Everybody makes mistakes.



You're always welcome, my Lord. - ela disse ainda com os lábios próximos aos dele, para depois sair na direção do quarto. 


 


Herdeiras do Mal 2 - E começa a guerra bruxa. 


Capítulo 10 - Everybody makes mistakes


 


 


A noite já estava avançada, Bellatrix observava o homem a seu lado com um sorriso no rosto. Ele dormia, provavelmente sem sonhar. Sonhos não eram do feitio de Lord Voldemort.


        Naquela situação, o Lorde parecia tão sereno, calmo, quase divino – como se nada pudesse atingi-lo. Então Bellatrix percebeu que, mesmo após tantos anos sua adoração continuava intacta. Por mais que o conhecesse como homem, que o desejasse, ele continuava a ter aquela aura de divindade e poder que a atraíram à primeira vista.


        Mais um feriado: Páscoa. Não que eles fossem comemorar ou algo do tipo, mas ela sabia que Voldemort receberia visitas no dia seguinte, só não tinha certeza quem, mas desconfiava. Apenas uma pessoa necessitaria de um feriado para ir ver o Lorde: Severus Snape – afinal ele dava aulas em Hogwarts em dias comuns.


        O rosto de Bellatrix se contorceu apenas com a idéia de ter que encontrar Severus Snape. Não confiava e nem nunca confiaria nele por mais que o Lorde das Trevas ordenasse que ela parasse com tais “bobagens”.


Para Voldemort a desconfiança dela era um desrespeito, pois se ele confiava em Snape era porque ele era absolutamente confiável. A palavra do Lorde das Trevas devia ser lei, mas ela se sentia obrigada a não cumprir a lei naquele caso.


O que será que Snape queria? Falar da Ordem da Fênix? Contar o esconderijo deles? Seria ótimo, mas era improvável. Ela descobriria no dia seguinte, porque Voldemort a informara que estranhamente Snape queria que ela também estivesse presente na conversa.


Ela precisava dormir, não queria estar cansada demais no dia seguinte. Estava curiosa, ou estaria preocupada com o que viria? Bellatrix balançou a cabeça negando os próprios pensamentos. Nada a intimidaria, principalmente vindo de Snape.


 


Mansão Riddle - Na noite seguinte


 


Voldemort e Bellatrix já estavam na sala, esperando Snape. O relógio marcava 7:57 pm. Ele deveria chegar nos próximos três minutos, por mais que Bellatrix o odiasse ele sempre era pontual.


Rabicho entrou no cômodo, praticamente correndo enquanto anunciava o nome de Severus Snape. 
        O casal se levantou do sofá, vendo Snape entrar como um grande morcego na sala.


- Boa Noite, milorde. – disse o homem, fazendo uma reverência.


- Para você também, Severus. – respondeu Voldemort. – Saia, Rabicho. – ordenou o Lorde, ao ver que Rabicho sorria maldoso para Bellatrix, provavelmente esperando algum barraco.


Snape observou a saída de Rabicho, olhando por cima do ombro, antes de prosseguir.


- Olá, Lestrange. – cumprimentou ele, pegando a mão dela e depositando um pequeno beijo. Bellatrix acompanhou os movimentos dele. Incomuns, deveria estar tentando evitar problemas ou, quem sabe, provocar uma briga e a prejudicar. Ela nunca saberia.


- Olá Snape. – respondeu ela, cautelosa, mas ainda com uma nota de asco na voz.


Voldemort observou os dois, satisfeito com as atitudes pacíficas dos dois lados – não que ele houvesse esquecido o pequeno incidente, envolvendo intimidades demais entre os dois, no dia de sua volta. Mas tal episódio não seria levado em conta naquele momento.


Antes que Voldemort pudesse abrir a boca, ele ouviu um barulho na porta e olhou para ver quem era: Rabicho.


- Rabicho, eu não mandei você sair? – perguntou o Lorde, já irritado.


- Sim, milorde. Mas... – ele não pôde terminar, pois uma outra voz encobriu a sua.


- Boa noite. – uma voz feminina falou na porta e, quando olharam, todos se surpreenderam ao reconhecer a dona: Melinda.


A jovem bruxa, acompanhada por Lucius Malfoy, também se surpreendeu ao ver a figura de seu mestre de poções. O que estaria Snape fazendo ali?


- Melinda...- Voldemort observou a filha, tentando entender o porquê dela estar ali. – E... Lucius.


- Milorde. – os dois disseram em uníssono, curvando-se.


  A reverência de Melinda poderia ser considerada até mesmo exagerada, bem similar às de Bellatrix. A semelhança crescente entre as duas foi notada não somente por Voldemort, mas também por Lucius, Severus e pela própria Bellatrix.


  A bruxa sorriu de canto ao perceber o respeito que Melinda demonstrava ter pelo Lorde, que não era apenas seu pai, mas também seu mestre, mesmo que ela ainda não fosse marcada.   


Melinda se aproximou da mãe e deu-lhe um abraço carinhoso até demais para as duas.


- Milorde, ela apareceu com Draco em nossa casa e insistiu em vir vê-lo, eu não pude dissuadi-la. – explicou-se Lucius Malfoy.


- Sem problemas, Lucius. – Voldemort não estava incomodado de forma alguma.


- Sua presença é muito agradável, Srta. Zabini, mas poderia perguntar o que a tirou de Hogwarts? Saudade não faz o estilo de sua.. er.. família. – disse Snape, fazendo a jovem, que estava de costas, se virar.


- Eu ia lhe fazer a mesma pergunta, Snape. – a voz de Melinda saiu mais sarcástica do que deveria, o que fez todos ali terem a estranha sensação que aquelas eram palavras de Bellatrix Lestrange.  


Apenas a própria Bellatrix sorriu face às palavras da filha, que parecia estar tão incomodada com Snape ali quanto ela. Então algo clareou a mente de Bellatrix: ele não estava usando Oclumência, nem poderia na presença de Voldemort. A filha havia visto algo que não a agradara.    


Snape abriu a boca, mas não respondeu prontamente, talvez tivesse mudado sua resposta.


- Acredito que você já tenha tal resposta, sabe tão bem quanto eu que não posso usar Oclumência na presença de seu pai. Portanto, nada a impede de adentrar minha mente e sei que já o fez. – disse Snape, intimidado fazendo Melinda sorrir de canto.


- Então você também já sabe o que me tirou de Hogwarts, Snape. O mesmo que te tirou. – ela sorriu sarcástica. – A diferença é que este assunto me diz respeito, ao contrário de você.


Naquele momento um estranho clima pesado surgiu na sala sem pedir permissão, a expressão de todos se modificou. Lucius e Voldemort pareceram surpreendidos, Snape levemente irritado e Bellatrix satisfeita.   


- Não sei se foi informada, Srta. Zabini, mas minha missão em Hogwarts é passar informações sobre o que acontece lá para o Lorde das Trevas, não apenas relacionadas com a Ordem da Fênix ou Albus Dumbledore, creio que as Armadas de Dumbledore e Voldemort aconteceram dentro de Hogwarts, portanto esse assunto me diz respeito e devo informar meu Lorde sobre ambas. - Melinda não respondeu. - E, lembre-se Srta. Zabini: Sou seu professor e ainda me deve respeito.


Foi a deixa pra que Bellatrix Lestrange risse alto e se intrometesse na eminente discussão. Snape até poderia provocá-la, mas não mexeria com Melinda – por mais que a mesma tivesse começado.


- Não seja ridículo, Snape. – disse a mulher, parecendo incrédula. – Fora de Hogwarts, ela tem que te respeitar tanto quanto eu. Em apenas um quesito: não te matar enquanto você for útil ao Lorde das Trevas.


- Sim, porque nesta sala eu tenho apenas um professor. – completou a garota. – E de onde saiu esta idéia esdrúxula de “Armada de Voldemort”? – Voldemort sentiu como se a filha tivesse tirado as palavras de sua boca.  


- De uma mente esdrúxula: a de Harry Potter. É como ouvi ele se referiu a seu pequeno grupo de aspirantes a projeto de Comensais da Morte para Dumbledore...


- O que você que dizer com isso, Severus? – Voldemort se sobrepôs a todos naquela sala.


Melinda estremeceu, não tinha idéia do que o pai pensaria sobre seu pequeno grupo, ainda mais com a forma como Snape se referira. Ela não sabia se fora a recente desconfiança que a fizera notar uma nota de maldade na forma com a qual ele colocara as palavras – como se quisesse prejudicá-la, claro, ela era uma pedra no sapato de muitos. Principalmente no dele, pois se ele desse um deslize em Hogwarts, ela estaria ali para ver.


A jovem bruxa sentiu um bolo na garganta, como se não conseguisse respirar e seu coração saiu de ritmo ao mesmo tempo que seus olhos arderam, insistindo em marejar. Sim, ela sentia medo. Medo de que ele entendesse mal suas intenções e pensasse que talvez ela pretendesse virar-se contra ele. Nada disso passou por sua cabeça quando ela decidiu criar um pequeno exército particular para ele em Hogwarts, foi guiada pelo ímpeto de superar Potter e talvez isso a destruiria agora. 
       
 Todas essas reações e esses pensamentos aconteceram em cerca de dois segundos, o tempo que ela levou para virar-se na direção do pai.


O silêncio apoderou-se da sala naqueles dois segundos, que pareciam dois séculos.


Melinda precisou se esforçar para que as palavras que estavam em sua garganta adquirissem som e saíssem de seus lábios.     


- Ele quer dizer que eu estou ensinando Artes das Trevas para um restrito grupo. - Melinda nem mesmo respirou ao dizer tais palavras. – Mas eles não são Comensais da Morte, nem pensam que são... Nunca dei esperanças de que milorde os recrutaria e nem muito menos disse que eu estava recrutando novos Comensais. – ela começava a se desesperar. 
         
  Bellatrix Lestrange ficou mais pálida do que de costume e caiu sentada no sofá, não era possível. Melinda tinha que dar um jeito de fazer uma besteira, como todo adolescente, mas aquela besteira podia prejudicar Bellatrix. Sua missão mais bem sucedida, ou nem tanto agora se ela tivesse problemas com o pai. Ela só se perguntava o que levara a filha àquilo.


         Voldemort percebera o nervosismo de ambas, não que pensasse que seria traído por Melinda – ela não era tola o bastante, e ele descobriria facilmente sendo o mais talentoso Legilimens já visto – contudo, brincar com a agonia da mulher e da filha parecia um passatempo imperdível.


         Ele se sentou no sofá, soltando o ar pesadamente como se estivesse irritado. Até mesmo Snape e Lucius, que continuava parado na porta da sala paralisado, sentiram um arrepio ao ver a expressão do Lorde se transfigurar em uma de irritação e desapontamento.


         Melinda sentiu o coração praticamente vir parar em sua garganta, as mãos pálidas tremiam freneticamente.


         - Sabe, Melinda, que treinar adolescentes, que têm em seus planos se tornarem Comensais um dia, sem o meu consentimento poderia ser considerado traição. – Voldemort viu o lábio da jovem tremer. – Principalmente deixar que revelassem para eles quem você é. – Melinda se esquecera de fechar a mente e, àquela altura, poderia ser pior. – Talvez me leve a pensar que você não impediu Pansy Parkinson de propósito, pois queria que eles a admirassem e um dia lhe seguissem. Tudo isso poderia significar que você pretende ter seus próprios Comensais.


         A jovem sentiu as lágrimas virem aos olhos mais uma vez, mas ela não choraria, não, de maneira alguma. Seria pior, muito pior se ela o fizesse. Melinda se jogou de joelhos, ficando na altura dos joelhos de Voldemort – que estava ainda sentado. E, por mais que ela conseguisse conter as lágrimas, não teve o mesmo sucesso com os soluços.


         - Milorde, eu juro, juro por tudo, juro pela minha vida que nunca passou pela minha cabeça traí-lo. Use Legilimência em mim quantas vezes quiser, verá que sou sincera, não ousaria fechar minha mente, eu... Quando soube que era sua filha, foi a maior honra de toda a minha vida.  – Melinda segurou as mãos dele e as beijou. O medo a corroendo por dentro e divertindo Voldemort ao extremo. 
         Bellatrix desviou o olhar, sentido os próprios olhos marejarem. Nunca fora maternal, mas saber que a filha que ela tivera com o Lorde das Trevas estava correndo perigo pelas próprias atitudes imaturas, por uma brincadeira adolescente, a quebrava completamente. Melinda era o orgulho de sua vida e talvez ela tivesse construído o próprio fim. Além do que, a raiva de Voldemort poderia ter reflexos nela mesma.


         A atitude de Bellatrix não passou despercebida por Voldemort, ele imaginava o que ela estava sentido. Dor, por ver que sua missão mais bem sucedida poderia não ter sido assim tão bem sucedida. Elas e seus medos o divertiam, e o orgulhavam de certa forma. Sabiam que se o traíssem, seriam castigadas. E era por isso que Melinda estava quase chorando, se segurando apenas para não demonstrar fraqueza em sua presença. 
         - Por que começou a treina-los então, Melinda? Se não para depois ter a lealdade dos mesmos e, quem sabe, tentar se voltar contra mim? – ele perguntou, sério, vendo todos na sala prenderem a respiração por um segundo.


         - Potter... Potter criou um exército particular para Dumbledore dentro de Hogwarts, um grupo de adolescentes que pretendiam aprender a se defender. Mas, eles não tinham de quem se defender e, se Dumbledore pode ter um exército adolescente, que é uma minúscula, mas uma vantagem, por que milorde não poderia? Porque Dumbledore poderia ter uma vantagem por mais insignificante que fosse? Digo, eles não seriam páreo para um Comensal, mas poderiam atrasá-lo. – Melinda praticamente não respirava entre as palavras. Ela apertou as mãos do pai e as beijou novamente antes de continuar. – Eu juro, só decidi os ensinar visando ajuda-lo, milorde. Por mais que não tenha me pedido, eu sei... Mas... Eu... Não pensei nisso no momento e... não pedi para Parkinson contar, todos sabem que eu a ameacei e que ninguém conseguiu pará-la. Entenda, todos poderiam voltar a suas casas em um feriado e perguntar aos pais se era verdade a história de Pansy sobre mim. – Voldemort sentia as mãos da jovem tremerem junto com as suas e viu uma única lágrima escorrer pelo alvo rosto e molhar seus joelhos – eu estavam próximos ao rosto da jovem.


         Melinda mordeu o lábio, com medo da reação dele frente àquela lágrima. Aquela maldita lágrima. Bellatrix cerrou os próprios punhos ao ver aquilo, ela era muito jovem e era inevitável chorar, mas... Na frente do Lorde? Poderia piorar a situação dela drasticamente.


         - Milorde, me perdoe, eu estou sendo fraca e eu não deveria... – ela escolhia as palavras e aquilo estava começando a incomodar Voldemort. Não que ele estivesse com pena da filha, de forma alguma, ele não tinha esse tipo de sentimentos, ou nenhum bom, mas ela era sua arma secreta e talvez a segunda mais poderosa – depois das Horcruxes. Magoá-la naquele ponto talvez não fosse bom, já tava na hora de parar com a tortura psicológica. – Milorde, eu sou fraca, pode me castigar por isso se quiser, mas eu não o trai quando treinei meus amigos, isso eu juro. E sobre a Hilary...


         - Você irá acabar com ela. – disse Voldemort, com o tom de quem acabou o assunto e ninguém mais dá palpite. – Isso é o que você vai fazer, sobre chorar, você tem quinze anos e agüentou muito mais pressão psicológica do que muitos na sua idade agüentariam sem chorar. – Bellatrix o olhou incrédula, será que ele...? – E eu sei que você não quis me trair, não é burra o bastante. Eu estava te... testando. Creio que esta seja a palavra correta. 
         Voldemort era esperto, se dissesse que se divertira às custas dela talvez criasse algum tipo de ressentimento com Melinda e abalasse a adoração dela por ele – o que definitivamente não seria muito interessante.


         - Testando... – ela abriu um sorriso radiante. - E... como eu fui no teste? – Melinda só conseguia sorrir, o alívio inundando seu corpo antes derrotado pelo medo e pela agonia. O mesmo sentimento era compartilhado por Bellatrix, que agora conseguia respirar com mais facilidade.


         - Passou...Com louvor, devo dizer. – ele respondeu, impassível. Lucius e Severus se entreolharam, se sentindo deslocados ali. Melinda não conseguiu esconder a felicidade. – Demonstrou fidelidade, além de temor e submissão.


         - Obrigada, obrigada, obrigada por não me matar e... – Melinda não controlava mais as próprias palavras.


         - Eu não te mataria sem averiguar as coisas de maneira correta e.. – Voldemort parou, porque ela disse algo parecido com “Eu não consigo acreditar” e voou em cima dele. Sim, ela o estava abraçando. Era uma cena no mínimo cômica, Lord Voldemort sendo abraçado pela filha de quinze anos, mesmo que sentado no sofá, com Bellatrix ao lado com cara de quem dizer “fazer o quê.”


         - Eu fiquei com tanto medo que achasse que eu era uma traidora, que não valia nada, que se arrependesse do meu nascimento e algo assim... – agora sim, a tão forte e decidida Melinda parecia uma jovem de quinze anos.


         - Não seja tola, aprenda algo, Mel... Eu nunca sou injusto. Por mais cruel que eu possa ser. – ele sentiu Melinda o abraçar com mais força. Ser pai às vezes parecia ser muito estranho. – Muito bem, minha cara, agora não acha que está exagerando um pouco com esse abraço?


         - Não! Nos últimos dez minutos eu quase morri de aflição e agora ela acabou, se eu extrapolasse ao máximo o teria beijado. – ela riu e o soltou. – Mas parece que demonstrações públicas de afeto não são se seu agrado. – ela riu mais ainda, voltando a ficar ajoelhada na frente dele. Voldemort segurou a mão da filha e a beijou.


         - Não que seja algo que não possa acontecer uma vez a cada ano. – as palavras de Voldemort fizeram Melinda rir mais. – Contudo peço decoro.


        - Eu terei, milorde. Eu prometo. – foi a vez dela de beijar a mão do pai.  


        - E arranje outra forma para me chamar, você não é Comensal da Morte. Pelo menos não ainda.


        - Como eu o chamaria?   


        - Tens a noite toda para pensar, não creio que você voltará hoje ainda para Hogwarts. 


        - Isso é um convite, meu pai? - perguntou Melinda, evidenciando como o chamava. Voldemort percebeu como aquilo soou estranho, contudo ela não estava de todo errada, era isso que ele era, seu pai. 


        - Certamente. – ele respondeu. Melinda sorriu e se levantou, ainda feliz porque não tinha se complicado por ele, já que seu pequeno grupo, se visto por um ângulo inadequado, poderia lhe causar sérios problemas.


        - Aceito e peço licença para me retirar, digo, depois disso tudo necessito realmente de descanso. – Melinda soou como a mais educada das jovens e cumprimentou todos com um breve aceno de cabeça quando Voldemort concedeu-lhe a permissão para se retirar.


        Após a saída de Melinda, Lucius Malfoy não se retirou, – como seria o correto, visto que ele estava ali apenas com o intuito de acompanhar a sobrinha – mas permaneceu em uma conversa sobre as fraquezas da Ordem da Fênix que lhe pareceu interessantíssima.


        Apesar da conversa ser de seu agrado, Bellatrix Lestrange começou a se cansar. Permanecer tanto tempo ouvindo como Severus Snape tentava parecer leal a estava enojando.


Como ele poderia ser tão cínico? Tão falso? Ela não confiava nele e parecia ser a única que conseguia enxergar por detrás da máscara de Comensal do Ano dele.


  Por sorte, Snape não se demorou muito e foi embora, alegando ter que estar cedo em Hogwarts.


Quando ela também levantava-se para se retirar, Voldemort pediu que ela ficasse. Desejava aproveitar a presença de Lucius para informa-lhes os detalhes do plano no qual os dois seriam fundamentais.


Voldemort explicou que eles deveriam entrar no Departamento de Mistérios do Ministério da Magia e pegar algo que ele queria: uma profecia. Mas havia um detalhe: eles precisariam de Harry Potter.


 A principio pareceu estranho, fora do comum, mas logo eles entenderam que Voldemort tinha tudo arquitetado e queria, inclusive, que Bellatrix o ajudasse em um quesito: chegar a Sirius Black.


E ela sabia o que fazer, quem usar: Monstro. Sim, o elfo doméstico dos Black. O mesmo que cultivava tremenda admiração por Bellatrix e que lhe pertencia – sendo ela uma Black.


Após várias instruções, Lucius foi liberado, assim como ela. Bellatrix estava com tudo o que ouvira na cabeça e não deixaria esse plano falhar. A missão mais importante recebida desde que Voldemort voltara, ela não o desapontaria. Ou pelo menos ela desejava que as coisas acontecessem dessa forma.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – Dias depois.


 


         Melinda havia acabado de contar à Gabrielle o que acontecera em sua viagem na Páscoa, a loira ficara mais pálida do que qualquer um dos fantasmas de Hogwarts frente à história contada pela amiga. Melinda estivera tão ocupada pensando nos NOMs que não tivera tempo de contar antes.


        Gabrielle nunca imaginaria o que Melinda tinha passado frente ao pai dela, Merlin, ela teria se descabelado de tanto chorar no lugar da morena. Teria até mesmo morrido só com o susto.


        - Por Merlin, Melinda. Como é que você ta aqui na minha frente? Como não morreu do coração ou coisa do tipo? – perguntou Gabrielle quando conseguiu afastar um pouco a histeria e falar.


        Melinda pareceu pensar um pouco, como se administrasse a gravidade de tudo o que acontecera com ela. Desde o ocorrido não parara para pensar naquilo, no quão assustada ficou, em como aproximara-se da morte – pelo menos em seus pensamentos.


        - Eu... Não sei, Gaby. Sinceramente. – ela passou a mão nos cabelos. – Foi terrível, assustador como nada em minha vida toda, achei que não sairia viva daquela sala.


        - Ai Mel, que horror. Nem brinca com isso.


        - Não estou brincando, um dia você conhecerá meu pai e verá como a ultima coisa que você vai querer fazer será contrariá-lo ou desapontá-lo com algo. – Gabrielle fez uma careta só de pensar. – Pois é, imagine o que foi acreditar que ele pensava que eu o havia traído, ou que pensava nisso. Se fosse real, ou se ele não fosse Legilimens, seria morte na certa.


        - Preciso concordar. – Gabrielle sorriu de canto, ainda digerindo tanta informação. – Mas, as reuniões continuam?


        - Sim, ele não me proibiu. Na verdade, no dia seguinte me perguntou detalhes sobre isso. Parece estar me testando ao deixar que eu continue, não sei. – Melinda pareceu pensativa, deixando Gabrielle curiosa.


        - Teste? – perguntou a loira, que adorava todo este universo de Melinda, onde tudo não tinha apenas um significado, mas diversos.


        - É. Tudo com meu pai tem milhões de possíveis significados ou motivos. Talvez ele queira ver até onde eu consigo chegar com isso ou sei lá. – ela deu de ombros.


         Gabrielle sorriu ainda um tanto deslumbrada. Desde que começara a se relacionar com Melinda e seu círculo social, sua vida mudara, mas agora era ainda mais incrível. As coisas que ela ouvia sobre Voldemort pareciam tão surreais, principalmente porque a naturalidade com a qual Melinda falava do Lorde das Trevas, do homem mais temido do mundo, era encantadora. 


- E você passará no teste, sempre passa. – disse Gabrielle, sorrindo e segurando a mão da amiga, que estava em seu quarto – equipado com um feitiço silenciador, é claro.


- Bom, se esse não for mais difícil que o de dias atrás, acredito que sim. – as duas riram.


Melinda esperava realmente que, se fosse um teste, ela passasse. Não sabia o que Voldemort poderia pretender com aquilo, talvez não fosse nada, mas ela precisava estar preparada caso ele tivesse algo em mente relacionado ao seleto grupo que ela treinava. Seleto, sim. Apesar de razoavelmente numeroso, Gabrielle escolhera a dedo quando os chamou, impressionando Melinda, porque todos tinham condições de aprender além da vontade de, quem sabe um dia, poderem ter a honra de ostentar a Marca Negra no antebraço esquerdo.


As reuniões continuariam, por mais que a Armada de Dumbledore – motivo que desencadeou as mesmas – acabasse. E ela acabaria, a Brigada Inquisitorial – da qual Melinda fazia parte, obviamente. – se certificaria disso.


 


Mansão Malfoy – Aproximadamente um mês depois.


 


         Era uma bela tarde de Maio, na qual nada poderia chamar mais a atenção do que as incontáveis flores que coloriam os jardins da enorme construção. Tipos, cores e tamanhos variados sustentavam o encantamento que o local adquiria na primavera.


        Narcissa deveria estar orgulhosa daquela obra de arte da natureza  - com um pouco de ajuda da Magia, naturalmente. – mas estava ocupada demais recebendo visitas, ou melhor, uma visita: Bellatrix. Porque um elfo doméstico não é exatamente o que Narcissa classificaria como uma visita.


        Bellatrix precisava se certificar de que receberia informações sobre Sirius Black, então voltou a chamar Monstro, que nunca recusaria uma ordem dela.


        - Monstro acha uma honra servir Srta. Bella e Srta. Cissy novamente. – o elfo fez uma reverência exagerada às duas.


        - Monstro, nenhum elfo pode nos servir melhor do que você. – disse Bellatrix, com a voz mais falsa que Narcissa havia ouvido na vida.


        - Bellatrix está certa. – Narcissa concordou. – Nos conhece desde que éramos crianças. E como vão as coisas na velha Mansão? – Narcissa bebericou o chá que Monstro trouxera com lágrimas de emoção nos olhos.


        - Minha senhora se envergonharia se visse a Mansão agora, oh, minha pobre senhora morreria mais uma vez. – Monstro negou com a cabeça – O patrão traz todos os tipos de traidores para visitá-lo.


        Bellatrix revirou os olhos, negando com a cabeça como Monstro. Ela tinha que concordar: sua tia Walburga morreria novamente se soubesse que Sirius levara traidores do sangue para dentro de casa.


        - Não posso acreditar. – disse Bellatrix, bebendo do chá. – Tinha que ser o Sirius, parece que faz de propósito para ofender a memória da própria mãe. Ele foi queimado da árvore, não devia ter recebido a herança, a casa devia ser minha, assim como você, Monstro.


        Narcissa sorriu, Bellatrix sabia como chegar no ponto fraco das pessoas, ou no caso, da criatura. Ele as adorava e odiava Sirius, Bellatrix era a segunda na sucessão, obviamente Monstro queria ser delas.


        - Monstro não pode falar contra seu Mestre, mas queria que Srta. Bella fosse sua única dona, não ele. – Monstro ameaçou se bater, mas foi impedido por Narcissa. O impedimento fez os olhos dele brilharem de emoção.


        - Eu darei um jeito de ser, Monstro. – Bellatrix bebeu o resto do chá. – Pode estar certo, mas preciso de um favor.


        - Qualquer um.


        - Para que eu seja sua dona novamente, preciso que faça o que eu mandar, e que me diga o que eu perguntar, estamos entendidos? – perguntou Bellatrix.


        - Sim, o que quiser, Srta. Bella.


        Bellatrix sorriu e se levantou da poltrona. Monstro abaixou a cabeça.


        - Cissy, eu preciso ir. Tenho coisas a resolver. – Narcissa se levantou para acompanhar a irmã. – Nos vemos depois. Até mais, Monstro. – Bellatrix olhou na direção do elfo.


        - Foi um prazer, revê-la, Srta. Bella. – ele a reverenciou.


        - Para mim também, Monstro. – o elfo não acreditou quando ouviu aquilo daquela que ele considerava ser a sua dona mais perfeita, por mais que fosse a segunda na lista. Mas Monstro não imaginava o quão útil ele seria para ela.


        Semanas se passariam até que essa utilidade viesse à tona, e que Bellatrix cumprisse sua promessa: se tornasse a Black mais velha, aquela que teria o direito sanguíneo à Mansão e ao elfo.  


        Em algum ponto do mês de junho, tudo ficou acertado em relação à invasão do Ministério. Lucius lideraria – por conhecer o ministério - e Bellatrix o auxiliaria. O fato de Bellatrix não estar como líder deixou muitos Comensais espantados, o que apenas mostrava como eles não conheciam Voldemort.


        Voldemort era o mais racional dos homens na face da Terra, Lucius era a melhor opção, por que ele colocaria Bellatrix? Por que ela dormia com ele? Seria passional demais.


        Ele explicou como chegaria a Potter através de ilusões e o levaria ao Ministério da Magia. Lucius questionou sobre a possibilidade de avisarem a ele que poderiam ser apenas ilusões e ele tentar averiguar se Sirius não estava mesmo em casa.


        Bellatrix disse então que não precisavam se preocupar, ela cuidaria para que Potter não soubesse que Sirius estava em casa. Sim, ela usaria Monstro. Tudo ficara planejado e o grande dia se aproximava.


 


Ministério da Magia – Junho de 1996


 


         Presa debaixo daquela maldita estátua de ouro, Bellatrix pensava nos momentos que haviam precedido aquele fiasco: risadas antes da ida ao Ministério, brindes, Potter com seus amigos, Ordem da Fênix invadindo, Sirius Black sendo morto por ela, profecia quebrada, a chegada de seu Lorde e de Dumbledore, o duelo entre os dois, tudo se misturava na mente dela como uma enorme bagunça. Mas, sabendo que logo seria mandada de volta à Azkaban, ela tentava se focar apenas naqueles que lhe eram interessantes. Um em especial.


 


- Flashback


 


        Bellatrix acabara de fechar seu vestido, estava pronta. Ela respirou fundo, logo iria para o Ministério da Magia.


 Lord Voldemort devia estar cuidando de plantar as ilusões na mente de Harry Potter e ela já havia se certificado de que o pirralho nunca descobriria que Sirius estava de fato quieto e à salvo em sua casa.


A morena sorriu para o próprio reflexo no espelho, fora mais uma vez útil ao Lorde das Trevas em algo que não envolvia uma cama e isso era maravilhoso, a velha Bellatrix estava de volta. Por mais que ser a mulher do Lorde fosse incrível, ela não conseguia se distanciar da ação de forma alguma, porque convenhamos, era divertidíssimo. 


Bellatrix ouviu um barulho e virou-se, viu Voldemort parado à porta do quarto a observando. Ela sorriu para ele e se aproximou da porta.


- Estou pronta. – ela pegou a capa negra na cama e a prendeu no pescoço.


- Eu posso ver. – Voldemort passou os olhos por todo o corpo dela, os olhos ardendo em desejo. Como ele adorava vê-la pronta para uma missão, para acabar com alguns traidores, para fazer sua vontade. Ela parecia ainda mais atraente quando saia para cumprir seu dever como Comensal da Morte.


Bellatrix percebeu a luxúria contida no olhar dele, como se ele pudesse a jogaria naquela cama e a tomaria ali mesmo, antes que ela pudesse sair por aquela porta e se dirigir ao Ministério. Bem dito, se ele pudesse. Mas, mesmo sendo Lord Voldemort, ele não podia.


- E desejar também. – ela provocou, sorrindo de canto.


Voldemort arqueou uma sobrancelha, descrente sobre o que ouvira. Sua mulher o estava provocando àquela altura do campeonato? Só por que ela sabia que ele não podia fazer nada? Bitch. Ela teria o troco na volta.


- Apenas desejar. E você sabe disso, não é? – ela assentiu. – Espere até você voltar, bom, isso se você trouxer o que eu quero e eu estiver de bom humor.


A morena deu um passo à frente, fazendo cara de ofendida e contornou o pescoço dele com os braços.


- Eu vou trazer. É a primeira missão que eu tenho de fato desde a sua volta e desaponta-lo definitivamente não está em meus planos. – a voz de Bellatrix era a mais sensual possível, pelo menos para ele.


Essa coisa de dar ordens e ser obedecido talvez fosse mais excitante do que Voldemort jamais imaginara. Ele a desejava como nunca e, Merlin, que hora para isso. Ele precisava deixá-la ir.


- Eu espero, Bella. Realmente não quero ter que me aborrecer com você. – Voldemort a puxou pela cintura, trazendo-a para perto de seu corpo, e a beijou diretamente no pescoço, arrancando um suspiro dela.


- E eu não quero que se aborreça comigo. Ninguém quer, é claro. Mas eu quero voltar pra casa e poder tê-lo de total bom humor e totalmente disposto a comemorar. – ela sussurrou no ouvido dele.


- Isso só depende de você, my dear. Traga-me a profecia e será recompensada em todas as maneiras que imaginar. – ele falou próximo aos lábios dela.


- Nossa, se eu já não estivesse me colocando inteira nessa missão, eu diria que com esse incentivo pegar a tal profecia se tornou uma questão de vida ou morte. – Bellatrix riu. – Mas me conhece e sabe que farei o possível e o impossível. Não serei derrotada por um bando de pirralhos.


- Eu sei que não. Contudo, antes que você vá se encontrar com seus colegas para brindar a mais uma missão e acabar com algumas crianças, porque sim eles já chegaram, precisamos fazer o nosso brinde particular. – Voldemort tirou a mão que mantinha atrás do corpo e ela viu um copo de uísque de fogo. Um único copo. O Lorde levantou o mesmo no ar. – À primeira missão dos Comensais da Morte desde minha volta. – ele bebeu e entregou o copo a ela.


- E ao eminente sucesso da mesma. – ela repetiu o gesto do Lorde e bebeu um gole.


Bellatrix puxou Voldemort pela nuca e tocou seus lábios nos dele, ele a abraçou com força pela cintura e passou a língua de leve pelo lábio inferior da mulher, pedindo passagem. Ela abriu a boca e as línguas dos dois se tocaram, misturando o gosto do uísque de fogo com o das bocas no beijo que começava a se intensificar. A morena soltou o copo que se espatifou no chão e uniu a mão à outra na nuca dele.
        Voldemort subiu a mão livre para os cabelos dela e os puxou com força, partindo o beijo.


- Precisamos parar por aqui, my darling. – ela assentiu, ainda ofegante. – Retomamos isso mais tarde, se você...


- Eu não vou decepcioná-lo. – Bellatrix disse com firmeza, aquela que Voldemort sempre via nela antes das missões.


 


Fim do Flashback


 


Uma tímida lágrima percorreu o alvo rosto da morena presa debaixo da estátua, sua varinha estava longe demais para ela que estava presa. Mais alguns centímetros e ela pegaria sua varinha. Ela se debatia contra a estátua, mas era impossível se soltar daquela porcaria.
        Damn. Não tinha jeito, ela seria presa, com certeza. Logo os aurores chegariam e a levariam de volta àquele lugar fétido e horripilante conhecido como Azkaban. Bellatrix sentia seu corpo arrepiar somente de pensar em ficar totalmente sem magia, longe dos feitiços, poções e de seu Lorde mais uma vez.


Ela conseguira se manter sã da última vez porque sabia que seu Lorde voltaria para buscá-la – por mais que Lucius tivesse conseguido tirá-la de lá antes. Contudo, desta vez, ele não tinha motivos para a resgatar, nem mesmo Lucius poderia salvá-la, porque ele também seria mandado para lá. Tudo se tornara um fiasco, seis crianças não seriam capazes de derrotá-los, mas seis crianças com a ajuda de toda a Ordem da Fênix? É, talvez.   


Mais uma lágrima teimou em queimar o rosto da morena, eles deviam ter se preparado melhor, muitos deles iriam presos e, o pior, a profecia havia sido quebrada.


Ela havia desapontado seu Lorde, mesmo tendo prometido horas antes que não o faria, tudo saiu completamente errado e ela descumpriu sua própria palavra. Ela acabara com Sirius Black, de fato sim, mas o motivo principal da missão era a profecia.


Olhava a movimentação a seu redor enquanto os pensamentos acabavam com ela. Não sabia quanto tempo havia se passado desde que Voldemort deixara o Ministério, talvez minutos, segundos talvez, para ela pareciam horas, uma eternidade. Ali estavam apenas Dumbledore e Potter que parecia desacordado ou atordoado, algo do tipo.


Potter, ah, se ele soubesse como fora motivo de risadas horas antes e como os outros Comensais dariam tudo apenas para vê-lo naquele estado. Ele era uma pedra no sapato de todos que, infelizmente, não havia sido eliminada ainda.


 


Flashback


 


Voldemort e Bellatrix haviam acabado de encontrar com os outros Comensais da Morte, todos pareciam felizes e totalmente dispostos.


- Ora, vejam quem chegou. A peça que faltava, minha querida esposinha. – disse Rodolphus Lestrange, levemente irônico.


- Não acha que se embebedar agora é contraproducente, meu caro Rodolphus? – perguntou ela, parecendo irritada.


- Não estou bêbado, Bella. Estou completamente sóbrio. – ele apontou a taça de champagne ainda cheia na mão. – Esta é a primeira e única. Não sou idiota e nem preciso estar bêbado pra te provocar.


Bellatrix revirou os olhos e pegou uma taça que lhe era oferecida por Avery.


- Já que vamos brindar antes de ir, quero propor um brinde. – disse Bellatrix, conseguindo a atenção de todos. – Durante anos pensaram que nosso Lorde – ela olhou para Voldemort, ao seu lado. – Estava acabado. Sim, pensaram, porque todos sabem que eu nunca fui partidária de tal absurdo. E é a primeira vez que nós vamos a uma missão de tamanha importância desde a sua volta e de quebra conseguiremos nos divertir um pouco com bebezinho que sobreviveu, Potter. – uma nota de nojo era notada na voz de Bellatrix. Vários cuspiram ao ouvir o nome de Harry Potter. – E ensinar ao pirralho e a seus amiguinhos que eles deviam brincar de levitar penas ao invés de se meter com Lord Voldemort. – alguns arregalaram os olhos ao ver que Bellatrix pronunciara o nome dele. Nem mesmo muitos Comensais tinham tal coragem. Mesmo Bellatrix usava esse nome sem freqüência alguma, mas era uma ocasião especial. – Sei que não podemos matá-lo, pois ele é de milorde. Contudo nada nos impede de ter um pouco de diversão com ele e de acabar com um de seus amiguinhos, eu particularmente adoraria torturar uma daquelas criancinhas metidas. – Vários Comensais deram risadas. – Então, eu brindo à volta de nossas missões, à diversão que teremos esta noite e, é claro, ao nosso Lorde. – Bellatrix se aproximou da roda de Comensais e levantou a taça.


Todos a imitaram e ergueram suas taças, tocando-as levemente umas nas outras dizendo coisas do tipo “Viva nosso Lorde” “Longa vida ao Lorde das Trevas”, antes de beber.


Fim do Flashback


 


Bellatrix tentou sorrir com as memórias, porém era impossível. Seu coração ardia de ódio e tristeza, além da raiva que sentia de si mesma por não conseguir mais conter as lágrimas, ela tinha que conseguir, não choraria na frente dos inimigos, por mais que estivessem longe dela.


“Como eu pude deixar as coisas chegarem a este ponto? Não, a culpa não foi minha. Foi deles, de todos os outros, eu fiz o meu trabalho, estava ocupada demais com Nymphadora e Sirius. Matei o idiota do meu primo, um dos mais antigos membros da Ordem da Fênix, aquele traidor dos infernos.Eu não podia fazer tudo sozinha. Merda, eu preciso me soltar. Preciso me explicar direito ao Lorde, eu...”


Alguns aurores começaram a chegar tanto pelas lareiras como aparatando e tomaram a atenção de Bellatrix, apenas alguns poucos minutos deviam ter se passado – eles não costumavam demorar muito. Ela evitava olhar demais para eles, tentando não ser reconhecida. Inútil, agora que seria presa.


Em poucos segundos o local foi enchendo e várias vozes já podiam ser ouvidas. Até mesmo o Ministro em pessoa estava ali e o pirralho Potter começava a se levantar.


Bellatrix ouviu um estalo perto de si e revirou os olhos, era o que faltava, um auror bem ali. Era ótimo. Não adiantava mais se esconder, seria reconhecida. Não importava mais, ela já praticamente se sentia dentro de Azkaban.


Ela olhou para o lado não com uma cara de pouquíssimos amigos, mas com uma de quem não tinha nenhum e quase morreu do coração com o que viu. Não podia ser, seus olhos se inundaram mais ainda com as lágrimas, mas de felicidade.


Voldemort estava ali, ele se aproximava da estátua, tentando fazer o mínimo de barulho possível, ele voltara. Voltara para buscá-la.


- Milor... – ela tentou falar, mas logo ele fez sinal para que ela se silenciasse e apontou a varinha para a estátua de ouro – que se rachou com o mínimo de ruído.


- Vamos! Rápido, antes que eu me arrependa. – disse ele, enquanto Bellatrix se livrava dos pesados cacos da estátua de ouro. Ela ficou de pé e ele a agarrou.


Assim que ele se certificou que seu braço estava seguro na cintura dela, Bellatrix sentiu como se o ar saísse de seus pulmões. Aparatação acompanhada. Isso nunca se tornava menos incômodo, no entanto naquele dia em especial, ela agradecia como nunca por ter aquela sensação de quem não conseguia respirar.


Quando pôde respirar, Bellatrix viu onde estava: na Mansão Riddle. Assim que pisaram na casa, Voldemort a soltou e ela caiu com um baque no chão. Ele puxou o braço esquerdo dela e tocou a Marca Negra, soltando o braço com brutalidade logo depois. Bellatrix nem mesmo conseguira se levantar quando a raiva dele, contida nos gestos e olhares, extrapolou para as palavras.


- “Era ele, ministro, eu vi. Era Você-Sabe-Quem, ele agarrou uma mulher e desaparatou.” – Bellatrix não entendeu o que ele dizia. – Não sei se você ouviu, mas foi o que um dos membros do Ministério disse logo quando estávamos saindo de lá, e sei que Fudge viu. Eu tive que me expor por sua causa, Lestrange! – ele começava a gritar, o ódio fervendo nos olhos vermelhos dele. – Você sabia como permanecer no anonimato era útil para nós e conseguiu ser pega! Logo você, Bella, que se diz a mais leal, a mais fiel, a melhor dentre os Comensais da Morte, me prejudicou! – ela ainda não conseguia olha-lo nos olhos. Ele falava como se ela o tivesse obrigado a ir atrás dela, mas não retrucaria, permaneceria calada. Seu castigo viria mais tarde.


Finalmente ela criou coragem para se levantar, porque ouviu os estalos e as vozes dos Comensais chegando. Assim como Rabicho, que fora pessoalmente buscar Narcissa. Não queria ser vista no chão pelos outros. Felizmente pelo menos aquele verme saíra da sala assim que deixara Narcissa lá.


Quando chegaram à sala, praticamente todos os Comensais demonstraram algum tipo de surpresa. Alguns arregalaram os olhos, as mulheres levaram as mãos aos lábios. Eles não acreditavam no que viam: Voldemort sozinho com uma Bellatrix absolutamente acabada. Eles esperavam todos os outros lá comemorando mais uma vitória e, pelo o que viam na expressão de Bellatrix, eles haviam sido... Derrotados.


Narcissa gemeu de horror ao perceber que Lucius não estava presente e ameaçou chorar quando olhou para a irmã e esta afirmou com a cabeça.


- Não. – Narcissa nem ao menos se deu ao trabalho de cumprimentar Voldemort como os outros faziam. – Não pode ser. – o desespero tomava conta da voz da loira.


- Já que sua irmã tocou no assunto tão precocemente, por que você não explica a ela o que aconteceu, minha querida Bella? – o sarcasmo era evidente na voz de Voldemort.


Bellatrix abriu e fechou a boca umas duas vezes antes de respirar fundo e falar.


- Cissy, a Ordem da Fênix apareceu e Lucius, todos nós, bem, não conseguimos. Todos, com exceção de mim mesma, foram presos. – As pernas de Bellatrix estavam trêmulas, ela não sabia como conseguia se manter em pé e com as lágrimas bem seguras dentro dos olhos. O que não adiantava muito, pois a maquiagem borrada deixava claro o recente choro dela.


Narcissa deu um berro, horrorizada e caiu sentada em uma das cadeiras que estavam dispostas na sala. Negando para si mesma o que estava acontecendo. Lucius preso.


- Ela só esqueceu de um detalhe, Malfoy. – Narcissa olhou para Voldemort, os olhos azuis já avermelhados e ardendo. Assim como Bellatrix, que tomou coragem para olhá-lo nos olhos. – Que ela só é uma exceção porque eu me expus e fui buscá-la. Por minha causa, porque se eu não a tivesse buscado, estaria de volta a Azkaban em uma cela fétida como os outros. Porque ela não foi capaz nem mesmo de salvar a própria pele! – Voldemort desferiu um tapa no rosto de Bellatrix, que caiu no chão tamanha a agressividade do tapa.


Narcissa apertou os olhos e olhou para o outro lado. Era demais para ela. Seu marido preso e sua irmã sendo agredida na sua frente sem que ela pudesse mexer um dedo.


Bellatrix sentiu o gosto metálico de sangue em sua boca e levou a mão à mesma, limpando o sangue que escorria pelo canto dos lábios. Ela ainda sentia os dedos de Voldemort ardendo em seu rosto e todos podiam ver que eles haviam ficado marcados com perfeição no rosto pálido dela.


- Por que eu a busquei? – Voldemort perguntou para todos os Comensais presentes. – Para mostrar a vocês que eu pouco me importo se ela transa ou não comigo. - a forma como Voldemort se referia à relação deles fazia Bellatrix sentir uma pontada no coração. - Para mim ela não é igual a um de vocês. Não, eu não falei errado, eu a vejo de forma diferente, mas não quando ela acerta e sim quando erra! Eu não vou relevar os erros dela porque ela vai pra cama comigo, ou para evitar que ela pare de ir como muitos de vocês pensam, apesar de não terem coragem de repetir em voz alta. Exatamente por isso um erro dela equivale a três ou quatro de qualquer um vocês, porque ela tem que ser exemplar, a melhor de todos como ela adora dizer. – Voldemort olhou para Bellatrix. – Porque se não for, o castigo será pior.


A morena sentiu o medo correr por todo seu corpo, seus pulmões não conseguiam mais pegar o oxigênio e pareciam maiores do que o normal, apertando seu coração que pulsava desesperadamente para conseguir bombear o sangue. Ela imaginava o que a filha passara dois meses antes, quando pensava a mesma coisa que ela naquele momento: que não sairia daquela sala viva.


  - Não, minha cara Bella, você não morrerá nesta sala, pelo menos não agora. Não se preocupe. – Voldemort estava assustadoramente sarcástico. – Sua morte seria um prejuízo para mim porque, além de eu perder uma Comensal que costumava ser ótima e uma amante excepcional, eu não ficaria satisfeito porque seria muito rápido, você nem mesmo sentiria um terço de minha raiva.


As palavras iniciais de Voldemort que a haviam tranqüilizado por um segundo foram ofuscadas logo em seguida. Ela passou a preferir a morte.


- Todos os Comensais são castigados quando erram, mas no seu caso, Bella, tenho um bônus. A tortura psicológica. Imagine, querida, você será castigada com o seu feitiço favorito. – praticamente todos os Comensais estavam sentados. Alguns pelo prazer que a cena proporcionava e outros porque estavam em choque. – Que já seria doloroso o bastante se não fosse aplicado pelo seu, como é mesmo? Ah, o amor da sua vida. É isso, não é, Narcissa? – ele olhou para a loira, que parecia paralisada e não conseguiu falar nada. – É isso sim, amor. Um sentimento tão patético que pela primeira vez me será útil. E para completar, seu orgulho será ferido, minha cara, porque você terá o privilégio de ser a primeira Comensal da Morte a ser torturada na frente dos outros. – ao ouvirem isso os Comensais se entreolharam, alguns chocados, mas na maioria satisfeitos. Quase todos odiavam Bellatrix, era fato.


- O quê? – Bellatrix criou pela primeira vez coragem de confrontá-lo. Ela se levantou e ele pôde ver que o local do tapa havia inchado um pouco.


- O que você ouviu, Lestrange. – o tom de ironia saiu completamente da voz dele. – O maior acerto de sua vida se tornou seu maior erro.


Ele entendeu o que ele dissera. O maior acerto? Melinda, logo a relação com ele. O maior erro? Porque agora ela teria que ser torturada mais do que qualquer um ali e na frente de todos, para que ficasse registrado.


Voldemort apontou a varinha para ela e Bellatrix fechou os olhos tentando controlar o medo.    


- Como sempre...O senhor está certo, milorde. – ela tremia da cabeça aos pés. – Mereço o castigo e o recebo sem pestanejar.


Voldemort não esperava menos dela, contudo, quase todos os Comensais presentes ficaram com o queixo caído. A maioria pensava que aquela lealdade toda que ela gritava era só da boca pra fora, por mais que ela tivesse sido fiel em Azkaban e, mesmo que acreditassem na lealdade dela, aquilo era demais.


Antes que eles pudessem formar algum pensamento sobre o que a levara àquilo, foi como se o ar daquele ambiente tivesse acabado tamanha a tensão de todos.


- Crucio. – eles ouviram Voldemort pronunciar o feitiço e Bellatrix cair de joelhos e, segundo depois, se jogar de vez no chão, tentando agarrar o chão com as unhas.


Até mesmo para aqueles que a odiavam, era uma cena deprimente de se ver.


Os olhos de Bellatrix se enchiam gradativamente de lágrimas, enquanto ela tentava se conter para não se contorcer demais de dor. E eles sabiam que doía, pelo menos parte deles, ainda mais com tamanha raiva estampada no rosto de Voldemort.


A resistência de Bellatrix, o orgulho dela apenas o irritavam mais. Parecia que ela o estava desafiando, ela estava sem a profecia, ele perdera a proferia que era crucial e agora queria ouvi-la gritar, urrar de dor, implorando por clemência. A fúria dele intensificou a maldição e, pela primeira vez em mais de vinte anos, os Comensais ali presentes viram fragilidade em Bellatrix Lestrange.


Ela desistira de lutar quando a dor se tornou mais forte, era como se várias lâminas incandescentes penetrassem cada centímetro de seu corpo agora fraco. Bellatrix urrava de dor, as lágrimas não mais contidas em seus olhos manchando seu rosto, o orgulho ferido destruindo-a por dentro. E, como Voldemort dissera antes, a pior das dores não era física, nem mental, mas sentimental.


Seu coração gritava enchendo seu peito como seus gritos enchiam a sala. Ela o amava e não podia ou conseguia odiá-lo e ver como ele se divertia com sua dor, com seus gritos e como ele estava cego, sim, cego de ódio. Voldemort não percebia, mas ela sim, que estava descontando em Bellatrix a raiva que sentia por todos aqueles Comensais que haviam ido com ela.


O corpo de Bellatrix estava em segundo plano naquele momento, ela sentia seu coração sangrar, pedindo clemência, pedindo para que aquilo fosse um pesadelo, para que ela não estivesse sendo torturada e humilhada por aquele que ela amava mais do que a si mesma.


Ela tentava inutilmente agarrar-se ao chão, deixando fundas marcas com as unhas no soalho de madeira, doía, machucava, mas ela já estava tão machucada que um ou dois a mais não importavam.


Os lábios dela sangravam devido à forte pressão exercida pelos dentes dela sobre os mesmos quando ela se esforçava para não gritar.


No mesmo estado estavam as mãos dela que, em algum momento no meio daqueles segundos que pareciam séculos foram feridas por suas unhas.


Alguns Comensais da Morte começavam a ficar assustados com a duração da Maldição, olhavam periodicamente para Voldemort, que parecia totalmente concentrado em fazer a mulher sofrer ao máximo.


Narcissa estava se segurando para não fazer nada, ela não queria ver a irmã ser levada à loucura por aquele que ela sempre serviu e amou. Não que Narcissa não tivesse avisado, o fez diversas vezes.


Bellatrix tinha o mesmo que Narcissa na cabeça, ela sempre soubera, desde o inicio que Voldemort seria a mão que acaricia, mas também aquela que machuca. E, por mais que fosse praticamente a primeira vez que ele a machucasse, valia por todas as outras.


Seu corpo pedia pela morte, gritava com todas as forças por ela. E Bellatrix não conseguiu impedir que seus pensamentos se tornassem palavras.


- Kill me. I beg you.- foi tudo o que ela conseguiu sussurrar, o ultimo sopro de voz ainda existente nela.


Ela não tinha mais forças, nem mesmo para gritar de dor. Estava física e mentalmente cansada, tentava não se render à loucura e preferia morrer a fazê-lo.


Subitamente os gritos dela cessaram, suportava a dor calada mas não por escolha e sim por falta de capacidade de gritar.


Narcissa sabia porque ela havia parado de gritar, ao contrário de Voldemort, que parecia perturbado pelo cessar dos gritos, como se ela quisesse confrontá-lo mesmo estando tão fraca.


A loira não conseguiu mais se conter sentada e levantou-se, já aos prantos por ver o sofrimento da irmã.


- Stop! Ela não vai agüentar! – os gritos de Narcissa pareceram tirar Voldemort de algum transe. Ele olhou para Bellatrix e viu o estado no qual ela se encontrava, muito pior do que parecia segundos antes. – Se quer acabar com ela, mate-a de uma vez! - Voldemort cessou a maldição e deu alguns passos para trás.


Ele viu Narcissa praticamente voar em cima da irmã que respirava pesadamente como se só agora conseguisse colocar o ar dentro dos pulmões, a maldição durara pouco tempo, mas fora suficiente para acabar com Bellatrix. Narcissa a apoiou em seu colo, acariciando os cabelos da irmã que parecia uma boneca de tão frágil.


Voldemort não acreditava no que acabara de fazer, ele, logo ele, perdera o controle dos próprios atos, tinha sido dominado pelo próprio ódio. Ele ainda não conseguia olhar o que tinha feito com Bellatrix, que sempre lhe fora a mais leal seguidora, que dedicara sua vida a servi-lo com excelência e amá-lo acima de tudo. Ele descontara nela a raiva que sentia de todos os Comensais que estavam naquela missão.


Os outros Comensais presentes ainda estavam admirados com a coragem e ousadia de Narcissa e assustados com o estado de Bellatrix, nunca haviam visto uma Cruciatus com tal intensidade.


Narcissa levantou-se e puxou Bellatrix consigo. A morena se apoiava totalmente na irmã, sem conseguir sustentar o próprio corpo.


- Será, milorde, que me concede permissão para ir cuidar de minha irmã em outro lugar? – perguntou Narcissa, com mais rispidez na voz do que o recomendado.


Voldemort estava chocado demais consigo mesmo para pensar em qual seria o nível de rispidez recomendável para alguém que falava com ele e assentiu com a cabeça.


- Pode deixar, Cissy. – a voz de Bellatrix fez Voldemort e todos olharem para elas. – Eu vou sozinha.


- Bella, você não....


- Não acha que já fui humilhada demais hoje? Sair apoiada em alguém está fora de meus planos. – por mais que fosse difícil para ela, Bellatrix se esforçou para falar e para se soltar da irmã.


Ela virou-se na direção de Voldemort e conseguiu fazer uma reverência com muito custo.


- Com licença, milorde. – a voz ainda falha de Bellatrix incomodou Voldemort de uma maneira que ele não saberia explicar.


Culpa? Talvez, se ele não fosse Lord Voldemort. Era esse o pensamento que ele tinha sobre o tal incômodo.


Bellatrix colocou-se inteiramente ereta e tentou dar um passo, mas ela cambaleou e foi segurada por Narcissa.


- Thanks, Cissy, eu... – Bellatrix tentava escolher as palavras, mas sentia que seu corpo não respondia mais às suas ordens.


- Bella? Bella? – Narcissa sacudia a irmã, esperando uma resposta, que não veio. Bellatrix estava perdendo a consciência e Narcissa percebeu isso. Assim como Voldemort. – Bella! Não demaia, fica comigo!


As súplicas de Narcissa foram em vão, no segundo seguinte Bellatrix caia inconsciente em seus braços, fazendo Narcissa dobrar um pouco os joelhos para sustentar o peso da irmã que parecia triplicar com ela desmaiada.


Voldemort aproximou-se das duas mulheres e sacudiu Bellatrix junto com Narcissa.


- Milorde, ela está fingindo. Fazendo-se de vítima para sair por cima, como sempre. – sim, Parkinson. A única ali que teve a coragem de dizer tamanha estupidez.


- Shut up, Parkinson. – foi o que ela ouviu Voldemort responder logo em seguida. – Se ela estivesse fingindo acredita que eu, logo eu, não saberia?


- Ah, milorde.. Eu...


- Dispensados, todos vocês. – ele nem ao menos havia terminado a frase e todos já estavam se levantando, despedindo-se ele com reverências e saindo. Parkinson, claro, foi a primeira.


Assim que o último Comensal deixou a casa, Voldemort pegou Bellatrix no colo com uma facilidade que deixou Narcissa espantada.


- Você também pode ir, Malfoy.


- Eu gostaria de ficar aqui e cuidar da minha irmã, milorde.


- Eu posso fazer isso, não vou mata-la, não se preocupe.


- Sei que não, se fosse já o teria feito. – Narcissa parecia ter adquirido uma enorme coragem. – Eu apenas quero ficar com ela um pouco, ver como ela vai ficar.


- Está bem, Malfoy. Contudo..


- Assim que ela melhorar, eu irei embora. – Narcissa tirou as palavras da boca de Voldemort.


O Lorde nem mesmo respondeu, foi andando com Bellatrix inconsciente em seus braços e passou por Rabicho que não tinha visto ela tudo o que acontecera, apesar de Voldemort estar certo de que ele ouvira atrás da porta.


- Merlin! – ele gemeu ao ver que ela estava desmaiada nos braços do Lorde. – Ela não esta grávida mais uma vez, não é?


- Oh, cale a boca, Rabicho. – ele se impressionou mais uma vez porque fora Narcissa – que estava no encalço de Voldemort - quem o mandara se calar. Ela que era sempre tão quieta e educada.


Quando chegou ao quarto deles, Voldemort colocou Bellatrix na cama, puxou a varinha e murmurou algo.


Bellatrix acordou, ainda visivelmente fraca, mas pelo menos acordada. Voldemort estava sentado ao seu lado, o que a fez ter calafrios. Ele ameçou tocar o braço dela e, instintivamente, o mesmo se contraiu. Medo, ela ainda sentia medo.


Voldemort negou com a cabeça, pegou a mão dela de forma delicada e depositou um beijo nas costas.


- Eu não vou te machucar mais. Já machuquei mais do que eu desejava. – ele acariciou a mão dela. – Sua irmã vai cuidar de você, ela insistiu para ficar.


Bellatrix olhou por cima do ombro de Voldemort e viu Narcissa, que parecia aflita.


- Cissy... – Bellatrix sorriu, fazendo a loira correr e se ajoelhar ao lado da cama.


- Bella... – os olhos de Narcissa transmitiam preocupação.


- Eu vou ficar bem. Eu só preciso descansar, amanhã serei outra Bella. – as palavras de Bellatrix tranqüilizaram Narcissa e Voldemort, que secretamente estava preocupado.


- Bella, eu...- foi a vez de Voldemort tomar a palavra. – Espero que você se recupere logo...


- Eu irei, milorde. – a voz dela ainda estava estranha, ele sabia que levaria ainda alguns dias para que ela voltasse ao normal com ele, exatamente porque ele havia exagerado e demais.


Voldemort soltou a mão dela e se levantou, indo até a porta.


- Vou deixar vocês sozinhas. – ele disse, antes de sair e bater a porta atrás de si.


Narcissa segurou a mão de Bellatrix e tirou as mechas de cabelo que caiam sobre o rosto da irmã. Ela sempre fora a forte e estava tão frágil, delicada, como uma criança.


Voldemort encostou-se à porta. Ainda não entendia como se deixara dominar pela raiva e pelo ódio daquela forma, ele odiava ser controlado por todo tipo de sentimento, mesmo pelos ruins, tirava a pessoa do controle e a obrigava a fazer coisas irracionais, se não fosse por Narcissa algo muito pior poderia ter acontecido. Teria ele levado Bellatrix ao mesmo destino que ela deu aos Longbottom? Não, ele não deixaria chegar ao ponto de perder sua melhor Comensal. Ela havia errado, sim, mas ainda era a melhor de todos e, por mais que ele não dissesse isso na cara dela, era fato.


Ele desceu as escadas e entrou no escritório. Serviu um pouco de uísque de fogo e o bebeu rapidamente. Tentava pensar, raciocinar com clareza.


Tinha que reverter a situação criada com Bellatrix, não com os outros Comensais porque estes estavam assustados e pensariam setenta vezes antes de irritá-lo, mas ela estava com medo dele e este era um sentimento que ela nunca sentira por ele, pelo menos não com tamanha intensidade.


Se prejudicar com a Bellatrix Comensal, era se prejudicar com a parcela mãe dela, e aí morava o pior perigo: a raiva de Melinda. E ele não queria ter a filha contra ele, nem que por alguns minutos.


Esses dois fatores indicavam com letreiros luminosos que o exagero podia custar muito caro e o levavam a uma conclusão: ele precisava reverter tal situação e talvez para isso ele tivesse que reconquistar Bellatrix Lestrange. 

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N/A: Hello meu povo! *_* 
Postando com pouquíssimo tempo de espaço mas acho que isso faz vocês felizes! 
Acho que o tamanho desse capítulo é decente, superando o terror do cap 9 que foi super ultra mega curto. lixa* De qualquer forma... foi um cap mais dramático. Mel dramatica, Bella tbm, etc.  
Sobre o nome do cap, fica claro: todos cometem erros, pq nesse cap.. SOKAKAO vc leram. xD 
Eu precisava retratar a minha visão sobre o que ocorreu depois do ministério e espero que tenha conseguido.
Obrigada litroz pelos comentários e comentem mais pq o proximo cap, só com coments novamente.

xoxo
Mel Black (29/07/09) 

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