O Escolhido



            - A essa altura, eu já não sei mais, Mel. É fácil dizer quando não é conosco, por isso ela falava isso.  A verdade pode ser cruel, muito cruel. – Melinda sorriu triste, Bellatrix estava certa, esta era uma pergunta a se fazer: Verdade ou Ilusão? A maioria escolhereria a verdade, por ser a melhor escolha, mas às vezes, a melhor escolha não é mais fácil. Existem casos, como aquele, onde é muito mais doce viver numa ilusão.


 


Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa.


Capítulo 12 - O Escolhido




            Dezoito horas. Era este o tempo do desaparecimento de Narcissa Malfoy. Não era estranho ela sumir sem avisar Draco, uma vez que ela esperava que ele ficasse na Mansão Riddle para passar a noite – como prometera dias antes a Melinda. Ela provavelmente não acreditara que o filho desistiria dos planos com a namorada, mesmo que devido às circunstancias tal pensamento pareça tolo. Que tipo de filho largaria a mãe sozinha depois desta descobrir que era casada com o homem que estuprara sua própria irmã? Bom, certamente este não era Draco Malfoy.
            Narcissa não confiava na própria criação que dera a seu filho, mas também, quem acreditaria em algo àquela altura do campeonato? O coração da loira estava destroçado por diversos motivos. Primeiro por ter sido traída; segundo por ter sido a partir de uma violência contra sua irmã; e terceiro e, principalmente, por saber que teria duvidado de Bellatrix, alias, por
ter duvidado da irmã e ter certeza que se Voldemort não tivesse tomado partido, naquele momento estaria pensando em como Lucius era injustiçado por todos.


            Ficar sozinha parecia mesmo a melhor forma de lidar com a dor, mas, ao contrário do que possa parecer, não foi essa a opção escolhida por ela.


            No fim, Draco acabou por dormir na Mansão Riddle como o previsto, mas não por vontade própria. Narcissa pensava que ele estaria ali, portanto seria o primeiro lugar a ir procurá-lo quando quisesse sair de seu exílio voluntário.


            Eram quase quatro da tarde, e Draco estava na sala da Mansão Riddle. Esperando por sua mãe. Não entendia porque ela sumira, não era do feitio de Narcissa deixá-lo para trás, ela nunca havia feito isso, ele sempre fora o primeiro na lista dela, antes dela mesma.


            Ele estava tão absorto em seus próprios pensamentos que nem viu sua tia se aproximar. Ela se aproveitara da aula que Voldemort estava dando à Melinda naquele exato momento para conversar com Draco, nenhum dos dois tinha muito o que fazer de qualquer forma.


            O sofá afundando um pouco foi o sinal para ele de que alguém sentara a seu lado, mas seus olhos só decidiram se focar em algo quando a mão fria de Bellatrix tocou-lhe o rosto.


            - Draco....


            - Por que, titia? – foi tudo que o loiro perguntou. – Por que ela não dá noticias? Deixa-me sem saber o que fazer, onde ela está?


            Bellatrix, olhou para o próprio colo, como se procurasse uma resposta e respirando fundo voltou a olhá-lo. Ele podia ver por detrás dos olhos verdes que ela também sofria, talvez mais do que ele. A irmã dela estava desaparecida e, certamente, ela pensava ser sua culpa. Mas o verdadeiro culpado estava bem longe dali, protegido pelos dementadores, mais até do que Draco em um de seus momentos de mais profunda raiva na ultima noite desejaria.


            - Ela não é assim, ela sempre...


            - Coloca-te em primeiro lugar, sim. – ela completou, e ele pela primeira vez leu com clareza a face dela. Não apenas triste, mas cansada. De certo fora de todos na Mansão a que menos dormira à noite. Draco sentiu como se tivesse bebido uma poção muito, muito ruim mesmo e que esta não insistia em não descer por sua garganta. – Contudo, meu querido, a dor muda as pessoas. Não posso imaginar o que ela está passando.


            - Pode imaginar coisa pior, você passou por coisa pior e agora ela está piorando ainda mais, se for possível. – ele disse, não em tom de acusação, mas de tristeza e preocupação. Ele queria arranjar argumentos plausíveis que justificassem sua idéia de que o sumiço dela era injusto e errado.


            - Sim, pode ficar pior. – ela mordeu o lábio. – Sua mãe não está me ajudando a superar o que aconteceu, de fato. Mas eu nem sei se alguém poderia ajudar. Contar a ela a verdade já amenizou os efeitos daqueles episódios lastimáveis sobre mim, agora... Temos que ver como ela tentará superar isso... Não se preocupe mais, sua mãe logo aparecerá, ela não consegue ficar muito tempo longe de seu bebê. – Bellatrix fez Draco rir.


            A morena se levantou do sofá, provavelmente procurando algo para fazer enquanto sua filha e seu... e Voldemort estavam na biblioteca.


            Draco segurou a mão dela, não a deixando se afastar. A atitude dele causou um olhar confuso nela, que permaneceu imóvel olhando-o intrigada.


            - Não vai piorar.  Na época, sim, mas hoje... Não existe possibilidade, porque o perigo acabou e você tem onde se apoiar. – ele lançou um olhar significativo para a escada. – Quando tudo aconteceu, você estava fraca. Mas o motivo de sua fraqueza não existe mais, a sua força voltou há mais de um ano. Você ficará bem, titia. – ele beijou a mão dela. – Só espero conseguir ser para a mamãe o apoio que ele é para você.


            Bellatrix passou a mão pelos cabelos do sobrinho, ou genro, como preferir, e sorriu de canto para ele. As palavras de Draco eram verdadeiras, talvez as mais verdadeiras que haviam saído da boca dele um dia.


- Confie, você será. Ela te ama tanto quanto eu amo o Lorde, ou mais. Afinal, diferentes tipos de amor não podem ser comparados, huh? Draco, você é a luz da vida dela. O que faz Narcissa continuar a viver, muito mais do que o seu pai e... – Bellatrix não continuou a sentença, pois eles ouviram um barulho e olharam imediatamente para a porta.


Exclamações como “Mãe” e “Cissy” foram ouvidas até mesmo por Voldemort e Melinda, na biblioteca e, embora a jovem estivesse loucamente curiosa, o Lorde não permitiu que ela deixasse os estudos para ir ver o que estava acontecendo. “Eu mesmo vou. Você está concentrada em um feitiço complicadíssimo e se parar agora se perderá.” Foi o que ele disse e ponto final, ela não discutiu, apenas viu o pai sair pela porta e voltou a atenção para o livro. As férias eram a única época para aprender Artes das Trevas, ainda mais agora com o Ministério fiscalizando tudo com tanto vigor, e ela não desperdiçaria. O que não a impedia de ficar curiosa, é claro. Um pouco de legilimência resolveria para ter detalhes da conversa mais tarde.


- Merlin, Narcissa, onde você se meteu, quase matou a todos de susto. – Bellatrix analisou a irmã da cabeça aos pés. Ela parecia muito melhor do que estava por dentro, e milhões de vezes melhor do que Draco e Bellatrix podiam esperar.


Orgulho, é claro. Ela mantinha a pose, mas estava acabada, eles sabiam.


- Eu passei a noite vagando, pensando, nada demais, Bella. Depois eu fui a Azkaban. – a menção daquela palavra fez a morena arrepiar. O que diabos a irmã havia feito lá?


- Você foi...


- Visitá-lo. Precisava da segunda versão da história, é claro. – a loira viu a irmã bufar e revirar os olhos, estava bom demais para ser verdade mesmo. Nem mesmo Draco se conformava com essa história de “Segunda versão”. C’mon, o que acontecera estava óbvio demais, pelo menos para ele. 


- Mamãe, me desculpe...


- Acontece que. - ela levantou o tom de voz. – Ele não me deu uma segunda versão, uma exatamente igual à sua. – ela direcionou a sentença à irmã.


- Pelo menos ele teve essa decência. – Bellatrix riu sarcástica.


Voldemort acabara de se aproximar do grupo, não tão impressionado como Draco e Bellatrix, era o mínimo que eles poderiam esperar de Narcissa. Ela tentaria com todas as forças provar para si mesma que aquilo não acontecera, que era invenção da irmã, ou algo do tipo. Era mais confortável do que admitir que seu marido desejava tanto sua irmã a ponto de tomá-la a força.


Este era o motivo pelo qual Voldemort abominava o amor, ele cega as pessoas e as torna fracas.


Seria irônico ele ter reconquistado Bellatrix se o amor dela por ele não fosse bem útil, até, uma vez que a tornava mais leal e fiel do que todos os Comensais juntos.


- É bom ver que essa tragédia familiar não te atingiu tanto quanto o esperado. – foi a maneira que ele fez os outros notarem sua presença.


Narcissa olhou-o nos olhos, sentindo um tremor no corpo. Medo, sim. Ele provavelmente não havia se esquecido da pequena cena que ela provocara.


A vida era bem irônica, ela colocava Voldemort como um monstro, mas ao menos ele mostrava a verdadeira face, a total falta de escrúpulos, ao contrário de outros.                                                                                                                                                                                                            


Certamente fora por isso que Bellatrix jogara a verdade em sua cara, agora as duas estavam no mesmo patamar: apaixonadas por homens sem caráter ou escrúpulos. Parabéns, Bellatrix estava acima mais uma vez. Ela poderia controlar as possibilidades de Voldemort feri-la muito mais do que Narcissa de Lucius fazê-la sofrer. Seria sempre assim: o Sol e a Lua, e Bellatrix não deixaria a Lua ter brilho próprio nunca em sua vida. E ela que pensara que este era um problema de adolescentes.


- Dizem que a dor nos fortalece, saber que meu marido não se dá ao trabalho de negar deve ter mudado alguma coisa dentro de mim.


- Ou você não quer admitir algo pior. Ele se arrependeu, Narcissa? – é, ela estava certa. Voldemort a castigaria pelo escândalo da noite anterior e ainda daria um jeito de melhorar a situação de Bellatrix, como...?   


Draco e Bellatrix entenderam prontamente ao ver a reação de Narcissa, que olhou para o chão, mordendo o lábio, pela primeira vez as lágrimas encheram seus olhos. Ela respirou fundo, tentando afastar as tristes lembranças, ela não queria sucumbir a vontade de Voldemort, mas ela percebia os motivos dele no rosto de Bellatrix: ela precisava saber o que Lucius dissera. E Voldemort conhecia as corretas palavras dele.


- Eu não preciso responder isso, você sabe, milorde.


- Eu, sim, contudo existem outras pessoas que têm o direito de saber...


- O que ele te disse, Cissy? – Bellatrix entendeu o que Voldemort queria dizer com “outras pessoas”. – Fingiu arrependimento? C’mon, pessoas arrependidas não repetem o erro e nem vão dar em cima bêbados da vítima...


A palavra vitima fez o estomago de Narcissa revirar, ela não era tão vitima assim afinal. Ou pelo menos o inconsciente de Narcissa esperava que não. Não agüentava mais, ela contaria. 


 


Flashback


 


Azkaban era o local mais nojento existente na face da Terra, pelo menos daqueles conhecidos por Narcissa. Ela estava sentada numa cadeira, num tipo de sala para visitas. Claro, guardas em todos os lugares. Depois que o Lorde das Trevas desviara os dementadores o contingente fora triplicado.


Ela olhava insistentemente para a porta, esperando seu marido passar por ela. E a loira praticamente não acreditou quando o viu, em menos de um mês ele havia modificado totalmente.


Os cabelos loiros compridos não estavam mais brilhantes, nem mesmo platinados como antes, estavam em um tom de cinza claro e embaraçados. Ele parecia ter envelhecido quase dez anos, sua expressão era de tristeza e dor.


Sentou-se à frente dela, sorrindo de orelha a orelha, feliz por vê-la, ou será que era isso que ele tentava passar? Anyway, Narcissa não cederia, não esqueceria o que estava fazendo ali afinal.


- Cissy! – ele exclamou assim que tocou a cadeira. – É tão bom te ver. – segurou-lhe as mãos, ainda sustentando aquele sorrido que devido às circunstâncias parecia tão falso a ela. – Não esperava que você viesse tão cedo...


Lucius subitamente parou, analisando por um momento sua esposa. As mãos dela estavam tensas, o resto do corpo na mesma situação, os olhos azuis semi cerrados, vermelhos e inchados, como se tivesse chorado a noite toda. A expressão dela, contudo, não era de tristeza, mas de ódio, profundo ódio.


- Aconteceu alguma coisa com você? – ele perguntou, tocando-lhe o rosto suavemente com as mãos, mesmo que algemadas.


- Não comigo e, antes que pergunte, nem com Draco. Pelo menos não diretamente. – as palavras de Narcissa eram contidas, não demonstravam emoção alguma.


- Então com quem?


- Minha irmã. – Lucius não fez cara de surpreso.


- Ah, desculpe-me, querida, mas depois do que ocorreu no Ministério eu imaginava que o Lorde das Trevas... – ele baixou o tom nas ultimas três palavras. – Não a perdoaria, você sabe... Ele foi muito duro, não é? Ele a...


- Não, ela não está morta e nem foi o Lorde das Trevas que a machucou, embora ele a tenha castigado severamente naquela noite fatídica. – ela também abaixou o tom de voz, mas ainda não demonstrava emoções.


- Então quem foi, Cissy?


- You tell me. Ouvi que você é aquele que melhor poderia me dizer. – subitamente Lucius soltou as mãos da esposa, cujos olhos começavam a marejar.


Lucius ficou quieto, nenhuma palavra saiu de sua boca. Ele estava como se tivesse levado um enorme tapa na cara, em choque.


            Para Narcissa era como se ela tivesse ficado vários segundos sem conseguir respirar, ela esperava que o marido dissesse algo, negasse, ou ao menos lhe pedisse perdão – um que ela não sabia se algum dia seria capaz de dar.


            Da mesma forma como se tornara chocada, a expressão de Lucius se tornou sarcástica, uma caricatura medonha do Lucius carinhoso de dois minutos antes.


            - Então a vadia criou coragem. – foi tudo que ele disse, olhando para Narcissa com um sorrisinho de canto. – Pensei que ela nunca o faria.


            Agora era Narcissa que sentia como se lhe houvessem esbofeteado.


            - Você não vai se dar nem mesmo ao trabalho de...


            - Negar? Pra quê? Pra você voltar pra casa e a sua irmã e ele chegarem com provas incontestáveis? Eu fui torturado pelo o que eu fiz a ela, sabia? Ele me torturou com a ajuda dela, os dois, ao mesmo tempo. Mas ela não estava satisfeita, não é? Precisava te contar e acabar mais com a nossa vida, a Bellatrix é muito baixa mesmo. – Lucius cuspia as palavras, ainda que em baixo tom para que ninguém ouvisse aquela conversa tão particular. – Ou vai negar pra mim que eles já não te disseram que têm provas?


            - Sim, as lembranças. – ela admitiu, já com os olhos secos. Não choraria por ele, que acenou com a cabeça para ela como se dizendo “Eu não disse?”. – Mas eu não queria que você negasse para me convencer, apenas para... Tentar ter alguma decência perante a mim. Você estuprou a minha irmã, como se forçar uma mulher a fazer sexo com você não fosse ruim o bastante, você fez isso com a minha irmã. Logo a Bella! Merlin, você sabe que...


            - Sempre se sentiu inferior a ela? Que você sempre quis ser como a sua linda e poderosa irmã mais velha? Por favor, Narcissa, você sabe tão bem quanto eu que estaria feliz bem no fundo se alguma outra pessoa tivesse feito isso com ela que não eu. Você a Andrômeda sempre foram umas hipócritas, demonstrando enorme amor por uma irmã que sempre ofuscou as duas. Como o Sol, a Lua e uma simples estrela. Bellatrix, Narcissa e Andrômeda, as Irmãs Black em ordem de brilho, não era assim que vocês falavam de si mesmas? Ironicamente saudando como todos adoravam a Princesa dos Black? Você nunca amou a sua irmã, sempre a invejou, a odiou porque você era a caçula e devia receber mais atenção...


            - Cala a boca! – quando Narcissa se deu por si, seus dedos já estavam marcados no rosto do marido. – Por mais que eu possa um dia ter sentido toda a inveja do mundo, Lucius, eu nderline;">sempre amei a minha irmã, por mais terrível que ela possa ter sido um dia contra mim. E ela me ama também, querido, e mesmo que não nos amássemos, o que você fez contra ela é algo que nenhuma mulher desejaria para a outra por mais odiosa que esta fosse.


            - Pode até ser, mas eu sei que o que mais te irrita não é o fato de eu tê-la, como vocês dizem? Ah, machucado da pior forma que um homem pode ferir uma mulher. Você perdeu para ela a ultima coisa que ainda era só sua. A única que você tinha a mais que ela! Um homem que correspondia o seu amor que também era, u
* src="includes/tiny_mce/themes/advanced/langs/en.js" type="text/javascript">
m marido muito mais rico * src="includes/tiny_mce/themes/advanced/langs/en.js" type="text/javascript"> do que o dela. – Lucius riu, mais para si mesmo do que para a esposa.


            - Você está louco! Acha mesmo que esse tipo de futilidade pode ultrapassar o meu amor pela minha irmã? – narcissa revirou os olhos. – Eu realmente não te conheço, pobre Bellatrix,  falando assim não imagino o que ela sofreu nas suas mãos.     


            - Ah, e sua irmã é uma santa...


            - Perto de você, sim. E não venha tentar manchar a imagem dela comigo, não vai tirar a sua culpa.


            - Tudo o que eu digo, Cissy, é que Bellatrix não é nada menos do que inesquecível. Então...Ela também tem sua parcela de culpa, quem mandou ser tão boa de...


              - Não termine essa frase. Não tente justificar sua segunda visita ao quarto dela dizendo que foi inesquecível, não sei como pode gostar de estar com uma mulher que quer lhe matar, forçando-a...


            - Eu estava tentando justificar a primeira, dear. Porque você está certa, é bem melhor quando não há luta, talvez minha idéia fosse essa para aparecer lá uma segunda vez. – outra bofetada.


            - Merlin, você é nojento. E o que diabos você quer dizer com justificar a primeira vez? Você nunca antes havia...- Narcissa parou, finalmente juntando as peças daquele quebra-cabeças medonho. – Não...


            - Eu disse que ela também não era santa. Não posso dizer que ela te traiu, porque nós nem namorados éramos ainda, mas que ela mentiu para você a sua vida toda, é, sim. – a expressão vitoriosa dele chegava a fazê-la desejar matá-lo. – Nós fomos amantes, eu tive Bellatrix nos braços talvez mais vezes do que o próprio Rodolphus. Eu sempre soube que deveria me casar com uma Black, então eu fui primeiro na que estava a meu lado, monitorando corredores escuros comigo.


            - You bastard. E você diz isso na minha cara? Que eu fui seu premio de consolação? Porque conhecendo a Bellatrix foi ela que te deu um fora, não foi? Por isso tanta raiva guardada, tanta vontade de machucá-la.


            - Talvez, Cissy. Mas já que eu sou um tremendo filho da puta, porque é isso que você está pensando eu vou te dizer tudo o que me fez estuprar aquela vagabunda.


            - Não se refira a ela assim.


            - Tentarei me conter, mas... Bellatrix me deu algo que nem mesmo você deu: a virgindade. Eu fui o primeiro a tocar nela, aos quinze anos, porque eu sei do pequeno caso que você teve com o Snape, Narcissa. Mas  muito antes de Rodolphus, ao do próprio Lorde das Trevas, ela foi minha, e ela já era muito boa na cama, sabe, sua irmã nasceu pra isso! E não se preocupe, isso foi um elogio, continuando, isso desperta um sentimento de possessão, acho que você entende. Eu queria sim um dejá vù e ela me negava, mas ela dormiu com o Black e eu não pude agüentar mais, precisava reviver tudo aquilo e já que ela não quis por bem, foi por mal mesmo. E no natal, bem, não vou negar que foi vingança porque ela deixou aquela maldita cicatriz lá pra um dia poder provar algo contra mim. Humph, muito mais fácil alguém acreditar que foi mais uma das perversões dela com o Lorde das Trevas, mas mesmo assim.


            - É, pelo jeito você não se arrepende de nenhum segundo.


            - Não, Narcissa, eu não me arrependo de nada que eu fiz na vida, você deveria saber disso. Mas não se preocupe, eu não tocarei mais na sua irmã, não sou louco, agora o dono dela voltou e é bem capaz de acabar comigo, por que acha que ela mudou da nossa casa? Ele me quer longe dela e fará tudo pra isso, você está fora de perigo e ela também.


            - A vontade que eu tenho é de me separar de você. Você está completamente obcecado por ela, eu posso ver.


            - Não mais, ela perdeu a graça agora que pode me custar uma tortura. – mentiu ele, ainda parecendo muito convincente. No fundo, Narcissa sabia que ele seria capaz de fazer tudo de novo, mas não admitiria nem para si mesma.


            - Acha que eu vou te perdoar, não é?


            - Sim, porque você me ama, e eu também te amo. E você não é do tipo de mulher que se separa...


            - Bela maneira de demonstrar que me ama.


            - Tudo isso com Bellatrix não envolve amor.


            - Eu bem vi naquela festa.


            - Eu estava bêbado, é você que eu amo. – ele tentou tocá-la, mas ela se levantou, sem ver a expressão dele que delatava claramente que nem ele acreditava nas próprias palavras.


            - Adeus, Lucius.


Flashback off.


 


 


            - Viu, você está fora de perigo e continua sendo a mais adorada das mulheres. Todos os homens que um dia te tiveram querem fazê-lo de novo. Você é a rainha, sis. – as palavras de Narcissa saiam com mágoa, até mesmo ódio.


            - Oh, agora eu sou a culpada? Merlin, é exatamente o que o Lucius te disse: o fato de ser eu te irrita mais do que o que ele fez. Vocês realmente se merecem. – Bellatrix bateu palmas.


            - Ah, assim como você e o seu adorado amante. Me pergunto se o Lorde as Trevas não tivesse te escolhido como concubina você teria realmente rejeitado o Lucius. Teria? Ou eu estaria sendo consensualmente traída? Porque ser a força não muda o fato de vocês terem me traído e, sim, consensual teria sido muito pior. – Draco estava chocado, sabia que os ânimos estavam alterados, mas não precisavam chegar a tanto, elas precisavam se acalmar, antes que pudesse dizer “Mãe” ele viu sua tia dae a bofetada mais forte que ele já havia presenciado no rosto de sua mãe.


            - Merlin. – ele suspirou, vendo Narcissa cambalear.


            - Eu entendo que você esteja sofrendo, mas eu não vou permitir que você fale tudo o que vem à sua boca! Para a sua informação, eu rompi com o Lucius muito antes dele começar a te cortejar! Muito, Narcissa! E eu não te contei porque pra mim não era importante! Essa mágoazinha infantil tem que parar, nós não estamos mais em Hogwarts competindo por popularidade!  A minha vida foi muito mais fodida do que a sua! Eu posso ter sido, como você diz, o Sol que te ofuscava aos 18 anos! Mas depois eu me apaixonei por um homem que nunca vai me amar, tive que abandonar minha própria filha, passei anos na cadeia e ainda fui estuprada pelo meu cunhado. Você casou, teve um filho, foi feliz e na primeira adversidade se rende?  Está com raiva e quer descontar em mim? Ok, do it! Porque eu prefiro ver você dizer que a culpa é minha do que se enraivecer pelos motivos fúteis nos quais você esta se apoiando! – Bellatrix só soube o que era respirar depois que jogou tudo em cima da irmã. Estranhamente Voldemort se sentiu desconfortável quando ela se referiu a ele daquela forma.  – Eu tentei te proteger a vida toda, é hora de parar. Encare os fatos: Dessa vez você não daria nada para estar no meu lugar.


            Narcissa deixou-se então chorar. Toda a mágoa que ela tinha em relação ao marido ela estava descontando na irmã, porque por algum motivo horrendo ela esperava mais de Lucius do que da própria irmã. Melin, será que aquela lutinha idiota por popularidade entre as duas no passado a havia deixado tão louca que agora na primeira verdadeira luta ela se abrigava nisso para não ter que sofrer de fato.


            - I’m sorry, eu estou me tornando a cadela que você costumava ser. Sempre achando que meus problemas são maiores do que os dos outros, que estão tentando tomar o meu lugar...


            - Obrigada pela parte em que me toca. – Bellatrix riu e a irmã a acompanhou. – Somos duas vadias, isso é um fato, você é a apenas a versão menos cruel de mim mesma, eu mereço, acho... E é a sua sina, é minha irmã mais nova, deve me imitar. – mais risadas.


            - A vida te mudou, agora está tentando fazer o mesmo comigo. – disse Narcissa, passando a mão pelos cabelos. – A verdade é que eu não queria admitir o quanto isso mexeu comigo, eu não suporto imaginar o que você passou nas mãos do Lucius, é terrível demais, tão terrível que é preferível parecer uma tonta que só pensa em coisas ridículas e fúteis. Ele é meu marido, você é minha irmã e isso tudo é tão insuportável.


            - Eu ficarei bem, Cissy. Você tem que cuidar de você e do Draco. Apenas. – o dito cujo se sentia muito feliz com os ânimos acalmados. Não gostava de ver a tia e a mãe discutindo. Elas se amavam mais do que podiam admitir afinal.


            - Agora vocês duas vão se abraçar e chorar? – ele perguntou, divertido.


            - Não, Draco. – respondeu Bellatrix. – Irmãos, coisa que você não entende, não se abraçam e choram, eles simplesmente voltam a se falar. – mais risadas. – Mas eu acho que você devia levar sua mãe pra casa, ela está cansada e provavelmente com uma tremenda dor de cabeça uma vez que eu sei que ela bebeu mais uísque de fogo noite passada do que em todas as festas que ela já foi na vida.


            - Culpada. – disse a loira, rindo um pouco, minimizando a expressão pesada. Draco se aproximou dela, passando a mão por seus ombros.


            - Então eu vou levá-la pra casa e cuidar dela, essas coisas normais.  – disse Draco.


            Narcissa sorriu parar o filho, que se aproximou e beijou-lhe a face delicadamente.


            - Fico feliz que esteja bem. – ele disse após o carinho. – Ao menos fisicamente. – completou, triste.


            - Psicologicamente muito melhor do que se seu pari tivesse tentado me enganar mais uma vez, believe me. – Narcissa sorriu para ele e foi sua vez de beijar-lhe o rosto. – Você vai entender, como eu há pouco entendi.


            Draco assentiu, conseguia entender em parte o que a mãe queria dizer: Negar seria a prova de que Lucius pensava ter sempre plenos poderes sobre Narcissa, como ele próprio disse em ameaças à Bellatrix, seria o atestado de que na mente dele ela não era mais do que uma tola facilmente manipulável.


            - Bom, acho que nós estamos de saída. – disse Narcissa, dirigindo-se
à Bellatrix e Voldemort. – A não ser que milorde...       


            - Não, Narcissa. Não preciso de nada relacionado a vocês, pelo menos por hoje. – respondeu o Lorde, antes mesmo que ela pudesse terminar a pergunta. – Mas quando precisar, esteja certa de que lhe informarei.


            - Como desejar, milorde. – ela fez uma reverência, voltando a sua antiga educação em relação a ele. Depois de tudo que descobrira nas últimas vinte e quatro horas sobre o marido, não tinha muita moral para falar algo sobre Voldemort, seria hipocrisia. - Creio que vá se despedir de Melinda, não, meu filho? – ela se virou para Draco.


- Bom, se eu puder... Ela estava estudando. – o loiro olhou para Voldemort, esperando por uma permissão ou, quem sabe, uma censura.


- Seja rápido, Malfoy. – foi a permissão que veio no segundo seguinte, causando um sorrisinho tímido no canto dos lábios de Draco.


Voldemort sabia que não havia nenhuma necessidade de causar tensões com Melinda, que não ficaria nada contente em saber que Draco fora embora sem se despedir, por uma coisa tão boba. Dois minutos. Era o que Draco certamente levaria após o aviso de “seja rápido”, ou seja, não atrapalharia muito. Muito menos do que um possível estresse com Melinda.


- Eu serei, milorde. Obrigado, com licença. – ele subiu as escadas rapidamente – temendo, talvez, que o Lorde mudasse de idéia.


Estando tão compenetrada em seus estudos, a jovem Melinda quase teve um infarto quando o namorado depositou um suave beijo em seu pescoço exposto pelo cabelo preso em um coque.


Ela se virou rapidamente, com a mão no peito, a respiração acelerada e também o coração.


- Draco! – ela praticamente gritou face ao susto. – Você quase, espere, o que você está fazendo aqui? – ela tentava se acalmar ao falar.


- Ele deixou que eu viesse me despedir de você, sabe, eu e a mamãe estamos indo pra casa...


- E como ela está? – ela se levantou e apoiou as mãos no peito dele. – Ouvi quando ela chegou, mas meu pai não me deixou ir ver.


Draco encolheu os ombros como quem dizia “Não sei.” E sorriu triste de canto.


- Ela aparenta estar melhor, mas não sei, creio que esteja muito pior por dentro do que tenta aparentar...


Melinda sorriu para ele e tocou o rosto dele, que segurou sua mão enquanto esta o acariciava.


- Eu preciso ir, o Lorde me disse que eu devia ser rápido, não quero nenhum tipo de desentendimento com ele. – ele disse, mudando o tom triste para um levemente amedrontado. Desentendimentos com Voldemort não pareciam o melhor dos programas.


- Meu pai pode ser bem persuasivo, huh? Convencer-te a ser rápido quando estamos juntos é um feito. – ela riu, cínica, como se realmente acreditasse que para Voldemort aquilo fora algo complicado.


Draco riu do comentário dela, Melinda e seu cinismo... Inseparáveis, quase tanto quanto ela e o próprio sarcasmo. Puxou-a delicadamente pela nuca, deixando os lábios em um quase contato.


Ela mordeu o lábio inferior, não para provocá-lo e sim para segurar a vontade que sentia de beijá-lo. Aqueles dias não haviam sido exatamente o que eles haviam planejado antes, em Hogwarts. Contudo, eles ainda teriam um tempo considerável até o fim das férias para realizarem suas pretensões.


- Ele tem seus meios. – disse Draco, fazendo-a lembrar de que estavam falando sobre seu pai.


Ela balbuciou algo confirmativo em resposta e sorriu para ele, que diminuiu o espaço entre os lábios e tocou os seus nos dela suavemente, quase como apenas uma brisa, para depois ir aumentando lentamente a fricção, até finalmente trilhar o lábio inferior dela com a língua, pedindo passagem. Melinda sentira falta dos lábios dele, mais de vinte e quatro horas sem beijá-lo, muito. Pelo menos para ela.  Agarrou-se no pescoço e nos cabelos loiros dele, sentindo as mãos firmes dele apertarem sua cintura quase dolorosamente contra seu corpo.


O encontro das línguas fez o dois suspirarem, descarregando toda a tensão do último dia.


Por mais sedentos que estivessem pelo outro, eles mantinham um ritmo calmo perfeito para uma despedida como aquela. Não sabiam quantos dias ficariam sem se ver.


Melinda puxou um pouco os cabelos da nuca dele enquanto o loiro acariciava sua cintura com delicadeza por debaixo da blusa. A luxúria ficara abafada no peito para dar lugar apenas ao amor.


Eles se separaram lentamente, tendo os olhos do outro como principal foco.


Algo os dizia que aquela despedida tinha se tornado especial por algum motivo desconhecido e isso os angustiava. Dava a impressão de que algo ia acontecer logo, algo abalador.


- Preciso mesmo ir, prometi que seria rápido e... – Melinda colocou os dedos sobre os lábios dele, que fechou os olhos.


- I love you. – ela disse o que seu coração gritou para que ela dissesse.


- Me too. – ele sorriu e beijou-lhe levemente os lábios de leve. – See you soon.


- I hope so.  – ela retribuiu o sorriso e foi com ele até a porta.


Draco mandou um beijo que ela fingiu, rindo, pegar no ar. Os dois ainda sentiam uma estranha angústia, mas tentavam esconder.


Ao fechar a porta, Melinda recostou-se na mesma, segurando contra o coração o beijo que pegara de Draco. Merlin, ela daria tudo para entender porque se sentia daquela forma. Ele, já indo embora com a mãe, também.




Voldemort ficou parado atrás de Bellatrix assim que Narcissa e Draco saíram, ele precisava, ele queria conversar com ela sobre algo, contudo os dois ficaram no mais absoluto silêncio. Pelo menos até que ele decidisse ir ensinar Melinda e dizer o que tinha que dizer apenas depois.


- Tenho que terminar a aula da Mel, mas... – as palavras dele chamaram a atenção da morena, que se virou. – Preciso falar com você depois.


Bellatrix preferia não perguntar sobre o que, ele provavelmente não diria também.


- Ok... – ela se levantou. – Estarei no quarto. – ela ia subir as escadas quando sentiu a mão dele firme em seu braço.


Ele beijou-a de leve e, sem dizer uma palavra, subiu as escadas primeiro e dirigiu-se à biblioteca.


Bellatrix tocou os próprios lábios e fechou os olhos, não entendia o motivo daquele beijo num momento tão tenso, mas gostara. Fazia tudo parecer mais fácil, pois dava a impressão de proteção.




Mansão Riddle – No começo da noite


 


Depois de uma manhã tão agitada e problemática, Bellatrix agradecia a Merlin por ter tido uma tarde bem tediosa.


Voldemort ficara a tarde toda trancado com Melinda na biblioteca, saindo de vez em quando para buscar algum ingrediente para poção. Ela se lembrava de quando era ela quem passava horas naquela biblioteca aprendendo os mais proibidos feitiços, a mais complicadas poções. Tal lembrança a fez sorrir.


Ela estava sentada na penteadeira, passando a escova delicadamente pelos cabelos compridos.


Passara a tarde toda lendo, passatempo que fez sua tarde parecer muito mais curta. O livro acabara e agora que ela estava sem o que fazer, pentear os cabelos parecia atraente.


Voldemort entrou silenciosamente no quarto, vendo-a através do espelho da penteadeira, distraída com os próprios cabelos.


Se aproximou lentamente, ainda admirando-a. O motivo que o levara a querer conversar ainda pulsava em sua mente mesmo tantas horas depois, mas para conversar, ele teria que se fazer notar.


Aproveitando que ela afastara os cabelos para penteá-los, ele beijou a região próxima à orelha dela, o que fez a morena derrubar a escova no chão de susto.


- Merlin! – ela ofegou, segurando-o pelo pescoço para puxá-lo quase inconscientemente para mais perto.  – Não o vi entrar.


- Eu percebi. – ele sussurrou na orelha dela e mordeu o lóbulo, puxando-o um pouco entre os dentes. – Tão ocupada penteando os cabelos...


Ela riu e olhou a si mesma no espelho a sua frente, enquanto ele também a admirava e mexia em seus cabelos.


- Não que eu esteja reclamando... – ele inalou um pouco do perfume que os cabelos dela exalavam. – Porque eu sei que no fim... – Voldemort segurou a cintura dela, puxando a mulher para que se levantasse. Colocada em pé como ele, ela sentiu-o puxá-la para mais perto de seu corpo. - Eu sou o mais beneficiado com sua extrema vaidade.


Ela riu e se virou para ele, suas mãos trilharam delicadamente o caminho dos ombros até a nuca dele, aquele beijo tão rápido de horas antes deixara-a com vontade, ela queria mais, muito mais.


Apertou a nuca dele com suavidade, trazendo seu próprio rosto para mais perto do dele. Voldemort acariciou a cintura dela enquanto acabava com a distancia entre o corpo dela e o seu. O contato do corpo dela, do calor das mãos dela, quase o fez desistir de conversar alguma coisa e responder aos pedidos de seu corpo, apenas tomá-la para si. A cama parecia tão tentadora, mas ele era mais forte. Sempre. Não que depois de do fim da conversa ele não pudesse ceder a certos instintos, isso se eles não brigassem.


Bellatrix encostou os lábios nos dele, devagar, aproveitando.The Dark Lady – como alguns ironicamente a chamavam - sabia bem como desfrutar de seus momentos com o Lorde pois estes se tornariam cada vez mais escassos à medida que a Segunda Guerra Bruxa tomasse forma e gravidade, ela sabia.


Voldemort não negaria um beijo, aliás era uma boa forma de começar o assunto que estava por vir. Ele subiu uma mão para as costas dela, trazendo-a ainda mais para si enquanto trilhava os lábios dela com a língua, pedindo passagem.


Bellatrix abriu um pouco a boca, concedendo a passagem que ele pedia. As línguas se tocaram delicadamente à primeira vista, massageando-se mutuamente, enquanto as mãos de seus donos deslizavam pelos corpos.


O beijo foi adquirindo ritmo, sensualidade, avidez, como Voldemort e Bellatrix tanto gostavam quando estavam juntos. Para eles, nada estaria bom o suficiente enquanto o calor dos corpos e do ambiente não chegasse ao máximo.


  A bruxa empurrou Voldemort para a cadeira da penteadeira e se arrumou sentada de frente no colo dele, sem perder o contato dos lábios e das peles. A forma como ele subiu a saia do vestido dela, ainda durante o beijo, e acariciou sua coxa a fez arrepiar, permitindo-o sentir.


A força de vontade do Lorde martelava em sua mente, lembrando-o da pergunta que ele devia fazer a ela antes que as coisas tomassem um rumo fora de controle. Não apenas naquele quarto, naquela situação, mas no resto das vidas deles.


- Você é feliz? – foi o que ele perguntou após afasta-la bruscamente de si, segurando-a firmemente pela cintura a bons e seguros centímetros de seu corpo, ainda que ela permanecesse sentada em seu colo.


- O quê? – a confusão ficou evidente no rosto dela, um pouco rosado pela intensidade das carícias.  Ela mordeu o lábio e franziu o cenho, apoiando as mãos nos ombros dele.


- Sim ou não? – ele afrouxou um pouco as mãos na cintura dela, que relaxou e apoiou as mãos nos ombros dele.


- Of course, mas por que a pergunta? Ainda mais nesse momento? – uma mecha do cabelo dela escorregou do lugar e ficou nos olhos da morena. Ela ia colocar de volta atrás da orelha, mas sentiu a mão dele fazer isso por ela primeiro.


- “A minha vida foi muito mais fodida que a sua...” “Eu me apaixonei por um homem que nunca vai me amar.” – Voldemort viu Bellatrix fechar os olhos e suspirar mais profundamente ao passo que ele citava suas próprias palavras na discussão de horas antes com Narcissa.


- Não leve a sério. – ela cortou-o, algo que até ele estranhou que ela tivesse feito. – Eu estava usando a percepção que a Cissy tem das coisas, para ver se ela parava de falar besteiras. Eu não estava reclamando, ou me arrependendo, por mais que possa parecer.


- Está certa disso? – ela ia falar, mas ele a cortou. – Bellatrix, nós precisamos deixar isso muito claro agora porque eu não quero, eu não posso ter você magoada comigo daqui pra frente. És minha melhor tenente e... – os dedos dela em seus lábios fizeram-no se calar.


- E quando a nova guerra estourar, e ela logo vai, precisará de mim e não pode arriscar que eu não me dedique ao máximo como Comensal por algo relacionado a nosso relacionamento pessoal. – ela completou como achava que seria o fim da frase e viu Voldemort, levemente impressionado, mas ainda sério, assentir. – Não se preocupe. Eu sempre me dedicarei ao máximo, não vou me magoar. Em dezoito anos não me magoei com o fato de que nunca seria correspondida, não será agora. 


Ele a olhou nos olhos, ainda um pouco desconfiado.


- Bella, meu maior receio desde o começo era que nossa relação pessoal a afetasse de modo que comprometesse seu rendimento como Comensal...


- A inexistência de nossa relação afetaria muito mais do que algum problema nela, sabe por quê? Porque eu nunca fui tão feliz em toda minha vida, e ser privada disso é algo que creio não poder agüentar. – ela acariciou os ombros e o pescoço dele. – Eu tive uma idéia de como seria isso quando ficamos separados nas semanas passadas.


- Pensei que na sua cabeça você estaria traindo a si mesma se voltasse para mim e não que ficar longe era tão terrível assim, ou estou errado? – ele tinha um leve tom de acusação que a fez rir.


- Não, mas eu nunca disse que meu coração concordava com a minha cabeça. – ela sorriu e beijou-o rapidamente nos lábios, afastando-se só o suficiente para poder falar: “Razão e emoção nunca se deram muito bem, sabe”.


Voldemort assentiu, percebendo que ela já estava realmente conformada com a idéia de que ele não se deixaria ser capaz de amar. Como ser humano, ele tinha tal capacidade, mas ele havia negado tal regalia a si mesmo com medo de que pudesse interferir em seus planos e, talvez, ele estivesse certo. Se ele não tivesse a fama de não amar ninguém, sua relação com Bellatrix poderia ter se voltado contra ele quando a Ordem da Fênix descobriu sobre eles – fato que, quando relatado por Snape, o fez rir imaginando como a Ordem estaria estarrecida por ter uma informação tão chocante e inútil ao mesmo tempo.


- Então você se to * src="includes/tiny_mce/themes/advanced/langs/en.js" type="text/javascript"> rnou adepta da ideologia de me amar o bastante por nós dois, pelo o que vejo... – ela sentiu uma ponta de sarcasmo na voz dele, mas deixou passar.




- Não vejo o porquê da surpresa, afinal eu sou adepta dessa ideologia há mais de uma década e meia...


Realmente, ele não estava surpreso e o esclarecimento das coisas fora ótimo, afinal dali para frente cobranças não teriam mais lugar, pelo menos em teoria. Mas a teoria poderia ser suficiente por um tempo.


O recomeço do beijo e das carícias, seguido por um movimento de varinha que trancava a porta, foram a prova para Bellatrix que o clima de tensão finalmente chegara ao almejado fim e que ela poderia desfrutar de uma boa noite após um dia tão tenso como aquele.




Mansão Malfoy – Semanas depois.


 


Após uma manhã cheia revistas do Ministério, Draco finalmente podia descansar sentado na poltrona que outrora era ocupada por seu pai na Mansão Malfoy. Voldemort cada vez o chamava para as reuniões com os Comensais da Morte e a ação dos ditos cujos era cada vez mais evidente no mundo bruxo e no trouxa.


Desaparecimentos eram absurdamente freqüentes de modo que o governo dos trouxas se tornara incapaz de explicar, causando pânico. Entretanto, o Ministério da Magia fora ainda mais incompetente, porque com as medidas preventivas que adotara para tentar evitar pânico, apenas o piorara. Fudge estava ameaçado em seu cargo, e boatos corriam de que já havia sido escolhido seu sucessor.


Draco pensava em como ele mesmo logo se tornaria um Comensal da Morte, Voldemort o escolhera e dissera que tinha uma missão muito importante aguardando por ele. O quão importante? Era o que Draco indagara a si mesmo durante toda aquela maldita manhã.


Naquele exato momento, pelo menos segundo Melinda, os Comensais da Morte estariam se preparando para um pequeno “passatempo”, que era como eles chamavam assustar os trouxas. Também segundo a namorada, seria uma coisa grande. Ele poderia ter pedido para ir, mas como duvidava que Voldemort permitiria que algum outro não-comensal além de Melinda fosse, ele preferiu não incomodar o sogro, que logo seria seu chefe  – bem esperto, ele. 


Na verdade, o que mais matava Draco era a curiosidade. Melinda não ajudara nada dizendo que seria algo grande e que ele descobriria nas primeiras horas do dia seguinte, porque ele queria ainda mais que as tais horas chegassem.




Mansão Riddle – Naquela mesma hora


 


Os Comensais que sairiam para se “divertir” já estavam quase todos no hall da Mansão, todos excitados com a idéia de ter carta branca por parte de Voldemort para bagunçar o mundo trouxa, eles adoravam aquilo.


Voldemort apenas observava todos planejando o próximo movimento, morrendo de rir ao imaginar o medo, o terror dos trouxas nojentos.


Bellatrix, milagrosamente, não era a única mulher presente. Alecto Carrow decidira se juntar ao passatempo Comensal uma vez na vida. Apesar de adorar assustar os trouxas, ela ainda tinha receios sobre ser pegar por aurores, mas, ao que parecia, o irmão a havia convencido de que algo surpresa assim não chegaria aos ouvidos mal treinados do Ministério.


Além de Bellatrix e Alecto, mais uma mulher se uniria ao grupo: Melinda. Muitos Comensais tinham receio de que ela atrapalhasse por ainda não poder aparatar e ser mal treinada em duelos e feitiços, resumindo: por ser jovem demais.


- Meus queridos colegas acham que a nossa filha vai nos decepcionar hoje. – disse Bellatrix a Voldemort, baixo o bastante para que apenas os dois pudessem ouvir.


- Ah, e por quê? Eles te disseram? Não fiz questão de vasculhar mentes hoje. – Bellatrix riu do comentário dele e bebericou o uísque de fogo antes de responder.


- Porque ela é muito jovem, sabe poucos feitiços, não sabe aparatar...


- Tão enganados. – Voldemort pegou o uísque dela e deu um gole, para depois devolver às mãos dela. – Ela é uma aluna fora de série, melhor até do que você foi. – Bellatrix o olhou de canto de olho, visivelmente enciumada.


- Pensei que eu tivesse sido outstanding...


- E foi, mas ela tem o meu sangue... Aprendeu a aparatar mais fácil do que eu podia imaginar. – Bellatrix engasgou com o uísque.


- Você a ensinou a aparatar? – ela parecia totalmente descrente.


- Sim, não que ela vá poder tirar a licença antes dos outros porque ela é mais nova, mas saber é sempre bom.


Bellatrix assentiu e eles ouviram barulho de saltos tilintando na escada: Melinda, é claro. Os dois olharam na direção da escada e viram-na descer vestindo uma calça apertada, botas e um corpete todos de couro preto. A blusa por debaixo do corpete era de renda, para combinar com a tarde de verão, e ela colocava uma capa de um pano muito mais leve do que o usual veludo nos ombros.  Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, bem prático e não atrapalharia, assim como a roupa, tudo muito bem pensado.


- Eu demorei muito? – ela perguntou, quando se aproximou dos pais.


- Não, Melinda, ainda faltam alguns Comensais. – respondeu Bellatrix. – Bela roupa, alias.


- Sabe... – ela apontou pro corpete, imaginando ser a peça que a mãe mais gostara, mesmo pensamento que teve quando comprou o mesmo. - Uma blusa que fica escorregando e saindo do lugar não me pareceu atraente. Sinceramente não sei como você consegue lutar de vestido.


- Mel, não haverá luta. Trouxas...


- Mas e os aurores? Eles podem aparecer e não fuja do assunto, você sempre luta de vestido comprido.


- Costume. – foi a resposta de Bellatrix.


- Ta e você e não é nada foda, sei. – a jovem ironizou e fez a mãe rir, tamanha admiração chegava a ser bonitinha. – Eu me enrolaria, apesar de ser um visual lindo.


- Um dia te ensino e não tropeçar e se enrolar. – Bellatrix piscou para a filha, que sorriu.


- Muitos Comensais novatos... – Voldemort chamou a atenção das duas. – Ficam nervosos antes de sair pela primeira vez, talvez você queira algo para relaxar... – um floreio de varinha dele fez um copo se encher de uísque de fogo e vir para suas mãos. Ele estendeu a bebida à filha, que o olhou chocada. – Não se faça de inocente, eu sei que você bebe. Eu bebia na sua idade, sua mãe bebia, você foi pega numa festa cheia de bebidas em Hogwarts. Vai, pega logo.


A garota pegou o copo, ele estava lhe oferecendo uísque de fogo na frente de tanta gente. Ela esperaria de Bellatrix, mas dele... Provavelmente não, ela sempre achara que ele tentaria manter as aparências.


- Merlin, como eu adoro vocês! Eu vou sair pra aterrorizar trouxas, to bebendo uísque de fogo na frente dos meus pais e não vou ficar de castigo pro resto da vida. – ela bebeu o uísque como um adulto, sem nem mesmo careta. – Adoro perigo!


- Eu também sempre adorei. – Bellatrix bateu o seu próprio copo no da filha e riu.


Um projeto de sorriso se formou no canto dos lábios de Voldemort, o que era demais em público.  


A porta da Mansão e os poucos Comensais que faltavam chegaram, pedindo desculpas a Voldemort pelo atraso, um deles era o famoso Fenrir Greyback. Melinda ficou boquiaberta ao ver o famoso Lobisomem ali.


- Ele é Comensal? – ela se virou a Voldemort, que assentiu.


Fenrir se aproximou deles e reverenciou Voldemort.


- Milorde, fico honrado de poder me juntar aos Comensais nesta missão, se assim podemos chamar tal prazer. – ele levantou-se da reverência e fez um aceno de cabeça para Bellatrix, que retribuiu o comprimento com um aceno muito menor. Depois, ele se virou para o lado e viu uma versão miniatura de Bellatrix que o olhava um pouco abismada.


- Você deve ser a princesa das trevas, como ouvi alguns a chamarem. Melinda Richards Zabini, a jóia escondida de Lord Voldemort... – disse Greyback, analisando a garota, que mantinha a mesma pose de superior dos pais.


- E você é Fenrir Greyback, Lobisomem, não que precise disso para atacar os outros...


- Prazer em conhecê-la, garotinha esperta. – ele notou uma ruga de descontentamento no rosto dela ao chamá-la de “garotinha”.


- Eu digo o mesmo, mas me certificarei de que deixará seus dentes bem longe do meu pescoço. – ela respondeu, com certa arrogância na voz.


Greyback riu de forma macabra, parecendo realmente ter se divertido com a resposta da jovem bruxa.


- Bem se vê que é sua filha, Bellatrix! Tem o mesmo gênio forte, não que isso seja ruim é claro.


Bellatrix assentiu. Fenrir podia ser bem bajulador, uma vez que ele queria entrar para o círculo íntimo de Voldemort a todo custo.


 - Creio que agora que já estão todos aqui, vocês possam ir. – disse Voldemort, alto o bastante para todos ouvirem.


- Concordo plenamente, meu pai. – se pronunciou Melinda. – Eu não sei vocês, gentlemen, mas eu quero derrubar uma ponte ainda hoje. – apesar dos receios em relação ás habilidades mágicas dela, os Comensais apreciaram o entusiasmo de Melinda e até acharam graça no comentário dela.  


Eles murmuraram coisas em concordância e os que bebiam terminaram suas bebidas, incluindo Melinda e Bellatrix. Todos se despediram de Voldemort e saíram pela porta da frente da Mansão Riddle, cantarolando animados com o “passeio”.




Mansão Malfoy – No dia seguinte.


 


Draco acordara havia pouco tempo, estava sentado na mesa de café com sua mãe, ainda curioso sobre a saída dos Comensais da Morte na noite anterior. Damn, ele queria logo saber. Mas como será que ele saberia?


- Madame Malfoy... – uma elfo doméstica interrompeu o café da manhã deles, de cabeça baixa um pouco envergonhada.


- Sim... – Narcissa virou-se para ela.


- Tem uma visita... A Srta. Zabini...


- Oh, deixe-a entrar logo, não precisa anunciá-la. – pronunciou-se Draco, impaciente.   


- Eu não esperaria ela ir lá me chamar de qualquer forma. – Draco ouviu Melinda falar da porta da Sala de Jantar. – Bom Dia, tia Cissy.


- Bom Dia, Melinda.


Draco já pulara da mesa e fora cumprimentar a namorada quando a mãe respondeu.


Melinda deu um selinho nele e sorriu, estendendo-lhe o exemplar do Profeta Diário que ela achara no hall.


- Acabou de chegar, leia.


O jovem olhou para o jornal e logo na primeira página viu uma notícia que o deixara boquiaberto. Então era sobre isso que Melinda estava falando: ele saberia pelo Profeta Diário, pois era algo realmente grande óbvio.


- Oh my fucking Merlin! – ele exclamou. – Vocês derrubaram uma ponte? – Narcissa engasgou com o chá ao ouvir as palavras do filho, que já arrastava Melinda para sentar-se à mesa. - Me conta agora! Quero detalhes.


A jovem se acomodou, com um olhar que mostrava como ela claramente partilhava da mesma animação macabra dele.


- Sim! Draco foi tão divertido! Lançamos feitiços em nós mesmos para que os trouxas não nos vissem. Derrubamos a ponte deles em plena luz do dia e eles nem se deram conta de onde veio ou o que os atingiu! E o melhor era que os outros Comensais ficaram achando que eu ia atrapalhar e, na verdade, eu ajudei. Sabia praticamente os mesmo feitiços que eles e, ah, eu conheci Fenrir Greyback. – Narcissa engasgou mais uma vez.


- Você o que, Melinda? Conheceu...


- Fenrir Greyback, o lobisomem. Um bajulador, mas bom Comensal, pensei que soubesse que ele era Comensal.


- Sim, eu sei, mas nunca pensei que alguém gostaria de conhece-lo, é bem desagradável. – Narcissa demonstrava o desagrado na voz. – Geralmente o círculo íntimo de Voldemort não o convida para a “diversão”.


- Não costumavam, mas parece que meu pai sugeriu que o fizessem, sabe, ele quer o apoio dos Lobisomens. – Melinda bebeu um pouco do chá que lhe acabara de ser servido.


- Mas Mel, você não veio só me contar, né? Eu saberia pelo Profeta. – Draco sorriu para ela, que negou, fazendo-o sorrir mais ainda.


- Na verdade, vim te visitar e trazer um recado do meu pai. – Draco arregalou os olhos, animado e Narcissa não conseguiu conter um tremor por todo o corpo, morria de medo daquele repentino recrutamento de Draco.


- Que recado? – perguntaram mãe e filho em uníssono.


- Ele quer ambos em nossa casa hoje à noite, às oito, parece que é hoje, Draco! Ele vai...


- Me marcar... – o garoto quase pulou de alegria quando a namorada confirmou suas suspeitas.




Mansão Riddle


 


Voldemort e Bellatrix estavam à mesa, começando a tomar café da manhã. O lugar de Melinda estava bagunçado, mas nenhum dos dois a havia visto. Ficaram sabendo por um bilhete que ela saíra muito cedo para visitar os Malfoy, aproveitando a chance de saber aparatar após exaustivas semanas de treinos.


Voldemort dera instruções na noite passada a ela para avisar os Malfoy da reunião que teriam à noite, mas nunca imaginaria que ela o faria tão cedo. Exageradamente competente e eficiente quanto a mãe. 


- Parece que eu dei asas a uma cobra. – comentou ele, colocando o bilhete sobre a mesa.


- Quase literalmente. – disse Bellatrix, rindo. – Acho que esse é o medo do Ministério em dar a licença para menores de idade, eles não param em casa ou em lugar algum. Falando nisso, ela realmente sabe aparatar com precisão? Não vai deixar pedaços em algum lugar? – a pergunta era um misto de sarcasmo e deboche que tentavam esconder a verdadeira preocupação dela.


- Ela sabe aparatar quase perfeitamente. Em algumas ocasiões terá que tentar mais de uma vez, não vai sair ilesa, mas inteira com certeza. Apenas sentirá enjôos freqüentes no começo. Mas depois que acostumar, tudo isso passa. Como foi com nós mesmos. – Bellatrix concordou. 


- Bella, mudando de assunto, você teve notícias da sua outra filha?


Bellatrix pousou a xícara na mesa, não entendendo bem o motivo da pergunta e procurando uma forma correta de responder à mesma.


- Sim, Narcissa fez questão de me dar as notícias. Parece que Hilary foi à Mansão Malfoy na noite em que nós discutimos e minha irmã sumiu. Não encontrou ninguém, mas deixou um bilhete dizendo que pegara algumas de suas coisas e passaria as férias na casa do Diggory, aquele namorado dela, e que provavelmente voltaria apenas no final das férias.


- Eu não esperaria menos, depois de tudo o que aconteceu ela deve querer manter-se longe. – disse Voldemort e ela concordou.


- Se ela for esperta, só voltará para pegar o resto de suas coisas. Tem o risco de encontrar a Melinda por lá e não será um encontro amigável. Mas ela parece a Cissy, então as saudades da tia-mãe falarão mais alto e ela fará besteiras. – Bellatrix revirou os olhos.


- Emoção nunca deve ser levada em conta, não dá certo...


- Definitivamente não, mas algo me diz que as emoções dela farão com que ela faça muita idiotice ainda. - Bellatrix demonstrava toda a vergonha na voz, ela sabia que a filha ainda a envergonharia mais, muito mais do que já o fizera. E imaginava como.




Bem longe da Mansão Riddle – Naquela mesma manhã


 


            A manhã de verão não podia estar mais bonita por mais que a Natureza pudesse tentar. As árvores cheias de folhas, pássaros voando, o calor começando a dar sinais de presença, o céu num tom nítido de azul.


            Deitado na grama do imenso campo, debaixo de uma árvore e próximo a um lago que lembrava assustadoramente o de Hogwarts, Cedric Diggory relaxava, aproveitando suas férias tão adoradas. As melhores dos últimos anos, decerto.


            Com a mesma impressão estava Hilary que naquele momento descansava no peito dele, quase dormindo com o cafuné do namorado. Após as férias eles iriam morar juntos em um apartamento em Londres, longe dos Lestrange, de Voldemort, mas não dos Malfoy.


Hilary o alertara de que não conseguiria deixar Narcissa completamente. Após tantos anos ela percebera que ela era sua mãe, aquela que tinha seu amor de filha, ou a maior quantidade dele. Apesar de negar, ela amava Bellatrix e sofria com a indiferença da mãe biológica, que a negara, tentando se refugiar no amor da mãe de criação.


            - Quase não acredito como essas férias estão passando rápido, já estamos praticamente na metade delas... – pronunciou-se Cedric, acordando Hilary de seus pensamentos.


            - É, mas a melhor parte... – ela se apoiou na grama, levantando-se um pouco para olhar nos olhos dele. – É que depois não teremos que voltar à realidade, huh? Vamos viver nossa vida sem sermos incomodados, você vai jogar quadribol pelo mundo...


            - Sim, nosso próprio Conto de Fadas. – ele sorriu para ela. – Queria que Arthur Weasley respondesse logo sobre a Ordem, sabe? Eu me sentiria mais seguro estando na Ordem do que simplesmente confiando no Ministério.


            - Eu também. – ela respondeu, sem saber se confiava totalmente naquilo. Receava que na Ordem, se tornasse ainda mais alvo dos Comensais.


            Ele suspirou, parecendo preocupado. Mesmo que as férias tivessem sido ótimas, ele às vezes parecia procurar Comensais por todos os lados, e parecia estar começando mais um daqueles surtos.


            - Ainda mais com a sua querida irmãzinha diabólica solta por aí atrás de você....


            - Ced... – ela tentou dizer algo para fazê-lo parar com aquele tipo de pensamentos...


            - Hilary. – ele mudou o tom de voz para um repreensivo. – Você mesma disse uns dias atrás que provavelmente ela está te caçando, querendo te matar. Como você quer que eu reaja? Tranquilamente como você? – ele sentou-se, visivelmente alterado. – Eu não consigo, eu não posso.


            Hilary permaneceu em silêncio por alguns segundos, olhando para a grama como se formulasse uma resposta. E ela estava de fato. Não sabia como tranqüiliza-lo, uma vez que ela só conseguia evitar nervosismos baseando-se na antiga amizade das duas e na possibilidade de isso causar algum atraso em Melinda – algo que nem ela mesma acreditava totalmente.


            - A Mel... Digo, a minha querida irmãzinha diabólica tem apenas quinze anos!  Estará em Hogwarts em mais ou menos um mês e ficará lá nos próximos dois anos, Ced! Além do mais, nas férias e feriados, ela depende dos outros por ser menor. Pelo menos por enquanto, estamos bem, ela é quem deverá me matar e... Bem, não terá oportunidades pelos próximos dois anos.


            Cedric pareceu refletir, decidindo se acreditava ou não naquilo. Voldemort colocara um Comensal dentro de Hogwarts, que era o local mais seguro de todo o Reino Unido. O que ele não seria mais capaz de fazer para dar à Melinda os meios de matar a irmã que sabia demais?


            - É o que esperamos. – ele suspirou, querendo acreditar na segurança pelo menos por algum tempo.  


            - É o que vai acontecer! – ela sorriu, tocando o rosto dele. – Daqui a dois anos, quando ela decidir atrapalhar nosso Conto de Fadas... Damos um jeito nela, afinal, seremos sempre mais velhos, mais experientes... Ela é uma pirralha!


            Cedric riu, risada essa que nunca teria acontecido se o final do pensamento de Hilary tivesse se tornado uma frase. “Um pirralha com um pai que deve ser um ótimo professor particular de Artes Ocultas.”, pensou Hilary, lembrando-se das histórias de Bellatrix sobre como tudo que ela sabia sobre Artes das Trevas provinha de Voldemort, das aulas que ele concedera a ela e, apenas a ela. Se ele ensinara Bellatrix no passado, por que não ensinar à própria filha? E ele ensinava, ela sabia. Melinda já havia dito – não que a loira tivesse contado isso a alguém, daria mais crédito à meio-irmã.


             - Preferia ela presa do que em Hogwarts, mas não sabemos se alguém vai abrir a boca sobre ela...Harry pediu pra esperar e ver a opinião de Dumbledore. Se ninguém denunciar... É, nós damos um jeito nela. – ele riu e acariciou a bochecha da namorada, puxando-a para um suave beijo que visava recuperar o clima gostoso de antes.




Mansão Riddle – No começo da noite




            Mais uma vez naquela semana, os Comensais se reuniam. Foram dias atarefados, aqueles. Não que eles reclamassem de sair por aí atormentando e matando trouxas, era mais um passatempo do que exatamente um trabalho, apesar de o tratarem como se fosse um.


            Aquela reunião, contudo, não decidiria nenhuma Missão ou algo do tipo, ela servia para juntar um novo nome à lista de Comensais da Morte, o mais jovem da história: Draco Malfoy.


            Muitos perguntavam a si mesmos se o garoto teria condições de se tornar um deles, porém ninguém contrariaria Voldemort.


            Além de Draco, outra pessoa também tinha intenção de juntar-se aos Comensais, mas em uma fase mais precoce, longe ainda de conseguir a marca: Gabrielle Ceresier.


            A melhor amiga de Melinda convencera os pais a levá-la para conhecer Voldemort, se este, é claro, permitisse tal encontro. E ele permitiu. Ela esperaria a iniciação de Draco acabar e depois falaria com ele, contudo, ela não participaria da reunião, os pais a buscariam quando esta acabasse – ela ainda não era Comensal, estava longe de se tornar, portanto, não fazia sentido algum assistir.


            Sentados na sala, os Comensais cochichavam, aproveitando a ainda ausência do Lorde. A maioria tinha certeza de que Draco só se tornava Comensal para substituir Lucius, não por algum mérito pessoal. Como se um garoto de 16 anos pudesse ter algum.


            Eles questionavam até as habilidades de Melinda, que era filha do Mestre, e só calaram-se após o acontecimento na ponte, onde ela demonstrara ser digna de sair em missões com eles. Draco teria que suar para provar algo a eles. Não apenas a eles, mas a Voldemort, que era mais importante.


            O cochicho coletivo parou quando os Malfoy entraram na sala, acompanhados por Bellatrix Lestrange. Se tentavam ser discretos, os Comensais falharam, pois parar o assunto quando alguém entra é quase dizer que estava falando dela.


             Ignorando quase totalmente o clima tenso na sala, Narcissa sentou-se, com seu filho ao lado. Bellatrix, no entanto, permaneceu em pé, esperando por alguém: Voldemort, Melinda ou os dois.


            Quando a mais jovem entrou na sala, não pôde deixar de olhar para o namorado como se desejasse sorte, ele parecia tenso, mais por nervoso do que por medo, ela podia ver.


            - Deve estar no Paraíso, não? – sua mãe perguntou, aproximando-se.


            - Sim, estou. Ter o Draco como o mais jovem dos Comensais é... Espetacular. Ele terá a Marca antes mesmo de mim! – Melinda sorriu.


            - Você não tem a Marca para sua própria segurança. – as duas ouviram a voz de Voldemort, sussurrada, para que os Comensais ainda não o ouvissem. – Tens risco de ser denunciada por sua irmã, se tiver a Marca, o Ministério teria motivos contra você e eu não creio que queira negar-me. – ela fez um aceno negativo com a cabeça e sorriu, entendendo os motivos. – Good evening, ladies and gentlemen. – ele disse por fim, com a voz perfeitamente audível para que todos notassem sua presença.


            O som de sua voz foi substituído pelo arrastar de cadeiras dos Comensais, que se levantavam para reverenciá-lo murmurando cumprimentos de volta.


            Bellatrix tocou a mão da filha de forma delicada, indicando para que elas fossem se sentar. Uma à direita e outra à esquerda do lugar que pertencia a Voldemort. Melinda assumira o lugar que costumava pertencer à Lucius Malfoy e, logo a seu lado direito, sentava-se Draco. Ela queria segurar-lhe a mão para ajudá-lo a conter o nervosismo, mas não sabia se seria de bom tom e preferiu não fazê-lo.


            - Acredito que todos saibam que hoje é dia de comemoração e não de deveres. – começou o Lorde, ainda de pé. – Esta noite, um jovem que todos nós conhecemos desde o nascimento quer se juntar a nós. Draco, meu jovem, levante-se e se aproxime. – pelo jeito, o Lorde nem mesmo sentaria naquela curta reunião.


            Draco olhou sorrindo animado para a mãe e obedeceu as ordens de Voldemort. Ele estava seguindo os passos de seu pai e isso o alegrava imensamente.


            - Milorde... – ele reverenciou Voldemort, deixando clara na voz sua euforia.


            - Draco... – disse Voldemort com uma voz amigável que deu arrepios em Narcissa. – Creio que saiba que será, depois de hoje, o mais jovem homem da  história que se tornou Comensal, não?


            - Sim, milorde. E é uma honra... Uma imensa honra. Acredite-me. – ele já estava de pé novamente, mas ainda não olhava Voldemort diretamente nos olhos. – Não lhe desapontarei.


            O Lorde pareceu satisfeito com a resposta do mais jovem dos Malfoy. Deu um passo na direção de Draco, cujos olhos permaneciam focados em algum lugar na sala.


            - Receio que já tenha ouvido diversas histórias de como eu sou um monstro destruidor de vidas, correto, Draco?


            - S-Sim, milorde. – o garoto gaguejou, fazendo Melinda prender a respiração e fechar os olhos com força. Reação essa que foi percebida por todos os Comensais, uma vez que ela, como Bellatrix, nunca usava a máscara. – Não que eu acredite, é claro. – a finalização de Draco provocou um suspiro aliviado e silencioso em Melinda, que cobriu o rosto com as mãos.


            - E no que você acredita, Draco?


            - Que és um bruxo muito poderoso cujos métodos são mal entendidos por aqueles que não têm sensibilidade o bastante ou são tolos demais para entender seus ideais e métodos. – foi a resposta de Draco, que impressionou até mesmo a Voldemort, que dirá Melinda... A garota tirou as mãos do rosto e olhou pasma na direção do namorado, os lábios contraídos num sorriso de felicidade e admiração.


            Bellatrix olhou para Narcissa e sorriu, mostrando-se satisfeita com o sobrinho. Não esperaria menos de Draco, ele era filho de Lucius que, apesar de ser um cretino, era um ótimo Comensal.


            A satisfação de Voldemort com a resposta de Draco ficou clara no rosto do Lorde, incomodando levemente aos Comensais ali presentes. Lucius era por si só um pé no saco, agora com Draco caindo nas graças de Voldemort, os Malfoy seriam um pé no saco duplo quando Lucius voltasse.


            - Boa resposta, Draco. – a calmaria de Voldemort contrastava absurdamente com o nervosismo claro de Malfoy. – Então eu finalmente lhe pergunto: Você quer se juntar a nós nesta missão de livrar o mundo dos trouxas? Do retrocesso que eles representam? Deseja fazer algo para pararmos de nos esconder daqueles que são inferiores a nós? Para trazer a liberdade e o domínio que há tanto tempo nos foi tirado de volta à nossas mãos?


            - Sim. – Draco respondeu firme.


            - Uma vez que compartilha de nossos ideais, faço-lhe uma pergunta ainda mais importante: Você, Draco Lucius Malfoy, jura servir a mim incondicionalmente, sendo-me fiel e leal mesmo que isto signifique abdicar de tudo? Até mesmo de sua própria vida?


            A pergunta do Lorde amedrontou Draco um pouco, mas ele não desistiria. Era o que ele mais queria naquele momento: tornar-se Comensal e vingar-se de Potter e de seus malditos amiguinhos.


            - Eu juro. – ele respondeu, fazendo Narcissa engolir seco.


            - Me dê seu braço esquerdo, Draco. – Voldemort parecia muito menos sério do que cinco segundos antes.


            Draco estendeu-lhe o braço e viu o bruxo pegar a varinha nas vestes. Quando Voldemort segurou seu pulso, Draco imaginou a dor que estava por vir e olhou fixamente para a mão de Voldemort em seu pulso.


            A varinha do Lorde tocou seu antebraço. “Morsmordre” foi a palavra que desencadeou em Draco uma dor como ele nunca havia sentido antes.


            Os primeiros contornos do desenho começavam a aparecer em sua pele como se uma pena incandescente fosse a responsável. Ainda vermelhos, os contornos foram seguidos pela parte mais dolorosa: o preenchimento da cobra e da caveira por esta mesma pena invisível e cruel. A área era maior, por isso doía mais, contudo, ele não reclamava e lutava contra seus olhos que se enchiam de lágrimas, ele não podia chorar, demonstrar fraqueza frente à Voldemort parecia uma enorme estupidez.


            Ver que a Marca Negra estava pronta não era reconfortante, ao contrário, ela ficava cada vez mais vermelha, como se fossem surgir ali bolhas. Ardia, queimava, mesmo depois de pronta.


            - Você foi muito firme, Draco, corajoso, até. Muitos destes homens aqui presentes começaram a chorar de dor. – Draco o olhou incrédulo. – Foram poucos os que não o fizeram, você foi um recorde por ser o mais jovem. Acabou de tomar o lugar de sua tia Bella.


            - O lugar da titia?


            - Sim, Draco. – foi a própria que respondeu. – Eu não demonstrei nada quando a Marca foi queimada em minha pele. Eu tinha dezoito e era a primeira mulher, foi um recorde de autocontrole. Aliás, fui a única mulher que não deu ataque de choro. – até mesmo Alecto Carrow, que era a única Comensal mulher além de Bellatrix que realmente prestava, pareceu esconder o rosto.


 - Então, parte do recorde ainda é seu, titia. – Draco piscou para ela, que sorriu assentindo, ele finalmente via algo de interessante naquela dor toda. 


            A mão de Draco ansiava em tocar a ferida no braço, mas antes que ele pudesse realmente fazer isso, Voldemort segurou seu pulso mais uma vez.


            - Aliás... Bem vindo ao grupo, Draco. – ao pronunciar essas palavras, Voldemort fez um movimento de varinha que fez a ferida cicatrizar instantaneamente, deixando a Marca finalmente negra. Ele agradeceu e sorriu, mais pelo final da dor do que pelas palavras do novo Mestre.


            Os Comensais levantaram-se assim que Voldemort sentou-se e foram cumprimentar Draco, como sempre faziam quando algum novo Comensal juntava-se ao grupo.


            Melinda foi a primeira a fazer isso, ela praticamente se jogou em cima dele, abraçando-o e dizendo que estava muito orgulhosa dele. Estava tão louca para beija-lo quanto ele para receber um beijo, mas os dois sabiam que era mais seguro optar pela cautela.


            - Como se sente sendo superada por seu sobrinho? –perguntou Voldemort, provocando Bellatrix.


            - Ele não me superou completamente, ele mesmo disse. – ela respondeu, dando sinais de irritabilidade. – Na verdade, ele não pode me superar completamente, existem certas coisas que eu faço que ninguém mais aqui faz, muito menos ele. – Voldemort entendeu a conotação maliciosa dela e pela primeira vez passou os olhos pelo corpo dela, de forma quase obscena. Falavam de autocontrole aquela noite e ela falando esse tipo de coisa, com a voz sussurrada... Well, realmente era uma lição de autocontrole para o próprio Lorde das Trevas. – Eu digo, é claro, porque fui a única ensinada por você e me empenhei em aprofundar os conhecimentos que passou a mim, além de minha lealdade infinita, o que me tornou a melhor. – completou Bellatrix, quase rindo.


            - E você só está fazendo isso para tentar me deixar desconfortável por ter percebido uma conotação sexual que você quer fingir que não existiu. Não conseguiste, querida. Você não me engana. – Bellatrix agradeceu por todos estarem muito ocupados cumprimentando Draco para ouvirem aquilo. – Eu percebi uma conotação totalmente existente.        


            - Você venceu, mas a conotação sexual não exclui a profissional. Uma vez que, neste caso, as duas são válidas e verdadeiras. – ela riu.


            - Humildade é uma palavra inexistente em seu vocabulário, de fato. – apesar de ele parecer querer repreendê-la com tal afirmação, mas estava mais brincando com ela do que tudo. E ela era louca o bastante para perceber isso.


            - A pergunta é: Você gostaria que eu fosse humilde, milorde?


            - Absolutely not. Você perderia boa parte da graça… - a resposta dele a fez sorrir.


            - É por isso que detesto essa palavra, humildade…


            Voldemort não pôde responder, porque foi interrompido pelo casal Ceresier.


            - Milorde… - disseram os dois em uníssono. – Como combinamos, trouxemos nossa filha…


            Jean-Pierre e sua esposa, Claire, traziam consigo outra pessoa, uma jovem garota, que usava uma capa negra, mas deixava claro que tinha cabelos loiros como os deles.


            Voldemort se levantou, e olhou a garota à sua frente, que curiosamente teve coragem de olhá-lo nos olhos, algo incomum à jovens de quinze anos, como ele sabia que ela tinha. Como era de praxe, deixou-se penetrar a mente dela, certificando-se de que Melinda não estava enganada ao dizer que ela era realmente confiável, que compartilhava do desejo deles. Sim, ela estava correta. A garota, em seus pensamentos, lembrava muito à própria Melinda.


            - Milorde, é um prazer poder conhecê-lo. – a jovem loira o reverenciou. – Sou...


            - Gabrielle. Sei quem você é, ouvi falar muito de você, seja por seus pais ou por minha filha, Melinda. Ela me contou sobre você muito antes de seus pais pensarem em fazê-lo. Eu dei a permissão a ela para contar a você quem ela realmente é, deves ter algum mérito para merecer tamanha confiança de Melinda. – a garota sorriu e pareceu pensar um pouco, ponderando o que seria melhor responder.


            - Sinceramente creio que meu mérito seja fidelidade, milorde. Sou fiel quanto prometo ser, não saio por aí espalhando os segredos que não pertencem a mim. Por isso Melinda quis me contar ao invés de outros ao redor dela, pois ela sabia que eu seria fiel ao segredo. – ao responder, ela levantou o rosto e o capuz da capa escorregou até seus ombros.


            - Muito bom. Sei que também tem sangue puro, que compartilha os mesmos ideais que seus pais, Melinda e eu. Fico contente em ver que uma garota tão jovem está tão bem encaminhada. – ele olhou para os Ceresier, que pareciam lisonjeados. – No futuro, será muito útil a mim, Gabrielle. Uma pena que no momento seja demasiado jovem.


            - Esperarei o tempo que achar necessário, milorde. Apesar de ansiar com todas as forças poder servi-lo. Apenas conhecê-lo, contudo, é uma enorme honra para uma pessoa na minha idade que já se sentia honrada o bastante em manter laços com alguém que possui seu sangue. – a resposta de Gabrielle agradou ao Lorde, é claro, ele podia ver que a filha era correta em seus julgamentos. Ponto para Melinda, mais uma vez.


            - Gabrielle? – como se soubesse que falavam dela, Melinda olhara na direção de Voldemort, reconhecendo a loira parada à frente dela.


            - Melinda! – a loira parecia muito feliz em ver a amiga depois de tantas semanas.


            - Merlin! – Melinda abraçou a loira. – O que diabos está fazendo aqui?


            - Os pais dela a trouxeram para conhecer o Lorde das Trevas. – respondeu Bellatrix Lestrange, levantando-se.


            - Ah, agora faz muito mais sentido!


            Pela primeira vez, Gabrielle notara a presença de Bellatrix. Era como ela ouvira: Bellatrix era como uma versão mais velha de Melinda, em todos os sentidos. Até na forma de falar, se portar. A beleza mais madura, mas tão marcante e ainda mais impressionante do que a de Melinda, afinal, a mãe não era só trinta anos mais velha, ela passara anos na prisão. E Azkaban não era exatamente um spa.


            - Madame Lestrange... – sussurrou Gabrielle, chamando a atenção de Bellatrix. – Desculpe-me, nem ao menos a cumprimentei, eu estava...


            - Absorta em seu encontro com o Lorde. Entendo perfeitamente. Não creio que seja necessário me apresentar, uma vez percebo que sabe exatamente quem sou, mas... Bellatrix Lestrange, é um prazer. – a morena estendeu a mão, que foi logo apertada pela loira.


            - Gabrielle Ceresier, acho que também já sabe meu nome, mas o prazer todo é meu. E, sim, eu sei tudo sobre você. – Bellatrix arqueou a sobrancelha. – É a mãe da Melinda, mas também daquela outra lá que não vale a pena citar, tia do Draco, ficou anos presa porque não quis negar o Lorde das Trevas, sempre disse ter orgulho de ser Comensal, sempre foi uma bruxa excepcional, tomou aulas com o próprio Lorde das Trevas, além de ser linda. – respondeu a loira.       


            - Como sabe que eu tive aulas com...


            - Guilty. – disse Melinda. – Eu contei pra ela, quando contei que eu mesma comecei a ter aulas.


            - Exatamente. Isso é um resumo do que sei, sabe, Melinda aumentou ainda mais minha admiração por você, é por isso que eu...


            - Quer ser você quando crescer, mãe. – Melinda revirou os olhos.


            - Não! – Gabrielle negou, parecendo envergonhada. – Que eu fico encantada em conhecê-la. E quem quer ser ela quando crescer é você, Melinda!


            - E eu to negando isso desde? É obvio que eu quero. Não é algo pejorativo.  Ela é foda, com o perdão da palavra. –  os adultos, com exceção de Voldemort, deram risada.


            - Acho melhor vocês duas pararem, ou vão inflar demais o meu ego. Daqui a algum tempo, vocês entenderão que isso não é seguro. – foi a vez das duas rirem. – Perguntem aos Comensais, eu já tenho um ego levemente enorme.


            - Concordo plenamente. – disse Claire Ceresier, que certamente não tinha o mesmo tom de brincadeira de Bellatrix.


            Quando ia dar a sua melhor resposta mal educada, ou melhor, encobertamente mal educada, Bellatrix foi interrompida por uma voz irritantemente conhecida.


            - Vim me despedir, milorde.  – todos se viraram e viram Severus Snape a poucos centímetros de distância. Bellatrix revirou os olhos enquanto os Ceresier cumprimentavam-no. – Srta. Ceresier? – ele perguntou quando colocou pela primeira vez os olhos em Gabrielle.


            - Prof. Snape, meus pais me trouxeram para conhecer o Lorde das Trevas... – Gabrielle sorriu, percebendo como ele era diferente fora de Hogwarts, parecia mais forte, mais poderoso, talvez a aura de poder que incidia sobre ele se desse ao fato de ele ser um dos Comensais favoritos de Voldemort.


            - Oh, sim, fico encantado que tão jovem já tenha interesse em nós. – ele pegou a mão de Gabrielle e beijou-lhe o dorso. – É um prazer revê-la.


            Ao sentir os lábios dele em sua mão, a jovem sentiu como se fosse perder o chão. Seu professor estava com os lábios na sua mão, tão gelados, macios. Merlin, no que diabos ela estava pensando? Ok, talvez ela tivesse uma quedinha por Snape, mas era coisa de aluna/professor, normal aos quinze anos. Não a ponto de fazê-la arrepiar com um beijo tão simples, ainda mais na mão.


            Gabrielle sentiu algo gelado passar em seu pé exatamente quando Snape estava para largar sua mão, quando ela olhou, viu a maior cobra na qual já colocara os olhos em toda a sua vida.


            - Oh meu Merlin! – ela não conseguiu se segurar e gritou, dando um pulo devido ao susto. Ela teria caído, se dois braços fortes não tivessem envolvido sua cintura.


            - Terá que se acostumar com Nagini, se quiser se tornar Comensal. – Snape parecia se divertir com o susto dela. Assim como todos ali, principalmente Melinda, que sentara porque ria tanto que achava que ia cair.


            Gabrielle pouco ligava para as risadas de todos à sua volta, até Voldemort esboçava um tipo de sorriso – como se tivesse se divertido às custas dela.


            - Nagini? – a loira perguntou, ainda tentando recuperar a respiração, algo complicado uma vez que estava nos braços de seu professor de poções, que por algum motivo ainda não a soltara. Talvez fosse porque ela ainda parecia propensa a cair.


            - A cobra de estimação de milorde. – foi a resposta dele.


            - Oh, eu não sabia que ele tinha uma. – Gabrielle resolveu soltar-se do abraço do mestre de poções antes que o tamanho do agrado em estar lá se tornasse muito aparente.


            Se o beijo na mão a arrepiava, cair em cima de Snape e ser segurada por ele, a fizera ter pensamentos que ela nem mesmo queria relembrar. Para o próprio bem. A paixonite escondida pelo professor estava ultrapassando o limite de paixonites normais, ela o estava desejando e isso era muito perigoso.  Apesar de maravilhoso.


            - Nagini. – chamou Melinda, fazendo a cobra mudar de caminho.


            Tudo o que Gabrielle ouviu foi algo como um sibilo, um chiado. Pela primeira vez via a amiga usar sua habilidade de falar com cobras.


            - Parece que você assustou a Gaby, coitada. – disse a morena, enquanto a cobra subia por seu colo, enrolando-se em seu corpo.


            - Ela gostou de ser assustada. Foi produtivo para ela. – respondeu a cobra, parando no colo da filha de seu dono.


            - O que quer dizer?


            - O homem que a segurou, Snape, ela gosta dele. Deu para ver na expressão dela.


            - Por Merlin, Nagini, não! Ele é nosso professor, só.


            - Para você, Melinda. Você.  A reação da sua amiga não foi normal.


            Melinda olhou para Gabrielle, que parecia tentar entender a conversa dela com a cobra, e depois para Voldemort, o único que entendera. Pelo olhar dele, Melinda viu que ele parecia concordar com Nagini, apesar de não ter muito interesse nesse assunto.


            Gabrielle já desistira de entender a conversa de Melinda com a cobra, e deu graças aos Céus que Snape tinha realmente se despedido e ido embora. Ficar perto dele era ótimo, mas com seus pais ao lado era terrível.


            Seus pais a avisaram que também iam embora e ela se despediu de Melinda, que parecia intrigada com algo que ela preferiu não perguntar.




            Todos os Comensais já haviam deixado a Mansão Riddle, Melinda estava em seu quarto com Nagini – parecia que ela estava gostando tanto de conversar com a cobra quanto o próprio Voldemort.


            Bellatrix já estava no quarto há muito tempo, Voldemort, contudo, acabara de chegar, afinal era ele que precisava liberar os Comensais e tirá-los da casa, ou festejariam a inclusão de Draco por três dias.


            - Finalmente foram embora? – perguntou a morena, sentada na beirada da cama. Ele assentiu. – Parece que Draco foi uma atração e tanto.


            - Sim, todos queriam entender porque alguém tão jovem se tornava Comensal. – disse ele, sentando-se ao lado dela. – Claro que ninguém chegou a conclusão alguma.


            - Nem mesmo eu. – ela disse, sincera. – Não que questione suas idéias, é claro.


            - Bom, Dumbledore decidiu que o Potter é aquele que deve me destruir, eu escolhi aquele que deve destruir Dumbledore. Nada melhor do que serem da mesma idade. – ele respondeu, naturalmente, como se não fosse nada demais.


            Bellatrix pareceu que tinha levado um soco no estômago, para logo depois parecer uma criança na noite de Natal.


            - Você quer dizer que...


            - Que eles têm seu Escolhido, well, eu também tenho o meu. Ele apenas não sabe disso. Ainda. – disse o Lorde, antes que ela pudesse terminar o pensamento. Bellatrix sorriu ainda mais, sabia o que uma oportunidade daquelas poderia significar para Draco. Era algo único, maravilhoso, e, se dependesse dela, o sobrinho não ia desperdiçar. O Escolhido de Lord Voldemort, não poderia existir honra maior.


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N/A: Oi meu povo!
Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Peço milhões de desculpas por ter demorado, mas espero que esse cap de 27 páginas de word os impeça de me matar! ^^ A partir do cap passado, a fic começou a mostrar mais a parte UA, que era a intenção. Meu voldie não será como o do livro, ok? Nem os acontecimentos serão idênticos, mas a diferença em acontecimentos se dará mais qdo a fic chegar no Deathly Hallows, e como vcs tão vendo... ela só chegou no EdP KSOKASOAKSKOA  e acabou de chegar!
Enfim, esse cap não tem NC... pq eu não achei onde encaixar, contudo.... quem sabe no proximo? ;DD Outra coisa: Por que eu não to colocando música e foto mais? Motivo simples, eu to com o pc que tem photoshop desligado por tempo indeterminado ;_; to usando só o outro. entao é osso. mas assim que eu ligar, faço as capas e coloco musiquinha, ok? daí aviso no cap da epoca e vcs voltam nesse! ;D
bem, é só isso, eu acho!
Obrigada pelos comentários, mas eu sou ambiciosa e quero mais!
Nao posto o proximo sem coments, como SEMPRE!
xoxo
Mel Black (08/11/2009)

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