A Ascensão da Lady das Trevas




 


     Ela continuaria sofrendo e ele vivo, enquanto davam uma pausa talvez definitiva naquele Conto de Fadas Imperfeito. Afinal, o que mais poder-se-ia esperar da filha do homem que renegou ao amor? Um Conto de Fadas perfeito com um Happily Ever After? Don’t think so. Imperfeição a partir daquela conversa fatídica no quarto de Draco se tornara o sobrenome do romance dos dois. Talvez para sempre.


 


Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa


Capítulo 14 – A Ascensão da Lady das Trevas


 


        Várias semanas haviam se passado desde o fatídico episódio com o Sectumsempra e Draco ainda tinha algumas marcas em seu corpo. Potter pagaria, um dia. Talvez fosse vingança pelo nariz quebrado, Draco não conseguia acreditar no que lhe fora dito por Gabrielle: que, segundo a Srta Eu leio mentes, também conhecida como Melinda, Harry havia lido o feitiço em um livro qualquer e o usado sem saber. O loiro não conseguia acreditar que alguém, até mesmo Potter, fosse tão idiota.


        Ele precisava matar Dumbledore e aqueles dias na enfermaria o haviam atrasado, mas o golpe final estava planejado.  O armário sumidouro estava ali, à sua frente, consertado. Apenas esperando o momento certo de servir de passagem para os Comensais da Morte. Ele sentia um pequeno frio na barriga com aquela possibilidade, mas estava tudo arranjado. Dumbledore estava viajando muito. Na próxima viagem, ele voltaria e Hogwarts estaria tomada. Completamente.


        Ele já estava atrasado para a aula de poções. Sonserina com Grifinória. Seria a primeira vez que encararia Potter após o ocorrido e, também, encararia Melinda. A morena realmente acreditava que ele não havia percebido suas visitas clandestinas na enfermaria. Finalmente ele podia entender porque ela havia feito tudo aquilo – ela tinha sido imbecil o bastante para confessar tudo ao lado dele “inconsciente” – e não tinha certeza se tinha raiva ou a amava ainda mais.


        E por falar em Melinda, ela estava levando a sério demais aquela história de “Eu não te amo mais.”, ela queria tanto impulsioná-lo a fazer o que era necessário que estava andando por Hogwarts com um chaveirinho. McNair. Melinda o esfregava em sua cara e, mesmo que ele soubesse que era apenas fingimento da parte dela, vê-la com McNair despertava-lhe algo inexplicável, um ciúme doentio que o fazia querer partir o bastard em pedaços. 


        Era por isso que ele não conseguia evitar a raiva de Melinda. Ela estava usando todos os artifícios para feri-lo e, mesmo sabendo disso, ter um novo romance – mesmo falso – o machucava de fato. Imaginar se McNair realmente a beijava, a tocava, era enlouquecedor. E tinha efeito contrário. Porque, ele precisava se focar em Dumbledore e não em Melinda e McNair.


        O novo casalzinho nojento da Sonserina estava rindo de alguma coisa que não interessou a Draco quando ele entrou na sala do Prof. Slughorn. Melinda mandou-lhe um sorriso torto e voltou a conversar com McNair, a vontade de Draco era de esganar McNair. Que, alias, era o mesmo que havia oferecido a Amortentia à Melinda na Gemialidades Weasley.


        Quando Slugue entrou na sala, McNair teve que sair. Afinal, ele era do sétimo ano. Melinda se despediu dele de longe e Draco riu. Um selinho não seria notado por Slughorn, ainda mais vindo de sua mais nova melhor aluna. Uma vez que Potter... Não tinha mais o mesmo desempenho em Poções.


        Nicky se sentou ao lado de Melinda, parecendo preocupada com a amiga. Melinda esta apática, como se doente, e preparava a poção de forma quase robótica. Ela não tinha mais a vida de antes, de fato. Parecia um fantasma de si mesma, nem a maquiagem escondia as olheiras.


        - Você está preocupada, não é? – perguntou Nicky.


        - Não consigo acessar a mente de Draco, minha mãe ensinou Oclumência a ele tão bem quanto a mim. Mas quando ele me olha, tenho a impressão de que sabe o que eu estou fazendo. Otherwise, já teria quebrado o segundo nariz esse ano. O do McNair. Draco é ciumento demais... Não suportaria me imaginar com outro de forma alguma e está reagindo bem demais. De duas uma: Ou ele nunca me amou o tanto quanto dizia, ou ele percebeu o que eu estou tentando fazer. Nenhuma das opções é de fato confortante. – Melinda falou o mais baixo que pôde, mas nunca tirando os olhos da Poção. Mostrar a Slughorn a porcaria que ele havia feito, era sua principal vontade naquele momento. Ele havia puxado o saco de Harry o ano todo e estava errado, Potter era um farsante. E ele parecia continuar adorando Potter e isso a tirava do sério. Se fosse Granger, ainda seria mais aceitável.


        Poção terminada em tempo recorde. Ela não estava para brincadeira e todos ali notaram isso. Slughorn ficou um tanto quanto chocado ao notar a poção da morena, o que ele não sabia é que, se quisesse que ela não soubesse fazer poções como uma professora, devia fechar a mente. Porque ela já havia perdido qualquer escrúpulo para usar Legilimência nele. Potter usava um livro com dicas, ela também trapacearia.   


        - Perfect, miss Black. – disse o professor, chocado com a Felix Felicis perfeitamente preparada dela. Melinda não era uma das favoritas do Clube do Slugue, mas estava para se tornar.  – Parece que o preparo de poções está de fato no sangue dos Black. Sua mãe costumava ser muito boa, digo Bellatrix...- Melinda assentiu. – Uma pena que tenha seguido tal caminho... Tão desastroso, uma pena. Teria sido uma boa auror ou medibruxa se tivesse ido pelo caminho certo...  – disse, antes de ir a outra bancada. Melinda sabia que apenas era do Clube por ser vitima de um recente escândalo e por ser Black. Apenas. A bruxa revirou os olhos com aquela declaração de Slughorn, mas queria era rir. Bellatrix medibruxa? Ou pior... Auror? Era mais fácil ela ter se tornado uma socialite como Narcissa. 


        - Esperava uma reação melhor dele, não é? – perguntou Nicky, mexendo no cabelo loiro comprido com o qual ainda não havia se acostumado, mas que já tinha um tom mais puxado para o cobre. Loiro acobreado, muito bonito e mais fácil de se acostumar do que o platinado do Halloween.


        - Na verdade, não. Esperava que ele não comentasse uma idiotice tão grotesca sobre a minha mãe. Imagina? Bellatrix Lestrange medibruxa? – Melinda fez cara de nojo. – Ajudando os sangues-ruins e traidores? Merlin, so not her.


        Potter pareceu que ia pular da bancada quando Slughorn falou sobre ‘o sangue dos Black’, ele ainda não se conformava com o fato de que a filha de Voldemort era parente de Sirius, usava o nome dele. Argh, terrível para ele. E agora Slughorn puxava o saco dela, como fazia com Tom Riddle, só porque ela era boa em poções. Bom, Tom também era. De fato, estava no sangue.


        Melinda passara o resto da aula ajudando Nicky com a própria poção, uma vez que a dela estava pronta havia muito tempo. Ao terminar da aula, Harry saiu quase correndo da sala, provavelmente não queria que Slughorn o perguntasse coisas sobre o ocorrido com Draco Malfoy e nem encarar o loiro.


        - Srta. Black. – chamou Slughorn, com a usual voz de puxa-saco. – Eu percebi que a Srta não compareceu à minha festa de Natal...


        Melinda se aproximou dele, sorrindo como um anjo dos mais divinos. Ela adorava fazer isso, principalmente quando tinha uma resposta cortante na ponta da língua.


        - Oh, sim, professor. Eu precisei ir para a casa dos Malfoy. Minha tia desejava que eu passasse meu primeiro Natal com ela e Draco. Tanto o dia de Natal, quanto a véspera. Creio que entenda, nos conhecemos ainda tão pouco e como uma família desejamos nos conhecer mais. – mentirosa como o pai. – Contudo, corrija-me se estiver errada. – Acho que estava bem servido com Potter, ouvi dizer que lhe tem muito apreço, é, como eu posso dizer? O Vip do Clube do Slugue. Mas não me impressiona que tenha notado minha falta, agora que seu favorito perdeu conceito, não é? Atacar um colega? Uma lástima.


        - Srta Black, de forma alguma eu tenho preferências pelo Sr Potter, todos de meu grupo são de meu maior apreço. Esse tipo de divergência não é necessária...


        - Oh, não? Pois então por que não me perguntou quando eu retornei a Hogwarts depois dos feriados? Desculpe-me professor, mas se pretende que os outros membros do Clube não pensem que tem alguma preferência por Potter... Devia rever a forma de tratamento, pois é isso que todos, não apenas eu, pensam. Peço perdão se o ofendi de alguma forma, todavia estou falando porque lhe tenho enorme apreço e não quero que o senhor tenha fama de quem favorece a certos alunos, se é que me entende. – Melinda chocava Slughorn mais a cada palavra. O tom de voz doce com palavras tão cortantes e acusadoras era um tanto assustador. O lembrava um certo aluno o qual queria esquecer. – Agora, se me permite. Preciso me retirar, tenho dever do professor Snape para terminar.


        Slughorn assentiu e ela saiu da sala, acompanhada por uma versão chocada de Nicky. A loira parecia ainda não acreditar no que ouvira. Melinda confrontando um professor daquela forma?


        - Perdeu a noção do perigo, Melinda? – disse uma voz zombeteira de trás dela. Quando a morena se virou, Draco estava parado na porta da sala de Slughorn, rindo de canto para ela. – Enfrentando professores? Acha que seu... Sua mãe aprovaria?


        - Slughorn é fraco, não fará nada, Draco. Mas, obrigada pela preocupação, ou pela tentativa de simular uma. – ela sorriu e se virou para voltar a andar.


        Draco adiantou o passo e alcançou-a, andando a seu lado, com o mesmo sorriso torto irritante e aquele ar de piada que a faziam querer esganá-lo.


        - Até onde eu sei, é você quem adora simular as coisas, priminha. – ele piscou pra ela.  – Não que você seja muito boa nisso, afinal comete alguns deslizes imperdoáveis. See you girls. – ele sorriu com todos os dentes, como quem estava por cima, e as deixou, olhando uma para a outra.


        Melinda esperou algum tempo após o sumiço dele pelo corredor e começou a andar. Rápido. Muito rápido. Nicky praticamente não conseguia acompanhar o ritmo em cima dos saltos. A precisão de bailarina de Melinda e Gabrielle não era pra todas, afinal.


        - O que foi? – Melinda não respondeu, pelo menos não antes que as duas estivessem seguras dentro do quarto dela, com a porta devidamente trancada.


        - Ele sabe. – ela disse, já com os olhos marejados. – Sabe que eu estou fingindo. Ele deve... Ter me ouvido quando eu fui à enfermaria, mas não é possível. Eu sabia. A reação dele quanto ao McNair foi normal demais... Tudo vai dar errado agora, tudo... – ela já soluçava àquele ponto da conversa.


        - Mel, o que vai dar errado?


        - Eu não posso falar, eu já disse! Mas que inferno! Apenas saiba que toda a dor de deixá-lo, de feri-lo, tinha um motivo muito forte, muito. E agora... Tudo foi por água abaixo... And it’s my fault. Eu pensei que ele estava inconsciente e não estava... Ele me ouvia. – ela se jogou na cama, chorando em desespero visível.


        Nicky não sabia o que fazer e também não saberia tão cedo, talvez nunca. Ela simplesmente estava perdida, mas se a própria Gabrielle não sabia... Dificilmente ela iria saber.


 


Mansão Riddle – Algum tempo depois


 


         Bellatrix subiu as escadas batendo os pés com força, os finos saltos quase furavam a madeira velha e frágil das escadas da Mansão Riddle. A fúria da mulher era fundamentada, porém não aceita por Voldemort, que subia em seu encalço. Pela primeira vez, ela havia diretamente discordado de uma ordem dele e isso era muito irritante.


        A porta do quarto veio contra Voldemort, que a segurou com o braço, ficando ainda mais estressado do que estava antes.


        - Bellatrix Lestrange! – repreendeu ele, entrando no quarto como um furação. Quase como ela. A segurou pelo cotovelo e a virou para si. – Pare de agir como uma criança mimada, por Merlin! Eu já tomei a minha decisão e surtar não vai me fazer mudá-la. Você não vai à Invasão de Hogwarts. Isso é irrevogável.


        - Por quê? Nunca questionei nenhuma de suas decisões, mas não posso com essa. Por que eu sou a única Comensal de Elite que não vai? – ela se soltou da mão dele e deu alguns passos pelo quarto, tentando se acalmar. – O que eu fiz? Será que eu ainda não fui castigada o bastante pelo incidente no Ministério? Todos, todos estão rindo de mim nesse momento, tendo a certeza de que eu me tornei apenas seu bibelô. Uma bela mulher para usar de troféu. É isto? Não sirvo mais como Comensal da Morte? – ela estava com tanta raiva que achava que ia chorar ou quebrar o quarto.


        Voldemort mordeu o lábio, segurando qualquer tipo de resposta indesejável. Ele não podia dizer o que realmente queria, o verdadeiro motivo. Entendia o ódio dela, entendia como ela estava louca para ver Dumbledore morrer, ela adoraria presenciar, mas ele simplesmente não podia mandá-la. Ele não conseguia. Não depois do que acontecera na Páscoa.


        - Os Aurores estão com permissão de matar os Comensais procurados, Bella. – meia mentira. – Precisarei de você quando a guerra estourar. E, fora Greyback, você é a única procurada que iria a esta missão. Greyback não me tem tanta utilidade quanto você. Não abdicarei de você tão cedo.


        - Acha mesmo que eu vou sucumbir a um Auror idiota? Quantas vezes já lutei contra eles e...


        - Você se tornou alvo para seus próprios companheiros, Bella!


        - O quê?


        - Na Páscoa. Foi um Comensal que mandou... Você sabe. – Bellatrix pareceu parar de respirar por alguns segundos. Ela tocou o local da cicatriz na lateral do corpo.  – Eu descobri pouco depois que o medibruxo...


        - Medibruxo? Um medibruxo esteve aqui naquele dia? Pensei que Snape...


        - Depois eu te explico essa história, Bella. – ele beijou a testa dela rapidamente e se retirou do quarto. Estava prestes a falar mais do que devia. Ele mesmo tentava entender o que havia ocorrido na Páscoa. Mas não com ela, com ele.


        Entrou quase correndo no escritório, servindo-se uma dose de uísque de fogo prontamente. Havia tantas coisas sobre aquele dia que ele queria entender. Não se arrependia, de forma alguma, apenas não entendia. E queria isso como nada em sua vida.


        Virou a dose de uísque de fogo e logo serviu-se outra. Se ia mesmo tentar decifrar o que acontecera, precisaria de álcool, muito álcool. Na segunda dose, ele já não conseguiu impedir as lembranças de inundarem sua mente. Lembranças essas que continham fatos do conhecimento de todos os Comensais presentes naquela noite, menos a mais interessada: Bellatrix.


 


Flashback


       


Feriado de Páscoa. Os Comensais tinham que de alguma forma comemorar. Mais ataques, medo e mortes? Pode apostar que sim. Os trouxas teriam uma páscoa inesquecível.


E, dessa vez, Voldemort não apenas mandara os Comensais, como também os acompanhara na diversão. Fácil demais, uma vila trouxa, totalmente sem proteção. Atacar era como tirar doce da boca de uma criança... Ledo engano.


Pela primeira vez em anos, os Comensais da Morte haviam caído em uma armadilha. E o pior era que alem dos Comensais e de Voldemort, Melinda e Snape estavam no ataque. Feriado, afinal de contas, sem aulas em Hogwarts. Voldemort não deixaria de chamar seu Comensal favorito e a Princesa das Trevas não ficaria menos do que ofendida se não recebesse um convite e ficasse sozinha em casa.


O Ministério havia enchido a vila de Aurores disfarçados e soltado informações no Ministério que aquela era a única vila nas proximidades que ainda necessitava de proteção. E um Comensal infiltrado idiota passou a informação sem checar direito. Bom, ganhara um Voldemort muito irritado de presente de Páscoa.


Feitiços voavam para todas as direções e era fato que os Obliviadores teriam um terrível trabalho na manhã seguinte, pois trouxas assustados corriam para todos os lados.


Em algum momento, Voldemort deu ordens a Snape para tirar Melinda dali. Ela não podia ser vista pelos Aurores e mesmo o capuz e a máscara não a protegeriam se ela fosse pega. A jovem era boa em duelos, todos puderam constatar naquela noite, mas os Aurores eram experientes e qualquer deslize era suficiente para que a maior arma dos Comensais fosse descoberta.


Antes que Melinda pudesse reclamar da aproximação de Snape, ele já havia aparatado com ela para bem longe dali. Ela estava segura na Mansão Riddle.


Mas lá, no Campo de Batalha, a situação estava longe de ser calma e segura. Aurores com permissão para matar criminosos procurados não são muito fáceis de se lidar, nem mesmo para os Comensais. Todos eles queriam as cabeças de Voldemort, Bellatrix e Greyback, então os três se defendiam de feitiços vindos de todos os lados.


Voldemort não perderia mais Comensais para o Ministério, então deu a ordem de recuo. Todos os Comensais aparataram para a Mansão Riddle, restando apenas ele e Bellatrix.


- A ordem vale para você. Eu os seguro mais eficientemente do que você, Bella. Vá! Isso é uma ordem. – ele a viu dar alguns passos até um beco e andou atrás dela, mas subitamente a ouviu cair. Colocou proteção no beco para que nenhum auror pudesse entrar e pôde finalmente se virar para ver o que havia acontecido. Uma adaga, muito parecida com a da própria Bellatrix, estava enfiada na lateral de seu corpo, na região das costelas e ela sangrava muito.


Os Aurores tentavam ultrapassar a barreira de Voldemort, mas era inútil, não tinham conhecimento o bastante para tal. A forma como a adaga fora enfiada mostrava que o ataque tinha sido por trás e a arma... Girada. O corte era profundo ele pôde ver, quando ela mesma retirou a faca de si. Bellatrix tentava, mas não conseguia falar e, talvez, o corte tivesse atingido os pulmões dela. Merda.


Voldemort a pegou no colo e pegou a adaga tão rapidamente que nem mesmo acreditou quando aparatou e se viu tão cedo na Mansão Riddle. Quando ele colocou os pés na Mansão, imediatamente viu Melinda se adiantar sobre ele, visivelmente preocupada com a mãe. Bellatrix, àquele ponto, já havia desmaiado nos braços de Voldemort, o que deixava a cena ainda mais medonha.


- O que diabos...- Melinda foi logo cortada pelo pai.


- Greyback. – a forma como Voldemort chamara o Comensal fez todos recuar. Puto era muito pouco para descrevê-lo. – Eu quero o melhor medibruxo existente no Reino Unido nessa Mansão para ontem. Não precisa voltar aqui se não arranja-lo, mas eu te encontrarei.  Melinda, não deixe ninguém sair daqui. Essa adaga não pertence a um Auror. – ele jogou a adaga, que caiu fincada no chão. – Foi um Comensal e eu quero saber quem antes do nascer do Sol. Snape, venha comigo.


Voldemort subiu as escadas quase correndo, carregando a mulher desmaiada como se fosse leve como uma pluma. A vontade de matar quem fizera aquilo era enorme, quase o fazia explodir. Não entendia de onde vinha tanto ódio, mas vinha. Afinal, Comensais são proibidos de atacar uns aos outros, não é? Ser desobedecido o enfurecia sempre. Claro Voldemort, engane a si mesmo.


Ao colocá-la em cima dos lençóis negros, notou que ela já começava a ficar gelada. O bicho dentro de si cresceu, mas ele precisava salvá-la antes de matar o filho da puta. Perdê-la não era uma opção. Estava longe demais de ser.


- Snape. Você conhece encantamentos... Consegue segurá-la estável até o medibruxo chegar tão bem quanto eu, mas eu não tenho... Faça! – aquilo fora uma ordem e Snape não era louco de desobedecer, contudo, Snape sabia o resto da frase: “Eu não tenho condições.”


Ele se aproximou do corpo quase inerte da mulher, nunca a havia visto tão fraca. Bellatrix respirava com dificuldade. Muita dificuldade. Certamente a adaga atingira os pulmões. Mas com sorte, fora leve. De outra forma, estaria morta há muito tempo.


- Foi um Comensal. – disse Snape, enquanto passava a varinha sobre o corpo dela. – Estava certo, a adaga era de um dos nossos, e tinha magia negra. Algo para não deixar cicatrizar. O medibruxo sozinho dificilmente conseguiria salvá-la. – Voldemort assentiu, agradecendo a Merlin por ter Snape ali naquele momento ou teria que ele mesmo se controlar e tentar fazer algo. Trabalhar com ódio e sob pressão era impossível.


- Eles deviam usar a Magia Negra contra traidores e trouxas, não contra uma bruxa de sangue puro que é colega deles. Eu não quero saber, Snape. Mas todos os envolvidos serão castigados. Atacar-se entre si é desrespeito direto contra mim. Não vou tolerar guerras internas. – Voldemort se sentou na beirada oposta da cama, observando Snape murmurar dezenas, talvez centenas de encantamentos. Ela estava menos pálida, de fato, mas longe de estar curada.


A serenidade momentânea do quarto foi interrompida por alguém que abriu a porta com tremenda força. Greyback, trazendo o medibruxo arrastado pelo cangote.


- O melhor, mais famoso, milorde. Muito fácil de achar. Em casa, feriado...


- Muito bem, Greyback.


Voldemort tirou a varinha das vestes, podia muito bem fazer um acordo com o medibruxo, mas não arriscaria que ele fingisse salvar Bellatrix enquanto a deixava ainda mais fraca, para ir embora e depois ela piorar.


- Imperio. – disse, apontando para o medibruxo. – Agora, Doutor. Está vendo aquela mulher deitada na cama? Você vai salvá-la. Custe o que custar. E o que você ganha? Uma passagem de volta para casa sem o peso de se lembrar que salvou a vida de uma Comensal da Morte, não que precise de algum incentivo para me obedecer, é claro. Vá! – Voldemort apontou a cama e, mesmo parecendo não querer, o medibruxo foi.


Mais de uma hora se levou entre o medibruxo fazer feitiços e usar poções recém preparadas por Snape nela. Ele parecia odiar fazer aquilo, ao contrario de Snape que ao menos fingia não ter sentimento nenhum sobre aquilo.  


Voldemort não deixara o quarto por um segundo sequer e, quando o medibruxo terminou, quase duas horas depois, ele sentiu que finalmente podia descobrir quem diabos tinha feito aquilo. Mandou Greyback obliviar o medibruxo e mandá-lo pra casa.


Os passos do Lorde na escada empalideceram os Comensais, todos sem exceção tinham medo da reação dele. Talvez descontasse em todos, estava totalmente fora de si.


Calmamente, Voldemort pegou a adaga presa no chão e a examinou. Muito bonita, bem feita. De família rica, provavelmente. Olhou novamente para os Comensais, com um olhar somente visto nele quando matava ou torturava trouxas.


- Eu vou perguntar uma vez. Quem foi? – perguntou Voldemort, com a voz fria como o próprio gelo. Ninguém respondeu.


- Milorde...- Voldemort ouviu a fraca voz de Bellatrix e virou-se em súbito, ela estava descendo as escadas apoiando-se no corrimão. A cada passo parecia que ia cair.


- Snape....


- Ela acordou e insistiu em vê-lo...Tentei dissuadi-la, milorde, mas eu não sou exatamente o Comensal favorito dela, nunca me ouviria. – disse Snape, isentando-se de culpa.


Bellatrix olhou para Snape com uma careta e continuou descendo as escadas, tentando parecer capaz.


- Eu estou ótima, a não ser que tenha me envenenado...


Voldemort virou-se mais uma vez para os Comensais, parecendo mais irritado. Ele precisava descobrir e dar um jeito da teimosa Bellatrix voltar ao quarto.


- Ultima chance: Quem foi? – todos se entreolharam, sem resposta. – Ótimo, pior para o culpado. Melinda, procure na mente de cada um e assim que descobrir, me deixe saber.


- Será um prazer, meu pai. – disse a garota, parecendo tão louca para acabar com o culpado quanto o pai.


Voldemort virou-se na direção de Bellatrix, que já terminava de descer as escadas. A mulher pisou em falso e desabou sobre ele. Voldemort a segurou com o maior cuidado do mundo para não tocar o corte ainda recém fechado na lateral do corpo dela.


- Você precisa retornar ao quarto.


- Não quero ficar sozinha lá, nem com Snape. – ela disse, agarrada ao pescoço do Lorde. – Estou ótima.


- É, eu posso ver. – Voldemort a afastou do corpo um pouco e a pegou no colo novamente. – Auxilie Melinda enquanto eu mantenho Bellatrix na cama, sim? – disse a Snape, que assentiu e terminou de descer as escadas, enquanto Voldemort subia as mesmas, segurando Bellatrix como se fosse feita do mais fino cristal.


Melinda sorriu maligna ao começar a penetrar cada mente daquela sala. Adorava usar a Legilimência e, se era para algo útil, mais ainda. Descobriria quem havia ferido Bellatrix e poucos minutos eram necessários para procurar na mente de cada um.


Começou por aqueles que considerava mais suspeitos, que estavam mais perto de Bellatrix ou que a detestavam mais. Apenas Snape, que estava com ela mesma na hora do ocorrido, escapou. A busca começava a ficar cansativa, pois nenhum deles havia visto ou feito nada. Até que....


        - Yaxley. – ela suspirou.


Ela olhou pra Snape, que petrificou Yaxley antes que este pudesse pensar em fugir. Ficou algum tempo olhando para o Comensal, como se tentasse decifrar porque ele havia feito aquilo. Não havia motivos. Yaxley não era melhor amigo de Bellatrix, nenhum Comensal era, mas também não parecia odiá-la o bastante para se prejudicar.


Alguma coisa estava muito estranha naquela história, mas ela não tinha tempo para fazer teorias naquele momento. Ela só sabia de uma coisa: Ele quase tirara a vida de Bellatrix e tinha que pagar por aquilo. Son of a bitch.


Voldemort deitara Bellatrix de lado na cama, evitando assim que o lado machucado tocasse a cama que, ainda macia, a faria sentir dor. Nunca havia ligado para esse tipo de coisa, mas nem mesmo parava para pensar nisso.


- Será que a implicância com Severus não tem fim, Bella? – disse, sentando ao lado dela.


- Não gosto que ele respire o mesmo ar que eu, não quero me infectar com traidores. – respondeu Bellatrix, forçando tanto a voz para transmitir nojo que a fez sentir uma pontada no corte. A careta não passou despercebida pelo Lorde.


- Então pare de implicar ao menos para não sentir dor. – disse ele, quase rindo, mas foi interrompido mais uma vez pela porta. Melinda entrava aflita.


- Eu descobri quem foi. – Voldemort se levantou e foi até a porta. – Não saia daqui, Bellatrix. – saiu do quarto com a filha, quase pulando os degraus.


Quando chegou à sala e viu Yaxley petrificado, Voldemort literalmente voou pra cima dele, segurando-o pelo pescoço petrificado. Ele não tinha motivo algum para fazer o que fizera. Se ainda tivesse, seria menos pior.


- No meu estoque tem Veritasserum, Severus. Pegue para mim. – Snape já estava no estoque antes que o Lorde terminasse a frase. Assim que Snape voltou, Voldemort liberou o corpo de Yaxley e o obrigou a engolir a poção. – Por que você atacou Bellatrix Lestrange?


- I don’t know. Eu ataquei, eu sei, mas eu tinha que atacar. Juro que não sei porque, milorde. – respondeu o Comensal, quase chorando. Alguém me disse que devia, não sei quem, eu não vi, e eu não consegui desobedecer. – Voldemort soltou o Comensal e se afastou dele.


- Imperius. – disseram Snape, Voldemort e Melinda em uníssono.


        Voldemort virou de costas para Yaxley, revoltado com como eles haviam voltado ao inicio de tudo. Sabiam que Yaxley tinha feito o trabalho, mas que havia sido mandado por alguém.


        - Eu quero a cabeça do mandante. – disse ele, ainda de costas para os Comensais. – O primeiro que me trouxer informações será muito recompensado.


        Murmúrios começaram, alguns Comensais combinando entre si que se ajudariam a fim de achar o mandante mais rapidamente, outros dizendo que seriam os primeiros a achar.


Voldemort chutou a cadeira a sua frente e dispensou todos, voltando a andar em direção ao quarto. Nunca nenhum Comensal havia o visto tão preocupado em salvar a vida de um deles, ou tão irritado porque um havia sido machucado. Todos se olhavam, um tanto chocados com a saída do Lorde, mas sabendo que deviam deixar a casa o mais rápido possível e Melinda fez questão de lembrá-los disso. Voldemort, no entanto, já estava no quarto, com Bellatrix.


- Sente-se melhor? – perguntou, e ela estranhou muito a resposta. Arrumou-se na cama para olhar pra ele e sorriu.


- Agora sim... Quando estou sozinha incomoda mais. – Bellatrix fez voz manhosa e ele percebeu. – Parece que dói menos quando está aqui...


Voldemort sabia que o analgésico dado a ela por Snape, àquela hora, já devia ter começado a fazer efeito e era forte o bastante para que a dor fosse quase nula, ele mesmo se certificara disso.


- Ah, é? Pois eu penso que você só diz isso pra eu ficar aqui com você... – ela não respondeu, só sorriu de canto e voltou a olhar para a cama, parecendo ainda muito fraca, mesmo que já um pouco mais corada. – O que você não sabe, Bella... – quando ela olhou, com os olhos transmitindo cansaço, Voldemort havia trocado as vestes cheias do sangue dela que ainda usava, ele se aproximou da cama e deitou-se no lado oposto ao dela. – É que eu não ia sair daqui de qualquer forma.


Bellatrix ficou o observando, sem entender muito a mudança nele. Parecia tão atencioso, até mesmo preocupado – é o ela diria em um de seus sonhos românticos – contudo, esperar que ele estivesse de fato preocupado com ela era um pouco demais. Mesmo para uma debilitada e frágil Bellatrix.


- Quem foi? – ela perguntou, em algum momento.


- Yaxley, mas ele estava sendo controlado por outra pessoa. Provavelmente um Auror. A adaga era do próprio Yaxley. – mentira. Sim. Ele não queria Bellatrix paranóica com todos os Comensais a seu redor, pelo menos não enquanto ela ainda se recuperava. Ele contaria, no momento oportuno. Afinal, a Magia Negra naquela arma era obra de Comensais, de fato. Não havia como negar. A adaga fora entregue do jeito que estava a Yaxley, quando este fora enfeitiádo. Ele vira na mente do Comensal a lembrança, mas o mandante não era visível. – Sua cabeça nos dias de hoje vale ouro, Bella. Qualquer um daqueles Aurores receberiam uma promoção por te matar, ou te ferir gravemente a ponto de te levar para o Ministério.


Bellatrix assentiu e riu um pouco. O ferimento doía um pouco ainda quando ela fazia força e rir estava incluindo. Ela fechou a cara na hora e fechou os olhos, para descansar. Abria os olhos de vez em quando e os fechava de novo. 


Ficaram os dois na mesma posição, ela deitada de lado, quase adormecendo e ele, também de lado, olhando para ela. E assim foi por horas, com a única diferença que ela de fato adormeceu. Ele, contudo, ficou acordado pensando em tudo que havia acontecido naquela noite. Ao acordar, disse à filha que não era para comentar que o mandante havia sido um Comensal até a total recuperação de Bellatrix e até o presente momento ele não entendia o porquê.


 


Fim do Flashback


 


        A dose atual de uísque de fogo já estava no final e ele continuava sem entender o que havia acontecido claramente naquela noite. Na verdade, o que não estava claro é como havia acontecido, porque o ocorrido estava bem claro para todos: Ele se preocupara com ela, mais do que pudesse desejar. E deixara isso claro para todos os presentes, sem pudor ou vergonha disso.


        Movera tudo, Céus e Terra, para salvá-la. Chegara a ameaçar Greyback para que este conseguisse o medibruxo. Provavelmente àquela hora, não apenas a reputação de Bellatrix estava manchada, como também a dele próprio: se ela era seu bibelô, todos haviam percebido para ele, era de cristal e que ele fazia de tudo para que este não se quebrasse. Sua preocupação ficara mais evidente do que ele gostaria.


        E, agora, ele estava preocupado de novo. Usar a utilidade de Bellatrix como Comensal como desculpa era idiota demais e não convenceria nenhum deles, nem a própria Bellatrix, que pelo barulho, já descia as escadas.


        Em segundos ela passaria pela porta, fazendo perguntas que ele não podia responder. Não sabia por que se preocupara, mas sabia que tê-la nos braços ensangüentada e à beira da morte não era uma experiência que ele queria repetir. Era incômodo demais, ou esta era a palavra que ele queria usar para substituir insuportável. Ele começava a se importar com ela, mesmo que negasse este fato até seu último suspiro.


        Ela abriu a porta e o encontrou olhando pela janela, como o uísque na mão, pensativo. Queria convencê-lo de alguma forma a ir a Hogwarts, mas o primeiro tópico daquela conversa não envolvia a Escola de Magia.


        - Por que não havia me dito que foi um Comensal o mandante...


        - Não vi necessidade de arranjar mais tensão entre você e os Comensais. A não ser quando eu encontrasse o culpado, o que ainda não aconteceu, dessa forma você não ficaria procurando culpa em todos... Mas o culpado será seu quando eu o encontrar – respondeu, ainda sem olhar pra ela.


        - Justo. – ela suspirou. – Nenhuma pista?


        - Ainda não, mas todos estão atrás... Logo aparecerá.


        - Acredita que o culpado está nos que vão a Hogwarts? – perguntou a bruxa, finalmente tocando no assunto.


        Voldemort pareceu refletir por um momento, escolhendo as palavras certas para respondê-la. Estava ficando sem saída e admitir que temia por ela, que se preocupava mais do que devia, estava fora de cogitação e de lógica. Bellatrix sabia muito bem se defender dos Aurores. Não seria morta por um deles, nunca fora. Era sua melhor aluna. Além do mais, Melinda também estaria lá e faria total questão de ficar próxima da mãe.


        - Evidente que não, eu me certifiquei de que o culpado por isso não estivesse nessa missão. – ele finalmente se virou para ela, encarando-a mal humorado. Bateu o copo na escrivaninha e suspirou, deixando-se vencer por ela. – Está bem, Bella. Você irá. Não porque quer, mas porque preciso de alguém que de fato pense em tirar Melinda de lá e não em ganhar pontos comigo cometendo muitos assassinatos. – nem ele mesmo acreditava em tal desculpa, mas ela tinha algum fundamento. - Após a morte do velho, nada mais impedirá Potter de abrir a boca e o Ministério irá atrás dela, ela não pode continuar em Hogwarts após o ataque, assim como Draco, entendeu? – Bellatrix assentiu feliz por ter a oportunidade de ver Dumbledore morrer com seus próprios olhos. 


        - Sim, milorde. Eu mesma tirarei nossa filha daquele castelo e a trarei comigo. E, sobre os Aurores, talvez eu lhe traga a cabeça de um, desejas? Sei que Hogwarts está cheia deles, mas sei também como dispersar-los, como torturá-los. – ela se aproximou da mesa e apoiou-se na mesma. – Estejas certo de que eu não serei pega, milorde. Não cometerei os erros do Ministério mais uma vez. Estarei aqui para a Guerra, não perderia isso por nada... – de fato, ela não perderia.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – No dia seguinte


                Melinda agradecia por pensar tanto em formas de salvar a vida de Draco, porque se não tivesse mais essa preocupação provavelmente estaria louca sem saber se haviam descoberto ou não quem mandara o ataque à Bellatrix. Tentava não pensar nisso, porque encarar a quase morte da mãe já fora ruim o bastante para ficar pensando nisso. Não tocara mais no assunto até que Gabrielle o desenterrara.


        - Mel, sobre a sua mãe... – perguntou a mais jovem, enquanto penteava o próprio cabelo no quarto de Melinda. – Ela melhorou... Teve mais noticias?


        - Quando eu voltei do feriado de Páscoa, ela já havia melhorado bastante, quase não sentia o corte e tudo o mais... Falo em códigos com tia Narcissa por cartas, entende? Pergunto sobre uma amiga dela... E ela tem me dito que a tal amiga melhorou bastante. Tranqüilizou-me. Só ainda não descobri quem a atacou, alias quem mandou atacarem-na. – respondeu a morena, folheando o livro de Poções.


        - Fico feliz...


        - Eu mais, mas... E Snape?


                Gabrielle mordeu o lábio e virou-se de frente para Melinda, havia muito tempo que as duas não conversavam sobre isso. A loira mexeu no cabelo e sorriu torto.


         - Ele continua evitando me encontrar sozinho. – ela riu. – Acho que morre de medo de ceder de novo, ele cedeu com uma fúria que você não tem idéia, nunca tivemos tempo para conversar sobre isso, não é mesmo? Pois então. Ele parece ter medo de mim. Mas eu consegui ficar sozinha com ele depois da última aula...


        Melinda sentou-se de súbito na cama, sorrindo de orelha a orelha. Será que finalmente o plano delas de fato estava funcionando e Snape enlouquecendo?


        - E aí? O que aconteceu? Atacou-te mais uma vez? – Melinda riu. – Não de forma pejorativa uma vez que eu sei que você adoraria ser atacada. 


- Não, eu não deixei. – a loira sorriu maligna. – Preciso deixar ele interessado de tal forma que eu não precise me jogar em cima dele, que ele venha a mim, Mel.


- Declaração digna de uma aprendiz da madame Lestrange, Merlin!


- Pois é, mas você tinha que ver a cara que ele fez. Valeu o meu mês, se quer saber. Achei que ia correr atrás de mim...


Melinda mordeu o lábio e deu risada, agora era a vez dela ter Defesa Contra as Artes das Trevas e teria que se controlar muito para não cair no riso, afinal imaginar a cena seria engraçado.


Gabrielle praticamente arrastou Melinda para fora do quarto quando percebeu que ambas estavam imensamente atrasadas para a aula. Gabrielle teria Slugue, fácil, mas Melinda teria Snape. Tenso.


Quando estavam para sair do quarto, Pansy passou correndo pelas duas: também atrasada e sem nenhum tipo de pontos com Snape, já que estava cada vez mais vagabunda e não fazia nada nas aulas: quase perdendo o distintivo de monitora.


Gabrielle parou e fez cara de nojo, mas quando voltou a andar, ela escorregou em alguma coisa e foi segurada por Melinda. Ao olhar no que escorregara, Gabrielle constatou que era um pedaço de pergaminho que caíra das coisas de Pansy.


Ela pegou o pergaminho e não resistiu ao ímpeto de ler enquanto andava sendo cegamente guiada por Melinda pelos corredores do castelo. Era um envelope com cartas, uma delas recém-recebida.


- Puta que pariu! – exclamou Gabrielle, quando examinava uma das cartas mais antigas.


        Melinda parou, fazendo cara de chocada com o fato da garota ter praticamente berrado. Alguém poderia ouvir e ela levar uma detenção. Ta, contanto que fosse com Snape estava ok para Gabrielle.   


        - Você vai querer ler isso. – Gabrielle entregou, quando chegou próxima ao caminho que tomaria à sala de Slughorn. – Diga-me depois da aula.


        Melinda pegou os pergaminhos sem entender e correu para a sala, por sorte Snape tinha se atrasado um pouco e ela tivera tempo de entrar antes do professor. Sentou-se ao lado de Nicky, que começou a prestar uma tremenda atenção quando Snape entrou logo depois e nem ligou para os pergaminhos que Melinda segurava.


        A morena prestou atenção na aula, mas quando Snape finalmente lhes deu um texto para ler faltando apenas alguns minutos de aula, ela percebeu que era o momento certo para ler os misteriosos pergaminhos.


        Gabrielle havia facilitado seu trabalho e deixado o que lhe causara espanto por cima, Melinda o abriu primeiro, era mais antigo. Provavelmente a faria entender melhor a história.


 


        “Querida,


 


Entendo sua aflição, a mãe de sua colega me humilhava da mesma forma que a filha faz contigo.
Não posso fazer nada para impedir a filha diretamente, mas posso fazer mãe impedir.


Mamãe.”


Melinda abriu mais um, desesperadamente, não podia ser o que ela estava pensando.


 


“Dear daughter,

Na Páscoa um de meus conhecidos saíra para um passeio com a mãe de sua colega, me certifiquei de que ele a tirará de nosso caminho. Não nos incomodará mais, e sem a mãe para apoiar, nem a filha.


 


Mom.”


 


A jovem bruxa engoliu seco, eram cartas de Katherine Parkinson para a filha, Pansy. Nas quais ela admitia ser a mandante do ataque.


 


“Pansy,


 


Os planos não saíram como nós planejávamos. A mãe de sua amiga se recusa a recuar. Ela está indestrutível e o pai da garota se envolveu na história e quer saber quem atormenta tanto sua rainha.


Não sabe que eu pedi a meus amigos para falarem com ela, sabe? E nem tem como saber. Queria fazer tudo na moita e assim consegui. Não faça nada contra a filha, piorará tudo.


Eu tentei, mas terá que tentar reconquistar seu amor por si mesma. I’m sorry, but I can’t go on.


 


Mother.”


Melinda nem percebera que a aula já havia acabado e que Snape a olhava à pouca distância, intrigado com o fato de ela nem mesmo notar a presença dele ali.


Ela sentia os olhos queimando, o peito apertando. Como diabos não havia pensado nisso antes? Parkinson, era claro como o mar do caribe.  Um Comensal, não que ela fosse uma de fato, mas era um projeto, com conhecimento mínimo de Artes das Trevas e que odiasse Bellatrix com todas as forças. Óbvio demais.


E, finalmente, abriu a última:


 


“Queridinha,


 


Não precisa se preocupar. Não tem como ninguém saber que eu atormentei a mãe de sua amiga, nem o pai da garota.

Fique tranqüila. Fiz tudo direito.


 


Mamãe.”


 


Ela jogou a carta na mesa, estressada e se levantou, juntando suas coisas o mais rápido que podia. Aquela filha da puta estava muito enganada, a filhinha deixara rastros. E ela os seguiria e entregaria a Voldemort.


- Srta Black... – chamou Snape, só naquele momento sendo notado pela garota. – Não sei se notou, porém a aula acabou há vários minutos.


Melinda olhou para todos os lados e não havia mais ninguém na sala, alem dela e de Snape. Melhor assim, de outro modo não poderia explicar o que tinha para explicar. Ele era um Comensal, apesar de suspeito, e entenderia o que acontecera.


- Está bem, Srta? – ele arqueou a sobrancelha, percebendo que ela estava completamente fora de si. Respirava com dificuldade, transpirava e tinha um olhar assassino.


- Eu descobri o mandante, Snape. – foi tudo o que ela disse, antes de deixar a sala, claramente esquecendo que dentro de Hogwarts ele ainda era seu professor e não seu colega Comensal.


Snape pegou a varinha e fechou a porta, não deixando-a sair. Melinda virou-se mal-humorada para ele, cuspindo marimbondos, ela precisava sair daqui de qualquer forma.


- Aluna errada, Snape. Somos amigas, mas eu não sou a Gabrielle. – ele ignorou o comentário.


- Sei que não vai me falar quem foi, mas eu te digo: Somente Narcissa Malfoy pode te tirar de Hogwarts agora. Sabe aparatar, mas o Ministério não sabe disso, Melinda. – a falta do Srta Black a fez notar que era o
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Snape Comensal que falava. – Quer contar o que quer que tenha descoberto pessoalmente ao Lorde das Trevas e para isso precisa deixar Hogwarts. Escreva à sua tia, peça que te libere. Aproveite que é Sexta-Feira e peça que ela venha lhe buscar para passar o fim de semana com ela por algum motivo.


A garota odiava admitir, mas ele estava certo, era sensato o bastante para dar bons conselhos. Ela precisava falar com Voldemort e Bellatrix e isto era um fato. Narcissa era o meio mais rápido e seguro. Ela a buscaria em Hogwarts e logo.


Ela acenou de forma que ele entendeu ser um agradecimento e finalmente pôde deixar a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas.  Correu para seu dormitório, encontrando Gabrielle esperando-a lá. A loira percebeu que a morena havia descoberto tudo e não disse uma palavra, apenas deu lugar para que a amiga escrevesse o bilhete que precisava.


 


“Tia Cissy,


 


Descobri quem machucou aquela sua amiga da qual tanto falamos, preciso contar ao marido dela. Poderia me buscar em Hogwarts para passar o fim de semana contigo? 


 


É urgente.
Melinda.”


 


Narcissa Malfoy quase caíra da cadeira ao receber o bilhete da sobrinha. Ela havia descoberto o mandante? Não poderia negar o pedido da sobrinha. Conhecia Melinda e ela não falaria com ninguém sobre isso a não ser Voldemort. Levantou-se rapidamente, precisava estar em Hogwarts ainda no fim daquela tarde. Afinal, uma tia distante a visitaria e Draco e Melinda precisavam estar em casa. Dumbledore certamente entenderia isso.


 


“Em pouco tempo estarei aí, se arrume e avise Draco.


 Narcissa”


 


Três palavras foram necessárias para convencer Draco a ir com ela, estariam de volta a Hogwarts antes do fim do final de semana e ele teria tempo de sobra para rever os mínimos detalhes do plano da invasão. Plus, ele poderia saber exatamente quais Comensais da Morte invadiriam Hogwarts com ele.


- McNair não vai se incomodar...? – ironizou ele, enquanto arrumava a mala correndo. – De você fugir correndo comigo, eu digo...


- Shut up, Draco! – ela urrou, apoiada na porta do quarto dele e revirou os olhos.


- Estresse feminino geralmente é falta de sexo, querida. O McNair não dá no coro? Nunca imaginei. – Draco estava adorando alfinetar a ex-namorada. – Você estressada, fugindo com o ex às pressas... Eu teria ciúmes.


- Gabrielle explicará tudo ao McNair, não se preocupe. Além do mais, nós somos primos, Draco. Não se esqueça. Temos que nos agüentar...


Draco fechou a mala, dando risada da cara dela e se virou, com o cabelo caído sensualmente nos olhos. Se aproximou e a prensou contra a porta.


- Estranho você chamar seu namoradinho pelo sobrenome... – ele sentiu ela arrepiar. – Você costumava me apelidar mesmo antes do namoro...


- Leave me alone, Draco! ­– ela o empurrou, sentindo uma enorme vontade de se agarrar no peitoral dele em vez de soltar. – Isso é serio! Agora que está pronto, eu preciso ir, não quero ser pega aqui por algum monitor chefe que venha te avisar.


- Então tchau, priminha.


- Fuck you. 


- Outch!


Melinda bateu a porta do quarto dele e se dirigiu ao seu próprio, ela não agüentava ficar muito tempo no mesmo quarto que Draco, tinha medo de ceder, e a cada vez mais tinha certeza de que ele sabia e uma hora ou outra lhe diria isso. Narcissa não chegava nunca e isso a irritava.


 


- Muito bem, Sra. Malfoy. Entendo a necessidade, visitas inesperadas de parentes são mesmo inconvenientes. – Dumbledore riu.


- Obrigada, professor Dumbledore. – agradeceu Narcissa. – Ambos estarão de volta no domingo. Poderia pedir para chamá-los?


- Como não. Assim que Sra chegou imaginei que seria algo relacionado a seu filho e sua sobrinha... – eles ouviram um toque leve na porta. – Oh, Severus, entre.


- Mandou me chamar, Prof Dumbledore? – Snape entrou na sala. – Oh, olá Narcissa.


Narcissa o cumprimentou com um aceno de cabeça e ele se voltou novamente a Dumbledore, já sabendo exatamente o que tinha que fazer, já que a idéia fora dele.


- Devo chamar Melinda e Draco, eu suponho...


- Sim, Severus. Peça a um dos monitores para buscá-los, creio que já saibam que vão para casa e estejam com as malas prontas. – Dumbledore olhou para Narcissa, que confirmou. 


- Como quiser, professor. Até mais Narcissa.


Severus saiu da sala de Dumbledore e no meio do caminho encontrou Gabrielle Ceresier, parada na parede como se o esperasse. E de fato, ela o esperava. Desencostou-se da parede de pedra e falou antes que ele pudesse pensar em fazê-lo.


- Já devo chamar a Melinda e o Draco, professor? – perguntou a loira, séria, formal, sem nenhuma provocação.  – Sei que eles vão pra casa... – a formalidade dela, junto com a forma lasciva com a qual ela o olhava era enlouquecedora.


- Er, sim Srta Ceresier. – respondeu Snape, controlando-se para não parecer irritado ou ansioso. – Seja rápida.


- Always. – ela respondeu, correndo para o Salão Comunal da Sonserina.  


Ambos avisados, não demorou muito tempo até que deixassem os portões de Hogwarts e aparatassem em direção à Mansão Malfoy. Apenas uma escala para Melinda, cujo destino era a Mansão Riddle.


 


Mansão Riddle – Naquele começo de noite de sexta  


 


         Bellatrix e Voldemort ouviram o trinco da porta se abrir e logo apontaram ambas as varinhas para a porta. Quem, além deles, chegaria sem ser chamado? Àquela hora? Ninguém, a não ser que alguém tivesse revelado onde eles estavam.


        Olhavam tensos para a porta, quando viram uma criatura de cabelos negros passar correndo pela porta. Melinda. Deixaram os braços caírem com as varinhas.


        - Melinda? – perguntou Bellatrix, não entendendo o fato da filha estar ali no meio do ano escolar.


        - O que você faz aqui? Devia estar em Hogwarts. – completou Voldemort. A menina parecia não respirar, não conseguia falar. Ela tentou inspirar um pouco de ar.


        - Quase me matou de susto, garota. Já achava que era o Ministério. – Bellatrix revirou os olhos e recostou-se à uma coluna da casa.


        - Eu pedi a tia Narcissa pra me tirar de Hogwarts, porque eu precisava muito mostrar isso a vocês! – ela entregou as cartas para Voldemort, que a olhou confuso. – Não podia esperar, não dava! Eu descobri o mandante! Essas cartas são a prova...


        - O mandante? – Bellatrix perguntou, reconhecendo então a caligrafia nos bilhetes. Não podia ser. – Você diz... – ela encostou a mão no lugar da cicatriz.


        Melinda assentiu e Voldemort abriu os bilhetes, lendo um por um rapidamente, sua expressão mudando a cada segundo se tornando mais assassina. Bellatrix não precisou ler, ela reconhecia a letra na carta.


        - Parkinson. – gritou Melinda, sendo acompanhada por sussurros de Voldemort e Bellatrix.


        - Estava tudo tão claro! – Voldemort amassou os pergaminhos nas mãos. – Parkinson não estava no ataque, mas nada a impedia de ter falado antes com Yaxley e...


        - Foi tudo por culpa da Pansy! – Melinda praticamente gritou, finalmente extravasando seu ódio. – Aquela vagabunda foi pedir arrego para a mamãe porque perdeu o Draco e não podia me atacar.


        Bellatrix passou pelos dois e se sentou em um dos sofás da sala na qual estavam. Ela achava inacreditável o ponto no qual Parkinson havia chegado. Tudo bem ter uma rixa com ela desde Hogwarts e tudo o mais, mas... Tentativa de assassinato? Era um pouco fora dos limites. Tudo planejado nos mínimos detalhes. Era doentio.


        - Ela é realmente minha? – Bellatrix perguntou a Voldemort. – Posso escolher o castigo dela?


        O Lorde desviou o olhar para ela. Andou até ela e pegou a mão que estava pousada sobre o colo, um sorriso assassino formando-se em seu rosto.


        - Sim, o castigo que quiser, minha cara. – Voldemort beijou o dorso da pálida mão dela. - Envolva a filha, se desejar. – completou, ao ver o que passava pelos pensamentos dela.


        Bellatrix olhou para o local que ele beijara e depois para os olhos dele, começando a compartilhar o mesmo sorriso assassino que ele e, agora, Melinda, ostentavam. As Parkinson não perdiam por esperar.


 


Mansão Malfoy


 


         Diferentemente do que ocorria nas férias de verão e nos feriados, Melinda não permanecera na Mansão Riddle. Tinha receio de que alguém do Ministério viesse conferir se ela estava de fato com os Malfoy, afinal ela era filha da Comensal mais procurada.  Pouco, huh? Qualquer um de seus movimentos era suspeito e poderia levar à Bellatrix. Assim que o Ministério soubesse da estranha saída de Hogwarts, ela corria o risco que eles ficassem intrigados. Draco também estava, mas era melhor prevenir do que remediar. Uma coisa são as férias, onde as saídas são normais, outra bem diferente é sair do nada da escola. 


        Chegara ainda na noite de sexta à Mansão da tia, deixara a dos pais pouco tempo depois de falar com eles sobre Parkinson e dar altas risadas com a mãe relatando as experiências de Gabrielle com Snape; além de ouvir um pouco dos planos para Hogwarts, afinal ela precisava passar para Draco a lista dos que iriam.  O primo estava liderando, apesar de parecer muito estranho aos Comensais adultos, mas era a prova de fogo para Draco – que além de organizar tudo ainda tinha que matar Dumbledore. Tão proximamente da data, todos já sabiam. Dumbledore era de Draco.


        - Olha só, priminha. Voltou cedo, achei que a família feliz ia ficar reunida o fim de semana todo. – surpreendeu o loiro, recostado à parede do enorme hall enquanto ela colocava a capa em um dos armários ali presentes.


        - Não é seguro. O Ministério pode desconfiar de nossa pequena fuga. Ambos somos filhos de Comensais condenados e eu de uma foragida, talvez tentem me usar para chegar à minha mãe. O prêmio pela cabeça dela é bem alto, sabe? – ela sorriu torto e passou sem olhar por ele.


        Não gostava de ficar muito tempo perto de Draco, então tratou logo de ir para o quarto de hóspedes que era destinado a si quando ia à Mansão e por lá se trancou, esquecendo completamente de tudo que tinha que dizer ao primo. Se trocou e se jogou na cama.


        O silêncio de seu quarto era reconfortante, principalmente conectado ao fato de ter uma parede a separando de Draco. Era difícil demais ficar perto dele, resistir a ele, ao perfume dele, os cabelos loiros caindo no rosto. A presença dele era mais que suficiente e ele infelizmente sabia disso e não a ajudava em nada na missão de salvar a vida dele. Filho da mãe teimoso. Será que ele não entendia que era pro bem dele? Se bem que ele entender isso não adiantava de muita coisa, pois ele já sabia que era tudo falso.


        Sua paz de tranqüilidade acabaram quando o trinco da porta se abriu, ela torcia para que fosse Narcissa, mas era ele. O maldito loiro do qual estava fugindo o dia todo, seu querido priminho Draco.  Ele a seguira e lhe dera apenas alguns minutos de descanso antes de atormentá-la com sua presença irresistível mais uma fez. Draco, em seu quarto, tendo a informação de que tudo que ela dissera e fizera era teatro, numa sexta quase à meia noite, com Narcissa certamente dormindo. Oh shit. Feitiços que abriam portas não deviam ter sido inventados.


        - Hum, Mel... Eu preciso da lista dos Comensais. Não posso levar a Hogwarts, então preciso decorar e... Você sabe, essa coisa toda. – ele parou de falar quando notou que ela já tinha colocado a camisola. Aquilo não era camisola de uma garota de dezesseis anos, por Merlin. Curta, negra, quase transparente. O bojo bordado com babados de cetim. Era o tipo de camisola que ele imaginaria em sua tia Bellatrix, não em Melinda.


        Melinda notou a pausa dele, os olhos correndo por suas pernas descobertas na cama. Ela se sentou na cama e foi até a poltrona onde estavam suas roupas para pegar a lista. Prendeu os cabelos num coque para poder procurar melhor, deixando a nuca à mostra para ele.


        Draco não conteve o impulso de se aproximar dela. Melinda engoliu seco quando se colocou de pé e notou que ele estava bem às suas costas, respirando em sua nuca. Oh shit ao cubo. Virou-se na direção dele, controlando-se para não aparecer afetada. Hum...Fail. Ele notara o incômodo dela e sorrira torto. Pegou a lista na mão dela e colocou no bolso interno do paletó, notando que os olhos dela seguiam cada um de seus movimentos.


        Tantas semanas separados e ele ainda conseguia prever cada movimento dela. Ele sabia que tudo o que ela fizera fora mentira, farsa, que ela ainda o amava, o queria mais do que tudo. E assim sempre fora. 


        Draco segurou-a pela nuca, se não fizesse o que queria naquele segundo talvez ela fugisse. Puxou-a pela nuca, sentindo a garota pender na direção dele sem muita resistência. O cérebro dela não funcionava direito àquela altura e todos os motivos sensatos para rejeitá-lo haviam sido expulsos de sua cabeça; o perfume dele entrava por suas narinas como um anestésico, deixando-a totalmente à mercê do futuro-ex-namorado.


        Draco beijou-a com avidez, necessidade, saudade, raiva, tudo misturado. A penteadeira dois passos atrás dela foi o que a sustentou para evitar uma eventual queda. Ela se apoiou na penteadeira com uma mão atrás do corpo e com a outra se agarrou ao cabelo dele.


        O loiro agarrou-a pelas pernas e a sentou na penteadeira. Atacou o pescoço dela com uma fúria impressionante, desejava tocá-la novamente havia tanto tempo que não tinha nem mesmo noção de delicadeza mais. Melinda se livrou do paletó dele, escorregando-o pelos ombros largos dele. As unhas dela estimulavam a nuca dele enquanto suas pernas agarravam-se à cintura do primo.


        As mãos ágeis dela encontraram o primeiro botão fechado da camisa social e o abriram, mais um e ela já estava de saco cheio. Puxou os dois lados da camisa e arrebentou todos os botões, causando um riso de Draco, que ainda trabalhava em seu pescoço e ombros. Draco suspirou ao sentir as unhas compridas dela arranharem seu peito, agora nu. Melinda estava despindo-o rápido como nunca havia feito antes e nenhuma palavra sequer havia sido trocada até então. Os corpos falavam pelos donos e nada mais se via necessário.


        Os dedos de Draco se emaranharam no cabelo que ela prendera e os soltaram, deixando-os cair sobre os ombros da jovem e sobre o próprio rosto de Draco, que aspirou o perfume deles, enchendo os pulmões com um dos cheiros que mais adorava em sua vida: o perfume dela misturado com o cheiro dos cabelos negros.  


        O desespero habitava ambos, mas dava a Draco uma oportunidade de provocá-la, mostrar a ela que ele a faria ‘pagar’ por toda aquela história de Coringa. Ela o fizera sofrer e depois o tomara por idiota ao pensar que ele não descobriria nunca, além de humilhá-lo em Hogwarts ao “trocá-lo” por McNair. Ela não escaparia a uma provocaçãozinha.


        Prendeu os cabelos dela nos dedos e os puxou um pouco, causando um gemido vindo por ela. Levou os lábios ao ouvido dela, que permanecia paralisada apenas observando o que ele faria.


        - Por que tanto desespero, Princesa? – ele mordeu o lóbulo da orelha dela, que apertou os olhos e os lábios para não gemer. A mão dele subiu pela lateral de sua coxa, arrepiando-a, até chegar a seu quadril. – O McNair não te pegava de jeito, é? – ele a puxou contra sua já perceptível excitação. Melinda gemeu alto ao sentir a rigidez dele ir contra seu sexo protegido apenas pela calcinha fina, uma vez que a camisola já havia sido puxada por ele, o que fez Draco rir e ao mesmo tempo lembrar-se que eles estavam desprotegidos no quarto. Narcissa poderia entrar a qualquer momento. So exciting. – Hum... acho que não... Posso pressentir que já está toda molhada, esperando por mim... Com saudades, louca para ser minha de novo. – tudo o que ela conseguiu fazer foi gemer, era verdade, afinal. – Não é? – ele apertou-a mais contra a sua ereção.


        - S... Sim! – ela puxou o cabelo dele, amaldiçoando e abençoando o dia em que ela cometera o erro de confessar tudo ao “inconsciente” Draco, que a pegou no colo e a levou aos beijos até a cama, certificando-se depois de que o quarto estivesse protegido. Narcissa poderia ouvir algo e atrapalhar muito.


        Draco andou até a cama, desafivelando o cinto e abrindo o botão da calça. Ajoelhou-se na frente dela, que estava na mesma posição. Beijou-a com paixão e fúria, avidez. Podia sentir cada gosto que a boca dela podia lhe oferecer e antes que o beijo terminasse a morena não vestia nada além da calcinha e do medalhão em forma de coração que ganhara da mãe.


        A Princesa das Trevas também se certificou de se livrar das calças do namorado, ao ponto que eles estavam apenas com as roupas intimas. Empatados.


        As carícias aumentaram e nenhum pedaço de carne escapava das ágeis e famintas mãozinhas geladas e já suadas. Melinda sentou-se de frente para ele, em seu colo, esfregando-se na ereção dele.


        Draco tinha que se segurar para não gozar ali, ficara semanas sem tocar uma mulher – daquela vez não fizera a burrada de se aliviar com Pansy – e sabia que ela estava tão aflita quanto ele.


        Colocou Melinda sentada na cama e tirou a roupa íntima dela, com um sorriso safado no rosto, observando-a nua, apenas com o colar por algum tempo. Ela engatinhou na cama e o ajudou a tirar a própria roupa intima, liberando o ‘little Draco’ daquela prisão que a boxer havia se tornado.


        Melinda sorriu maliciosa e sentou-se no colo dele, sentindo Draco afundar-se inteiro em seu interior ao mesmo tempo em que se perdia em beijos na curva de seu pescoço.


        Movimentou-se em cima dele, cavalgando-o, sentindo o membro dele deslizar em si com facilidade. Ele estava certo afinal, ela estava pronta, totalmente molhada para ele. Muito tempo afastados, I guess.


        No estado de excitação que os dois estavam, não conseguiriam agüentar por muito tempo naquele exercício sem sucumbir, ainda mais sendo tão jovens e inexperientes. O orgasmo chegou para os dois quase ao mesmo tempo e eles caíram deitados na cama. Melinda por baixo, Draco por cima, deitado em seu peito, ouvindo sua respiração.


        - O tempo que nós passamos separados fará nosso amor crescer mais forte... – ele disse.


        - I know...


        - E eu sei o que você tentou fazer...


        - Shh! – ela colocou o dedo sobre os lábios dele. – Não vamos falar disso agora, huh? – Draco saiu de cima dela e se apoiou nos cotovelos ao lado dela. – Vamos apenas aproveitar que estamos juntos novamente.


        - Estamos? – ele fez voz manhosa.


        - Sim... – ela sorriu e o beijou. Trocaram de posições e ela descansou no peito dele, para cair no sono pouco depois. Visitas a casa podem ser muito produtivas. McNair ia ser chutado assim que o Casal 20 voltasse a Hogwarts, mas Melinda nunca deixou de ser de Draco afinal.


 


        Não pode haver sensação pior do que ser acordado pela Marca Negra. Era noite de sábado e Draco estava deitado, com Melinda ao lado. Haviam se reconciliado no dia anterior e desde então, não desgrudavam. Claro que Narcissa não sabia que eles estavam juntos, dormindo no mesmo quarto e tudo mais, mas isso são apenas detalhes. O que os olhos não vêem, o coração não sente.


        Ele olhou no relógio de bolso, feito de ouro é claro, que estava na sua mesa de cabeceira, eram 23hs. Melinda e ele haviam se deitado às 19hrs daquele mesmo dia, alegando imenso cansaço. Mas eles só dormiram duas horas depois. Não creio que precise comentar mais nada para me fazer entender.


        Voldemort não tinha horários e ele devia saber disso. De qualquer forma, estava cansado e com vontade de ignorar o chamado se isso fosse possível. Claro, o braço em chamas é bem fácil de se ignorar. Ao se mexer na cama, Melinda acordou olhando-o intrigada.


        - Draco... O que foi?


        - Seu pai... me chamando. – quando foi se levantar, Draco ouviu a voz de sua mãe e de sua tia Bellatrix. Elas pareciam subir as escadas, conversando. Melinda se levantou rapidamente, se vestiu e aparatou em seu quarto, mas não sem antes se despedir dele correndo, é claro. Bellatrix não daria a mínima se os pegasse juntos, já Narcissa teria outro filho. 


        Não entendia porque Bellatrix estava ali, mas quando a mãe bateu na porta, ele não fingiu estar dormindo, afinal a marca tinha ardido. E muito, por sinal. Quando ele abriu, Bellatrix não estava com ela.


        - Draco...


        - Já estou pronto, mãe. Eu tenho a marca, lembra? Eu ouvi a voz da tia Bella?


        - Sim, ela veio buscar a Melinda. Ela não tem a marca e estaria dormindo, precisávamos saber que era para ela comparecer, então Bellatrix veio.


        Draco assentiu e foi para a sala com a mãe, poucos minutos depois Melinda apareceu com Bellatrix, ambas usando vestidos. O de Bellatrix era longo e do tom mais verde esmeralda que Draco vira na vida, Melinda já optara pelo preto até os joelhos. A coisa mais fácil de vestir que ela viu pela frente, Draco presumiu. 


        - Precisamos ir logo, antes que os Comensais cheguem. Hoje a reunião será muito divertida. – Bellatrix sorriu doentia. – Prepare-se Draquinho querido, para dar boas risadas.


        Draco não entendera muito bem como uma reunião poderia ser motivo de risada, mas também não perguntou. Havia aprendido que ficar quieto e observar era bem mais proveitoso.


        Os Comensais enchiam a Mansão Riddle, estavam longe de serem poucos. Provavelmente todos aqueles livres do círculo íntimo, mais alguns que não tinham a marca e foram chamados por corujas. Àquela hora da noite, ninguém ia verificar. Esperto de Voldemort, idiota do Ministério.  


        Ninguém sabia ao certo porque havia sido chamado e alguns Comensais haviam recebido mensagens para trazer as esposas – além de sentirem a ardência na Marca. Certos até pensaram que se trataria de outra comemoração, mas ao aparatarem na Mansão Riddle, bem... Tiveram certeza de que não. 


        A sala de estar tinha várias cadeiras dispostas em um semicírculo com três cadeiras lado oposto ao da meia-lua: certamente duas eram pertencentes a Voldemort e Bellatrix; mas a terceira cadeira era intrigante e só deixou de ser quando Bellatrix desaparatou na Mansão, acompanhada de Draco e Melinda. A dona da terceira cadeira fora descoberta: a princesa das Trevas, que devia estar em Hogwarts, mas parecia ter conseguido uma fuga.


        Voldemort já estava se posicionando próximo à cadeira central das três separadas, a dele. Ele estava certamente esperando a chegada de Bellatrix para dar início àquela inesperada reunião. Não que Voldemort sempre os avisasse, é claro. Ele era o Lorde, ele mandava, fim.


        Melinda sentou-se ao lado esquerdo da cadeira do pai e Bellatrix ao direito. Melinda sabia o motivo da reunião, pois Bellatrix havia contado, e já se consumia em antecipação. Mordia os lábios e cravava as próprias unhas em si para esconder a expressão loucamente sádica que queria se formar em seu rosto. Uma certa pessoa podia perceber e tentar fugir... O que eles não queriam.


        - Sentem-se todos. – disse o Lorde, sorrindo levemente de canto. Ele andou alguns passos, afastando-se das duas mulheres e aproximando-se dos Comensais. – Devem estar se perguntando porque os chamei aqui uma vez que tudo que tínhamos para acertar sobre todas as próximas missões, já foi previamente acertado.  Bom, estamos aqui para resolver pendência internas, digamos assim...


        Parkinson se remexeu ao sentir o olhar dele cair sobre si por alguns segundos, mas relaxou, não havia como ele desconfiar dela até o momento em que ela pisara na sala, então... Não tinha como a reunião ser baseada nela. So wrong.


        - Creio que saibam que eu não admito ataques internos entre vocês e o atentado à Bellatrix na Páscoa foi um legítimo sinal de desrespeito em relação às minhas ordens. – Parkinson tremeu na cadeira, ela era a mandante, afinal. Como diabos ele havia descoberto? – E para piorar, o mandante tentou me fazer de idiota ao usar outro Comensal enfeitiçado para fazer o trabalho sujo. Ridículo pensar que eu não reconheceria Magia Negra naquela adaga, nem mesmo nesses casos a Ordem ou Aurores usam esse tipo de Magia. Não chegam a tanto para nos pegar, e querem Bellatrix viva. Ao menos, o Ministério – que era quem estava lá no dia – quer.


        Katherine Parkinson remexeu-se incomodada na cadeira, fato notado pelo marido, que perguntou qual o problema, sem resposta. Ele a havia perdoado pelo ‘incidente’ com o Lorde das Trevas e nunca imaginaria que ela seria burra o bastante para uma merda tão grande. Todos estão de fato errando absurdamente nesse capítulo.


        - Uma vez tendo sido o desrespeito às minhas ordens e à minha inteligência, eu não posso deixar impune. Sou justo e não culparia Yaxley por algo que ele fez obrigado pela Imperius, por isso coloquei um prêmio pela identidade do mandante. Well, vocês fracassaram.  Quando eu digo vocês, não quero dizer que a busca toda falhou. – ele olhou para Melinda por cima do ombro. – Ela conseguiu-me a identidade, por mais que não precisasse de pontos comigo. E nesta noite... – Voldemort andou até Bellatrix e a levantou pela mão. – Eu dou-lhe o direito de justiça. O que significa que o mandante é todo seu, Bella. – Bellatrix sorriu e ele beijou o dorso da mão de sua rainha, voltando-se novamente para os Comensais. – Mas não significa que vocês possam sair por aí atacando o Comensal que lhes fizer algo. Sim, estou fazendo exceções.      


        Voldemort sentou-se em sua cadeira e Bellatrix sorriu para ele, murmurando um “thank you” antes de se virar para o semicírculo. Os Comensais olhavam-se intrigados, pela primeira vez desde que aquele romance começara, ele realmente a tratava diferente. Ele estava assumindo que ela não era como os outros, estava acima deles.


        Bellatrix estacionou os olhos tão verdes quanto o vestido que usava em Parkinson, que tremia visivelmente. Ela sorriu sádica e umedeceu os lábios vermelhos um pouco antes de falar. Ela estava adorando.


        - Katherine, dear. Será que você pode ser aproximar um pouco? – todos puseram os olhares na suada e assustada Parkinson. Ela, de novo? Por que era sempre ela? Ela não aprendia com os próprios erros? Por Merlin! Alguns Comensais até reviraram os olhos, entediados com a mesma história de sempre. Parkinson atacando Bellatrix. – E ah, traga a sua varinha contigo.


        Katherine Parkinson levantou-se com dificuldade, tentando ignorar o olhar desapontado e fuzilador do marido, que já não suportava a guerra particular que ela havia aberto contra Bellatrix.


        - Se vai me castigar no lugar do Lorde das Trevas, porque não o faz de uma vez, milady? – zombou Parkinson, fazendo uma reverência exagerada. Uma clara e estúpida provocação a Voldemort. – Não sei para que pediu que eu trouxesse minha varinha. Deseja o quê? Quebrá-la?


        - Porque a Lady das Trevas sempre gostou de brincar com a comida antes de comê-la, Katherine. – ouvir o título ‘Lady das Trevas’ na boca de Voldemort, antes que ela pudesse negar possuir o mesmo, fez Bellatrix ficar sem ar por alguns segundos, assim como todos naquela sala. Aquilo não saíra irônico, saíra natural. Como se ele próprio a considerasse a Lady das trevas. Bellatrix virou o pescoço devagar na direção dele, que mantinha a mesma pose impassível. Fingia que não tinha dito nada demais e até mesmo Melinda fitava o pai abismada. – Go on, Dark Lady. – mais uma vez.


        Bellatrix franziu o cenho e ele apontou Parkinson, indicando que ela focasse nas coisas importantes, mas ela não fez nada. Assim como todos ali, se manteve congelada, paralisada. Voldemort olhou para Melinda, a última que ele esperava que ficasse chocada e ela estava.


        - Pelo visto, terei mesmo que fazer isso... Toda mulher quando se casa com um Lorde, se torna uma Lady. Bellatrix na prática é casada comigo, portanto se torna uma Lady. Não creio que estejam tão espantados porque eu a chamei de Lady das Trevas se vocês mesmos a chamam. – todos olharam para o chão, envergonhados com os comentários irônicos sobre o assunto ‘Dark Lady’. Bellatrix ainda o olhava meio em choque. Ela não acreditava.


        - E você, Bella. – ele se virou para ela. – Pare com isso de ‘Eu nunca chegarei ao nível do Lorde das Trevas’, porque se você já não estivesse bem próxima, não teria chegado a dois metros da minha cama.  – ele sorriu de canto. – E nem muito menos gerado um herdeiro meu. Agora, my dear, continue o que desejou tanto fazer.


        Bellatrix sentiu o coração voltar a bater, mas não normalmente e sim disparado. Ouvir aquele tipo de elogio dele era algo sobrenatural, encantador. Ela adorara tanto aquilo. Ela era a Lady das Trevas. Nada melhor para o ego feminino, huh?


        Ela se voltou novamente para Parkinson, que tremia da cabeça aos pés e nem fazia muita questão de esconder, Bellatrix ostentou um sorriso sádico e vitorioso que iluminou seu belo rosto. A diversão estava prestes a começar. Agora o fato de ela poder mexer com Parkinson fazia sentido, ela não era uma Comensal. Estava acima deles.


        - Como ele disse, brincar antes é muito mais legal. – aquela frase arrepiou Parkinson, que sabia que para ela não seria nada divertido. Ficaria longe de ser.  – Pegue sua varinha, um duelo é uma coisa mais... Justa. – finalmente o semicírculo fazia sentido para os presentes que sabiam que um duelo entre Bellatrix e Katherine estava longe de ser justo.


        Katherine pegou a varinha nas vestes, assustada até o último fio de cabelo. Ela nunca fora boa em duelos e Bellatrix sabia disso, desde sempre. Bellatrix andou até um extremo do semicírculo, de perfil na visão de Voldemort e dos Comensais e indicou o outro extremo para Katherine, que andou visivelmente horrorizada e tomou seu lugar.


        - Não entendo porque não me tortura logo e acaba com isso tudo de uma vez...


        - Eu já disse: brincar é mais divertido. Além disso, me dá a chance de te humilhar publicamente. – Bellatrix sorriu, maldosa. – Lembra-se quando esse mesmo soalho recebeu marcas de minhas unhas? – Voldemort remexeu-se na cadeira, não tendo muito sucesso em esconder o incômodo que a lembrança daquele fatídico episodio que ele protagonizara junto com ela. O macabro show que ambos haviam dado após o Ministério era algo que ele provavelmente apagaria de seu passado se pudesse, não que dissesse isso a todos, é claro. Mas Bellatrix sabia e era isso que importava. - Quando essas paredes ouviram meus gritos e vocês presenciaram minha agonia quase enlouquecedora? Faz tempo já, é verdade. Mas duvido que tenham se esquecido e muito menos eu esqueci. Duplique a humilhação, Kath my dear. É o que você receberá hoje.  Com sorte, eu serei piedosa e talvez a dor seja dividida por dois uma vez que quero-te viva para presenciar o resto do castigo e não é tão forte como eu, portanto... Agüenta muito pouco. – A noção de que havia uma segunda parte fez Parkinson perder o ar. Ela havia cometido o maior erro de sua vida. – Pronto, chega de explicações. Vamos direto ao ponto. Deve saber como duelos são, não? Aproximamo-nos. – Bellatrix deu alguns passos, sendo copiada por Katherine. – Apresentamos as armas. – as duas varinhas foram colocadas em frente aos rostos.  – E fazemos uma reverência. – Bellatrix curvou o corpo um pouco e obrigou Parkinson a fazê-lo com um feitiço. – C’mon, Kath! Uma hora ou outra você teria que se curvar a mim.


        Bellatrix se afastou, dando todos os passos necessários em um duelo. A expressão de medo no rosto de Katherine tornou-se uma expressão de ódio. Curvar-se à Bellatrix era ruim e incômodo além de, é claro, humilhante. Aquela vagabunda não ganharia o duelo fácil, pode até ser que Bellatrix tenha pensado e que ela própria tenha, mas Katherine não entregaria. Ou pelo menos tentaria não entregar.


        - Eu deixo o primeiro feitiço com você. – disse a morena, rindo da oponente conhecidamente mais fraca.


        Um feitiço lançado, inútil. Bellatrix apenas mexeu a varinha e, como se tivesse batido em um espelho invisível, o feitiço voltou-se contra Parkinson, que desviou dele, sendo surpreendida pelo feitiço de ataque de Bellatrix que a pegou logo em seguida e a jogou contra a parede. Katherine caiu, tentando respirar, porque a pancada comprimira suas costelas e seus pulmões só agora voltavam ao normal. 


        - Primeira lição, seja atenta. Esse foi fraco, mas poderia ser uma maldição da morte. – Bellatrix tirou as luvas negras de cetim até os pulsos que usava e fez menção de jogá-las para Melinda, mas viu o olhar pedinte de Voldemort e as jogou na direção do Lorde, que pareceu divertir-se com a ‘brincadeira’.  Levou as luvas até o próprio rosto, como em um strip-tease e a fez rir, largando as luvas no colo em seguida. Bellatrix prendeu os cabelos em um nó, ainda esperando a recuperação de Parkinson.  – Vamos, Kath. Não seja tão fraca, foi só um Expelliarmus e, ao contrário do que Potter pensa... É um feitiço fraco e nem mesmo digno de um duelo, mas pelo o que vejo tens o mesmo pensamento que o pirralho. – todos riram. – Get up. Levante-se, Parkinson! Eu não vou duelar com você estirada no chão! – a voz suave e ‘amiga’ de Bellatrix já fora embora e dera lugar à sádica e psicótica.


        Parkinson se levantou com dificuldade e criou serpentes em chamas púrpura no ar e fez com que se jogassem contra Bellatrix. A morena adorou que a oponente criara vida, mas não deixou de levantar em frente a si uma parede de gelo, que anulou as chamas – ela não estava ali para perder. A parede de gelo trincou com as chamas e Bellatrix aproveitou isso para engatar o ataque. Ela mesma destruiu a parede de gelo em várias lascas finas e pontiagudas, direcionou-as à Parkinson e as atirou.


        Um feitiço protetor dificilmente funcionaria uma vez que as lascas eram reais e não feitiços, então Parkinson conjurou um  escudo real para si, mas que protegeu apenas seu tronco, suas pernas estavam completamente expostas e foram tomadas por pedaços de gelo cortantes. Ela guinchou como um animal ferido e caiu no chão, arfando e se contorcendo. Aquelas porcarias doíam.


        - Dark Arts. Incrível como o gelo queima mais do que o normal, como se houvesse fogo, não? Porque há. O gelo adquiriu as propriedades das chamas que você usou contra mim. Uma coisinha que eu aprendi com alguém. – Bellatrix olhou para Voldemort, que sorriu sádico. Ele estava adorando o espetáculo, assim como a Princesa das Trevas, que parecia querer pular da cadeira como uma cheerleader americana para torcer pela mãe.  – Draco, Melinda.. Estão gostando de ver um duelo de verdade? – Melinda assentiu, com os olhos brilhando. Assim como Draco, mas demonstrando um pouco menos de entusiasmo. – Hogwarts ensina, mas da forma chata. Essa é a divertida, onde há sangue.


        Parkinson usou um feitiço para retirar as facas de gelo presas em si e se levantou, mesmo com as pernas feridas e doendo. Fez pose de poderosa e encarou Bellatrix com um sorriso vitorioso, provavelmente morreria naquele dia, mas não deixaria que fosse nas mãos de Bellatrix.


        - Avada Kedavra. – o feitiço da Maldição da Morte entrou nos ouvidos dos expectadores deixando-os descrentes. Parkinson não seria louca o bastante para fazer aquilo. Voldemort levantou-se com tanto impulso que sua cadeira voou para trás.


        Bellatrix, contudo, estava atenta demais para ser pega. Ela desviou do feitiço,mas mesmo assim o feitiço de Parkinson passou muito mais longe, porque Melinda havia previsto o que ela faria e interveio no duelo, desequilibrando Parkinson exatamente no momento em que lançara o feitiço.  Bellatrix, que havia se jogado no chão, levantou-se tomara pela fúria, aquela vadia ia pagar.


        - Em um duelo de verdade, você será a minha madrinha, my dear. – disse Bellatrix, para a filha, em tom de agradecimento.  – Bendita mania de ler a mente de todos. – Parkinson havia esquecido que Melinda não se continha a ver uma vez a mente dos outros e sim gostava de ficar olhando o tempo todo.


        - Isso não é um duelo de verdade? – provocou.


        - Não, Parkinson, é o seu castigo. Se você não consegue nem acertar uma Maldição da Morte, então não tente. Melinda ajudou, mas eu desviei. Estava atenta, as imperdoáveis são muito mais úteis quando o oponente está desatento. Falando nisso... Crucio!


        Parkinson caiu no chão, a varinha foi parar longe. Ela se contorceu e gritou, sentindo a sensação de facas ardentes já presente em suas pernas penetrar seu corpo todo, como se fosse ser destruída de dentro para fora. Bellatrix riu e se aproximou do corpo que se contorcia incontrolavelmente. Agora a prepotência não existia, ela estava à sua mercê. Sua pior rival a seus pés, aquela que quase lhe tirara a vida, mas que ao mesmo tempo lhe fizera um favor: mostrara a Voldemort o quanto ele se importava com sua Comensal favorita – o que provavelmente lhe dera o oficial titulo de Lady das Trevas. Mas, gratidão não ganha de ódio, rancor e sadismo afinal.         


        A dor de Parkinson, que já chorava, enchia Bellatrix de felicidade. Era tão divertido! Mágico. Não era à toa que aquela era a especialidade da Madame Lestrange, ela era fria como um bloco maciço de gelo e sádica como ninguém – exceto é claro Voldemort. Mas nem mesmo o Lorde das Trevas havia se aperfeiçoado tanto naquela Maldição quanto ela, portanto, ser torturado por Bellatrix poderia até ser um pesadelo ainda maior do que ser torturado por Voldemort. A aprendiz superar o mestre em algo: Cruciatus.


        Liberou Parkinson do feitiço por alguns segundos, aproximando-se dela e agachando-se a seu lado, sorrindo da forma mais sádica e sarcástica possível.


        - Acho que já sabe porque dizem que esta é minha especialidade... – Bellatrix riu e se levantou novamente. – Eu mesma não gostaria de saber, mas... – Parkinson ainda rolava, com lágrimas nos olhos, com o corpo dolorido. – Eu não me importo de qualquer forma, já experimentei coisas próximas, então posso fazer com os outros. Crucio! – mais gritos e lágrimas de uma, mais risadas de muitos. A petulante e insuportável Parkinson agora se prostava diante da Lady das Trevas a quem tanto criticara.    


        Bellatrix adorava tanto tudo aquilo não conseguia parar por si, queria dar a Parkinson uma cama bem ao lado dos Longbottom, Voldemort percebeu e foi até ela. Segurou o braço da varinha da bruxa e o abaixou, apontando-o para longe de Parkinson, que suspirou aliviada.


        - Agora eu fiz o papel de Narcissa. – ela entendeu o que ele queria dizer. Tivera que intervir antes que ela saísse do controle como ele fizera após o Ministério.


        Parkinson ainda rolava destruída no chão da Mansão Riddle, que não deixaria tão cedo de ter marcas de torturas e castigos contra aqueles Comensais desobediente e/ou falhos.


        - Saiba que seu castigo não acabou, Parkinson. Amanhã mesmo mandará uma carta à sua filha Pansy, como aquelas que ela mandava a ti implorando-te para fazer algo que atingisse Melinda. – Parkinson arregalou os olhos ao ouvir a menção do nome da filha. – Diga a ela que a partir de amanhã servirá Melinda incondicionalmente e, quando sair de Hogwarts, fará o mesmo... A mim. Digo, já que ela ainda não pode prestar a mim os mais diversos serviços, o fará à minha filha, nada mais justo...


        - E... E... O... O que te leva a pensar que eu farei isso? – a coragem e a petulância não deixavam Parkinson nem em seus momentos mais frágeis.


        Bellatrix agachou-se novamente ao lado de Parkinson e examinou-a com os olhos, como a uma mercadoria.


        - O fato de que, a partir de hoje, você também me serve e sobre as cartas... Aquilo foi uma ordem.  – Bellatrix levantou-se e Parkinson entendeu: O castigo dela era pertencer à Bellatrix, servir a ela, obedecê-la, dever sua vida à mulher que mais odiava.


Katherine sabia que era ruim, mas ela também sabia que no todos ali estavam condenados àquele mesmo castigo, afinal aquela fora a primeira das muitas posteriores ordens dadas pela recém-nascida Lady das Trevas.


_________________________
Heeeeeeey povo!
Surprise para aqueles que pensaram que eu só postaria em 2010, se enganaram!
Como eu sou uma autora muito muito legal, eu decidi que postaria nas vésperas do Ano Novo e do Natal *-* E postei! Aqui estou eu, com um cap escrito em uma semana, mas que ficou beeeem legal! *-* Outro cap marcante, agora nós temos oficialmente a Lady das Trevas. O Lorde, a Lady e a Princesa!
D/M se reconciliaram *-----* Falando niiiiisso, obrigada Gabie pela montagem LINDA E MARAVILHOSA! E, como você viu, sua frase tá lá dps do projeto de NC-17 D/M *-* O colar de coração da Mel foi citado pq a medonha da Alexis Bledel usou um igualzinho num filme, só faltou o M gravado. MEDO, OKS?
Well, obrigada a todos que comentaram.... e eu preciso ir pq são 06:10 da manhã e meu pai tá dormindo no sofá ao lado e se me pega eu to ferrada logo na véspera de Ano Novo!
Hope you all enjoy!
Beijos
Mel Black! (31/12/2009)
PS: FELIZ ANO NOVO A TODOS COM SAÚDE, DINHEIRO, FELICIDADE, AMOR, E MUITO MAIS HDM E HP PRA GENTE! AEEEEEEEE *-* Happy New Year!  
PS²: Alguém notou que o nome do cap é um trocadilho com o nome do primeiro capítulo de Harry Potter e as Relíquias da Morte? ASKOASOKASKOASKOAKO sou um gênio. -n  
PS³: HAPPY BIRTHDAY LORD VOLDEMORT *-* 


 


        


         

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