Old School Party




Ele já havia provado do fruto proibido, não conseguiria largar. Ele sabia disso tão bem quanto ela, mas, pelo menos naquele estado entorpecido, por mais que tentasse, ele não dava à mínima. E era exatamente
 isso que o assustava e, ao mesmo tempo, a deleitava.


Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa


Capítulo 16 – Old School Party


 


            A festa continuava viva, ninguém havia sequer notado a ausência de Gabrielle e Snape. Contudo, a presença do casal das trevas já fora questionada por vários. Tal preocupação já se tornaria desnecessária, ambos já podiam ser vistos pela porta de vidro que ligava o salão ao jardim.


            Voldemort abriu a porta e Bellatrix passou primeiro do que ele. Amos estavam impecáveis, ninguém poderia desconfiar de nada apenas de olhá-los, mas todos sabiam o motivo daquele sumiço – o que deixava Narcissa enojada. Já havia pedido à Bellatrix que ela se controlasse dentro de sua casa.


            - Bellatrix! – Narcissa não se intimidou por ela estar do lado de Voldemort. – O que eu te falei na ultima festa que ocorreu aqui?


            - Para respeitar sua imaculada casa. – disse a irmã, sarcástica. – Mas, tecnicamente, querida Cissy, eu não estava dentro da sua casa. E, c’mon, acha mesmo que as pessoas que se hospedam aqui não fazem nada? Ficam dormindo como anjos? Nem o seu próprio filho. Ou realmente acredita que a Melinda nunca passa para o quarto dele durante a noite? Sejamos honestas, Narcissa. – a loira olhou para o jovem casal que dançava, perguntando-se quantas vezes eles já haviam dormido juntos bem debaixo de seu nariz.  


            Um barulho interrompeu as duas, passos. Muitos passos. Várias pessoas, vindo da porta oposta do salão – a que ligava ao resto da casa e ao hall. Voldemort já olhava fixamente para o local, um sorriso de vitória em seu rosto, Narcissa e Bellatrix levaram o olhar para lá.


            As irmãs empalideceram, parecia que iam desmaiar. Mas a palidez ainda mais acentuada de Narcissa desapareceu em dois segundos, a loira esqueceu o que estava fazendo.


            - Lucius! Por Merlin! – ela correu pelo salão e abraçou o marido, esquecendo-se de tudo o que acontecera entre ela, o marido, e Bellatrix durante a prisão dele.


            As memórias, contudo, voltaram no momento em que ela abraçou-o e a felicidade esvaiu-se. Ela o amava, sim, mas ele não merecia de forma alguma. Afastou-se dele.


            - Meu amor! – fingido. Lucius segurou o rosto dela e a beijou. Narcissa queria se matar por estar gostando daquilo. Devia odiá-lo com todas as suas forças.


            Voldemort deu o braço para Bellatrix e andou com ela até onde Lucius e todos os outros Comensais antes presos em Azkaban. Ele podia ver a hesitação nela, mas ninguém mais podia. Ela era uma rocha.


            - Milorde. – os comensais se curvaram.


            - Boa Noite. – disse ele, acenando com a cabeça. – Devo dar as boas vindas a todos novamente e espero que resgatá-los uma terceira vez não seja necessário.


            - Não, milorde. Não será. – respondeu Rodolphus Lestrange, sendo reforçado pelos colegas. – Tal tipo de erro não será mais cometido.


            - Espero. Mas agora não é tempo para isso. É uma noite de festa! Muita coisa aconteceu desde que foram presos e sei que terão oportunidades suficientes para se informarem...


            - Por exemplo, Rodolphus, agora nós temos uma Lady das Trevas. – interferiu a nova escrava favorita da Lady. Parkinson, pra variar. – A sua esposa... Ou ex-esposa. Estou confusa.


            - Cale a boca, Parkinson. – ordenou Bellatrix, sem irritação, com um tom baixo, cheio de classe.


            - Sim, milady. – Parkinson olhou para o chão, era tão terrível ter que obedecê-la.


            - Eles sempre tiveram uma Dark Lady, não entendo porque encara isso como novidade, Parkinson.O casamento de Rodolphus com Bellatrix acabou de fato antes do nascimento de Melinda. – Voldemort não mudou um detalhe sequer em sua expressão para dizer aquilo, a coisa mais normal do mundo para ele. – Não entendo porque ambos continuavam usando as alianças.


            - Eu continuo, não é, milorde? Aliás, belo anel, Bellatrix. – disse Rodolphus. – Finalmente libertou-se do último símbolo do nosso casamento, vai abdicar do nome também? – ao contrário do esperado, Rodolphus não parecia irritado e sim... Um amigo antigo que gostava de irritar.


            Ele já havia cansado de lutar. Bella era uma batalha perdida e ele morreria tentando. Literalmente.


            - Não. Já acostumaram, sabe? Madame Lestrange virou quase uma marca registrada. – respondeu a mulher, no mesmo nível. – A não ser que houvesse algum sobrenome mais interessante para colocar no lugar.


            Rodolphus riu, ela não mudava de jeito nenhum. E não achava que queria que mudasse.


            - E esse anel? Comprou com o meu dinheiro que estava sob seu controle? Não fui eu quem te deu, você não tinha antes de casar comigo e... Bem... A não ser que tenha sido o Lucius, é claro. – Lucius negou com a cabeça.


            Bellatrix desejava responder, mas Voldemort foi mais rápido, não ficaria de audiência da conversa. Ele já podia imaginar as caras de Rodolphus e Lucius com a resposta. O loiro ainda mais.


            - Eu dei a ela. – disse, deixando a morena ainda com a boca aberta. – Somos praticamente casados, por que não ter uma aliança? E outra, sempre é oportunidade para se dar uma bela jóia a uma mulher, o tipo de presente que elas nunca vão recusar.


            - Como se ela fosse recusar algo vindo do senhor, milorde. – Lucius revirou os olhos, em tom de brincadeira. Voldemort não ligou, mas Bellatrix já começava a ficar enjoada com tudo aquilo. – Aliás, devo concordar, é um belíssimo anel.


            - Meu caro Lucius, meu bom gosto não se estende apenas a mulheres. Quesito em que estou certo de que somos compatíveis. – Lucius assustou-se com a alfinetada tão repentina. Havia acabado de voltar e já ficava sendo lembrado do que acontecera entre ele a cunhada. Narcissa foi ainda mais afetada por aquela alfinetada. Toda a descoberta daquele absurdo passando como um filme na cabeça dela, mas... O filme que passava na cabeça da irmã por aquela lembrança era mil vezes mais sórdido. – Eu tenho um pouco mais de sorte do que você, é claro.


            - Não sei do que está falando, milorde.


            - Sim, Lucius, você sabe.


            - Hum... É claro que considero minha cunhada uma belíssima mulher. Estonteante. – Lucius encarou Bellatrix, que o mediu de cima a baixo. Era um ótimo ator... Qualquer um poderia acreditar naquela pose de bom cunhado. – Eu já estava até sentindo falta dela. – ele andou até ela e beijou-lhe a mão. Bellatrix pedia a Merlin, a Slytherin e a quem fosse para que ele se afastasse – do contrário, ela não se responsabilizava por seus atos. Abraçou-a, como dois irmãos há muito separados. Alguns comensais até riram da atitude brincalhona dele. Ela, contudo, permanecia estática. – Sei que sentiu minha falta também. Tenho certeza, milady.


            - Nem que eu estivesse morta. – ela sussurrou de volta, cravando as unhas doloridamente nos ombros dela.


            - Se acha tão forte por ser a puta dela, não é?


            - E você acha que eu te temo. Mas... Guess what? I don’t. Você me assusta tanto quanto sua esposa adorada.


            Lucius soltou-a tão subitamente quanto a abraçara. Ele tentava esconder, mas a falta de medo dela o atingira. E não era pra menos: ela era de Voldemort, ele não podia tocá-la ou atingi-la sem auto atingir-se por tabela.


            - Well. Não poderá matar a saudade agora, Lucius porque a Lady das Trevas e eu vamos dançar. Isso é uma festa, no fim das contas. Sorte de vocês que Dumbledore e Hilary estão mortos, ou então não teriam festa por um bom tempo. Não pensem que esta foi pra vocês, não mereciam. Mas agora... Com licença. – Voldemort puxou Bellatrix, que parecia ainda petrificada de ódio, pela mão até uma parte mais afastada do local usado para dançar. Bem longe dos outros casais.


            - Thanks. Por me tirar de lá. – disse ela, quando ele abraçou-a pela cintura, dançando ao ritmo de uma valsa bem lenta. Bellatrix apoiou o queixo no ombro dele, com os olhos fechados, captando pelas sensações de seu corpo os movimentos dele.


            - Como tem tanta certeza de que eu fiz de propósito? – perguntou sussurrando no ouvido dela. Bellatrix, no entanto, não moveu um músculo. Estava acostumada com aqueles joguinhos e perfeitamente confortável apoiada nele.


            - Fácil, porque você não faz nada por acaso. Muito menos dançar.


            - O que quer dizer com “muito menos dançar”, Bella? Está subestimando minhas habilidades de dançarino?


            - Não. Só estou dizendo que não parece gostar de dançar.


            Voldemort a afastou um pouco de si e pareceu estar desafiado. A expressão dele era da mais pura incredulidade misturada com um pouco de diversão – o sorriso de canto entregava isso.  


            Bellatrix foi puxada pela mão, perguntando a si mesma qual era o plano dele praquele momento. Ele sempre tinha um plano, não seria diferente dessa vez. Eles foram para o meio do salão, onde a maioria dos casais dançantes se encontrava. 


            Como era de se esperar, todos pararam de dançar quando o Lorde e a Lady das Trevas pararam no meio deles. Curiosos todos se afastaram, dando espaço para o casal, antes tímido no canto da pista de dança, dominar mais aquela parte da festa.


            - Creio que você saiba dançar de tudo...


            - Bem, quase tudo, milorde...


            - Ótimo. – Voldemort apontou a varinha para os instrumentos enfeitiçados por ele mesmo para tocar a valsa e, então, o ritmo mudou.


            A melodia antes leve da valsa comportado, tornou-se mais pesado e sensual. Voldemort estendeu a mão para Bellatrix, que a segurou parecendo divertir-se.


            Com um puxão firme na cintura dela, o Lorde a trouxe para si, deixando a mulher a poucos centímetros de si, o suficiente para que a dança que ele planejava fosse possível.


            Algumas passadas dele para frente, Bellatrix cruzando as pernas atrás de si, andando de costas. Outras no sentido contrário e a dança ia se formando.  Eles pararam de andar e Bellatrix cruzou as pernas diversas vezes à frente de si ainda parada no lugar e depois foi girada em seu eixo por ele, sendo trazida com as costas de encontro ao corpo do Lorde no final do giro de uma volta e meia.


            O Lorde estendeu o braço da mulher ao lado do corpo dos dois e beijou próximo ao ombro dela, que contornou o pescoço dele com o braço, mantendo o contato visual o tempo todo. Ele segurou a cintura dela com as duas mãos e a empurrou para baixo um pouco. Bellatrix captou o que ele queria e esticou uma das pernas pelo meio das dele e desceu devagar, dobrando a da frente e esticando a de trás ainda mais, enquanto sua mão escorregava desde o pescoço dele até o abdômen. As mãos dele, antes na cintura, subiram pela lateral do corpo dela, subindo pelos braços até chegar às mãos da bruxa.


            Voldemort puxou-a de uma vez para cima e Bellatrix girou o corpo, agarrando o pescoço dele e encaixando uma perna na cintura do Lorde. Ela estava entrando totalmente na dança e ele gostava muito disso. Acariciou a perna dela que agora ficara quase completamente exposta na fenda do vestido e deitou o tronco de Bellatrix para trás o máximo que pôde e girou um pouco no lugar, levando-a junto. Ao parar de girar, puxou Bellatrix de encontro a seu corpo mais uma vez e a mulher tirou a perna da cintura dele no tempo suficiente para ele segurá-la pela mão e girá-la quatro vezes, para depois soltá-la. Bellatrix continuou girando um pouco sozinha pelo salão até que foi parada pela ultima coisa, ou pessoa, que podia esperar.


            Rodolphus já havia segurado sua mão e puxado sua cintura quando ela pôde notar. O que aquilo era agora? Um tango de trio. É, exatamente aquilo. Rodolphus começou com as passadas e tudo que ela podia fazer era acompanhá-lo, a perspectiva chegava a ser divertida. Ele sorria com divertimento, diferente do que ela esperava ver: raiva. Assim como na questão do anel, ele parecia um velho amigo, apenas isso. Um tango com o marido e o amante, ou com o ex e o atual marido. Confuso.


            Rodolphus parou e deitou Bellatrix para o lado. Ela acompanhou o movimento e esticou a perna até encostar-se ao ombro dele. Flexibilidade total, mais até do que ela esperaria. Foi puxada para cima e girada até ficar de costas para o corpo de Rodolphus- como ficara para Voldemort minutos antes.  O ex-marido andou com ela para o lado, segurando em sua cintura e em sua mão esticada, e ajoelhou junto com ela. A perna da frente de ambos flexionada e a de trás esticada. Voltaram juntos e giraram ao mesmo tempo.


            - Você é completamente louco. – foi tudo o que ela disse.


            - Não sou seu marido mais, mais ainda sou seu amigo. Mas talvez alguém não tenha gostado muito da brincadeira, não que ele vá admitir. – Rodolphus terminou de falar e ela sentiu a sua mão livre ser puxada. Voldemort, é claro.


            Rodolphus soltou-a sem hesitação e ela viu seu corpo juntar-se ao de Voldemort, ele havia puxado com força, será que Rodolphus estava certo?


            - Hora de retomar o que é meu, não acha? – o Lorde perguntou, entre uma passada e outra.


            Bellatrix assentiu e, ao ser abaixada um pouco pelo Lorde, esticou umas das pernas e desenhou uma meia lua no chão atrás de si com a ponta da sandália. Ao levantar, girou com Voldemort, ambos cruzando as pernas à frente de seus corpos. Quando parou, ao lado do corpo dele, girou sozinha e se jogou de lado, apoiada em um único pé e foi segurada por ele, que ainda inclinou mais o corpo dela. Se ele a soltasse, ela cairia, não que ele fosse fazer isso.


            Uma vez em pé novamente, Bellatrix ficou de costas para o Lorde e enganchou a perna no quadril nele por trás. Voldemort segurou a cintura e a perna dela e girou no sentido anti-horário. Ela segurava no pescoço dele, de olhos fechados, transmitindo a sensualidade e intensidade do tango na expressão – como devia ser.


            Bellatrix saiu por trás de Voldemort, mas ele segurou a mão dela e virou para onde ela estava. Não estava nada afim de deixar Rodolphus entrar no meio mais uma vez.  Bellatrix foi puxada para próxima dele. Voldemort puxou a perna dela para seu quadril e dobrou um pouco para o lado a perna dele mesmo de forma que a sandália dela encaixava-se na dobra de seu joelho.


            - Sobe.


            - Quê?


            - Vai. – ele impulsionou Bellatrix para cima e ela ficou de pé com uma perna só na perna dobrada dele. Ela só se segurava no ombro de mão dele.


            O Lorde ainda queria piorar e fez ela dobrar a cintura para trás, descendo o corpo dela gradativamente em direção ao chão. Ela flexionou a perna que estava apoiada nele e esticou a outra para equilibrar-se e também dar beleza ao movimento. Ele a inclinou até que a cabeça dela encostasse no chão.  O Lorde puxou a bruxa para cima novamente, mas não deixou que ela colocasse os pés no chão, girou com ela na lateral de seu corpo, segurando-a apenas pela cintura.


nt-size: small;">            Bellatrix confiava nele o bastante para sentir-se completamente à vontade com aquilo e quando foi colocada no chão, jogou-se para trás, terminando a dança num cambrê.


            Ainda nos braços de Voldemort, Bellatrix beijou-o - surpreendendo até mesmo o Lorde. O beijo foi rápido, mas intenso provavelmente provocado pelo clima do tango.  


            Voldemort e Bellatrix voltaram à posição ereta e receberam aplausos de todos os Comensais. O Lorde e a Lady agradeceram com acenos de cabeça e se retiraram da pista de dança, que foi ocupada por casais valsando comportadamente.


            - Não sabia que dançavam tango... – disse alguém atrás de Bellatrix cuja voz era inconfundível. 


            - Nem eu que eu não era a única nesse casal que dançava. – respondeu Bellatrix, virando-se para a filha.


            - E desde quando tem alguma coisa que eu não sei fazer? – perguntou Voldemort. – Dou dez galeões para alguma de vocês duas que descobrir.


            Melinda riu, assim como Bellatrix, e as duas aceitaram a aposta com um “Ok” simultâneo. Elas sabiam que dificilmente encontrariam porque ele ia ler as mentes delas e aprender a fazer seja o que for que elas descobrissem. Jogar limpo não era do feitio de nenhum ali.


            A Princesa das Trevas foi tirada imediatamente dali por Draco, que estava mais interessado em dançar do que esperar ela acabar a conversa familiar. Voldemort e Bellatrix ficaram finalmente sozinhos. O Lorde sentou-se em um dos sofás dispostos em locais afastados do meio do salão. Ela, contudo permaneceu em pé ao lado do sofá.


            - O que mais me falta descobrir sobre você? - perguntou Bellatrix, sentando no braço do sofá.


            Voldemort olhou para ela de canto, ainda sem responder a pergunta. Ela o fitava incessantemente, esperando a resposta. Quando ela suspirou, desistindo da resposta e olhou para o outro lado, ele a puxou pela cintura, o que a fez cair sentada em seu colo.


            - Muito, minha cara.  Assim como eu creio que ainda tenha a descobrir sobre você...


             Bellatrix negou, acariciando os cabelos da nuca dele calmamente.


            - Eu sou um livro completamente aberto. – foi a vez dele de negar fazendo círculos com os dedos na perna dela. Ele sabia que apesar de ela ter a mente aberta para ele, ele não se aproveitava disso completamente.


            - Ser não quer dizer que eu leia o livro todo, Bella. –respondeu ele, fazendo-a finalmente entender o motivo da negação. Talvez fosse por isso que ele nunca soubera sobre Melinda antes de ela mesma contar. – Leio apenas as partes que de fato me interessam.


            - Então parece que ambos temos uma aura de mistério nos envolvendo...  – disse ela, mordendo o lábio. Ele assentiu. – Uma bem sexy...


            - Totalmente. – Voldemort beijou Bellatrix, sem saber que ao longe ambos eram observados enquanto divertiam-se confortavelmente sentados no sofá.


            Doses e mais doses de uísque de fogo, que já haviam irritado Narcissa, estavam correndo pelo organismo de Lucius. Parecia que nem o tempo na prisão, nem o fato de que todos os que não deviam conheciam sua história trágica com Bellatrix, haviam diminuído a obsessão dele pela cunhada.


            - Você quer que o Draco fique órfão? Porque eu não quero, Lucius. Portanto, seja o que for que esteja passando pela sua cabeça, desista. – disse uma versão absolutamente fria de Narcissa Malfoy, como se não se importasse que o marido queria sua irmã. Mas ela se importava, só era uma boa atriz.


            - Nada está passando pela minha cabeça, Cissy.


            - Vou fingir que acredito. Lembre-se, agora ela é a Lady das Trevas assumida! Antes era só a amante dele. A cada dia que passa a relação deles fica mais séria e você corre mais riscos. O Lorde das Trevas não vai hesitar em acabar com você, muito menos depois do Ministério. Ele quase acabou com a Bella, que é mulher dele, não fará muito diferente se você além de ter falhado, tentar algo com ela. Ela não te quer, supere! – Lucius jogou o copo de cristal no chão.


            - Você está morrendo de ciúme, não é? - Perguntou o loiro, deixando a esposa espumando de ódio.


            - Acha mesmo que eu ia querer o tipo de obsessão que você tem por ela? – Narcissa riu, desacreditada em tamanha estupidez. – Nem Bellatrix que é uma das pessoas mais egocêntricas que eu conheço gosta, imagine eu. Você não a ama, Lucius. Você está obcecado. Doente. O que você acha que é amor, é uma doença.  Eu dispenso, querido. E a Bellatrix também. – Narcissa, sem querer mais discutir, saiu de perto de Lucius, indo conferir o que Draco poderia estar fazendo.


            Apesar de procurar pelo filho, Narcissa não o achou. Draco estava novamente no segundo andar, mas desta vez não com Melinda, mas procurando a namorada, que havia sumido após ir pegar um drink.


            A morena pegara o drink, mas seus olhos avistaram a escada e ela não resistira a fazer algo que desejava desde que havia pisado na Mansão Malfoy naquela noite. Agora ela estava parada à uma porta, começando a entrar.


            O quarto de Hilary. Ou o quarto que costumava ser dela antes dela fugir e morar com Cedric. Tudo ainda estava do jeito que fora deixado pela loira mais de um ano antes. Passou a mão pela cômoda perfeitamente limpa – Narcissa não deixara os elfos descuidarem de nada. – e viu o espelho de mão favorito da meio-irmã. A escova do conjunto não estava ali, Hilary havia levado à Hogwarts e depois direto para a casa de Cedric. Lembrava que ela reclamara de ter esquecido o espelho, mas tinha receio de pedir para Narcissa enviar e ele acabar quebrado.


            Melinda riu do cuidado da meio irmã com as coisas dela. Típico da Hilary que ela conhecera, aquela vaidosa, até um pouco narcisista, cuidadosa e extremamente preconceituosa. Sim, com trouxas, sangues ruins e afins. Mesmo tendo sido criada por Narcissa, Hilary tinha cultivado em si o ódio pelos trouxas – Lucius e Bellatrix haviam cuidado muito bem disso quando pensavam que ela era filha do Lorde das Trevas. Ela não tinha coragem de matar, muito provável, mas não deixava de detestá-los. Em Beauxbatons, ela não se deixava nem mesmo tocar por sangues-ruins.  Melinda não era diferente nesse quesito. Mestiços elas relevavam, afinal, sangue bruxo ao menos corria nas veias deles. Por isso Melinda era amiga de Nicky sem problema algum. Mestiços não têm culpa que um bruxo foi idiota o bastante para se envolver com um trouxa, principalmente aqueles que não defendem trouxas idiotas – exemplo de Nicky e Snape.    


            O que Melinda lamentava era como ela havia se tornado uma traidora nojenta, que se envolvia com sangues ruins como Granger e traidores Weasley. Ah, se eles soubessem como ela falava mal deles antes de decidir unir-se a eles. O quão falsa era ela... Era capaz de provocar suicídio em Cedric Diggory.  Não que Melinda o quisesse vivo, mas... Ele era parte do motivo daquela confusão toda. Assim como Nicky era estranha por conta de seu antigo affair com Harry Potter, a infantilidade de Hilary fora alimentada por Diggory. E ela fora obrigada a acabar com uma bruxa puro sangue, de quem ela fora amiga e aliada por anos. Ser da Ordem da Fênix era parte do pacote “casar com Cedric Diggory’, afinal. A inveja dela por Melinda fora potencializada por Diggory, que nem de longe queria uma namorada Comensal.


            Mal sabia Diggory que o único sentimento que fora capaz de induzir à Hilary fora o de inveja por ela. A única coisa que a fizera rebelar-se. Talvez ele acreditasse que havia criado um pouco de amor por trouxas dentro dela. Coitado. Nunca. Melinda pôde ver na mente dela, ela se sentia enojada perto de Granger e dos Weasley. Queria sair correndo, mas a raiva que ela tinha da irmã não deixava, porque ela não podia dividir a atenção com Melinda. A típica irmã mais velha que enlouquece ao ganhar uma caçula. Ela não era filha, mas era enteada de Voldemort, como poderia ser esquecida pro todos? Bom, Diggory a fizera acreditar que sim. Melinda vira tudo como um filme na cabeça dele quando o seduzira. Hilary era infantil, ele esperto. Tudo o que ela reclamava, ele dobrava. E assim fora. E não havia quem pudesse tirar tais pensamentos da cabeça de Hilary. Ciúme fraternal. Algo destrutivo desde o começo dos tempos e que Diggory soubera sustentar muito bem. Mas o tiro saíra pela culatra. Ruim pra ele e pra ela.


Melinda não ia negar que matar Hilary fora mais complicado do que as outras mortes em seu currículo, mas se houvesse alguma forma de reverter a infantilidade, o ciúme doentio que ela tinha... Certamente o teria feito. Mas não tinha jeito. Hilary não suportava ter que dividir atenção e, graças a Diggory, levara isso a extremos de infantilidade. O extremismo de Hilary fora levado a Melinda que tivera que matá-la. O galho podre da família deve ser cortado. Ela acreditava nisso, Hilary acreditava nisso. Por isso a loira não se surpreendera com a caçada. Sabia que uma hora ou outra teria de enfrentar Melinda. Ela sabia que havia assinado sua sentença de morte ao trair da irmã, mas o que confortava Melinda era como ela jogaria na cara de Diggory que a amada dele nunca compartilhara seu sentimento de amor pelos trouxas – como ele pensara ter conseguido fazer.


Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto da Princesa das Trevas. Ela provocava ciúme em Hilary, e sentia raiva pela irmã ter usurpado quinze anos de sua vida. As duas estavam destinadas a se matar. Se tivesse oportunidade, Hilary a teria matado. Negar isso era o tipo de coisa que apenas Cedric e a Ordem poderiam pensar. Ela ainda tinha a maldade correndo nas veias. Apenas tinha infantilidade demais e ignorava isso. E Melinda era melhor treinada, também. Por isso a oportunidade nunca veio.


A lágrima era conseqüência de tantos anos de amizade que Hilary jogara no lixo por infantilidade. Voldemort estava certo: os sentimentos podem ser muito destrutivos. No caso de Hilary, ciúme, ódio e amor. Um amor tão cego que não a deixava ver o que Cedric estava fazendo: tentando convertê-la da única forma possível. Usando o ciúme e fazendo-a odiar a própria irmã. Sentimentos que a levaram direto para a cova. De certo a morte mais difícil da vida de Melinda. A que marcava uma nova fase: após matar Hilary, nada podia ser difícil. Nada. Todos que ela amava atualmente estavam a seu lado. Nada mais poderia atingi-la. A única missão que poderia destroçá-la já estava cumprida.


A mão da Princesa percorreu uma foto das duas que estava rasgada no meio. Juntou. Eram as duas em Beauxbatons. Hilary com uns 15 e Melinda uns 13. O último ano de ambas na França. No tempo em que Hilary ainda era madura e autêntica. Uma pena que tenha tido que morrer infantil e manipulada. A Hilary da foto morrera um ano e meio antes. Naquela reunião. Mas quem sabe tenha começado a morrer quando mostrara a Diggory seu lado frágil, que ele não hesitou em aproveitar.  


Draco finalmente encontrara Melinda – no último lugar que ele esperava. O quarto de Hilary. Ela não era tão mórbida assim, algo estava acontecendo.


- Arrependida? – perguntou, ainda da porta.


- De matá-la? Não. De não ter percebido o que estava acontecendo? Sim. Devia ter lido a mente dela, percebido o que Diggory estava fazendo antes que a mente dela estivesse tomada. – respondeu, ainda olhando para a foto.


- “O que Diggory estava fazendo”... O que quer dizer com isso?  


- Os pais do Diggory nunca aceitariam que ele se casasse com uma Lestrange. A não ser que ela fosse uma traidora, entrasse na Ordem. Ele percebia que ela me adorava e que eu estava longe de me juntar à Ordem. Ciúme, mesmo entre amigas, quanto mais em irmãs, é normal, Draco. Mas passa, Cedric garantiu que não passasse. Ele percebeu que havia algo em mim que a incomodava e alimentou o que acreditava ser um ciúme entre amigas. Até que ela começou a ver em mim aquela que desejava destruir a vida dela, e eu não queria. Não até o dia em que ela me traiu, é claro. Ela usou a confiança que eu tinha nela contra mim e eu não podia perdoar. Mas antes disso, eu a amava. Merlin, como eu gostava de ser irmã dela. E ela também adorava. Surtou ao saber que éramos irmãs, mas quando o ciúme começou... Ela falou pro Diggory que se incomodava com minha amizade com Bellatrix, já que não podia dizer que éramos irmãs, e ele alimentou. Cada pequeno detalhe sobre mim que ela contava, ele denegria. E ela aceitava como real. Até que...


- Ela passou a acreditar que eram pensamentos dela. Coisas que ela via claramente, em vez de interpretar errado. Ele praticamente controlava os pensamentos dela. Por isso quando citavam seu nome perto dela... Ela começava a fechar a cara. – Draco parecia chocado. – Ele fez tão bem feito que não adiantava ninguém falar, minha mãe tentou falar com ela.


- Eu sei. Não preciso que as pessoas me contem as coisas para que saiba. – Draco riu. Esquecera-se momentaneamente de que ela não hesitava em usar Legilimência, por isso sabia de quase tudo.


- Então sabe do que Diggory fez porque leu a mente dele.


- Sim. Quando vi isso, pensei haver uma forma de reverter o ódio dela, mas... Não havia. Vi isso pela forma como ela me olhou ao me ver com ele. Eu a machuquei, como o planejado, mas acabei reforçando o que Cedric dizia pra ela. Na verdade, eu queria destruir ela agora, mas na cabeça dela este sempre fora meu objetivo. Mesmo antes de ela me trair, porque ele mesmo a fazia pensar assim.


- E ela estava apaixonada demais para perceber algo.


- Esta sempre fora a fraqueza dela. – Melinda parou de olhar a foto e voltou a olhar o namorado. – Amava com intensidade demais, por isso o ódio por mim se tornou tão forte. Ela me amava demais, o ódio foi proporcional.        


- A famosa linha tênue. – disse ele, concordando. – O ódio sempre terá a intensidade do antigo amor.


- Ódio causado pelo Diggory. Ele foi esperto e sortudo. A fez me odiar. E me fez odiar ela. Sabia que eu não suportaria a traição, mas nunca ia imaginar que da forma que ela fez, a raiva da usurpação ia aflorar em mim. Conseguiu ódio extremo mútuo. Com o orgulho de ambas, só ia acabar com a morte de uma. Mas o tiro dele voltou quando descobriu de quem eu era filha. Sabia que havia assinado a sentença de morte de Hilary, por isso insistiu tanto em colocá-la na Ordem.


- Sim, porque provavelmente se sentia culpado do que tinha feito.


- Certamente. – Melinda se aproximou do namorado. – O que ele não sabe, é que na sentença que ele assinou também tinha “Cedric Diggory” citado. Ninguém me faz de tonta, Draco. Ninguém age pelas minhas costas tentando me prejudicar ou me usa e sai vivo. A metade amarga da sentença foi cobrada e cobrar o resto will be as sweet as pie. Não me importa quem se coloque no caminho até o Diggory eu vou pegá-lo. Até lá, eu acho que ele vai aprender a pensar duas mil vezes antes de mexer com Melinda Callidora Black.


- Você já tem algo em mente.


- Obviamente. A primeira coisa é: Mostrar a ele que o plano dele falhou. A Hilary me odiava, mas esse era o único motivo para ela não ter uma marca negra. Ela não tinha pena de trouxa nenhum, Draco. Tudo fingimento. A culpa dele vai dobrar. Ela morreu em vão, afinal... Não foi convertida como ele queria. A maldade estava na essência dela, não na amizade comigo e ele devia saber disso.   


- Todos que conheciam ela sabiam disso, me impressiona que ele não soubesse.


- Draco, querido. Ela era boa atriz. – Melinda riu. – Até melhor do que eu nisso. Tão dissimulada quanto. Enganou ele nesse quesito.


- Pelo menos algo da família ela conservava. – Draco deu risada. – Uma pena que ela tenha ficado louca, podíamos ser um trio e tanto. – ele abraçou Melinda pela cintura.


- Seríamos, mas agora temos a Gabrielle. Somos um trio way better. Afinal, ela não se deixa levar por homem, com todo respeito.


- Nem você. Por isso se completam.


- De fato.


- Aliás, cadê a loirinha?


- Having some fun. E acho que nós devíamos também. Chega de sessão nostalgia. – Melinda abraçou o pescoço dele. 


- Concordo. Tem uma festa lá embaixo. Só não digo pra irmos pro quarto porque...


- Narcissa segurança do sexo Malfoy está rondando a casa, eu sei. – ela virou os olhos. – Mas... Quando todos forem dormir nada nos impede.


- Esse é o espírito. – ele piscou e a arrastou para fora do quarto.


Brincaram ao descer novamente para o salão, mas ao chegar na ponta da escada, perceberam que algo estava muito errado por ali. E não era o olhar de Narcissa que os dizia isso, mas uma cena: Rodolphus Lestrange puxava Bellatrix para dançar. A coisa estranha nisso não era o fato, mas sim ao vê-la aceitar, Voldemort transparecer desagrado – muito mesmo.


- Isso vai dar em merda. – disse Draco, estampando na expressão as próprias palavras. – O Lorde não parece nem um pouco feliz com essa valsa.


- O Lestrange já se enfiou no tango, ta provocando. Mas também...  Ninguém ia imaginar que o meu pai ia sentir ciúme. Digo, ele é sempre tão frio. – Melinda pegou uma bebida de uma bandeja que flutuava e deu de ombros. – A frieza tem seus contras.


- Pode até ser, mas no tango ele já ficou bastante descontente, o Lestrange precisava puxar ela de novo? Todo homem tem pelo menos um sentimento de propriedade, entende? Como se o Rodolphus estivesse invadindo o território, ele é ex-marido dela. Já dormiu com ela, Mel. Até pouco tempo tinha planos de tê-la de volta. Digo...


- Entendi. Nem mesmo meu pai poderia resistir ao ímpeto de sentir-se desconfortável com a aproximação dele, mesmo que minha mãe nunca fosse cair.


- Exato.


- É assim que se sente com o McNair? – provocou. – Como se ele estivesse invadindo seu território?


- Bom, algo parecido. Vocês estiveram juntos, mas nunca dormiram juntos. Presumo que o sentimento no Lorde seja um pouco mais complicado de lidar. Por mais que eu queira esganar o McNair, claro.


- É claro. – ela riu, pegando mais um drink e entregando para Draco. O dele verde fluorescente, o dela vermelho sangue. Melinda estendeu a taça e eles brindaram, bebericando os drinks. Nem imaginavam que tipo de bebidas deviam estar ali, mas nem queriam saber. Draco imaginava que o dele tivesse absinto envolvido pela ardência que a bebida causara em sua garganta.


Melinda ficara com um mais doce, que apesar do gosto ardia no fim também. Ambos tinham certeza de que se bebessem demais daquelas bebidas não lembrariam nem seus nomes. Comensais da Morte definitivamente gostam bastante de bebidas fortes.


- Você está louco. – disse Bellatrix, após um comentário feito por Rodolphus sobre o estado enciumado do Lorde das Trevas. – Ele não está enciumado. Ele não sente ciúme.


Rodolphus deu risada e girou Bellatrix num ponto mais alto da valsa e puxou-a de volta pra si. Ele percebia o ciúme de Voldemort, mas também a dificuldade de Bellatrix em aceitar aquilo. Bom, compreensível. Ele era o monstro sem sentimentos do mundo bruxo, não sentiria ciúme, não é mesmo? Definitivamente.


- Então por que exatamente ele está olhando para cá ininterruptamente? – perguntou Rodolphus, quase rindo. – Ele já estava bravo por causa do tango, agora então...


- E você sabendo, ou melhor, presumindo isso me tirou pra dançar por quê? – perguntou Bellatrix, ainda incrédula.


- Porque talvez eu tenha um enorme desejo de morrer ou porque quero lhe propor um tratado de paz...


- Continue. Estou ficando interessada.


- Desisti de você já há algum tempo, lutar batalhas perdidas cansa, sabia?


- Posso imaginar.


- Pois então. Mas eu não te odeio, Bella. Na verdade, gosto de você. Acho que podemos até ser amigos, quem sabe.


Bellatrix não conseguiu segurar a risada, a idéia não era de todo ruim. Rodolphus poderia ser um inútil às vezes, mas também podia ser útil em outras.


- Acreditas mesmo que isto será possível, Roldie querido? Porque um ano atrás, eu custaria a acreditar. – disse a bruxa, ainda rindo.


- De qualquer forma. Estou propondo. Se você vai aceitar, já é problema seu. – Bellatrix arqueou a sobrancelha, ele estava mesmo falando s * src="includes/tiny_mce/themes/advanced/langs/en.js" type="text/javascript"> ério. Ela de fato não havia acreditado à primeira vista.


- Não vejo problema, mas creio que saiba que amigos não são a minha especialidade, Lestrange. – ele sabia, mas ela preferia avisar.


- Sempre há uma primeira vez para tudo. – respondeu o bruxo, antes de girá-la mais uma vez.


- É claro. – ela concordou, ainda um pouco desconfiada com aquela história louca. Talvez Rodolphus tivesse batido a cabeça na parede em Azkaban ou algo assim, mas ele parecia estar falando sério e isso era o mais assustador.


Aquela valsa era muito diferente da anterior deles, em um outra festa, na outra volta dos Comensais da Morte. Tudo havia mudado naquele um ano e meio. Agora Bellatrix entendia porque Voldemort abdicara de presenciar a morte de Albus Dumbledore. Ele tinha que libertar seu exército. Fazia um tremendo sentido. Dumbledore morria, e ele se fortalecia.


A música aos poucos se enfraquecia e o Lorde das Trevas parecia dirigir-se à porta do Jardim mais uma vez. Bellatrix e Rodolphus pararam de dançar e ela olhou para a porta, vendo Voldemort passar rapidamente por ela. Ele gostava daquele jardim, não era possível. Ela pensou em segui-lo, mas foi impedida por Avery.   


- Bellatrix! – chamou o Comensal, fazendo-a rapidamente virar.


- O que foi, Avery?


- O Lorde das Trevas te deu autoridade de Lady, então podemos pedir autorização a você já que ele foi pro jardim.


- Não sei se tenho poder para te autorizar a algo, Avery. É melhor você ir atrás dele. E é isso mesmo que eu vou fazer, com licença.


- Ele disse que você tinha autoridade sobre nós, Bella. E ele não parecia feliz ao sair, não sou louco de ir atrás dele. Queremos ir buscar uns trouxas para nos divertirmos um pouco, ele não se importaria.


Bellatrix pareceu ponderar um pouco, Voldemort parecia irritado, autorizar os Comensais, passar por cima dele, não parecia sensato. Mas era como Avery disse: Ele não se importaria com aquilo, nem ela sabia porque diabos ele estava pedindo autorização.


- Ok, Avery. Faça isso. Ele não vai se importar, agora... Me deixem em paz. – ela ouviu ruídos de animação dos Comensais comemorando a autorização para sua pequena festinha particular macabra. Chamaram, Greyback para ir com eles, ele afinal conhecia como ninguém pequenos vilarejos trouxas.


Bellatrix, contudo, foi para o jardim, atrás de Voldemort, mas ele parecia ter evaporado. O jardim era um pouco grande demais para ela encontrá-lo sozinha. O fato era: ele não queria ser encontrado.


Dentro do labirinto, embrenhado entre as paredes, ele queria ficar sozinho e pensar. Colocar sua própria cabeça no lugar. Não conseguir impedir o instinto assassino que se apoderara dele ao ver Rodolphus perto de Bellatrix. Ele sabia que Lestrange não tinha a menor chance e era exatamente isso que o tirava do sério.


Tantos anos antes havia aprendido a reprimir emoções e agora elas decidiam aparecer como fantasmas.  Ele havia deixado claro naquele salão que não gostara da aproximação de Lestrange, coisa que ele nem mesmo deveria ter sentido. Sentido. Este era o problema que o assombrava. Desde algum tempo antes, estava sentindo muito mais do que queria e aquela noite fora o ápice, ele deixara transparecer. Todos haviam percebido que ele estava com ciúme.  Mesmo que não quisesse estar, o tango e depois a valsa o deixaram louco de ciúme. Lestrange era ex-marido dela, ele já havia...  Era melhor não pensar, ou cogitaria a possibilidade de acabar com Lestrange – que ainda lhe servia como Comensal, no fim das contas.


Era por isso que estava ali, precisava abafar qualquer um desses sentimentos. Ele não era sentimental, não podia ser tão fraco e tolo. Tolice, um porque Rodolphus não o enfrentaria, dois porque Bellatrix nunca fora de fato interessada em Lestrange. Ela era dele e nem que Rodolphus quisesse poderia mudar isso.  Mas para qualquer homem, um invasor é irritante e até enlouquecedor.     


Bellatrix voltara ao Salão após a tentativa frustrada de encontrar Voldemort, sendo recebida por Lucius.


- Deixe-me em paz. – disse, sem parar para falar com ele, mas sentiu o braço sendo puxado fortemente pelo cunhado.


- Nem pense que vai passar sem falar comigo, cunhadinha querida. Quem você acha que é para abrir a sua boca enorme para a Narcissa?


- Não creio que o seu cérebro entupido de testosterona acumulada possa entender isso, Lucius, mas eu abro a minha boca pra quem eu quiser e... Eu não tenho medo de você. Aliás, você é quem deveria me temer. – sussurrou, com uma expressão assassina no rosto. – Eu tenho motivos de sobra para querer acabar com você e poder suficiente para isso.


- Você não pode encostar em mim, Bella. Enquanto eu for útil ao Lorde das Trevas..


- Oh e você é de fato útil. Perdeu sua utilidade quando deixou de ter influencia no Ministério, Lucius. Agora é como todos os outros, apenas um complemento que pode ser facilmente substituído. E não se esqueça, Lucius, você é um Comensal da Morte, eu sou a Lady das Trevas. Sempre estive acima de você, agora mais do que nunca.  – Bellatrix nunca imaginou a si mesma falando daquela forma, dizendo com todas as palavras que ela era a Lady das Trevas, mas era isso que ela era afinal.


- Uh, o Lorde vai adorar saber como você anda convencida.


- Concordo, ainda mais porque foi ele que me deu o título, na frente de todos os Comensais livres da época. Não creio que ele se incomodará que eu use o título que ele me deu por meu mérito. But just go ahead. Quem sabe você não toma outro fora e se coloca de vez no seu lugar. – ao terminar de falar, Bellatrix pareceu engolir as possíveis palavras que viriam a seguir. Precisava se controlar antes que sua mão colidisse com o rosto de Lucius, ou pior, um raio verde contra o peito dele. O ódio a estava começando a dominar, e ela não deixaria que isso acontecesse, ao menos não em uma festa.


Bellatrix virou as costas para o cunhado e saiu a passos largos, deixando um Lucius boquiaberto para trás. Ele não sabia que conseguiria se acostumar com a nova forte Bellatrix, diferente daquela que ele havia praticamente subjugado anos antes. Ele não a subjugaria agora, estaria longe de conseguir isso mais uma vez. Ele devia ter imaginado isso quando Voldemort voltou, junto com a força dela.


            A passos largos, a Lady das Trevas foi mais para o meio do salão, bem longe de Lucius e da porta que a separava de Voldemort. Não sabia, mas também no fundo não queria mais entender nem o desaparecimento do Lorde e muito menos a prepotência sem fundamento de Lucius – a última sem qualquer explicação racional mesmo.


            No meio de seu caminho, apareceu Narcissa, parecendo bastante contrariada e ela já imaginava a quê. A loira apertou o passo ao ver a irmã, quase correu pelo salão para chegar mais rápido à morena.


            - Desde quando você tem autorização para dar ordens dentro da minha casa, Bella? Ou eu deveria dizer milady? Eu tenho que suportar o Lorde das Trevas mandando mais do que eu aqui, agora você eu não vou tolerar! Era só a chance que você precisava, não é? Para mandar aqui como praticamente mandava na Mansão Black quando éramos mais jovens e...


            - Cale a boca, Narcissa! Pelo amor de Merlin! Em primeiro lugar, eu nunca mandei na Mansão Black e em segundo, não mando na sua casa. Eu pseudo-mando nos Comensais, o que é diferente, e eles só vieram a mim porque o Lorde subitamente desapareceu. Fora isso, eles não me obedeceriam a não ser que eu os ameaçasse com uma Cruciatus, ou talvez nem assim. Portanto, fique calma. É uma comemoração, relaxe uma vez na vida! – Bellatrix bufou, deixando Narcissa mais irritada.


            - É claro que a Srta Perfeição mandava. Manipulava todos, menos o Sirius, claro, então tinha tudo o que queria do seu jeito!


            - Hum, nunca consegui convencer a tia Walburga a se tornar Comensal e fazer algumas das reuniões na Mansão Black, o que faria com que o Lorde dormisse lá e, bem... Era algo que possivelmente teria acelerado meu envolvimento com ele. Viu, o que eu mais queria não consegui no momento em que eu quis. Satisfeita? – Bellatrix andou, fazendo menção de deixar Narcissa sozinha, mas a loira a seguiu.


            - Não, mas isso não vem ao caso! Você deu autorização para os Comensais seqüestrarem trouxas e os trazerem para “divertir a todos”? – Narcissa fez aspas no ar. - Quero ouvir de você que o McNair está dizendo insanidades!


            - Na verdade, ele não está. Avery veio me pedir e eu autorizei porque ele não queria ir atrás do Lorde depois da minha valsa com o Lestrange. Ao que parece, ele estava bastante irritado e nenhum dos Comensais tinha coragem de ir atrás dele. I mean, todos uns medrosos que não merecem as bolas que tem no meio das pernas. Porque até eu – a principal envolvida – fui mais homem e fui procurá-lo.  Mas qual é o seu problema afinal, Cissy? Virou defensora de trouxas nojentos? – Bellatrix fez uma careta, que por instantes deformou seu belo rosto.


            À medida que Bellatrix falava, a expressão de Narcissa mudava de irritada, para debochada e depois para ofendida. Ela não acreditava no que estava ouvindo da irmã, como ela estava destorcendo a história.


            - É claro que sim, afinal não querer meu chão de mármore manchado por um banho de sangue trouxa é completamente anormal! Você era a anormal com aquelas chacinas que promovia nas festas na Mansão Lestrange! Uma coisa é fazer isso fora de casa, outra dentro. E se o Ministério chega do nada? E outra, Greyback está aí, você sabe que ele não é nada delicado na hora de matar e eu realmente não quero pedaços de trouxas no meio da minha casa!


            - Falarei com Greyback para levar as vítimas dele para bem longe e depois dar um jeito de sumir com o corpo, mais feliz? – Narcissa assentiu, um pouco mais aliviada. Estava acostumada com as “festas” promovidas por Comensais, fora testemunha de muitas delas. Mas, com tanto tempo sem uma daquele tipo, tinha medo do nível que aquela atingiria. Ainda mais somado à animação de todos naquela noite. Nada bom para os trouxas que fossem arrastados para lá.


            - Vítimas? Corpo? Quem Greyback pretende matar aqui? Pelo o que eu sei, não tem nenhum sangue-ruim ou trouxa nojento por aqui. – Bellatrix prendeu ao ouvir a voz de Voldemort logo atrás dela.


Naqueles segundos, ela tinha certeza de que se fosse um homem não merecia o conteúdo no meio de suas pernas, sorte que ela não era, porque sua coragem se esvaíra. Ela estava com medo, não de Voldemort em si, mas, da reação dele ao descobrir que ela havia dado uma autorização que na verdade caberia a ele.


Sabe tudo o que ela dissera a Lucius sobre ela ser a Lady das Trevas e poder usar o título como bem entendesse? Em uma situação como aquela, no fundo ela não acreditava muito nas próprias palavras.


Narcissa, ainda mais medrosa, fez menção de dizer algo, mas fechou a boca em seguida, encarando os próprios sapatos prateados. Era ainda mais medrosa do que a irmã visto que tinha medo de Voldemort em todas as situações.


Bellatrix girou nos calcanhares devagar, respirando fundo para não parecer tensa ao contar a ele, pois em uma situação normal ela não teria tanto receio assim, mas ele estava irritado com as brincadeiras entre ela e Rodolphus, o que complicava tudo.


- Er... Alguns Comensais estavam com vontade de aperfeiçoar esta comemoração e não encontravam em suas mentes formas melhores de fazer isso do que com alguns joguinhos...


- Envolvendo trouxas, presumo. – disse ele, com a voz perfeitamente fria. Controlada, na verdade. Ele deixava preso dentro de si o ódio que o tango e depois a valsa haviam-lhe causado, precisava fazer isso, apagar as lembranças de tais episódios que só faziam acentuar sua cólera. Outro motivo era: não tinha raiva de Bellatrix, e sim de Rodolphus, portanto não tinha razões para transparecer descontentamentos perto dela.


- Sim, milorde. – respondeu a morena, e ele pôde perceber a tensão na voz dela. – Contudo, creio que os Comensais são demasiado medrosos, pois nenhum deles teve coragem de ir procurá-lo no jardim, porque pensavam que estava irritado.


- E estava. Fizeram bem de não me perturbar, mas creio que não seja isso que te perturba, Bella. Eles foram buscar os trouxas sem pedir permissão?  


- Na verdade, mais ou menos.


- Seja direta, Bella. Por que me parece tão tensa?


- Eles não pediram permissão a você, mas disseram que como Lady das Trevas, eu tinha autoridade sobre eles e que você mesmo tinha dito-lhes isso, portanto, em sua ausência, pensaram que seria adequado recorrer a mim e... 


- Você autorizou. – afirmou ele, impassível.


- Hesitei, contudo pensei que não iria incomodar-lhe, ao contrário, que lhe agradaria ter alguma diversão extra e acabei por autorizar. – ela olhou para o chão, preferindo não encará-lo nos olhos.


- E agora sente como se tivesse sobrepujado minha autoridade. E tem medo de que eu tenha alguma reação extrema a isso. Wrong, my dear. Eu lhe dei autoridade sobre eles, que estavam corretos ao pensar que seria adequado recorrer a você em minha ausência. Ainda mais em uma questão como essa, sobre a qual eu nunca teria algum tipo de objeção. O passado exemplifica por mim.  Creio que você ainda está em processo de acomodação à nova posição, completamente compreensível.- as palavras do Lorde fizeram Bellatrix soltar o ar preso em seus pulmões, aliviada.


Voldemort na verdade adorara a idéia, fazia tempo que ele mesmo não dava um jeito em um trouxa idiota. Matar era para ele como um hobby, ou um esporte, e já estava fazendo falta exercitar isso. Logo não teria mais tal problema.


- Fico feliz que tal idéia o tenha agradado. – ela sorriu e Narcissa parou de sentir as pernas tremerem.


Risadas masculinas, gritos e choros começaram a inundar o Salão dos Malfoy menos de dois minutos depois. Greyback, Avery e seja quem tivesse ido junto com eles haviam sido rápidos. McNair, que não fora com eles por algum motivo inexplicável, os estava recepcionando.


Voldemort e Bellatrix olharam naquela direção imediamente. Bellatrix revirou os olhos e andou a passos largos na direção dos Comensais da Morte.


- Por que diabos vocês não petrificaram eles? Para ter mais trabalho? Greyback, você é burro? – Greyback, ainda tentando segurar a trouxa que se debatia em seu ombro, não respondeu nada. Só abriu a boca e fechou imediatamente. – Claro que não os queremos petrificados na hora da diversão, mas ajuda no transporte!


- Faço minhas as palavras de minha mulher. – disse Voldemort, parecendo tão descrente na burrice deles quanto ela. – Varinhas não servem apenas mata torturar e matar. Apenas relembrando vocês disso. Petrificus Tottalus. – disse, apontando a varinha para a trouxa nos ombros de Greyback, que caiu dura no chão.


A queda da garota apavorou os outros trouxas. Feitiços, bruxaria, eles não sabiam em que acreditar ou não. Começaram a se contorcer mais, e acabaram por ser petrificados um por um até que estivessem todos quietos.


- Ótimo, agora temos um estoque de diversão muito mais organizado, não acham? – perguntou o Lorde, recebendo confirmações de todos.


Arrumaram os trouxas em um canto da sala, até que viram um pequeno trouxa. Uma criança, o que fez Narcissa ficar com uma expressão chocada. Parecia que ela ia vomitar só de imaginar o que Greyback faria com ela. Ela sabia que aquela criança não seria apenas morta, ela serviria de playground para os Comensais e de Jantar para Greyback.  


- Greyback. Tire a criança daqui. – ordenou Bellatrix.


- Mas por que diabos? Ficou mole agora, Bellatrix?


- Não, mas Narcissa sempre foi e não queremos chocar a anfitriã, certo? – as palavras de Bellatrix soaram como uma piada e todos riram, incluindo Voldemort. – Livre-se dessa criança.


Greyback olhou para Voldemort, claramente esperando uma ordem superior à de Bellatrix, uma que a desautorizasse, afinal ele era o Lorde, ainda estava acima da mulher. Bellatrix virou-se também, ponderando novamente se não teria passado por cima da autoridade dele, mas ela autorizara os trouxas, e desautorizar uma criança era provavelmente da jurisdição dela.


- Faça como ela disse. Os Malfoy me trouxeram uma grande alegria esta noite graças à Draco, portanto, darei este presente à Narcissa, por mais que não concorde com essa clara piedade dela por trouxas – mesmo crianças. E se não for matá-la longe daqui, oblivie-a.


O lobisomen pegou a criança e assentiu. Narcissa pareceu mais aliviada. Não tinha dúvidas de que dificilmente Greyback não mataria a criança, contudo, sendo longe de sua casa, ela se sentia bem melhor. Afinal, ele era famoso por seu apetite por crianças. Ela só não queria presenciar. Virou-se para o Lorde e para a irmã.


- Obrigada, milorde. Digo, eu de fato ainda não me acostumei com os métodos de Greyback envolvendo crianças. – Narcissa agradeceu, sem olhar para ele. – Nem Bellatrix chega ao ponto em que ele chega, e é de longe a mais cruel dos Comensais.


- Agradeça à própria, que autorizou a busca dos trouxas, portanto cabia a ela desautorizar. Se ela não o tivesse feito, dificilmente eu o teria feito.


- De fato, milorde. Com a história que tem com Potter, não duvido, mesmo que seus métodos sejam um tanto melhores do que os de Greyback, que são desprezíveis. Ou eu imagino, se teve a piedade que teve com Potter que era uma criança bruxa, mal posso imaginar com trouxas. – Narcissa fez Lucius revirar os olhos, Voldemort apenas gargalhou.


- Potter é um caso diferente, minha cara Narcissa, não ataquei nenhuma outra criança bruxa. Não sou um monstro! Quer dizer, eu até sou, mas não tão horrível quanto o que criou em sua cabeça. Nunca chegaria aos métodos primitivos e sanguinários de Greyback, não se preocupe. – Narcissa realmente parou para pensar... Talvez estivesse exagerando. - I mean, sua irmã não se casaria com um homem que não tivesse classe pra matar, não é mesmo?  Classe para matar é algo que ambos consideramos fundamental.


Voldemort olhou para Bellatrix, que confirmou, mas ela estava um pouco chocada com toda a coisa de “sua irmã não se casaria”. Ele estava admitindo muito o ‘casamento’ delas, milhões de vezes mais do que ela poderia esperar e era um pouco chocante.   


- Creio que seja hora de nos entregarmos à diversão, milorde. – sugeriu Bellatrix. – Afinal, esses trouxas petrificados estão aqui por algum motivo.


O barulho de saltos tilintando no mármore do chão começou a ser ouvido e eles viram Melinda se aproximar com rapidez.


- Trouxas? Estão falando sério?


- Sim, Melinda. Você ainda não conheceu as festas ao estilo old school. – respondeu Bellatrix. – Estamos trazendo essa tradição de volta.


- Hum, a festa tava divertida, mas pode melhorar. Principalmente assim. – os olhos dela brilharam malignamente. Ela puxou a varinha e arrastou para o meio do salão uma das mesas que estava encostada na parede. Em cima dela estavam apenas alguns copos vazios, que acabaram por cair no chão e quebrar. Os elfos correram para limpar, é claro.


- Posso escolher? – dirigiu a pergunta a Voldemort?


- Be my guest. – ele apontou o local onde os trouxas estavam jogados.  Ela passou por ele e olhou para os trouxas jogados. Escolheu uma garota, mais ou menos da idade dela. Os olhos da menina, petrificados, transmitiam pavor.


Um movimento de varinha e ela foi flutuando em cima da mesa, onde foi jogada. Melinda conjurou cordas, que se amarraram aos pulsos e tornozelos da trouxa e enroscaram-se nos pés da mesa e, no fim deles, formaram um nó – prendendo a garota nos quatro cantos da mesa. 


A morena retirou o feitiço da garota, que imediatamente após ser libertada começou a se contorcer e gritar. A Princesa das Trevas subiu na mesa, causando ainda mais pavor na jovem trouxa.


- Acho que agora todos podem apreciar, não é? Só não exagerem, tia Narcissa é um pouco puritana. Sei que muitos se... Animam, digamos assim, com sofrimento trouxa, mas... Guardem isso pra si, ou ela os expulsará. – risadas inundaram o salão. – Sério. Agora, o que temos aqui? Uma pequena trouxa. Ótimo para nossa diversão! Ok, sem mais delongas! Crucio! – a garota trouxa debateu-se e gritou, tanto pela dor quanto pelo horror que aquilo a causava. Bruxos existindo? Era terrível demais para ela, louco demais, achava que estava ficando louca.


Risos e exclamações de apoio a Melinda encheram o salão da Mansão Malfoy, o tamanho do desespero da jovem trouxa era diretamente proporcional à diversão dos Comensais da Morte. Típico deles, o sadismo.


Melinda suspendeu a maldição algum tempo depois, podendo ver o alívio tomar por alguns instantes o rosto de sua vítima. Ela sorriu com crueldade e agachou-se na mesa, ao lado da jovem.


- Não pense que estou sendo piedosa, porque eu não estou. Estou apenas sabendo dividir. Afinal, não há lugar para egoísmo em uma noite tão feliz quanto essa! – Melinda levantou-se, percebendo o agrado dos Comensais face a suas palavras. – Quem é o próximo? O Lorde das Trevas, talvez? – virou-se na direção do pai. – Penso que queira fazer as honras... Digo, dar inicio à verdadeira diversão... – Voldemort entendeu o que a filha quisera dizer com “verdadeira diversão”.  


- Ela está aprendendo. – disse Bellatrix para Narcissa, assim que Voldemort saiu de perto delas, direcionando-se à mesa.


- O quê? - perguntou a loira, confusa.  


- Melinda está aprendendo a agradar, não só ao pai, como aos Comensais da Morte. Isso é bom, sendo ela quem é...


- De fato. – concordou Narcissa, observando Voldemort conjurar degraus ao lado da mesa, que ficou parecendo um palco.


- Ótima idéia. – disse Melinda, sorrindo.


- Mais fácil, minha cará. Não pensou que eu teria o trabalho que você teve para subir nessa mesa, não é? – de fato, sentar na mesa para depois ficar em pé nela não era algo que alguém poderia esperar dele, o Lorde das Trevas nunca perderia a pose.


Subiu elegantemente os degraus que havia criado e tirou a varinha das vestes, apontando-a para a jovem que tremia de medo.


Todos esperavam imediatamente ouvir as duas palavras mágicas, literalmente, mas só ouviram a voz da trouxa.


- Não! Não fui eu! – ela chorou repentinamente, olhando fixamente para Voldemort, que também mantinha os olhos ne
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la. – Foi um acidente! Foi sim! Ela... Ela... Engasgou... Não! Eu cuidei dela sim! Eu amava ela! Não invejava!  - ela parou um pouco de chorar, mas logo os olhos voltaram a marejar e ela arregalou os olhos, como se estivesse vendo um filme de terror invisível. – Eles me culpavam... Não! Não fui eu, me perdoem! Eu tentei ajudar! Não! Não! – ela fechou os olhos com força, chorando copiosamente.


Ninguém entendia o que estava acontecendo, mas a garota continuava aterrorizada. Voldemort sorriu frente ao desespero dela, assim como a maioria ali presente, menos Narcissa, que não se divertia, mas também não ligava. Bom, contanto que ela não visse uma criancinha estraçalhada por Greyback, estava feliz.


- Você matou a sua irmã, todos te culpavam, queriam se livrar de você... Sentem raiva de você. Ódio. Mas também, ela tinha apenas dois anos! Que monstro você é! – Voldemort direcionava-se à trouxa. – O mundo não merece ter alguma assim vivo! Veja como todos se sentiam! – a garota pareceu horrorizar-se com algo que teoricamente via. . Uma adaga também surgiu ao lado dela, que se assustou com a forma mágica como aquilo acontecera. Trouxas. – Faça um favor à humanidade e à sua família, que tanto deseja justiça para aquela pobre criança. – Se todos não soubesse, o que Voldemort estava fazendo – usar algum ponto fraco da vítima contra ela – acreditariam que tudo o que ele dizia era verdade. Bem convincente, ele. Mal podiam imaginar o quão convincente ele poderia ser com as alucinações que plantava na cabeça da vítima como arma. Davam graças a Merlin por ele nunca ter usado esse nível de Legilimência contra nenhum deles.


Voldemort soltou as amarras das mãos dela, tendo total controle da situação, e ela pegou a arma a seu lado, admirando a prata por instantes com os olhos inchados e o rosto borrado pelas lágrimas.


Bellatrix aproximou-se lenta e silenciosamente da mesa sobre a qual Voldemort, Melinda e a garota trouxa se encontravam. Ela queria ver de perto quando ele conseguisse fazer a garota se ferir sem o uso da Maldição Imperius.


- Vamos! Liberte-se dessa culpa. Você tem nas mãos a sua liberdade, é só usá-la. – disse ela, com a voz serena. - Liberte-se da vida miserável que vem levando desde a morte de sua irmã, e dê paz à sua família que tanto sofre por viver com aquela que matou o bebe inocente que eles adoravam.


A garota, ainda deitada na mesa, levantou a adaga, fechou os olhos e a puxou com força contra a própria barriga. Ela gritou de dor, e Voldemort sorriu frio enquanto o salão explodia em vivas.


O sangue trouxa escorreu na mesa, e Voldemort finalmente decidiu usar a varinha há tanto tempo apontada.


- É incrível como esses trouxas têm a mente fraca. Te farei um favor, pequena trouxa, apenas porque sou um Lorde muito piedoso. Acabarei mais rápido com a sua angústia. – disse e cumpriu o que dissera. – Avada Kedavra. – o corpo da trouxa relaxou, imóvel na mesa.


A morte dela atiçou ainda mais os Comensais. Voldemort desceu da mesa, seguido pela filha. Greyback tirou o cadáver da mesa e o jogou em um canto.


- Belo espetáculo. – cumprimentou Bellatrix, parada ao lado da mesa quando ele desceu. Ela segurou-o pelo colarinho e sorriu maligna. – Digno de um Lorde.


- Matar com estilo é para poucos. – respondeu ele, guardando a varinha.  


- Muito poucos. – confirmou ela, pressionando fortemente os lábios contra os dele. Afastou-os lentamente, mordendo o próprio lábio. – Quero ser a próxima a “brincar”.


- Como quiser, my lady. Bellatrix é a próxima, ela merece. Liderou magnificamente esta noite. – ninguém fez quaisquer objeções Em qualquer corte é assim, a realeza primeiro.


Bellatrix direcionou-se à mesa, mas teve a mão segurada por Voldemort. Ela olhou para a mão e para ele, questionando o motivo daquilo com o olhar.


- Have fun. – ele sussurrou e depois beijou o dorso da mão dela, que sorriu imediatamente e sussurrou em resposta: “I will”.  


E ela não estava brincando ao dizer que iria, Voldemort não precisou olhar para trás para confirmar isso. Ao andar em busca de uma bebida, ouviu a voz dela bradar a Maldição Cruciatus e logo depois as súplicas do trouxa que os outros Comensais haviam prendido na mesa para ela.


A questão era: Por que eles haviam facilitado a “diversão” dela se a odiavam? Bem, eles a odiavam, mas adoravam agradar o Lorde das Trevas e, além disso, estavam loucos para chegar a sua vez.


Voldemort pegou uma dose de absinto – completamente puro – e apoiou-se em uma parede de onde podia ver com clareza a sessão de tortura promovida por Bellatrix. O trouxa na mesa suplicaba por clemência e ela nada fazia. O rosto dele estava sujo com o sangue que fora derramado pela outra trouxa quando fora arrastada, morta, e ainda continuava na mesa. A cada contorção, ele sujava mais o rosto e parecia ficar extremamente enojado com este fato. Mas ele não tinha muita escolha, havia sangue ali e sua dor era demasiado grande para que ele pudesse direcionar seu rosto para longe daquilo.


O asco dele divertia ainda mais Bellatirx, que desde sempre demonstrava técnica aprimorada naquela maldição, além do gosto é claro.


O rosto da mulher chegava a se iluminar. O ódio dela pelos trouxas era praticamente igual ao do próprio Voldemort, que a observava ininterruptamente.


Nunca poderia ter escolhido uma rainha, ou lady no caso dele, melhor. His most faithful servant. Better impossible.


Contudo, às vezes, ele se perguntava se antes a teria colocado no cargo em que a colocara, se a ficaria observando sem conseguir tirar os olhos, seria se sentido incomodado por machucá-la, e o pior: teria no passado sentido ciúme de Rodolphus de forma tão irracional naquela noite? Em suma: Estaria ele se envolvendo tanto a ponto de mudar com e por ela?


O sim na resposta era tão certo quanto a iminente morte daquele trouxa torturado por Bellatrix e dos outros ainda petrificados. Mas, o fato era que a Lady das Trevas também torturava o Lorde, com tais perguntas  cujas respostas ele tinha, mas não podia aceitar.


Ele estava mudado, envolvido demais, ultrapassara havia muito tempo o ponto sem volta e, por mais que ele não admitisse diretamente nem para si mesmo, bem no fundo, ele sabia.


O que ele não sabia, era que as mudanças mal haviam começado. Mesmo porque, para chegar a esta conclusão, ele teria que aceitar que era capaz de sentir e, bem, Lord Voldemort era um ser frio. Em teoria, é claro. Aquela mulher que ele admirava ao longe acidentalmente provaria o contrário  da forma favorita da aristocracia: por debaixo dos panos, ou, no caso deles, ainda melhor: dos lençóis.


 


Mansão Malfoy – Na manhã seguinte


 


O sol do fim da primavera invadiu um dos quartos de hóspedes da Mansão. Nele um casal dormia serenamente, descansando da noite anterior.


A luz repentina incomodou o homem que abriu os olhos, encontrando a última coisa que poderia esperar: uma loira, deitada consigo.  Chegou a pensar em todas as possibilidades de loiras possíveis, até que viu quem era: Gabrielle.


As madeixas loiras e longas dela espalhavam-se pelo braço dele enquanto ela tinha a cabeça confortavelmente apoiada em seu peito.


Bela como um anjo, ele não pôde deixar de admirá-la por algum tempo. Ela era seu maior sonho e seu maior pesadelo. E, pelo visto, ambos haviam se concretizado na noite anterior.


Sua cabeça doía de forma infernal e ele tentava lembrar-se de algo, mas tudo o que tinha em sua mente eram flashs desconexos – que acabavam, de qualquer forma, quando ele estava na festa, no salão. A partir dali até aquela manhã, tudo era um branco.


A dor de cabeça também não o deixava pensar direito, mas podia lembrar de estar bebendo descontroladamente na festa. Gabrielle estava sempre por perto, certamente havia aproveitado a oportunidade. Veia Sonserina aguçada, a dela. Isso se ela não tivesse recorrido a outra pessoa, é claro. Ele tinha uma idéia.


- Posso apostar que Bellatrix tem algo a ver com isso. – sussurrou para si mesmo, olhando para o teto. Fechou os olhos fortemente, tentando lembrar alguma coisa.


- Então você perderia. – ouviu a voz doce de Gabrielle entrar em seus ouvidos. Ele olhou para a jovem, que estava apoiada em cima dos dois braços em seu peito. – Não foi ela. I mean, ela me ensinou muitos dos truques que eu usei ontem, muito do que eu falei, mas quem me direcionou para cá definitivamente não foi ela.


- O que significa que está ficando casa vez mais um exemplo perfeito de uma Sonserina. Digo...


- Foi o Lorde das Trevas. – Snape pareceu assustado. – Sabe, ele meio que nos apóia ou algo assim. 


Snape não conseguia imaginar Voldemort dando aquele tipo de conselho para Gabrielle. E nem sabia o que de fato o Lorde tinha dito a ela para fazer, talvez eles nem tivessem de fato dormido juntos. Ela podia muito bem ter apenas deitado ali do lado para fazê-lo pensar que algo acontecera. É, provavelmente fora aquilo. Ele ainda estava em choque demais para conseguir ter qualquer reação brusca. Talvez, até, isso fosse efeito da ressaca.


- O que exatamente aconteceu ontem há noite? – perguntou Snape, diretamente. Assim era melhor.


- O que parece?


- Eu quero o que aconteceu, não o que parece, Gabrielle.


- Ok. Nós transamos. Simples assim. Eu te provoquei, você queria, eu queria, perdi minha virgindade. Exatamente o que parece, aconteceu. Se quiser uma prova, podemos ir a uma Penseira e eu pego a minha lembrança já que a sua provavelmente não existe. – respondeu a loira, com uma normalidade que chegava a assustá-lo. Sem motivo, para ela era normal.


Snape levou as duas mãos ao rosto e suspirou, pesadamente. Esfregou o rosto e piscou os olhos algumas vezes. A dor de cabeça ainda não o deixava pensar claramente, mas de uma coisa ele tinha certeza ou, ao menos, queria ter.


- Isso foi um erro, Gabrielle. Eu estava bêbado, não sabia o que estava fazendo. Não deveria ter acontecido e não pode se repetir, eu sou seu professor e...


- Não, não é. – respondeu a loira. Sentando-se. – Acha mesmo que alguém vai te deixar voltar a Hogwarts? Sobre nunca dever ter acontecido, ontem a noite o verdadeiro você tinha uma opinião diferente. – ela arqueou a sobrancelha, com uma expressão de ódio propositalmente construída. Gabrielle imaginava que ele teria uma reação como aquela. Agir como magoada era ótimo nessas situações. Ele não suportaria, fato. – E você sabia muito bem o que estava fazendo, Sr professor. Não me venha com desculpas, ok? Com o Lorde apoiando, meus pais não ousariam dizer algo e você não é mais meu professor. Mesmo que fosse, não creio que honestidade seja uma característica que nenhum de nós disponha. A sua reação no dia em que Draco foi atacado exemplifica. Mas eu não vou discutir, pra não estragar. – ela saiu da cama com o lençol e foi até a porta.


- Onde diabos você vai?


- Pro quarto da Mel, pegar roupas emprestadas.  A festa ainda estava alta quando nós viemos pra cá, duvido que alguém esteja acordado.


- Se ela não está acordada...


- Não preciso pedir a ela. E ela deve estar no quarto do Draco. Do the math, Snape. E, ah, antes que me pergunte porque não uso as de ontem: deixo elas de lembrança pra você. Enjoy.  – ela saiu e bateu a porta.


Snape deitou a cabeça no travesseiro, sem muita reação. Em um dia ela queria casar com ele e no outro... Aquilo. Mulheres eram loucas ou ele fora mesmo um idiota. O primeiro era o mais provável. Ele tentava arranjar desculpas, como sempre. Merda. Ela estava certa. Uma hora ou outra, as desculpas acabariam e ele teria que ceder. O fato era: ele já havia gastado todas sem perceber.


Assim que passou pela porta do quarto de Melinda, a loira se jogou na cama, que estava vazia como o esperado. Riu para o teto, brincando com uma mecha do próprio cabelo dourado. Ele devia estar enchendo a si mesmo de pensamentos, desculpas, o que fosse. Logo logo ele viria falar com ele. Homens se assemelham a mulheres em um ponto: quanto mais rejeitados, mais querem.


Ela se perguntava quanto tempo levaria até que Snape estivesse completamente em suas mãos. Hogwarts, ela precisava admitir, parecia ser o maior empecilho, mas ele mesmo havia removido tal obstáculo da vida deles. A não ser que algo de muito diferente acontecesse, como Voldemort assumir Hogwarts por exemplo, Snape dificilmente lecionaria naquele ano. Bom e ruim ao mesmo tempo. O deixaria triste, mas o caminho para ela ficaria completamente pavimentado.


Um barulho na porta a despertou de seus devaneios dois minutos depois. Ela sentou na cama e viu que Snape – já vestido – estava parado na porta, parecendo um pouco arrependido.


- Mas o que diabos? – perguntou ela, fingindo estar surpreendida. No fundo, ela esperava uma aparição dele.


- Eu... er... Precisava falar com você. A maneira como tudo ficou no quarto foi um pouco nebulosa, precisamos deixar tudo claro. – disse ele, tentando achar as palavras corretas.


Gabrielle levantou-se, ainda enrolada no lençol que havia trazido do quarto de Snape. Andou até ele, sorrindo.


- Hum... Deixar tudo claro? Pra mim ficou tudo muito claro. Você não está interessado, eu me aproveitei de seu estado mais fraco e... Ok. Não vai rolar. Eu entendo, não sou tão criança como você pensa. – ela abriu mais o sorriso.  


Snape pareceu querer fundir-se à porta, visivelmente arrependido de ter passado por ela. Procurar Gabrielle não era a melhor das idéias, ao menos pela ótica que ele preferia: a de que aquilo era completamente errado.


- Você precisa entender que...


- Eu já entendi, Snape. Já disse, você ta surdo? – ela revirou os olhos. – E, talvez, agora seja eu quem não queira, afinal... Complicação demais. Indecisão demais. Você se prende a possibilidades ao invés de fatos e isso é um tanto irritante. – ela parou à frente dele e desmanchou o sorriso. – Eu creio que tenha perdido o meu tempo. Nada além disso.


Snape fora mais uma vez pego desprevenido. Podia sentir seu orgulho masculino protestar dentro de si, enquanto sua razão fazia semelhante bagunça em sua mente. Briga mais insuportável, aquela. Por um lado, o desdém de Gabrielle o fazia querer mostrar a ela o quão errada estava, mas por outro, sua mente era inundada de desculpas fajutas para distanciá-lo daquilo.


- Melhor assim. – tentou parecer firme. – Dessa forma...


- Dessa forma? Uma resposta com frases tão curtas não pode ser levada à sério. Será que você está tentando formar mais desculpas para convencer a si mesmo? – ela arqueou a sobrancelha, parecendo séria. – Oh, não pode ser. Afinal, agora que eu não estou mais interessada, seria muito irônico que você ficasse finalmente interessado. Nem mesmo a vida é tão irônica, professor. Ou devo chamá-lo de outra forma agora? Não sei, estou confusa.


Ela não era a única confusa. Ele estava muito mais do que aquilo. Ela estava certa no fim das contas: Hogwarts não o aceitaria de volta. Sua carreira docente estava acabada. Ele não era mais nada de Gabrielle. Alguns flashs da noite anterior começavam a voltar, o confundindo mais. Ele queria tanto quanto ela e não entendia porque ainda colocava tantos empecilhos para si mesmo.


- Chega! – ele gritou, mais para si mesmo do que para outra coisa. – Chega, eu... Não posso mais. Você venceu! Eu perdi! Esse racionalismo estúpido nunca me levou a lugar nenhum mesmo.  – e nem o amor dele por Lily Potter, afinal. Ela estava morta, assim esse sentimento tinha que estar. Gabrielle não contava isso como um empecilho, pois nem mesmo tinha conhecimento, mas ele sim. Bom, não mais. Lily morreu, Gabrielle nasceu. No mesmo ano. Ele, ao contrario de Lily, estava vivo e precisava viver. O que ele sentia por Gabrielle o revivera e ele estava afastando isso como um idiota. Era a hora de sair do sepulcro. De ressuscitar. Ele sentia por ela algo que nem mesmo havia imaginado que sentiria em anos. Ainda mais por uma menina... A vida é bem surpreendente. – Quer dizer, não adianta mais. Já que você cansou da minha estupidez.   


O rosto de Gabrielle iluminou-se. O sorriso que ela ostentava agora parecia muito mais verdadeiro e era. Ela apoiou as duas mãos nos ombros dele. Finalmente Snape cedera a ela. Mal podia acreditar. Fora mais fácil do que ela mesma esperava.


- Talvez, se pudermos nos lembrar de ontem à noite, eu dê uma segunda chance à sua estupidez. – ela aproximou os lábios dos dele.


- Acho que isto cabe a você, afinal lembranças sobre ontem a noite não são o meu forte. – o alívio tomou conta dele. Não havia desistido de lutar muito tarde. Aquela coisa toda de desistir era só mais provocação e damn havia funcionado.


- Pensei que eu fosse a aluna, mas... Sem problemas... Acho que podemos começar assim... –ela beijou-o, sentindo as mãos dele a puxarem imediatamente para si. Gabrielle foi quem aprofundou o beijo, provocando a reação seguinte de Snape, que foi colocá-la no colo. Eles dirigiam-se à cama, porém um barulho maldito na porta os atrapalhou.


- Maldição. – bufou Snape, colocando Gabrielle no chão.


- Srta. Black. – chamou uma voz fina da porta. Gabrielle andou até a porta e atendeu um elfo.


- A Srta Black está no banho. O que foi?


- Oh Srta Ceresier, a Madame Malfoy queria que eu avisasse que o café da manhã hoje será servido mais tarde, às 9 horas em decorrência da festa.


- Eu avisarei. – Gabrielle fechou a porta e revirou os olhos. – A Narcissa é inacreditável! Ela queria mesmo confirmar se a Mel estava aqui. Mas... Onde estávamos?


- Indo para o meu quarto, onde a Narcissa não vai incomodar. Por Merlin, ainda são sete de manhã. Garanto que nem ela acordou! Deu as ordens ontem.


- Certamente. Mas a idéia do quarto é esplêndida. Ah, espere! Lençol não é roupa. – Gabrielle foi até o guarda roupas de Melinda e pegou uma camisola com um robe. Vestiu, sem incomodar-se com a presença de Snape.


- Er... Não acho que isso será muito útil quando chegarmos lá e...


- Será no caminho. E pare de olhar como se nunca tivesse visto antes... Ah, é. Você não se lembra. – ela riu. – De qualquer forma, vamos?


- Sim. – ele a puxou pela mão e ambos correram pelo corredor até chegar no quarto de Snape, cenário daquela história toda.


- Agora sim, onde estávamos? – perguntou Gabrielle, encurralando Snape na porta assim que entraram no quarto.


Snape não respondeu, apenas beijou-a e direcionou-se com ela para a cama, onde poderiam ter o tão desejado replay da noite anterior. Pena que só tinham duas horas para isso. Depois disso, todos estariam acordados e não seria interessante, pois interrupções seriam possíveis e não era aquilo que eles queriam.


 


Mansão Malfoy – Duas Horas Depois


 


Assim como o elfo avisara, o café estava na mesa às nove. Assim como Narcissa, Lucius, Melinda, Draco, Voldemort, Bellatrix e Gabrielle. Faltava apenas Snape, que já estava para descer. Todos, fazendo exceção a Voldemort e Gabrielle, pareciam destruídos. O primeiro sabia esconder bem até cansaço e a segunda havia dormido bem. Olheiras fundas sob os olhos e constantes bocejos dos outros todos eram a prova da curta noite de sono que haviam tido.


- Não entendo. – revoltou-se Bellatrix, jogando a faca com geléia na mesa. – Se você também está totalmente destruída, por que diabos só adiou o café da manhã uma hora. Você é retardada, Narcissa? Ainda manda um elfo idiota às 8 da manhã.


- No quarto da Melinda foi às 7, eu estava lá enquanto ela tomava banho. – disse Gabrielle, encobrindo Melinda, que logo percebeu.


- Sim. Eu mal consegui dormir, não sei porque. Mas ouvi a batida na porta. Meu Deus, tia Cissy, por que tão cedo? – perguntou a garota, pegando algo para comer.


- Bellatrix! Melinda! Snape ainda não desceu, por que estão comendo?


Ambas reviraram os olhos e largaram seja o que for que estivessem comendo.


- Grande coisa. – respondeu Bellatrix, mau humorada, recebendo por debaixo da mesa um leve chute de Voldemort. Não doeu, mas avisou e irritou.


- Vai. Defende seu Comensal favorito mesmo! Ficou a noite inteira ocupado com ninfetas menores de idade e agora atrasa. Nós é que temos que esperar. – o tropeço de Snape na escada foi bem ouvido por todos. Segundos depois ele chegou à sala, pálido como um fantasma. – Oh, finalmente Snape. Como foi a sua noite? – a Lady das Trevas, que havia momentaneamente olhado na direção de Snape, voltou a olhar na direção de Voldemort, com uma expressão sarcástica divertidíssima. Até ele quis rir, mas preferiu servir-se de chá e pensar em outra coisa. Seria constrangedor.


- Não creio que isso seja algo que de fato a preocupe, Bella. – respondeu Snape. – Me desculpe a demora, Narcissa.


- Sem problema, Snape. Sente-se.


            - Lucius? – perguntou Snape, espantado, ao ver a outra figura loira.


            Snape havia ido dormir antes do aparecimento dos Comensais, portanto não sabia dos companheiros que haviam voltado. Nem mesmo Gabrielle, que só notou depois do que Snape disse.


            - Por Merlin, é verdade, senhor Malfoy! – surpreendeu-se Gabrielle.


            - Nenhum de vocês estava aqui quando cheguei, é verdade. Bom revê-los. Oh, creio que entendo minha cunhada agora... Vocês...


            - Totalmente, mas nunca vão admitir. – disse Bellatrix, para o ar.


            - Na verdade, você errou, Bellatrix. Sim, nós estávamos juntos. – a reação de Snape espantou até mesmo a Voldemort, que dirá Gabrielle, Melinda e Bellatrix. Ele se sentou ao lado da loira. – Pelo o que sei, o Lorde aprova e você mesma ajudou Gabrielle.


            - Indeed. Mas só quando isso te irritava. Agora perdeu a graça pra mim, anyway. Mas fico feliz que Gabrielle atingiu seu objetivo. – Bellatrix direcionou a xícara à Gabrielle, como em um brinde, e bebericou do chá.


            - Concordo plenamente com minha mãe. Porém, agora vocês terão mais um desafio pela frente. O terrível casal Ceresier. – brincou Melinda, caindo nos risos com Draco e Gabrielle.


            Snape não parecia estar se divertindo tanto quanto os jovens ali, e na verdade queria algum tipo de explicação sobre aquilo.  Os três aos poucos pararam de rir, enquanto Narcissa permanecia lívida com tudo aquilo, ainda em choque.


            - Estamos brincando. Eles são o mais fácil, ainda mais com o apoio do Lorde. – disse Gabrielle. – Eles iam acabar me casando com um velho rico de qualquer maneira. Sem chamá-lo de velho, é claro.


            - Eu entendi o seu ponto.


            - Podemos mudar de assunto? Estamos assustando a Narcissa! Podíamos falar sobre a festa de ontem! Todo mundo sabia sobre vocês, mas vocês não sabem sobre todo mundo ontem. – interveio Bellatrix. – Garanto que atualizá-los dará tempo para Narcissa formular a diferença de idade que, Cissy, não é tão absurda! Mais ou menos a minha diferença pro Lorde.


            - Como se você realmente soubesse quantos anos eu tenho, querida Bella.  – ele riu de canto, incrédulo.


            - Ficaria surpreso.  – respondeu ela. – Lembro-me de quando nos conhecemos, quantos anos meu tio me disse que tinha. Da diferença entre nós. De todos os Comensais atuais, devo ser a única que sabe realmente quantos anos tem.


            - Não que isso faça muita diferença em relação a mim, mas fico surpreso sim. Bom, você é a única que sabe muitas coisas sobre mim, mas... Creio que devemos voltar à atualização de Snape e Gabrielle invés de entrar nesse outro assunto.


            - Acho ótimo. Sabe, Snape. O Rodolphus ontem quase morreu. – os movimentos da mesa pararam. Snape pareceu muito interessado naquilo.


            - O que aquele idiota fez, por Merlin? Deixe-me adivinhar! Bellatrix foi a causadora da quase-morte. Ele não aprende nunca mesmo. – pressupôs Snape, divertindo-se com a história.


            - Causadora, sim. Mas não da forma que você pensa. Não era a varinha dela o perigo para ele. – Snape fez sinal pra que Lucius continuasse, sem ver que Voldemort parecia ficar mais irritado a casa segundo. Bellatrix passou os dedos como se cortasse o pescoço sinalizando para que Lucius parasse, mas ele não o fez. – O Lorde e a Bella estavam dançando tango e o Roldie, nosso querido amigo, entrou no meio como um idiota.


            Snape percebeu onde Lucius queria chegar e entendeu o evidente desconforto de Bellatrix e comportamento irritadiço de Voldemort. Lucius era mais idiota que Rodolphus.


            - E pra piorar, depois puxou a Bella pra dançar. Achei que ele ia morrer. Nenhum Comensal queria nem chegar perto do Lorde porque tinham medo de...


            - Medo do que, Malfoy? – Voldemort bateu na mesa. – De que eu estivesse passionalmente irritado demais e acabasse matando um por tabela. Totalmente louco de ciúme. Claro, porque isso é totalmente eu. Por Merlin, Malfoy, os Comensais não podem ser tão imbecis! – a passionalidade tomou conta de Voldemort e nem ele percebeu. As lembranças da noite anterior o irritavam e não ter controle sobre isso o enlouquecia.


            Todos se calaram e tomaram café quietos, Lucius nem mesmo respondeu a Voldemort. Havia dito idiotices e preferia ficar quieto. Bellatrix brincou com a corda que fechava o robe preto que ela usava por cima da camisola longa. O clima ficou sufocante.  Lucius tinha o dom de arruinar a vida dela, sabia que ia atingi-la com aquilo. A intenção de Lucius, claramente, era jogar Voldemort contra ela. Como se mostrando como todos o viam mais fraco perto da mulher. A fome dela simplesmente sumiu. Jogou as mãos no colo e relaxou o corpo. Ninguém precisou perguntar pra perceber que ela havia perdido a fome.


            Bellatrix não fora a única a perceber o que Lucius tentara fazer. Snape, Narcissa, Melinda e, principalmente, Voldemort perceberam claramente as intenções dele. Voldemort não se deixaria manipular por Lucius, nunca. Ele havia sim perdido o controle, não admitiria pros Comensais, mas nem menos deixaria que Lucius fizesse intrigas com isso. O Lorde segurou a mão da Lady por debaixo da mesa, dando o recado de que Lucius falhara. Era o que ela precisava para respirar aliviada.


            - Os croissants estão magníficos, devia provar, Bella. – disse o Lorde, já muito mais calmo do que segundos antes. Ele entregou um pedaço a ela.  


            É, ela devia. E o fez. Lucius recebeu o recado finalmente: havia falhado. Atingi-los seria muito mais difícil do que ele mesmo esperava. Meses na cadeia, meses que eles se fortaleciam.


 


            Mansão Malfoy – Dois dias depois


 


            Melinda ainda encontrava-se na Mansão Malfoy, assim como os pais. A Mansão da família de Draco agora era a base dos Comensais da Morte e, como tal, precisava pelo menos por enquanto abrigar o Lorde das Trevas. O que era bom, pois o dava tempo para fazer o que ele planejava em relação à Mansão Riddle.  A jovem, enquanto isso, aproveitava a estadia com o namorado. 


            Naquele momento, contudo, não era Draco que a requisitava e sim outra pessoa. Uma bem mais desagradável, mas que havia se tornado aliada. Ela dirigiu-se a passos firmes, mas sem pressa, até a sala de visitas assim que foi avisada por Katherine Parkinson, que havia se mudado estrategicamente para a Mansão Malfoy para poder servir a ela e a Bellatrix com perfeição, da chegada do “convidado”.


            - Greyback. Honestamente não esperava vê-lo tão cedo. – disse a garota, assim que passou pela grande porta da dita sala. – Sente-se e diga-me o que o trás aqui.


            - Milady; – ele se curvou. – Acho que esse é o seu título também, não é mesmo?


            - Naturalmente. Mas, como eu disse, sente-se, creio que queira conversar. – Greyback sentou-se no sofá enquanto ela apoiou-se apenas no braço de uma poltrona. – Agora... Os negócios, disse que precisava urgentemente falar comigo, deixou-me demasiado curiosa, admito. O que tem de tão importante para dizer? 


            - Creio que a Srta se lembre que me mandou vigiar sua falecida irmã e que eu fiz isso durante um ano todo. – começou ele, com um leve tom de acusação.


            - Sim, eu me lembro e pressuponho que tenha alguma informação que pense me ser útil mesmo após a morte dela. Greyback, fez seu trabalho magnificamente e eu mesma reportei isso ao Lorde das Trevas. – ele arregalou os olhos e sorriu orgulhoso. – Hilary foi quem foi completamente desprevenida e praticamente jogou-se à morte, o que não interfere em nada em seu trabalho uma vez que eu mesma impressionei-me com a rapidez com que meus planos para ela se concretizaram. Ela foi descuidada e como ela está morta, não creio que agora alguma informação que tenha sobre ela em vida possa me ser útil.


            - É aí que se engana, princesa. Eu tenho uma que ultrapassa a morte da sua irmãzinha e que pode tornar-se um problema para a Srta e até para o Lorde.  – o interesse estampou-se no rosto dela.


            - Continue.


            - Sabia que ia se interessar. Só não se esqueça de que fui eu quem conseguiu a informação.


            - De forma alguma, não se preocupe. Sei dar o crédito a quem é devido. – ela parecia começar a ficar impaciente.  


            - Sua irmã foi bem rápida quando se mudou com Cedric Diggory, preciso dizer.


            - O que quer dizer com isso?


            - Demorou para eu desvendar porque ela estava ficando estranha, mas... enfermeiras trouxas podem ser bem idiotas. Ela estava grávida. – Greyback teve a impressão de que Melinda ia cair, pois ela se desequilibrou nos saltos e, se não fosse o braço da poltrona onde ela estava apoiada, certamente teria caído.


            - Grávida?


            - Sim...


            Melinda engoliu seco e apertou os olhos. Para ela, matar Hilary fora no fundo bem difícil, mas... grávida? Ela tinha também matado o bebê? Era demais até pra ela. A criança não tinha nada a ver com a história. O problema dela era com os pais.


            - Quer dizer... Que... Quando... Eu...


            - Não! Não! – Greyback cortou Melinda. – Ela não estava grávida quando você matou ela! Merlin, não. Ela já tinha parido a garota!


            Melinda pareceu mais aliviada. Greyback era um idiota mesmo. Ela respirou fundo e voltou à postura de antes, muito mais calma. Uma criança, sobrinha dela. Aquilo não seria um problema como ele pensava, nem de longe.


            - Garota. Então é uma menina... Interessante.


            - É. Uma guria e sei de quem possa saber o nome.


            - Quem?


            - Digamos que eu vi uma pessoa muito familiar entrar na casa um pouco depois do nascimento. – Greyback mais uma vez interessou Melinda com suas informações.


            - Um bruxo?


            - Bruxa.


 


 


            Os passos furiosos de Melinda ecoaram agudamente pelo corredor que ligava a sala de visitas à sala de estar da Mansão Malfoy, onde todos encontravam-se, passando o tempo contando as novidades para Lucius. Bellatrix não parecia muito confortável, mas precisava ficar ali. Draco e Voldemort, no entanto, pareciam estar tendo uma ótima manhã. A conversa parou com o barulho.


            A porta da sala abriu-se bruscamente e pela distância da porta pra Melinda ela havia aberto com magia. O rosto da jovem estava desfigurado em ódio, lembrando bastante o próprio Voldemort.


            - Mas o que diabos? – Narcissa levantou-se.


            - É o que eu digo, Malfoy!


            - Melinda. O que está acontecendo? – Gabrielle, que conseguira que os pais a deixassem ficar com Melinda por alguns dias, perguntou assustada.  Estava adorando o acesso livre a Severus, que constantemente visitara a Mansão nos últimos dois dias por ela e pra passar informações a Voldemort, mas agora estava com medo de estar bem no meio de um furação sem tamanho. Nunca vira Melinda tão irritada.


            Algo estava acontecendo, ela nunca chamara Narcissa pelo sobrenome daquela forma desdenhosa. Draco levantou-se também, temendo o que poderia vir a acontecer entre sua mãe e sua namorada.


            - Encare a pergunta de Gabrielle como minha. – pronunciou-se Voldemort, incomodado com a entrada da filha aparentemente sem motivo. 


            - O que acontece é que temos uma traidora no meio de nós! Na nossa própria família, digo, mais uma, não é, titia?


            - O que você está dizendo, Mel? Está louca? – Narcissa buscava entender o que levara a sobrinha àquilo.


- Qual é o nome dela, Cissy? – ela fez uma falsa voz inocente.


- De quem?


- Daquela linda garotinha que nasceu pouco mais de um mês atrás, titia! A que você foi visitar em Londres! Lembra-se? – a expressão inocente dela era extremamente caricata. Claramente falsa e maníaca.


            Narcissa ficou pálida. Como ela sabia? Tudo fora feito pra esconder aquele segredo e ele caíra de bandeja no colo de Melinda. Como? Ao olhar para a porta, Narcissa entendeu. Greyback estava lá parado. Tudo fazia sentido, ela era espião para Melinda! A sobrinha era mais inteligente do que ela pensara.


            - Sim, eu fiz o dever de casa na missão de matar a Hilary! Acha mesmo que eu previ que ela entregaria a mim a própria cabeça em uma bandeja de prata como fez? Bem, não. Agora... Não respondeu minha pergunta! Qual é o maldito nome da criança? E não se faça de idiota! Sabe muito bem de quem eu estou falando e que eu posso já saber esse nome, mas eu quero ouvir, Narcissa! – adeus voz inocente. 


            A confusão tomou conta do recinto. O que a tal criança tinha de tão importante e qual era a relação dela com a história de Hilary. Além disso, porque Greyback tinha algo a ver com aquilo. Apenas Voldemort e Bellatrix sabiam do pequeno combinado entre a princesa e o lobisomem. É, talvez Gabrielle também.


            Narcissa abriu e fechou a boca duas ou três vezes sem dizer nada. Não sabia o que fazer, era um beco sem saída e ela sentia o olhar de Lucius enraivecido queimar suas costas.


            - Qual é o nome da minha adorável sobrinha, tia Narcissa? – O horror tomou conta de Narcissa e o choque do restante. – Sim, é o que todos ouviram. A tia Narcissa esqueceu de contar que a Hy tinha tido uma filha e que, ah, foi convidada pra conhecê-la, foi até a casa da Hilary.


            O olhar de Lucius queimou mais em Narcissa. Ela só fazia estupidez, mais que ele. Por Merlin. Draco parecia mais chocado e incrédulo.  Voldemort pareceu irritar-se e Bellatrix revirou os olhos. Narcissa tinha informações importantes e ocultou-as, era burrice pensar que logo a realeza das trevas não ia acabar descobrindo.


            - Anda, tia Narcissa! – ela fez voz de impaciente e empolgada. - Eu quero saber o nome da minha linda e adorada futura filhinha! Eu tenho esse direito como futura mãe. – o ar finalmente pareceu faltar para Narcissa. O tom pálido dela piorou. Os lábios dela tremiam tentando formar palavras.


            Melinda sorriu face ao espanto de todos, inclusive Greyback. Ela aproximou-se mais de Narcissa, que parecia horrorizada.


            - Cedric é para mim apenas uma questão de tempo, aquele idiota conseguiu me manipular e já pode ser considerado carta fora do baralho. E, você achou mesmo que eu deixaria a minha sobrinha, sangue do meu sangue, ser criada por uma família de traidores do sangue? Vou dar a ela a educação que a verdadeira Hilary, aquela sem a manipulação do Diggory por trás, daria a ela. A que eu tive, a que ela teve. Sim, tia Narcissa. Eu vou criá-la como se fosse minha. Afinal, ela é um belo exemplo de sangue puro! Não vale a pena desperdiçar.


            - Você enlouqueceu? Os Diggory nunca vão te entregar a Lynx!


            Melinda riu aguda e exageradamente. Ela parecia que ia chorar de rir.


            - Claro, porque eles podem contra Comensais da Morte. É exatamente por isso que estão escondidos! Ela já é minha filha, já até a considero assim! Lynx. Ah, então este é o nome, e que nome. Merlin! Tinha que ser a Hilary, logicamente vou mudar, ela ainda será um bebê, então sem problemas.  Na verdade, vou deixar como segundo nome, afinal a Hilary falou a vida toda que ia dar esse nome pra filha, dessa constelação.- Narcissa desistiu dos argumentos.


            - Uow! Essa é uma maneira no mínimo interessante de saber que eu vou ser pai! – disse Draco, chocado.


            Melinda olhou-o descrente. Não achou que ele teria essa reação, de entrar naquilo com ela, e muito menos Narcissa.


            - O quê? Achou que eu ia te deixar sozinha nessa? Alguém tem que ter te engravidado aos dezesseis....


            - Draco! Não acredito que você vai entrar nisso!


            - O que você prefere? Que a garota seja criada odiando a todos nós? Pensa, mãe!


            - Já pensou na possibilidade de Hogwarts abrir, Melinda? – perguntou Voldemort. – A quem delegará a garota? Digo se conseguir pegar a bebê antes.


            - É contra?


            - A favor. Contudo, você precisa amadurecer a idéia.


            - Caso consiga pegar a criança antes de terminar Hogwarts, eu cuido do bebê. – disse Narcissa. – Quem sabe possa me redimir de ter aceitado fazer o voto perpétuo de não dizer onde era a casa deles.


            - Ela será só um bebê, não creio que haverá problema. – disse Bellatrix. – Não há como influenciar.


            - Eu ficarei de olho também. – disse Lucius. – Para que com ela não sejam cometidos os mesmos erros que foram com Hilary.


            - Sou capaz de obliviar minha própria filha se perceber que houve algum tipo de influencia ruim, mas obrigada tio Lucius. – Melinda parecia estar começando a aceitar. – Contudo, tia Narcissa sabe bem como criar uma criança para ser fraca pode ser desastroso.


            - Sem dúvida, não quero outra Hilary. E, por mais que me pareça mórbido, aceitarei participar disso porque não quero ser odiada pela criança. Ela é minha sobrinha-neta e está sem mãe por culpa de alguns erros meus a criar Hilary, não perderei outra sobrinha. Cometer o mesmo erro duas vezes é uma burrice sem tamanho.


            - De fato, Narcissa. Ficarei de olho em você de hoje em diante, suas atitudes não têm me agradado. Um passo em falso e eu saberei. – Voldemort avisou, sério.


            - Sim, milorde. – ela olhou para o chão.


            Não podia fazer nada, uma hora ou outra Melinda descobriria Lynx, e era melhor que ela a criasse do que a matasse. Pensar na possibilidade de ter a linda bebezinha assassinada a arrepiava.


            - Ótimo, agora... Greyback! – chamou Melinda, sendo ouvida pelo Lobisomem que pulou para dentro da sala em menos de um segundo. – Preciso que se mantenha atualizado nos passos de Diggory, mas sem atrapalhar suas missões como Comensal, assim como fez ano passado, imagino que seja capaz disso ou será que não? – ela cruzou os braços em frente ao corpo, sorrindo desafiadora.


            Greyback fez uma careta, parecendo ofendido com a dúvida da Princesa. Ela não podia logo agora duvidar da capacidade dele, não depois de tantas informações boas que ele lhe dera.


            - É claro que sim! – rosnou ele, em resposta. Narcissa tremeu um pouco com a reação dele, mas Melinda permaneceu impassível.


            - Ótimo. – respondeu com naturalidade. – Esperava que sim, agora, a não ser que o Lorde das Trevas tenha algo para falar contigo, por mim pode ir.


            - Na verdade, eu tenho. – interveio Voldemort. - Uma vez com Greyback aqui, posso adiantar um assunto de meu interesse. Com licença. – Voldemort andou em direção à porta. – Me acompanhe Greyback.


            - Sim, milorde. – Greyback acompanhou Voldemort, já sabendo do assunto que ele queria tratar, secreto para todos menos ele e Yaxley. Nem mesmo Bellatrix sabia, aliás ela era a última que poderia saber.  


           


            Horas Depois


 


            Narcissa Malfoy estava sentada no sofá da sala, olhando pela janela. O dia começava a acabar, o céu crepuscular era a prova. Os tons vermelhos do fim da tarde inundavam a Mansão Malfoy, mas não melhoravam a aura de tristeza que se instalara naquele cômodo.


            A loira estava desolada com tudo o que acontecera. Ela havia criado Hilary, havia criado-a para ser delicada e amorosa, não para ser a filha do Lorde das Trevas que ela deveria ser. Um tipo de criação que nunca fora permitida por Lucius a Draco. Mas, além disso, ela crescera fraca e manipulável e, talvez, Draco também.


            A cada dia via o filho se parecer mais com Melinda e no fundo ela desejava que fosse manipulação, mas sabia que para ser manipulado de tal forma, para ser totalmente mudado, ele precisava de uma predisposição. O caso de Hilary era diferente, a mudança fora apenas superficial. Draco, pelo contrário, estava mudando de dentro para fora. A verdade era: Draco não estava mais parecido com Melinda, ele estava mais parecido com Lucius. E esse era o maior medo dela. Não que ela se importasse com o que ele viesse a fazer com trouxas, de fato ela pouco ligava, mas com o que ele possivelmente faria com bruxos sangue puro que se colocassem em seu caminho. Ele matara Dumbledore, será que seria incapaz de matar alguém no mundo?  


Dúvidas e mais dúvidas. Ao menos, Draco não havia sucumbido a suas fraquezas, havia passado por cima da fraqueza de sua criação e se tornado mais forte, e era por isso que ele estava vivo. Porque superara a péssima criação dela. O que Hilary não fizera. Ela não podia cometer o mesmo erro com Lynx caso tivesse que cuidar dela. Naquele mundo, apenas os fortes sobreviveriam. E se força significasse crueldade, bem, ela criaria Lynx para ser a neta de Voldemort em todos os aspectos. Era a única forma de se redimir por Hilary, evitar que o erro se repetisse. E os Diggory também não mereciam Lynx. Se não fosse por eles, sua sobrinha ainda estaria viva.


Chega uma hora em uma guerra em que todos precisam decidir de que lado realmente vão ficar. Narcissa nunca duvidara de seu lado, mas nos últimos meses havia fraquejado um pouco, talvez por causa de Hilary, mas percebia que isso não podia continuar. Devia voltar a ser a Narcissa de antes, sem fraquejar. O lado forte, aquele que ela sempre apoiara e continuava apoiando, venceria aquela guerra e ela queria vencer junto. O mesmo lado com o qual concordava, porque apesar de suas recentes atitudes, sua opinião sobre os trouxas nojentos não mudara. E nem ela de fato.


- Cissy! – Bellatrix chamou alto, sentando-se ao lado da irmã. Narcissa assustou-se e olhou para ela subitamente. – Finalmente! Estou te chamando há eras. O que foi, perdeu-se nas próprias brilhantes divagações?


Narcissa riu do evidente sarcasmo da irmã. No fundo, todos a achavam pelo menos um pouco superficial, até mesmo sua irmã. E fora de fato, na maioria da sua vida. Mudara gradativamente após Draco, mas ainda sim não demonstrava com freqüência a profundidade adquirida. Ela merecia, no fim das contas.


- Por aí. Estava pensando nessa coisa toda envolvendo a Lynx, a Hilary e a criação que eu dei pro meu filho e pra minha sobrinha. Tenho uma parcela de culpa na morte de Hilary e em Lynx ter se tornado órfã. – respondeu Narcissa, apoiando o cotovelo no encosto do sofá e suspirou triste.


- Você se culpa, é natural. Mas creio que não devesse lembrar dessas coisas e se martirizar o tempo todo, Cissy. Move on, darling. Sei que é difícil, mas precisa se concentrar em outras coisas. Estamos em guerra. Não se esqueça disso. – disse Bellatrix, tentando aconselhar a irmã o melhor possível – sem parecer repugnante – e esperando que a loira pensasse nas coisas que poderiam ser mudadas e criadas não naquelas que já não tinham solução.


Narcissa sorriu. Mesmo sem intenção, Bellatrix estava demonstrando abertamente sua preocupação. É claro que estava fundamentada no que ela faria ou deixaria de fazer na guerra e em como isso afetaria Voldemort e os Comensais da Morte, mas também nas conseqüências que as atitudes de Narcissa trariam para ela mesma. No fundo, Bellatrix estava longe de desejar que alguma estupidez a irmã pudesse virar algo desastroso.


- Bella, minha irmã, não se preocupe. Era exatamente nisso que eu pensava, em como devo reparar meus erros se tiver a chance de cuidar de Lynx e, também, em como não posso deixar-me levar por essas emoções no meio desta guerra. Não mudei de idéia, continuo do mesmo lado que você e meu marido, apenas preciso ser mais ativa, nem que meu empenho seja direcionado a não atrapalhar vocês. – Narcissa foi ouvida atentamente pela irmã, que parecia contente.


- Eu nunca de fato duvidei que você estivesse ao nosso lado, e não acredito que sua função será somente não atrapalhar. Duvido que seja mandada a missões externas – mesmo porque não te agradaria – mas sempre precisamos de apoio, alguma lugar para voltar no fim de tudo e alguém precisa estar lá para ajudar. Este local é a Mansão Mafloy, e essa pessoa: você. Como sempre foi. – Narcissa assentiu, Bellatrix estava certa. Ela ficava no apoio, era a retaguarda, como sempre fora e sempre seria. Não havia necessidade de continuar aquele assunto, tudo já estava claro.


- Bem... Mudando de assunto. – Bellatrix não fez objeção e acenou com a cabeça para que a loira continuasse. – Você não devia estar aproveitando o tempo livre com o Lorde? Quer dizer, a guerra está se intensificando e tempo não é algo que logo vocês, sendo quem são, terão de sobra. Pensei que não iam sair do quarto, o que não me deixa completamente feliz, mas...


A expressão tranqüila de Bellatrix murchou, por mais que ela tentasse esconder, o sorriso fora repentinamente apagado do rosto dela. Mas a morena, ainda assim, tentou disfarçar.


- Quisera eu, mas a falta de tempo já começou. Ele saiu logo depois que conversou com Greyback. Foi ver algo e não me disse o que era. Algo da tomada do Ministério, eu suponho. Provavelmente Yaxley cometeu alguma imperícia. Típico, mas os Comensais não pode, fazer besteiras sob pressão, não como se fossem iniciantes estúpidos. – ela revirou os olhos.  


            - Meu filho matou Albus Dumbledore sob imensa pressão. Aos dezesseis anos. Não posso acreditar que Yaxley com seus anos de experiência infiltrado no Ministério não consiga agüentar a pressão de executar um golpe, porque nem precisou arquitetar, o Lorde das Trevas fez isso por ele... Mas, por algum motivo, não sinto firmeza em você, minha irmã. Será que você mesma não acredita no que disse?


            Bellatrix suspirou rendida e colocou ambas suas mãos sobre o rosto por alguns segundos. Narcissa observou quieta casa movimento da irmã, tentando decifrá-la, mas não teve sucesso algum nisso. Tudo o que pôde perceber foi uma extremamente evidente inquietação.


            Finalmente, a morena tirou as mãos do rosto e levou-as ao colo, para onde olhou um pouco antes de voltar a olhar para Narcissa. A inquietação dela ficou ainda mais evidente.


            - Não, eu não acredito no que disse. Por um simples motivo: Greyback não tem nada a ver com a tomada do Ministério. Está concentrado nos Lobisomens e na captura de pessoas. E os ouvi quando o Lorde estava saindo e...


            - E?


            - Greyback disse: “Não se preocupe, a Lady das Trevas não ficará sabendo” e o Lorde respondeu “Assim espero” . – respondeu Bellatrix, preocupada. – Eu não tinha a intenção de ouvir, foi acidental, e eu honestamente preferia não ter ouvido.


            - Agora você está preocupada. Não tiro sua razão. – Narcissa não conseguiu demonstrar confiança, por mais que quisesse.


            - Sim, estou! Ele sempre me conta tudo. Por que me esconder coisas agora, logo agora?


            - Talvez seja algo sem importância...


            - Tudo que ele faz tem alguma importância, e mesmo que na tivesse, mais um motivo para não me esconder. – Bellatrix se levantou em subido, andou de um lado para o outro, nervosa. – Ele mandou Greyback garantir que eu não soubesse, Cissy.


            - Bella, todos podem querer fazer surpresas. Logo ele vai te deixar saber. Por mais que não pareça algo do estilo dele, provavelmente é uma surpresa para você. E boa. Você não fez nada para merecer o contrário. Certamente Melinda também não está sabendo... – Narcissa fez sinal pra que a irmã se sentasse.


            - Quem sabe você esteja certa. – a morena voltou a se sentar, respirando fundo.


            Aconselhara Narcissa, e agora a irmã a aconselhava apenas dois minutos depois. Interessante como o mundo dá voltas.


            - Ou pode ser algo irritante sobre o Diggory ou a Hilary e o Lorde não deseja aborrecer você. I mean, ela morreu, mas Greyback a investigou.


            - Sim, sim. Eu sou uma idiota e não deveria me preocupar com isso.


            - Não é idiota, mas de fato não precisa se preocupar. – Narcissa sorriu e segurou a mão da irmã mais velha.


            - Falando de mim? – a voz irritantemente convencida de Lucius Malfoy tomou a atenção das duas. Ele estava parados a alguns passos delas. – Digo, com esse clima de amor fraternal e apoio mútuo, só pode ser.


            Contrariando as expectativas de Narcissa, Bellatrix não reagiu bruscamente. Pelo contrário.


            - Não, Lucius. Hum... Parece que não é o seu dia de sorte! Nem o meu, afinal não posso te expulsar de uma sala na sua própria casa. Não tenho esse poder, mas posso com certeza lhe tirar do meu caminho se você mesmo não o fizer. Imediatamente. – ela se levantou calmamente.


            Lucius, que estava parado na frente de Bellatrix, no meio do caminho até a porta, deu um passo para o lado, sem nem pestanejar. Ficara tão impressionado com a ordem dela, que não teve a ousadia de desobedecer.


            - Obrigada. – respondeu a morena, completamente sarcástica. – Nos falamos mais tarde, ou no jantar, Cissy. – despediu-se olhando momentaneamente para a loira, que assentiu.


            Bellatrix passou por Lucius se direcionou-se à porta, da qual não passou pois alguém a impediu. Elasó veio a ver quem era quando já havia se chocado contra ela, aquele por quem esperara o dia todo.


            - Milorde. – fez uma reverência quando já conseguira recuperar o próprio equilíbrio.


            - Bella, parecia apressada...


            - Nem tanto...


            - Se você diz... Lucius, Narcissa, boa noite. – os tons do avermelhado crepúsculo já haviam deixado a sala e a escuridão começava a se apoderar do céu. Durante a conversa, Narcissa e Bellatrix nem notaram.


            - Boa noite, milorde. – respondeu o casal, também o reverenciando discretamente.


            - Ótimo que a encontrei, Bella. Venha comigo. – Voldemort estendeu-lhe a mão. Ela segurou a mão dele e foi puxada para o corredor, ouvindo Voldemort dizer um “Com licença” aos Malfoy.


            Passaram uma parte do caminho calados, até que começaram a subir as escadas e ela decidiu perguntar.


            - Procurava-me?


            - Sim... Preciso te mostrar algo em nosso quarto...


            - Oh. – um sorriso malicioso percorreu os lábios dela. – Claro. Imagino o tipo de coisa que quer me mostrar.


            Ele riu da reação dela, fazendo um movimento de negação com a cabeça enquanto ria. Não era de se impressionar que ela levasse para aquele lado se tratando deles dois, mas chegava a ser engraçado como sempre um deles maliciava as coisas. Ela não entendia o motivo de risada dele, não havia dito nada de engraçado. Pelo contrário.


            - Bem, isso também depois, mas agora... É outro tipo de coisa. – esclareceu Voldemort. – Uma adequada para você comentar nas mais antiquadas rodas sociais se desejar.


            - Hum... Algo com moral. Interessante, vindo de você. – provocou Bellatrix, arqueando uma das sobrancelhas.


            Ele parou já a apenas uns dois metros da porta do quarto, uma expressão falsamente chocada no rosto. Ela decidira provocar, ele estava pretendendo entrar no jogo.


            - Está me chamando de imoral, Bella minha cara? Que coisa mais terrível de se dizer, logo para mim. – ele a encurralou contra a parede. – Sabe que a moral é minha virtude mais apurada. – sussurrou ele, os lábios encostando na orelha dele.


            - Nunca achei que de fato tivesse virtudes. – provocou ela, novamente, tendo como resposta uma mordida dele no lóbulo de sua orelha. Voldemort pôde, pela proximidade, sentir Bellatrix suspirar, por mais que ela o fizesse em silêncio.


            As mãos macias dela foram de encontro à nuca dele, causando um arrepio gostoso em ambos quando as peles se tocaram, naquele momento, a dela levemente mais aquecida do que a dele, ainda que nenhuma fosse exatamente quente.


            Voldemort beijou logo abaixo da orelha de Bellatrix e ela desceu as mãos para os ombros do Lorde e o puxou para mais perto de si. Ele parou a carícia no pescoço dela e a olhou, um discreto sorriso malicioso percorreu os lábios dele.


O bruxo aproximou os lábios dos dela e assistiu a mulher voltar uma das mãos para sua nuca e puxá-lo para um beijo. Um beijo lento, sensual como as carícias de momentos antes. Voldemort acompanhava o ritmo dela e, quando a bruxa, decidiu aumentar a intensidade do beijo, ele a instigou a continuar aumentando.


Minutos depois, o simples beijo já era suficiente para tirar o fôlego até de um expectador, as línguas deles batalhavam pelo domínio, enquanto as mãos tentavam reconhecer todas as partes do corpo do outro para serem reconhecidas, o ar faltava a ambos e os corpos pareciam querer se fundir. 


Voldemort afastou Bellatrix em súbito, ouvindo um gemido de reprovação da parte dela, a mesma reprovação que ficou estampada no rosto dela. Aquilo o divertia imensamente.


- Bella, Bella. Estamos no corredor da casa de sua irmã! Por Merlin! Não faça essa cara! Depois eu sou o imoral e desvirtuado. – pronto. Agora ela entendia aquele amasso repentino, ele estava tentando provar alguma coisa. A voz de falso ofendido era a prova.


- E quem disse que eu não era também? – respondeu, transbordando atrevimento.


- Impertinente. Cuidado, Bella. Ainda sou seu mestre. – Voldemort adotou uma postura séria, momentânea, é claro.


Bellatrix adquiriu uma expressão fechada, ainda assombrada pelos medos que a haviam incomodado mais cedo, quando conversara com Narcissa. Ela não conseguiu responder.


- E como seu mestre, devo avisar-te que me agrada muito que tenha chegado ao mesmo nível de moralidade que eu. – ele segurou a cintura dela com as duas mãos e a puxou para mais perto. – Que, segundo você mesma disse, é nenhum.


As preocupações dela se dissiparam no momento em que o tom malicioso e sensual voltou à voz dele. A relação deles era cheia de jogos. Aquele era só mais um.


Bellatrix contornou o pescoço dele com os braços, sorrindo sinceramente aliviada. Contudo, ela ainda queria saber o que ele não queria que ela descobrisse, além é claro da coisa que ele queria mostrar.


Voldemort deu a impressão de que ia beijá-la novamente e, quando ela projetou o corpo para frente, afastou-se cruelmente dela, ostentando um sorriso zombeteiro.


- Eu sei que quer se divertir mais, porém ainda tenho algo para te mostrar... Venha. – ele puxou a bruxa, que inconformada com aquela brincadeirinha dele, não parecia nada contente.


- Queremos, você quer dizer. – disse Bellatrix, soando descontente.


- Talvez. – ele abriu a porta do quarto e entrou.


À primeira vista, Bellatrix não notou nada de diferente, até que viu a cama. Em cima dela estava um buquê com as maiores e mais belas rosas que ela já havia visto. Elas eram três ou quatro vezes maiores do que a maior que ela tinha visto até então. Além disso, as cores eram maravilhosas. No buquê existiam três tipos: negras, roxas e vinho bem escuras. No caso da roxa e da vinho, as bordas das enormes pétalas eram mais escuras, na negra, as bordas eram levemente mais claras. O tipo de flores que ela nunca imaginara que veria.


Enfeitando estavam minúsculas flores brancas e algumas folhagens, que mal podiam ser notadas frente ao esplendor daquelas rosas. Ela pegou o buquê finalmente amarrado por uma fita e viu que tinha um cartão.


 


“Flowers as beautiful and dark as you are, my lady.


L.V.”


 


            Bellatrix ficou abismada com a beleza e o perfume das rosas, que também era mais forte do que o comum. Cada vez mais, ela tinha certeza de que eram flores encantadas. Totalmente Voldemort, nada vindo dele era comum, não podia ser.


            - Elas são esplêndidas... – disse Bellatrix, visivelmente maravilhada com as flores. – Nunca vi tão belas. Encantadas, certo?


            - Always. – respondeu ele, que estava apoiado no portal. Deixou o apoio e se aproximou dela. – Não duvido que jamais tenha visto tão belas, mas... Que bom que gostou.


- É claro que sim! Imagine que eu não gostaria! – ela o segurou pela nuca e o beijou em agradecimento.  – Thank you.


- Forever welcome. – ele a beijou mais uma vez.


- Então é isso que queria me mostrar! Lindo e bem moral! Mas eu posso pensar em maneiras bem imorais de agradecer mais propriamente. – respondeu a morena, mordendo o próprio lábio, a malicia transbordando em sua expressão.


Voldemort pegou a varinha e com ela fechou a porta e fez o buquê dela repousar à salvo na poltrona próxima a eles.   


- E eu... – ele guardou a varinha novamente nas vestes. – Adoraria descobri-las.


O Lorde a puxou firmemente pela cintura, fazendo o corpo dela chocar-se contra o seu. Tomou seus lábios com avidez, beijando-a como fizera antes no corredor, terminando o que havia começado. Bellatrix embrenhou os dedos nos cabelos dele e colocou-se nas pontas dos pés para poder alcançá-lo melhor.


Voldemort acariciou a cintura de Bellatrix, subindo para as costas dela, deixando-a o mais próximo possível dele. Qualquer espaço era um desperdício. As mãos dele pararam e inverteram o caminho, voltando para a cintura e descendo para a bunda e as coxas dela. A bruxa interrompeu o beijo afastando-o pelo queixo quando seus pulmões imploraram por ar, puxou o lábio dele entre um pouco os dentes ao fazer isso. Ambos soltaram o ar pesadamente e Bellatrix percebeu que seus pés deixaram de tocar o chão.


Voldemort a havia pegado no colo. A morena começou a brincar de cruzar e descruzar as penas. Apesar de estar bem sustentada pela mão dele em suas costas e pela outra em seus joelhos, ela contornou o pescoço dele com o braço e não resistiu a beijá-lo novamente. O bruxo, então, andou quase às cegas com ela em seu colo até a cama, onde a sentou. Esgueirou-se por cima de Bellatrix, que se inclinou para trás aos poucos, primeiro escorregando as mãos que apoiara atrás do corpo, para apoiar-se nos cotovelos e depois deitar, enquanto ele encaixava-se em cima dela.


- Imagino que agora esteja confortável o bastante para me mostrar aquelas maneiras de agradecimento... – disse ele, apoiado nos braços ao lado dos ombros dela. Ela assentiu.


- Todas elas. – respondeu, enganchando a perna no quadril dele. – Uma por uma... – sussurrou próxima os lábios dele, roçando as unhas na nuca e no ombro de Voldemort.


- Assim espero. – sussurrou da mesma forma que Bellatrix, que o beijou assim que ele terminou de falar. Eram muitas formas de agradecimento, ela não tinha tempo a perder. Mas algo ainda a intrigava... Como ele conseguira aquelas rosas tão diferentes? Era o que ela adoraria descobrir. Depois de agradecê-lo com propriedade, o que era demasiado interessante para ser adiado.


 


 


 


Em oposição à felicidade plena da irmã, Narcissa afogava-se nas próprias mágoas. Em seu quarto, arrumava-se para o jantar, vendo Lucius mexer em algo no armário pelo espelho. Ele parecia tão leve, despreocupado, como se não houvesse nenhum tipo de problema. Pareceu achar o que procurava. Uma dos pares abotoadoras dele.


Lucius sorriu satisfeito e colocou os acessórios, arrumando a gravata olhando-se ao longe no espelho de Narcissa. Nunca havia parado para falar com ele sobre o problema com Bellatrix depois que ele voltara para casa. Tudo morrera lá em Azkaban, mas... A atitude dele era insuportável.


O barulho estridente da escova de prata chocando-se contra a penteadeira de mogno assustou Lucius. Narcissa já estava de pé quando ele se deu conta. Ela estava virada para ele, visivelmente alterada.


- You son of bitch! Como você consegue? Responde! Como consegue fingir que tudo está bem? Porque nada está bem para você, Lucius! – ela falou em uma única respiração.  Ao terminar, respirava ofegante. – Além de ser um canalha, quase matou o próprio filho!


- Do que diabos você está falando?  


- Estava tão preocupado em perseguir Bellatrix que conseguiu ser passado para trás por um bando de adolescentes! Posso garantir que no Ministério estava mais preocupado em secar ela do que em pegar a maldita profecia! Por isso a perdeu, por isso minha irmã quase morreu, por isso seu filho foi mandado para a morte! Eu profundamente agradeço Melinda por ter dado um jeito de Draco matar Dumbledore! Eu soube por Gabrielle que até o término do namoro deles foi proposital! Ela queria provocá-lo! Fazê-lo pensar que ela o achava fraco! O orgulho masculino dele não podia suportar. Mesmo depois de Draco ter descoberto, o orgulho ferido continuava lá bem no fundo! O resultado? Ele matou Dumbledore, certo? Graças a ela! Agora... Você? Tudo o que fez foi provocar o Lorde das Trevas! O tempo todo! Até a sua sujeira espirrar no seu filho!


- Melinda é bem igual à mãe dela, mesmo. Não é só bonita, como engenhosa, a menina. – disse ele, com um tom de voz tranqüilo.  – Devo agradecer a ela por ter salvado Draco. Incrível como pais e filhos podem ser parecidos.  Elas são iguais. Eu e Draco também, até no gosto por mulheres.


Lucius teve que desviar de um vidro de perfume quase vazio que Narcissa atirou nele. A canalhice dele a enlouquecia. Filho da puta desgraçado!


- Nesse quesito Melinda e Bellatrix são bem diferentes! Para seu azar, é claro. E o Draco é muito melhor do que você no tratar com elas. Pode ter a garota que quiser e não precisa forçar. Oh! Talvez seja nisso que o gosto de Melinda e Bellatrix fica parecido! Porque o Lorde das Trevas também não precisa forçar... Segundo Bellatrix, ele é muito bom pra conquistar. E, nisso, bem... Você é um desastre! Provavelmente é por isso que agora ela está trancada no quarto, com ele. Na cama com ele. Divertindo-se, com ele. E não com você! E o Lorde nunca vai gostar dela como você gosta! Nunca a adorará tanto! – Narcissa ficou parecendo uma versão loira de Bellatrix com tamanho sarcasmo. Ela sempre assistira sua irmã se defender, era a sua hora. – Too bad for you. Mas ela também nunca vai gostar de você como você gosta dela, ou... Gostará de forma alguma!


O rosto de Lucius deformou-se em uma expressão de ódio. Seguramente, ele preferia a versão mosca morta de Narcissa. Contudo, ele mesmo transformara a esposa. Direta, com toda a história do estupro, e indiretamente, quando seu erro levou Draco àquela missão suicida. Bem feito para ele.


- O que foi, Lucius? Ficou mudo? A constatação de que é a ele que ela ama e sempre amará é dura demais? Logo ele! Contra quem você não pode lutar? Bem, Rodolphus conseguiu superar. Você consegue. Ainda mais que ele estava bem à frente de você na corrida já que ele não a estuprou acabando com qualquer simpatia que ela pudesse ter por ele!  


- Talvez! Assim como foi pra você descobrir que o seu marido era louco por outra mulher que era... A sua irmã? – ele também sabia alfinetar. Esperou a resposta dela aproximando-se lentamente, como um predador à espreita da presa indefesa.


- Exatamente! – ou não tão indefesa assim. – Percebe como é, Lucius, o sentimento?


- Qual? O de que você ama alguém que nunca te amará da mesma forma em resposta?


- Sim! É perfeito ter alguém para compartilhar isso! Não que eu concorde que o que você sente por minha irmã é amor, porque na verdade, é uma doença. Mas mesmo assim! Já que você acredita nisso, me entende em gênero, numero e grau! Faz até sentido estarmos casados! – ela cruzou os braços na frente do corpo, dando um sorriso muito falso.


- É incrível como você consegue ficar bem parecida com a sua irmã nas respostas ácidas! Mas sabe, Cissy, você tem razão. Unidos pela derrota, que tal? Ambos malsucedidos, nada melhor do que compartilharmos nossas decepções! Eu amargo meu amor por ela e você o seu por mim! Ah, sim, seu amor por mim. Não tente negar! O mesmo amor que você quer tanto evitar, esquecer, fingir que nunca existiu. Mas ele ainda existe! Eu posso perceber como você se abala quando eu chego perto, como ainda mexo com você. Você não consegue resistir, Narcissa, é mais forte do que você! Você é fraca nisso! – Lucius parou quando Narcissa desferiu uma bofetada nele.


- Merlin, como eu tenho nojo de você! Como diabos fui me casar com você?


- Simples. Você era uma menina apaixonada, seu pai queria te casar, eu queria ficar perto da Bella. É claro que eu também me interessei por você! Você sempre foi linda, afinal! Sabe que eu quase esqueci a Bellatrix? Quase. Mas aí ela veio morar conosco e...  Você sabe.


- Você é desprezível, Lucius. Totalmente.


- Sim, e você queria muito odiar isso. Mas não consegue! – ele segurou-a pelo braço. – Não é? – ele puxou-a para perto e a segurou pela nuca. – Mas assim como eu não resisto à sua irmã, você não resiste a mim.


            Lucius beijou Narcissa com imponência. Rapidamente segurou a cintura dela com força, para não deixara sair. Narcissa lutou. Não havia beijado Lucius ainda, exceto quando ela quase morreu de náusea na festa, desde que ele voltara. Sentia nojo dele e dela mesma por ter sentido o coração aumentar de ritmo. Ela ainda o amava. Merda. Por alguns momentos, Narcissa se rendeu, querendo esquecer toda aquela porcaria que se tornara o casamento deles, mas as memórias voltavam.


            A dor aguda feio junto com o gosto metálico na boca de Lucius, que se afastou dela imediatamente.


            - Não encoste mais em mim! – ela avisou, ameaçadoramente. Lucius apenas riu.


            - Não precisa ficar tão irritada. – ele foi para a porta. – Talvez te deixe mais feliz: a verdade é que não é que eu não te ame! Eu amo. As duas. É só que... Eu amo ela mais. – ele piscou e saiu, fechando a porta e comprimindo o lábio ferido.


Narcissa jogou-se novamente na poltrona. Ela segurou o choro que ameaçava vir. Não choraria mais. Não por ele. Nunca mais. Lucius de longe não merecia. Era perda de tempo e um desperdício de lágrimas, além de ser tudo o que ele queria.Um pouco de amor próprio é sempre bom. Ela daria isso a si mesma. Ela merecia. Respirou fundo e se levantou. Precisava descer para arrumar os últimos preparativos do jantar. Ajeitou o vestido e o que faltava no cabelo. Respirou fundo pela ultima vez antes de deixar o quarto.


Lucius, contudo, andou pelo corredor rindo para si mesmo. Enquanto não podia fazer nada em relação a Bellatrix, tinha algo em que se concentrar: reconquistar Narcissa. Seria divertido para ele e muito mais lucrativo tê-la submissa e amorosa de novo. Ele conseguiria. Agora se tornara um desafio. Bellatrix tirara Narcissa dele, ele recuperaria. Aquela maldita não ganharia nessa. Olhou de longe a porta do quarto que ela dividia com Voldemort. Ela ria dele agora, mas veriam quem riria por ultimo. Dizem que a Raiva é uma péssima conselheira, mas o Amor também pode ser. E por Lucius, no caso de Narcissa, seria o pior dos conselheiros.   


 


 


 


- Narcissa vai nos chamar pro jantar logo. Precisamos nos vestir. – foram as palavras de Bellatrix para Voldemort, cerca de vinte minutos depois da discussão de Lucius e Narcissa, que eles não ouviram por estarem ocupados com coisas mais importantes.


- Eu sei. – ele respondeu sussurrando, mordendo o lóbulo dela em seguida. Voldemort estava meio sentado na cama, apoiado na cabeceira, e ela encaixada entre as pernas dele, de costas para ele, com a cabeça escorada em seu corpo.– Mas você só me agradeceu de uma forma imoral, e eu me lembro de você ter usado o plural... E eu sinceramente não tenho a mínima fome, pelo menos não no sentido literal. No figurado, bem, outra história.. – ele, que a abraçava por trás, apertou o abraço.  


- Merlin! – ela riu, acariciando os braços dele. – Devo discordar... eu estou faminta. Mas pense por um lado. Eu preciso estar alimentada para poder saciar a sua fome de formas de agradecimento imorais. – ela olhou por cima do ombro para ver o rosto dele.


- Nesse caso... Acho que podemos dar uma pausa e eu fingir alguma fome...


- Ótimo. – ela o beijou rapidamente e se levantou da cama, procurando o vestido. Ele levantou-se em seguida, indo vestir-se também.


Eles mal haviam terminado de se recompor quando ouviram uma batida à porta, nem precisaram pensar muito para saber que era um elfo os chamando para o jantar. E era. Voldemort deu o braço a ela e eles foram para a sala.


 


Na mesa, já estavam Lucius e Narcissa, que mal olhavam um para o outro. Os outros provavelmente ainda estavam sendo chamados. Lucius levantou-se da cadeira e reverenciou-os exageradamente.


- Milorde, Milady. Agora devo me curvar a você também, Bella? Estou confuso. – perguntou Lucius, com uma indispensável pitada de veneno na frase.


Bellatrix olhou para ele com desprezo e não se deu ao trabalho de responder até estar devidamente sentada na cadeira que Voldemort puxara para ela.


- Thanks. – sussurrou sorrindo para o Lorde, antes de voltar o rosto para Lucius e refazer a expressão de nojo. Voldemort sentou-se ao lado dela, esperando a tempestade que estava por vir. – Isso fica a seu critério, Lucius. Mas por mim, você não deve, pois para isso eu o Lorde deveríamos estar plenamente no mesmo nível, no qual só estamos intimamente, nunca como bruxos, mas pressuponho que meu desagrado signifique que você o fará.


- Entendo. Aqui fora sempre será a aluna dele, já que em coisas decentes você precisa de professor, entre quatro paredes, contudo, o nível é o mesmo porque você nunca precisou de ninguém pra te ensinar sacanagem, nem quando era virgem. Eu bem me lembro. -Lucius não conseguiu segurar a língua, percebendo a mudança de expressão em Voldemort. Sendo Lorde das Trevas ou não, continuava sendo irritante ouvir Lucius vangloriando-se de como fora ele quem tirara a virgindade de sua mulher.    


Lucius gemeu de dor repentinamente e Voldemort logo olhou para Bellatrix, pensando que fora ela que fizera algo. Contudo, percebeu um olhar assassino vindo de Narcissa. A loira havia chutado a perna do marido.


- Maravilhosa reação, Narcissa. Parabéns. – parabenizou Voldemort, provocando Lucius.Ele provocara, recebera em troca. Bellatrix riu, mas o assunto morreu, pois Melinda, Draco e Gabrielle fizeram barulho das escadas.


Quando os três adolescentes se sentaram, um jantar calmo e calado começou. A poucas palavras trocadas foram entre os mais jovens. Os três adultos permaneciam impassíveis, no máximo concordando com algo que os jovens diziam.


Após a sobremesa, Narcissa saiu da mesa o mais rápido possível, deixando apenas Bellatrix, Lucius e Voldemort somados ao clima de tensão.


- Viu, Bella? Sua irmã saiu correndo, mal consegue ficar perto de mim. Amor e Ódio brigando, sabe? – ele deu de ombros. – Mas logo ela volta pra mim.


- Eu não teria tanta certeza disso. – respondeu a morena, áspera.


- Por quê? Porque você a envenenou com toda aquela história de estupro? Porque contou a ela? Boas tentativas! Contudo, nós dois sabemos que logo ela nem vai lembrar disso. – Bellatrix riu e revirou os olhos. – Agora você ri e zomba, mas no fim eu estarei rindo.


- Veremos, Lucius.


- Você acha que pode ganhar tudo, mas não pode. Virar sua irmã contra mim surtiu efeito por agora, mas eu vou reverter o jogo, Bella. Pode ter certeza. Agora, com licença, milady.- ele levantou, arrastando a cadeira com força. – Milorde. – Lucius saiu, transbordando ódio.  


Bellatrix olhou para Voldemort, que se mantinha impassível. Ele simplesmente ignorara Lucius Malfoy.


- Ignore as provocações, Bella, mas... Não duvide sobre o que ele disse, Narcissa está magoada, mas... Ela ainda o ama, talvez...


- Talvez ela caia. Eu sei, mas não direi isso a ele. Depois do ministério, eu pensei que não o perdoaria, e eu tinha sido machucada. No caso dela, nem foi com ela. - Voldemort não esperava que ela fosse tocar naquele assunto maldito.


- Sim, mas esperemos. Quem sabe ela resista por um tempo considerável ainda. – ela assentiu. - Mas mudando de assunto, você ainda tem coisas pra me mostrar naquele quarto, não acha?  


Bellatrix sorriu para ele e assentiu mais uma vez, esperando dentro de si que a irmã não fizesse a bobagem de cair nas mentiras de Lucius, mas considerando ela mesma, sabia o quão difícil seria para a loira abafar o amor e tentar não seguir a ele. Ela, contudo, podia muito bem seguir o seu sem medo, porque pelo menos por enquanto não teria conseqüências desastrosas.


- Sim, eu tenho. – ela se levantou, seguida dele. – Mas antes, falando em mostrar coisas no quarto... De onde saíam aquelas flores?


Voldemort sorriu por dentro, estava louco para que ela perguntasse logo aquilo. Não que ele fosse responder.


- De um jardim.  Não direi nada mais, afinal, um pouco de mistério é bom. – respondeu o Lorde, deixando-a ainda mais curiosa. – Em breve você verá muito mais delas e saberá de onde vieram.


Bellatrix só disse um “ok” e foi para o quarto com ele, enquanto perguntava a si mesma se aquelas flores tinham algo a ver com aquilo que Greyback não podia deixá-la saber. Apesar de não fazer o mínimo sentido, ela sentia que sim. O que a incomodava era aquela curiosidade. O que ela não podia saber? E por quê? Aquelas eram perguntas que somente uma pessoa podia responder: Voldemort. E quando ele quisesse. 
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N/A: Heeeeeeeeeeeey gente!
Sorry demais pela demora, mas meu colégio me entupiu de coisa pra fazer e bem... tenso! 3º ano sucks. 
Enfim, indo pro capítulo! Claro que esse não chega aos pés do anterior com suas 60 páginas, mas tem 40 KOKASKAOKO ok? LOL
 E tá bom, com coisas tipo: =O


Bom... não vou comentar muita coisa... Só.. O que vocês acham que a Bella não pode fazer? kKOASKOASKAKOKO Quero saber a opinião de vocês!!! E... entenderam pq a Lynx também será uma Herdeira do Mal? ;DD Melinda mórbida quer criar a filha da propria vitima...Mas ela vai conseguir pegar a garota? KOAKSKOAKO enfim. num posso comentar muito pq são 06:25 da manhã e eu preciso dormir! 
Espero que vocês tenham gostado! E Comentem, afinal, quanto mais coments, mais rápido eu posto, vocês descobrem o que a Bella não pode saber, no que vai dar Snape/Gabie, o rolo Lucius/Cissy e também claro! Será que a Mel consegue pegar a filha do Cedric? Comentem e descobrirão! 
xoxo

Mel Black (18/04/2010)  

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