Acerto de contas



- Tudo bem, tudo bem. – ele colocou as mãos para cima, respirando pesadamente. – Neville Longbottom sobreviveu! Está fora de perigo, depois de uma recuperação milagrosa. Não se fala em outra coisa no St. Mungus e no Ministério. – o pino da granada fora puxado e ela jogada no balde de nitroglicerina que era Bellatrix Lestrange. Agora só faltava a explosão que, com certeza, seria épica.


 


Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa


Capítulo 21 – Acerto de contas


 


        Bellatrix fechou os olhos e pareceu respirar fundo, como se quisesse se acalmar. Voldemort observou cada mínima reação do corpo dela, preparando-se para a explosão nuclear que estava para vir. Yaxley, no entanto, foi mais ingênuo e por alguns instantes realmente acreditou que ela estava se acalmando. Pobre Comensal, como se ela fosse se acalmar. Logo ela.


        - Fora. De. Perigo. – repetiu ela, parecendo calma. Voldemort sentia o ódio presente bem no final das palavras, Yaxley parecia não notar.


        - Milady... Nós nunca pensamos que isso fosse possível, seu ataque a Longbottom foi esplêndido, mas parece que a vida gosta demais desse moleque para deixá-lo e...


        - FORA DE PERIGO?! – gritou Bellatrix, com o belo rosto transformado numa máscara de ódio. - Como DIABOS vocês deixaram isso acontecer?! – completou ela, avançando sobre Yaxley, pegando-o pelo pescoço. – Eu dei ordens bastante claras sobre como esse moleque não podia sair vivo do St. Mungus!


        Yaxley segurou a mão dela, tentando se livrar do aperto da mulher que o olhava como se fosse cortá-lo em pequeninos pedaços lenta e dolorosamente. E ele não duvidava daquilo. Os esforços dele eram inúteis, pois ela era mais forte do que ele sequer podia ter imaginado.


        - Milady, ele estava morrendo e...


        - E vocês incompetentes relaxaram! Agora o moleque está vivo e eu não posso simplesmente cometer um atentado contra ele sem motivos ou vou trair minhas próprias palavras em Hogwarts! Foi por isso que eu ordenei que ele não saísse de lá vivo! Todos esperavam que ele morresse, uma ajudinha de um de vocês para se assegurar disso não mudaria nada! – ela soltou Yaxley com tanta força que ele bateu contra a parede do hall. – Mas é claro, o que eu estava esperando? – ela se virou para Voldemort, que estava pronto para impedir que ela fizesse alguma besteira.


        - Bella... – disse Voldemort, segurando o braço dela com delicadeza, num tom de voz que dizia ‘Acalme-se’.


        - Quer dizer, deixar esse tipo de coisa nas mãos de Comensais da Morte, de inúteis! Existem algumas coisas que nós devemos fazer por nós mesmos... – ela parecia ignorar o aviso dele para que ela se acalmasse. – E graças à minha idiota idéia de que uma vez podia delegar funções... Eu não posso mais fazer isso com minhas próprias mãos! – ela se virou novamente para Yaxley. – Ah, mas alguém vai pagar a conta. – o Comensal engoliu seco e jurou ter visto os olhos verdes dela enegrecerem de ódio, provavelmente o medo dele lhe causando alucinações... Ou não.


        Bellatrix estava apenas começando a explodir e tentou ir pra cima de Yaxley, que se encolheu em um canto, mas foi segurada fortemente por Voldemort em seus dois braços. Ele não deixaria que ela perdesse a cabeça.


        - Yaxley! Vá embora agora! Se ficar mais um segundo nessa casa juro que não me responsabilizo por ela! – ordenou Voldemort, firme, num tom de voz que fez até a irritada Bellatrix tremer.


        O Comensal da Morte não esperou nem dois segundos para estar longe da Mansão Slytherin, sabia que ia sobrar para alguém e não queria que fosse pra ele, é claro.


        Na mansão, Voldemort não soltou Bellatrix até ter certeza de que o Comensal estava longe o bastante dali. Ao contrário do esperado, ela não se acalmou, pelo contrário: ficou ainda pior. Assim que foi solta, Bellatrix berrou de ódio, com seus poderes correndo loucamente em suas veias sem controle, ela apertou a varinha com mais força na mão e só notou o que estava fazendo quando alguns enfeites da Mansão espatifaram. Não que a varinha dela tenha tido algo a ver com o ‘acidente’ com os enfeites. Ah, feitiços sem varinha, ela não os fazia há algum tempo, uma pena que este tivesse sido involuntário.      


        - Bellatrix! – repreendeu Voldemort. – Controle-se! Ou ao menos controle seus poderes! Parece uma criança deixando-se levar pelo ódio!


        - Ele está vivo! – ela virou-se para ele, como se não tivesse escutado nada que ele dissera. – Vivo e eu não posso fazer nada quanto a isso! Entende o que isso significa? – os olhos dela começaram a encher-se de lágrimas quentes de ódio.


        - Sim! Eu entendo! – ele a segurou pelos ombros. – Mesmo assim! Retome o controle sobre você mesma! Principalmente porque você não vai conseguir pensar em nada para reverter isso, pelo menos não nesse estado! 


        Ele havia pegado um ponto importante. Ela precisava pensar no que faria em relação àquilo. Não deixaria Longbottom sair impune daquilo, caminhando como um herói para todos verem como ele a vencera. Ela finalmente começou a se acalmar, soltou-se de Voldemort e se jogou no primeiro sofá que viu pela frente.


        A Lady das Trevas apoiou os cotovelos nos joelhos e escondeu o rosto em suas mãos, respirando fundo e tentando retomar o controle sobre seu próprio corpo, que àquela altura funcionava por contra própria, a partir de seus instintos guiados pelo ódio, pela raiva, pelo sentimento de revanche.


        Voldemort entendia o que acontecia com ela, era exatamente o mesmo sentimento que tivera em todas as vezes que Potter escapara. Aliás, Longbottom tinha uma história com Bellatrix bem parecida com a de Potter com ele. Malditos moleques.


        O Lorde se aproximou da bruxa, mas não sem antes pegar algo que a ajudaria a se acalmar: uma dose bem generosa de uísque de fogo, que ele estendeu a ela assim que parou à sua frente.


        Bellatrix sentiu a presença dele e levantou os olhos, vendo o que ele lhe oferecia. Ela riu de canto e pegou o copo, tilintando no dele com um sorriso amargo.


        - Um brinde ao meu fracasso! – disse amarga, bebericando sua bebida. – Ah, quando eu tiver a oportunidade eu vou matar Longbottom de forma tão dolorosa que ficará para a história!


        - Não duvido... – ele se sentou ao lado dela. – Você sempre gostou de brincar com a comida, principalmente como ela foge de você como um rato de um gato.


        - Ah, mas essa caçada uma hora termina... E Longbottom vai desejar ter morrido dezesseis anos atrás naquele Halloween... Espere! – ela pareceu ter uma idéia. – Halloween...   


        - O que tem o Halloween?


        - Está chegando, é na semana que vem!


        - Sim... E...?


        - Por enquanto não é inteligente matar Longbottom... É mais esperto deixá-lo viver, pois aí eu estarei cumprindo minha palavra, seguindo o que eu disse em Hogwarts: que nós não atacaríamos sem motivo, que nós somente revidaríamos...


        - Correto. Agora onde o Halloween entra nisso, minha cara?


        - Digamos... – ela deitou a cabeça no ombro de Voldemort. – Que eu queira dar um pequeno presente de retorno a Longbottom... – ela brincou de fazer círculos com os dedos na perna dele. - Quero dizer, o moleque não deve sair do St. Mungus antes do Halloween por mais recuperado que esteja! Acho que os incompetentes dos Comensais da Morte podem assegurar que ele vá direto para casa e exatamente no Halloween, não?


        - Certamente. – Voldemort pegou a mão dela que estava em sua perna e entrelaçou na sua. – Agora será que a Lady das Trevas pode me dizer o que está planejando ou eu terei que recorrer à Legilimência? – perguntou ele, beijando a mão dela em vários locais depois.


        - Hum... O deixei tão curioso assim?


        - Bella...


        - Ok. – ela levantou do ombro dele e o olhou nos olhos. - Não posso fazer nada contra Longbottom por enquanto, mas isso quer dizer que não posso fazer nada diretamente. Só que... Qualquer general numa guerra sabe perfeitamente que não existe nenhum lugar melhor para atacar um homem do que o coração... – ela encostou o copo de uísque de fogo no peito de Voldemort, como se apontando para o coração dele. – Seja de forma física... Ou sentimental. No caso do moleque Longbottom, só posso fazê-lo de uma forma....


        - Da mais dolorosa, diga-se de passagem. – completou Voldemort, notando o sorriso cruel que se instalou no rosto dela. – Se existe algo que eu aprendi com o tempo é que os sentimentos são a maior fraqueza de um homem...


        - Eu sei... É por isso que se livrou dos seus... Pelo menos dos bons. – ela deu de ombros e bebeu do uísque.


        - Exatamente... Livrei-me dos mais perigosos: os bons e puros. Já os ruins e impuros, faço questão de mantê-los...


        - Sim, porque... – Bellatrix aproveitou-se do gancho. Não perderia aquela chance. Ela se levantou do sofá e apoiou as duas mãos no encosto, ao lado da cabeça dele, e abaixou o tronco até que seu rosto se aproximasse do dele. – Sem eles, nós não estaríamos aqui, correto?


        - Corretíssimo. – foi a vez dele de beber do uísque, encarando-a fixamente. Ela não moveu sequer um músculo enquanto ele fazia isso. Ao terminar, Voldemort usou a mão livre para puxar a nuca dela e trazê-la para um beijo rápido, mas profundo e ávido o suficiente para marcar os lábios dela e deixá-los inchados.


        Quando eles partiram o beijo, Voldemort riu por um instante, encarando o próprio colo, o que fez com que ela se afastasse com as mãos na cintura.


        - O que foi?


        - É incrível o que a idéia de um banho de sangue faz com você, my darling. Há dois minutos estava querendo explodir a casa, agora... Já está super calma e relaxada... Pelo menos o bastante para me provocar.


        Ela riu e voltou a se sentar ao lado dele, voltando a brincar de fazer círculos na perna dele, enquanto saboreava o que ainda restava da bebida no copo em sua mão.


        - O que eu posso fazer se acho banhos de sangue excitantes? – ela deu de ombros, inocentemente.


        - Nada. E não quero que faça nada, porque acho isso uma qualidade maravilhosa em você, minha cara.


        - Sabe... Eu poderia ficar ainda mais relaxada se você respondesse às provocações... – os círculos que ela estava fazendo com os dedos próximos ao joelho dele começaram a subir até a base da coxa dele e descer perigosamente para a parte interna.


        - Eu adoraria...


        - Mas...? – perguntou ela, parecendo cansada.


        - Mas eu preciso ir ao Ministério. Dar algumas ordens a Thicknesse.... E já estou atrasado. – ele se levantou.


        - Ser mulher do Ministro da Magia é complicado, sabia? – ela apoiou o copo na mesa de centro e cruzou os braços.


        - Sim. É por isso que eu voltarei bem rápido, antes que você arranje outra pessoa para compartilhar sua animação com o banho de sangue.


        - Ciúmes matinal. Ual, eu gosto disso.


        - Não vou discutir sua obsessão com meu dito ciúme. Deixarei acreditar no que quiser!


        Bellatrix se levantou e se aproximou dele, apoiando as duas mãos nos ombros dele. Ela fez uma trilha de beijos desde o pescoço dele até a orelha dele, sentindo o aperto dele em sua cintura aumentar à medida em que ela se aproximava de seu destino.


        - Não se preocupe, não tem ninguém mais com quem eu queira compartilhar isso e... Saiba que quando voltar eu já terei aprimorado minha idéia do banho de sangue e eu estarei bem mais animada. – disse a bruxa, contra a orelha dele.


        - Espero que sim e... Espero que me conte todos os detalhes de como pretende atingir o coração de Longbottom...


        - Eu irei... – ela respondeu, mordendo o lóbulo da orelha dele. – Cada detalhezinho sórdido... – a sensualidade era palpável na voz dela. 


        Voldemort a puxou com força pela cintura, fazendo-a olhar em seus olhos. Ela ficou meio assustada com a reação dele, mas isso passou assim que ela viu o desejo queimando nos olhos dele, tudo aquilo eram apenas as preliminares.


        Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, ele havia jogado o copo dele contra a lareira - espatifando o cristal na parede e aumentando a chama com o uísque que escorrera no fogo – e a puxado para outro beijo, dessa vez longo, ainda mais sensual e ávido do que aquele que eles tinham partilhado minutos antes. Ela se segurou com firmeza nos ombros dele para não cair devido ao tamanho da força que ele impunha sobre o corpo dela enquanto a beijava. Em meio ao beijo, ela sentiu ele passar o braço por detrás dos joelhos dela e a tirar do chão. Aquela atitude fez com que ela partisse o beijo, confusa.


        - O que...?


        - Thicknesse pode esperar... – foi tudo o que ele respondeu, voltando a beijá-la, sem dar tempo para que ela risse como desejava, e começando a caminhar com ela escadas acima. De alguma forma ele sentia que ela conseguira exatamente o que queria fazendo-o adir seu compromisso, mas estava pouco se importando.


Os pensamentos dele naquele instante estavam não muito longe dali, num quarto no andar de cima, aproveitando-se de toda a excitação que a idéia do banho de sangue causava em ambos. E estava mais do que certo em escolher pensar em coisas interessantes em vez do Ministério da Magia, era por isso que Thicknesse ocupava a cadeira e não ele, certo? Bom, que Thicknesse e seus problemas esperassem, afinal, ele era o Lorde das Trevas: Nunca estava atrasado, os outros que estavam adiantados. E pelo jeito que as coisas iam, Thicknesse estaria bastante adiantado para a reunião. Bom, ele podia esperar sentado.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts


 


         A chegada do Halloween sem dúvidas trazia novo fôlego aos alunos de Hogwarts e, faltando apenas uma semana, os ânimos ficavam bastante alterados entre os alunos. Alguns mal podiam esperar para ir para casa passar o feriado com os pais, outros planejavam a festa em suas casas (Sonserina era mestre nisso, diga-se de passagem), mas no fundo todos estavam mudados pela idéia daquele feriado específico: o favorito de todos os bruxos.


        Na realidade, as preocupações com o Halloween quebraram um pouco toda a tensão que estava instalada em Hogwarts naqueles primeiros dois meses de aula. As novas regras eram bastante rígidas e as aulas de DCAT bastante peculiares do professor Carrow causavam terror e controvérsia na maioria dos alunos. Maioria, é claro, que não incluía Melinda.


        - Ah, Astoria, pare de ser chorona! – repreendeu Melinda, assim que ouviu todas as reclamações de Astoria sobre como aquelas aulas de Amico eram cruéis e dolorosas. Elas estavam nos jardins, acompanhadas de Gabrielle e Nicky. Ultimamente, Greengrass estava se juntando ao grupo com bastante freqüência.


        - Você fala isso porque certamente nunca é escolhida para ser o pivô das maldições! – devolveu a mais jovem.


        - Hey! Eu já fui pivô e não reclamo! – Gabrielle, da mesma série de Astoria, entrou na conversa. – Na realidade, acho interessante esse tipo de aula, mostra a todos a realidade.


        - Tirou as palavras da minha boca, minha cara. – disse Melinda, sorrindo para Gabrielle. – E eu não me importaria de ser escolhida por Carrow, mas ao que me parece ele é medroso demais para colocar a filha do chefe dele na mira de uma Cruciatus. – ela deu de ombros. – O que eu posso fazer?


        - Absolutamente nada! O que fazer quando se tem a sorte de ser Melinda Callidora Black? – ironizou Nicky, tomando um tapa de Melinda, que olhava repreensiva para ela.


        - Nicky tem um ponto... – disse Astoria, meio cantando, fazendo com que as outras rissem. – Você tem vários privilégios agora, não por ser filha dele somente, mas por ser deliberadamente a aluna mais brilhante de Hogwarts. Até McGonagall, que te odeia como pessoa, te venera quando o assunto é acadêmico. 


        - É uma pena que eu tenha conseguido isso por WO. Quer dizer, Granger fugiu de Hogwarts e deixou a coroa de melhor aluna diretamente para mim, sem nem brigar. – Melinda parecia realmente triste com aquilo. – Pode parecer o contrário, mas eu detesto ganhar as coisas sem a diversão da batalha. Perde toda a graça do desafio, mas vocês estão certas... Tenho tido vários privilégios ultimamente e não vou negar que isso seja esplêndido.


        - Falando nela... Teve alguma noticia dela e dos amiguinhos dela? – perguntou Gabrielle.


        - Nenhuma... Parece que eles estão se escondendo, mudando de lugar a cada dois minutos para não serem pegos. Crianças medrosas e apavoradas, sabe como é. – Melinda deu de ombros, displicente. – Uma hora serão pegos, a recompensa pela cabeça deles é alta o bastante para que até os amigos deles os traiam. Enfim...


        - Bem... Eu adoraria ficar aqui conversando e discutindo como e quando Potter será pego, mas infelizmente preciso terminar um pergaminho de Poções ou Slughorn vai me matar. Nem todos aqui são adorados pelos professores... – provocou Astoria, arrancando risadas de Melinda. – Até mais. – ela se levantou e se afastou, causando óbvio alívio em Gabrielle e Nicky.


        As duas se entreolharam enquanto Melinda mais uma vez tentava abrir o livro que Voldemort lhe dera com todos os feitiços que conhecia - Desta vez, ela estava sendo cuidadosa para que nada ricocheteasse nas amigas. As duas garotas estavam constantemente incomodadas pela presença de Astoria ao redor delas, não confiavam nela por mais que tentassem. Era incrível como Melinda podia confiar nela, sendo Legilimente, e mesmo assim não convencê-las de fazer o mesmo. Parecia a história de Snape com Voldemort e Bellatrix. Por mais que o Legilimente confie, aqueles que gostam e tem cuidado com ele não conseguem confiar, pois pressentem uma traição.


        - O que vocês duas têm? – Melinda acordou as duas de seus pensamentos?


        - Nada! – responderem em uníssono.   


        - Ok, podem começar com a sessão matinal de “Porque não confiar em Astoria Greengrass”... C’mon! Vocês acham mesmo que eu não percebo as coisas! Faltou vocês soltarem fogos de artifício quando ela foi embora... – Melinda parecia irritada com a atitude delas. – Meninas, eu sei o que eu estou fazendo! Confiem em mim, não vou me deixar trair por ninguém, muito menos por Astoria.


        - Mel... Nós confiamos em você! O fato é que não confiamos nela! – argumentou Gabrielle, parecendo extremamente preocupada com a amiga. – Não sei porque tem algo nela que grita ‘traição’ para mim.


        - Vocês já me viram comentando sobre qualquer coisa importante com ela? Realmente importante? – perguntou Melinda, tentando acalmar as duas, que não responderam. – Não! Então... Não vou confiar em alguém assim logo de cara, não a ponto de que ela possa usar algo contra mim.


        - O meu medo não é baseado em coisas que você possa ter dito a ela, e nem do de Gabrielle, mas sim do que ela possa fazer com a proximidade!


        - Meu Merlin! O que ela poderia fazer com a proximidade apenas? – Melinda pareceu abismada com o tamanho da preocupação delas. – Escutem... Eu gosto da companhia dela e, sinceramente, não a vejo como uma ameaça, mas eu tomarei cuidado... Prometo. Agora me ajudem com esse livro, três cabeças pensam melhor do que uma.


        O assunto morreu ali, mas não era como se elas estivessem seguras. Não, estavam mais inseguras ainda: algo estava muito errado com Astoria em não tinha nada a ver com a guerra, ou com informações; Ela queria algo, certamente mais fútil e superficial do que os problemas com os quais elas lidavam todos os dias. O que Astoria queria era algo adolescente, elas sentiam que ela trairia Melinda exatamente nessa área, que a Princesa das Trevas tanto ignorava e que era tão importante em Hogwarts: a área social. Elas só não sabiam como.


        Elas não estavam erradas que Astoria só havia se aproximado de Melinda por popularidade, mas havia algo mais na história, algo que fizera com que ela mantivesse a proximidade o máximo que conseguisse.


        Astoria já havia ido a seu quarto para pegar seus materiais e se dirigia à biblioteca para fazer seu trabalho quando acidentalmente tropeçou em alguém. Não tão acidentalmente assim. As coisas dela caíram no chão e a pessoa lhe ajudou a pegá-las.


        - Desculpe-me... – disseram em uníssono.


        - Astoria?


        - Draco! Ah, como eu sou desajeitada. Nem te vi vindo e... – desculpou-se a mais jovem enquanto se levantava com a ajuda dele.


        - Imagine, como você conseguiria ver com todos esses materiais! Aliás, pra quê tanta coisa?


        - Ah, Slughorn estava de mau humor e nos passou um trabalho gigantesco... Alias, um que eu não consigo fazer de jeito nenhum... – ela pareceu envergonhada.


        - O que foi?


        - Eu tive uma idéia, mas não sei...


        - Que idéia? Fala!


        - Draco... Você poderia me ajudar com esse trabalho, quer dizer, você é mais velho e sei que é ótimo em poções...


        - Mas a Melinda não estava sendo um tipo de tutora sua?


        - Sim, é que ela está tão ocupada tentando decifrar o livro que o pai dela deu que eu fico meio sem graça de pedir...       


        - Hum, verdade, ultimamente ela vem gastando bastante energia naquele livro... Mais do que devia, aliás... – respondeu ele, em tom de brincadeira.


        - Não podemos culpá-la, quer dizer... Foi presente do pai dela, deve ser muita pressão em cima dela para decifrar aquilo logo! – Astoria se fez de compreensiva e preocupada, arrancando um sorriso de Draco, que assentiu.


        - Tudo bem, eu te ajudo! Não tenho nada pra fazer mesmo. – ela pegou um pouco do material dela. – Aproveito e te ajudo! Vamos? – ele indicou o caminho para a biblioteca.


        - Claro. – respondeu uma radiante Astoria. – Ah, eu nem sei como te agradecer!


        - Um dia você me devolve o favor. – ele piscou. – Brincadeira, você é amiga da Mel... O que te torna minha amiga também. – aquela fala cortara toda a alegria de Astoria.


        - Você a ama demais, não é? – perguntou Astoria, tentando manter a voz doce e suave. 


        - Mais do que você possa imaginar, Astoria. Muito mais. – respondeu ele, sincero, com os olhos brilhando de pensar na namorada.


        Astoria sorriu e eles fizeram o caminho em silêncio, pensando em todos os avisos que Pansy e sua irmã lhe haviam dado sobre como a relação de Draco e Melinda era diferente de todas aquelas em Hogwarts, muito mais profunda. Bom, a realidade é que seria difícil e que tudo o que é difícil é mais gostoso no final. E ela sabia que no fim valeria a pena. Só ignorava o que poderia acontecer a ela quando esse final chegasse, porque ela achava que sim, mas não sabia o tamanho do vespeiro onde estava se metendo.


 


        Após várias horas tentando, Melinda desistiu de decifrar o livro e descansar um pouco. Pelo menos por aquele dia e retomar suas tentativas no dia seguinte. Ela seguia para o almoço com Nicky e Gabrielle quando se encontrou com Draco e Astoria, que caminhavam juntos.   


        - Mel! – exclamou Draco, largando Astoria falando sozinha, quando avistou a namorada e se aproximou dela.


        - Hey, amor. – Melinda puxou Draco para um beijo rápido, mas não escondeu a estranheza de vê-lo com Astoria.


        - Er... Ah... A Astoria estava com dificuldade no trabalho de Slughorn e ficou com receio de te incomodar pedindo ajuda porque você estava tentando decifrar seu livro, aí a gente se esbarrou no corredor e eu não vi problema em ajudá-la... – explicou Draco ao ver a expressão confusa no rosto da namorada.


        - Ah sim. Astoria... Nesses casos, não se preocupe em me ‘incomodar’... Pois não estará me incomodando. – disse Melinda, sorrindo para Astoria. - Prometi que seria sua tutora e serei...


        - Tudo bem. – Astoria pareceu aliviada, mas no fundo estava gritando.


Draco havia acabado com seus planos ao contar a verdadeira história para Melinda, ela esperava que ele inventasse que eles haviam se encontrado no corredor e vindo juntos ou algo do tipo, mas a sinceridade dele havia feito com que ela tivesse que inventar novas desculpas para se aproximar dele. Merda. Aquilo seria mais difícil do que ela pensava.


Nicky e Gabrielle pareceram notar o incômodo real de Astoria e perceber o que ela realmente queria. Mas Astoria era muito estúpida mesmo! Ela achava que conseguiria...? Só nos sonhos dela. As duas tiveram vontade de rir somente de perceberem a burrice de Astoria. Ah, o buraco era tão mais embaixo do que ela pensava.


Melinda e Draco andaram juntos até o Salão Principal e Astoria foi segurada por Nicky e Gabrielle ao tentar acompanhá-los. A garota não entendeu o porquê daquilo até que Nicky olhou significativamente para os materiais na mão dela.


- Você não tem que guardar isso? – perguntou a ruiva, indicando os materiais. – Quer dizer, almoçar com isso será no mínimo desconfortável.


- Ah, é claro... Como eu sou tonta! – Astoria riu e tentou se dirigir ao salão comunal, mas foi novamente impedida.


- Lembre-se de evitar ser tonta, Astoria. Principalmente perto da Melinda e, principalmente, do Draco.  Ou de ser tonta em relação a eles. – avisou Gabrielle.


- O que você quer dizer com isso, Ceresier?


- Que eu já percebi o seu jogo e que se eu já o percebi, a Melinda o sacou há semanas. Legilimência sabe? – a menção à capacidade que Melinda tinha de ler mentes amedrontou um pouco Astoria.


- Não sei de que jogo está falando! Acho que vocês estão tão rodeadas por guerras, traições e jogo sujo que estão ficando paranóicas! – Astoria se soltou de Gabrielle. – Por Merlin, acha que sou burra de fazer algo que desagrade Melinda? Sei do que ela é capaz! Não sou suicida de jogar contra quem sempre vence!


- Espero que não. – foi tudo o que Nicky disse antes que Gabrielle soltasse Astoria.


Enquanto as duas iam encontrar o casal de amigos no Salão Principal, Astoria foi para o Comunal, andando o mais rápido que podia. Ao entrar no Salão, viu Pansy e Daphne a observando. As duas estavam para sair para o almoço e viram a mais jovem entrar pálida.


- O que foi, maninha? – perguntou Daphne, rindo. – Viu um fantasma?


- Algo do tipo. – respondeu Astoria.


- Tory... Isso não tem nada a ver com Draco Malfoy, tem? – perguntou Pansy.


- Não! Não sou eu que sou obcecada por ele, você é! Agora com licença, eu preciso guardar isso. – ela não deixou que nenhuma delas dissesse algo.


- Tem a ver com ele, não tem Pansy? – perguntou uma Daphne preocupada.


- Com certeza. E pela cara dela, alguém mais percebeu que tem a ver com ele...


- Acha que... Ela? – Pansy assentiu e Daphne lamentou pela irmã por todo o caminho até o Salão Principal.


Quando Astoria chegou a seu quarto, ela achou que seu coração ia pular de sua boca. Ela tinha que ser mais cuidadosa, porque Ceresier estava certa: Melinda provavelmente já sabia de tudo e só estava maquinando a forma mais cruel possível de matá-la. Ela precisava se proteger e sabia que sendo sutil seria a melhor maneira, se Draco percebesse o interesse explicito dela, daria razão a Melinda. Ela teria que ficar fora da briga por um tempo para que as coisas assentassem. Pelo menos por um tempo, pelo bem dela.


Somente após o almoço Gabrielle e Nicky conseguiram ficar sozinhas com Melinda, no quarto dela, que parecia bastante tranqüila em resposta ao nervosismo das duas.


- Mel... Nós precisamos falar com você... Essa história da Astoria não querer te incomodar hoje de manhã...? – Gabrielle parecia afita.


- O que tem...? – a calma de Melinda parecia fazer com que as duas outras borbulhassem de raiva.


- O que tem...? Melinda, você não comprou aquela desculpa esfarrapada, hein? Por Merlin! – era como se Gabrielle fosse voar no pescoço da amiga.


- Preciso concordar com a Gabrielle... – suspirou Nicky. – Mel, aquela foi a pior desculpa já dada...


- Sim... E o Draco a comprou como uma criança inocente... – disse Melinda, olhando para as unhas...


- O Draco...? – perguntaram as outras duas.


- Sim, o Draco. – ela levantou da cama, simplesmente. – Astoria nunca fez questão alguma de não me incomodar. – ela se olhou no espelho. – No entanto, decidiu não fazê-lo quando viu a oportunidade de ser ajudada por alguém mais interessante... – ela arrumou a roupa.


- Espere um minuto! – Gabrielle exclamou animada. – Então quer dizer que...?


- Que eu não sou burra, Gabrielle! – ela se virou subitamente para a amiga, finalmente demonstrando irritação na voz. - Eu percebi o interesse da Astoria Greengrass no meu namorado no dia primeiro de setembro, no expresso Hogwarts. – tudo parecia tão óbvio na voz de Melinda. – Aquela menina é a pior Oclumente que eu já vi.


O alívio ficou óbvio demais no rosto das outras duas, que se jogaram na cama de Melinda, finalmente respirando tranquilamente. Aquela era a Melinda que elas conheciam. Só tinha uma coisa que elas não entendiam.


- Por que eu deixei ela se aproximar? – antes que elas perguntassem, Melinda respondeu. Ah, às vezes elas odiavam Legilimência.  – Porque vocês sabem o que dizem... Mantenha seus amigos perto...


- E seus inimigos mais ainda! – as duas completaram em uníssono.


- Sim... Quanto melhor que eu for para Astoria, pior ela parecerá ao Draco quando tentar algo. É por isso que eu serei a melhor amiga que Astoria pode ter. – ela se sentou entre as duas. – Porque isso pode até não bater na consciência dela, mas... Pesará para o Draco uma vez que a traição dela será colossal.


- Assim você não precisa sujar as mãos... – disse Nicky.


- Hey, como assim? É claro que eu vou sujar as mãos... No momento certo e com todo o direito já que eu fui tão boa para ela e mesmo assim fui apunhalada pelas costas. Ah! – Melinda encenou como se tivesse sido realmente apunhalada e caiu da cama de joelhos no chão, causando crises de risos nas duas.


Melinda se levantou e sentou novamente entre as amigas, rindo com elas. Era bom que elas soubessem do plano para não atrapalhá-lo, não que a preocupação delas fossem ruim ao plano, na verdade era bom para ele.


- Aliás, continuem com toda a historia de “Não confiamos nela! Não confie”, dá mais veracidade ao plano. No fundo sei que estarão tranqüilas, mas não pareçam... – avisou Melinda e elas concordaram.


- Merlin, eu quero morrer sua amiga. – confessou Gabrielle.


- Somos duas. – disse Nicky, apertando a mão de Gabrielle.


A atitude das duas fez com que Melinda caísse numa crise de riso, elas eram tão bobas às vezes, mas não era como se elas estivessem de todo erradas. Na verdade estavam bem certas. Ser inimigo de Melinda não era algo que ninguém desejaria, muito menos elas.  


 


Mansão Malfoy – Duas noites depois


 


         Uma reunião extraordinária fora convocada por Voldemort, ao que indicava para delegar uma nova missão. Todos os Comensais do círculo íntimo estavam presentes, tirando os que estavam em Hogwarts (Draco, Melinda, Gabrielle, Snape e os irmãos Carrow), aos quais os tópicos a serem ali discutidos não eram interessantes.


        Contudo, como sempre tem de acontecer, havia mais ali a ser discutido do que somente o que estava planejado e foi por isso que McNair pediu a palavra.


        - Milorde, é um prazer encontrá-lo! Por isso preciso aproveitar para dar notícias. Fui designado para ficar de olho em Arthur Weasley e o estou fazendo por isso preciso reportar algo que ouvi... – disse o Comensal, recebendo um sinal de Voldemort para que continuasse. – Bem, Weasley estava conversando com Amos Diggory, que vem a ser amigo dele ao que percebi, às escondidas no escritório de Diggory, mas... O que ele não sabia é que o escritório de Diggory também está monitorado e eu posso ouvir tudo o que se passa lá. – Voldemort assentiu. – Weasley estava dizendo que foi visitar a filha dele em Hogwarts, porque recebeu noticias de que ela teria mudado de lado, se colocado a nosso favor.


        Bellatrix começou a ficar bastante interessada no rumo que aquela conversa estava tomando. Afinal, fora por culpa dela que aquelas informações sobre Ginny haviam chegado a Arthur Weasley.


        - Segundo ele, ele conversou muito com a filha, que estava irredutivelmente mudada... E todos nós sabemos a causadora da mudança de Weasley. – ele apontou Bellatrix, que sorriu e fez um aceno com a cabeça para que ele continuasse. – Todavia, pelo o que ele disse ao amigo, ficou extremamente preocupado quando conseguiu arrancar a verdade da filha. – Bellatrix subitamente enrijeceu na cadeira. – Ele disse que foi difícil quebrar as barreiras dela, mas que conseguiu que ela confessasse que está sendo ameaçada pessoalmente por Bellatrix Lestrange para ficar calada e que se ela não o fizer todos que ela ama serão machucados. Ela abriu a boca, contou tudo ao pai, milady. – ele se dirigiu a Bellatrix. – Sinto que isto foge um pouco às condições que impôs a ela, correto?


        - Menina maldita! – irritou-se Bellatrix, socando a mesa. – Amico devia estar de olho nela, mas pelo jeito cochilou. – ela revirou os olhos. - E, sim, você está certo. Foge aos termos, contar ao pai é contar a alguém. Bem, creio que isso coloca um adendo ao planejamento... – ela olhou para Voldemort, que foi o único que entendeu o que ela queria dizer.       


         Todos pareceram impressionados com a reação quase calma dela àquela noticia, mas a verdade é que depois do episodio Longbottom, nada podia irritá-la demais.


        - Acho que podemos enfim fazer o que viemos aqui fazer. – disse Voldemort, dando início à reunião. Temo dizer que todos vocês terão que trabalhar no Haloween... – várias expressões de desagrado surgiram nos Comensais da Morte. – No entanto, eu creio que vocês vão gostar bastante do trabalho que irão fazer porque na verdade... Será uma diversão.


        Diversão? Os Comensais se entreolharam, curiosos em saber como eles se divertiriam no Halloween trabalhando. Bellatrix então se levantou para explicar junto com Voldemort o que eles deveriam fazer em cada missão.


        - Vocês serão divididos em dois grupos. – disse Bellatrix ao se levantar, aquilo havia acabado de ser colocado ao planejamento, graças à boca grande de Ginny Weasley. – Cada um deles terá um papel muito especial na noite de Halloween. – Um sorriso sádico se instalou nos lábios da Lady das Trevas e um brilho assassino em seus olhos. Ela se divertia apenas com a idéia do que aquela missão viria a ser. Ah, ela adorava o Halloween. Adoraria principalmente aquele.


        Bellatrix e Voldemort começaram a dar as instruções sobre as ditas missões e os sorrisos de contentamento foram aos poucos surgindo no rosto dos Comensais da Morte. Havia um jeito melhor de comemorar o Halloween com um banho de sangue? Principalmente se o sangue fosse proveniente de traidores do sangue. Então, eles se deleitaram naquela data tão especial.


        O que deveria ser um trabalho se tornou um presente do Lorde e da Lady das Trevas, e eles chegaram à conclusão de que não havia trabalho melhor no mundo do que Comensal da Morte. Pelo menos não quando você é do circulo intimo e é extremamente sádico, é. Era o caso de todos ali, então sem problemas.


        Aquela reunião que começara tensa devido a seu caráter extraordinário e de última hora – o que sempre levava a pensamentos de que algo estava muito errado – foi se tornando mais informal até que todos estavam rindo dos planos de Halloween. Ah, aquele seria um feriado e tanto para eles. E talvez o último para os pobres que sofreriam com toda aquela diversão. Porque quando um Comensal da Morte se diverte, alguém sempre se fere: é a lei da vida no mundo bruxo e eles agradeciam e se vangloriavam de estar no lado forte do cabo de guerra. Quem escolhera o lado fraco não tinha nada mais a fazer do que agüentar as conseqüências e rezar, muito.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – No dia seguinte


 


         Os preparativos para o Halloween iam a todo o vapor, mas Melinda parecia não estar se importando muito para o que viria ou não a acontecer na noite de Halloween em Hogwarts, pelo contrário, estava com seus pensamentos bem longe dali. Longe demais.


        Sentada em sua cama, inerte em seus pensamentos, ela maquinava seu próximo movimento naquele jogo de xadrez que era a briga pela guarda da pequena Lynx. Diggory era um bom jogador, protegia a menina bem, tirá-la dele seria bastante difícil. Só que ela era uma exímia jogadora de xadrez no fim das contas e já sabia o próximo passo.


        Ignorando completamente o que fosse que Gabrielle e Nicky, que ela havia esquecido que estavam em seu quarto discutindo coisas sobre a festa de Halloween da sonserina, estavam dizendo, ela se levantou e foi até a porta.


        - Onde você vai, Melinda?! – perguntou Gabrielle, assustada pela forma como ela levantara. – Enlouqueceu de vez?!


        - Não, não enlouqueci. Estou indo fazer uma visitinha ao seu namorado, minha cara! – respondeu Melinda, já com a mão na maçaneta. – Preciso de um favorzinho dele.


        - Do Sev? Mas... O que diabos...? – perguntou Gabrielle, confusa, mas quando viu, Melinda já tinha saído do quarto. – O que deu nela? – ela se virou para Nicky.


        - No idea. Quer apostar que tem a ver com a Lynx? Ou com aquele livro maluco que ela carrega pra lá e pra cá tentando decifrar...? – respondeu a ruiva, dando de ombros. Tinha mais o que fazer do que tentar adivinhar os motivos das maluquices de Melinda. – Ela está esquisita há alguns dias... Creio que ela tenha percebido que Snape pode ajudá-la de alguma forma seja no que for que ela esteja planejando.


        - Mas se for a ver com a Lynx, ela podia dizer, né? Nós poderíamos ajudá-la. – Gabrielle soou bastante chateada.


        - Hey, aquela lá quando tem uma epifania, uma idéia genial não tem quem segure. Você sabe. Se for com a Lynx, ela vai ver se consegue ajuda do seu namorado querido e aí sim falar conosco. Porque qualquer coisa que tenha a vez com a Lynx implica...


        - Sair de Hogwarts! – pareceu então muito óbvio para Gabrielle. – É claro! Deve ser isso! Porque ela nunca pediria ajuda a ele para decifrar a abertura daquele livro. A Melinda é orgulhosa demais para isso...


        - Verdade. – Nicky percebeu que aquela era uma idéia estúpida, realmente Melinda nunca, em hipótese alguma pediria a ajuda de Snape com aquele livro.


        - Então só pode ser algo com a Lynx e ela foi convencê-lo a nos tirar de Hogwarts para que possamos fazer algo...
        - E não fazia sentido nenhum comentar sobre o plano conosco antes de conseguir as permissões!


        - Sim! Por isso ela saiu que nem uma louca... Duvido que Severus negue a nossa saída... Quer dizer, ele não nega quase nada a ela... Isso me deixa até meio enciumada às vezes, na verdade...!- disse Gabrielle, séria, mesmo que estivesse brincando.


        Nicky jogou uma almofada em Gabrielle e as duas desatinaram a dar risada, mas logo decidiram se focar nos planejamentos da festa porque afinal de contas alguém tinha que se concentrar naquilo para que desse certo. Ninguém esquecia quando eles foram pegos e tudo virou um desastre: Aquilo não podia se repetir. E, se dependesse delas, não ia.


 


        Snape ficou extremamente surpreso com a visita de Melinda, pois ela era a última aluna que ele esperaria em seu escritório – a não ser que Gabrielle já estivesse lá dentro com ele e ela fosse procurá-la, é claro. Mas por conta própria, era bem estranho.


        - Srta. Black! Que surpresa tê-la aqui! A que devo a honra?


        - Muito engraçado, professor! Estou morrendo de rir. – Melinda cruzou os braços enquanto se aproximava da mesa dele.


        - Você tem o mau humor da sua mãe... Seria mais interessante conviver contigo se tivesse o senso de humor do seu pai! – nem Snape entendia porque decidira começar a alfinetar Melinda como se ela fosse Bellatrix, tudo o que ela sabia é que fora irresistível.


        - Eu tenho o senso de humor dele quando me é interessante, pergunte a Gabrielle... Ela sabe bem. – Melinda se sentou na cadeira em frente à mesa dele.


        - Perguntarei... Quando me encontrar com ela... Agora, me diga, o que traz a Princesa aqui?


        - Preciso que me ajude em uma coisa...


        - Você pedindo minha ajuda? Eis algo interessante.


        - Podemos parar com as alfinetadas e partir para o assunto? É realmente importante. – Melinda pareceu cansada e Snape assentiu.


        - Tudo bem, tudo bem. Vá em frente!


        - Preciso sair de Hogwarts... Eu, Draco, Gabrielle e Nicky...


        - Para quê? Sim, porque não posso simplesmente liberar quatro alunos sem que me dê um motivo plausível Melinda...


        - Precisamos todos resolver assuntos pendentes, com Cedrico Diggory. Eu preciso, na verdade, mas necessito da ajuda deles. Sabe que Diggory está cercado de proteção ultimamente...


        - Sim, porque todos têm medo que você se aproxime dele e, principalmente, da menina. Melinda, isso tem algo a ver com Lynx Diggory?


        - Obviamente sim. Mas não precisa se preocupar... Não pretendo cometer um infanticídio tão cedo em minha vida... – ela olhou entediada para as unhas. – Meu problema é com meu cunhado, não com a menina...


        - Isso quer dizer o que exatamente...?


        - Decifre o que quer dizer! – respondeu ela, em tom de desafio, se levantou e espalmou as mãos na mesa, se apoiando. – Agora... Dará-nos as permissões? – o rosto dela se transformou numa máscara de inocência e bondade. No fundo, Snape admirava como Bellatrix e Melinda eram capazes de mudar suas expressões faciais com facilidade e moldá-las de acordo com o que era melhor para o momento sem deixar os reais sentimentos interferirem nelas. Era o cúmulo do controle sobre o próprio corpo. Não que ele fosse admitir isso a ninguém, é claro, e que ele não conseguisse fazer o mesmo, mas geralmente mulheres são muito emocionais e aquelas duas... Ou não eram ou eram muito boas em fingir.


        - Sim, eu vou! Quem sou eu de dizer não para uma coisa dessas? O que o Lorde diria se ouvisse que eu impedi que a filha dele acertasse as contas com alguém? Ou que qualquer um acertasse as contas com um traidor do sangue, na verdade...- respondeu Snape, pegando um pergaminho na gaveta da mesa. – Quem mesmo você falou que precisa que vá? – ele começou a escrever. – Você, Malfoy, Gabrielle e Tonks. É isso, correto? 


        - Sim, querido diretor! – os olhos de Melinda pareciam brilhar enquanto ele escrevia a autorização. Ela sabia ser encantadora quando queria. Até para com Severus Snape.


        Snape concentrou-se em escrever o resto da autorização, assiná-la e, com um pouco de cera vermelha e um marcador, colocar o brasão de Hogwarts para autenticá-la. Estendeu a autorização para Melinda.


        - Não coloquei data propositalmente. Assim você pode decidir qual dia é melhor para sair.


        - Obrigada, professor Snape! Esse detalhe foi muito atencioso! Assim posso me planejar. – ela pegou a autorização, mas ele ainda a segurava.


        - Por que tenho o sentimento de que essa não é a última dessas que eu escreverei?


        - Porque você é um diretor muito atencioso que sabe prezar pelas necessidades de seus alunos! – ela puxou a autorização e se afastou. – Pelo menos pelas necessidades de seus alunos favoritos! – completou a bruxa, de costas para ele, já da porta.


        - E o que te faz pensar que é uma de minhas favoritas? – Snape cruzou os braços e relaxou na cadeira.


        Melinda girou nos calcanhares, sorrindo divertida para ele. As provocações tinham retornado e ela adorava aqueles joguinhos psicológicos. Inegável o parentesco com madame Lestrange.


        - Eu sou a favorita de todos os professores! É bem óbvio isso!


        - E convencida também.


        - O que posso fazer se todos vocês me dão motivos? – ela deu de ombros. – Vamos, professor, pode não admitir, mas eu sei que sou sua aluna favorita. Ou... Segunda favorita, mas competir com a Gabrielle é perder na certa. Então dessa vez eu aceito o segundo lugar! Mesmo porque né, Gabrielle tem seus meios de manter o primeiro lugar e eu não desejo recorrer a eles. – Melinda fez uma cara de nojo que quase fez Snape rir.


        - Imagino que não. E nem eu desejo tirar a medalha de ouro da Gabie.


        - Então quer dizer que de fato a de prata é minha?


        - Decifre o que eu quis dizer. – respondeu Snape, usando palavras parecidas com as dela minutos antes.


        - Touché! – Melinda riu. – Agora sua segunda aluna favorita vai indo de verdade, professor, pois ela precisa arrumar seu acerto de contas. Obrigada.


        Snape respondeu um ‘Disponha’ e ela abriu a porta, sumindo por ela no segundo seguinte. Era claro que Melinda era a segunda aluna favorita dele no geral e, em termos acadêmicos, a primeira. Afinal de contas, era como ela dissera, em termos acadêmicos ela era a favorita de todos, mesmo dos que a odiavam.


        Melinda quase pulou de alegria quando ela saiu da visão de Snape. Também não era para menos, afinal, aquela autorização era tudo o que ela precisava para colocar seu plano genial em ação. Tudo o que ela sabia era que, no que dependesse dela, cabeças iam rolar antes que o Halloween tivesse passado.


 


        Quando a morena finalmente voltou para seu quarto, as duas amigas ainda continuavam lá, discutindo futilidades sobre a festa. Mas elas pararam assim que ela passou pela porta e prestaram atenção no que ela ia dizer.


        - Preciso que se preparem, faremos uma visita social a Cedric Diggory...


        - Quando? – as duas perguntaram, animadas.


        - Eu tinha planejado para o Halloween, mas decidi que não quero esperar muito mais. Faremos amanhã à noite, já que é sábado e não perderemos aula alguma. Hoje mesmo vou para casa, pedir ajuda a meu pai, alguns Comensais emprestados, enfim...Essas coisas! E sugiro que vocês saiam comigo, afinal, eu só tenho uma autorização para todos nós! – ela abanou o papel.


        - Você é completamente louca! – riu Gabrielle. – Ah, então foi nisso que meu namorado entrou!


        - Exatamente! – Melinda se sentou com elas na cama e começou a contar seu plano. Ela finalmente pegaria Lynx, mataria Diggory e nada a impediria. Ela já estava cansada de brincar de gato e rato com o traidor. Em vinte e quatro horas, isso estaria acabado.


 


        Como o planejado, na mesma noite os quatro adolescentes estavam hospedados na Mansão Slytherin. Draco poderia ter ficado na casa de seus pais, mas não desejava cruzar com Lucius tão cedo – a situação na família Malfoy continuava complicada e dificilmente aquilo mudaria muito cedo.  Lucius Malfoy estava apenas colhendo os frutos daquilo que plantara e, portanto, devia suportar. Aqui se planta, aqui se colhe.


        Voldemort e Bellatrix ficaram bastante contentes com a visita deles, ainda mais pelo motivo que os tirava de Hogwarts. Jovens planejando um ataque à casa de um traidor do sangue em pleno subúrbio trouxa de Londres, que maneira sublime de terminar a semana anterior ao Halloween!


        Após todas as medidas técnicas para o ataque terem sido tomadas, todos puderam enfim relaxar. E formas para tal não faltavam na Mansão Slytherin. Melinda, por sua vez, preferiu relaxar acompanhada de Voldemort, numa maneira bem erudita.


        O jogo de xadrez deles, extremamente disputado, chamou a atenção de todos os que estavam na casa, que se tornaram a audiência daquela partida que parecia ter destino certo: durar horas.


        - Finalmente então decidiu acertar suas pendências com Diggory, huh? – perguntou Voldemort, enquanto fazia uma jogada.


        - Adiei isso demais, eu suponho. – ela fez o movimento dela, anulando o do pai.


        Voldemort sorriu, aquele jogo estava começando a ficar interessante. Duas mentes brilhantes, um jogo de estratégia, apenas um venceria ali, é claro. Mas isso não significava que o outro não daria trabalho.


        - Talvez... Todavia, com as chances que tem com esse ataque surpresa... Creio que Diggory deva se concentrar em aproveitar suas últimas horas.  – Voldemort derrubou um cavalo dela.


        Melinda parou por uns momentos, sorrindo cruel na direção de Voldemort. Ele por algum tempo não entendeu bem o que aquele olhar dela queria dizer, mas logo quando ele tinha entendido ela decidiu confirmar.


        - Ou não, pois estas não serão as últimas horas de Diggory... Apenas suas últimas horas na companhia da filha. – Melinda moveu mais uma peça, tentando outra vez colocar Voldemort em xeque.


        A melhora da filha no jogo impressionou o Lorde das Trevas, que chegou à conclusão de que certamente ela estava treinando. Ele parou por um tempo, pensando na melhor forma de acabar com aquele jogo de uma vez só.


        - Seu ódio por Diggory aumenta exponencialmente, não? Digo, deixar o pobre sem a filha! Sabendo que ela está seqüestrada pela tia malvada! Tsc.tsc. Quanta maldade, Melinda! – Voldemort fingiu chocar-se com os planos dela, quando na verdade se deleitava neles. E a Princesa sabia disso.


        - O que eu posso fazer? Diggory me provocou, provocou a todos nós quando desviou Hilary. – Melinda deu de ombros. – Tudo o que eu posso fazer é revidar. Ele me tirou minha irmã, eu tiro a filha dele. Não é nossa nova filosofia? Pagar na mesma moeda, porém com alguns juros?


        - Exatamente, my dear. – Voldemort notou que Melinda ficara levemente distraída com a conversa sobre Diggory e mexeu sua peça.


        - De qualquer forma... Não posso deixar Lynx muito mais nas mãos dele, vai estragar a menina. – ela fez o primeiro movimento descuidado de todo o jogo. Ah, Melinda, tinha tanto o que aprender ainda sobre seu querido pai. – Quero que ela tenha todos os cuidados e ensinamentos que alguém na posição que ela terá como minha filha possa ter...


        - Onde pensa em deixá-la por enquanto, no tempo em que estiver em Hogwarts... Na Mansão Malfoy? – Melinda tentou responder, mas não teve tempo para nada antes que. – Xeque-mate, querida. – o rei dela estava caído no tabuleiro.


        - Mas o quê? – ela se surpreendeu ao perceber que havia perdido. Como aquilo tinha acontecido? Dois segundos antes o jogo estava empatado! Duas jogadas antes. Uma imprudente dela, que estava distraída com o assunto Cedric Diggory. – Oh, é claro! – ela olhou para Voldemort, emburrada. – Trapaça é um meio muito vil de vencer, my lord! – ela se fez de ultrajada, arrancando risadas de todos na sala, inclusive dele.


        - Pode até ser, mas o melhor meio de ganhar um jogo de xadrez é induzir seu oponente ao erro... Se isto é trapaça, então devo dizer que xadrez é um jogo para os vis. – ele relaxou na cadeira e fez Melinda revirar os olhos. – Não é minha culpa que você se deixa distrair, minha cara.


        - Preciso tomar mais cuidado com suas artimanhas, milorde. – ela continuava a usar o falso tom ultrajado, que causava risinhos nos outros. – Afinal, não posso sempre perder. Se bem que, se for perder sempre para o Lorde das Trevas... É perder bem. – ela deu de ombros, conformada. – Digo, sempre foi um exímio jogador de xadrez, e eu sou uma principiante.


        - E uma bajuladora maravilhosa quando quer, também. – ele sorriu de canto, deixando a ilha um pouco encabulada. Ele sentou-se direito na cadeira e segurou o queixo dela, levantando o rosto da filha até que ela o olhasse novamente nos olhos. – Darling, eu sei que me admira, mas exageros são percebidos.   – ele piscou para ela, que riu, concordando com a cabeça.


        - Ok, talvez eu tenha exagerado um pouco na minha falta de desprazer ao perder. Admito, preferia ter vencido. Mesmo que eu tenha perdido bem, a vitória é sempre melhor. – ela admitiu, relaxando em sua cadeira. – Mas foi divertido... Já o que eu tenho para fazer amanhã, talvez nem tanto. Quer dizer, o fim sim... O meio... Batalhas podem se tornar desinteressantes.


        - Acha que vai ter uma batalha? – perguntou Gabrielle, do canto da sala. – Quer dizer, estamos pegando Diggory de surpresa.


        - Sim, Gaby. Terá uma batalha. – respondeu Melinda, distante e pensativa. – Diggory está sob proteção da Ordem, certamente. Não será assim tão fácil tirar Lynx de lá... Eles preferirão morrer e matar a todos a deixar que eu tire a menina de lá, é por isso que pedi reforços. – ela olhou para Voldemort e depois para Gabrielle. – Porque mesmo com o efeito surpresa, será um desafio. Existem muitos sentimentos envolvidos nisso e, ao mesmo tempo em que leva as pessoas a fazer besteiras, a passionalidade pode trazer uma força impressionante aos fracos, principalmente a estes. Já ouviu dizer que para proteger um filho o mais calmo dos homens se torna uma fera? Pois então... Não subestimarei essa idéia. Qualquer tipo de subestimação é burrice.


        - Antes a superestimação do que a subestimação. – comentou Voldemort, encontrando concordância em todos. – Segurança e preparação demais nunca prejudicam, já o contrario...


        - Exatamente por isso estou superestimando Diggory... Não quero surpresas desagradáveis...  


        Todos concordaram e o silêncio imperou por vários minutos na sala depois disso, quando as pessoas se fecharam em seus próprios pensamentos, tramando, pensando em tudo o que deveria ser feito nos próximos dias. Ninguém não tinha algo no que pensar, afinal não somente Diggory teria visitas naqueles dias em que se seguiriam, outros também teriam aquele desprazer e os idealizadores não conseguiam parar de pensar naquilo. Ansiedade, antecipação, um vírus do qual nem mesmo os mais experientes conseguiam fugir.


 


Londres trouxa – Na noite seguinte


 


        Greyback havia acabado de guiar Melinda até onde era a casa de Cedric Diggory, onde ele se escondia desde a morte de Hilary. Não ficava longe da antiga, mas tinha mais possibilidades de esconderijo para seus possíveis protetores da Ordem, alguns já avistados por eles.


        Os Comensais da Morte estavam ocultos atrás de uma parede de feitiços a alguns metros da casa, de modo que podiam ver tudo sem serem vistos.


        - Pelo menos ele não foi burro o suficiente para continuar no mesmo lugar. – comentou Melinda, sussurrando o mais baixo que conseguiu. – Coitado, mal sabe que está sendo seguido. – ela olhou de canto de olho para Greyback.


        - Sempre soube que precisaria dessa informação uma hora ou outra, princesa. – vangloriou-se Greyback. – por isso, mesmo sem ordens, continuei seguindo Diggory.


        - E será recompensado por isso. Agora vamos todos, quero acabar logo com isso. – Melinda deu um passo à frente e foi segurada por Rodolphus.


        - Espera. – ele pareceu ter visto alguma coisa. – Está vendo aquele guarda da ordem ali no canto. – ele apontou para o local ao qual se referia. – Ele parece ter desconfiado de algo.


        - Os feitiços... Estão funcionando direito? – perguntou Rabastan Lestrange, que pela primeira vez acompanhava Melinda.


        - Sim, eu mesmo os chequei. – confirmou Avery. – Duas vezes.


        - Então o que diabos...? – impressionou-se Melinda. Não era possível que eles tivessem sido ouvidos ou vistos, então como? A resposta veio em seguida.


        O dito guarda da ordem pareceu relaxar ao notar que a movimentação viera de um gato de rua próximo a onde eles estavam. Todos então também relaxaram.


        - Ser Comensal é um ótimo treino para os nervos. – confessou Nicky, apoiando-se em Draco e Gabrielle como se fosse desmaiar. – Isso que eu nem fui marcada ainda e já estou sofrendo.


        - Vai piorar. – disseram todos os outros em uníssono.


        Quando o guarda da ordem olhou para o outro lado, eles começaram a se separar, ainda dentro da proteção de feitiços. O fato era que, infelizmente, eles teriam de se livrar da barreira para conseguir lançar quaisquer feitiços na direção dos membros da ordem. Era exatamente por isso que apenas quando todos estavam posicionados a barreira fora retirada. A batalha havia começado.


        Todos direcionaram feitiços aos membros da ordem no instante em que a barreira caiu, mas alguns deles eram irritantemente rápidos. Outros, para infelicidade, eram mais lentos e sucumbiram aos feitiços. A maioria dos que sucumbiram foram ao chão mortos, exceto um: aquele que Nicky acertara. Esse pequeno detalhe irritou Melinda, que sem tirar os olhos daquele com quem duelava berrou:


        - O que diabos pensa que está fazendo, Nicky? Brincando de Clube de Duelos em Hogwarts? Eles vão te matar na primeira oportunidade! Deixe de ser frouxa e faça o mesmo!


        Nicky na verdade não sabia o que fazer, nem mesmo sabia se conseguiria lançar uma maldição imperdoável assim do nada. Mas ela percebia que era uma questão de vida ou morte. Os duelos à sua volta eram tão pesados, disputados, ela não podia agir como uma criança assustada e, no entanto, permanecia chocada. Até que ela viu: um membro da Ordem em sua direção. Ela tinha que fazer algo, mas estava paralisada.


 Ela olhou para o lado e viu que Gabrielle ainda duelava com um membro da ordem, que assim como aquele no qual Melinda mirara, não havia caído de primeira. Gabrielle também nunca havia matado ninguém. Então ela viu o raio verde sair da varinha da amiga e acertar o homem, finalmente acabando com aquele duelo.


 Gabrielle então olhou na direção dela, parecendo assustada com alguma coisa. A ruiva não entendeu e ficou ainda mais confusa quando viu a loira direcionar a varinha a ela e pronunciar “Avada Kedavra!”. O que diabos? Só no segundo seguinte é que ela percebeu o que acontecera: aquele membro da ordem que estava vindo em sua direção caíra a menos de um metro dela. Duas mortes de primeira, é, não era surpresa porque Gabrielle era a preferida de Melinda.


Draco tivera mais sorte e conseguira derrubar o membro da ordem no qual mirara de primeira, mas já estava se ocupando de outros. E eles pareciam surgir do além. Melinda estava certa, Diggory estava muito protegido.


Todos estavam ocupados com seus respectivos duelos e se ocupando de outros assim que os anteriores acabavam. Aquilo tendia a piorar, pelo o que eles estavam vendo. Mais de dez membros da ordem já jaziam mortos no chão, e mais chegavam.


- Diggory pediu reforços! – Draco ouviu a voz de Melinda, que surgiu logo atrás dele após derrotar o terceiro membro da Ordem. – Eles não estão surgindo do além à toa. Ele sabe que estamos aqui.


- Você estava certa, de novo.


- Sim, baby. Mas lembre-se: A dificuldade só deixa as coisas mais interessantes! – ela sorriu, mas ele não teve tempo de responder uma vez que ela já havia começado outro duelo e se afastado dele.


A enxurrada de membros da ordem pareceu diminuir e, aos poucos, eles foram vencendo os que sobravam com um saldo de alguns hematomas e ferimentos leves, mas nenhuma morte. A última a terminar de duelar foi Nicky que no último segundo conseguir criar forçar para fazer o que tinha que ser feito.


- Avada Kedavra! – as palavras saíram da boca dela de uma vez, como uma cachoeira e ela fechou os olhos, sem saber o que vinha pela frente. Mas para sua felicidade o maldito oponente caiu inerte.


- Não relaxem! – alertou Rodolphus, quando o grupo todo estava próximo. – Certamente existem mais, lá dentro no mínimo.


- Devem ter percebido que vir aqui fora era suicídio e cercaram Diggory e a menina. – completou Rabastan, conseguindo a concordância de todos.


- Precisamos nos dividir. – disse Melinda, limpando com um pedaço da manga um pequeno corte que tinha no supercílio. – Uma parte de nós deve distrair os capangas e os outros irem atrás de Diggory, que neste caso significa Lynx. Provavelmente está com a menina no colo. – Gabrielle e Nicky: vocês pegam a Lynx.


- O quê? – gritaram as duas juntas.


- Diggory vai se dirigir para o lado oposto que eu estiver, sempre; Além disso, todos os ataques vão se direcionar a mim, Draco, os Lestrange, Avery e Greyback! Somos os mais conhecidos, esqueceram? É a chance perfeita para vocês duas encurralarem Diggory e pegarem a menina! Assim todos nós sairemos inteiros, ou pelo menos vivos. – ela sorriu sombriamente, causando um arrepio em Nicky, que não gostava da idéia de não sair inteira. Claro que Melinda estava apenas brincando com as emoções da outra.


Meio a contragosto de Nicky, as duas concordaram em ir pela parte de trás da casa enquanto os outros criavam uma distração na parte da frente. Elas esperariam fora da casa até que o caos estivesse instalado na parte de dentro. E elas esperaram. Observaram Melinda esgueirando-se para perto da casa seguida dos outros Comensais, varinha em punho, apontada para a porta. Ela tentou um feitiço, não funcionou.


- A porta foi trancada com magia... – sussurrou Gabrielle. – Então ela vai... – A loira não precisou terminar. Melinda já havia explodido a fechadura da casa e entrado rapidamente. Elas imediatamente ouviram os gritos e o barulho de coisas se quebrando dentro do local.


As duas esperaram mais alguns segundos para invadir a casa por uma janela na parte de trás. O barulho na parte de dentro era suficiente para abafar o som da janela sendo quebrada, ou, pelo menos, elas desejavam que fosse.


Ao entrar pela janela, as duas imaginavam como fariam para pegar a menina sem matar Cedric. Melinda queria o ex-cunhado vivo, elas não entendiam bem porque, mas era a mais explicita instrução que elas haviam recebido. Ele não deveria morrer naquela noite – o que desagradou Rodolphus Lestrange, que adoraria matar o homem que desviou sua filha.


Uma vez dentro da casa elas perceberam que a estratégia parecia estar funcionando: todos estavam onde Melinda estava, na sala e não demorou para que elas ouvissem o grito de alguém dizendo:


- Cedric! Corre! Sai daqui com a Lynx! – Nicky engoliu seco ao reconhecer a voz de Nymphadora. A ruiva foi pega de surpresa por Gabrielle, que a puxou para um canto assim que elas ouviram aquilo. A loira empunhou a varinha, Nicky não foi estúpida e repetiu o gesto. Não que elas precisassem por enquanto, afinal estavam escondidas pelas sombras.


As duas chegaram à conclusão de que se em todas as vezes em que Melinda estivesse certa, ela ganhasse um galeão, só com esse ganho seria ainda mais milionária do que já era. Cedric Diggory apareceu na sala em que elas estavam, correndo com a menina no colo. Sozinho, completamente sozinho. Merlin! Ele mal conseguia segurar a varinha, correndo com a varinha em punho.


Gabrielle pensou rápido e trancou a porta que Cedric usaria para sair daquela sala e ir para a próxima e silenciou a sala. Diggory não correria de volta para o local do confronto e não tinha como sair dali, pois estava ocupado tentando achar de onde viera o feitiço, ou seja, estava encurralado. A loira se revelou para Diggory, mas não sem antes fazer um sinal para que Nicky atacasse Cedric por trás. Não era tempo para lealdade.


- Ah, a cópia loira da vadia da minha cunhada! – cuspiu Cedric, ao ver Gabrielle. – Eu deveria ter imaginado que teria alguma surpresinha por aqui...


- Naturalmente. Achou mesmo que a Mel ia te deixar escapar assim tão fácil? – Gabrielle evitou ficar de costas para a porta que dava acesso à sala onde a luta estava, alguém podia vir atrás de Cedric e pegá-la de surpresa.


- Não, não achei. Mas acredito que você também saiba que eu não vou me render, certo? Posso não sair daqui vivo, mas eu te levo comigo! Você e a vadia da Melinda como bônus! – Cedric finalmente atacou Gabrielle, que revidou imediatamente. Um duelo começara. Ele era bom, ela tinha que admitir, principalmente porque tinha a filha nos braços.


        Não era de se impressionar que Diggory fosse bom, afinal ele tinha ganhado o Torneio Tribruxo junto com Potter. Não que Potter em si fosse grande coisa, mas Diggory estava no torneio por merecimento.


        Gabrielle sabia que não teria que duelar por muito tempo, Nicky logo interferiria e tudo aquilo estaria acabado. Cedric, no entanto, não tinha idéia e achava que tinha alguma vantagem sobre a loira. Nicky, por sua vez, se esgueirara pelas sombras, até chegar atrás de Cedric, ela estava esperando apenas a melhor oportunidade. E ela logo veio: Cedric ficou perfeitamente na frente dela, de costas. A ruiva respirou fundo, ela havia tomado sua decisão ao se unir aos Comensais da Morte, teria que fazer jus a ela. Apontou sua varinha na direção das costas de Cedric e sibilou um feitiço.


        Diggory foi deixado paralisado pelo feitiço de Nicky e, antes que ele caísse no chão, Gabrielle tratou de pegar Lynx no colo. A menina começou a chorar, mas Gabrielle não se preocupou, afinal a sala estava silenciada. A calma porém não durou muito.


        Gabrielle praticamente pulou no lugar onde estava para conseguir se esconder quando ouviu vozes se aproximando. Nicky seguiu o exemplo e engoliu seco quando Nymphadora surgiu pelo portal.


        - Cedric! – Nymphadora se jogou no chão, tentando acordar o amigo. Só então ela percebeu o quão imprudente estava sendo, pois ao notar tinha duas varinhas apontadas para o seu rosto.


        Ela levantou os olhos e viu sua irmã à sua frente acompanhada de Gabrielle, que segurava Lynx nos braços. Ela gritou e chamou por Remus, mas por algum motivo tinha certeza de que não adiantaria de nada. Talvez o motivo tivesse sido o sorrisinho presunçoso que ambas as garotas ostentaram.


        - Seu maridinho não vai te ouvir, sis... - debochou Nicky, chutando a varinha de Nymphadora da mão dela, conseguindo um guincho de dor vindo da irmã mais velha. 


        - Olha só! Já está ficando debochada e sarcástica como a Melinda! Qual o próximo passo de vocês duas na tentativa de ser um clone dela? Namorar o Malfoy? Hum... No seu caso seria mais autentico, Nicky, já que ele também é seu primo. – debochou Nymphadora, recebendo a lateral da bota de sua irmã mais nova em seu rosto como resposta. Ela caiu de lado no chão tentando segurar para não reclamar de dor.  – É... Pelo visto eles te treinaram direitinho.


        - Provavelmente muito melhor do que você foi treinada! Ou não teria caído numa armadilha de duas garotas com metade da sua idade! – foi a vez de Gabrielle debochar, não que houvesse sido uma armadilha verdadeira, mas tripudiar era seu esporte favorito.


        Nymphadora não respondeu, ficou imóvel em seu lugar. Aquelas garotas não iriam matá-la, ou já o teriam feito, e no final das contas ela sabia mesmo que ‘era’ de Bellatrix. Ela amaldiçoou a si mesma por não ter acordado Cedric com um feitiço no momento em que o vira. Finite Incantatem teria funcionado para qualquer feitiço que elas tivessem usado.


        - Você é muito sortuda, Nymphadora... – cuspiu Nicky. – Sabia? Quer dizer, a sua morte ser ‘exclusividade’ da tia Bella e tudo o mais... Ou eu ficaria muito feliz em fazer o trabalho por ela! – ela arqueou a sobrancelha.


        - Preciso concordar! – Gabrielle e Nicky viram pela visão periférica o dono da voz se aproximar. Rodolphus Lestrange. – Digo em terminar o trabalho, não nela ser sortuda... Quer dizer, a Bellatrix é famosa por brincar com a comida antes de comê-la, não é? Olá, Tonks!


        - Você deve saber, não é Lestrange? Ela sempre brincou com você mesmo! – revidou Nymphadora, ainda caída.


        - Boa tentativa, sobrinha! Funcionaria, se eu e a Bella fôssemos mal resolvidos e eu fosse extremamente infantil... O que, pra seu azar, eu não sou. – ele sorriu sarcástico para ela. – Vamos, meninas, precisamos sair daqui rápido antes que alguém lá dê pela minha falta... Agora, se nos permite, Nymphadora... Oh, espere, você não permite nada. – e, com um floreio de varinha, Nymphadora caiu desmaiada ao lado de Cedric. – Meninas... – ele cordialmente indicou a porta dos fundos. 


        Os três saíram correndo da casa e tomaram a maior distância que conseguiram. Sem nem pensar duas vezes, eles aparataram para a frente da Mansão Malfoy, onde haviam combinado de se encontrar com Draco, Melinda, Rabastan, Avery e Greyback no final. Gabrielle apertou Lynx, que ainda chorava, nos braços e tentou acalmá-la. Estava frio, frio demais. Nicky rapidamente conjurou um cobertor e entregou à loira, que agradeceu e enrolou na criança.


        Não demorou muito para que Melinda e Draco desaparatassem ao lado deles. Os dois estavam em um estado deplorável, mas também, aquela não era nem de longe uma das batalhas mais fáceis da vida deles, quer dizer, seqüestrar uma criança superprotegida nunca seria uma tarefa fácil.


        - Os outros devem estar chegando. – disse Melinda, ofegante. – Eles seguraram os que ainda estavam de pé para que nós viéssemos primeiro... – ela respirou fundo e seus olhos caíram nos braços de Gabrielle.


A expressão cansada e acabada de Melinda se modificou numa profunda paz e emoção, os olhos dela encheram-se de lágrimas e ela sorriu, aproximando-se. Ela deu um olhar significativo para Gabrielle que, entendendo imediatamente, passou a criança para os braços daquela que, a partir dali, seria sua mãe. Tudo aquilo foi feito com extremo cuidado, pois a menina ainda chorava.


- Hey, sweetie. Está tudo bem, você está em casa agora! – a voz daquela jovem que podia ser um general quando queria saiu numa suavidade nunca vista por nenhum deles, nem mesmo por Draco. Melinda colocou sua mão próxima da de Lynx, que fechou os pequenos dedos ao redor do indicador da jovem e começou a chorar mais fraco, parando aos poucos.


Melinda sorriu ao ver que ela finalmente parara de chorar e apertava seu dedo com força. Ela abraçou a agora filha com carinho, a protegendo do frio e sussurrou para a criança:


- Já reconhece a mamãe, não é? Você sente o quanto nós te amamos mesmo antes de você chegar. Eu posso não ter carregado você no meu ventre, mas para te ter foi tive que passar por coisas mais difíceis do que a maioria dos partos... – ela acariciou o cabelo de Lynx e olhou para Draco, que olhava para as duas maravilhado.


- Vamos entrar? – sugeriu ele. – Não queremos nossa filha doente na primeira semana conosco, certo? – ele se aproximou, tirou uma mecha do cabelo de Melinda que caía em seu rosto e beijou-lhe a testa.


 


        Narcissa Malfoy soltou uma exclamação mista de surpresa e puro terror quando viu o filho passando pela porta ao mesmo tempo em que Melinda. Ambos estavam cobertos de hematomas e um corte no supercílio da garota sangrava, manchando o rosto dela. Mas o terror no grito de Narcissa nada tinha a ver com os ferimentos deles. Ela sentiu-se aterrorizada pelo o que viu nos braços da sobrinha: um bebê.


        - Por Merlin, Melinda! – exclamou a Sra. Malfoy. – Não me diga que está é...?


        - Sim, tia Narcissa! – respondeu a garota, feliz como uma criança numa manhã de Natal. – É a Lynx!


        - Nós conseguimos, mamãe! – completou Draco, tão feliz quanto a namorada. – A nossa filhinha finalmente está conosco!


        - Pelo amor de Merlin! – suspirou Narcissa, que se jogou no primeiro sofá que viu pela frente. Ela simplesmente não podia acreditar que eles tinham levado aquela loucura adiante, ou, no mínimo, que haviam posto aquele plano em prática tão cedo. – Espere um momento! Como vocês saíram de Hogwarts? Mesmo maiores de idade... – ela parou de falar quando viu Gabrielle entrar na sala. – Ok, nem todos são maiores.


        - Parece que minha adorada enteada puxou muito mais do que a beleza da mãe dela, Cissy! – Narcissa reconheceu a voz de Rodolphus Lestrange, que apareceu ao lado de Gabrielle. – Ela sempre consegue o que quer... O que é uma autorização para sair de Hogwarts perto de tudo que essa menina já fez, huh? – Narcissa era obrigada a concordar.


          Logo depois dele, entraram Nicky, Avery, Greyback e Rabastan – que há pouco voltara da Albânia e ainda não havia se reencontrado com Narcissa, que se lembrava dele dos tempos de Hogwarts.


        - Bom revê-lo, Rabastan... Vejo que seu irmão já o arrastou para as loucuras da minha sobrinha... Nem mesmo lhe deu a chance de voltar direito.


        Rabastan riu da reação de Melinda ao comentário da tia, a garota suspirara alto e revirara os olhos, negando com a cabeça.


        - O que eu posso dizer? – Rabastan deu de ombros. - Uma garota que dizem ser a cópia perfeita da Bella? Não resisti! Era diversão na certa! Não me arrependo! Queria ser uma mosca para ver quando aquele Diggory acordar...


        - Acordar?! – sobressaltou-se Narcissa, fuzilando o filho e a sobrinha com o olhar. – Como assim acordar? Vocês não iam matar o Diggory para pegar a Lynx? Draco...? Melinda...?


        O casal se entreolhou por um instante. Eles sabiam que Narcissa ia surtar quando soubesse daquele pequeno detalhe do plano. Era a hora de enfrentar a fera em que se tornara a antes doce Narcissa.


        - Tia Cissy... – Melinda assumiu a dianteira das explicações, afinal a idéia partira dela. – Eu cheguei à conclusão de que a morte era pouco demais para Diggory depois de tudo o que ele nos fez passar... De tudo que ele me fez passar! É por isso que eu vou fazê-lo sofrer com a idéia de ter a filha em meu poder, sem saber do que eu sou capaz ou não de fazer contra ela! Pensando todos os absurdos do mundo, sem dormir à noite. – os olhos dela faiscaram sadicamente. – Mal sabe ele... – ela riu maldosa. – Que ela nunca esteve mais segura. Enfim, essa é a idéia em fazê-lo se retorcer de terror pelo desconhecido. – ela olhou sombriamente para algum ponto fixo na sala. 


        Narcissa teve dificuldade de respirar devido àquilo que ouvira. Por tudo quanto era sagrado, ela estava pasma. Sempre soubera que Melinda era cruel, sádica sem escrúpulos, mas ali ela vira um monstro. Mas não um monstro sem sentimentos, mas um muito mais perigoso: aquele guiado pelos sentimentos mais perigosos e sombrios da alma humana. Ódio, desejo de vingança eram os combustíveis do sadismo da jovem bruxa.


        - Melinda... – Narcissa ensaiou algo para dizer, mas nada decente saiu de sua boca. Não que ela discordasse de criar Lynx diretamente, ela discordava de deixar Cedric naquela situação. Como mãe, ela não desejaria aquilo nem para seu pior inimigo. E Cedric podia ser inimigo, mas estava longe do posto de ‘pior’. Talvez para ela, mas para Melinda a história era outra.


Narcissa sempre imaginara que todo o acontecido com Hilary tivesse afetado Melinda muito mais do que a Princesa deixava chegar à superfície. Ela não fora apenas traída, fora traída por uma pessoa que ela amava imensamente e tivera a dura tarefa de acabar com ela. E Cedric era o culpado por isso. Ela imaginava uma vingança dura por parte de Melinda, mas não tão dura. Por mais que Melinda adorasse Hilary, nunca se compara ao amor de pai e filho. Mas mesmo quando pessoas como Melinda revidavam, eles adicionavam mais uma dose de dor no ‘troco’, era inevitável (Vide Bellatrix com Longbottom e Weasley), mas naquele caso não deixava de ser chocante para o lado mãe de Narcissa.


- Não precisa dizer nada, tia Cissy. Não preciso nem da legilimencia para ler na sua testa o que você acha do que eu estou fazendo com Diggory. E, com todo o respeito, devo dizer que eu não poderia me importar menos com a sua opinião a respeito desse assunto. – disse a jovem, displicente e entediadamente, encarando a chocada Narcissa.


Draco sentiu o clima pesado que havia se instalado entre as duas. Tudo o que ele menos queria era uma guerra entre sua namorada e sua mãe. Ele percebeu que precisava interferir.


- O Lorde e a Tia Bellatrix acham a idéia de Melinda de como castigar Diggory genial, mamãe, pois ele servirá como exemplo a todos em volta dele. Porque todos preferem morrer a sofrer! Mamãe, é uma guerra! Ou eles sofrem ou nós sofremos! – a defesa de Draco pegou Narcissa de surpresa, mas era realista e fazia sentido. E mesmo que não fizesse, o simples fato de o plano ser apoiado pelo Lorde e pela Lady das Trevas invalidava qualquer argumento de Narcissa. – Cedric Diggory não faria por menos se estivesse em nosso lugar, tenha certeza disso... Além disso, nós precisamos da sua ajuda, do seu apoio, mamãe... Não podemos levar nossa filha para Hogwarts, e a tia Bella...


- Por Merlin, Draco! Eu prometi que cuidaria da Lynx enquanto vocês estivessem em Hogwarts e eu o farei! Estou sim chocada como mãe que sou com o sofrimento que está sendo imposto a Diggory e receosa das represálias que isso trará, porque ele não deixará barato, mas também não estou dizendo que Diggory não procurou! Ele sabia bem no terreno minado que ele estava pisando e tudo o que está sofrendo é resultado disso, o meu lado Comensal da Morte entende que isso é justo e merecido por ele, o que não impede meu lado mãe de ficar assustado apenas com a idéia da perda de um filho assim... Contudo, é do lado de vocês que eu estou por mais chocada que possa estar! – Draco respirou aliviado com a explicação da mãe, o clima dava sinais de estar melhorando.


- Tia... Eu sei que ainda certamente chocarei o seu lado mãe varias vezes... E te agradeço por permanecer a nosso lado por mais que em alguns casos discorde de nossos meios ou da severidade imposta a nossos inimigos... – agradeceu uma Melinda quase doce. Ela se aproximou mais de Narcissa. – E me desculpe pela forma como falei, mas... Preciso me posicionar firmemente em tempos como esses.


- Eu entendo e não há o que agradecer! Eu sempre estarei ao lado de minha família! E... Impressionar-me não é exatamente discordar; eu não faria, mas também não desejo controlar quem tem coragem e sangue frio para fazê-lo. O ponto em que se chega com vinganças é pessoal e, no seu caso, é realmente impressionante...


- Eu sei, titia... Entendo que posso chocar bastante... E não se preocupe com represálias de Diggory, ele não será burro o bastante para se aproximar daqui e, se o fizer, terá uma recepção bem interessante... Eu mesma pedi que meu pai aumentasse a proteção da Mansão Malfoy por causa da Lynx e ele, por menos paternal que possa ser, não negaria um pedido desses, certo?


As duas riram juntas e Narcissa assentiu, selando o fim daquele pequeno desentendimento. Draco achou que ia cair no chão de tão aliviado que estava. Aqueles entraves entre Melinda e Narcissa tinham que parar ou o coração dele não ia agüentar.


- Enfim, porque não me entrega a minha recém chegada neta para que vocês todos possam ir cuidar desses ferimentos, huh? – ofereceu-se Narcissa, estendendo os braços para a sobrinha.


Melinda concordou e entregou o bebê à Narcissa. Ela, Draco, e os outros começaram a tratar dos ferimentos provenientes da luta e a explicar à Narcissa como exatamente a segurança seria reforçada em caso de alguma represália de Diggory ou uma tentativa de resgatar Lynx.


- Precisamos arrumar o seu quarto, Lynx. – disse Narcissa, quase maternalmente, ao bebê.


- Pandora Lynx, tia Narcissa. – corrigiu Melinda. – Muito mais apropriado para alguém como ela.


        - Pandora Lynx Black Malfoy. – disse Draco, orgulhoso. – Nós decidimos que Lynx era bom suficiente para um segundo nome, por isso o deixamos...


        - Bem vinda à sua nova casa, Pandora! – Narcissa acariciou o rosto da nova neta, que lembrava demais Hilary. – Seja muito bem vinda, sweetheart.


        Demorou ainda alguns instantes para que todos notassem a presença de outra pessoa na sala; Lucius Malfoy viera ver o que diabos estava acontecendo e se impressionou ao ver a pequena nos braços de Narcissa.


        Ele se aproximou com bastante cuidado e se sentou ao lado da esposa, observando o bebê. Lucius sabia quem era aquela menininha, ela era famosa e ele sonhava com o dia em que ela chegaria: a neta que ele compartilharia com o Lorde. Finalmente ela estava lá, para juntá-lo em uma só família com o Lorde antes mesmo que seus filhos se casassem.


        - Olá, criança... Se você soubesse como todos te esperavam. – a felicidade de Lucius era bastante genuína, porém pelos motivos errados, ele não esperava Lynx e sim o que ela significava, mas isso não impedia que a felicidade dele tivesse sua verdade. Ele acariciou o rosto do bebê.


        Narcissa ficou impressionada, paralisada, sem saber o que fazer. Não parecia o mesmo Lucius que sem vergonha alguma havia admitido ter estuprado sua irmã. Era outro homem e ela não sabia se temia ou admirava esse ‘novo’ Lucius.


        O casal Malfoy continuou paparicando a recém-chegada neta, enquanto os pais dela os observavam um tanto desconfiados das ações de Lucius. Ele parecia mudado, mas eles haviam aprendido que as aparências enganam. Pelo menos Draco e Melinda tinham.


 


        Algumas horas depois, Narcissa já havia, quase milagrosamente, arrumado o quarto para Lynx, ou melhor, Pandora. Estava simples, mas era suficiente por enquanto, era óbvio que a Sra Malfoy logo transformaria aquele berçário simples num berçário de extremo luxo, afinal de contas era da neta dela que se estava falando e, mais ainda, da neta do Lorde das Trevas. 


        Até aquele momento, o quarto tinha um berço, um armário, um trocador e uma poltrona. Pendurado no teto havia um véu que descia envolvendo todo o berço e um móbile girava flutuando no ar distraindo a menina.


        Pandora olhava para o brinquedo com os olhinhos brilhando, acostumando-se com sua nova casa. Era também observada pela mãe que, apoiada no berço, não perdia sequer um movimento da criança. Uma assassina fria e cruel com o coração derretido por um bebê, a vida é mesmo cheia de surpresas no fim das contas.


        Draco estava na poltrona e não tinha a mínima noção de há quanto tempo eles estavam ali, parados naquela cena. Talvez vários minutos, talvez horas, mas não era desagradável: era confortante. Eles queriam tanto aquela menina que, agora que a tinham, mal podiam acreditar.


        Apenas quando ouviram um ruído na porta do quarto é que eles finalmente ‘despertaram’. Ambos olharam na direção do barulho e viram Narcissa parada olhando-os.


        - Mandei uma coruja para a Mansão Slytherin, avisando que vocês voltaram e que têm a menina. – disse, docemente, a Sra. Malfoy. – Imaginei que vocês preferiram passar o maior tempo possível com a menina antes do retorno a Hogwarts então preferi poupá-los desse trabalho.


        - Obrigado, mamãe. Agradecemos. – Draco sorriu para a mãe e Melinda assentiu olhando para Narcissa.


        Parecia que finalmente as coisas haviam ficado calmas naquela casa. Como eu disse, parecia, afinal sempre pode haver alguma faísca para esquentar as coisas numa família com tantos assuntos mal resolvidos como aquela.


 


        Aproximadamente vinte minutos depois que Narcissa havia mandado a coruja, a campanhinha da Mansão Malfoy soou. Os elfos abriram e correram para anunciar o visitante ao Malfoy mais próximo: Lucius Malfoy.


        - A Lady das Trevas, meu senhor. ­– o elfo fez uma reverência a Lucius, que o ignorou completamente e concentrou-se na porta por onde poucos instantes depois passou Bellatrix Lestrange.


        - Ora, ora, ora. A que eu devo a visita real? – perguntou Lucius, o sarcasmo escorrendo por seus lábios finos.


        - Poupe-me de seu sarcasmo, Malfoy. Sabe muito bem porque eu estou aqui. – ela cruzou os braços, sorrindo sem emoção. – Agora porque não me diz em que quarto está a menina e acabamos com esse encontro desagradável, huh?


        Lucius riu forçadamente e se aproximou dela lentamente, como um predador à espreita, mas ela não moveu um músculo, nem mesmo mudou de expressão, o que ele devia confessar que fora extremamente decepcionante. Ele preferia quando sua aproximação a fazia prender a respiração e tencionar os músculos no mais puro horror. Ela não o temia mais e ele desejava que ela o temesse.


        - Desagradável, querida cunhada? Porque você insiste em deixar antigas feridas abertas, hein? Quando nós podíamos ser todos uma grande família feliz agora que nós compartilhamos uma netinha! – Lucius poderia jurar que vira o rosto de Bellatrix se contorcer ao ser relembrada de que era avó. A vaidade dela nunca mudaria. Ele parou em frente a ela. – Deixe cicatrizar, Bella, feche de vez as úlceras que tomam conta de seu coração. – ele tocou com as pontas dos dedos o colo dela no local onde estaria o coração, por cima da capa de viagem dela, mas deixou que os dedos escorregassem para dentro da mesma, tocando o decote da bruxa. Péssima idéia, Lucius Malfoy. O dedo dele mal havia tocado sua pele e Bellatrix já havia fortemente segurando o pulso de Lucius e torceu seu braço até que o pulso segurado por ela tocasse as costas do bruxo, que guinchou de dor e não conseguia fazer nada para sair daquela posição. Ele sentiu a varinha dela tocar seu pescoço.


        - Toque em mim novamente e juro por Merlin que não é o seu braço que eu vou torcer, Lucius. – sibilou ela perto do ouvido dele. – E não me venha com essa história de família feliz porque, se a Cissy é estúpida o bastante para acreditar, eu não sou. – ela o soltou um risinho seco. – Se bem que eu duvido que ela tenha comprado essa historinha fajuta do seu arrependimento! Você está é com medo...


        - De que? De que, Bella? De você? – cuspiu ele. – Por melhor guerreira que você seja, eu já te subjuguei antes, o faria de novo! A sua força não está dentro de você, querida, está na proteção do Lorde das Trevas e assim que ele te retirá-la você será fraca novamente! – Bellatrix forçou o braço dele pra cima, arrancando mais um grunhido de dor.


        - Minha força não está na proteção dele, Lucius, está na existência dele! E isso eu e você sabemos que eu nunca perderei! A não ser que você deseje que ele deixe de existir só para ter a oportunidade de ver fraca novamente e se aproveitar disso? Porque isso seria traição... E nós sabemos o que ele faz com traidores... Se bem que eu adoraria ser aquela que aplicaria o seu castigo. – o ódio era quase palpável na voz dela.


        - Obviamente não, Bella, você não vale tanto a pena! E por mais que você não acredite... Não arriscaria meu pescoço por você. – Bellatrix riu e o soltou com força, fazendo-o cambalear.


        - Então é exatamente o que eu disse! Todo esse teatro é por medo... Não medo de mim, medo dele, e do que ele faria contigo caso... Sabe, você está se contradizendo, Lucius! – ela riu e cruzou os braços.


        - E você parece muito interessada em que eu continue a te perseguir... Talvez você gostasse, no fim das contas... – ele levantou a sobrancelha.


        - Talvez eu deseje um motivo para te matar, já pensou nisso?  É a possibilidade mais lógica. – o rosto dele se contorceu numa careta. – Porque eu desejo, com todas as minhas forças, que você pise a um centímetro da linha e me dê um motivo para acabar com você!


        - Sinto lhe dizer que não te darei esse gostinho, Bella! Você vai ter que me agüentar como seu cunhado, pai do namorado da sua filha e avô da sua neta, além de seu colega de trabalho. – ele completou a frase com um sorriso presunçoso.


        Bellatrix aproximou-se dele, séria, até que parasse perigosamente perto do bruxo, olhando-o com intensidade. Ela viu uma linha de confusão se formar na testa dele.


        - Exceto que você não é meu colega mais, Lucius, você agora é meu empregado, lembra? – ela sorriu ainda mais presunçosa. – Não trabalhamos juntos, você trabalha para mim. – ela voltou a se afastar dele. – Sou a Lady das Trevas afinal, não sou?


        - Não por muito tempo depois que o Lorde perceber que o poder está te subindo à cabeça...


        - Garanto que ele não se incomodará que eu tenha noção de meu poder... Poder que ele me deu, Lucius... Agora faça como eu disse e leve-me até minha neta...


        - Nossa neta!


        - Como preferir... Nossa neta já que faz tanta questão de enfatizar que divide uma neta comigo!


        - Contigo e com o Lorde das Trevas! – os olhos dele brilhavam ao falar.


        - Deve ser extasiante para você estar de alguma forma ligada a nós dois, não é? – perguntou, curiosa. – Te dá certa idéia de segurança, de que não pode ser atingido porque está mais perto do Lorde das Trevas do que qualquer outro Comensal da Morte...


        - E não é verdade?


        - Vou te dar um conselho... Antes de sentir-se tão próximo ao Lorde, por que não vê se pode sentir-se assim em relação ao seu filho? Porque ele está mais próximo ao Lorde do que qualquer outro Comensal e não porque ele namora Melinda ou por ser o pai da filha dela e sim por ser aquele que matou Dumbledore e, portanto, ter a confiança do Lorde... Quem sabe quando estiver mais próximo de Draco do que qualquer outro você possa começar a pensar estar em uma boa posição em relação ao Lorde... Porque em relação a mim, Lucius, você nunca estará por mais parentescos que nós compartilhemos! Lynx não muda sua relação comigo e, muito menos, com o Lorde. Você se afastou dele, negou-o, deixou o diário ser destruído, falhou com ele no Ministério e ainda foi preso... Ele não se esquecerá disso fácil e nem eu e nem Draco estamos dispostos a ajudá-lo a fazê-lo!


        - Você esqueceu-se de citar ‘estuprou a mulher dele duas vezes’ na lista de coisas sórdidas que eu fiz contra o Lorde, Bella... E isso é um detalhe de muita importância já que a vadia envenena e a ele e a todos a meu redor contra mim todos os dias por causa disso! – Lucius havia acabado de terminar a frase quando sentiu os dedos dela estalarem em seu rosto, queimando suas formas na pele pálida do bruxo.


        - Você não recebe nada de ninguém além do que merece! Nem mesmo o ódio! Não preciso envenenar ninguém contra você para isso, os fatos o fazem por mim! E cuidado como fala comigo, Malfoy, ou eu requisitarei que sua cabeça seja entregue a mim em uma bandeja de prata... Como eu já disse, estou louca para tal. – Lucius ainda tinha a própria mão sobre o rosto e não a olhava diretamente, seu corpo queimava em ódio. – Pelo visto você não vai me indicar o quarto da Lynx, ótimo, eu acho sozinha. Saia da minha frente, agora. – aquilo não era um pedido, era uma ordem, que ele acatou.


        Bellatrix passou por ele, ecoando o bater de seus saltos no mármore na medida em que andava nervosamente. Lucius fora o suficiente para fazer o sangue dela ferver como água numa chaleira. Não mais do que ela fora suficiente para fazer o sangue dele ferver de maneira ainda mais absurda.


        - Um dia é da caça e o outro do caçador, Bellatrix. E eu vou te provar isso, eu juro. – disse Malfoy para si mesmo quando ela já havia se afastado. 


 


        Ao achar o quarto, Bellatrix tentou não aparentar irritação para não ter que explicar nada a Narcissa, que ela jurava já estar caindo novamente no jogo de Lucius. Ela estava cansada de avisar à irmã, se ela fosse estúpida o suficiente para comprar a história de arrependimento do marido, que agüentasse as conseqüências. Bellatrix pouco se importava mais.


        - Mãe! – exclamou Melinda, assim que a viu abrir a porta. – O que está fazendo aqui?


        - Recebi a coruja de Narcissa. – ela indicou a irmã, que estava de pé ao lado da poltrona de Draco, com a cabeça. – E decidi vir ver a minha neta... – Bellatrix ainda estava se acostumando com aquela idéia de ser avó. Melinda sorriu e a puxou pela mão até perto do berço. Bellatrix baixou os olhos e viu a menina olhando para o móbile no cúmulo de sua inocência infantil.


        - O seu pai não estava em casa. – respondeu Bellatrix, antes que Melinda perguntasse. – Ele foi para o exterior pouco depois que vocês saíram...


        - Mas...


        - Ele não esperou que voltassem da missão, pois sabia que seria bem sucedida... Ele confia em vocês! Não viu necessidade de se preocupar com possíveis erros que ele sabia que não seriam cometidos! E sabia também que vocês não voltaram à nossa Mansão, que viriam direto para cá. Além disso, é uma viagem rápida, ele me garantiu, deve estar de volta pela manhã.


        - Ele está viajando tanto ultimamente... – suspirou a princesa. – Desejo conseguir vê-lo antes de retornar a Hogwarts... Devemos voltar amanhã ao entardecer, garantimos a Snape que estaríamos em Hogwarts para o jantar do domingo...


        - Conseguirá, sim... – tranqüilizou-a Bellatrix. – Mas essas viagens são necessárias aos planos dele, por mais incômodas que possam ser.


        - Eu entendo... – Melinda sorriu para a mãe e mudou de assunto rapidamente. – Enfim, quer segurá-la? – Bellatrix assentiu e Melinda tirou a filha do berço, colocando-a nos braços de Bellatrix.


        Bellatrix acolheu a menina nos braços, o cabelo dela era de um loiro um tom mais escuro do que fora o de Hilary e os olhos cinzentos lembravam os de Draco.


        - Ela parece muito com Draco...


        - Sim... Da ultima vez que a vi era mais claro um pouco... – disse Melinda. – Deve escurecer ainda um pouco, mas creio que ela continuará loira...


        - Perfeitamente aceitável que o cabelo dela seja de um loiro não tão platinado já que a mãe tem os cabelos negros. – comentou Bellatrix, fazendo Melinda sorrir. – Mas tem os seus traços... Ela se parece muito com você quando era bebê, Melinda...


        - Eu disse isso a ela! – manifestou-se Draco. – Pelo menos pelo o que eu vi nas fotos do álbum...


        - Melhor ainda, que ela se pareça mais conosco do que com os Diggory... –disse Melinda e todos concordaram.


        Bellatrix teve o dedo circundado pela mão da menina, mas não mudou de expressão, continuava séria observando Pandora, mas ninguém se atrevia a falar nada afinal de contas aquela criança significava muitas coisas para a Lady das Trevas – por mais que Bellatrix não mostrasse aquilo obviamente. Ela permaneceu mais um tempo com a criança no colo, até colocá-la de volta no berço. Pandora aos poucos adormeceu.  


        Os adultos, pois Melinda e Draco haviam feito o suficiente para conseguir tal status, se retiraram do quarto e deixaram a menina dormir em paz, ela já tivera muitos distúrbios para uma só noite com tão pouca idade. Mas antes que saíssem todas as janelas foram enfeitiçadas com os mais poderosos feitiços, além disso, dois comensais foram colocados de guarda, um dentro e um fora do quarto, revezando turnos. A proteção seria intensificada mesmo dentro da casa.


 


 


- Cedric Diggory jamais encostará um dedo em minha filha novamente, isso eu lhes asseguro. – afirmou Melinda, com convicção, já sentada com tios, a mãe, Draco, suas amigas e os outros Comensais. – E a partir de hoje creio que seja desnecessária até mesmo a citação do nome dele!


Houve um momento de concordância na sala enquanto todos encaravam seus drinks atentos a qualquer movimento suspeito na casa, ao redor dela, ou no andar de cima. Eles perceberiam qualquer movimento, ou eles pensavam que conseguiriam.


- Não poderia discordar mais! – ouviram uma voz da entrada da sala e, imediatamente, uma dúzia de varinhas foi apontada para o local. Mas elas foram abaixadas imediatamente.


- Milorde. - todos se levantaram e o reverenciaram.


- O que está fazendo aqui? Digo, disse que voltaria pela manhã... – Bellatrix se aproximou dele, mal conseguindo conter sua alegria em seu adiantado retorno.


- Tive menos trabalho no exterior do que pensei, minha cara. – ele pegou a mão dela e beijou. – E não esperei encontrar a Mansão vazia em minha volta...


- Achou meu bilhete ou apenas deduziu que eu estaria aqui?


- Achei o bilhete... O que me intriga que esteja surpresa que eu tenha chegado mais cedo...


- Eu nunca esperei que chegasse mais cedo e sim que, talvez, eu me atrasasse. Melinda trouxe uma bomba para dentro desta casa, toda a prevenção é pouca...


- Agora, meu pai, por que discorda de mim?


- Por um simples motivo, Melinda. Diga-me: Por que meu nome não é dito?


- Porque é um tabu. – respondeu Draco, como se fosse óbvio. – Depois da queda do Ministério não vi nem a tia Bella falar mais...


- Bellatrix falando o meu nome seria um desperdício do tempo dos Comensais da Morte que são acionados pelo tabu, Draco. Por isso nem ela fala mais... Mas eu estava me referindo a antes do tabu... Apenas alguns diziam o meu nome...


- Os que não o temiam o suficiente para temer seu nome, ou seja, os tolos em seu caso... – respondeu Melinda e Voldemort assentiu. – Mas no caso de Diggory... Não dizer o nome dele seria como temer o nome e...


- E a herdeira de Slytherin não teme um idiota traidor do sangue, não é mesmo? – Perguntou Voldemort, com a sobrancelha levantada, olhando-a intensamente.


- Mas é claro que não! – ela pareceu ultrajada. – Falar sobre ele me irrita, mas é como disse... Não falar dele é temer o que apenas sua menção pode fazer e, no caso de Diggory, isto é nada.


- Agora eu reconheço minha filha. – Voldemort segurou o queixo dela e ganhou um sorriso, para o qual fez um aceno de cabeça. – Falando nisso... Por que não me diz neste tempo que ainda os resta antes de voltar a Hogwarts como retirou sua filha das garras de Diggory? E, principalmente, como vão seus progressos com o livro que te dei, huh? – a primeira parte era fácil de contar, a segunda, um pouco mais difícil, menos interessante, afinal o maldito livro ainda estava fechado e ela não tinha mais idéias. E ele perguntaria qual seria a próxima tentativa dela e, por mais que não as tivesse tido antes, Melinda tinha que tê-las. Agora.    


A jovem abriu a boca umas duas vezes antes de conseguir produzir algum som, foi o tempo suficiente para criar alguma idéia. Graças a Merlin, ela ainda funcionava bem sob pressão.


- Tentei todos os feitiços de violação que eu conheço. – ela ignorou a parte sobre Pandora, afinal ela conhecia o pai e sabia que o foco da questão era o livro. – Nenhum deles funcionou, parece que é algo mais profundo do que isso. – ele assentiu e continuou a olhá-la como se pedindo mais. – Pensei em usar Ofidioglossia, porém não tive tempo para tal tentativa ainda com todas as matérias dos NIEMs e o plano para resgatar Lynx, quero dizer, Pandora de Diggory. – ele continuou a encará-la, ainda esperando por algo satisfatório. – Contudo, quando voltar a Hogwarts amanhã será minha primeira tentativa.


Finalmente Voldemort assentiu, parecendo satisfeito com a resposta dela, com a certeza que ela colocara na voz de que daria imensa prioridade àquilo. Ele passou por ela, indo sentar em algum lugar na sala e não pôde ver a respiração de alívio que saiu da garota. Gabrielle pôde ver e deu um risinho contido em direção à amiga, que revirou os olhos, fazendo a loira rir mais.


- Não me contará a façanha desta noite, Melinda? – mais uma vez a voz de Voldemort ressoou na sala e Melinda girou nos calcanhares. – Não pense que eu estava blefando ao perguntar...


- Bom... – ela começou, seguindo o caminho que todos estavam fazendo e sentando-se em um dos sofás.


Melinda narrou com riqueza de detalhes tudo o que havia acontecido naquela missão de ‘resgate’ como eles estavam a chamando ultimamente. Nenhum mísero acontecimento lhe escapava, a não ser aqueles em que ela não estava presente – como quando Gabrielle e Nicky encontraram Cedric e Nymphadora – que eram completados pelos outros ali. Após a conversa, Voldemort foi conduzido ao quarto da menina, onde deu a primeira olhada na neta e futura seguidora. A menina dormia tranquilamente e ele pareceu satisfeito ao conhecê-la.


Voldemort e Bellatrix acabaram por voltar à Mansão Slytherin, mas Draco e Melinda decidiram ficar com os Malfoy de modo que pudessem permanecer mais tempo com Pandora antes do retorno a Hogwarts na manhã seguinte, tanto Gabrielle quanto Nicky também permaneceram com os Malfoy para aquela curta estadia de 24 horas.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – Na segunda-feira


 


         Parecia que de uma vez por todas Draco e Melinda haviam voltado a ser dois adolescentes, aqueles que eles deviam ser, preocupados com coisas fúteis e sem importância lógica – como a festa de Halloween da Sonserina.


        - Faltam quatro dias para o Halloween e nós ainda estamos presos nesse impasse! – disse uma Melinda que andava pelos corredores seguida de vários capachos que anotavam suas palavras desesperadamente. – Não me importa como diabos vocês trarão o uísque de fogo e as outras bebidas aqui para dentro, vocês simplesmente trarão! Estamos entendidas? – ela perguntou, virando-se para o pequeno grupo de quintanistas, que assentiu. – Próximo tópico: Segurança da festa! Eu e Draco já fomos pegos uma vez e não queremos que isso se repita... É por isso que todos que entrarem na Sala Precisa para a festa não poderão sair e terão apagado de suas memórias a dita ‘senha’ de acesso. Quem sair, não volta para a festa! Teremos tudo o que precisamos lá! – ela parou de falar pois avistou Minerva McGonagall no fim do corredor. Um sinal foi feito e as alunas mais novas esconderam as anotações.


        - Senhorita Black, não deveria estar em alguma aula nesse momento? – perguntou McGonagall, olhando Melinda com desprezo, era certo que a bruxa velha daria tudo para enfiar uma detenção pela goela de Melinda abaixo.


        - Professora, eu deveria sim estar na aula de Poções se essa não fosse a semana do Halloween e o professor Slughorn não nos tivesse dado a manhã de folga por conta disso! Como deve saber, professora, muitos alunos já estão se aprontando para ir passar o feriado com os pais. Não é o meu caso já que meus pais estão extremamente ocupados, mas eu também aproveito-me do tempo livre que me é dado... – respondeu a garota, sorrindo simplesmente. Minerva queria com todas as suas forças arrancar aquele sorrisinho prepotente do rosto dela.


        - Oh, mas é claro! Esqueci-me do quão flexível Slughorn pode ser... Ainda faltam quatro dias para o Halloween não vejo porque liberar os alunos, mas não discutirei os métodos dele de educar e, muito menos, os métodos que o novo diretor usa para conduzir Hogwarts, afinal eu creio que ele não teria aprovado tal medida caso não achasse perfeitamente correto...


        - Segundo o que o professor Slughorn informou aos monitores, o professor Snape deixou à critério dos professores a partir de qual momento dessa semana eles liberariam seus alunos... Imagino que houve algum tipo de desencontro de informações já que não sabia ainda, professora McGonagall. Não que isto lhe importe, imagino, sendo que não é nem um pouco flexível como o mestre de poções e certamente nos segurará nas aulas até ultima hora possível do dia 30. – mais uma vez Melinda sorriu para o desespero de McGonagall.


        - Esteja certa disso, Srta Black. – respondeu Minerva, tentando parecer profissional. – Não estou aqui em Hogwarts para nada além de ensinar e vocês para nada além de estudar, devo lembrá-la.


        - Eu nunca me esqueceria, professora... Como poderia uma aluna brilhante como eu se esquecer de tal fato? – Melinda levantou a sobrancelha, aumentando a expressão prepotente e nojenta que ela ostentava. – Infeliz ou felizmente, quem sabe, nós precisamos dos estudos de Hogwarts para nosso futuro, e eu desejo ter um, no entanto, sinto que em alguns casos o aprendizado da vida fora daqui e o sangue são os pontos de maior peso na equação: formação em Hogwarts + ensinamentos da vida + sangue = futuro brilhante.


         - Principalmente em tempos como os nossos, não é mesmo, Srta? Sendo assim, vejo que crê que não tem com o que se preocupar... 


        - Não mesmo... Formar-me-ei em Hogwarts com honras sem limites, precisa admitir que por mais que me deteste sou a melhor aluna desse colégio principalmente agora que a sangue ruim da Granger está brincando de esconde-esconde junto com o Potter... – McGonagall não tinha resposta, Melinda então continuou. – Além disso, o que não me falta são ensinamentos de vida, que tenho muito além do que todos os jovens da minha idade juntos. E sangue, bem... Sou maravilhosamente nascida, como bem sabe. Dessa forma, percebe como a equação de minha vida está platinada em perfeição?


        - Existe certa discordância em relação a seu sangue, Srta Black. – retrucou McGonagall, sem agüentar se manter calada.


        - Existe sim, e os lideres dessa discordância estão mortos, escondidas como crianças assustadas ou se recuperando no St. Mungus de ferimentos consideravelmente mortíferos. Eu quero ver é quanto tempo essa discordância durará. – ela cruzou os braços, rindo da professora. – O fato, Minerva, é que eu nasci para reinar, dominar, é a isto que estou predestinada e é o que eu farei. Sou o exemplo de tudo o que se pode esperar de uma bruxa...


        - Uma bruxa das trevas, quer dizer...


        - Que seja de uma bruxa das trevas que, com trevas ou não ainda é mais poderosa que muitos dos bruxos “não das trevas’’. – ela riscou aspas no ar. – Talvez isto mostre que ser um bruxo das trevas é o primeiro passo para se chegar a tudo o que se pode esperar de um bruxo, mas o interessante é como todos são tolos o suficiente para negar esse fato, por isso geralmente estão presos debaixo de nossos pés com toda sua tolice. – as quintanistas atrás de Melinda pareciam extremamente assustadas. – Ginny Weasley é um ótimo exemplo... Aliás, eu acho que devia convidá-la para um chá agora que a traidora do sangue traiu os traidores do sangue... O que a faria uma pessoa um pouco mais decente creio eu... – ela fingiu pensar. – Não, isso seria demais. Ela ainda é uma Weasley... Vê, professora? Superioridade do sangue novamente influindo... É o curso natural da vida e aqueles que o negam acabam sendo esmagados. Tome cuidado, professora, ou então acabará estando no caminho de uma avalanche.


        - Cuidado, Srta. Black, ou eu adorarei lhe dar uma detenção na noite de Halloween!


        - Por discutir com alguém que por livre e espontânea vontade iniciou a discussão? Acho que não, Minerva! O professor Snape adoraria me liberar dessa detenção depois de ouvir a mim e às minhas testemunhas... – Melinda viu McGonagall mandar um olhar significativo àquelas quintanistas. - E eu não tentaria intimidá-las, pois eu não tenho medo de usar Veritasserum quando preciso! – McGonagall arregalou os olhos por um momento, ardendo em ódio. – Agora, se me dá licença, professora, eu tenho mais o que fazer.


        Melinda não esperou McGonagall sair da frente e passou, batendo o ombro no da professora, sem nem olhar para trás. Minerva queria explodir de ódio por estar sendo comandada por uma criança como Melinda, que parecia ser quem mandava naquele lugar desde a ascensão de Voldemort.  Afinal por que Snape não acataria aos ‘pedidos’ dela? Até ele devia achar interessante puxar o saco da Princesinha das Trevas. Todos achavam, menos ela. Sem se falar nos Carrow, que estendiam as próprias capas por onde a garota passava. Aquilo estava ficando insuportável.


O que ela não sabia era que Snape não estava assim tão inclinado em mimar a Princesinha, a não ser quando isso envolvesse diretamente uma missão – como fora no caso do ataque a Diggory – ou fosse em relação a coisas estúpidas. Ignorar regras de Hogwarts ou passar por cima da soberania dos outros professores, não acontecia apenas com um piscar dos belos olhos verdes de Melinda Callidora Black. Mas McGonagall estava ignorante quanto a isso, portanto, a jovem bruxa se aproveitava de tamanha ignorância da parte da professora. Não só dela, mas como de outros em Hogwarts. Certo estava quem disse que informação é poder.


A morena continuou seu caminho dando informações às quintanistas sobre como ela queria a festa, nos mínimos detalhes e, ao se dar por satisfeita, as dispensou para que fossem fazer o que diabos era da conta de cada uma. Então, ela foi procurar Draco, com quem não falava havia já algum tempo.


 


A visão que encheu os olhos de Melinda mais lhe parecia uma ilusão de óptica quando ela chegou aos jardins de Hogwarts. Seu corpo tremeu por completo no mais profundo ódio e ela mordeu o lábio fortemente para não extravasar vocalmente toda aquela ira.


Draco Malfoy estava sentado debaixo de uma árvore ao lado de Astoria Greengrass. Eles liam juntos um livro e conversavam, dando risadinhas gostosas e compartilhadas. Nenhum dos dois pareceu perceber que ela os observava ao longe.


O vento gélido do outono escocês tocou o rosto da bruxa, fazendo-a tremer dos pés à cabeça, desta vez de frio. Melinda fechou a capa ao redor do corpo e apertou, tentando se recuperar daquele calafrio que lhe pareceu ser muito mais do que apenas a sensação momentânea de frio. Aquela visão, mais aquele calafrio não lhe pareciam boa coisa. Ela tentou dar um passo, mas sentiu dois puxões, um em cada braço. Quando ela olhou para trás viu que Nicky e Gabrielle eram as donas das mãos que a seguravam.


- Vamos com calma aí... – alertou Nicky. – Espera mais um pouco, dá pra ver de longe que você quer arrancar os órgãos daquela garota um por um...


- E deixar o Draco perceber isso é exatamente o que o projeto de vagabunda quer! – completou Gabrielle, que também olhava com ferocidade para Astoria. Quem a vadiazinha pensava que era, afinal de contas?


Melinda assentiu e virou-se de costas para o ‘casalzinho’, o estômago dela embrulhava só de chamá-los daquela forma, por mais que fosse irreal. Ela se acalmou, ou pelo menos vestiu sua máscara de calma antes de se aproximar deles – acompanhada pelas fiéis escudeiras só por precaução.


- Meu amor! – exclamou Melinda, assim que parou na frente deles, distraindo Draco do que fosse que ele estivesse fazendo ali.  – E... Astoria...


Draco se levantou e Astoria o seguiu, parecendo bastante incomodada. Ela já estava diferente, mais arrumada, mais bonita. Mesmo que Melinda não a tivesse transformado diretamente como fora com Gabrielle, parecia que apenas a convivência era o suficiente. Melinda a estava influenciando sem nem tentar.


- Oi amor... – respondeu Draco, selando os lábios da namorada rápida, porém carinhosamente.


- Você está tão diferente, Astoria... – comentou Nicky, também impressionada. – O que você fez?


Era notável mesmo, o cabelo antes escorrido da garota ganhara ondas e cachos nas pontas, a saia no joelho subira ao meio da coxa, os sapatos ganharam saltos e o rosto dela ostentava mais maquiagem do que o comum, além disso, ela usava brincos e anéis.


- Apenas me inspirei em vocês! – respondeu a garota. – Vocês estão sempre tão arrumadas que eu me sentia mal toda esquisita andando com vocês... – ela sorriu falsamente.


- Oh claro... Eu me lembro do meu efeito-Melinda quando comecei a andar com ela, mas no meu caso a própria Mel se deu ao trabalho de ser um tipo de tutora em todos os sentidos. – gabou-se Gabrielle, conseguindo uma careta disfarçada de Astoria. – Foi mais fácil, sabe? Do que ter que me virar sozinha para estar arrumada como ela.


Astoria só assentiu, meio desconfortável. Draco percebeu a situação tensa ali e decidiu mudar de assunto de uma vez, para evitar que a nova amiga precisasse ficar naquele constrangimento causado pelos ciúmes das amigas de Melinda – ou pelo menos era assim que ele via.


- Hum... E a festa de Halloween... Como vão os preparativos? – perguntou o loiro, mudando o assunto de vez.


- Ótimos! Tudo perfeito! – respondeu Melinda, praticamente se pendurando no pescoço dele. Ela jurou ter visto Astoria desviar o olhar da ceninha romântica. – Desta vez tudo dará certo e todos nós poderemos nos divertir!


- Você sempre foi ótima nessas coisas, nem sei porque perguntei. – ele pegou a mão dela e beijou. – Ainda mais agora que está mais relaxada e pode se dedicar mais.


- Sim... Agora posso me despreocupar com nossa filhinha e me concentrar em outras coisas...!


- É uma maravilha mesmo estarmos descansados sobre ela. – concordou Draco. – Depois de tanta angústia.


- É...


- Espera um pouco! – exclamou Astoria. – Eu ouvi direito? Vocês têm uma filha? – ela estava no extremo do choque.


- Sim... – respondeu o casal em uníssono.


- Pandora Lynx... Tem cinco meses, a coisa mais linda do mundo... – contou Melinda, destilando seu veneno em cada mínima palavra que lhe saía da boca. – Estávamos um pouco preocupados com ela, mas tudo passou. Coisa de pais, sabe?


- Não acredito que ela saiba, Mel, pois não é mãe. – foi a vez de Nicky destilar um pouco de veneno. – Mas pode imaginar, como eu e Gabrielle.


- M-Mas... Eu nunca te vi grávida! Como é possível?


- Pandora é adotada, Astoria... – respondeu Draco, nenhum deles podia negar aquele fato a ninguém já que era óbvio que Melinda nunca estivera grávida. – Mas nós a amamos mais do que se fosse realmente nossa, é inexplicável... Mesmo antes de tê-la de fato morando conosco, só a idéia de tê-la já nos enchia e... É demais.


- Amor de pais... Algo sem explicação lógica. – completou Gabrielle. – Acontece muitas vezes com quem não tem ligação de sangue... Mais até com quem tem, sabiam?


- Pena que não tenha de fato acontecido com a Melinda.... – disse uma voz atrás do grupo. Era Blásio Zabini. – Sabe, Astoria, a Mel foi adotada pelos meus pais, mas ela sempre se manteve afastada emocionalmente... Talvez por sempre ter sabido que era adotada...


- Blásio, hey... – cumprimentou Melinda. – É... Como a Gabie disse, muitas vezes acontece, comigo não. Mas eu sempre gostei de você, não se faça de dramático.


- Não falei de mim! Falei de nossos pais... Meus pais... Enfim. Você sempre me adorou. – ele piscou.


- Cala a boca.


- Ok, vossa alteza! – ele a reverenciou. – Agora me explica essa história de filho aí que eu estou perdido e parece que a Greengrass também...


Draco e Melinda começaram a contar a história como eles haviam combinado, muito por cima, sem citar quem eram os pais de Pandora, apenas dizendo que foi uma adoção difícil porque a dita família biológica não facilitava, mas que a menina por fim estava com eles e que eles haviam decidido adotar por terem conhecido os pais da criança que eram velhos conhecidos dos Malfoy e morreram quando a menina tinha um mês. A história pareceu colar bem por mais que fosse absurdo um casal de 17 anos ter uma filha bebê. Era absurdo principalmente para Astoria, que agora entendia o que Pansy queria dizer quando lhe alertou sobre o relacionamento Draco/Melinda ser profundo demais e cheio de complicações. Eles eram primos, dividiam sangue, e agora dividiam uma filha e filhos são pra sempre. Por mais que conseguisse separá-los, ela teria a sombra de Melinda a assombrando para sempre.


 


O salão comunal estava anormalmente vazio quando Astoria praticamente se jogou pelas portas, correndo em desespero. Para a sorte, ou o azar, dela, dentre as poucas pessoas que ali se encontravam estavam Pansy e Daphne. Ela não precisou dizer uma palavra para que elas entendessem.


- Draco Malfoy. – suspirou Daphne, desapontada.


- O que foi, Astoria? O que aconteceu para te deixar assim? O Draco finalmente te disse que não te quer? – sorriu Pansy, sendo fuzilada com o olhar pela garota.


- Não! É claro que não! Embora ele já tenha te dito isso um milhão de vezes!


- Calma aí, bebê! – Pansy levantou as mão em posição de defesa. - Pelo visto foi algo bem trágico... pra te deixar assim!


- O que foi, Tory? O que aconteceu?


- Eles tem.... Uma... Filha.


- O QUÊ?! – gritaram as outras duas em uníssono.


- Uma filha. Draco e Melinda têm uma filha. – ela começou a chorar copiosamente. – Como eu vou competir com isso? Ela é a mãe da filha dele, porra! Ela sempre estará na vida do Draco, por mais que ele a chute como namorada!


- Merlin... – Daphne se jogou no sofá, chocada demais para se manter de pé. – Mas... como é possível? Melinda nunca esteve...


- A menina é adotada! – respondeu Astoria. – O que é muito pior, porque mostra que eles concordaram em ter esse filho! Não foi um acidente! Eles concordaram em ter um filho aos dezessete anos! Juntos!


- Não quero parecer uma desgraçada agora, mas eu te avisei, Tory! – Pansy não segurou as palavras que escaparam de sua boa. – Avisei para ficar longe deles como eu fiz! Te avisei que isso não ia terminar bem, está vendo agora? Eu falei que eles eram doentes, que não eram um casal normal, que você nunca poderia competir com a Melinda porque a relação deles estava num nível insano e agora muito menos e... - Pansy parou abruptamente de falar enquanto Astoria falava, olhando para um ponto atrás da loira em desespero.


- O que foi? – perguntou Astoria, ao notar a pausa da amiga.


- Ela nunca poderia competir comigo, de fato. Ainda bem que alguém é sábio o bastante para perceber isso antes de saber sobre Pandora... – a voz de Melinda soou gélida atrás de Astoria, que fechou os olhos e engoliu seco. – Estranho vir de você, Pansy. Oh, espere! Não tão estranho... Você já sofreu demais as conseqüências de me desafiar.


Pansy não conseguia falar uma palavra, Daphne olhava para Melinda em puro terror e Astoria ainda não havia movido um músculo. A menina tremia por dentro e tentava se controlar. Merda! Melinda já sabia, mas era oficial, ninguém poderia saber há quanto tempo ela estava ali e se já não havia ouvido de seus próprios lábios.


- Sabe, Astoria, o salão comunal não é o melhor lugar para se compartilhar segredos... As paredes têm ouvidos. Não que isso fosse um grande segredo é claro, já que você não é nada discreta. – comentou Melinda, parecendo entediada.


- Se você já sabia? – a garota finalmente se moveu e virou-se aos poucos. – Por que diabos me manteve na sua teia por todo esse tempo?


Melinda se aproximou de Astoria até que seu nariz ficasse a um milímetro de tocar o da outra garota, que se mantinha numa pode de forte e decidida, por mais que morresse de medo por dentro.


- Porque eu acho divertido ver você se debater até o momento em que eu acabar com você, Astoria. Agora vem o aviso oficial: afaste-se de Draco Malfoy, se você zela por sua vidinha medíocre, ou me assista acabar com ela da maneira mais lenta e dolorosa possível.


- E eu achei que você fosse menos passional do que isso. Matar alguém porque se interessou pelo seu namorado? Parece blefe pra mim. – Daphne soltou uma exclamação de desespero.


- Blefe? – Riu-se Melinda. – Eu mataria alguém por muito menos do que isso, Astoria, a vida de traidores vale tanto quanto a de um sangue-ruim. E, além disso, eu não blefo. Mas tente, será interessante provar o quão errada você está. – Melinda se afastou sem esperar resposta e olhou para Daphne. – Controle os hormônios da sua irmã, Greengrass, se você zela por ela. E você, Pansy, não faz nada além de sua obrigação moral ao tentar evitar que outras tenham o mesmo destino triste que o seu, ou um pior, é claro. - Ela finalmente se afastou de vez para ir a seu quarto.


Astoria não esperou para ouvir mais um sermão de sua irmã e de Pansy. Ela simplesmente seguiu o caminho oposto de Melinda e saiu do salão comunal da mesma forma como entrara, numa tempestade.


 


Melinda estranhara o bilhete que recebera de Draco, algumas horas depois de sua conversa com Astoria Greengrass, pedindo que ela fosse para o quarto dele imediatamente e que lhe esperasse lá. Ela estava sentada na cama do namorado, tentando entender o porquê daquilo.


Quando Draco finalmente entrou, ela se jogou em cima dele, beijando-o carinhosamente nos lábios, perguntando divertidamente porque ele tinha tanta pressa em vê-la. Draco não rejeitou o beijo dela, mas foi frio como uma pedra de gelo e assim que ela se afastou perguntou, áspero:


- O que você fez?


- Do que você está falando, Draco? – perguntou Melinda, sentindo seu sorriso se desfazer em seu rosto.


- Há algum tempo atrás eu esbarrei no corredor com a Astoria, ela estava chorando compulsivamente e, misteriosamente, saiu correndo quando me viu afirmando que não podia falar comigo. Por que eu tenho o sentimento de que você tem tudo a ver com isso? E não negue, porque ninguém em Hogwarts teria o poder de assustar alguém daquele jeito! – respondeu ele, num tom de pura raiva e acusação.


Melinda fechou os olhos por um momento, pensando no que dizer sem piorar aquela situação. A miniatura de vadia havia aberto a maldita boca grande e, mesmo com poucas palavras, a colocara em maus lençóis com Draco. Mas ela também fora burra, porque todo o seu teatro de ‘quero ser apenas sua amiga, Draco’ estava para acabar.


- Eu não vou negar! Sim, eu ameacei a Astoria e disse que eu acabaria com ela, literalmente, se não se afastasse de você... – ela deu de ombros e viu que ele ameaçou abrir a boca, mas ela foi mais rápida. –mas apenas porque eu a vi confessar pra Pansy e para a Daphne que não só estava interessada em você como planejando te tirar de mim e que quando soube sobre a Pandora ficou horrorizada porque teria que me agüentar na sua vida mesmo que te tirasse de mim!


Todas as respostas mal criadas que Draco tinha para a confissão dela morreram em sua garganta, ele viu os olhos de Melinda se encherem de lágrimas e ela começar a soluçar sem controle. Ele sabia o quão forte ela era para não chorar e se ela o estava fazendo era porque estava realmente magoada.


- O que você esperava que eu fizesse? Deixasse-a ficar correndo atrás de você bem debaixo do meu nariz? Talvez eu tenha sido um pouco exagerada ao literalmente ameaçá-la... – ela realmente não acreditava no que dizia, mas ninguém precisava saber. – Mas eu apenas estava tentando nos proteger, é isso tão errado? – nem mesmo Melinda sabia qual sentimento havia desencadeado aquelas lágrimas, provavelmente o ódio que sentia de Astoria Greengrass, mas para Draco elas pareciam ser de desespero e tristeza.


- Mel... Eu...


- E a sua reação só mostra que eu não estava errada em me preocupar! Droga, Draco! Por que você está do lado dela? – ela socou a coluna da cama e se abraçou à mesma. – Por que você fica com raiva de mim? Porque você não esperou para ouvir a minha versão da história antes de chegar com pedras na mão para me acusar de ter espantado uma pobre menina inocente que de inocente não tem nada?


- Melinda, eu não estou do lado dela, eu...


- Você está acostumado com a idéia de que eu sou a vilã aqui! Sim, Draco, eu mato, eu torturo, eu sinto prazer nisso, mas isso não quer dizer que eu sempre estou errada! Ou que eu sou louca para não querer que você tenha amigas! Porque isso é o que você estava pensando e nem preciso de Legilimencia para saber isso. – ela limpou as lágrimas com o antebraço.


Pronto, jogo virado. Agora era Draco com os olhos marejados, sem saber onde se enfiar. Ele passou os dedos desesperadamente pelo cabelo quando ela encostou a cabeça na coluna da cama e começou a chorar mais. Ele odiava quando ela chorava. Merda.  


Draco se aproximou dela e a puxou daquela posição de defesa em que ela estava, abraçando-a com força. Ele beijou o topo da cabeça de Melinda, que começou a chorar mais fraco.


- Tudo o que eu não quero é te perder. – ela olhou para cima, os olhos verdes encontrando os cinzentos dele.


- Você não vai me perder... – ele segurou o rosto dela e a beijou com carinho, numa tentativa de pedir desculpas.


Melinda agarrou o pescoço dele, puxando-o para mais perto de si. Ela embrenhou os dedos nos cabelos dele, tentando não transparecer todo o ódio que sentia naquele momento. Astoria Greengrass estava trilhando um caminho muito bom para acabar numa cova.


- I’m so sorry! – disse Draco, quase em desespero, ao partir o beijo. – Por favor, me desculpa... Eu não devia, eu...


- Shhh! – Melinda colocou o dedo sobre os lábios dele. – Não fala nada, só me beija e me faz esquecer tudo isso...


        Draco não pensou duas vezes em acatar ao pedido dela e a puxou fortemente pela cintura, colando seus corpos e tomando seus lábios com toda a intensidade que aquele momento pedia.


        Melinda imediatamente o puxou pelas vestes de Hogwarts e abriu o fecho da capa do namorado, escorregando-a pelos ombros dele. Draco soltou a cintura dela por um único momento para que a capa passasse por suas mãos e voltou a trazê-la para si.


        Eles se beijavam com intensidade, porém, com carinho. Os dedos de Draco acariciaram com delicadeza a bochecha de Melinda, manchada pelas lágrimas, quando as mãos pequenas e macias dela abriram os botões de sua camisa logo após afrouxarem sua gravata e a jogarem do outro lado do quarto.


        O toque gelado das pontas dos dedos da namorada contra seu peito nu fez com que Draco gemesse contra os lábios dela.


As mãos de Melinda começaram a acariciar o peito dele desde a base do pescoço ao encontro com o abdômen, indo de cima a baixo com carinho e calma, tocando todos os espaços da pele dele. Por aquele momento, quando sua pele tocava a dele, quando o perfume que ele usava invadia suas narinas e lhe encantava, ela esquecia de tudo, até mesmo do ódio por Astoria Greengrass.


        Draco a impulsionou para cima, colocando-a em seu colo. Ela enlaçou seu corpo no dele e partiu o beijo para trabalhar no pescoço dele, onde cobriu toda a pele com seus beijos, arrancando mais suspiros do loiro, que mal conseguia andar com ela no colo e se concentrar no que ela estava fazendo ao mesmo tempo.


        Melinda apertou-se contra os fortes ombros de jogador de quadribol que ele ainda tinha apesar de estar praticando pouco e foi assim que se segurou quando ele se jogou na cama, levando-a consigo.


        Foi a vez dele abrir a capa e a gravata dela, para depois se concentrar nos botões da camisa, para revelar o sutiã de renda negra que ela usava por baixo. A morena deu um risinho e mordeu o lábio ao ver a reação dele ao olhar aquela peça.


        - O que foi? - perguntou, divertida. – Impressionado? – ela piscou e mordeu mais o lábio.


        - Honestamente, sim... Você fica maravilhosa usando isso... – ele afundou a cabeça no decote dela e beijou toda a pele ali exposta pelo sutiã.


        - Posso garantir que fico muito melhor sem ele. – respondeu ela, fazendo-o parar o que estava fazendo apenas para olhá-la.


        - Eu vou tirar a prova...


        - À vontade.


        Ah, ele tiraria a prova do quão melhor ela ficava sem o sutiã ou qualquer roupa e ela faria o mesmo em relação a ele. E ambos não reclamariam nem um pouco. De fato, aproveitariam muito aquela ‘prova’ no final das contas.


 


 


O clima entre Draco e Melinda estava estabilizado, eles haviam se recuperado da pequena briga por causa de Astoria. Pelo menos Draco tinha. Melinda ainda não tinha condições de deixar isso de lado. Ela se vingaria. Se aquela pirralha pensava que iria contra ela, estava enganada.


A festa de Halloween de Hogwarts terminara há algum tempo, aquele era o momento para que as festas particulares acontecessem. E a da Sonserina não poderia ser esquecida, é claro. Dentro da sala precisa, num ambiente à meia luz, com vários lenços roxos e negros pendurados, num clima meio oriental, os alunos da Sonserina se divertiam regados à uma boa quantidade de álcool. Uísque de fogo, vinho e até absinto eram servidos por bandejas flutuantes. Além dos aperitivos diversos e brincadeiras de verdade ou desafio, música também tocava num canto onde alguns dançavam. No meio da pista de dança, existe um único mastro onde algumas meninas do sexto ano brincavam de rodopiar, tentando seduzir os garotos.


- Isso ficou genial... – suspirou Gabrielle, não sendo ouvida por Melinda, que estava com os pensamentos longe demais. – Mel...? MELINDA?!


- Er... Oi... O que dizia?


- Eu perguntava onde você deixou a sua cabeça, mulher! O que está acontecendo com você? Parece que está a milhas daqui! – o tom de Gabrielle era claramente o de bronca. Elas haviam gasto tanto tempo naquela festa que a obrigação mínima de Melinda era aproveitá-la agora.


- Eu não sei onde deixei... – respondeu a morena, mexendo no cabelo preocupada. Ela mordeu o lábio e respirou fundo, vendo um olhar inquisidor vindo de Gabrielle. – É o Draco...


- Achei que vocês tinham se reconciliado...


- E nós o fizemos... Mas... Sinto que ele se preocupa um pouco demais com a Greengrass e tenho um mau pressentimento sobre o fato de ambos estarem sumidos. – respondeu ela, fazendo com que Gabrielle notasse pela primeira vez o sumiço dos dois.


Junto com Melinda, ela procurou com os olhos pelos locais mais ‘sociais’ da festa pelos dois, o que as levava a crer que tanto um quanto o outro deviam estar em um dos locais mais ‘privados’ e só a idéia disso enjoava Melinda.


- Eu preciso achá-los e é melhor para a saúde da Greengrass que estejam sozinhos. Escreva o que eu estou te dizendo, Gabrielle, ela não quer que eu a encontre com o Draco. Ela não quer.


 


Draco estava andando pela festa à procura de pessoas quando ouviu um choro que, estranhamente, ele conhecia. Em uma das gigantes almofadas cercada por lenços negros, estava Astoria, chorando muito. Aquelas almofadas haviam sido projetadas para dar privacidade aos casais, talvez por isso Astoria estivesse lá.


- Astoria... – chamou ele, quando passou pela barreira dos lenços. – O que você está fazendo aqui?


- D..Draco! – ela se assustou, limpando as lágrimas, quando ele sentou-se a seu lado. – Não é nada, eu...


- Pode falar. Eu sei o que aconteceu entre você e a Mel esses dias...


- Você sabe? – ela arregalou os olhos. – Meu Merlin, que vergonha, então você sabe que eu... Draco, eu tenho tanta vergonha disso! Eu me arrependo tanto por ter deixado tudo chegar a esse ponto! Vocês são um casal tão lindo, como eu pude pensar em querer separá-los? Como eu pude deixar que eu me apaixonasse por você?


- Astoria... Não há como controlar essas coisas...


- Sim, há! Eu devia ter me afastado e não me aproximado mais! Não sei nem como olhar nos olhos da Melinda... – ela chorou com mais força e Draco, num ímpeto, a abraçou.


- Fale com ela, se desculpe, ela vai perdoá-la. A Mel não é tão má quanto parece, não com aqueles de quem ela gosta... – aconselhou Draco. – Assim todos nós podemos continuar sendo amigos...


- Ah, Draco... Eu não sei se consigo continuar sendo sua amiga, não depois disso.... – Astoria olhou pra cima. – Eu só desejava ter te conhecido antes dela...


- Astoria...


- Antes que ela tomasse o seu coração e acabasse com minhas chances... – Astoria apoiou a mão no rosto dele. – Eu desejava que eu pudesse... Saber como é ser ela, como é ser amada por você... Como é...


- Como é o que? – ele só acompanhava o que ela falava, sem falar nada que a machucasse mais.


Draco não teve nem tempo de pensar, tudo aconteceu rápido demais. Num segundo, os lábios de Astoria estavam sobre os dele, que ficou completamente sem reação. No outro, ele ouviu um grito de puro horror e Astoria se separou imediatamente dele, olhando para a direção do grito e, então, foi a vez da própria Astoria gritar e se afastar para trás na almofada.


Então ele olhou e entendeu tudo. O primeiro grito viera de Melinda, que os observava pelo outro lado do lenço e fora a visão da Princesa das Trevas com um ódio sem tamanho queimando nos olhos que fizera Astoria gritar. O afastamento fora causado pela varinha que Melinda tirara das vestes e estava apontada para eles.


- Melinda, por Merlin, não faz nada estúpido! – suplicou Gabrielle, tentando fazer Melinda abaixar a varinha, mas parecia que a morena era muito mais forte do que a amiga.


- Eu não vou fazer nada estúpido, Gabrielle. Vou só matar... Os dois... – ela olhou de forma um tanto quanto doente para Gabrielle e sorriu, por mais que seu rosto estivesse contorcido em ódio. Ela estava como congelada no lugar, usando uma voz com tons de loucura até.


Naquele instante, Melinda lembrava Bellatrix Lestrange em seus momentos mais insanos quando ela voltara de Azkaban. Draco se lembrava da tia e, ao olhar para a namorada, via Bellatrix.


- Melinda... – Draco se arrastou pelas almofadas para se aproximar dela, com calma. – Não é o que parece....


- Não é o que parece? – ela riu amarga. – NÃO É O QUE PARECE? É EXATAMENTE O QUE PARECE, MALFOY! – dessa vez Blásio teve que ajudar a segurar Melinda, pois Gabrielle sozinha não teria feito efeito algum.


Todos na festa se amontoaram naquele pedaço da sala precisa para ver o pequeno show do casal mais badalado da Sonserina. Melinda segurava a varinha com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos.


- Eu não acredito quando você me disse que... Que eu não ia te perder, que você sentia muito por ter dado a impressão de que estava do lado dela. – ela apontou a varinha para Astoria. – Pra que foi todo aquele ato, Draco? – por aqueles dez segundos, Draco viu Melinda em sua forma mais frágil possível. – Para que você pudesse continuar rindo pelas minhas costas....


- Eu nunca faria isso! Melinda, você sabe...


- Tudo o que eu sei é que você já fez isso! E eu não devia estar surpresa! – ela riu, como se risse daquela trágica crise em seu relacionamento. – Meu pai sempre me disse que o amor é a nossa maior fraqueza, Draco, e agora eu percebo porque. Eu me permiti amar a minha irmã, ela me esfaqueou pelas costas! Eu me permiti te amar e você também me esfaqueou pelas costas! Amor gera confiança e confiança, traição. Simples matemática da minha vida! – pela primeira vez na vida, Draco viu Melinda chorar em público.


Ela secou as lágrimas rapidamente, tentando manter a pose de forte. Ela tentava manter-se calma. Ela não podia matar Astoria, infelizmente, seria passional demais, Voldemort não aprovaria por mais que fosse uma traição. Porque era uma traição pessoal cometida por uma sangue-puro dentro de Hogwarts. Fora, outra historia. Mas tinha algo que ela podia fazer.


- Crucio.- ela falou a palavra com a voz baixa e friamente cortante, olhando nos olhos de Draco, mas sua varinha estava apontada para outra pessoa.


- Melinda, não! – gritou Draco, quando leu nos lábios dela aquela maldição.


 Tarde demais. Os gritos de Astoria Greengrass invadiram a sala precisa no momento em que o feitiço encostou nela. Ela nunca, nunca, imaginara que era possível sentir tanta dor de uma única vez. Draco via o prazer nos olhos de Melinda, sem saber o que fazer.


- Faça, Malfoy! Coloque-se na frente do feitiço e salve a sua prostituta! Já que para você me trair é algo normal, mas eu vou te dizer algo, Draco: Eu não sou a mesma Melinda que você traiu na semana do Baile de Inverno! E com ela eu vou fazer muito pior do que eu fiz com a Parkinson! E, quem sabe, dessa vez eu tenha a hombridade de me vingar de você também! Porque você é ainda mais culpado do que essas vagabundas!


Draco nem mesmo havia pensado em se colocar na frente do feitiço, o que mostrava que ela não estava usando Legilimência, mas que estava sim completamente descontrolada de ciúmes e, com razão, de desapontamento. Mas ela precisava ouvi-lo, por Merlin.


Então, num ímpeto, ele se jogou em cima dela e a abraçou com força, arrastando a mira da varinha dela para longe de Astoria. Melinda começou a se debater, gritando e amaldiçoando-o.


- Tira as suas mãos de mim, Malfoy, se você não quer ter o mesmo destino dela! – ela apontou Astoria, que se recompunha e chorava, com o olhar.


- Eu não vou soltar até você se acalmar! – respondeu Draco, firme, num tom de voz que ele nunca tinha usado com ela. – E, mais do que isso, até você me escutar, droga!


- Eu não vou te escutar! – ela se debateu mais uma vez. – Eu não vou, simplesmente!


- Sim, você vai! Meu amor...


- NÃO OUSE ME CHAMAR ASSIM, MALFOY! – berrou Melinda. – Você não me ama, Draco, nunca amou! Simplesmente me usou porque no começo eu era a garota nova e era divertido e, agora, porque fui o seu passaporte para as boas graças do Lorde das Trevas. Porque fui eu que te ajudei, te incentivei a cumprir a missão que ele tinha te dado e...


Melinda não conseguiu falar mais, pois Draco a havia beijado, deixando-a completamente sem reação. Foi um beijo rápido, ele apenas pressionou os lábios contra os dela para calá-la e se afastou.


- Você me ama, e sabe que eu te amo, só está falando isso porque está alterada por algo que você viu, ou melhor, pensa que viu! Você interpretou tudo errado, Melinda!


- Agora eu sou a louca? – ela finalmente se soltou dele. – Eu sei o que eu vi, Draco, e não tente me convencer do contrário! E, quer saber, eu não tenho mais nada para falar com você a não ser profissionalmente quando isso for necessário... Falar, é claro, porque tem ainda uma coisa que eu preciso fazer.


Melinda bateu com toda a força possível as costas de sua mão contra o rosto de Draco, que cambaleou e sentiu uma gota de sangue vir na sua boca, causada pelo anel dela em seus lábios. O anel que ele lhe dera três anos antes quando eles estavam ainda brigados após o incidente com Pansy. Irônico, até demais. Ele não a culpava pela bofetada. Da ótica que ela vira, ele estava beijando Astoria. Além do que, ele podia tê-la afastado imediatamente, mas não o fez talvez por pena. Seu maior erro.    


- Você é um canalha como o seu pai! Tal pai, tal filho. Quanto tempo até que você fique idêntico a ele, huh? – aquela doera mais do que tudo em Draco, ela sabia ser muito cruel quando queria.


Melinda foi afastada deles sem nem sequer esperar resposta, era melhor que eles ficassem muito longe um do outro pelo menos até o fim da festa.


- Mel, você quer ir pro quarto? Você precisa ficar sozinha... – tentou Gabrielle, realmente preocupada com a amiga, que ela nunca vira surtar daquele jeito.


- Tudo o que eu preciso agora é de um drink, Ceresier. – respondeu, fria, procurando uma bebida. – Obrigada pela preocupação. – Melinda viu uma das bandejas a alguns metros dela e foi atrás.


- Ela te chamou de Ceresier? – sussurrou Nicky, ainda mais preocupada.


- Sim... – confirmou Gabrielle, parecendo apavorada. – O Draco conseguiu desiludir ela completamente, parabéns ao genial Malfoy.


As duas correram atrás de Melinda que, ao ser alcançada por elas, já estava na segunda dose de Absinto. Ela fazia caretas colossais ao beber, mas parecia não se importar com a dor que aquilo devia estar causando em sua garganta. Ela havia parado de chorar, mas ainda tremia de ódio. [N/A: coloquem esse video para carregar - http://www.youtube.com/watch?v=RZuJ_OHBN78, mais pra baixo digo quando vamos precisar da musica dele, só da musica.]


- Eu não posso matar a Greengrass aqui dentro, sabem? Mas eu posso acabar com ela de outras maneiras. E eu vou. Eu fiz aquela vagabunda, sou eu que vou destruir, até que não sobre nada. Ela acha que a Pansy teve um destino triste? Veremos o que é triste. A morte seria pouco pra ela. Astoria Greengrass vai sofrer pelo resto de seus dias e eu vou fazer questão de que eles sejam muitos. – ela virou o resto da dose e pegou mais uma. – E dessa vez eu vou levar o Draco junto. – ela sorriu de canto. – Eu estou cansada dele pensar que pode me tratar como quiser!


Dez minutos e incontáveis doses depois, Melinda estava definitivamente super preocupando as amigas. Não só as amigas. Draco também. O loiro puxou Gabrielle num canto, outra que também fez questão que lhe esbofetear.


- Ok. Eu mereço. Ou pelo menos vocês acham que eu mereço. Mas você vai me escutar Gabrielle. Eu não beijei a Astoria! Ela me beijou!


- Sei, e você estava super desconfortável!


- Gaby, ok, eu não a afastei na hora, mas era porque eu estava com pena além do que foi tudo tão rápido! A Melinda chegou um segundo adiantada! Um segundo depois eu teria dito à Astoria que aquilo não podia acontecer porque eu amo a Melinda, por Merlin! A Mel pode até ler a minha mente se quiser! – aquele argumento pareceu funcionar bem em Gabrielle.


- Pode até ser, mas, Draco, ela não vai te ouvir! E se prepare porque dessa vez ela planeja te levar junto na vingança e essa será pesada. Você conhece a Melinda, como ela é rancorosa e ela não esquece. Ela matou a Hilary! Vai fazer pior com a Astoria e... com você. – Gabrielle viu o rosto de Draco se encher de horror.


- É exatamente por isso que você precisa dar um jeito nela! Ela não vai me ouvir, eu sei, mas ela precisa parar de beber. Ela já passou do ponto e...


Draco foi interrompido por vários gritinhos na sala precisa, ele e Gabrielle não ligaram no primeiro momento até que ouviram o nome de Melinda na história. Eles foram até o local do tumulto e encontraram o motivo. Melinda estava parada em frente ao mastro da pista de dança e todos pediam que ela dançasse. Ela deu uma ultima olhada para a pista antes de começar. Uma ultima olhada para Draco.


- Agora que eu estou solteira.... – disse ela, ganhando mais gritinhos da platéia. – Por que não, né? Antes esse tipo de coisa era exclusividade, mas... Tudo muda. [N/A: dêem play na musica! ;D]


Ela aumentou o som com a varinha e segurou-se no poste, andando algumas vezes ao redor dele, só brincando no começo.


- Agora agüenta. – disse Gabrielle, ao ver o ciúme se espalhando pelo rosto de Draco ao ver os olhos desejosos em cima de Melinda, de sua Melinda. - Quem mandou ter pena da Greengrass?


Melinda parou mais uma vez na frente do poste e, segurando-se nele por detrás da cabeça, lentamente dobrou seus joelhos até chegar ao chão. Ela voltou a ficar em pé, fechou os olhos e enganchou a perna por trás do corpo no poste e, ainda se segurando atrás da cabeça, e deu um impulso, girando ao redor do poste e caindo no final de joelhos. Sem se levantar, ela virou-se de frente para a lateral do poste e esticou uma das pernas por cima dele, jogando seu tronco para trás. A saia dela escorregou bastante e enlouqueceu a platéia. Principalmente a Draco, mas no caso dele, foi ciúmes o causador da loucura.


Ela segurou o mais em cima que podia sentada, e tirou a perna do poste, colocando-a junto com a outra na base da mesma. Ela deu impulso para cima e se levantou ondulando o corpo todo até colar seu corpo de frente para o poste de dança. A bruxa levantou as duas mãos alto no ar e rebolou de um lado para o outro no ritmo da música, abaixando e levantando um pouco o corpo enquanto o fazia.


Melinda abaixou as mãos, bagunçando o cabelo com elas e depois as descendo contornando seu corpo. Ainda sem parar de mover o corpo ela esticou uma das mãos em direção ao público e olhou para eles sorrindo e mordendo o lábio ao segurar-se novamente no poste com a outra mão. Ela envolveu o poste com a perna e girou 180 graus nele, terminando do outro lado do poste. Ela jogou o corpo para atrás e abriu a boca. Draco não viu um de seus companheiros do time de quadribol virando um pouco de absinto na boca dela, fechando-a e sacudindo um pouco a cabeça dela. De sua namorada.


Gabrielle segurou o loiro pelo braço, impedindo-o de ir lá, mas então Melinda colocou-se completamente de pé, girou o corpo jogando o cabelo e bateu as costas no poste, segurou em cima da cabela e, olhando para aquele seu companheiro de quadribol, ela voltou a rebolar, mordendo os lábios e sorrindo. Agora fora demais, ela estava flertando com o maldito. Na sua cara. Ele não agüentava mais. Ele se soltou de Gabrielle e andou pelo meio daquela plateiazinha improvisada.


          Todos pareceram começar a dar espaço para ele. O povo adorava mesmo um barraco no meio de uma festa e aquele seria o segundo protagonizado só por eles. Quando ele chegou à pista de dança, ele foi direto até seu adorado companheiro de equipe e socou-o, fazendo-o cair a alguns metros.


        - Que porra é essa, Malfoy?


        - Eu que te pergunto! E da próxima vez que você chegar perto da minha mulher eu juro que é com as suas bolas que você tem que se preocupar e não o seu maxilar!


        - E quem foi que disse que eu sou ‘sua mulher’, Malfoy? – perguntou Melinda, atrás dele, com as mãos na cintura, batendo o pé da forma mais irritante possível. 


        Draco girou nos calcanhares e voou na direção dela, prendendo-a contra o poste, com as mãos seguras acima da cabeça dela. Ele tentou se acalmar ou falaria uma bobagem do tamanho do mundo. Ele a encarou por um momento e finalmente decidiu como responder.


        - Você é, e sabe disso e eles sabem disso! Você está com ódio de mim, eu sei, é por isso que eu não estou levando em conta o seu pequeno show de horrores! – ela tentou falar, mas ele tapou a boca dela com a mão.


        Qualquer um que quis intervir foi impedido por um amigo mais sábio. Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, bem, eles não eram casados, mas dava no mesmo.


        - Mas você precisa me escutar e vai! Nem que seja assim, à força! Eu não beijei Astoria Greengrass, ok? Ela me beijou e eu estava errado em não empurrá-la imediatamente, mas eu estava com pena dela porque ela já parecia bastante transtornada por estar interessada em mim e eu não queria magoá-la ainda mais e eu acabei te magoando e eu sou um estúpido por causa disso! – ele parou para respirar. – Mas eu juro por tudo o que é mais sagrado que eu não tenho nada a ver com ela e nem quero ter! Eu cometi um erro há três anos e quase te perdi por isso, você acha que eu seria burro de fazer o mesmo de novo? – ela olhou para baixo. – Ainda mais, você acha que eu teria aceitado ter um filho contigo caso eu estivesse interessado em outra? Por Merlin, Mel, pensa! Eu te amo, porra. Dá pra você se lembrar disso e, se quiser, ler a minha mente e acabar com essa porcaria dessa briga?


        Melinda não respondeu, deixando-o preocupado, ela o olhava fixamente e então ele percebeu o que ela estava fazendo. Legilimência. Ela não acreditaria completamente nele sem fazer aquilo, é claro. Não depois de ele tê-la traído uma vez, não depois de todas as traições que ela havia sofrido. Ele abriu a mente e tirou a mão de cima da boca dela.


        Os olhos dela se encheram de lágrimas e ela o puxou para um abraço desesperado. Foi assim que ele percebeu que ela tinha terminado, visto que ele era inocente. Draco respirou aliviado junto com ela e a abraçou, afundando a cabeça no ombro dela.


        - I’m sorry... – sussurrou Melinda, contra o ouvido dele. – Por tudo isso por não ter acreditado em você, por... ter lido a sua mente... Eu devia ter confiado só na sua palavra... – Draco a afastou e a olhou nos olhos.


        - Você não conseguia confiar em mim, mas a culpa também é minha! Eu tenho um passado estúpido atrás de mim. Agora vamos parar de falar nisso, ok?


        - Ok... ok... – ela concordou e segurou os dois lados do rosto dele, puxando-o para um beijo.


        Nenhum beijo há meses fora como aquele para nenhum dos dois. Talvez anos. Era uma reconciliação, sim, mas uma grande e forte e eles perderam o fôlego só de tocarem os lábios. Nenhum dos dois acreditava no que tinha acontecido, toda aquela briga, todo o estresse, tudo por culpa de um beijo estúpido, de uma garota estúpida.


        - Draco... Me promete uma coisa?


        - Fala...


        - Que nunca mais vai deixar aquela vadiazinha chegar assim tão perto de você!


        - Eu prometo, ok? Não vou deixar mais. – ele a beijou novamente. – Agora... Vamos sair aqui, você bebeu demais. – ela assentiu.


        Draco passou uma das mãos pela cintura dela, e a outra por detrás de seus joelhos e a levantou em seu colo. Melinda se abraçou a ele e foi retirada do meio de toda aquela confusão na qual se tornara aquela festa.


        Quando eles passaram pela porta da Sala Precisa, Draco tomou o cuidado de não ser pego por Filch, tudo o que ele menos precisava era de mais uma detenção por causa de um Halloween, já tivera suficientes em sua vida.


        Graças a Merlin, Hogwarts estava ainda mais vazia do que de costume e eles chegaram ao Salão Comunal da Sonserina sem problema algum. Draco então se lembrou de que não tinha como levar Melinda para o quarto dela, portanto, só havia uma maneira: o quarto dele.


        E foi o que ele fez, se dirigiu a seu quarto com a namorada, zonza em seus braços. Era a segunda vez naquela semana em que eles estavam naquele quarto, saindo de uma briga. Semana bem tumultuada para aquele namoro.


        Draco sentou Melinda na beirada de sua cama e tirou os sapatos dela, sendo observado atentamente. Ela sorria para ele, deixando-o extremamente incomodado.


        - O que foi? – perguntou ele, ajoelhado ao pé da cama, retirando o segundo sapato dela.


        - Tão atencioso... – disse Melinda, com a voz manhosa, passando a ponta do pé nu pelo abdômen dele. – Parece até que eu estou doente...


        - Não pareceu se incomodar com isso enquanto eu te carregava sete andares. – respondeu ele, apoiando as mãos nos joelhos dela e fazendo uma careta. – Na verdade, você pareceu gostar.


        - Hum... E quem foi que disse que eu estou reclamando agora, meu amor? – ela levantou a sobrancelha e umedeceu os lábios. – Na verdade... Eu estou adorando toda essa atenção, só queria te lembrar que eu não estou doente, na verdade, estou ótima.


        - Ótima? Eu não chegaria a tanto, mas... – ele subiu as mãos nas pernas dela, levando a saia junto.  – Por que você quer tanto me lembrar de que está bem? - Melinda apenas mordeu o lábio com a atitude dele, sem sair do lugar ou deixar de olhá-lo.


        - Porque eu odiaria que logo depois da nossa reconciliação você enfiasse na cabeça que eu não estou em condições–


        - Condições? – interrompeu Draco, com o sorriso mais cafajeste do mundo estampado no rosto. – Do que, querida? Nada me passa pela cabeça.


        Melinda dobrou o corpo até que seu rosto se encostasse ao dele e apoiou seu braço ao redor do ombro do namorado. Ela acariciou o lábio inferior dele, deixando seus próprios lábios perigosamente próximos da boca dele. Draco podia sentir o hálito dela que ainda lembrava absinto.


        Ele nem ligava para o cheiro da bebida, tudo o que ele queria era que Melinda terminasse com aquela maldita antecipação e o beijasse de uma vez, caso contrario ele sentia como se seu coração fosse pular para fora de sua boca.


Tanto tempo juntos e ela ainda o enlouquecia como se fosse a primeira vez em que se tocavam. Era a magia e a maldição das mulheres da família Black, na opinião dele. Magia quando um homem as tem, maldição quando as perde. Sabia que não era apenas com Melinda que isto ocorria, uma vez que Bellatrix era o exemplo vivo do quão inesquecível as mulheres daquela família eram.


        - Continuo sem nada em minha mente... – provocou Draco.


        - Hum...Quem sabe...- respondeu ela, ainda próxima de sua boca. – Eu te ajude a pensar... – os dedos da Princesa das Trevas se embrenharam nos cabelos de sua nuca e puxaram seu rosto contra o dela, seus lábios contra os dela, numa maior especificidade.


        Finalmente ela acabara com aquela maldita tortura e o beijava, o gosto de seus lábios mascarado pelo absinto, mas ainda inconfundível e viciante para ele. Ambos abriram as bocas em sincronia, deixando que as línguas se tocassem no meio do caminho, sem dominação de nenhum dos lados, acariciando-se em harmonia ao invés de luta.


        As mãos de Draco subiram mais pelas pernas dela, fazendo o contorno de seu corpo, traçando uma linha de arrepios por onde passaram até chegar à cintura da jovem bruxa. Ele a puxou para si, fazendo com que ela caísse sobre si no chão.


        Melinda acomodou-se por cima dele, ainda sem partir o beijo ou parar as carícias que fazia em sua nuca e rosto. Draco retirou o cabelo dela que caíra sobre seu rosto e firmou seus dedos nos cabelos dela, puxando-a para o mais próximo possível.


        Infelizmente, eles tiveram que parar aquilo quando ar se fez necessário e partiram o beijo por um segundo, arrematando-o com um selinho demorado, para então recomeçarem tudo de novo, da mesma forma calma e carinhosa de antes.


        Desta vez, contudo, Draco rolou e colocou-se por cima de Melinda, que pareceu bastante confortável com a troca de posição e agarrou-se mais a ele, com seus braços e uma de suas pernas. O beijo, também, durou menos pois Draco o transferiu para o maxilar dela, onde foi um tanto menos cuidadoso e beijou com voracidade o bastante para deixar marcas naquela pele de porcelana. Não que ele ligasse, mais uma prova para todos naquele castelo de que ela era dele.


        - Como se alguém precisasse de mais provas disso... – sussurrou ela, segurando-o com força pelos cabelos para que ele não parasse o que fazia.


        Draco não pretendia parar de qualquer forma, ele adorava quando ela fazia aquilo, lia seus pensamentos, o desnudava quando ainda estavam com todas as peças de roupa. Era como eles dividiam o controle, por mais que ele comandasse as ações, ela comandava o psicológico. Ela sabia de tudo e, por mais doente que pudesse parecer, aquilo o excitava loucamente.


        Os beijos do loiro continuaram sua trilha de fogo e vermelhidão desde o maxilar dela até chegar na orelha, onde ele deu uma atenção mais especial, chupando o lóbulo dela inteiro em sua boca para depois puxá-lo entre os dentes, fazendo Melinda agarrar-se mais a seu ombro e gemer bem baixinho. Ele não via, mas sabia que ela tinha os olhos bem fechados.


Ele riu de canto de imagina a cena, o rosto dela já com sinais de prazer com tão pouco, ele também não estava muito longe já que sua roupa íntima se tornara o suficiente para incomodá-lo loucamente.


- Parece que alguns se esqueceram que você é minha. – respondeu ele, num tom quase agressivo, na orelha dela. – Inclusive a senhorita...- ele apertou a coxa dela que estava enganchada em seu corpo e desceu a mão em direção à virilha dela, fazendo certa pressão com sua mão.


- Hum... – ela fincou as unhas no ombro dele. – E de quem é a culpa? Só minha? – respondeu, no mesmo tom que ele, mexendo seu quadril contra a ereção que entre as pernas dele se formava.


Draco levantou a cabeça para olhá-la e viu naqueles olhos verdes um olhar lascivo incrivelmente sensual. Onde diabos ela estava aprendendo aquele tipo de coisa? Por Merlin, ela era capaz de enlouquecê-lo somente com aquele olhar.


- É, você está certa, eu devo ter deixado de te lembrar disso. – ele forçou seu quadril contra o dela, que gemeu e jogou a cabeça para trás. – Um erro que não cometerei mais, esteja certa. – ele afundou novamente a cabeça na curva do pescoço da namorada e dali continuou seu caminho pelo ombro dela, tirando do caminho a alça do vestido da garota.


O loiro agarrou a namorada pela cintura e colocou-se ajoelhado, trazendo-a junto até que ela sentasse. Naquela posição, ele conseguiu abrir o zíper do bendito vestido que ela usava. Assim como Melinda abriu sem cerimonia alguma os botões da camisa e o cinto dele.


- Com pressa, querida? – perguntou contra o ombro dela.


- Não... – ela retirou a camisa dele e acariciou suas costas, desde a lombar até a nuca, voltando a manter sua mão ali onde podia traze-lo mais para si. – Apenas sendo prática... Estava no meu caminho mesmo... – Draco riu e, com a ajuda dela, livrou-se do vestido da namorada.


Melinda deitou-se sobre os cotovelos e foi observada por ele, que sorria admirando-a vestindo apenas a calcinha rendada roxa e o sutiã tomara que caia da mesma cor.


Draco abriu o botão da própria calça e assistiu enquanto Melinda abria o próprio sutiã e o jogava do outro lado do quarto. O loiro continuou mais uns segundos naquela posição, observando-a, apenas de calcinha, com os seios subindo e descendo de acordo com a respiração dela. Os cabelos um pouco desgrenhados, os lábios vermelhos dos beijos, o pescoço cheio das marcas dele. Era uma das visões mais eróticas que ele podia imaginar, pelo amor de Merlin.


- Vai só olhar...? – provocou Melinda, sem ter nem tempo de pensar em mais nada antes que Draco colocasse-se novamente por cima dela, enchendo seu colo de beijos e fazendo-a deitar mais uma vez.


Draco deu uma atenção muito especial aos seios dela, colocando um tempo considerável neles, em tocá-los, beijá-los, chupá-los, deixando-a marcada também ali, naquela pele tão sensível. Melinda respondia a cada carícia dele como se fosse algo extraordinário, gemendo em seu ouvido ao ponto de deixa-lo louco, seu auto controle era impressionante, caso contrário, teria gozado apenas de ouvir aqueles gemidos deliciosos e de sentir o corpo dela debaixo do seu, esfregando-se contra ele, pedindo por ele. Apenas com aquele contato de seus quadris ele sentia mesmo com as roupas íntimas o quão molhada e pronta para ele ela estava.


O loiro tirou então a última peça de roupa que ela tinha, a fina calcinha que foi se encontrar às outras roupas, ele fez menção de tocá-la em seu ponto mais sensível com os dedos, mas foi parado pela voz dela.


- Você... Eu quero você... – sussurrou Melinda, segurando os dois lados do rosto dele. Draco não pensou nunca em contrariá-la, ele tirou a própria boxer e direcionou-se à entrada dela.


Colocou-se para dentro dela gemendo em conjunto com a namorada e, por mais molhada que ela estivesse, ele podia sentir as paredes dela o apertando deliciosamente enquanto moldavam-se ao seu tamanho. Apenas ao seu tamanho, pois ele sabia que ela nunca havia sido de nenhum outro homem, só dele. McNair confessara que nunca dormira com Melinda no tempo em que estiveram juntos, então ele fora o primeiro e o único homem na vida dela e só ele sabia o quão maravilhosa era aquela ideia.


Draco começou a se movimentar para fora e para dentro dela, que rebolava em resposta, fazendo-o ir mais e mais fundo nela, beijando-o o tempo todo, sem perder o contato dos olhos ou dos lábios. Eles não queriam deixar de se beijar, de trocar aquela carícia dita simples, mas tão significativa. Eles concentravam-se apenas um no outro, em cada detalhe, cada gemido, cada expressão de prazer, eles compartilhavam tudo naquele momento e eram de fato um só.


Foi juntos que eles aumentaram o som dos gemidos e junto com isto o ritmo das estocadas e dos beijos, deliciando-se com o prazer que via no olhos do outro, que podiam sentir na pele do outro, no suor, na respiração entrecortada, nas palavras sem sentido que eles diziam e em como chamavam o nome do outro entre os beijos.


Melinda sentia-se absurdamente completa quando tinha o namorado amando-a, dentro dela, enlouquecendo de prazer somente por ela, eles tinham uma conexão que ninguém mais entendia e nem nunca entenderia pois para a maioria eles tinham um estupido amor adolescente, mas eles sabiam que era muito mais do que isso. E só eles entendiam o quão forte era aquele sentimento.


E quando Draco achou que não aguentaria mais muito tempo, ele também sabia que ela estava por um fio, então aumentou o ritmo o máximo que pôde até que ambos chegassem ao orgasmo, juntos, chamando o nome do outro abafados pelo beijo que trocavam.


O loiro caiu por cima da namorada e ambos ficaram em silencio, aproveitando daquele momento em paz, trocando carícias leves enquanto suas respirações voltavam ao normal.


Melinda acariciou os cabelos dele, que estava deitado sobre seu peito, de olhos fechados.


- É a segunda vez que brigamos e nos reconciliamos essa semana... – comentou Draco, beijando a mão livre dela.


- Sim... – ela concordou, rindo um pouco. – Como nós somos constantes, hein? – ironizou a garota.


- Demais... Mas nós sabemos a parte boa disso. – ele a olhou nos olhos.


- Qual?


- Sexo de reconciliação. – riu-se ele. – A única coisa que vale a pena numa briga.


- Ah... Eu preciso concordar. – ela se apoiou nos cotovelos, também rindo. – Mas mesmo assim, a coisa toda não vale a pena... brigar contigo... – ela acariciou a bochecha dele, que assentiu, e conversou com ela mais um pouco antes de ambos se recomporem e irem dormir.


 


Seria difícil de imaginar que alguém ainda se negaria a acreditar no quão as coisas estavam mudadas no exato momento em que, no começo daquela mesma noite de Halloween, certas pessoas – duas, para ter exatidão - passaram pela porta da frente do Ministério, de cabeça levantada, peito estufado e braços dados, tirando o ar e parando o tempo por onde passavam.


Pessoas essas que antes passariam correndo de perto das imediações do Ministério da Magia, portanto era impossível, ou pelo menos deveria ser, que aquilo estava acontecendo. Mas estava. Para alguns, um acontecimento histórico e digno de palmas; para outros, o fim do mundo. Os que escolhiam a segunda opção ficavam calados, é claro, com medo de retaliações. Pelo menos para tomar tal decisão eram espertos o suficiente. 


O tão badalado casal parou no hall do Ministério, dando uma certa pausa dramática a sua já triunfal entrada. Eles observaram a nova estátua que ali estava – enfeitada pela ocasião. Lembravam de quando ela havia sido escolhida para ser colocada ali. Escolhida por eles, ou por um deles.


        O Ministro da Magia chegou correndo no hall, saíra de sua sala assim que a notícia daquela visita havia percorrido as salas do prédio. O trajeto das salas ao hall nunca fora feito tão rapidamente. Não só pelo Ministro.


        Houve então uma separação interessante dentre os presentes naquele local. A maior parte deles se curvou ao casal, com as palavras Milorde e Milady saindo de suas bocas. Outra parte continuou de pé, olhando para eles. Uma minoria é claro.


        - Lembro-me de quando escolhi essa estátua... – Voldemort andou a passos lentos para perto da estátua, de costas para seu público, enquanto as reverências eram abandonadas. Ele girou a bengala na mão e depois seguiu de longe a frase escrita na estátua apontando com a mesma.  – Magia é Poder... Estranho ver que nem todos aqui concordam. – ele se virou de frente para todos e sorriu de canto. O lorde tinha absolutamente todas as peças da vestimenta em preto, desde as luvas ao chapéu. – Ou talvez não tão estranho... – ele olhou para Bellatrix e deu levemente de ombros. - Triste, de fato, é a palavra certa para a descrença num fato tão absoluto.


        Bellatrix ainda permanecia de costas para a maioria das pessoas, olhando para a estátua. Um homem e uma mulher sentados num trono formado por trouxas. Um homem e uma mulher. Voldemort escolhera a estatua. Ela não conseguiu evitar um sorrisinho ao pensar no que aquela mulher ali presente representava. Era uma alegoria, alegoria dela. A Lady das Trevas despertou de seus devaneios e se virou lentamente para o dito público. A exemplo do Lorde das Trevas, estava toda vestida em negro, elegantíssima em seu vestido longo de veludo bordado na mesma cor do tecido, cuja gola armada de renda emoldurava a parte de trás e as laterais de seu belo pescoço, descendo em um decote não muito profundo onde se encaixava quase milimetricamente o colar favorito dela. As mangas longas devido ao frio iam se tornando mais largas a medida que se aproximavam do pulso dela e terminavam com detalhes na mesma renda da gola; as mãos da Lady das Trevas também estavam cobertas por luva e ela prendera os cabelos num coque estruturado. Além disso, seus brincos tinham o tamanho exato para terminarem onde começava a gola perto de deu queixo, dando a todo o visual um ar completamente aristocrático. Perfeito para o momento e para o frio daquele final de outubro, não se precisa dizer. Tanto ela quanto Voldemort ainda usavam suas pesadas capas de viagem.


        - Sempre haverão aquele que ou são cegos ou burros demais para enxergar a verdade... – comentou, simplesmente, se aproximando dele, que pegou sua mão. – Muito ruim para eles... Sempre hão de enxergar da pior forma possível. – ficou muito claro para todos que eles falavam com aqueles que não haviam se curvado. – Mas é a lei da vida... – completou, com notas de tristeza na voz.


        Voldemort assentiu e se aproximou com ela de Thicknesse, que mais uma vez se curvou aos dois, em respeito. Ele sorriu abismado com a visita deles. Quem jogara a maldição Imperius naquele homem havia feito um trabalho brilhante, pois nem de longe se via vestígios de compulsão. Era isso ou Thicknesse era o bruxo mais fraco sob compulsão do mundo, pois a maioria luta e por isso dá sinais de estar sob Imperius. Sendo o homem quem ele era, Voldemort preferia dar o crédito a quem o enfeitiçara.


        - É ótimo ter visitas tão ilustres aqui no Ministério! Esses corredores precisavam ficar melhor frequentados! – Thicknesse brincou e pegou na mão de Bellatrix, que olhou de canto para Voldemort, pensando a mesma coisa sobre aquela ser a melhor Imperius da história. É, ela tinha que admitir. – E, devo acrescentar, que ao trazer milady aqui em sua companhia, milorde, fez com que não pudéssemos ficar mais bem frequentados. – ele beijou o dorso da mão da Lady das Trevas por cima da luva dela.  


        - E devo acrescentar que você nunca esteve mais abusado, Thicknesse... – ninguém conseguiu realmente distinguir se o tom de Voldemort fora de brincadeira ou de repreensão pelo comentário um tanto quanto excessivo de Thicknesse, quase inapropriado na opinião de alguns. Era provável que Voldemort tivesse mascarado uma repreensão num tom cordial de brincadeira, mas não tivesse sido muito bem sucedido em retirar completamente as notas de repreensão de sua voz – causando a confusão geral.


        Bellatrix sabia a realidade: aquela fora uma repreensão. Ele esta enciumado. De novo. Ah, aquilo estava ficando muito interessante. A cada dia ele tinha menos capacidade de controlar o ciúme dele exatamente porque o encarcerava tanto dentro de si que funcionava como uma bomba pronta a explodir a qualquer momento que dava pequenas erupções, ainda contidas. Ela mal podia esperar pelo dia em que a explosão final acontecesse e ele não conseguisse segurar seu ciúme, mostrando a todos, sem se importar com nada. Era incerto quanto ainda demoraria, uma vez que ele tinha um autocontrole admirável, mas ela sabia eu chegaria e que ela se deleitaria. 


        - Milorde... O que o traz aqui? – recomeçou Thicknesse, quebrando o clima estranho que tinha ficado. – Sei que tínhamos uma reunião no dia de hoje, mas esperava ir visita-lo...


        - Decidi vim ver com meus próprios olhos como as coisas estão andando por aqui... Como você mesmo disse esse local tem sido meio mal frequentado ultimamente! Queria me certificar de que todas as devidas providencias têm sido tomadas para que ocorrências como a do dia dois de setembro não ocorram novamente.  – dois de setembro. Ah, que dia fatídico para todos aqueles que trabalhavam no Ministério. Como diabos eles tinham deixado Potter entrar? E pior, como o tinham deixado sair? Sorte de todos que a ta invasão fora mais devastadora para a reputação de Potter do que qualquer um poderia imaginar. De outra forma, ninguém poderia prever o que se sucederia com os pobres funcionários que tivessem de enfrentar a fúria de Lord Voldemort.


        A simples menção do acidente com Potter fez com que todos começassem a pisar em ovos com o “casal real”. Eles podiam estar sendo muito simpáticos ultimamente, mas ainda eram os dois bruxos mais temidos do mundo bruxo. E eles eram temidos por um motivo, aliás por vários.


        - É claro. – Thicknesse deu um sorrisinho amarelo. – Por favor, milorde... – ele estendeu a mão além de seu corpo, indicando o caminho a Voldemort. – Lhe mostrarei tudo...


        - Evidente que sim. – respondeu o Lorde, mais presunçoso do que o normal até mesmo para ele. Vários bruxos, os que não estavam sob Imperius, engoliram seco pro causa da falta de cortesia. Da não usual falta de cortesia dele. – Bella, minha cara, deseja nos acompanhar? – ele se virou para ela, de forma quase carinhosa ao ver dos outros, falando com a voz macia e calma.


        Bellatrix sorriu com satisfação ao ser novamente incluída na conversa. A Lady das Trevas sempre fora exigente, com a nova posição então estava com padrões ainda mais altos. Ela sorriu para Voldemort e assentiu. É obvio que ela os acompanharia, mas algo tomou sua atenção.


        - Podem ir à frente... Eu os alcançarei. – as palavras dela não foram muito bem entendidas por Voldemort, mas ele também não perguntaria. Era óbvio que ela tinha algo em mente.


        Voldemort assentiu e acompanhou Thicknesse, Bellatrix no entanto foi na direção oposta. Ela não deixou muito claro na direção de quem estava indo ou o dito cujo ia fugir dela. E era exatamente o que ela não queria. Mesmo sem perceber que ela vinha em sua direção, seu alvo se apressou para fazer algo em sua sala. Péssima idéia. Ela apertou o passo. Na porta do elevador ambos tiveram que parar. Naquelas horas o elevador nunca estava no andar. Bom pra ela.


        - Ora veja quem ainda tem direito de trabalhar no Ministério. – zombou ela, encarando os cabelos ruivos do homem de costas à sua frente. – E depois dizem que somos muito intolerantes com traidores. – riu-se ela. – Imagine! Se um representante da maior escória de traidores ainda mantém seu emprego!


        Yaxley estava perto o bastante para ouvir e decidiu interferir na situação e, talvez, ganhar alguns pontos com Bellatrix. Estava precisando desde que tivera que dar a maldita noticia sobre Longbottom a ela. Ele andou a passos largos e, parecendo irritado, parou ao lado de Bellatrix.


        - Você olhe para a Lady das Trevas quando ela fala com você, seu verme patético! – vociferou Yaxley, enfeitiçando Arthur Weasley para que ele se virasse à força para Bellatrix e caísse de joelhos na frente dela. – De preferência de baixo, que é o seu lugar.


        Yaxley jurou poder ter visto um sorriso formando-se no canto dos lábios dela. A mera ideia de tê-la feito sorrir já lhe dava a sensação de certa segurança, agradá-la era tudo o que queria no fim das contas. Sabia que ela não esquecia que ele estivera envolvido no atentado a ela um tempo antes, dominado por Imperius, mas mesmo assim. Alias, ter-se deixado dominar por uma colega fora a maior vergonha de sua vida.


        - Obrigada, Yaxley. – a voz dela soou, suave, agradável. Era certamente a primeira vez que Bellatrix falava daquela forma com ele. Ela fora mais do que educada, ela fora cordial. Ele viu a seu lado uma Lady das Trevas que ele nunca havia visto, aquela sobre a qual Lucius, Rabastan e Rodolphus falavam tanto: A que poderia tirar qualquer homem de seu juízo perfeito com um olhar. O olhar quase gentil e agradecido que ela lhe dirigia naquele segundo. Merlin, ele preferia a Bellatrix vadia mal agradecida de sempre.


        - De...De nada, milady. – respondeu o Comensal, impressionado com o efeito devastador que uma mudança de humor nela poderia causar. Ele engoliu seco, agradecendo a Merlin por estar bem longe do Lorde das Trevas no momento em que, por um milésimo de segundo, ele se encantou com a mulher dele.


        O gaguejar de Yaxley foi a denuncia para ela, que riu de canto. Homens podiam ser tão estúpidos! Um comportamento um pouco diferente, um pouco menos abrupto e ríspido era o suficiente para deixa-los desconcertados e, até mesmo, encantados. Havia tempo desde a última vez que ela agira tão suave, tão educada com um homem e mesmo assim o mesmo efeito. Era como voar numa vassoura, quando se aprende uma vez nunca mais se esquece.


        Arthur Weasley ainda era segurado pelo feitiço do Comensal da Morte e sentia nojo de si mesmo por se prostrar àquela vagabunda mesmo que forçado. Se tinha um ser humano no mundo que ele conseguia detestar tanto quanto a Voldemort, este ser humano era Bellatrix Lestrange.


        A bruxa abaixou a cabeça para encarar Weasley, que a olhava com todo o ódio de um pai cuja criança fora prejudicada poderia ter. Era óbvio que as histórias sobre a boca grande de Ginny Weasley não eram falsas. A vadiazinha ruiva havia de fato contato. Ótimo. Ela sofreria todas as consequências de seus atos inconsequentes. Se ela achava que Bellatrix Lestrange blefava ela estava muito enganada.


        - Weasley... Eu soube que você teve sete filhos! Por Merlin... Quando você não teria condições de sustentar apenas um, imagina sete. Bem, talvez seja por isso que eles sejam tão peculiares em Hogwarts... – ela suspirou, como se realmente sentisse pena de alguma das crianças Weasley. – Porque, de fato, a sua filha é uma criança bastante perturbada. O único bebê Weasley que tive a triste oportunidade de conhecer... Pobre menina, a falta de recursos e a convivência com sangues-ruins e traidores do sangue deve ter mexido com a cabecinha dela. É isso ou ela é realmente burra, o que também derivaria da qualidade do sangue dela que já foi afetada pela convivência com escória...


        - Acredito que nós temos uma ideia bastante oposta sobre qualidade no sangue ou sobre pessoas perturbadas, Lestrange. – praticamente cuspiu Weasley, ferozmente por mais que estivesse dominado pelos feitiços de Yaxley.


        Bellatrix soltou uma risada aguda, parecendo ter visto algo de bastante engraçado nas palavras de Arthur, mas a verdade é que Arthur Weasley em si era o que ela achava engraçado, numa forma patética, mas mesmo assim.


        - Visivelmente. – ela respondeu, quando conseguiu recuperar-se de seu acesso de riso. – Mas isto nos leva ao final da linha, porque é exatamente por essa oposição de ideias que estamos nessa posição, Weasley. Eu sou a Lady das Trevas, a pessoa mais próxima no mundo ao homem que domina todo o mundo bruxo e você... Está servindo a ele e a mim aqui no Ministério. Desnecessário ditar a conclusão, huh? Ou será que você não conseguiu acompanhar?


        - Se eu acompanhei o discurso presunçoso e prepotente de alguém que logo terá a cabeça exposta numa estaca em Azkaban para servir como exemplo para todos aqueles que acham que sangue é critério para se dividir as pessoas? Sim. Foi maravilhoso, pena que tão iludido. – devolveu Weasley, corajoso.


        - Olha como fala, Weasley! – vociferou Yaxley. – Ou eu mesmo adorarei me certificar de que você logo estará sem cabeça!


        - Deixe, Yaxley! – pediu Bellatrix, impedindo-o de avançar contra Arthur Weasley com um delicado aceno de mão e um olhar repreensor. O Comensal deu um passo para trás, ainda estranhando esse comportamento tão suave dela. – A verdade é que esses Weasley me divertem! São tão estúpidos e burros! Todos com essa mania irritante de me enfrentar como se tivessem chances contra mim! – ela riu e revirou os olhos. – E fala de ilusão ainda, Weasley. Eu quebraria a você e a toda a sua família no meio como palitos de dente com um único e simples feitiço. O meu nível de magia não é algo que nenhum de vocês entenderá um dia! Mas parece que você não percebe isso, assim como sua adorável filha não percebeu! Enfim, ela teve o que merecia... – ela sorriu sombria, havia chegado no ponto em que queria desde que cercara Weasley. Ela arrancaria dele a confissão de que a filha havia falado.


        Arthur Weasley empalideceu. Se ela estava falando daquela forma, sem fingir que Ginny realmente estava ao lado deles, era porque ela sabia, sabia que a filha havia conversado com eles. Merda, como ela ficara sabendo? Fora tudo tão discreto! Mas ele devia saber, pessoas como ela sabiam de tudo.


        - O que você fez com a minha filha? – perguntou ele, fingindo não saber do que ela estava falando.


        - Você sabe o que eu fiz... Ou melhor, o que eu fiz ela fazer. – provocou ela. – Já parou para pensar no tamanho da humilhação que ela sofreu? Em quantas noites ela passou chorando por ter sido deixada de lado por absolutamente todos os amigos? Ah, eu já... E me deleitei. – ela sorriu, um prazer mórbido percorrendo as belas feições da bruxa. Tanta beleza, tanta maldade. Era quase inacreditável ver uma máscara da mais pura maldade se moldar de forma tão bela. – Imagino todos os dias como será que ela assiste as aulas... Como faz para arranjar uma dupla quando necessário! Porque todos na grifinória a odeiam, imagine as outras casas! E tudo porque ela não soube fechar a boca! Tsc. Tsc. Devia ensinar melhores maneiras a seus filhos, Weasley!


        - E você devia ensinar humanidade a suas filhas! Ou àquela que ainda está viva! Mas em vez disso prefere ensiná-la a chantagear os outros quando não consegue vencer! – quando Arthur Weasley notou, já tinha feito a confissão que ela tanto queria.


        - Eu já venci sua filha, Weasley! Aliás, sabia que ela pretende visitá-lo mais tarde? Surpresa de Halloween! Ah, como eu sei? Eu sei de tudo Weasley, absolutamente tudo! Quer dizer, ela pretendia! Porque eu também tenho uma surpresinha de Halloween, só que para ela! Se sua filha pegou ou não minha surpresa você saberá! Se ela chegar à sua casa é porque infelizmente meu presente se extraviou! A esta hora ela já deve estar a caminho para fazer a surpresa... E a minha já foi mandada há tempos. - Bellatrix viu o terror se espalhar no rosto de Arthur. – Só me pergunto quem falsificou a autorização dela! Snape disse que era tão convincente! Ou talvez ele tenha ignorado uma autorização grotesca porque a Lady das Trevas queria Ginny Weasley fora de Hogwarts essa noite... Talvez. 


        Arthur sentiu como se tivesse sido socado no estômago. Ginny deixara Hogwarts, estava no mundo em algum lugar, em algum transporte que ele desconhecia e à mercê de Bellatrix Lestrange e de todos os capangas que aquela mulher tinha. Por um momento ele se arrependeu de ter comemorado tanto quando soube a verdade sobre as verdades que a filha dissera à Bellatrix. Por que, Merlin? Por que Ginny não poderia ter esquecido tudo o que ele a ensinou sobre sinceridade e coragem e ter ficado calada?


        Bellatrix fez um sinal para que Yaxley soltasse Weasley de seu feitiço, mas mesmo liberto Arthur não mexeu um músculo. Ele estava em choque, em completo estado de horror pedindo a tudo o que era mais sagrado para que sua filhinha ficasse bem.


        - Mande lembranças minhas a sua filha se a vir essa noite, Weasley. Lembre-a de que este pode ser o último Halloween dela e de sua incapacidade de ficar calada. – as palavras de Bellatrix despertaram Arthur para o fato de que ele estava liberto.


        - Vá para o inferno! – ele se levantou rapidamente, vermelho de raiva.


        - Eu não poderia, até o inferno é pequeno demais para um Weasley e um Lestrange. E por cortesia minha...Você já está nele. – ela levantou a sobrancelha. – Aproveite a estadia.


        Arthur saiu andando tão rápido que ele estava praticamente correndo, até trombou em alguns estagiários e derrubou papéis. Ele tinha que ir pra casa, falar com Molly, e esperar por Ginny. Era tudo o que ele podia fazer naquele momento. Porque não havia como acha-la, não sabia por quais meios ela vinha para casa.


        - Milady, como assim foi armada uma armadilha para a jovem Weasley essa noite? Pensei que fosse apenas...


        - E é, Yaxley. – ela respondeu sorrindo. – Ginny Weasley está lindamente confortável na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts apenas um tanto incomunicável, pelo menos por algumas horas...


        - Quer dizer que...?


        - Que eu inventei isso para fazer da vida de Arthur Weasley um inferno particular? Oh, sim! E também para força-lo a ir pra casa cedo, contar a tragédia para a mulher e torcer para que eu não coloque minhas mãos em sua filhinha...


        - Mas milady, e se eles descobrirem que ela está em Hogwarts?


        - Como? Não confiariam em Snape para tal pergunta e como eu disse eu mesma me certifiquei de que todas as cartas endereçadas a ela serão interceptadas até a meia noite...


        - Assim os Weasley pensarão que ela saiu de Hogwarts... E permanecerão juntos e aflitos naquela coisa que eles chamam de casa. – ela confirmou com a cabeça. – Genial, milady.


        - Obrigada, Yaxley.


        - Milady pode ser má, mas é perfeitamente boa nisso. – elogiou o Comensal.


        - Nisso e em muitas coisas, Yaxley. – ela olhou por cima de ombro e notou que o havia deixado desconfortável novamente. – Principalmente... – ela virou de frente para ele. – em deixar homens como você desconfortavelmente encantados com duas palavras e um olhar. – ela sorriu presunçosa. – Como vocês são fracos, meu Merlin! – ela apontou a varinha para o pescoço dele. - Você aí arriscando seu pescoço porque eu fui delicada e cordial com você... – ela negou com a cabeça. – Tão previsível, mas nunca deixa de ser divertido. Fazia tempo que eu não fazia isso, então, Yaxley, obrigada por ser minha cobaia...- Bellatrix, voltando a seu jeito insuportável e nojento de sempre passou por ele, deixando-o explodindo em ódio.


        - Cobaia? Vadia desgraçada! – explodiu consigo mesmo quando achou que ela não ouvia mais. Quem ela pensava que era para jogar joguinhos com ele?


        - Eu ouvi isso, Yaxley! – ele ouviu a voz dela ecoar, mas em tom de risada. Ele olhou por cima do ombro e notou que ela o olhava com os braços cruzados na frente do corpo, rindo.


        - Erro meu. Da próxima vez xingo mais baixo! – ele não conseguiu conter sua raiva.


        - Mais seguro para você, mas dessa vez eu perdoo. – sem ser afetada pela resposta dele, ela saiu, dessa vez indo mesmo na direção de Voldemort.


        Voldemort! Yaxley não queria nem pensar no que o Lorde das Trevas faria com ele se tivesse notado aqueles momentos de puro encanto que ele tivera por culpa de Bellatrix. A vadia estava certa, ele perderia seu pescoço. Interessante como Rodolphus e Rabastan, que ultimamente dispunham mais da oportunidade de ver esse lado encantador dela, ainda tinham os deles. Bom, os irmãos Lestrange diziam ser imunes a ela... Talvez fossem mesmo e ele precisava aprender a ser. Mas no final das contas, achava que tinha ficado bem com a Lady apesar do xingamento: ele tinha feito com que Weasley se prostrasse a ela e ainda jogara o joguinho dela da maneira que ela queria. Estava bravo, mas sua imagem saíra no lucro com ela. E aquilo era o que importava, porque aquela vadia desgraçada era a pessoa mais próxima ao homem que dominava o mundo e tudo o que ele menos queria era estar mal com ela. E todo homem de juízo devia se sentir da mesma forma, porque os que pensavam o contrario acabariam mal, muito mal.


 


        Bellatrix não demorou a alcançar Voldemort e o Ministro no tour deles, mesmo porque informações para ela sobre onde a dupla mais badalada daquela noite estava não faltaram. Absolutamente todo mundo sabia onde eles estavam, para onde estavam indo, isso fora a cambada de bajuladores que se ofereceram para guia-la a eles. Não que ela tenha sido guiada por alguém, conhecia o Ministério bem, bem até demais. Estudara as plantas daquele local como uma viciada enquanto se preparava para a invasão do departamento de mistérios dois anos antes. A fatídica missão que ela, por mais que desejasse, não conseguia esquecer. Pelo menos para algo servira no final. 


        Voldemort estava sendo apresentado aos novos sistemas de segurança de entrada dos funcionários do Ministério, novos furos de poção polissuco não seriam tolerados. Bellatrix se aproximou sorrateiramente, mas o Lorde notou a presença dela, como sempre.


        - Finalmente se juntou a nós, Bella. – disse, ainda de costas para ela. Olhou para cima do ombro e viu que ela ficara sem voz por um momento, ou pelo menos era o que parecia pela forma como ela abriu e fechou a boca várias vezes. Ele se virou para ela. – Thicknesse está me mostrando o quanto estão se esforçando para melhorar a segurança por aqui. Fascinante, não sabe o que perdeu neste tempo. – Voldemort pegou a mão dela e beijou o dorso, dando seu braço a ela em seguida. – Aliás, porque parou, Thicknesse? Estava maravilhado com suas explicações!


        Bellatrix sentia todo o sarcasmo na voz dele, toda a carga negativa que ele emanava. Fascinante coisa nenhuma, aquilo estava extremamente chato e ele com certeza tinha o imenso desejo de arrancar a cabeça de Thicknesse naquele mesmo segundo por fazer aquele monologo sem fim sobre o que ele colocara para proteger o Ministério, sobre como tudo estava mais seguro. Estava, sim, mas depois da fuga do moleque.


“Ah, como se Potter fosse burro o bastante para cometer o mesmo erro duas vezes.” pensou Bellatrix, negando com a cabeça. Eles estavam se concentrando exatamente no que Potter já tinha feito e não no que viria a fazer, quanta burrice.


- Nem eu consigo acreditar que mesmo Potter seja tão burro para fazer a mesma coisa duas vezes. – Voldemort sussurrou no ouvido dela. – Contudo, me parece que Thicknesse tem ainda menos fé na inteligência de Harry Potter do que nós temos...


- Ou talvez nós tenhamos superestimado a inteligência do próprio Thicknesse por conta daquela maldita barreira de feitiços. – sussurrou Bellatrix de volta.


- Ou uma Imperius tão bem feita esteja afetando a mente dele. – Voldemort levantou outra teoria, que causou risadinhas em Bellatrix. Risadas baixas, que Thicknesse pareceu não notar.


Ao fim daquele interminável tour, a reunião entre eles realmente começou, na sala do Ministro. Somente Thicknesse, alguns assessores, Voldemort e Bellatrix estavam presentes. O Ministro parecia satisfeito, mas Voldemort estava longe daquilo. E todos deviam se lembrar que ele era o verdadeiro ministro.


- Tudo o que tenho a dizer é que é muito triste ver como todas as medidas de precaução são tomadas em vista daquilo que Potter já fez... – começou ele, sem nem mesmo dar um tempo para que Thicknesse se sentasse confortavelmente.


- Milorde, nós...


- Vocês falham e falham várias vezes! Eu não quero me proteger contra algo que já foi usado! Quero me prevenir contra o futuro! Contra o que Potter virá a fazer! É por isso que vão juntar todos os melhores homens desse lugar numa sala com um mapa desse lugar e de todos os prédios importantes e, nesse dia, todos farão planos de como invadir! E a segurança será colocada de acordo com todos os planos que forem feitos, ou pelo menos aqueles que são passíveis de serem de fato colocados em prática! – ordenou Voldemort, irritado. – E eu realmente espero não ter outros incidentes...


- E quando esses homens forem juntados, Thicknesse, pegue os melhores dos melhores. A nata da nata, porque pelas informações que tenho de minha filha, a tal amiga sangue-ruim do Potter é genial mesmo com aquela sujeira percorrendo as veias. – avisou Bellatrix, fazendo Thicknesse acenar rapidamente com a cabeça, meio assustado.


- E concentrem-se tanto nos outros prédios importantes como aqui! Até mais nos outros, porque é mais fácil que eles decidam invadir outro. – complementou Voldemort, vendo os assessores de Thicknesse anotarem tudo rapidamente.


Após esses avisos, aliás, ultimatos de Voldemort, Thicknesse pôde começar a reportar a ele tudo o que havia acontecido no Ministério naquela semana, desde as coisas mais simples até coisas importantes, sobre quem havia sido condenado e quem não havia. Todas as semanas, o Ministro fazia esses relatos a Voldemort e o deixava a par das coisas que tinham planejadas para a semana seguinte. Voldemort controlava tudo com punhos de ferro, não conquistara tudo com tanta luta para perder por incompetência alheia. Não mesmo.


 


Bellatrix mal pudera acreditar no horário em que aquela reunião acabou, praticamente quando o Ministério terminava suas atividades. Mais tarde até do que isso, pois no Halloween eles trabalhavam até mais tarde pela quantidade de atividade bruxa exagerada perto dos trouxas. É, eles ainda mantinham algumas regras do antigo regime. Subjugar os trouxas não seria de uma vez. Enquanto eles faziam a limpeza no mundo bruxo, deixavam os trouxas alienados como sempre, apenas esperando a vez deles.


Voldemort acabara de se despedir de Thicknesse, o ultimo dos importantes a deixar o Ministério. Dez e meia da noite, era o que marcava o relógio, tarde demais para o Ministério fechar até para uma noite como aquela. Ele foi buscar Bellatrix, que ainda estava dentro da sala, jogada em sua cadeira.


- A essa hora, a brincadeira já deve estar começando. – disse ela, olhando para a mesa, quando notou a presença de Voldemort.


- Sim. – concordou o Lorde, por trás dela, apoiando suas mãos nos braços da cadeira dela e descendo seu rosto até que ficasse lado a lado com o de Bellatrix. – E muito em breve vamos nos juntar a essa brincadeira tão deliciosa. – a voz dele soou rouca e sensual no ouvido dela. Como se a ideia daquela brincadeira à qual eles se referiam já não fosse excitante o suficiente.


- Halloween... – ela olhou por cima do ombro. – A data mais controversa da minha vida. Causou-me imensas alegrias quando criança, o maior trauma de minha vida quando adulta. Hoje, finalmente voltará a me causar felicidade.


O maior trauma de minha vida. Voldemort sabia que ela se referia ao desaparecimento dele. Dezesseis anos haviam se passado, três Halloweens desde sua volta e ela ainda tinha aquele sentimento de angustia naquela data. Era visível nos olhos dela.


- Bella... – ele circundou a cadeira dela, ficando frente a frente com ela. Abaixou seu tronco mais uma vez, quase roçando os lábios nos dela. – Minha doce e adorada Bella. – ele acariciou o rosto de Bellatrix, fazendo-a quase perder o ar. – É incrível como essa data parece afetá-la mais do que a mim mesmo...


- Não acharia tão incrível se tivesse ideia do que eu sofri naquela noite. – Voldemort viu ela puxar a luva do braço esquerdo e levantá-lo próximo ao rosto dele. O tecido escorregou pelo braço dela e a Marca Negra apareceu imponente. – Como eu desejei morrer quando olhei pro meu braço e não a vi mais. – ela indicou a marca com a cabeça. – Todo ano eu revivi aquela dor nessa data e é muito mais do que qualquer um possa suportar.


- Eu sei... – ele segurou o pulso dela e beijou o antebraço dela, por cima da marca negra. – Eu sei... – ele olhou para ela. – Mas isso acabou... Há três Hallowens, minha cara...


- Não... Todo Halloween eu sinto como se tudo o que eu vivi nos últimos anos fosse um sonho e que eu vou acordar a qualquer minuto. – a voz dela estava embargada e ele não conseguia explicar a vontade incontrolável que ele tinha de tirar aquele embargo da voz dela, de apagar da memoria e do coração dela todo aquele sofrimento. Todo ano ele via nela o sofrimento naquela data, mas daquela vez tinha algo muito diferente, ele queria acabar com aquilo de uma vez por todas, porque vê-la naquele estado incomodava. Demais. – E por mais que eu queira me concentrar na brincadeira que está acontecendo lá fora, no fundo eu... eu não... consigo. 


Voldemort passou a mão pela cintura dela e a puxou, fazendo com que ela se levantasse e seu corpo viesse de encontro ao dele. Ele a olhou nos olhos intensamente e a segurou pela nuca com firmeza. O peito ela arfava rapidamente pelo susto e ela proximidade.


Bellatrix não teve nem tempo para assimilar as coisas antes que ele a beijasse com toda a ânsia e o desejo que ele tinha dentro dele. Voldemort a beijava como se a vida de ambos dependesse daquilo, com tanta avidez que deixara os lábios dela primeiro doloridos, depois dormentes. Ela mal conseguia pensar, se sentia tonta nos braços dele. Sentiu o lorde virar com ela e apoiá-la na mesa de Thicknesse. Bellatrix agradeceu por aquele apoio, pois seu corpo parecia ter desistido da ideia de mantê-la de pé. Mas mesmo no estado em que ele a deixava, ela não evitou o gemido da mais profunda dor que deu quando ele, ao finalizar o beijo, mordeu seu lábio com uma força bastante considerável. Ela o olhou, indagando o motivo daquilo. 


Ele não precisou dizer uma palavra para se fazer entender: ela não estava sonhando, nunca esteve e não tinha motivos para pensar tal coisa. Ela não sabia o que fazer ao vê-lo fazer aquilo, tentar diminuir o sofrimento dela. Por Merlin, ela não conseguiria ficar em pé. A bruxa espalmou as duas mãos no peito dele e acariciou o caminho dali até a nuca e depois por entre os cabelos dele, parando em alguns locais para apreciar a imagem dele fechando os olhos sob seu toque e mudando o ritmo de sua respiração por causa dela. Ah, como ela adorava.


Bellatrix o puxou pela nuca e o abraçou, apoiando seu queixo no ombro dele, beijando dali – mesmo por cima da roupa – até a orelha dele. As pernas dela se enroscaram nas dele, levantando um pouco do vestido da bruxa. Bellatrix pegou a varinha e murmurou algumas coisas que ele conhecia bem: portas trancadas, sala silenciada.


- Bella, Bella...


- Eu preciso de você... – sussurrou a mulher, sensualmente. – E eu quero aqui, agora. Temos algum tempo até nosso compromisso mesmo...


Voldemort se afastou dela só o suficiente para olhá-la diretamente e ver a luxuria estampada no rosto de Bellatrix. E, por mais que sua cabeça quisesse, ele não conseguia resistir a ela. As mãos dele se fecharam na cintura dela e ele a levantou para sentá-la na mesa.


- Como quiser... – ele tirou as luvas e respondeu, subindo a saia do vestido até o fim das coxas dela.


O olhar desejoso que ele deu às suas pernas foi o suficiente para ela sentisse a umidade aumentar entre as suas pernas. O que veio em seguida foi pura loucura. Ele se ajoelhou no chão para que sua boca alcançasse perfeitamente e perna dela e, após arrancar a meia da liga e descê-la até seu tornozelo - pôs-se a beijar vorazmente a pele dela do começo de seus pés até o fim de suas coxas. Aquele homem ainda acabava com ela.


Bellatrix mordeu o lábio para conter um gemido quando a mão dele sem querer desceu um pouco para a parte interna de sua coxa. Mas Voldemort notou a reação que causara nela ao ver cada centímetro da pele dela se arrepiar. Se o olhar que ele deu para ela pudesse ser comparado seria àquele que um predador dá à sua presa antes de devorá-la. Onde diabos eles tinham enfiado o clima quase romântico de segundos antes? No fundo, ela não queria saber.


Voldemort adorava o controle que ele exercia sobre ela em situações daquele tipo, as sensações que desencadeava nela, tão fortes que a pobre Bellatrix não conseguir controlar. Ela já estava pronta para ele, ele soube, ao tocar despudoradamente a intimidade dela por cima da calcinha. Ah, aquela pequena peça de renda, tão linda e tão deliciosamente molhada com tão pouco. Seus toques por cima do pano fizeram-na se remexer no lugar, apertando os olhos e mordendo os lábios. Todas essas reações eram catalisadas pelo movimentar de sua mão por cima do tecido, até a respiração dela começava a se alterar significativamente.


Bellatrix ansiava por mais, ele a estava torturando como só ele sabia fazer e como, na verdade, ela adorava. Aquelas pequenas torturinhas sempre aumentavam o desejo dela e desencadeavam orgasmos insanos. O filho da mãe sabia exatamente como olhá-la, como lidar com ela e onde e, principalmente, como tocá-la. Ah, aqueles dedos gelados que ele tinha faziam milagres mesmo ainda por cima da calcinha. Num ritmo lento e torturante, é claro. Ela sabia o que ele queria.


- Por favor... – ela implorou e segurou a mão dele por um segundo, levando-a para o elástico da calcinha. Voldemort mais uma vez ficou de pé de modo que facilitasse seu trabalho e, sem avisar, enfiou a mão com tudo para dentro da roupa íntima dela levando os dedos imediatamente ao clitóris da morena.


Bellatrix soltou uma exclamação seguida de um palavrão quando ele movimentou seus dedos naquela região tão sensível, sem a menor piedade, sem nem um milésimo da calma e da lentidão que tivera antes. Ele a massageava com uma intensidade que ela não sabia se conseguiria suportar por muito tempo.


- Você gosta, é? – perguntou o Lorde, próximo ao rosto da bruxa, que apenas assentiu, sem forças para falar. – Mas sabe que pode melhorar, não é? – ela assentiu mais uma vez. – Entao abre suas pernas mais pra mim, abre, vai...- imediatamente Bellatrix afastou mais as pernas, dando mais acesso a ele. – Ótimo, boa garota... – ele deu um beijo extremamente rápido nos lábios dele. – Muito boa. – Voldemort penetrou-a com um dedo primeiramente, deixando seu polegar no clitóris dela e ouvindo a sensível Bellatrix gemer longa e deliciosamente, tendo de respirar fundo para controlar o que tinha dentro de suas próprias calças, que já pulsava duro e reclamando da prisão.


Ele movimentou seu dedo dentro dela, sentindo todo o calor e a umidade dela, desejando com todas as forças arrancar as calças e possui-la de uma vez, acabar com aquele inferno, mas não o faria. Tudo o que fez foi inserir outro dedo. Mais um gemido dela. 


- Viu como eu sou bom com você...? – o terceiro dedo fez com que ela quase gritasse. – Merda, Bella! Por que você tem que reagir tanto a mim? – perguntou, sinceramente. – Tudo em você agora grita luxuria, você tem ideia do quão difícil pra mim é ficar só com meus dedos dentro de você? – ela jurou ter ouvido um quê de sofreguidão na voz dele.


- Então tá esperando o que pra se colocar inteiro dentro de mim? – ele não precisou de um segundo convite para, com pesar, tirar os dedos de dentro dela e abrir seu cinto. Mas ele parou pela visão que teve. Assim que o toque do polegar dele deixou seu clitóris, ela mesma se tocara no local, para tentar se contentar enquanto ele não vinha. Ela estava se tocando na frente dele. Era erótico demais para ser ignorado. A bruxa notou que ele a encarava e sorriu extremamente pervertida.


- Gosta disso? De ver eu me tocar pensando em você? Querendo que fosse você...?


- Sim... – ele puxou o prendedor que deixava os cabelos dela presos e abriu o vestido dela nas costas, tirando-o com a ajuda dela assim como a calcinha. Então ela se viu usando apenas os sapatos de salto em cima daquela mesa. Voldemort reconduziu a mão dela até onde estava antes. – Agora sim a visão é perfeita.


- Então... – ela o empurrou com o pé e ele caiu sentado. – Aproveite o show, querido. – ah, como ele aproveitaria. 


 


A noite era fria, sombria e nebulosa. Muito mais do que deveria ser para uma noite de outono como aquela, era como se o inverno tivesse chegado mais cedo. Lembrava um pouco aquele episodio com a fuga dos dementadores, um pouco. A casa dos Weasley era o único ponto iluminado em milhas, mas dentro as pessoas pareciam estar tudo menos calmas. Era possível se ver os moradores olhando insistentemente pelas janelas como se esperassem alguém.


Ao longe, eram observados por um pequeno grupo encapuzado. Seis ou sete pessoas mais ou menos. Mas não eram eles que os Weasley esperavam; se fosse, talvez aquela noite não estivesse tão fadada à tragédia. Eles esperavam pela filha, aquela que nunca pretendera vir para casa naquela noite. Pena que eles não sabiam disso.


- Ai meu Deus, Arthur! – chorou Molly Weasley, dentro da casa, correndo para abraçar o marido. – Onde estará ela? Acha que...?


- Não, Molly! Não podemos perder a fé agora. Logo a nossa filha entrará por essa porta e nós lhe daremos a maior bronca da história por ter saído de Hogwarts sem autorização em meio desse perigo todo! – a voz de Arthur era firme, mas sua convicção nem tanto. No fundo de seu coração ele temia por Gina. Temia demais.


Os gêmeos Weasley desceram correndo as escadas para encontrar-se com os pais. Ambos tinham expressões tristes em seus rostos. Eles fizeram um sinal de negação com a cabeça. Eles tinham sido incumbidos pelos pais de tentarem se comunicar com Ginny em Hogwarts, no caso de Bellatrix estar mentindo.


- Desculpa mãe. – começou Fred. - Mas parece que... – ele não terminou, Molly sabia o final: Ginny tinha mesmo deixado Hogwarts. 


- Se Bellatrix Lestrange não matar a Ginny, eu mato quando ela chegar! – George não parecia estar brincando. – Ela é louca ou o quê?


Ninguém repreendeu George pelo comentário ‘insensível’, pois por mais que pudesse ser isso era completamente verdade. Ginny poderia escapar de Lestrange, mas não escaparia da fúria dos Weasley. Pobre garota. Em Hogwarts não tinha nem idéia do que estava acontecendo em casa por causa dela, quando sofrimento causava a seus parentes e ao mesmo tempo quanto divertimento causava a outros.


- Eles estão supostamente esperando a filha. – sussurrou McNair para o grupo a seu redor. – A Lady das Trevas convenceu o Weasley de que a menina deixou Hogwarts direto para uma armadilha dela, pelo menos foi Yaxley me contou. Então... Estão torcendo para que ela chegue sã e salva. – McNair riu satisfeito. – Ah, se eles soubessem que a visita será diferente...


McNair riu-se junto com os companheiros, que apenas esperavam o momento certo de colocar em prática seu plano. Esperar não era nem um pouco desconfortável, não quando Bellatrix dera de presente a eles a visão de toda a família Weasley assolada pelo mais puro desespero. Deliciosamente fantástico.


 


Deliciosamente fantástica era a visão que Voldemort tinha dali onde estava. O Lorde assistia a seu próprio show particular, um de tirar o fôlego. Bellatrix estava sentada na mesa do Ministro da Magia, completamente nua, bem à frente dele, com um dos pés apoiados no braço da cadeira em que ele estava sentado – que ficava bem à frente da mesa – e a outra também na cadeira, mas entre suas pernas.


Ela se tocava despudoradamente, deixando todo o prazer que ela estava proporcionando a si mesma claro em sua expressão facial e corporal. A mulher parecia não conseguir mais sustentar o peso de seu próprio corpo em seu braço esquerdo apoiado na mesa à medida que intensificava seu toque na região do clitóris, os seios dela subiam e desciam delicadamente por causa de sua respiração afetada, o rosto pálido dela começava a enrubescer – não por vergonha, mas pelo calor. Pequenos gemidos saíam dos lábios dela, cada um sendo o suficiente para enviar arrepios pela espinha de Voldemort.  


- Gosta disso, huh? – perguntou ela, encarando-o diretamente com aqueles olhos verdes enegrecidos pelo prazer e a voz recortada. – De ver eu me satisfazendo enquanto penso em você...? Desejando que fosse você...?


Filha de uma–! Foi o que Voldemort pensou depois que ela começara com aquela maldita conversa suja. A visão dela já era suficiente para que ele quisesse parar com o show, abrir logo o cinto e se enfiar todo pra dentro dela sem nem pedir permissão. Imagine com aquilo...? Seu pênis reclamava em suas calças há tempos, pulsante, carente de atenção. Da atenção dela. Ele abriu mais as pernas na cadeira, tentando ficar menos desconfortável. Porque confortável ele não ficaria.


Bellatrix podia estar com os pensamentos e a percepção comprometidos por todas as sensações que percorriam seu corpo e deturpavam sua mente, mas ela notou aquele ato. Ela notou como ele afundara na cadeira ao abrir mais as pernas, assim como ela via a ereção dele se impondo na calça. Ela não perdoaria.


- Nem precisa responder, não é? – forçou-se ela a falar, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás, respirando profundamente para se controlar. Ela voltou a encará-lo, cada vez mais rubra e com mais dificuldade de falar. – Eu consigo ver como você gosta... – ela aproximou o pé que estava entre as pernas de Voldemort perigosamente até que a ponta de seu sapato encostou-se à calça dele, naquela região tão sensível. Ele gemeu contidamente. – Eu posso até sentir. – ela levantou a sobrancelha.


- Bella... – ele começou em tom de aviso, como se a repreendesse, mas tudo que ele conseguia no fundo pensar era: “Como eu adoro essa mulher!”.


- Pobre de você... Aí só olhando, enquanto eu... – ela gemeu mais alto e arqueou as costas o máximo que pôde, com os olhos fechados e os lábios entreabertos. Ele simplesmente afrouxou o colarinho, sentindo dificuldade de respirar, tirou também o casaco uma vez que aquela sala se tornara loucamente quente de uma hora para as outras. Mas ela se recuperou e voltou-se para ele. – Enquanto eu posso me satisfazer... Deve ser torturante... Mas nós dois temos um quê de sadomasoquismo dentro de nós, não é mesmo?


Ela estava irritantemente certa, ao mesmo tempo em que era torturante assisti-la, era delicioso. Prazeroso demais para ser realidade. Mas então ela piorou as coisas.


- Pode me ajudar aqui? – perguntou, pegando-o de surpresa. Ele entendeu o que ela quis dizer exatamente quando ela parou de se tocar por um segundo e estendeu a mão, mais precisamente os dedos com os quais estava massageando seu clitóris, a ele.


Voldemort poderia apenas ter dobrado o corpo para alcançar os dedos dela, mas preferiu levantar-se da cadeira para se aproximar ainda mais dela. Bellatrix tirou seu pé do assento da cadeira apenas pelo tempo necessário para que ele pudesse sair da mesma e o colocou de volta no lugar. Voldemort foi até dela e segurou a mão que lhe era entregue.


Bellatrix inspirou com vontade quando ele enfiou os dois dedos que ela usava de uma vez na boca, sugando-os e molhando-os com tudo o que podia. Ela só soltou o ar quando ele soltou sua mão, posicionando-a perto de sua coxa e sussurrou um “Pronto, continue”. Se existia uma voz mais sensual do que a que ele usara, ela não queria conhecer, pois não suportaria. 


Quando ela voltou a se tocar e, desta vez, introduziu os dois dedos dentro de si, massageando o clitóris o melhor que podia com seu polegar, Bellatrix pensou que ele voltaria a se sentar. Ledo engano. Ele permaneceu ali, grudado nela, observando-a desejosamente.


- É mais confortável para você quando alguém te ajuda, não é...? – Foi a vez de ele provocá-la. – Quando você pode relaxar completamente, sem ter que preocupar com nada. – ele tocou a pele da barriga dela, arrastando as pontas dos dedos até a base dos seios. Ela queria aquele tipo de conversinha suja? Ela teria. Voldemort então tocou um dos seios de Bellatrix, que mordeu os lábios para não gemer em decorrência do toque inesperado dele. Mas o Lorde pioraria, ele desceu a cabeça até o ombro dela e começou a distribuir beijos molhados ali, seus lábios gelados contrastando com a pele quente dela, esfriando-a, para depois sua língua quente esquentá-la de novo.  


Ela teve bastante dificuldade para responder qualquer coisa porque o toque dos dedos e dos lábios daquele filho da mãe era suficiente para ofuscar tudo o que aquela masturbação a havia feito sentir. O pior não era ele ter poder sobre ela, era o fato de que ela não conseguia esconder. Seu corpo falava por si.


 Ela reprimiu um gemido em sua garganta e mordeu os lábios com força, desejando poder tocá-lo, diminuir a distância da boca dele de seu corpo, mas ela não podia, nenhum de seus braços estava livre. Ou ela deixava de se apoiar ou parava o que estava fazendo e nenhuma das duas opções lhe parecia interessante, assim como não tocá-lo também era torturante. Ela tinha certeza de que aquela tortura era o objetivo dele.


- Não pare! – ordenou ele. – Por mais que você queira... E eu sei que você quer! – o tom presunçoso na voz dele chegaria a ser irritante se não fosse estranhamente excitante. – Você sempre gostou de ser submissa a mim... – continuou ele, ainda trabalhando na região da clavícula dela com os beijos. Sua mão pressionou levemente um dos mamilos dela, causando um irreprimível gemido da parte dela. – É interessante ver você tendo que satisfazer em vez de deixar isso em minhas mãos, ou em minha boca... – ele mordeu o ombro dela, que quase gritou, arqueando as costas quase desesperada. – Ou... Acho que você entendeu o final da frase, huh? – ele olhou-a nos olhos e viu toda a luxúria ali estampada, mas também o sadismo em torturá-la.


Ele olhou de seus olhos para seus seios, que ele ainda massageava, e sorriu diabolicamente. Oh Merlin, ela nem conseguiu pensar antes que a boca dele envolvesse seu mamilo – aquele que ele pressionara antes – completamente. Bellatrix inspirou fundo, sem conseguir expirar direito. Seu corpo se contraía em todos os lugares e, com aquela ajudinha dele, ela imaginava quanto tempo ainda se manteria apoiada naquele braço que lhe parecia pouco fazer para sustentá-la a partir do momento em que as ondas de prazer por seu corpo se espalhavam com mais violência. 


Voldemort queria rir das reações dela, mas estava muitíssimo concentrado em seu árduo trabalho ali. Árduo sim, afinal custava muito se segurar para não tomá-la de uma vez só e acabar com aquela tortura para ambos, mas torturá-la, por mais que ele também se torturasse pelo caminho, era delicioso demais para ser ignorado. E nada seria ignorado naquela noite.


 


Neville Longbottom havia acabado de ter alta do St. Mungus e estranhava que sua recuperação tivesse sido tão absolutamente ignorada por Bellatrix Lestrange. Não que ele pensasse que a mais perigosa das Comensais da Morte havia desistido de acabar com ele, não. Ele não era tolo, já se fora o tempo em que este era um defeito dele. Aquela súbita clemência de Bellatrix era falsa, ele sabia. Só estava esperando o bote daquela víbora.


De qualquer forma, era Halloween e ele ia direto para casa, visitar sua avó antes de voltar para Hogwarts, mesmo porque tudo o que ele menos queria era dar de cara com Severus Snape no dia de sua recuperação, era capaz de voltar ao St. Mungus.


O seguro morreu de velho, e Neville não estava errado em temer a falta de atitudes de Bellatrix. Pessoas como a Lady das Trevas eram menos perigosas quando estavam berrando e atirando feitiços para todos os lados do que quando estavam quietas.


A avó de Neville podia ser bastante severa quando ele fora criança, mas preparara tudo para sua volta, uma pequena festa de boas vindas ao neto que fora corajoso pela primeira vez em sua vida- ao ver dela – mas no momento mais errado possível. De uma forma ou de outra, ela estava orgulhosa de como ele defendera seus ideais e batera de frente com a mulher que fora o principal carrasco de seus pais, do filho dela, Frank.


Era trágico como tanto as preparações dela quanto a dos Weasley tendiam para o mesmo fim, ou um fim muito parecido: um fatídico desastre de Halloween. Tudo patrocinado pela mesma pessoa: Bellatrix Lestrange, a excelentíssima Lady das Trevas.


Seguindo o exemplo do grupo que estava na casa dos Weasley, Yaxley estava de tocaia com seu grupo do lado de fora dos Longbottom, esperando apenas o horário combinado para atacar com sincronia com McNair.


- Pobre mulher, preparou até uma festa de recepção para nós! – zombou Yaxley. – Pena que não poderemos aproveitar, pena que ninguém poderá aproveitar. – ele riu de canto e foi seguido pelos outros Comensais, que esperavam ansiosos pelo momento em que poderiam liberar seus desejos


 


No caso dos Comensais da Morte, os desejos se baseavam em morte e banhos de sangue. No caso do Lorde e da Lady das Trevas, eram todos mirados em prazer e satisfação, bem mais interessantes.


Bellatrix não sabia quanto tempo mais se sustentaria em seu frágil braço que já a enlouquecia de dor. Seu peso era demais para ele, ainda mais com tudo o que estava ocorrendo ali. Voldemort deu um descanso para ela e deixou de se concentrar em seus seios para subir mais uma vez a trilha de beijos até o ouvido dela, enquanto seus dedos desenhavam pequenos círculos no abdômen dela.


- Ah, Bella... Você é tão independente de mim, eu consigo enxergar como consegue se satisfazer sem nenhuma interferência minha, não é mesmo? – ele mordeu o lóbulo da orelha dela fracamente, arrancando um gemido longo e dolorido da parte dela. Ela percebeu o jogo que ele estava jogando quando a mão dele em seu abdômen desceu por seu baixo ventre até ficar em cima de sua própria mão, daquela que se masturbava, ele começou então a acompanhar o movimento dos dedos da bruxa, sem encostar de fato nela, deixando-a apenas imaginar como seria se fosse ele que a estivesse tocando novamente.


- Foi você que pediu pra que eu continuasse com isso... – retrucou Bellatrix, numa só respiração. – A minha idéia... Inicial... Era fazer isso... Só até você... Voltar... A... Fazer... – ela parou para respirar profundamente, percebendo como ele observava cada movimento seu desejosamente. – Não quer dizer que...


- Eu sei... Mas agora você parece tão satisfeita que eu poderia até estragar te tocando... – ele disse, contra os lábios dela, que gemeu em protesto, olhando-o quase em desespero.


Voldemort sabia muito bem que ela não agüentava aquele joguinho de tortura por muito tempo mais, além do que seu corpo por mais prazer que estivesse sentindo, já reclamava da posição incômoda e a dor no braço a estava atrapalhando de chegar ao clímax. Fazer justiça com as próprias mãos nem sempre é um negócio tão bom assim.


- O que foi, Bella? – riu-se ele. – Será que talvez a Senhora Independência quer uma ajudinha? – ele levantou a sobrancelha. – Para poder se soltar de vez...? 


- Eu deixei de ser a “Senhora Independência”... No dia... Em que me entreguei a você... pela primeira vez... – respondeu ela, quase com sofreguidão na voz falha.


- Vou encarar isso como um ‘Sim’. – Voldemort embrenhou os dedos finos nos cabelos negros dela e a puxou para um beijo ávido, cheio de desejo e antecipação, praticamente violento, não dando oportunidade para que ela tomasse dele o domínio da situação. Ele dominava, ela se submetia e estava extremamente feliz assim. Ela seguia o ritmo frenético do beijo dele, esforçando-se para se manter firme naquela posição, mas o alivio para tal preocupação veio quando a mão dele saiu de seus cabelos e firmou-se em sua cintura em perfeita sincronia com sua boca que voltou a atacar o pescoço da bruxa impiedosamente, deixando marcas.


Bellatrix finalmente deixou-se relaxar e agarrou-se a ele com o braço que antes a sustentava. Seu corpo agradeceu pela mudança de posição tão esperada daquele membro em si. A outra mão ainda mantinha-se no meio de suas pernas, trabalhando, com a dele por cima. Finalmente, Voldemort escorregou sua mão por debaixo da dela, deixando-a livre também daquele trabalho. 


O corpo da bruxa tremeu violentamente com o choque térmico causado pelo toque dele em seu clitóris inchado e pulsante, ela abafou um gemido contra o ombro dele e agarrou seu braço recentemente livre às costas do Lorde, procurando mais contato com seu corpo. 


Quando ele por fim a penetrou com dois dedos de uma vez, a bruxa cravou tanto os dentes quanto as unhas respectivamente no ombro e nas costas dele, gemendo longa e satisfeitamente.


Voldemort moveu seus dedos para fora e para dentro dela, sem deixar de dar ao clitóris dela uma atenção especial com seu polegar. Bellatrix agarrava-se a ele com vontade, como se fosse cair caso não o fizesse. Tudo o que ela queria era tirar aquele sorrisinho sacana que, mesmo que não pudesse ver, ela sabia que estava no rosto dele, mas ela o faria, assim que ele terminasse o que estava fazendo.


Ele sentia em sua mão que ela não estava muito longe de um orgasmo e a própria Bellatrix deixava isso bastante claro com os gemidos em seu ouvido, com suas unhas arrancando sangue de suas costas. Ele parou de beijar o pescoço da mulher e desceu seus lábios para os seios dela, encontrando os mamilos rígidos antes mesmo de chegar neles. Deu um risinho e olhou-a nos olhos verdes, turvos de prazer, olhando-o com toda a luxuria que podia conter uma mulher como Bellatrix Lestrange e isso era muito.


Tomou o seio dela em sua boca, o mais que podia, e sugou-o com prazer, vendo-a arquear as costas e revirar aqueles olhos perfeitamente verdes.


Ele aumentou o ritmo das estocadas de seus dedos enquanto trocava as atenções para o outro seio da lady das trevas, que já nem mesmo conseguia formar um pensamento decente ou inteligível em sua mente deturpada de prazer.


Junto com o aumento de ritmo dele, diminuíram os intervalos entre os gemidos dela e Voldemort parou o que fazia nos seios dela apenas para poder ver quando ela chegasse ao orgasmo, como num camarote.


Ele podia ver cada detalhezinho que mudava no rosto dela, como todos os pelos do corpo dela que se arrepiavam, como ela arqueava o corpo de tempos e tempos e, quando ela finalmente arqueou seu corpo ao máximo, gemeu o mais alto e fechou os olhos com força,  prendendo os lábios com os dentes e os ombros dele com as unhas ele sentiu-se tão satisfeito que poderia jurar que se eles parassem ali seria o suficiente para ele. Ver o orgasmo espalhar-se pelo corpo perfeito dela, a respiração dela não ser o suficiente para mantê-la, a umidade dela descer por seus dedos, ah, era erótico demais para não ser delicioso.


Ele retirou seus dedos de dentro dela e a observou com os olhos fechados, se recuperando do orgasmo aos poucos até voltar a olhar para ele.


Quando ela abriu os olhos e direcionou-os aos dele, ele pôde sentir nas veias que ela tinha planos para eles, planos magníficos. Ele engoliu seco e viu-a se arrumar na mesa, bem sentada e cruzar as pernas.


- Você sabe ser bem altruísta quando quer... – disse ela, balançando a perna que estava por cima. – Mas é claro que isto têm certo quê de autoafirmação, para que você possa me mostrar como nem eu mesma posso me dar prazer como você por melhor que eu seja na coisa. Não que nós dois não já saibamos isso de cor, mas... De qualquer forma. – ela se arrastou para fora da mesa e o segurou pelo colarinho, empurrando-o até que os joelhos dele batessem na cadeira onde outrora estivera sentado. – Vou retribuir todo o seu altruísmo.


Bellatrix arrancou a casaca dele, a gravata e começou a abrir os botões da camisa, nem nenhuma cerimônia. Uma vez com a camisa toda aberta, ela acariciou o peitoral e o abdômen dele para então derrubá-lo na cadeira.


A bruxa arranhou fracamente com as unhas o caminho desde a clavícula ao cinto dele, enquanto abaixava-se até que sua boca tocasse o peito dele, sentado. Voldemort agarrou-se ao cabelo dela e à cadeira, sentindo seu pênis reclamar mais e mais a cada vez que aqueles lábios macios e aquela língua quente tocavam sua pele gelada. A situação dele não melhorou muito quando as mãos dela começaram a brincar com a calça dele na região de sua virilha.


- Bella... – ele chamou o nome dela, fazendo-a levantar os olhos para olhá-lo, mas sem parar. – O que diabos...? – ele puxou fraco o cabelo dela, para que ela parasse.


- Hum... Só estou retribuindo, querido... Porque você não relaxa e...


- Sabe que nós não temos muito...


- Tempo? Vamos falar sério, nós dois sabemos que no estado em que você já está não temos que nos preocupar com tempo.  – ela tocou o pênis dele por cima da roupa, arrancando em gemido abafado do Lorde. – Ainda mais com alguma ajuda... Eu sei bem do compromisso, só relaxa, para de me interromper e nós dois vamos sair bem felizes aqui, ok? – ah, aquele tom mandão dela era muito perigoso.


Ela não esperou resposta para voltar a atacar o peito dele com sua boca. Voldemort não protestou mais, o compromisso quem inventara fora ela, afinal. Se Bellatrix achava que podia manejar aquilo a tempo, ótimo, ele confiaria. Por mais que confiança não fosse uma característica muito forte nele.


E, de fato, ela não estava se demorando demais. Quando ele virou, os lábios dela já haviam chegado ao cinto dele e foi quando o poderoso Lorde das Trevas tremeu em antecipação de imaginar o que estava por vir.


Bellatrix tirou o cinto dele e o jogou ao lado da cadeira, ela brincou com o botão por um segundo, notando como ele apertava a cadeira toda vez que a mão dela se aproximava daquele ponto tão sensível do corpo dele.


Voldemort não deixava o contato visual com ela por nenhum segundo que fosse e viu os olhos dela brilharem quando desceu seu zíper. Aquela mulher planejava alguma coisa muito interessante, aquele olhar dizia absolutamente tudo.


Bellatrix colocou as duas mãos no elástico da cueca dele e umedeceu os lábios, olhando para ele, e sorriu maliciosamente.


- Sabe... – ela puxou um pouco a peça de roupa. – Interessante como nós somos, não é? Não precisamos dizer ao outro o quanto queremos algo, nós apenas sabemos, por mais que eu sempre diga, é claro... – ela puxou mais um pouco, liberando o pênis dele daquela jaula que havia se tornado sua roupa íntima. – Você não precisa me dizer nada... Eu posso ver. – ela tocou o pênis dele e esfregou a mão dele, desde o começo até a glande.


Voldemort revirou os olhos e jogou a cabeça para trás, contendo com todas as suas forças um gemido que vinha em sua garganta.


Ela riu de canto e umedeceu os lábios mais uma vez, voltando a fazer contato visual com ele, que visivelmente engoliu seco por causa da antecipação, aquele joguinho dela estava acabando com ele, por que ela não ia lá e fazia logo o que tinha que fazer e parava de tortura? Oh, sim, porque ele fazia o mesmo.


Bellatrix, no entanto, parecia ser um pouco mais boazinha do que ele e não o torturou muito mais antes de tocá-lo com sua língua, provando-o desde a base até a glande, circundando a última. Ele respirou pesadamente e agarrou o cabelo dela.


A bruxa colocou-o inteiro na boca e passou a suga-lo, masturbando-o na parte em que sua boca não alcançava e nos testículos.


Quanto mais ela se concentrava no que fazia, mais ele perdia a capacidade de segurar os gemidos, e ela percebia isso. Então, ela tirou a mão e enfiou-o inteiro em sua boca, até a base, segurou-se naquela posição por alguns segundos e tirou-o da boca para respirar e então voltar a chupá-lo como estava fazendo antes, colocando-o em sua boca até o fim e tirando quando precisava respirar.


Voldemort preferiu sair daquele contato visual que não estava lhe fazendo nenhum tipo de ajuda, apenas atrapalhando-o. Ele não queria sucumbir não cedo e ver os olhos dela brilhando de prazer em chupá-lo era demais até para ele. Mas então, ela parou. Subitamente, ela simplesmente deixara de chupá-lo e estava ainda ajoelhada limpando os lábios. Ele olhou para ela que, sem se mexer, olhou-o de volta.


- Mas o que...?


- Você parou de me olhar... – respondeu a morena. – Simplesmente decidi parar, por imaginar que o show não estava te interessando, então... Porque perder meu precioso tempo...


O Lorde sabia muito bem que aquilo não era o que ela realmente havia pensado, era apenas mais um joguinho de Bellatrix. Não que isso o incomodasse.


- Bella... Eu parei de olhar porque...


- Por quê? – ela levantou a sobrancelha.


- Porque caso eu não parasse... – ele travou.


- O quê?


- Você sabe.


- Diz. – retrucou a morena, sorrindo. Filha da mãe, ela só queria que ele admitisse. – Se você quer que eu volte, diga.


Voldemort engoliu seco e olhou fimemente para ela, que ria um pouco. Era inacreditável, mas era aquilo ou ficar ali na mão, literalmente. Além do que, ele queria que ela terminasse aquilo. Ela.


- Porque se eu continuasse olhando para você, eu não aguentaria me segurar por muito tempo, na verdade, sucumbiria como um adolescente precoce. Satisfeita?


- Um pouco. Agora... Por que você não me dá um bom motivo para terminar o que eu comecei? Porque... Você mesmo podia terminar agora que eu quebrei o clima...


- Vadia. – ele fez ela rir. – Eu sabia que você estava com planos...


- É tão difícil assim de dizer? – ela levantou a sobrancelha de novo.


- Você sabe, Bellatrix...


- Quero ouvir. – ela se levantou, deixando o rosto próximo do dele e virando seu ouvido na direção dos lábios dele. – Fala. Não é tão complicado assim.


Voldemort suspirou, revirando os olhos. Bellatrix estava cada vez mais insolente. Mas ele no fundo adorava aquela insolência dela. Segurou a cintura dela com as duas mãos e a puxou para mais perto, até que sua boca encostasse-se à orelha dela.


- Porque... Porque eu preciso que seja você, porque eu nunca conseguiria sozinho o efeito que você causa em mim...


- Hum... Só isso? – ele mais uma vez revirou os olhos.


- Também porque você me enlouquece e ter a sua boca em volta de mim é bom demais para ser verdade, porque você é boa demais pra ser verdade. – ele viu que ela sorriu. – E só você me deixa assim. Agora... Por que você não termina o que começou como uma boa garota, huh? – perguntou ele, naquele tom autoritário que ela adorava.


Bellatrix virou o rosto na direção dele e segurou o rosto do lorde com as duas mãos, estava visível a satisfação dela, que umedeceu os lábios e assentiu.


- Com o maior prazer, milorde. – ela beijou-o rapidamente antes de voltar a se ajoelhar entre as pernas dele.


Bellatrix arranhou as coxas dele até que suas mãos tocaram novamente o membro dele, fazendo Voldemort novamente segurar um gemido na garganta. Ah, ela faria ele parar de segurar. A bruxa não demorou muito para voltar a coloca-lo na boca, chupando-o como ele gostava, como só ela fazia.


As mãos dela atiçavam as coxas e os testículos dele enquanto sua boca cuidava do membro do Lorde. Voldemort voltou a pegar os cabelos dela, usando-os para ajustar o ritmo que queria. Ah, como se ele precisasse realmente fazer aquilo, ela sabia bem demais como satisfazê-lo.


O calor e a umidade da boca dela eram enlouquecedores para ele, que já não conseguia conter-se e gemia de tempos em tempos o nome dela, ganhando um olhar satisfeito da parte da bruxa. Ele não tirava os olhos daquela cena.


Bellatrix sabia que ele não estava muito longe de chegar ao clímax, ela podia sentir isso em sua boca, os primeiros sinais do orgasmo dele. Ela aumentou um pouco o ritmo, contando os segundos que faltavam para que ele finalmente sucumbisse.


- Bella... – ele chamou o nome dela mais uma vez, com a respiração fraca e entrecortada, o corpo todo contraído e levemente arqueado, os olhos completamente turvos e pequenas gotas de suor escorrendo pelo abdômen.


A bruxa continuou seu trabalho até que ele não conseguiu mais se segurar e gozou de uma só vez, quando ainda estava na boca dela. O fato de ela ter engolido tudo não passou despercebido por ele, que não conseguiu esconder o contentamento com aquilo. Era erótico além dos limites vê-la engolindo até a última gota do gozo dele.


Bellatrix limpou o canto dos lábios com a língua e levantou-se até encontrar os lábios dele. Voldemort a puxou pela cintura e beijou-a, sentindo o gosto de si mesmo na boca dela. Agarrou-se aos cabelos da morena, beijando-a com toda a luxuria e necessidade que aquele momento pedia.


Ela sentou-se no colo dele, agarrando os ombros do bruxo com força, puxando-o para um contato maior com seu corpo enquanto suas línguas travavam uma batalha pela exploração maior da boca do outro.


Voldemort partiu o beijo com agressividade, puxando os cabelos de Bellatrix para o lado e, com isso, o rosto dela. A morena gemeu de dor, apertando as unhas contra o corpo dele em resposta.


O Lorde das Trevas distribuiu vários chupões e mordidas no pequeno espaço entre o lóbulo da orelha dela e o pescoço, fazendo o mesmo depois no restante do pescoço e do ombro da bruxa. Sua mão livre pôs-se a acariciar um dos seios de Bellatrix, que gemeu em resposta.


Ela mantinha os olhos fechados, aproveitando as carícias dele e retribuindo o máximo que podia, esfregando suas mãos nos braços e ombros dele.


Os beijos dele desceram para a clavícula dela, contornando o colo da bruxa até o outro lado do pescoço, ele sentia sob seus lábios a jugular dela pulsando, os pelos dela se arrepiando, o corpo se contraindo, todas as sensações que seus lábios e suas mãos causavam nela.


Bellatrix agarrou os cabelos dele e o puxou para mais perto de seu corpo, esfregando-se nele, sentindo a umidade entre suas pernas aumentar exponencialmente. Ela não aguentava mais aquela tortura, ela o queria, ela precisava dele.


- Eu quero você... – gemeu ela, quase com sofreguidão.  – Preciso de você, dentro de mim...


Voldemort parou o que estava fazendo e a olhou, rubra de prazer, olhando-o com necessidade, mal respirando direito. Ele nunca negaria a um pedido tão explicito, principalmente quando era feito pela segunda vez na mesma noite. Ele a puxou para mais um beijo e direcionou-se na entrada dela, penetrando-a com a ajuda da própria Bellatrix, que se encaixou no colo dele, puxando um pouco os cabelos da nuca do Lorde enquanto se ajustava ao tamanho dele.


Uma vez completamente dentro dela, Voldemort partiu um pouco o beijo, puxando o lábio inferior da mulher entre seus dentes, ouvindo-a gemer baixinho seu nome. Ele segurou a cintura dela com as duas mãos e começou a guia-la, para cima e para baixo em seu colo.


Bellatrix apoiou-se nos ombros dele para ajudar naquela movimentação, apertando o local mais a cada estocada. Ela fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, os lábios prendendo os lábios e impedindo que os gemidos saíssem de sua boca. Ah, aquela noite estava boa demais para ser verdade.


 


        Bom demais para ser verdade era o fato de que finalmente o horário chegara. McNair podia enfim atacar aquela casa maldita e não podia estar mais feliz, ele deu um sinal e todos se colocaram a postos, seria uma completa diversão.


        Todo o contingente de Comensais que com ele estavam cercou a casa dos Weasley, com o mínimo de barulho possível e esperaram mais um sinal para que finalmente pudessem atacar. E o sinal foi dado, os Comensais da Morte teriam sua festa de Halloween particular.


 


        Aquela era a noite das festas de Halloween particulares, na casa dos Weasley se dava a festa de uma parte dos Comensais, no Ministério da Magia acontecia a festa do Lorde e da Lady das Trevas.


        Ambos estavam tão extasiados pelo o que estavam fazendo que nem mesmo notaram quando o horário dos ataques que eles haviam ordenado havia chegado finalmente. Na situação em que estavam, nem mesmo eles prestariam atenção em tal detalhe.


        Os corpos de ambos já estavam inflamados de prazer e não era incomum que o nome do outro saísse em meio a um gemido da boca do outro, eles chamavam-se, soltavam sons nada inteligíveis e palavras sem nexo algum em meio às ondas de prazer nas quais eles se deliciavam.


        No entanto, aquela posição tinha um problema, o acesso ao corpo do outro era muito limitado devido ao movimento que Bellatrix tinha que fazer, portanto, perdia-se um contato maior entre os corpos e ambos pareciam notar aquilo.


        Então, Voldemort levantou, com ela em seu colo, limpou com o braço a mesa do ministro da Magia e colocou Bellatrix nela, deitando seu corpo sobre o dela, voltando a beijá-la ao recomeçar a se movimentar dentro dela.


        Neste ponto, Bellatrix podia relaxar que todo o trabalho era feito por ele, que era quem controlava o quanto entrava e saía dela. A Lady das Trevas não podia estar mais maravilhada, pois, por mais que adorasse controle, adorava mais que ele controlasse tudo, que ele trabalhasse em lhe satisfazer.


        Tudo o que a Lady fez foi enlaçar suas pernas no quadril dele, ajudando-o a ficar mais perto dela, ir mais fundo dentro dela. As mãos dela arranharam as costas do Lorde, que continuou a possuir seus lábios com a mesma loucura e ardência com a qual lhe possuía.


        As mãos dele delinearam toda a extensão do corpo dela, até chegar em seus seios e massageá-los, dando atenção especial aos mamilos, que enrijeceram apenas com seu toque.


        Eles pararam de se beijar e se olharam nos olhos, vendo as reações que o prazer causava no rosto de cada um, isso quando conseguiam deixar os olhos abertos, nos momentos em que não os fechavam em detrimento do prazer.


        - Você é deliciosa, sabia? – perguntou Voldemort, juntos aos lábios dela, mordendo-os ao terminar de falar.


        - Uhum... – respondeu ela, agarrando os cabelos dele. – E você me deixa louca, sabia? – ela o beijou rapidamente e sentiu-o assentir e aumentar o ritmo das estocadas.


        O casal perfeito, feito um para o outro. Esses eram eles, um encaixe como de um quebra-cabeça, sem defeitos, sem sobras, sem falta. Como se tivessem sido feitos um para o outro. Fisica e psicologicamente.


        A sincronia deles era invejável e ambos pareciam se segurar para não chegar a clímax antes do outro, ambos queriam que o outro chegasse primeiro, ou então que chegassem juntos.


        - Para de se segurar. – sussurrou o Lorde das Trevas, em meio aos beijos que trocava com ela.


        - Porque você não para? – respondeu a mulher, rindo de canto.


        - Porque eu quero que seja você. – ele aumentou ainda mais o ritmo e colocou um de seus dedos no clitóris dela.


        Bellatrix engoliu seco um gemido e cravou os dentes nos próprio lábios, dizendo algum palavrão para ela mesma. O dedo frio dele mexendo-se contra seu clitóris e as estocadas cada vez mais constantes e firmes, fundas, quase agressivas, estavam deixando-a num estado absurdo de loucura. Ela não ia aguentar se segurar por muito tempo mais de qualquer forma.


        - Para de resistir, Bella. Se você soubesse como fica sexy quando está num orgasmo, pararia com isso e me deixaria ter essa visão. – provocou Voldemort, beijando o maxilar dela. – Goza pra mim, Bella...


        Era demais para Bellatrix, ela não conseguia mais evitar que aquele orgasmo viesse. Ela precisava se entregar, não tinha mais forças para fazer o contrário.


        Voldemort sentia pelas contrações dela que não ia demorar muito e ele agradecia, pois ele próprio não conseguia se segurar por muito mais tempo.


        Eles se beijaram novamente e Voldemort aumentou a fricção no clitóris dela e foi com mais força nas estocadas, vendo-a responder com mais gemidos, mais dificuldade pra respirar, até que a sala se encheu com os gemidos cada vez mais altos da mulher e ela finalmente chegou ao orgasmo, olhando-o diretamente nos olhos até o ultimo segundo em que conseguiu deixa-los abertos. A visão do orgasmo dela foi suficiente para que ele tivesse o seu um segundo depois, logo após ela.


        Voldemort apoiou os braços ao lado do corpo dela e jogou o peso de seu corpo neles em vez de jogar nela, que estava jogada na mesa, com os olhos fechados, ainda se recuperando do recém ocorrido orgasmo.


        Os momentos de silencio não foram muito longos, pouco depois eles já estavam se beijando novamente, conversando sobre como eles tinham que se recompor logo para o compromisso tão esperado da noite. Mas nada naquela noite poderia deixa-los mais satisfeitos do que aquela loucura na sala do Ministro. Loucura em modo de dizer, afinal o Lorde e a Lady das Trevas podiam tudo quando e onde eles quisessem. O mundo era deles, o poder era deles.


 


        O poder dos Comensais da Morte era demais para apenas uma velhinha em uma casa. A Sra. Longbottom não era o suficiente para resistir às investidas daquele grupo liderado por Yaxley. Um grupo menor do que o de McNair, é claro, mas ainda sim um pouco grande demais para uma só velhinha.


        No entanto, como Bellatrix havia imaginado e avisado, a Ordem da Fênix tinha membros protegendo a velha. Poucos membros, é verdade, mas eles existiam e ali estavam, prontos para defende-la, quando os Comensais atacaram a casa.


        Eram poucos membros da ordem, mas bem treinados o suficiente para que pudessem ser páreo para os Comensais por um tempo decente. Felizmente, alguém teve a ideia de colocar um feitiço anti-aparatação no terreno, de forma que a velha não pudesse aparatar. Aquela noite seria longa e inesquecível, eles sabiam.


 


        Inesquecível, era o adjetivo que Voldemort e Bellatrix deram para aquela aventura no Ministério. Foi enquanto eles se recompunham e terminavam de recolocar suas roupas e arrumar com Magia o escritório do Ministro, que eles chegaram à essa conclusão.


- Por mais inesquecível que tenha sido, precisamos ir... Assuntos urgentes. – disse ela, beijando-o rapidamente.


- De fato.


- Vai mesmo comigo? Digo, talvez não seja importante o bastante para que o Lorde das Trevas em pessoa... – ela foi calada com um beijo por ele.


- Se é importante o bastante para que a Lady das Trevas apareça,  é também para mim. De qualquer forma, já faz algum tempo desde a última vez em que eu fomos a um ataque interessante, portanto, nada melhor do que fazer uma aparição. Sinto falta das lutas. – respondeu ele. – Agora vamos, temos mais uma festa para aparecer. 


Eles então deixaram o Ministério e foram para a casa dos Weasley. A festa estava apenas começando.


 


A família Weasley estava colocando uma boa luta contra o grupo de Comensais e, como era de se esperar, tinha a secreta proteção da Ordem da Fenix, portanto, a briga estava bastante equilibrada dos dois lados.


Feitiços voavam para todos os lados e, infelizmente, os Comensais da Morte ainda não haviam chegado a entrar na casa. Eles apenas lutavam do lado de fora contra a ordem e os próprios Weasley.


Quando Voldemort e Bellatrix desaparataram ao lado de McNair, eles quase mataram o Comensal da Morte de susto. Ele não os esperava, é claro. A expressão no rosto dele ficou lívida, como se tivesse visto dois fantasmas, e era como se ele tivesse mesmo visto.


O Lorde e da Lady das trevas nunca eram bons convidados numa luta, pois se estivessem perdendo, daria sérios problemas para o líder da luta, no caso, McNair.


- Milorde, Milady. – ele se curvou o máximo que pôde enquanto desviava dos feitiços. – o que fazem aqui?


- Também viemos participar da diversão, McNair, espero que não se importe. – ironizou Voldemort.


- Não é isso, milorde, eu apenas...


- Cale a boca e lute, McNair. – ordenou Bellatrix, sem receber resposta do Comensal que seguiu seu conselho e lutou.


Foi complicado, mesmo com Voldemort e Bellatrix no meio, para os Comensais chegarem à casa em si, mas no fim, eles conseguiram se aproximar o suficiente para que todos que contra eles lutavam entrassem na casa e, consequentemente, que eles o fizessem.


A maioria dos membros da Ordem já estava caída quando os Comensais conseguiram invadir a casa e cercar a família Weasley na sala. Arthur Weasley estremeceu de ódio quando viu Voldemort e Bellatrix adentrarem sua sala triunfantes ao passo em que ele, sua esposa e os filhos gêmeos eram cercados.


- Boa noite, Weasley. – cumprimentou Bellatrix. – É a segunda vez que nos encontramos hoje...


- Infelizmente. – cuspiu Arthur.


- Ah, não vamos fingir que a reciproca não é verdadeira, porque é. Tudo o que eu menos poderia desejar era um encontro com um traidor do sangue nojento como você. Mas é a vida... – ela deu de ombros.


- O que vocês querem, perdedores? – provocou George Weasley, dando um passo à frente dos pais. – Porque para trazerem até o Lorde Louco de vocês, deve ser algo importante.


- Cale a Boca antes de se referir a ele, Weasley! – cuspiu McNair. – E não pense que o Lorde vai te responder, você é muito pouco para sequer merecer uma resposta do Lorde das Trevas.


E realmente, Voldemort não respondeu. Pelo menos não com palavras, mas, subitamente, George Weasley caiu no chão. Todos gritaram, o menino não estava morto, mas também não acordava. O que diabos ele havia feito? Todos deram um passo para trás e Bellatrix riu.


- Imagino que precisem levar o pobre ao St. Mungus. – comentou a Lady das Trevas. – Oh, espere, eu duvido que vocês consigam sair daqui.


As palavras dela foram o suficiente para estourar mais uma batalha, dessa vez dentro da casa. Cada um dos grupos foi para um lado e os feitiços começaram a voar de um lado contra o outro incansavelmente. A coisa sobre pessoas como os Weasley é que eles não têm noção e mesmo que estejam perdendo continuam a lutar.


A casa ficou aos pedaços, vidro e madeira para todos os lados e o mais irritante era que os risos de Bellatrix e dos outros Comensais preenchiam o local, eles estavam se divertindo, aqueles doentes malditos.


E os Weasley não conseguiam resistir por muito tempo, os Comensais estavam em maior numero e qualidade. Merda, aquilo não ia dar certo e logo eles estariam novamente dominados.


De fato, não demorou muito até que os Weasley estivessem dominados, agora com Fred também abatido no chão, e totalmente humilhados.


- Agora... O motivo de minha visita. – zombou Bellatrix. – Este é um aviso para a sua filhotinha. Para que ela aprenda a manter a boquinha dela fechada.


- Mas...O que...? – desesperou-se Arthur. – Você disse que...


- Eu menti! Obviamente. Sua filha está em Hogwarts... Naquela tediosa festa de Halloween de lá, mas eu preciso dizer que o desespero que vocês demonstraram pela ideia de que ela estivesse insegura valeu todo o meu Halloween.


- Vadia! – gritou Arthur, sendo abatido por um feitiço que todos viram vir da direção de onde estava Lord Voldemort.


Bellatrix olhou para ele por cima do ombro e agradeceu com o olhar, voltando-se depois para Molly Weasley.


- Se eu fosse você, Weasley, em uma realidade muito absurda que nunca existiria, é claro, eu teria uma conversa com minha filhinha prepotente e insolente... Dizendo a ela como ela deve respeitar aqueles que estão acima dela e manter suas promessas e a maldita boquinha fechada. É o melhor para ela e para todos vocês. – ela se afastou de Molly. – E não pense em esconder o que aconteceu aqui dela, porque ela vai saber. Vocês querendo ou não. – ela apontou a varinha para Molly, que foi a última da família a cair inconsciente.


Todos se retiraram do local, deixando para trás o completo caos. Coisas destruídas por todos os lados, todos os Weasley presentes na casa inconscientes e uma marca na memoria de todos, como o pior Halloween da história da família Weasley.


 


Após o ataque à família Weasley, Bellatrix e Voldemort foram aos Longbottom, encontrando tudo praticamente destruído quando lá chegaram o que fez com que Voldemort fosse para a Mansão Slytherin, deixando Bellatrix lá com o resto dos Comensais. A Sra. Longbottom estava dominada, inconsciente em um canto, com um corte profundo no braço. Na parede, as inscrições: Traidor do sangue, seja bem vindo. Brilhando em vermelho escarlate.


Todos se esconderam nas sombras da casa quando ouviram um barulho na porta da frente. Todos, menos Bellatrix, é claro. Ela estava sentada numa cadeira ao lado da Sra. Longbottom, ou do corpo praticamente inerte da senhora. O sangue que escorria do braço da mulher manchava todo o chão do cômodo e a enfraquecia a cada segundo mais. Talvez um Avada Kedrava nem fosse necessário.


Naquela semana de Halloween algumas contas já haviam sido acertadas, primeiro Melinda com Diggory, depois Bellatrix com os Weasley. Mas ainda faltava uma, uma importante.


Foi então que a porta se abriu e a luz foi acesa por um garoto com pouco mais de dezessete anos, ele pulou para trás quando viu a mensagem escrita a sangue na parede.


- Vovó? – ele gritou, procurando pela avó, e então a viu caída no chão, sangrando e insconsciente. Ele no momento não notou que tinha companhia, mas não demorou muito para que o garoto sentisse o perfume feminino a seu lado e olhasse para cima.


- Hello, Longbottom. – cumprimentou Bellatrix Lestrange, olhando-o com todo o sadismo que era possível existir no olhar de uma pessoa. – Welcome home.


 


 


N/A: OI SEUS LINDOS!


Tudo bem com vocês? Espero que sim!


Vou começar agradecendo a todos os comentários lindos que eu recebi no outro capítulo, um mais perfeito que o outro, cara. Lindo demais!


Mais uma vez eu me desculpo pela demora, mas dessa vez foi por um bom motivo: O aniversário da Herdeiras do Mal! Eu preferi postar na época do aniversário um capitulo enooooooooooorme e aqui estou eu!


Pra quem não sabe, a HdM fez aniversário terça, dia 28... E fez PASMEM 5 anos! 5 fucking anos! É meia década, meu Brasil! D: Coisa demais dedicada a isso aqui, mas eu juro que não me arrependo porque amo todos vocês e amo essa fic e não sei o que farei da minha vida qdo ela acabar, pronto falei.


Agora vamos ao capitulo. O plano era que ele tivesse 100 paginas, maaaaaaaaaas eu não consegui. Consegui 90, ok? KOAKOSAKO um dia ainda faço um de 100, um dia, mas não tinha mais onde enfiar coisa e meus dedos pediam arrego, portanto... foram 10 a menos do que o planejado. ;__________________; triste.


Mais lindo de tudo desse cap é que a Lynx, oops, Pandora, finalmente está com o papi e a mami dela e eles são uma família feliz tirando a idiota da Astoria que quase estragou tudo. Rs Mas o Draco e a Mel são mais fortes do que ela, por mais que esse seja só o começo dos problemas rs.


Falando em D&M, gente, um pseudo-começo de NC, uma NC, tava empolgada! Assim como a Mel no showzinho dela rs


Depois disso, ne, Halloween V/B que a gente totalmente descomenta. Afinal, não tinha mais onde eles se pegarem, foi o ministério mesmo SKOAKOSAKOAKO


Bom, gente, meus dedos não aguentam mais digitar, portanto... Obg por tudo e divirtam-se.


E além disso, comentem mais que eu adoro.


Beijos


Mel Black [30-06-11]


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (6)

  • Melki Sonserina Felton Lestrange

    Qual o próximo lugar desses dois?São dois loucos...Amooõ mt mt mt sua fic a melhor das melhores...Meu casal preferido Bella e Voldemort ç2...Ninguém tira o seu topo das fics ú.ú

    2011-09-07
  • Bella slyterin felton lestrange

    Melhor fic de toda minha vida...Parabens Mel vc é nota 10...Akeles dois são lokos meu no ministério da magia qual o próximo lugar???...Continua muito boa mesmo...Amooõ fics da Bella com Voldemort

    2011-09-04
  • Amy Black Riddle

    Ok, tudo bem, respirando fundo... OMFG EU QUASE TIVE UM ORGASMO/ATAQUE CARDÍACO AQUI!!! Eu estava aqui na minha casinha, depois de uma temporada completamente desprovida de internet na casa da minha querida vovozinha. Ligo o note e penso " Putz, faz tempo que eu não entro no FeB. Vou lá dar uma olhada". Entro e vejo a sua história atualizada. Começei a bater palmas na frente do note feito uma idiota, mas isso já é de praxe. E quando eu abro a p. e vejo que a capa do capítulo é nada mais nada menos do que a capinha que eu fiz... NOSSAA, meu pai achou que eu tava tendo um treco e que qualquer hora iria cair estrebuchada no chão. É LÓGICO que eu começei a chorar feito um ser tosco, pensando " meu primeiro trabalho de design gráfico publicado WOW!!!! ( esta que vos escreve quer ser designer gráfica, me deseje sorte no fim do ano p eu passar no vestibular! ) Dai, recomposta ( ou quase isso) eu começei a ler o capítulo. Lá se foram os cantinhos da minha unha, todos roídos por causa da SUPER CENA Bella&Voldy no ministério( Um dia desses ele ainda fala que ama ela *.*), por causa da bebê Pandora ( ainda faço uma capa em homenagem a ela) e da SUPER CENA II Draco&Melinda. MELINDA POLE DANCING?? WE APPROVE MY DEAR!!!! huauhuhahuahuahuhua Parabéns pelos cinco anos da fic e pelo super capítulo!!   bjs

    2011-07-15
  • thealiens

    OMG!!! Que capítulo foi esse? O.O G-ZUIS Gente Bellatrix e Voldemort mais SAFADÊNHOS do que nunca. Me arrepiei lendo *-*  Essa fanfic me engana, em varios momentos eu jurava que o tio Voldie ia deixar de ser o Lorde das Trevas e dizer eu te amo pra Bella. OWWNN é tão bonitinho as partes que ele não quer ver a Bellatrix sofrendo <33 seduz total Pobre ministro, nem imagina o que aconteceu na sala dele.. (66'  Ri alto com o Yaxley se encantando com a Bella e depois ela fazendo ele tirar o cavalinho da chuva. Ela como avó também ficou engraçado, não da pra imaginar "Vovó Bella" -Q UAHSUSHAUHASUAS OEE bem feito pro Lúcio eu tava torcendo pra ela quebrar o braço dele ou então tortura-lo. O Snape lembra tanto da Bellatrix quando ta conversando com a Melinda que eu sinto que ela ainda tá seduzido por ela desde aquela vez. O Draco e a Mel não perderam tempo com a Pandora trataram logo de levar ela pro lado certo da batalha. Lembrei da Hilary, pena que ela passou pro outro lado, eu gostava dela até. Weasley's.. Mania da galera chamar a Bella de vadia. oxe Arthur seu vadio U.U PAREY/ Falando nisso ótimo plano. Pô Ginny sua burra quem mandou abrir a boca. Sempre achei ela tão sem sal, fiquei surpresa com a reação dela enfrentando a Bellatrix no outro capítulo. G.G Neville oh menino não morreu o.o Quero só ver o que vai acontecer com ele no próximo capítulo. Curiosidade! Uii o showzinho particular foi de seduzir.. Tio Voldie que o diga. *O* 5 anos de Fanfic. Parábens! Sou leitora nova, mas que lindo nunca tinha visto uma fic com tanto tempo. Meldels não vejo a hora da continuação \õ/ Quero, preciso saber o que a Bella vai fazer. CONTINUA ! UP ! Não vou mentir, tenho grandes esperanças que o Voldemort vai deixar um pouco de lado seu lado Lorde das Trevas e vai dizer um Eu te amo pra Bellatrix, pelo menos nessa fic. <3333 Okay! Estou sonhando. Mais seria bonitinho, ela merece isso.

    2011-07-11
  • Kamilla Bacchi

    Pobre Yaxley pensei que a Bella fosse mata-lo, como eles deixaram o Neville sobreviver??? Como Voldemort disse Malditos Moleques, a vida parece mesmo gostar muito dele o do Potter, mas ele vai sofrer muito com a surpresinha de Halloween preparada pra ele. Pandora Lynx espero que ela siga os passos da Mel em vez dos da Hilary, adorei o castigo do Cedric ele mereceu, a Ninfadora é outra que eu quero ver morrer muito dolorosamente. Astoria estou começando a odiar ela mais do que a Pansy, coitada pensou mesmo que fosse separar o Draco e a Melinda, vou esperar um castigo melhor pra ela só a crucio é muito pouco, a brincadeira com os Weaslay também ficou ótima, quero ver a cara da Gina a hora que ela receber a noticia, nunca gostei dela mesmo. O show particular da Bella no ministério foi de tirar o folego pensei que o Lord fosse morrer do coração.

    2011-07-03
  • Laris Black

    Pra começo de conversa, voce tinha que colocar um aviso na sua ficts, pessoas com problemas de coração ou que não podem sofrer emoçoes fortes NÃO LEIA , eu quase morri ,do começo ao fim... demorei 1 dia e meio para ler, pq toda hora que eu começava eu tinha que fazer alguma coisa que me parava , mais foi OTIMO , do fundo do meu coraçao eu odeio a Astoria, que bitch, bitch, tipo eu nunca amei a Mel nessa ficts igual eu amei nesse capitulo , e Crucius foi POUCO para aquela coisa insolente, indesejavel , eu quero MOOOORTE, abusada essa menina viu. Mudado de assunto , ADOREI a conversa da Mel com o Sev , aff , ele não pode TRAIR o Lord, ele tem que ir para o Lado Negro da força , ah qual é... em falar em negro , AFF, nunca gostei do Neville... mas agora ele ta se tornando um alvo de odio constante, como ele foi CAPAZ de sobreviver? Como ele teva a audasia , a capacidade.... é um retardo mesmo viu , agora vai ser pior pra ele , pq vai doer, e vai doer muiiiiiiiito , pq eu conheçe a bellinha perfeita, e ela GOSTA de brincar com a comida ainda mais quando ela ja brincou um pouco né, tipo esse foi capitulo foi perfeito, e realmente o Lucios ta ficando abusadinho viu, --', ninguem mereçe nao sei como a Bella ainda tem pasciencia, fla serio viu , aff , que coisa irritante ta achando que vai se aproveitar da situação mais não vai NÃAAAO , meu filho... voce tá e lascado nessa ficts, vai se ferrar e a Bella tem que envenenar todos contra ele mesmo , pqe ele nao presta , nao fale nem o chão de terra.  AGORA , a Pandora *-* meldeus , essa menina vai ser MUITO foda, serio ela vai ser tipo assim Nuuus, vai ser pior que a Mel, agora só falta ela puxar a mae verdadeira ai fudeu, serio , serio . OMG, a Bella de vó kkkkkkkkkk,  tipo muito engraçado , é ate judiaçao ela ser vo , pq nao tem logica e eu ja disse que a Bella é perfeita. E O QUE FOI AQUILO ,agora só Hogwarts salva , serio , mais o Volde nao ia la, OU IA NÉ, ee tinha que ser na sala do SEV,  hahahahahahaha, do diretor, ai ai ai que emoçao , foi muito tensa aquela parte, serio , tipo eu pirei o cabeçao, kkk e o que aconteceu com o Yaxley me lembrou a vez que a Bella seduziu o Sev, OMG, o Lord quase teve um treco, cabeças vão rolar se ele começar a ficar assim , e ele xingando ela , muiiito engraçado aquela parte, " Eu ouvi isso" SÓ a Bella pode falar assim , *-* AF, é eu odeio a Ginny ela devia morrer, pq ela é a ovelha negra da familia , nem o Rony é assim ,  e olha que ele é o MELHOR AMIGO do Potter --'. aff, eu acho que não esqueci nada, a não ser o ataque na casa dos Diggory , tipo as meninas foram OTIMAS, serio , kkkkk bjs,  continua assim.

    2011-07-03
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.