou de olhos. – Além de ter, por um tempo, tido uma coisa com Potter... – ela pareceu ter nojo do que ela mesma tinha feito no passado.


- Acho que conheço uma frase feita que seria perfeita para você agora, prima... – começou Draco, em tom de brincadeira. – “Se arrependimento matasse,”...


-”..., eu já estaria a sete palmos do chão.” Bem isso mesmo. – Nicky concordou, adicionando um movimento positivo de cabeça.


- E eu que pensei que as pessoas não se arrependiam de amores... – brincou Gabrielle, ganhando uma careta de Nicky.


- Ah, se arrependem. Principalmente de amores que acabarão lhes matando ou algo parecido... – disse Melinda, séria, causando um contraste com os outros três, muito risonhos.


Os três pararam de rir por um momento e notaram o que ela queria dizer, que Nicky se afastara de Harry principalmente por auto proteção no fim das contas, porque ela sabia que estava do lado daquele que estava do lado errado, do que acabaria derrotado e morto e que ela certamente também morreria no processo. É claro que ela se afastou por vários motivos, mas a morte do amor... Esse era o motivo, ela sempre soube de que lado estava. E se arrependia de ter arriscado sua cabeça daquela forma, de ter amado um idiota suicida como Harry Potter.


- Ela tem um ponto. – concordou Draco.


- Sim, ela tem. – admitiu Nicky. – Amar Potter... É igual a ser completamente louco e suicida, como a Weasley lá é. Eu? Não, obrigada. No fundo eu sempre soube que acabaríamos ambos mortos...


- E se salvou, nada mais justo. – Melinda deu de ombros. – Sabe... Tudo o que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas, foi demais, mas esse lugar tem ouvidos, então acho que todos nós devíamos nos encontrar no meu quarto mais tarde um pouco, aí podemos conversar melhor.


- Ah, o seu lindo quarto de monitora-chefe? – brincou Gabrielle. – Mal posso esperar para conhece-lo...


- Acha que eu entro lá? – perguntou Draco.


- Isso poderia ser um problema. – concordou Nicky. – Talvez seja melhor no quarto do Draco, não sabemos se os quartos das monitoras-chefe também são protegidos.


- Sim. – concordou Melinda. – Também não sei, porque não peguei o quarto de monitoria antes.  


- Aliás, por que você não tinha pego?- perguntou Gabrielle.


- Não sei, no primeiro ano de monitora porque tinha sido da Pansy e...- ela fez uma careta. - Depois porque estava preocupada demais com a história de Draco e Dumbledore para pensar nisso... – ela sussurrou essa parte. - Mas agora... Está tudo ótimo, então... Finalmente peguei o que me é de direito.


- Nada mais justo. – disse Gabrielle. - O mais interessante é que todos somos monitores, então temos quartos próximos.


- O que vai facilitar se precisarmos fazer alguma coisa... Importante. Digo, adulta, não adolescente, em relação à guerra. – disse Draco, bem baixo.


- O que é assunto para outra hora..... – Nicky mudou de assunto. – Como estão se sentindo? Ultimo ano... Eu me sinto estranha para dizer a verdade! Com o último ano, com a maioridade...


- Eu só serei maior daqui a 20 dias, então não sei o sentimento, mas sobre o ultimo ano é um sentimento de dever cumprido com algo estranho que eu não sei explicar, uma nostalgia adiantada. Algo do estilo. – a morena deu de ombros, se jogando mais no sofá.


- Falando em idades, Melinda, e a Lynx? – perguntou Draco, mudando bruscamente o assunto mais uma vez. – Você se empenhou tanto em assustar Diggory, mas agora ele está lá seguro em sua casa...


- Diggory precisa de espaço para cometer erros. Não estou pressupondo que ele simplesmente vai me entregar a filha em uma bandeja, pelo contrário, ele lutará. E, por mais que odeie admitir, Diggory é um adversário no mínimo respeitável. Portanto... Preciso dos erros dele. – explicou Melinda, com o tom mais baixo de voz que conseguiu. – Mas ele os cometerá e quando os cometer... Não viverá para ver as conseqüências, isso eu te garanto.


A conversa dos três foi interrompida por um barulho perto deles, mas nada faria com que aquele assunto continuasse devido ao clima pesado que ficou no lugar depois do que Melinda dissera. Estavam acostumados a tê-la matando pessoas, mas ela pareceu tão sombria, vingativa, que gelou o sangue de todos sem que pudessem fazer nada contra.


O barulho fora feito por Astoria Greengrass, que se aproximou deles sem fazer muito barulho e parou próxima ao grupo, olhando para os quatro adolescentes meio sem jeito. Astoria ensaiou o que ia falar algumas vezes antes de abrir a boca para realmente dizer o que queria.


- Desculpem a minha interrupção, não queria perturbá-los. – começou a loirinha, um pouco insegura. Melinda arrumou-se no sofá, mantendo uma pose séria, achando graça da falta de segurança de Astoria.


- Sim...? – perguntou a Princesa das Trevas, olhando diretamente para Astoria. – Imagino que queira dizer algo, então... Diga. Não me pareceu ter dificuldades para falar comigo mais cedo e acredito que já percebeu que apesar dos boatos eu não mordo.


- Sim, é claro, me desculpe. – Astoria franziu o cenho. O medo dela era que Melinda acessasse seus pensamentos e visse a conversa que tivera com Daphne e Pansy. – Eu só queria perguntar se eu podia te pedir ajuda, as vezes, em alguma das matérias que eu não entender bem. Digo, você é a melhor da Sonserina, provavelmente a melhor de Hogwarts, então achei melhor vir a você primeiro...


- Claro... Porque eu sou inteligente e monitora... Entendi... – Melinda parou para pensar um pouco. – Tudo bem... – Melinda pegou os outros três de surpresa. – Quando quiser, venha falar comigo, ficarei feliz em ajudá-la. – a morena sorriu, relaxando parcialmente Astoria com a idéia de que não seria morta naquele momento por ter olhado demais para Draco.


- Obrigada... Boa Noite. – Astoria saiu rápido, indo até algum lugar em que pudesse sentir-se segura. Ela sempre quisera se aproximar de Melinda, mas agora era essencial. Precisava garantir que a morena não ficasse sabendo de seu interesse por Malfoy. Mantenha seus amigos perto, seus inimigos mais perto ainda. Seus futuros ‘animigos’... Insuportavelmente perto. Astoria só não sabia se Melinda já compartilhava dessa idéia em relação a ela, e ela chutava que só descobriria das piores formas.


Melinda notou os olhares confusos no namorado e nas amigas e decidiu explicar sua reação frente ao pedido de Astoria.


- A garota queria simplesmente se aproximar de nós, como a maioria quer agora, nada demais, meus caros. Eu apenas não quis desapontar um de meus súditos. – brincou ela, fazendo os outros revirarem os olhos. – Simples, eu permitirei que ela se aproxime de mim, pareceu uma pessoa respeitosa e educada. Sempre bom ter pessoas assim por perto. E em tempos de guerra, quanto mais aliados melhor e... Nós bem sabemos disso. – eles realmente sabiam.


 


Na manhã seguinte


       


         Em contrapartida ao medo pelos acontecimentos com Neville, o Profeta Diário da manha seguinte trouxe uma nova noticia para aqueles que ainda eram idiotas o bastante para apoiar Potter: ele e seus amigos idiotas haviam invadido o Ministério da Magia.


        Segundo a matéria, o Indesejável numero um e seus amigos haviam agredido funcionários e saqueado o ministério. A conotação negativa estampada na escolha da foto em que os três estavam em fuga com as roupas de funcionários do ministério e na entrevistas dos ditos funcionários que disseram terem sido deixados inconscientes pelos três adolescentes.


        - Isso é ridículo. Como o Potter se infiltrou lá? – Draco pareceu abismado. - Ele burro como uma porta! Como conseguiu desacordar funcionários experientes? – Gabrielle e Nicky deram de ombros. 


        Melinda permaneceu olhando para o jornal, como uma boneca de cera por alguns segundos mais. Ela mal piscava encarando Potter. Então subitamente ela deu um riso de canto e jogou o jornal na mesa do café da manha. Calmamente bebeu seu suco de abóbora antes de falar.


        - Simples. Potter não se infiltrou, na verdade, Granger o fez. Ela é uma sangue-ruim maldita, mas preciso admitir que é esperta o suficiente para isso. – disse Melinda, sombria, mas com um certo tom de sarcasmo no final. – Mas novamente, eles só se prejudicaram mais... A imprensa... – Ela bateu no jornal. – É nossa.... – ela sussurrou.


        - E diz exatamente o que nos agrada... – os olhos de Gabrielle brilharam com a idéia. – É por isso que nessa matéria... Eles parecem tão perigosos, ruins...


        - Bingo. – Melinda levantou o copo para brindar com Gabrielle. – Quem são os vilões agora, huh? Ah, Potter... – ela deu um risinho maldoso. - Se soubesse quanta corda está nos dando para te enforcar. – completou, encarando a foto na mesa.


        - Será que seus pais já sabem? – perguntou Nicky, como se a idéia tivesse acabado de lhe ocorrer.


        - Certamente Thicknesse avisou os pais dela primeiro do que a todos. – foi Draco quem respondeu. – Não faria diferente. A esta hora, o Lorde já deve saber da contagem de tudo o que foi tirado...


        - O mais interessante... – Melinda riu. – É que a única coisa que Potter conseguiu pegar foi uma jóia de família de Umbridge, nada demais. O idiota é tão inútil que arrisca o pescoço e só consegue pegar uma coisa estúpida. Só não entendo por que pegar isso...?


- Isso é o que diz a matéria do Profeta, não sabemos se ele pegou mais. Mas se foi isso, acho que a poção polissuco não durou o suficiente para ele conseguir algo importante, decidiu pegar a primeira coisa valiosa que viu... Ele precisa de dinheiro pra fugir, o cofre dele está trancado pelo Ministério... Faça as contas. – Draco deu de ombros e Melinda concordou.


Mesmo concordando, a Princesa das Trevas se sentia incomodada com a atitude de Potter. Nem ele era burro o suficiente para fazer algo daquele tipo. Talvez Draco estivesse certo e ele não tivesse conseguido o que realmente queria: informações. Mas no fundo, esse talvez na cabeça dela soava como um ‘talvez não’, ela não estava completamente convencida daquilo. Algo dentro dela mostrava que era mais do que aquilo, ela não sabia o porquê daquela invasão, mas sentia que era algo importante. Potter queria algo, a duvida era: ele tinha conseguido ou não? Quem poderia garantir que ele não tinha obtido as informações que precisava? Ninguém e no fundo ela sentia que de alguma forma Potter fora bem sucedido no que dizia ao porquê da invasão. Agora, nas conseqüências... Muito mal sucedido.


Ela mal podia esperar pelo momento em que Voldemort enrolaria toda aquela corda que Potter estava os fornecendo no pescoço do idiota e puxaria até que todo o ar do testa rachada se esvaísse e tudo o que restasse fossem lembranças... A historia de um garoto que teve sorte, foi estúpido o suficiente para enfrentar o Lorde das Trevas, fugiu como uma criança assustada e no fim... Morreu... Esmagado como um inseto insignificante pelo bruxo mais poderoso de todos os tempos.


 Melinda sabia que estaria presente nesse dia e que brindaria sobre o corpo inerte de Harry Potter, um brinde ao poder, à vitória, à supremacia da linhagem de Slytherin. Magia era poder e ela já desfrutava dele, mas sabia que mais viria, principalmente após a derrota de Potter, quando o último sopro inútil de resistência fosse aniquilado... E ela mal podia esperar. A morena deu uma ultima olhada para a foto de Potter e sussurrou para si mesma:


- See you soon, Potter.­ Or... Your dead body²… - certamente Potter não esperava aquele encontro tanto quanto ela. Mas era inevitável e ficava próximo, cada vez mais próximo.


 


Mansão Slytherin – Dias depois


 


         Havia semanas que Melinda se correspondia com Bellatrix todos os dias, comentando como a situação estava. Longbottom fora transferido para o St. Mungus tempos antes porque a perda de sangue fora significativa demais e ele permanecia em estado crítico, pois com a interrupção do fluxo de sangue pelo corte uma parte cerebral dele ficara algum tempo sem suplemento de oxigênio, ou seja, ele estava muito mal. Bellatrix fizera seu trabalho direito, Longbottom vivia piorando no momento me que parecia que ia melhorar, nenhum medibruxo apostava na recuperação dele mais. 


        Os comentários em Hogwarts aumentavam a cada vez que um boletim sobre o estado do garoto saía. As crianças estavam assustadas, muito assustadas. Mais uma prova de que o trabalho fora bem feito: Os pais estavam assustados demais para ter coragem de tirar os filhos de Hogwarts. E Ginny Weasley, bem, absolutamente sob controle. Voldemort estava viajando pelos últimos dias, portanto sua única diversão era a leitura dessas cartas e algumas visitas aleatórias de Rodolphus e suas mentiras sobre acontecimentos estranhos no ministério. Todos falsos, exceto a invasão de Potter que no fim não dera em nada. Pelo contrário, nada importante fora levado e as pessoas esqueceram rápido. Talvez porque ele fugira como uma criança assustada e havia teoricamente machucado pessoas o que maculava sua imagem de herói perfeito. Potter era burro o suficiente para se prejudicar, ponto para eles... Não demoraria a perder o pescoço assim...


        Um som distante levantou Bellatrix de seus pensamentos quando ela lia uma das mais recentes cartas da filha, mandada na manhã daquele dia. Alguém batia na porta e ela teve de seguir o som para realmente perceber que era aquilo tamanha sua concentração.


        Bellatrix bufou por estar sendo interrompida, mas levantou-se e foi atender à porta. Como na ausência de Voldemort ela era a lei naquela casa, ela já havia pegado a varinha para amaldiçoar quem fosse.


        - Eu mandei não me...! – Bellatrix atendeu, enérgica, já gritando com quem quer que fosse que estivesse do outro lado. No entanto, sua voz morreu em sua garganta e ela não conseguiu fazer mais nenhum movimento.


        - Sabe, eu adoro quando você banca a chefona. – Voldemort avançou a porta e a bateu atrás de si, puxando Bellatrix quase violentamente pela cintura, colando-a a seu corpo. Puxou o rosto dela pela nuca e deixou a centímetros do seu. – Mas você não manda em mim. – ele riu de canto e a beijou com fúria, com o desejo que todas as fibras de seu corpo haviam acumulado durante os dias da viagem. Bellatrix correspondia às carícias com a mesma intensidade, guiando as mãos dele por seu corpo enquanto as línguas faziam os trabalhos nas bocas.


        As mãos de Voldemort em certo momento pararam ávidas no zíper do vestido dela, mas ele parou e interrompeu o beijo, negando com a cabeça. Ele viu um ódio nos olhos dela tão intenso que achou que ela bateria nele, e ela tinha coragem.


        - Não podemos, pelo menos não agora. Tem alguém te esperando lá embaixo. – disse ele, fazendo-a entender o porque da brusca parada. Mesmo assim, ela sentia que mataria quem quer que a estivesse esperando.


        - Quem?


        - Venha e verás. – ele estendeu a mão para ela.


        A calma dele em interromper aquele momento a irritava, o corpo dela ainda estava em chamas e ela teria de apagá-las de alguma forma antes de ver o estranho misterioso.


        Bellatrix segurou a mão dele e foi até sala, andando o mais rápido que podia, causando risos insuportavelmente convencidos em Voldemort – referentes à pressa dela. No meio do caminho, ele a puxou pela cintura e a abraçou por trás.


        - Com pressa de voltar pro quarto, querida? – ele mordeu o lóbulo da orelha dela.


        - Com vontade de me torturar, querido? – perguntou irônica, se soltando dele.


        - Muita. – respondeu ele, com uma voz rouca e baixa, andando atrás dela. – Principalmente porque eu sei como foi torturante para você ficar sozinha naquela cama enorme por tantos dias... E aumentar a tortura é a minha especialidade.


        - Ah, como se as nossas situações fossem muito diferentes. – ela revirou os olhos, andando de costas para ele. – O tempo sozinho na cama foi o mesmo para nós dois. – disse ela, já chegando ao topo da escada que levava ao hall.


        - Tem certeza? – provocou Voldemort, fazendo-a virar para ele, os olhos queimando de ódio.


        Ela voou para cima dele, tentando dar socos no peito dele, mas foi facilmente segurada por ele. Voldemort apenas ria da crise de ciúme especulativa dela.


        - Just kidding. – completou Voldemort, com um sorriso divertido que era extremamente odioso para ela naquele minuto.


        - Não teve graça nenhuma! – ela se soltou de Voldemort, sem conseguir ver quem estava no hall.


        - E eu que achei que o Lorde e a Lady das Trevas não brigavam! Que não eram um casal normal! – disse uma voz parecendo chocada do hall.


        Bellatrix reconheceu aquela voz e girou nos calcanhares, tentando alcançar o dono da voz no campo de visão. Não podia ser.


        - Rabastan! – surpreendeu-se Bellatrix, começando a descer as escadas rapidamente em direção ao ex-cunhado.  


        Rabastan abriu os braços exageradamente, fazendo uma expressão falsa de extrema emoção e andou rápido em direção de Bellatrix.


        - Bellinha! – ele a abraçou forte, praticamente trombando nela.


        - Onde você se meteu? – perguntou ela, se desvencilhando dele.


        - Ele foi à Albânia a meu pedido, depois que eu o tirei de Azkaban há algumas semanas. Junto com Rodolphus e Lucius. – respondeu Voldemort, terminando de descer as escadas. – E sobre sua afirmação Rabastan: só existem dois tipos de casais... Os tediosos e os interessantes.


        - E os interessantes têm tudo em níveis explosivos, até brigas... Entendi, milorde. – Voldemort assentiu.


        - O que faz aqui? – perguntou Bellatrix, meio confusa com a presença dele ali. – Não devia estar na Albânia então?


        - Voltei com o Lorde para me restabelecer no Reino Unido novamente e você é a primeira pessoa que sabe disso! Depois do Lorde, é claro, mas pelo o que eu fiquei sabendo... Você agora é a primeira em tudo depois do Lorde! – Rabastan pareceu impressionado com o feito dela e fez uma reverencia. – Milady.


        - Hum... Já está aprendendo a demonstrar respeito, que ótimo. – provocou Bellatrix, levantando a sobrancelha.


        Rabastan a olhou indignado com a atitude metida dela e cruzou os braços na frente do corpo. 


- Outch! Eu tinha esquecido que você era uma vadia! – disse Rabastan, parecendo que dizia para si mesmo.


- Cale a boca! E você quer que eu te atualize, imagino...?


- Sim, soube de uma historia sobre suas filhas terem lutado até a morte entre si, sobre você ter virado amiga do meu irmão e um monte de coisas estranhas que eu quero saber.


- Ótimo, venha comigo até a sala de estar e eu te conto tudo. Com licença, milorde. – pediu Bellatrix.


- Toda, Bella. – Voldemort acenou com a cabeça.


Bellatrix e Rabastan foram até a sala ao lado e Voldemort os acompanhou no caminho com os olhos, sem perceber que algo chegava perto, se arrastando a seus pés sorrateiramente.


- Quem te viu e quem te vê, Tom...


- Não me chame de Tom, Nagini!- respondeu Voldemort, usando a ofidioglossia.


- Tanto faz, mas não é isso que importa... Não seu nome, sua atitude... – continuou a cobra, sem que Voldemort olhasse para ela. Ele não tirou os olhos do caminho dos outros dois.


- Então o que é? Já que és uma cobra tão sábia.


        - Sei que não é assim que funcionam Relações sem sentimentos... Ciúme é um sentimento, sabia?...


        - Quem está enciumado?


        - Você. Louca, desesperadamente enciumado quando qualquer homem se aproxima dela. De pensar que há algum tempo o máximo com o que se preocupava era com matar uma mulher que o traísse, não desejar matar homens que se aproximam de uma mulher.


        - Cale a boca, Nagini.


        - A verdade é a pior coisa de se ouvir, não importa a situação. Aproveite o gosto amargo do seu ciúme...


        Nagini não deixou Voldemort responder, simplesmente arrastou-se para fora da sala sem muitas delongas e o deixou sozinho com o silencio, as risadas vindas da sala ao lado e o gosto amargo de seu ciúme, não que ele fosse admitir a ultima parte.


 


        As visitas dos irmãos Lestrange, agora os dois ao mesmo tempo, começaram a se tornar incomodamente freqüentes. Por um lado, Bellatrix não ficaria sozinha nas constantes viagens do Lorde, mas Voldemort não podia deixar de admitir que se fosse para que quaisquer pessoas matassem o tempo com ela, as últimas que ele desejaria o que fizessem eram os Lestrange – por motivos óbvios.


        Nagini o irritara pelos últimos dias com suas filosóficas baratas de que ele estava espelhando em si mesmo o que fizera com Rodolphus Lestrange. Como se Bellatrix fosse capaz de traí-lo como ela traíra Rodolphus, como eles traíram Lestrange. Bellatrix não o faria, porque ela.... “O amava” seria o complemento da frase, mas Voldemort simplesmente o apagou de sua mente enciumada uma vez em que sempre usava explicações relacionadas a amor em último caso. Portanto, ela não o faria porque lhe era leal demais.


        Sentado em seu escritório, ele conseguia ouvir ao longe as risadas do trio – que se encontrava na sala de estar. Ele afrouxou a gravata, tentando ignorar, mas não conseguiu, ele precisou levantar quando as risadas se tornaram altas demais. Os Lestrange pareciam ter deixado o decoro em Azkaban. Os três Lestrange. Não que lembrar que ela também era Lestrange fosse de muita ajuda.


        Ele saiu do escritório, andando a passos largos até a sala de estar, aumentando sua percepção da conversa à medida que se aproximava da porta - fechada. A percepção aumentada apenas piorava seus pensamentos.


        - Vamos, Bella... Para de hesitar como uma criança medrosa e inexperiente... – Voldemort ouviu a voz de Rabastan Lestrange, seguida de risadas de Rodolphus e Bellatrix.


        - E o que faz vocês pensarem que podem me obrigar? – foi a voz dela, num tom de provocação que o enlouquecia. Ele parou de andar, encostando-se à porta.


        - Nós sabemos que você vai adorar, Bellinha, sempre gostou de experimentar coisas novas... Agora.... – Rodolphus deu uma pausa. – Coloca tudo na boca, vai...


        Voldemort prendeu a respiração, tentando ignorar todas as imagens que se formaram na sua cabeça para o significado daquela frase maldita. Conversa maldita, tão plurissignificativa e ao mesmo tempo tão clara. Ele só via um significado plausível para aquilo e era sua imaginação e seu orgulho que o convenciam daquilo, mais ainda, era o ciúme.


        - Bellatrix, você devia ver a expressão no seu rosto agora... Valeu a pena todo o tempo que você hesitou só pra ver essa sua cara de satisfação, de encantamento... – foi Rabastan novamente.


        - Hum... – ele ouviu ela gemer. – Vocês estavam certos... O gosto é maravilhoso, viciante, eu quero mais...


        - Gulosa, como sempre. – brincou Rodolphus.


        - Como toda boa garota devia ser... – completou o irmão...


        - Mas não são... E é exatamente por isso que eu não sou uma boa garota... Sou uma garota má, muito má.


        Fora a gota d’água, Voldemort entrou na sala em súbito pronto para matar os três se os pegasse no flagra, fazendo o que ele estava imaginando, mas a surpresa foi muito maior para ele do que seria se suas suspeitas se confirmassem. Os três estavam sentados cada um em um sofá e na mesa de centro uma infinita variedade de comidas estranhas se mostrava – certamente vindas de vilarejos na Albânia, onde Rabastan passara os últimos tempos.


        - Milorde... – os três se levantaram bastante surpresos e se curvaram, ainda se entreolhando, tentando entender porque ele havia entrada com tanto ímpeto na sala, como se ali dentro algo estivesse ocorrendo... Rodolphus e Rabastan não ligaram nada, mas Bellatrix sorriu de canto. Sorriso pego por Voldemort.


        - Eu acredito que o Lorde tenha algo de importante para falar comigo... – Bellatrix olhou para os Lestrange, praticamente os expulsando. O clima estava tão estranho que eles saíram praticamente correndo dali, não sabiam o que Voldemort queria conversar, parecia sério e particular.


        - Na realidade, não tenho nada especifico para falar. – ele se jogou displicente no sofá, ou tentou faze isso.


        - Eu sei, mas eu tenho. – ela cruzou os braços e levantou a sobrancelha. – Pensei que ouvir atrás das portas não era uma de suas atribuições como novo governante do mundo.


        - E quem disse que eu estava...?


        - Você disse... Ou demonstrou... – ela se aproximou dele e sentou-se no colo do Lorde, de frente pra ele, colocando cada uma de suas pernas ao lado das dele. – Quanta malicia nessa cabeça. – sussurrou Bellatrix no ouvido dele, chupando o lóbulo de sua orelha.


        Por mais que tentasse se manter impassível, ele apertou a cintura dela em resposta às carícias. Ela havia percebido, ele a deixara perceber. Bom, ela fizera a ligação, eles eram tão maliciosos quanto o outro.   


        - Não sei do que está falando.


        - É claro que sabe... Sabe o que passou nessa mente genial e suja...Admite, não vai me convencer do contrário mesmo... Diga que estava pronto para matar a nós três por alta traição!


        - Parece que temos aqui uma mente ainda mais suja... Para perceber os delírios de outra mente poluída...


        - Somos almas gêmeas no final das contas, huh? Mas isso foi uma admissão?


        - Nunca.


        - Ciumento. – ela mordeu o lábio.


        - Sonhadora.


        - Mentiroso.


        - Cuidado com o que fala, ou posso caracterizar traição mesmo...


        - Cuidado com o pensa ou eu posso entender que não confia em mim.


        - E eu não confio. Nem em mim mesmo...


        - Pois devia, porque eu preferia me matar a te trair. E... sério? Com eles? Eu causo um efeito tão devastador assim? A ponto de te fazer perder a noção completa?   


        - Convencida...


        - Se eu sou convencida alguém é inseguro...


        - Inseguro? Nunca. – ele a derrubou de seu colo no sofá e deitou-se sobre ela.


        - Então de onde sai tanto ciúme?


        - Da sua imaginação e do seu convencimento, querida... Mas eu te deixo sonhar, sabe por quê?


        - Huh?


        - Porque você fica ainda mais bonita sonhando....  


        - Sei. – foi tudo que ela conseguiu. – E fez toda essa cena pra me ver ficar mais bonita?


        - O que posso dizer se você em estado natural já tira o ar, querida? Nesse estado de sonho, então...


        - Sabe que não me convenceu, huh? Consigo ler o ciúme nos seus olhos, nos seus gestos, na sua comum possessão comigo, mas sabe... Isso não me deixa convencida, me deixa lisonjeada. Porque mostra que não quer me perder, e isso para mim... É espetacular.


        Voldemort a beijou rapidamente nos lábios, desistindo de encenar. Ela já sabia há tempos, já percebia, ele deixava claro demais, até os Comensais notavam. Ele a olhou nos olhos e acariciou o rosto dela.


        - Você está certa... Eu não suporto a idéia de te ter alguém perto de você, porque você é minha e de mais ninguém. Nunca será.


        - E nem nunca fui. Não realmente. – ele percebia o que ela queria dizer. Ela se referira a Rodolphus, o principal foco do ciúme dela, e de Lucius e de qualquer homem que a tivesse possuído antes dele: nenhum deles realmente a teve, não como ele.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – 22 de setembro de 1997


 


         Dezessete anos. Finalmente. Melinda mal se continha dentro de si com o sentimento de ser em fim maior de idade; ela andava pelos corredores de Hogwarts a passos largos, sorrindo como uma criança que acabara de ganhar um brinquedo novo. Chegou à gárgula que guardava a sala de Snape e disse a senha – fornecida por Gabrielle.


        A morena deu um risinho ao chegar à porta da sala do diretor e bater. Houve uma sutil movimentação lá dentro que a fez rir mais.


        -Entre. – ela ouviu Snape autorizar e entrou, encontrando Gabrielle sentada na cadeira à frente da de Snape, ensaiando um tipo de conversa relativa a Hogwarts. Quando os dois olharam para Melinda, reviraram os olhos e respiraram mais leve.


        - Isso, relaxem! Sou só eu... – Melinda fechou a porta, e se aproximou rindo.


        - O que quer, Melinda? – perguntou Snape.


         - Vim seqüestrar sua namorada! Quando não a encontrei no quarto, presumi que estava aqui e hoje é meu aniversario e ela prometeu me ajudar, portanto... Beijinhos de despedida, por favor, porque nós temos muito a fazer...


        - É verdade, eu prometi mesmo... – Gabrielle fez uma cara de culpada, como quem dizia “Desculpe, preciso mesmo ir”.


        - Viu, culpa dela! – Gabrielle deu um tapa na amiga. – Quem mandou prometer.? – provocou a morena, levando outro tapa. .


         Snape olhou para Gabrielle, acenando negativamente, fazendo-a piorar a cara de culpada. Ele se deu por vencido e fez sinal para que ela fosse logo.


        - Vá, Gabrielle. E cuidado com o que promete, principalmente a ela. – ele indicou Melinda com a cabeça.


        - Outch! – Melinda encenou como se tivesse sido atingida no coração.


        - Aliás, Melinda...- Snape pareceu se lembrar e pegou uma caixa em uma das gavetas. – Sua mãe deixou aqui quando veio e pediu para que eu entregasse em seu aniversário. Como o pedido era também do Lorde, não pude recusar... – ele estendeu o pacote à garota.


        A caixa era grande e Melinda estava curiosíssima para descobrir o que tinha dentro. Olhou para o medalhão em seu pescoço, aquele que ganhara de Bellatrix tanto tempo antes e sorriu.


        - Obrigada. – agradeceu, polidamente, e praticamente arrastou Gabrielle para fora do escritório de Snape.


        - Nos vemos depois... – a loira disse por cima do ombro e Snape assentiu.


        - Tchau, querido e amado diretor! – foi a vez de Melinda se despedir, um pouco sarcástica, quando chegou à porta.  


         Melinda esperou até que ela e Gabrielle chegassem a seu quarto para abrir a caixa que Bellatrix havia deixado.  A caixa era bastante pesada, o que a deixou ainda mais curiosa sobre seu conteúdo no caminho. Elas mal haviam fechado a porta quando Melinda colocou a caixa na cama e pôs-se a abri-la.


                        - O que acha que tem aí dentro? – pereguntou Gabrielle, parecendo tão curiosa quanto a própria Melinda.  


                 - Vamos descobrir... – Melinda puxou a tampa da caixa e viu que dentro haviam embrulhos menores. Pegou o que estava por cima, que parecia ser uma caixinha de jóias. Abriu e revelou o primeiro presente.  Um anel todo em ouro branco, largo, com a insígnia de Slytherin gravada na parte superior dele. – Foi meu pai. Com certeza. – ela colocou o anel no dedo indicador da mão esquerda, onde ele serviu e ela achou que um anel grande como aquele caía melhor.    


                - Por que a certeza?


                - Esse anel é uma jóia relativamente simples, mas tem um significado muito grande, concorda? – ela apontou a insígnia na parte superior. – Parecem com aqueles anéis reais, sabe? Algo do estilo. Minha mãe teria me mandado um solitário com pedras preciosas. Mas essa mensagem subliminar de orgulho à nossa ascendência é a cara dele para um presente de maioridade.


                - Pensando por esse ângulo, mas um sentido extremo. – concordou Gabrielle, observando-a abrir o bilhetinho que havia dentro da caixa do anel. Melinda começou a ler em voz alta:


 


                “Nunca teremos a mesma idade duas vezes, portanto todo aniversário é único e especial. Contudo, para nós bruxos existem dois que estão no topo na linha de importância:


                O sétimo, segundo mais importante, quando nossos poderes geralmente começam a aparecer.


                O décimo sétimo, e mais importante, quando nossos poderes estão já bastante desenvolvidos para que sejamos considerados donos deles.


                E por que nos tornarmos donos de nossos poderes é mais importante do que o aparecimento deles? Porque de que adianta ter poderes e não ter poder sobre eles? Magia é Poder e Poder é Autonomia. Portanto, apenas quando nos tornamos autônomos, donos de nossa magia é que temos verdadeiro poder.


                Neste dia, te tornas autônoma, minha filha, e dessa forma mais poderosa do que nunca foste. A partir de hoje, sei que te desenvolverá numa velocidade assustadora para aqueles que a cercam e encantadora para mim, pois teu potencial Melinda é infinito, como o de todos os herdeiros de Slytherin sempre foi.  E tu o tornarás realidade.


                O primeiro presente que te mando nesta data é um símbolo do potencial que tua linhagem te dá além de um lembrete para que tu não desistas de conquistar tudo o que desejas, pois tu tens todas as possibilidades de conseguir simplesmente por ser quem tu és: A Princesa das Trevas, a herdeira de Salazar Slytherin.


               


Um brinde a teu futuro brilhante.


Meus Parabéns


Lord Voldemort.”


 


                - Disse que era dele. – Melinda riu, admirando o anel. – E ele acertou em cheio... Eu adorei... Ter uma joia com a insígnia da família é... Lindo....


                - Sim, é! Agora continua! – Gabrielle apontou a caixa e Melinda guardou o bilhete.


                O próximo embrulho foi aberto e ela encontrou algo envolto em papel de seda. Melinda tirou o papel e notou que era um vestido de veludo verde, sem mangas, porém longo, com decote em V e uma fenda até o joelho. Era também bordado com fios metálicos prateados em toda a região do tórax. Melinda sorriu com o presente e notou que este também tinha um bilhete dentro.


                Gabrielle pegou o vestido da mão da amiga e começou a surtar com o mesmo à frente de seu corpo, rodando pelo quarto bradando como ele era lindo, maravilhoso e perfeito. Melinda somente deu risada da atitude da amiga e abriu o bilhete, lendo-o também em voz alta.


                “Agora que finalmente é adulta, merece uma roupa adulta para usar no jantar de aniversário que daremos em sua homenagem hoje à noite na Mansão Slytherin. Você, Draco, Gabrielle e Nicky já estão liberados por Snape e deverão se encontrar com ele no hall às 4 e meia, quando ele os conduzirá até aqui já que é um dos convidados de seu pai.


                Muitas Felicidades no seu dia, minha filha.


Nos vemos mais tarde.


Bellatrix Black Lestrange.”


 


                - Eu adoro a sua família! – confessou Gabrielle, num suspiro encantado. – Posso adotá-los por uns dias quando eu for fazer dezessete? Por favor...?!


                - Pode, acho... Depende deles. Vê se eles deixam, afinal, não controlo a vida deles... Mas a minha permissão ... Concedida!  - respondeu a morena, caindo na risada junto com a loira, enquanto guardava o segundo bilhete. Ainda haviam mais dois embrulhos.


                O de cima ela nem precisou abrir para saber o que era: um livro. Dos pesados. Sabia pela forma do embrulho e pela textura. Rasgou o papel e confirmou sua suspeita. Era um livro de couro preto, de Artes das Trevas certamente, mas que ela por algum motivo não conseguia abrir.


                - Estranho... Não abre... – ela olhou para Gabrielle, tentando forçar o livro com um abridor de cartas, que foi repelido pelo livro e ricocheteou no quarto, acabando cravado numa das paredes em meio aos gritos de susto e ações de proteção das duas.


                - Merlin, Melinda! O que diabos você fez, sua louca?!


                - Tentei abrir, mas ele está de mal humor. – ela pegou a varinha, mas largou em meio a um ‘Não’ desesperado vindo de Gabrielle. – O que foi?


                - Quer se matar tentando abrir isso, ok... Mas deixa pra quando eu e meu pescoço não estivermos aqui, pode ser?  - disse Gabrielle, extremamente assustada, com as mãos apontadas para frente do corpo, como quem se protegia.


                - Tudo bem... Vou ler o cartão. – Melinda levantou as mãos em posição de defesa de si mesma e depois pegou o pergaminho daquele.


 


                “Quando disse que começarias a desenvolver rapidamente teu potencial, estava falando sério. É por isso que para começar o processo te dou esse livro maravilhoso, ao qual terás acesso somente no momento em que decifrá-lo. Sem qualquer ajuda vinda de mim, caríssima Melinda.


Boa Sorte no seu primeiro desafio como maior, minha filha.


Espero pela breve noticia de seu êxito.


Lord Voldemort.”


 


 Três presentes, três cartas, mas nada superava o que estava no fundo da caixa. E Melinda viria a descobrir isso em alguns poucos segundos.


Ela percebeu que aquele era o maior dos embrulhos, também parecia ser um livro, mas que ocupava todo o fundo da caixa. Ela pegou o embrulho e abriu cuidadosamente, encontrando uma capa de veludo negro naquele grande livro, com “Melinda Callidora Black” bordado com fios prateados. Era um álbum. Ela sorriu e o abriu, encontrando uma carta dentro dele. A quarta do dia.


 


“Dezessete anos atrás eu dava a luz àquela que eu pensava nunca poder ter tido; pouco tempo depois, abria mão de você para que pudesse crescer e viver sua vida sem nunca imaginar que teria a oportunidade de ver seu rosto novamente, de ver como ele mudaria com o passar do tempo, ou o quanto se pareceria comigo ou com o seu pai. Abri mão de ver o dia em que você descobriria seus poderes para que pudesse viver para descobri-los. Nós duas sabemos o quanto minha decisão foi infundada e estúpida, contudo, também estamos cientes de que em setembro de 1980 ela parecia sensata e a melhor para você.


Quisera eu que o destino fosse menos sarcástico e que lá atrás eu soubesse a verdade, assim eu teria visto tudo o que está contido neste álbum. Teria visto a única e perfeita semente do meu romance com o único homem que jamais amei não apenas nascer, mas crescer e florescer. Mas sabemos que naquela época, minha querida, isso era impossível. Não havia como saber a verdade... E por minha falha eu submeti não apenas a mim, mas a você a tanta dor...


A mim, por abandonar você. Não pense que foi fácil, eu posso nunca ter sido maternal, mas você era mais que uma criança, era uma idéia, uma realização, parte de mim e do Lorde das Trevas. Lembro-me de que você era idêntica a mim, contudo, algo nos seus olhos lembrava os dele. Quando eu me afastei, era como se tivesse deixado na porta daquela mansão uma parte da nossa história e você não tem idéia do quão difícil isso foi.


Mas foi necessário e não me arrependo de tê-lo feito, por mais desnecessário que tenha sido, pois tudo o que eu fiz foi salvar você fosse da morte ou da exclusão por ser a ‘filha mais nova e indesejada’. Eu não queria nenhum dos dois para você, minha filha, e nós sabemos que a primeira opção era a mais certa. Não estou me justificando e sim justificando o presente.


 A vida nos reuniu novamente quatorze anos depois para me surpreender quando eu pensava que nunca saberia como você seria e para me mostrar como todo aquele tempo foi desperdiçado e o quão errada eu estava; nunca recuperaremos os anos perdidos, mas sabemos que podemos tentar representá-los e diminuir um pouco o branco que eles são no momento e fingir que eles existiram conosco em contato, como eles seriam caso a historia do seu nascimento não fosse no mínimo peculiar.


Nas páginas desse álbum passearemos pela historia da menina que ao nascer era indesejada, ‘um acidente’, mas que na foi mais desejada do que qualquer um podia imaginar ou mesmo saber. A menina que acidentalmente nasceu para ter o mundo. E que hoje se torna uma mulher, uma das mulheres mais poderosas e inteligentes que já existiram...


Parabéns pelos dezessete anos. Parabéns por ter sobrevivido à catástrofe do seu nascimento e por ter se tornado tão sensata, madura e responsável em meio à loucura que a sua vida sempre foi.


 


Aproveite a sua liberdade.


Celebre o fato de ter superado as expectativas.


E viva, dezessete é só o começo de sua vida.


Bellatrix Black Lestrange.”


Gabrielle jurou ter visto Melinda limpar uma ou duas lágrimas que desceram por seu rosto por mais que ela tentasse controlar. A mais velha também não conseguira disfarçar muito bem a voz embargada. Ela deixou a carta na cama e abriu o álbum novamente, respirando fundo.


O nome dela estava novamente escrito na contracapa, desta vez com uma tinta prateada enfeitando o meio das letras, Melinda sorriu e virou a página, afastando também a folha de seda que separava as paginas. A primeira foto, então, apareceu.


Melinda parecia ter poucos dias e estava em seu berço na Mansão Zabini, aconchegada nos cobertores, sorrindo em seu sono. Embaixo da foto estava escrito “Melinda Richards Zabini – 1980 -Recém-Nascida, dando seu primeiro sorriso”. Melinda virou a página e viu que na parte de trás havia mais uma foto. Uma foto que não era dela, era deles. Seus pais, seus verdadeiros pais. Bellatrix e Voldemort conversavam durante um tipo de comemoração e por trás da foto era possível ver bem ao fundo em vigésimo plano uma menina correndo para os braços de Narcissa Malfoy. Hilary. Uma pontada no coração de Melinda ocorreu, não por ter matado a irmã, mas por ela estar ali enquanto ela estava naquele berço nos Zabini, por ter roubado sua vida.


Acima da foto de seus pais estava escrito “Mãe e Pai: Bellatrix Lestrange e Lord Voldemort: naquele ano tramando como seria o golpe final no ministério.”. Logo abaixo, Melinda viu colado um pergaminho velho, que ela abriu delicadamente, reconhecendo a caligrafia de sua mãe.


 


Família Zabini,
Eu sei que são bruxos, e também sou.
Por motivos de força maior que não posso explicar precisei entregar a minha pequena filha.
Espero que a criem bem e a coloquem no mesmo caminho que seguem.
O nome dela é Melinda e sei que será uma ótima, linda e poderosa bruxa.”


 


- Merlin! – exclamou Gabrielle, quando Melinda terminou de ler o pergaminho. – Esse foi....


- O bilhete... O que ela deixou junto comigo... – respondeu a morena, tremendo os lábios um pouco.


- Tem certeza de que quer continuar a ver?


- Sim. – respondeu Melinda, virando mais uma folha de seda e encontrando outra foto sua. Agora maiorzinha tentando correr no jardim e caindo a cada poucos passos. “1981 – 1 ano – Aprendendo a andar”. Ela virou a página e encontrou apenas uma foto: A de Bellatrix, aquela que ela tirou assim que entrou em Azkaban. “Mãe: 1º ano de Azkaban” logo no meio da página “Pai: desaparecido.” Mais um pergaminho estava colado.


 


        “Cissy,


Dia 22 de setembro está chegando.


Não se esqueça de mandar o presente que te pedi à Mansão Zabini. Não precisa dizer nada, ou escrever nada, eles saberão que veio de mim.


Obrigada,


Bella”


 


- Ela sempre me mandou presentes. – disse Melinda, esclarecendo Gabrielle. – No meu aniversário e em algumas datas especiais. Eu nunca soube de quem vinham, pelo menos não o nome da remetente, mas no fundo eu sempre soube que vinham da minha mãe.


Melinda sorriu triste ao ler novamente a palavra logo depois de ‘Pai’ e virou a folha de seda, passando para a próxima foto, onde ela estava sentada numa poltrona da Mansão, onde ela fingia ler um livro. “1982 – Dois anos, falando quase perfeitamente”.


- Eu decorava essas histórias e fingia que as lia, porque eu sabia todas as palavras. Era retardado demais. – Melinda riu.


- Era fofo! E nerd... Bom, estamos falando de você...


- Outch! – Melinda virou para olhar a parte de seus pais. Nesta estava escrito somente “Mãe: 2º ano de Azkaban” e “Pai: Desaparecido” e algumas noticias de jornal sobre o aniversário do desaparecimento dele e da prisão dos responsáveis pelo ataque aos Longbottom.


A foto seguinte era do terceiro ano dela, e nesta ela brincava de rainha com uma tiara na cabeça, sentada numa poltrona com vários brinquedos seus ao redor como se fossem seus súditos. “1983 - 3 anos – A idade da mania de grandeza.”


- Nossa, todo mundo tem essa fase! – Gabrielle exclamou. – Imagina você, Melinda! Devia ser insuportável.


- A diferença é que eu era grandiosa! Era uma princesa! – respondeu a morena, metida. – Só não sabia ainda... – ela deu de ombros e Gabrielle concordou aos risos.


Novamente as frases dos pais só datavam o numero de anos de Bellatrix em Azkaban e o desaparecimento de Voldemort. Mas nesta havia outro pergaminho. Neste ela reconheceu a caligrafia de sua mãe adotiva.


 


“Bellatrix,


Você não vai acreditar como a Melinda está se comportando! A mania de grandeza dela supera a de todas as crianças que eu já vi.


Uma vez eu a peguei com um papel dobrado fechado na mão, ela disse que o carregava porque o pai dela tinha dito que era o mapa do mundo e era dela. E ela tem três anos, por Merlin!


Chega a ser engraçado, é como se algo dentro dela a convencesse de que é diferente, superior...


Ah, crianças e suas tolices...


É isso...


 


Geórgia.” 


 


- Algo te convencesse?


- Minha mãe estava em Azkaban! Elas precisavam falar em códigos...


- Verdade!


Na foto dos quatro anos, Melinda estava sentada ao piano, brincando com as teclas. Seu pequeno corpo parecendo minúsculo naquele banco. “1984 – 4 anos – Lições de piano”. Na outra página, mais uma vez as frases sobre seus pais não mudavam muito, mas outro pergaminho chamou sua atenção. Desta vez, caligrafia de Bellatrix.


 


“Geórgia,


Esta resposta demorou mais do que eu esperava, afinal, tudo é controlado por aqui. Deves imaginar.


Não creio que sua filha esteja aprendendo piano com tão pouca idade, digo aprendendo não tendo lições, o que é diferente! Ela deve ser muito inteligente, isto me impressiona muito. Sei que será bem sucedida, a menina é um prodígio.


Meus parabéns por ela, deve ter muito orgulho de ser mãe de uma criança assim.


Bellatrix.”


 


­- Código, novamente. – disse Gabrielle.


- Sim...


- Todos os ‘sua’ quando ela se refere a você podemos trocar por ‘minha’. – Melinda assentiu. – Ela estava orgulhosa de você... Querendo sempre saber como você se desenvolvia. Isso é...


- Lindo. – Melinda completou. – Ela realmente nunca me esqueceu... Nunca me abandonou, não de verdade. – Gabrielle concordou e olhou a próxima foto.


Melinda estava sentada com um ábaco no colo e contava nos dedinhos. “1985 – 5 anos – Iniciando a ver a vida com números”. Na pagina seguinte, ela só olhou o bilhete, pois as frases sobre seus pais não haviam mudado muito. Georgia.


“Bellatrix,


Melinda está aprendendo a contar, acredita? Aos cinco anos... É no mínimo impressionante. Ela recebeu todos os seus presentes e são os brinquedos favoritos dela.


A cada dia fico mais impressionada com a minha menina...


 


Georgia.”


 


A foto do sexto ano era dela com um livro no colo, lendo de verdade naquela “1986 – 6 anos – As letras entram para sua vida”. A parte dos pais era bem parecida, mas naquela vez o bilhete era de uma Bellatrix impressionada com a rapidez com a qual ela começara a ler.


A foto seguinte era uma das mais importantes. O sétimo ano de sua vida e a foto era histórica. Melinda estava com uma roupa de festa, parecendo irritada e assustada ao mesmo tempo.


- Lembro-me desta, era uma festa na Mansão dos Zabini, o meu aniversário de sete anos. Eu fiquei irritada porque uma menina havia zombado por eu ser adotada. Os Zabini não haviam me contado oficialmente ainda, mas eu sabia, eu e Blasio eramos diferentes demais, ainda mais para gêmeos...Mas eu não suportei aquela maldita tentando me humilhar no meu próprio aniversário...


- E o que aconteceu?


Melinda sorriu macabra de canto e deu uma olhada na foto mais uma vez antes de responder.


- Eu fiquei tão enfurecida que eu comecei a gritar com ela e de alguma forma tomei controle sobre as luzes do salão, que começaram a piscar e a soltar faíscas. Depois eu fiz todos os copos se espatifarem.  Até hoje eu não sei como eu fiz aquilo, mas me cansou muito e assustou a todos. Foi a primeira vez que eu senti meus poderes, a noite em que eles se revelaram...


- Crianças normais desaparecem com objetos, vidros e levitam coisas, Melinda. – Gabrielle olhou para Melinda como se ela fosse doente.


- Eu nunca fui normal... Lembro-me que a garota ficou com tanto medo que cambaleou pra trás e caiu em cima de um caco, machucou um pouco o braço dela, mas nada grave. Ela nunca mais chegou perto de mim. Acho que eu canalizei todo o meu poder naquilo, foi muito sem controle... Me abateu bastante.


        - Dá pra ver, você ta meio cansada na foto. Meio ofegante... – Gabrielle parou para observar e viu os cacos no chão. A frase embaixo escrita era “1987 – 7 anos – Bem vinda ao mundo bruxo.”


        - Sim, mas eu fiquei tão feliz depois daquilo! Eu de fato era uma bruxa, meus poderes tinham se manifestado de vez, eu era uma bruxa e não podia acreditar!


        Na pagina destinada aos pais, havia duas cartas, uma de Bellatrix, que parecia extasiada com o feito ‘da filha de Georgia’ e uma de Geórgia, que estava chocada com o tamanho do poder da criança, maior do que ela esperava, muito maior.


        - Ela, Zabini, sabia quem você era... Devia ter esperado...


        - Ela esperou, ou achou que esperou... Mas ficou bastante chocada. Acho que ela só acreditou realmente que eu era filha dele quando viu isso...


        - Tão verdade...


        A foto seguinte mostrava Melinda numa viagem, ajoelhada ao lado de uma pequena serpente aos 8 anos, falando com ela. “1988- 8 anos – Ofidioglossia”. Na parte destinada a seus pais, as duas frases que só mudavam pelo numero de anos de Bellatrix em Azkaban e vários recortes de reportagens falando sobre a Ofidioglossia, sua raridade e caráter hereditário e sobre como seus maiores representantes foram Salazar Slytherin e Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Do segundo nome e da parte sobre hereditariedade estavam puxadas setas para ‘Pai’.  


        A foto seguinte mostrava ela estudando, mas tinha a seguinte descrição. “1989- 9 anos – Je m’appele Melinda”. No entanto, o aprendizado de Francês dela não era o mais importante e sim o fato de que a frase sobre Bellatrix havia mudado. Mãe: Deixa Azkaban. Abaixo havia uma foto em que Bellatrix aparecia, no que parecia uma festa, ao lado de Narcissa e um menininho loiro.


        - Draco? – perguntou Gabrielle e Melinda assentiu.


        - Aos nove anos... – Melinda deu um risinho de canto. - Soube que quando ela voltou era aniversário dele e Lucius deu um baile para se exibir afinal foi ele quem a tirou de lá.


        - Ela está tão diferente!


        - Oito anos em Azkaban, minha querida, não são exatamente um retiro num SPA. Digo, ela ficou bastante debilitada, enfim...


        - Mas se recuperou bem, pelo o que vejo... Hoje ela está perfeita.


        - De fato.


        Melinda virou a página e encontrou uma foto sua aos dez anos, estudando vários jornais. “1990- 10 anos - E o fascínio com as Artes Negras começa”. O que a chamou a atenção na parte de seus pais foram os vários recortes de jornais sobre Voldemort e Bellatrix, todos com pequenas anotações que ela reconheceu serem suas.


        - Essa era minha letra aos dez anos... Foi quando eu comecei a pesquisar sobre bruxos das trevas famosos e fiquei fã...


        - Dos seus pais! Por Merlin, qual é a chance disso? – surpreendeu-se Gabrielle. – Ok, considerando quem são os seus pais... Imensa. – admitiu a loira, em seguida.


        Melinda concordou e virou a página. Ali estava a primeira foto que ela tirara no dia em que fora para Beauxbatons. Ela vestia o clássico uniforme azul e fazia uma reverência. “1991 – 11 anos – Academia de Magia de Beauxbatons” ao lado de sua foto suas listas de materiais do primeiro ano e os resultados de seus testes. Melinda virou a página e viu logo abaixo da frase sobre Bellatrix – que dizia “fingindo-se de socialite junto com Narcissa” – que a de Voldemort finalmente mudara. “Pai: Tenta conseguir a posse da Pedra Filosofal”.


        As fotos dos dois anos seguintes foram bastante parecidas, mudando apenas por alguns prêmios que Melinda ganhara na escola e por uma foto ter ela com Hilary e um comentário sobre a amizade, assim como a situação de seus pais. Bellatrix presa na vida sem sentido de Narcissa e Voldemort desaparecido – por mais que os acontecimentos com a Câmara Secreta e Sirius Black fossem por todos ligados a ele, ele não tivera participação em nenhum dos dois.


        Finalmente um ano bastante importante começara. Na foto, Melinda aparecia com o uniforme da Sonserina, incontrolavelmente feliz por usá-lo. “1994 – 14 anos – Hogwarts, finalmente.” Melinda se lembrava perfeitamente do quão feliz ficara ao finalmente ir para Hogwarts. Ao virar a pagina encontrou: Mãe: Reencontra Melinda após 14 anos; espera ansiosa pela volta do Lorde das Trevas.  Pai: Arquiteta sua volta.


        Na foto seguinte, Melinda usava o broche da Brigada Inquisitorial e sorria sombria olhando para longe da câmera. Ela se lembrava daquela foto, fora tirada por Draco para comemorar um presente de Narcissa – a câmera nova. Ela olhava para Harry Potter, o tolo que naquela época não tinha idéia de com quem estava lidando. “1995 – 15 anos – Eis a Princesa das Trevas”. Na parte de trás. Pai: Finalmente volta. Mãe: Deixa de viver na Mansão Malfoy. Juntos, assumem publicamente o relacionamento e começam a arquitetar a invasão ao ministério.


        - Eu me lembro bem... Quando eu descobri quem era...


        - Foi uma surpresa, huh?


        - Sim, mas uma boa. Como quando nós somos crianças e na noite de Natal ganhamos um presente maior do que aquele que nós costumávamos desejar...- respondeu Melinda, fazendo Gabrielle soltar uma exclamação parecida com um ‘oun’, sorrindo como uma criança abobada. A morena jogou uma almofada nela e riu, voltando a atenção para o álbum.


Melinda passou a folha de seda e viu a foto que fora usada pelo profeta diário quando ela mudara de nome. “1996 – Quase 16 anos – Nasce Melinda Callidora Black”. Ela virou a página e viu uma foto de Voldemort e Bellatrix em uma das festas que fora dada na Mansão Malfoy. Mãe: Começa a traçar seu caminho ao posto de Lady das Trevas após o desastre do Ministério. Pai: Em detrimento de remoer a falha no Ministério, planeja a morte de Dumbledore.


        A última foto do álbum era bem conhecida dela, fora tirada na festa que foi dada na noite da morte de Hilary. Melinda sorria e comemorava. “1997 – Quase 17 anos – Mais temida, impossível.” Na parte de trás, vários recortes de Jornal sobre a morte de Dumbledore e sobre ‘A Nova era no Ministério’ e as inscrições. Mãe: Ascende como Lady das Trevas. Pai: Triunfa sobre Dumbledore e toma o Ministério.


        Na página seguinte, havia uma inscrição, feita com letras metálicas “O Mundo é seu maior presente de maioridade, e isso é apenas o começo... To Be Continued.” Logo abaixo as assinaturas dos dois.


        Era óbvio que Melinda tinha lágrimas nos olhos, mas ela não choraria, pelo menos naquele momento. Ela havia tido uma história e tanto, ela e seus pais, material suficiente ou mais que suficiente para um romance, ou até uma trilogia. ‘A verdade é que venderia’, ela pensou, rindo de seus próprios pensamentos.


        - É um presente lindo. – foi tudo o que Melinda disse, ainda olhando para o presente em suas mãos.


        - É sim. – concordou Gabrielle, observando Melinda fechar o álbum. – No mínimo interessante, quer dizer, eles nunca fazem coisas emocionais... E isso foi tocante para dizer o mínimo.


        - Talvez seja tão tocante exatamente por ter vindo deles, que não costumam levar as coisas para o lado emocional. – Melinda fez o contorno das letras de seu nome na capa. – Sabe... Nos quatorze anos em que ficamos separados, eu fui a que fiquei melhor. Ela em Azkaban ou tendo que se submeter ao tio Lucius, ele desaparecido, fora de seu corpo.


        - Creio que você sofreria mais se tivesse sido criada por eles, não? – Gabrielle prendeu o cabelo de Melinda atrás da orelha para que parasse de cair no rosto dela.


        - Também cheguei a essa conclusão, principalmente por ser jovem demais para fazer algo a respeito... – ela terminou, levando o álbum para sua estante de livros e o colocando lá. – Nossa família passou por tanta coisa... Eles passaram por tanta coisa antes que eu pudesse me juntar a eles. They’re my heroes, Gaby.


        - Eu sei. Eles sempre foram, mesmo antes que você soubesse... – Melinda assentiu. – E é engraçado, porque é comum crianças terem seus pais como heróis e você...


        - Os tive sem saber.           


        - É.


        Melinda sorriu e respirou fundo, como se estivesse se recompondo. Ela foi até a cama, pegou o livro de Artes das Trevas e colocou junto com o álbum na estante. Segurou o vestido em suas mãos mais uma vez e fez como Gabrielle antes, colocou-o em frente a seu corpo.


        - Prepare seu melhor vestido, Srta. Ceresier! Esta noite temos um jantar importante para ir. – disse a morena, num tom de voz que lembrava muito socialites como Pansy Parkinson e Daphne Greengrass.


        Gabrielle disse um ok e abriu o armário de Melinda, que a observava intrigada. O que diabos? Gabrielle mexeu nos vestidos da amiga até que retirou alguns lá de dentro.


        - Qual desses acha que é melhor? – disse a loira, ao jogá-los em cima da cama.


        - Não sei, mas, Gaby, você tem vestidos lindos!


        - Prefiro os seus!


        - Merlin... Ok, escolha qual quiser! – a morena riu.


        Gabrielle pareceu encantada com a permissão da amiga e exclamou animada, indo abraçar Melinda e lhe dar um beijo na bochecha.


        - Obrigada, vossa alteza.


        - Aproveite! – Melinda colocou o novo em cima da cama e foi até a porta.


        - Mas aonde diabos...? – perguntou Gabrielle, irritada, já que deixara Snape sozinho para ir com Melinda.


        - Procurar Draco e Nicky, eles também fazem parte da festinha aqui, huh? Pode escolher aí à vontade, volto rápido.


        Melinda realmente voltaria rápido, trazendo a prima e o namorado. Juntos, eles discutiriam por horas os planos para a noite que vinha à frente. Noite que pelo menos um deles, Draco, tinha certeza que seria extremamente marcante.


 


Mansão Slytherin – Naquela noite


 


         Melinda estava em seu quarto, terminando de ser arrumar para o jantar em sua homenagem. Acabara de colocar seu conhecido medalhão, o anel que fora presente de Draco e o que Voldemort a dera poucas horas antes. Ela deu uma ultima olhada em si mesma, o vestido novo, suas jóias, seu cabelo solto em ondas, um salto imenso, maquiagem marcada. É, ela parecia uma mulher adulta, apesar dos traços infantis e angelicais que teimavam segui-la. Ela saiu do quarto e se encontrou com Draco nas escadas.


        - Você está... – ele pareceu ficar sem fôlego e arrancou um sorriso divertido dela.


        - Estou...? – perguntou ela, abaixando o tom de voz até que um sussurro.        


         - Incrível, maravilhosa. – ele respondeu, se aproximando dela. – Encantadora... – ele segurou a cintura dela com as duas mãos e a puxou para um intenso ainda que rápido beijo. Melinda o afastou delicadamente e indicou que tinham que descer.


        Draco deu-lhe o braço e eles foram de encontro aos outros presentes na comemoração. Em sua maioria Comensais da Morte, obviamente. Melinda avistou Voldemort e Bellatrix e se livrou de um bando de Comensais que veio tentar cumprimentá-la.


         Melinda se aproximou deles quase rápido demais, pelo menos com maior velocidade do que o decoro permitia. No segundo seguinte, tudo aconteceu rápido demais e quando todos notaram, Melinda já havia praticamente se jogado em cima de Voldemort num abraço. O mundo ali parou e Bellatrix quase derrubou o copo da mão.


        Voldemort ficou na realidade sem muito como reagir, ele apenas deu uns dois tapinhas nas costas de Melinda, tentando conter a estranheza daquele abraço. A jovem pareceu notar o momento esquisito e se afastou.


        - Desculpe-me... Deixei-me carregar pela empolgação... Er... Obrigada pelos presentes. – disse uma Melinda extremamente encabulada, enquanto Draco ria a seu lado ao mesmo tempo em que cumprimentava Voldemort e Bellatrix.


        - De nada... – Voldemort pegou a mão dela e beijou bem em cima do anel que tinha lhe dado. – Feliz Aniversário, minha cara. Espero que não demore muito a decifrar o livro. Bom vê-lo, Draco. – Draco sorriu e agradeceu.


        - Eu não irei. – respondeu a jovem, firme, confiante, mesmo que por dentro não se sentisse assim tão confiante.


        - Vejo que gostou dos meus presentes também. – Bellatrix se aproximou e mediu Melinda com os olhos.  


        - Sim... Principalmente do álbum... – respondeu a mais jovem, com ternura na voz.


        Bellatrix sorriu e assentiu, acariciando o rosto da filha. Sabia no fundo que Melinda gostaria daquele presente específico, era teoricamente simples porém muito profundo, tinha significado. Assim como o anel de Voldemort, mas de forma ainda mais tocante, mais sentimental.


        - Ela chorou quase todas as lágrimas dos olhos dela! – eles foram interrompidos por uma vozinha irritante que veio de trás de Melinda. Provinda de certa loira muito amiga dela. Novamente Draco estava rindo dela, ele iria acabar apanhando antes que a noite acabasse.


        - Não foi exatamente assim! Ela está exagerando. – Melinda girou nos calcanhares e encontrou uma princesa no lugar de Gabrielle. Nunca tinha visto a amiga tão radiante. O vestido dela era pérola, cintilante até no tecido, e vinha até mais ou menos a metade da panturrilha, todo feito num tecido esvoaçante. O cabelo dela estava preso num coque meio solto e a maquiagem era leve, porém radiante. – Hey, esse vestido não é o meu que você tinha escolhido!


        - Não... Esse foi presente meu. – Snape se apresentou ao lado da namorada. – Milorde. – ele se curvou a Voldemort, que lhe acenou com a cabeça. - Bellatrix... - ele curvou levemente a cabeça. – Meus Parabéns, Melinda. – Snape pegou a mão dela e beijou o dorso, vendo uma pequena ruga de curiosidade e descrença se formar na jovem, que se limitou a sorrir e agradecer baixinho.


        - ­Milorde... - Gabrielle o reverenciou e virou-se para Bellatrix. – Milady. ­– mais uma reverência. – De qualquer forma, como eu dizia... Melinda parecia um bebê desmantelado em lágrimas!


        - Oh claro! Imagino que não esteja exagerando nem um pouco! – disse Bellatrix, levantando a sobrancelha. – E nem que Melinda esteja exagerando em negar completamente. – as duas se entreolharam um pouco envergonhadas. – Acho que devo fazer uma média entre as histórias de vocês duas e aí descobrirei a verdade do que aconteceu!


        - Certamente. – concordou Voldemort. – Agora acho que você tem muitos convidados a cumprimentar, não Melinda? – ele olhou para os Comensais que os encaravam


        - Sim, meu pai. – respondeu a jovem, meio entediada.


        - Diga apenas um oi, agradeça os parabéns e fuja. No fim você terá vontade de matar menos. – aconselhou Bellatrix, piscando ao final. Melinda riu gostosamente da dica da mãe e saiu, sendo acompanhada por Draco e Gabrielle, que não queria ouvir o que fosse que Snape tinha que discutir com Voldemort e Bellatrix.


        As duas saíram de braço dado com o loiro, cumprimentando a todos os convidados do jantar naquele compromisso social tão chato, porém indispensável. Nenhum deles conseguiu contar quanto tempo levou para que todos cumprimentassem a aniversariante, mas com certeza foi muito. Ela agradeceu por ter encontrado Nicky no meio do caminho, assim aumentava o numero de pessoas conhecidas e não irritantes a seu redor.


        Em certo ponto da noite, Voldemort e Bellatrix chamaram a atenção de todos para o meio do salão. Eles entregaram taças de champagne a todos e levantaram um brinde.


        - Gostaria que, antes de sentarmos para jantar, todos erguessem suas taças em homenagem à aniversariante. – começou Bellatrix. - É claro que em decorrência da quantidade de trabalho que todos nós tivemos neste ano isto não é exatamente uma festa, porém uma homenagem à ela no dia em se torna maior é indispensável.


        - Todos nós sabemos o que a maioridade significa aos bruxos e também estamos cientes das maravilhas que esta jovem fez mesmo antes deste dia e, portanto, nos vemos intrigados com o que ela pode vir a fazer. É por isso que com prazer ergo minha taça em homenagem ao futuro brilhante que minha filha terá. À Melinda! – Voldemort foi o primeiro a levantar a taça, tendo o gesto seguido por todos nos salão.


        Melinda, que havia se aproximado dos pais, agradeceu e tilintou as taças com as deles, antes de bebericar do caro e delicioso champagne.


        - Agradeço a presença de todos e agora... – começou a jovem. – Creio que nós deveríamos nos dirigir à sala de jantar. Uma deliciosa refeição nos espera. – disse como uma perfeita anfitriã e guiou os convidados à dita sala. Aquele jantar era mais do que uma simples comemoração, era mais uma afirmação de Melinda, do poder dela, para cima dos comensais. Mais um aviso de que deviam respeitá-la. A oportunidade de enfiar isso garganta abaixo dos Comensais do ‘esquadrão de elite’, o circulo íntimo, era mais um presente oferecido a ela pelos pais. E ela não estava desperdiçando.


        O jantar transcorreu praticamente silencioso. Todos encaravam seus próprios pratos e riam de umas poucas piadas feitas pelos mais corajosos, ou concordavam com elogios provindos dos mais puxa-saco. 


        Após a refeição, a aniversariante ganhou diversos presentes. Ninguém teve coragem de vir de mãos vazias. Também, pudera, era de Melinda que estávamos falando e de convidados em sua maioria ricos. Chegar sem presente seria no mínimo um pedido do ódio da princesa das trevas. Ela ainda era uma adolescente com hormônios em polvorosa de qualquer forma.


        Melinda mal pôde acreditar quando o último convidado, pelo menos daqueles que não lhe eram mais íntimos foi embora. Pareceu uma eternidade se livrar de todos eles e ela logo pela manhã teria de voltar para Hogwarts. Ela olhou a sala a seu redor, lotada de jóias, livros de magia, roupas, artefatos das trevas e tudo mais com o que uma jovem de dezessete anos vaidosa e fascinada por artes negras poderia ganhar.


        - Essa foi uma comemoração no mínimo interessante... – suspirou Melinda, arrancando risadas dos pais, que estavam sentados no sofá da sala de estar, cada uma bebida nas mãos. – Hey... Posso ter um pouco disso? – ela apontou pro líquido verde nos copos deles.


        - E desde quando você pede permissão para algo? – perguntou Voldemort, parecendo preocupado com ela. – Ok, reformulando a pergunta. Desde quando você pede permissão para algo tão banal?


        A expressão provocativa de Voldemort lembrou a Melinda porque ela o amava tanto... Quer dizer, porque ela gostava tanto dele. Foi como ela arrumou o pensamento em sua cabeça, com medo de que ele visse o resquício da palavra amor na mente dela. Pelo menos usada daquela forma, quando ela realmente quis dizer que o amava, e ela estava usando aquela maldita palavra de novo. Merda!


        - Melinda! – Gabrielle quase gritou para tirar a amiga de seus devaneios. – Você está bem?


        - Er... Sim, estou. – Melinda parecia ter acordado de algum tipo de pesadelo. – Quer saber, eu realmente preciso de um desses! – Ela foi até a mesa onde estava colocada a garrafa de absinto e se serviu uma dose.


        - Melinda...! – Bellatrix tentou avisar, mas antes que ela pudesse a garota já tinha virado a dose de uma só vez.


        A jovem sentiu a bebida descer queimando por sua garganta, rasgando todo o caminho e, por mais saborosa que fosse, não permitindo que ela pensasse em outra coisa que não fosse a queimação. Os olhos da adolescente se encheram de lágrimas e ela deu um soco na mesa, começando a tossir desesperadamente.


        Os adultos - Voldemort, Bellatrix, os Malfoy e Snape - seguraram o ímpeto de começar a rir para evitar que Melinda voasse no pescoço de algum deles. E estavam certos, ela o faria.


        - Eu vou pegar um pouco de água para ela! – Nicky se levantou no ímpeto, mas foi parada por um sinal negativo vindo da própria Melinda.


        - Eu estou bem, Nicky. – disse ela, ainda de costas para todos eles. – De verdade. – ela pirrageou e colocou mais uma dose de Absinto no copo.


        - Melinda, você enlouqueceu? – perguntou Draco, quase gritando, quando viu a namorada encher o copo mais uma vez. – Você mal se recuperou e...


        - Poupe-me, Draco! Eu estou bem! – ela respirou fundo e virou-se para eles, já recuperada. – É necessário muito mais do que uma dose de absinto para me derrubar. Acredite. – ela riu no final da frase e bebericou a nova dose, dessa vez com cuidado.


        - Tem certeza de que está bem? – perguntou Bellatrix, parecendo que estava realmente preocupada em vez de querer rir um pouco às custas da filha como os outros. – Virar de uma vez quando se é virgem é bastante desagradável, querida, eu sei, cometi esse erro há algum tempo.


        - Ah, mamãe, então isso não é problema para mim! De virgem eu não tenho nada... – Melinda viu Narcissa Malfoy engasgar com o que fosse que ela estivesse bebendo. - Nem mesmo na bebida.


        - Ela é minha filha... – começou Voldemort. – É forte, apesar de ser uma garota...


        - Outch! – exclamou Bellatrix, virando-se para ele. – Isso foi extremamente sexista!


        - Na verdade, foi uma provocação direta. Mas... Parece que atingiu mais a você do que ao verdadeiro destinatário... 


        - Que seria eu! – Melinda levantou a mão, rindo.


        - E que fique claro que foi uma brincadeira. – Voldemort direcionou essa fala a Bellatrix, que ainda parecida um pouco irritada. A mulher se entregou e riu junto com todos.


        Mais algum tempo se passou com eles ali, bebendo e conversando, até que Draco se levantou com uma caixa. Todos os olhares se direcionaram para ele até que ele começou a falar.


        - Bem, eu ainda não dei o presente da Melinda... E eu acho que ela notou isso... – a jovem assentiu. – É porque eu queria esperar o momento certo e acho que ele chegou... Mel...? – ele estendeu a mão e esperou que ela levantasse e se juntasse a ele.


        Melinda se aproximou sorrindo e deu a mão a ele, que parecia extremamente animado com alguma coisa. Draco então abriu a caixa que tinha nas mãos e ela viu dois anéis.


        - Nós estamos nesse vai e volta há três anos e... Eu acho que estava na hora de nós darmos um jeito de nos assentar um pouco... – ele disse, tirando risadas dela. – Então... nada melhor do que uma promessa.


        - Sim... – ela olhou para dentro da caixa e viu que eram duas alianças, feitas em suma de ouro branco, mas com detalhes entrelaçados em ouro vermelho e amarelo. A dela tinha brilhantes incrustados nos encontros dos fios de ouro vermelho e amarelo.


        - Então... Esses anéis representam a promessa de que nós tentaremos ser mais firmes com nossa união e brigar menos a fim de consolidar essa firmeza... Representam o nosso compromisso. Então, Mel, você promete me ajudar nessa tarefa de manter nossa relação estável? Por mais louco que isso pareça para nós dois...?


        - Sim... E você...? Promete o mesmo a mim? – perguntou a jovem, sorrindo e com os olhos brilhantes.


        - Claro! A idéia foi minha! – ele piscou e ela deu um tapinha no ombro dele.


         Draco pegou a aliança de Melinda e colocou no anelar direito dela, junto o anel que ele lhe dera de presente três anos antes. Melinda pegou a dele e também colocou no anelar direito dele. Eles sorriam e se beijaram, sendo aplaudidos pelos presentes, que eram também as testemunhas daquela promessa que todos torciam para durar. Contudo, sendo Draco e Melinda as partes da mesma, era inimaginável o tempo que ela realmente ia durar, portanto, para que ela fosse cumprida, todos torciam para que ambos criassem estabilidade interna e confiança no outro, de outra forma... Ela seria logo quebrada. A pergunta era: a maioridade dos dois daria a eles a maturidade suficiente para conseguir tal feito? Todos esperavam que sim.


 


Mansão Slytherin – Semanas depois


 


Ter alguém na Mansão procurando principalmente por Bellatrix ao invés de Voldemort era, para dizer o mínimo, bastante incomum – a não ser que se tratasse de Narcissa, é claro. Contudo, com a posição dela e o cargo relacionado a Hogwarts que lhe fora dado por Voldemort era de se esperar que coisas do gênero começassem a acontecer.


Yaxley parecia estar bastante desconfortável quando chegou à Mansão e, ao se encontrar com o Lorde das Trevas, perguntar por Bellatrix. Voldemort, por sua vez, ficou intrigado com a necessidade do Comensal da Morte em falar com a Lady das Trevas. Não que isto tenha durado muito, pois no segundo seguinte Voldemort já sabia todos os detalhes da conversa que Yaxley viria a ter com Bellatrix e a dificuldade que o Comensal teria em abordar tal assunto. Como Legilimência é uma benção, o Lorde não precisaria suportar os rodeios de Yaxley como a pobre Bellatrix teria.


- Está bem, Yaxley? – perguntou o Lorde, assim que mandou um elfo ir chamar Bellatrix. – Parece preocupado... – obviamente, Voldemort não perderia a chance de deixar o Comensal ainda mais desconfortável; no entanto, não era muito possível piorar o já extremo nervosismo do Comensal. E ele tinha motivos para tal.


- Er... Estou sim, milorde. Apenas preocupado em seguir suas ordens à risca. – respondeu o bajulador Yaxley, quase fazendo Voldemort rir. Quase.


- Oh sim! Vamos fingir que não sei que seu nervoso tem tudo a ver com o que veio dizer à Lady das Trevas e com a reação dela... – cortou Voldemort, sorrindo ao final, vendo o desconforto no rosto do Comensal, que balbuciou algumas vezes e no fim não conseguiu pronunciar sequer uma palavra em resposta.


Voldemort poderia jurar que viu Yaxley engolir seco e empalidecer ao avistar Bellatrix, e não era para menos: ele estava prestes a jogar uma bomba ao dizer que o viera dizer a ela. Jogaria uma bomba em um cômodo cheio de nitroglicerina. E dita nitroglicerina se aproximava lenta e perigosamente dele, parecendo intrigada com sua visita.


- Querendo falar comigo, Yaxley? – perguntou Bellatrix, displicente e entediada. Era bem conhecido por Voldemort o desagrado que ela tinha em encontrar-se com Comensais como Yaxley, que ela classificava como fraco, ineficiente e um tremendo bajulador. Os dois primeiros atributos, exageros dela, o último... Extremamente real.


- S-Sim. – gaguejou o Comensal, causando um riso contido em Bellatrix e um olhar repreensivo vindo de Voldemort. Aquele olhar não melhorava em nada sua situação. – Sim, eu trago notícias do St. Mungus, milady e –.  


- Ótimo! – interrompeu Bellatrix. – Então diga-me... A que horas o moleque Longbottom morreu? – ah, a vaidade! Péssima conselheira e enganadora a níveis impressionantes.


Yaxley empalideceu ainda mais face à certeza dela, ao sorriso de alegria e ao brilho nos olhos que se instalaram na mulher. Aquilo seria mais difícil do que parecia. Quebrar a alegria alheia é desagradável por natureza; no caso de Bellatrix Lestrange, era perigoso, quase suicídio. Porém, era necessário. O Comensal respirou fundo, tomou coragem e decidiu falar de uma vez, como se tira um curativo.


- Ele não morreu, milady. – respondeu Yaxley num único fôlego, tentando deixar as palavras claras o suficiente para não ter de repeti-las.


Mesmo com tal esforço, ele teria que repetir. Bellatrix não entendera ou fingira não entender.


- Como? O que foi que disse?  - o tom chocado e irritado dela provou a segunda teoria ser a mais provável. Ela havia entendido as palavras dele, só não queria acreditar nelas.


- Que o garoto não morreu, milady. – Voldemort previa o início dos rodeios.


- O que está fazendo aqui então? Sendo que o garoto continua na mesma... – ela revirou os olhos. – Porque até onde eu sei, ele só pioraria com a morte e não havia perspectiva alguma de melhora. Portanto vejo que está apenas desperdiçando o meu tempo.


Como Voldemort previra, Yaxley já não mais conseguiria manter a objetividade que tivera no começo da conversa. Pobre Bella, teria que suportar os rodeios e desculpas esfarrapadas do Comensal da Morte.


- Bem... – recomeçou Yaxley, limpando a garganta; ele parecia suar frio e lhe sobravam razões. A reação que Bellatrix teria era imprevisível, porém imaginável: destrutiva, sendo Longbottom o assunto. – O garoto não está na mesma... – a dificuldade em falar era bastante óbvia no Comensal.


Bellatrix ameaçou falar alguma coisa, mas era como se a vende vaidosa dela houvesse de fato começado a assimilar e a compreender o que Yaxley dizia – por mais impossível e inacreditável que pudesse parecer a possibilidade de...


- Ele não permanece na mesma situação... – repetiu Bellatrix, olhando para o chão, como se conversasse consigo mesma. Ela ficou ali alguns segundos, quieta, e os outros presentes a acompanharam de modo que até as respirações eram ouvidas. – Sabe, Yaxley, eu adoraria que você fosse mais claro em relação ao real propósito de sua visita.


Ela já sabia e todos ali tinham essa consciência. Bellatrix não era burra, as palavras e as reações de Yaxley já haviam denunciado a verdade. No entanto, no limite de seu sadismo, a bruxa queria ouvir, fazê-lo falar com todas as palavras aquela verdade inconveniente.


- Milady.. Os medibruxos que ficaram responsáveis por Longbottom o desenganaram como bem sabe há alguns dias.. E esses especialistas dificilmente erram, são os melhores e...


- Fale logo, Yaxley! Ou eu juro que arranco a verdade de você da pior maneira possível! – ela pegou a varinha e ele recuou. – Chega de rodeios e explicações, eu quero os fatos!


- Tudo bem, tudo bem. – ele colocou as mãos para cima, respirando pesadamente. – Neville Longbottom sobreviveu! Está fora de perigo, depois de uma recuperação milagrosa. Não se fala em outra coisa no St. Mungus e no Ministério. – o pino da granada fora puxado e ela jogada no balde de nitroglicerina que era Bellatrix Lestrange. Agora só faltava a explosão que, com certeza, seria épica.


 


 


1 – Memory Lane: Seria “Rua da Lembrança”, é uma expressão em inglês usada quando as pessoas estão obviamente recordando alguma coisa, dando um passeio nas memórias.


2 – See you soon, Potter... Or, your dead body: Te vejo em breve, Potter... Ou o seu cadáver.


 


N/A:


HELLO EVERYBODY! ;D


Eu sei que eu demorei, mas... Meu, 70 e num sei quantas páginas! Pelo menos valeu a pena, fala sério. Mas eu vou me explicar porque é justo, né.


Eu não passei na USP ;_______________; AAAAAAAAAAAAAAH! L C’est la vie!(‘é a vida’ em francês rs!). Não posso fazer nada para mudar isso, então comecei a fazer cursinho, ne, gente!


E cursinho pré-vestibular, vou te contar, ô coisa ingrata e filha da puta! Sério, só o que eu tenho de ‘Tarefa de Casa’, que seriam as tarefas mínimas e complementares é suficiente para pegar toda a minha tarde e um pedaço da noite. Aí como eu to acordando 5 da manhã pra chegar lá tempo [São Paulo cedo – transito, né galere!]... Façam as contas: termino as tarefas, como, tomo banho, durmo. E essa é minha vida de segunda a sábado. SIM, EU TENHO AULA DE SÁBADO. Sou uma linda. ¬¬ Isso fora que um domingo por mês tem simulado. (C’est la vie!)³³³³ ¬¬³ Enfim, então eu só to tendo praticamente domingos e feriados pra escrever, aí fode, né. Mas estou aqui firme e forte e amando vocês, como sempre!


Well... Saindo das explicações sobre minha demora e indo pro cap! ;D


Aquele comecinho em itálico é tipo uma ceninha bônus que é a introdução desse cap, mas tá mais ou menos no limbo entre o cap anterior e esse. É o que ‘aconteceria’ entre os dois. LOL Tipo série de TV que tem aqueles 2 minutos antes da abertura, pois é KOKOKOAKOAAKOSKOASKOASKO! Enfim, viadagem minha!


O nome do capítulo, como vocês podem imaginar, é um trocadilho com uma parte do hino de Hogwarts e significa “Hoggy Sangrenta Hogwarts”, vocês podem imaginar o porquê, ne KOOAKSKOAKOA!


Enfim, mas esse cap é longo e cheio de informação. Começando pela aparição da Srta. Astoria Greengrass! Quem não lembra quem é: ela é a mulher que segundo a J.K. se casou com o Draco na hist original, então: VAI DAR MERDA! Tenham certeza. ;D Se bem que acho que deu pra notar. Lalalala.


Tem também essa ida da Bella pra Hogwarts, a briga com o Neville e a Ginny. Bem, ambos se fuderam, mas acabaram ajudando a Bella... Porque agora todo mundo tá com medo de enfrentar ela, além do que a Ginny virou a excluída. Coitada. Mentira, coitada nada. Mas a reação da Bella de pagar exatamente na mesma moeda mostra a tentativa de lavagem cerebral que vai partir do Voldemort e da Bella pra cima de todo mundo agora, a ideia de que: Nós vamos ser para vocês o que vocês são para conosco. Ou seja: se vocês foram uns amores, nós seremos uns amores; se vocês forem uns demônios, seremos piores ainda. Claro que essa coisa de Voldemort um amor de ser humano é conversa pra bruxo idiota dormir, mas... Acreditem, vai ter muito bruxo dormindo com ela. OKKOASOKSKOA! MUITO mesmo. Esperem os próximos caps e verão! MWAHAHAHA Aliás, no próximo capítulo vocês verão como essa história é mentirosa e como eles continuam os mesmos psicopatas que nós adoramos, mas por debaixo dos panos. (6)³


Agora.... ANIVERSÁRIO DA MELINDA? *_* gente, para o mundo que eu quero descer! Meu bebê tá com 17 anos, é maior de idade, é linda é foda e... Ok, ela é uma personagem, mas... Vocês entendem! A história gay dos presentes era só o pano de fundo pra eu fazer aquele álbum e uma retrospectiva da vida da Princesinha das Trevas... Além de mostrar como a Bella se sentia com toda aquela história... Porque até aqui sempre pareceu simples a historia dos 14 anos em branco dela, pareceu que tava no passado, mas não tá e nem nunca estará! E, infelizmente, não é algo que se possa recuperar. Mas no fim, até que deu tudo certo, ne? KOASKOAOK tirando a parte da merda toda com a Hy, é claro. LOL Enfim, o jantar dela também foi só um pano praquele abraço louco dela no Voldemort e pro Draco entregar as alianças de compromisso. Aliança de compromisso é costume brasileiro, por isso eu chamei de “Aliança de Promessa” que é como eles chamam o anel que alguns garotos dão pras garotas que tão namorando no exterior... É o tal do “Promise Ring”, anel de promessa, que é muito parecido com a nossa aliança de compromisso mas geralmente só a mulher usa! Só que no caso deles, os dois usam porque eu sou a dona dessa história e eu mando em tudo ;D -QQ KOAKOSKOAKO Enfim... Eu coloquei isso no mesmo capítulo que a Astoria aparece com um motivo... Gravem bem a promessa que eles fizeram quando colocaram as alianças. Por quanto tempo eles cumprirão? Hehe. Que comecem as apostas!


Enfim, o final vocês viram que foi bem explosivo porque nós sabemos como as coisas ficam TENSAS quando as coisas não vão de acordo com a vontade da dona Bella. Well... Esperem e no próximo capitulo verão a explosão. LMAO


Bom, eu queria colocar aqui uma sessão de agradecimentos de comentário por comentário, mas é que eu ficaria até amanhã agradecendo aqui e essa N/A não terminaria (e ela já está muito longa), mas eu preciso dizer que eu não sei o que seria da minha vida sem vocês, numa boa! Vocês são o que mantém essa fic viva há 4 anos 9 meses e 26 dias! Vocês são a alma da HdM e o meu motivo de sorriso de tempos em tempos quando eu posto. Não sabem a alegria que me dá em alegrar vocês. Obrigada, de coração.


E.... FELIZ PÁSCOA, EVERYBODY!


Beijos!


Não esqueçam de comentar e me deixar muito feliz!


Mel Black


(24/04/2011)


PS: Sobre a montagem... Eu que fiz correndo, ficou meio "OI JUNTEI DUAS FOTOS" mas tá valendo KOASKOASKAOKKAO coloquei 900 efeitos e achei que ficou legal. O mais importante é a frase "Bravura, somente outra palavra para burrice." bom, agora que já leram o cap... todo mundo entendeu o porquê. LOL


 

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Comentários (7)

  • Amy Black Riddle

    Só uma palavra : OUTSTANDING!!!!! Você escreve muito bem moça, sabia? Eu AMO B&V, e peno para achar alguma coisa em português, tenho que me virar com o que existe em inglês e espanhol mesmo... Então quando eu achei a sua fic foi tipo OMFG!!! E essa fic é tão boa e me inspirou tanto que eu fiz uma homagem p a fic ( e para vc lógico) no photoshop *.* Tá aqui nesse link http://i1190.photobucket.com/albums/z447/AnneLynn123/presenteparaMB.jpg Sobre o capítulo, ohummmm podem falar o que quiser sobre a família da Mel ser desestruturada, BUT THEY ROCK!! Muito melhor que os chatos dos bonzinhos (uhahuhuauhauhauh eu sou DO MAAALLL). E eu não consigo me decidir p saber qual é o meu casal favorito: B&V é líder absoluto do meu coração, mas c'mon... M&D are as sexy as they are huhauhhuahuahu. Keep on girl, you're fucking aweasome!

    2011-06-28
  • thealiens

    CONTINUAAAA !! diga que não terminou ai Ç.Ç PERFEITO!!

    2011-06-12
  • Pandora S. B. Riddle

    (Nossa que máximo todo pokemon evolui incluindo o F&B oaksokaskoaksokas depois de 6 anos cadastrada lendo fics isso de comentar nos próprios cap.s é bem cool.) Falando em tempo, demorou mais em comentei oaksoaksoas A cena de ciúmes é WTF, que maldoso que é o Lorde poxa pensar que essa santa de mulher faria algo desse tipo talvez ela nem saiba o que "boquete" significa (a) OkOK ele conhece a mulher que tem, mas é exatamente por isso que tinha de confiar mais, confiar sem titubear. Sobre a Bella em Hogwarts, toda a pompa dela de "Sou diva e mando no Severus" *--------* sem contar que o que ela fez com a Ginny tsc tsc tsc colocou a vadia ruiva no lugar que ela pertence under Bella's high heels. O presente da Mel só de lembrar chorei de emoção, tão meigos VB. A Nic. guente que bitch que ela esta sendo hum... Convivência dá nisso oaskoakosaksoaks [...]"Neville Longbottom sobreviveu! Está fora de perigo, depois de uma recuperação milagrosa. Não se fala em outra coisa no St. Mungus e no Ministério. – o pino da granada fora puxado e ela jogada no balde de nitroglicerina que era Bellatrix Lestrange. Agora só faltava a explosão que, com certeza, seria épica."[...] Agora a querida Bella sabe como é tentar matar alguém, não conseguir e pessoas ficarem comentando sobre isso.  Esperando ansiosa pelo próximo cap. beijos dessa sua amiga e leitora fiel.

    2011-06-04
  • Estela Black

      AEEEEEEEE DEPOIS DE 9358209582 DIAS (mentira) LENDO ESSE BIGASS CHAPTER OF DOOM CONSEGUI TERMINAR E cadê o próximo? u_u Não quero saber desses intervalos de meses entre cap e cap, hein u_u q "Meu bebê tá com 17 anos, é maior de idade, é linda é foda e... Ok, ela é uma personagem, mas... Vocês entendem!" I TOTTALY GET IT BRO, eu acompanhando a Melinda crescendo já fico cheia de ~orgulho~ imagina você que é quem escreve. A Mel é uma FOFA (ok, ela é má e sádica e matou a própria irmã etc etc mas aquele abraço que ela deu no Voldemort was the cutest thing). Outra coisa: Voldemort com ciúmes KKKKKKKKKKKKKKKK E ELE FICA TODO mimimi você tá viajando Bella mimimi não to com ciúmes mimimi ok to sim agora vemk aieonfaoeinfaieon ri O que mais, let's see... AH, E AQUELA TRETA EM HOGWARTS GIANEVOAIENVAOI gente. Eu fiquei toda O_O quando tava lendo essa parte, tenho até uns posts tensos de reação no tumblr kkkkkkkk Caralho, quando você é selecionado pra Grifinória você devia ganhar um gafanhoto mágico que nem o do Pinóquio que serve de consciência, aí quando der vontade de insultar BELLATRIX FUCKING LESTRANGE, ele ia falar não faz isso mano ela vai te matar/humilhar ou (quase) matar seu amiguinho fica quietinha aí. E aliás, eu meio que ri da Bella toda puta porque o Neville não sobreviveu kkkkkk O QUÊ? AQUELE VIADINHO NÃO MORREU? AH MAS PERAÍ *pega varinha e vai atrás* q Ainda bem que ela não pode me ver. Mas é, cara, ela fica muito puta, dá medo o_O É Neville, você sobreviveu dessa vez mas acho que não vai sobreviver da próxima não, hein! kkkkkkkkk Anyway, nem preciso falar que os presentes da Mel foram lindos lindos lindos lindos. (posso adotar os pais dela quando eu fizer 17 também?) E a Gabbie é uma fofa também, toda ahahaha você chorou que nem um bebê -Q E Draco e Mel são lindos também. But you're gonna screw it up, aren't you? Já to até vendo que vai dar treta com a Astoria. Minha aposta é no próximo cap! kkkkkkk AAH, e eu concordo com o Draco, e a Lynx? ADORO BABYS KDKDKD LYNX quero ver ela toda linda e malvada que nem a Mel <3 Ah, e o Snape fazendo facepalm pra Bella quando ela falou dos pais do Neville e isso: - Ah, mamãe, então isso não é problema para mim! De virgem eu não tenho nada... – Melinda viu Narcissa Malfoy engasgar com o que fosse que ela estivesse bebendo. NFIWAONFDAOWIFNAWIONCEOGNIAOINVOAI GENTE, EU AMO ESSA FIC kkkkkkkk <3 Anyway, acho que tá grande (e doido) o bastante já, né? Meus comentários nunca foram muito normaizinhos mesmo. Anyway, I loooooved it, girl. Don't take too long. HdM vai ter que me manter na sanidade enquanto TVD tiver no break, então bora escrever 390481390 páginas por dia e u_u Mas sério, não demora, pretty please <3 xx  

    2011-05-03
  • MaryLestrange

    Cap perfeito, nem sei por onde começar!!! *-* Do inicio então: Melinda X Madame Malkin: ChOREI de rir com a madame malkin tremendo de medo! Muito bom, Mel cada vez mais poderose e princesa, adoroo!!! Tambem adorei a Nicky Bitch! mesmo, ela tah muito foda, agora sim ela eh uma Black! Gostei de ver ela acabando com a Ginny lah no trem! E essa história de colocar a irmã da Daphine na fic, hein?! Aposto todas as minhas fichas em problemas pra Draco&Mel, mas eu n'ao curti essa pespectiva... logo agora que eles tavam tão fofos juntos! E a Bella deu um show em Hogwarts, como sempre! ela tava perfeita, amei cada detalhe... inclusive a conversa civilizada dela com o snape, ri litroos!!!! Mas absolutamente NADA nesse cap superou a cena do Voldy escutando os Lestrange em termos de risada! Eu tive que minimizar a pagina pra poder controlar o riso... amei, amei, amei! Sem contar que Voldy com ciumes eh IM-PA-GA-VEL! Coisa mais linda do mundo!!!! *__* E eu achei o rabastan muito fofo, eu sempre gostei dele, adorei ele ter aparecido em Herdeiras *.* O aniversário da Mel tb foi PERFEITO!!! Tipo, os presentes mais lindos do mundo (aposto que o livro q o voldy deu fala sobre horcruxes!), eu tive altos surtos com aquele album, tipo, MEU DEUS, se voldy e Bella fossem um casal de sentimentalistas eu jah ia ficar surpresa com um presente daqueles, se tratando de quem eles são, então, eu fiquei completamente louca na frente do pc!!! E a infancia da Mel eh mto fofa, eu fiquei super imaginando ela brincando de princesa, fazendo as bonecas de suditos! USHAUHSUA` E o presente/compromisso do draco foi super mega fofo, pena que a vadia da Astoria vai estragar tudo -.-' mas eu sei que eles superam... Falando em superar, COMO ASSIM O NEVILLE SOBREVIVEU?!?!?!?  Sério, eu soh não tou mais brava que a Bella pq isso eh impossivel... Esses Longbotton parecem praga, não morrem nem com raza braba! Soh senti falta daquelas ncs fodonas q soh vc sabe fazer nesse cap... kkkkkkkkkkkk` mas não fez muita falta, não, o cap ficou a perfeição encarnada! Soh não demora muito pra postar o proximo, pra não correr o risco de eu sofrer um ataque cardíaco aqui...

    2011-05-02
  • Laris Black

    Caramba, putz, quando eu pensei que nao ia ter um capitulo tão bom, voce atualiza a ficts e solta esse capitulo. agora ele é o meu preferido fato. A-DO-RE-I tudo , tipo tem tempo que eu li e foi pelo celular, pq meu pc tava estragado, caramba nunca sofri tanto para ler um capitulo mais valeu a pena. rsrs ta otimo e eu amo a Bella serio , e eu tei trela na parte dos tres Lestrange juntos, coloca na boca. kkkkkkkk chorei serio. e a amizade entre sev e Bella , No coments. KKKKKKKK . ta perfeito , serio . vou chorar de emoção. Nicky voce ta MARA e  to sem palavras , caramba, foi otimo, perfeito e so quero saber quem a Bella vai matar só pelo jeito que terminou esse capitulo , atmosfera tava densa. kkkk ain ta lindo , maravilhoso , eu queria uma festa, em Hogwarts *-* AAAAAAAAAAAAAH , omg , e o album que a Bella deu... caramba, no belive. serio PERFEITO aff , o capitulo inteiro , e enquanto ai ninguem tava podendo rir da Mel e do absinto eu por acaso quase chorei só de imaginar a cena, caramba esses personagens tem um alto controle incrivel kkkkkkk parabens, continue assim escrevendo oootimo e perfeito seus capitulos cada dia ficam melhores. parabens mesmo, quando eu crescer quero ser igual a voce. kkkk. beijos .

    2011-05-02
  • Kamilla Bacchi

    Capítulo Maravilhoso, estou sem palavras. Bellatrix em Hogwarts foi o máximo, o niver da Mel então nem se fala, Voldemort com cíumes, a relação deles está ficando cada vez melhor. Não quero nem ver a reação da Bella, alias quero sim. Louca pelo próximo capítulo. Você podia escrever mais rápido, para não matar do coração seus leitores de tanto esperar.

    2011-04-25
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