A Mansão Slytherin




Bellatrix só disse um “ok” e foi para o quarto com ele, enquanto perguntava a si mesma se aquelas flores tinham algo a ver com aquilo que Greyback não podia deixá-la saber. Apesar de não fazer o mínimo sentido, ela sentia que sim. O que a incomodava era aquela curiosidade. O que ela não podia saber? E por quê? Aquelas eram perguntas que somente uma pessoa podia responder: Voldemort. E quando ele quisesse. 


 


Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa


Capítulo 17 – A Mansão Slytherin


 


        Nos três dias seguintes, a curiosidade de Bellatrix não se dissipou. Todo aquele mistério cuja resposta teoricamente não deveria chegar a ela, tirava-lhe o sono. Voldemort continuava com segredos e ela tinha certeza de que ele sabia que ela havia ouvido a conversa. Não precisa-se dizer que ele claramente divertia-se com as tentativas dela de descobrir.


        - Você sabe. – disse ela, enquanto ele arrumava a gravata frente ao espelho. Voldemort riu contidamente e olhou o reflexo dela no espelho. A diversão era clara no rosto dele.


        - Sei o quê? – fez-se de desentendido e foi pegar o paletó. Bellatrix semicerrou os olhos, indignada com a resposta inconclusiva dele.


        - Tudo. Mas, nesse caso, que eu sei que está me escondendo algo. -  ela se levantou da cama e parou atrás dele, que se virou.


        - Ah, sim. Que você é uma Lady muito curiosa, sim. Eu sei. – ele levantou o queixo dela e deu um selinho demorado na bruxa. – Não se preocupe, uma hora ou outra saciarei toda a sua curiosidade. Saciar você é um talento meu. Você sabe. 


        Voldemort foi para a porta, tinha que conversar com Snape sobre a Ordem e as informações que este ainda tinha a possibilidade de conseguir, poucas, mas com os incentivos certos.       


        - Mas não precisa se preocupar à toa. Eu não estou te traindo, eu não faria isso. Ou será que faria? – disse ele, brincando, já com a porta aberta.


        Bellatrix virou-se na direção dele, abruptamente, parecia incomodada com a última pergunta.


        - Don’t worry. Just kidding. – disse ele, rindo.


        Bellatrix revirou os olhos, devia saber que ele estava brincando. Se a estivesse traindo, o que ele não faria, não diria a ela. Pegou a escova de cabelo e atirou na direção dele.


        - Oops. Just kidding. –disse ela, sarcástica e mal humorada, ao ver que Voldemort abaixara-se.


        Ela pensou que ele ficaria irritado com tal impulso, porém, ele começou a gargalhar mais ainda.


        - Guarda a raiva pra mais tarde, querida. – disse, aos risos, antes de sair definitivamente.


        Ela não pôde deixar de lembrar quando ela mesma, tempos antes, dissera aquela frase, direcionada a ele, e rir um pouco disso. Contudo, ela ainda estava com certa raiva da brincadeira sem graça dele. Ele veria depois.


        Voldemort desceu pelo corredor ainda rindo, Bellatrix era hilária em seu ciúme. Como se pudesse haver alguma mulher boa o bastante para ele que não fosse, é claro, ela. Insegurança. Um dos sentimentos que ela só apresentava quando se tratava dele. Quando ela descobrisse a verdade, certamente se acharia uma completa tola. Poderia ter se irritado com aquela escova, mas dificilmente seria atingido por ela, então relevou, só que obviamente cobraria aquilo depois.  


        Ela, por sua vez, tentava esquecer essa coisa de segredo por um tempo. Pegou a escova de prata no chão, próximo à porta e teve uma visão nem um pouco agradável ao olhar para cima. Lucius Malfoy a observava.


        - O casal maravilha já começou a brigar? Quanto tempo para acabar seu reinado, Bellinha? Um mês? Dois... Hum... Não! Isso tudo não! Você já está atirando coisas nele, por Merlin! – Lucius fez-se de chocado, mas nunca fora bom ator. Bellatrix se levantou calmamente.


        - Notou que ele deixou o quarto rindo? Não acho que isso caracterize uma briga. Estávamos ambos brincando. – respondeu Bellatrix, áspera.   


        - Brincadeiras bem agressivas essas de vocês, não?


        - Oh, você nem imagina, Lucius! Não tem idéia do que somos capazes quando estamos inspirados! Nem precisamos dizer ao outro, somos um desses casais que se comunicam sem precisar de palavras, sabe? Ah, o que estou perguntando! É claro que você não sabe. – ela entrou mais no quarto e colocou a escova no lugar. Lucius ainda estava parado à porta, mas com uma expressão irritada.


        - Sim, eu sei, Bella. – ela ouviu, assim que aproximou-se novamente da porta.


        - Sabe ou ouviu falar? Porque a sua profundidade é tão curta que nunca seria capaz de fazer isso, mesmo porque nunca fica íntimo o necessário de alguém para algo assim.  – ela tentou passar para o corredor, mas foi barrada por ele, que a agarrou pelo braço.


        - Você não tem idéia do quão intimo eu posso ficar.  – disse, próximo ao rosto dela. -Sabe que é apenas porque não quer, não é? Porque eu ficaria muito feliz em te mostrar. 


        Imediatamente uma expressão de nojo extremo se instalou no rosto de Bellatrix, ela achou que realmente ia vomitar somente de pensar naquela possibilidade. Agora ela perguntava a si mesmo onde estava com a cabeça quando decidira perder a virgindade logo com Lucius Malfoy. Definitivamente, os quinze anos ela era meio idiota. Não era possível.


        - Eu preferiria morrer, Malfoy. E já que quer mostrar a alguém o quão intimo pode ficar, por que não mostra à sua esposa? Ah, é. Agora ela está quase tão fora do seu alcance agora do que eu estou, ou seja, totalmente. –   


        Lucius sorriu amargurado e olhou-a com ódio. Bellatrix era muito mais divertida para ele quando estava fraca, longe das asas protetoras de Lord Voldemort. Nem toda proteção, no entanto, dura para sempre. Uma hora essa proteção falharia e ele queria ver se ela seria tão corajosa.


        - Acha-se completamente protegida por seu recém conquistado titulo, não é, cunhadinha? Sinto-lhe dizer que um dia, o Lorde vai cansar de você e sua proteção cairá por terra. Nesse dia, meu amor, veremos o quão inalcançável você é. – a voz de Lucius era cruel, cheia de ódio.


        A postura dela, todavia, não mudou.  Continuou de cabeça erguida, sem o mínimo medo dele. Não o tinha, não mais. Tinha nojo, tinha ódio, mas não medo. Ele queria isso e ela não o daria o gostinho.


        - Como você me dá pena, por Merlin! – ela riu de canto. – Mesmo no dia em que o Lorde se cansar de mim, se isto realmente acontecer, estarei fora do seu alcance, pois ainda terei plenas condições de te matar antes que chegue perto de mim, Lucius. É você quem deve se preocupar com a proteção do Lorde das Trevas, Lucius. Porque no dia em que ele a tirar, eu juro que você é um homem morto. E você sabe o quanto eu gosto de brincar com a comida antes de comer, não é? – a morena respondeu, tão cruel quanto.


        Lucius pareceu engolir seco. Ela não podia ter certeza, mas jurava ter visto aquilo. Sorriu vitoriosa ao perceber que o havia amedrontado. Era o que queria. Ele estava preocupado com a resposta dela. Talvez ela de fato o matasse caso Voldemort deixasse. Talvez não, de certo sim.


        A falta de fala de Lucius encheu Bellatrix de felicidade, era exatamente o que ela queria, que ele a temesse, assim como um dia ela temera uma possível aparição surpresa dele em seu quarto. Não gostava de admitir nem para si mesma, mas tal sentimento percorrera seu corpo um dia. Vergonhoso, na visão dela, completamente compreensível na realidade.


        - Solte meu braço. Agora. – Bellatrix deu aquela primeira ordem como se já fosse um ultimato. Estava cansada dos joguinhos e provocações de Lucius Malfoy, já passava da hora de ela dar as cartas. Ela era mais poderosa, em todos os sentidos aplicáveis àquela palavra, portanto não haviam motivos para aceitar as estúpidas perseguições dele e, muito menos, temê-lo.


        A fraqueza que um dia o ajudara a subjugá-la estava morta, enterrada, havia muito tempo e não voltaria, ao menos enquanto ela pudesse evitar. E Bellatrix esperava que pudesse evitar tal retorno até seu último suspiro. Fraqueza. Algo que Voldemort sempre condenara e que mostrar nela o quão certo ele estava, ela sentira seus efeitos destrutivos , e não os desejava mais uma vez.


        Lucius soltou o braço dela sem discussão, não queria um escândalo da parte da cunhada no meio da casa com Voldemort lá, apenas alguns degraus abaixo deles.


        - Não pense que você se livrou de mim, Bella. – disse o outro, assim que a soltou. A raiva percorrendo seus olhos, como em um louco.


        - Não se preocupe, Lucius. Não sou assim tão otimista ou burra. Agora, se me der licença tenho mais o que fazer do que ficar olhando para sua cara desagradável. – Bellatrix sorriu com tanta meiguice quanto o respondera e saiu do quarto, deixando-o plantado no portal.   


        Lucius a observou sumir no longo corredor, enquanto seu ódio aumentava no peito. Saiu para o lado oposto, batendo os pés e bufando. Ela estava forte, mas ele não acreditava que isso durava para sempre.


        No caminho para o jardim, para onde Bellatrix se dirigia, a morena foi subitamente parada mais uma vez. Ela estava pronta para virar e amaldiçoar Lucius, quando ouviu uma doce e meiga voz.


        - Madame Lestrange. – chamou Gabrielle Ceresier, com um tom quase infantil, logo atrás dela.


        Bellatrix virou-se calmamente, ignorando todas as maldições que já tinha em sua mente. Ela se perguntava o que Gabrielle queria, contudo tinha uma idéia. Ela era capaz de apostar o que fosse que o nome “Severus Snape” apareceria na conversa.


        - Gabrielle, querida! Fico feliz que tenha vindo nos visitar mais uma vez. É ótimo ter pessoas parecidas conosco, como você e Melinda, para conversar, sabe... Divirto-me com vocês duas.


        - Me encanta saber que a divirto, madame Lestrange. – disse Gabrielle, lisonjeada, enquanto seguia a indicação de Bellatrix para acompanhá-la. – Meus pais sentem um certo desconforto com minhas visitas quase diárias, mas eu simplesmente finjo que me importo com a saudades que eles alegam sentir de mim. Bem, eu sinto falta de outra pessoa.


        Bellatrix riu da resposta dela e assentiu, abrindo a porta para o jardim, por onde passou com Gabrielle. A tarde estava bonita, como característica do verão que começava.


        - Pais tendem a ser melodramáticos, não se preocupe. É normal...


        - Você não é, nem o Lorde das Trevas. – rebateu Gabrielle.


        - Isso, my dear, é porque nós não nascemos para ter filhos, mesmo que o tenhamos feito. Portanto, criamos nossa filha como uma amiga, em meu caso, e pupila, no dele. Nunca teremos aquela estrutura dita normal de pais e filhos... O que muitos considerariam pouco saudável para Melinda. – Bellatrix revirou os olhos no fim da frase, adquirindo uma expressão entediada logo depois.


        - Eu discordo totalmente, acho perfeitamente saudável! Muito mais do que a estrutura “normal” de família.


        - Eu também! E é por isso que nunca ouço pessoas conservadoras como minha irmã Narcissa, por exemplo... Mas enfim, creio que queira me dizer algo, ou não teria me parado.  – Bellatrix parou no meio do jardim e pareceu contemplar as tulipas favoritas de Narcissa.


        - Sim... – Gabrielle ficou atrás de Bellatrix, e tentou escolher as palavras. – Er... Há alguns dias, no café da manhã, logo depois daquela festa, disse que me ajudara com Severus porque minhas investidas o incomodavam. – Bellatrix virou-se para Gabrielle e assentiu.


        - Tem algum problema com isso? Acredito que sempre soubesse que eu tenho divergências, por assim dizer, com seu amado Snape.


        - E eu sempre soube, sim. Meu problema não é este. Você também disse que agora que nos assumimos, pelo menos para vocês aqui da manha, me ajudar perdera a graça... – Gabrielle falava preocupada, ela não queria perder a ajuda de Bellatrix, que ela considerava essencial.


        - Entendo aonde você quer chegar, Gabrielle. – Bellatrix riu de canto. Já imaginara que a loira a confrontaria sobre aquele café da manhã. – Mas sua preocupação é desnecessária. Mesmo acreditando que você não precise mais de mim, eu continuarei te ajudando e aconselhando se você assim julgar necessário.


        Gabrielle sorriu, sentindo como se um enorme peso lhe tivesse sido tirado das costas. O apoio de Bellatrix e Voldemort a dava segurança, perder a ajuda de um deles já a fazia sentir um pouco sem equilíbrio, pois, junto com Melinda, eles formaram o tripé que a sustentaria caso algum problema ocorresse. Um que a assombrava era: A volta de Snape a Hogwarts. Nunca se sabe o que pode acontecer em alguns meses, Voldemort poderia tomar o Ministério e Hogwarts rapidamente e dar esse presente a Severus.


- Continuo precisando de você, sim. Sou inexperiente, estou com um homem mais velho e... Você sabe...


- Então eu sou um poço de experiência em relacionamentos a seu ver! Interessante saber. – a morena riu e sentou em um banco de mármore disposto próximo à porta.


- É, acredito que sim, pelo menos quando comparada a mim. A não ser que este meu pensamento a tenha ofendido. – disse Gabrielle, um pouco envergonhada ao fim da frase.


- De forma alguma! Você está certa, tenho alguma experiência, uma muito maior do que a sua e de Snape somadas. Porque, não se engane, você só não é mais experiente que ele por falta de tamanho. Só me lembro de um breve affair dele com Narcissa nos tempos de Hogwarts, um pouco antes de Lucius se relacionar com ela. Nada sério. Naquele tempo, todos juravam que ele era apaixonado por alguém e que era proibido, por isso ele não dizia. – Gabrielle sentou-se ao lado de Bellatrix, pensativa com a resposta dela.


A loira questionava se a possível antiga paixão de Severus não fora também uma barreira para a relação deles. Era como se ela pudesse adivinhar. Nem ela e nem muito menos Bellatrix sabiam que a paixão de Snape fora, na verdade, amor. O amor por Lily Evans, depois de casada Potter, que finalmente secava nele, restando apenas lembranças distantes. Gabrielle tinha uma enorme parcela de culpa.


- Madame Lestrange... Pode me contar essa história? Digo, dessa possível paixão dele? Adoraria saber de tudo. – pediu a loira, ganhando um sorriso como resposta.


- O fato é que nem eu conheço essa história, ou sei se ela existiu, mas contarei o que sei, ou melhor, ouvi. – Bellatrix causou um enorme sorriso da loira, que assentiu. – Muito bem. Então vou contar.


A morena começou a narrar como Snape era considerado um pouco estranho pelos colegas em Hogwarts, fato que ela soube por Narcissa, e como estava sempre sumido ou pensando demais. Todos comentavam que certamente ele tinha alguma paixão secreta, os boatos na Sonserina começaram, mas ele nunca deixou nada claro.


Gabrielle prestou atenção, achando interessante como aquilo correu por Hogwarts sem nunca ser provado de fato. Ele sabia sim esconder as coisas, bom para ele se Hogwarts reabrisse e ele voltasse a lecionar. Aquela possível paixão só a incomodaria se ainda lhe fosse ameaça. E era algo que ela descobriria.


- Acha que essa possibilidade pode me atrapalhar? Digo, se ele foi mesmo apaixonado por alguém...


- Duvido. –respondeu Bellatrix. – Há muito tempo esses boatos pararam, querida. E ele parou de agir estranho, então... Creio que passou. Isso foi há tantos anos e nem foi confirmado.


- É verdade. – Gabrielle sorriu. Talvez aquela história nem tivesse acontecido. E ele estava com ela agora.


As duas continuaram a conversar por mais algum tempo sobre as mais diversas coisas. Nenhuma delas tinha nada para fazer, então aquela conversa viera em uma ótima hora.


Minutos se passaram enquanto elas mudaram de assunto milhares de vezes, começando a dar risada e, quando elas menos esperavam, perceberam-se observadas de perto. Snape e Voldemort estavam parados ao lado do banco, ambos ouviram as risadas de dentro da casa ao passarem pela porta do jardim, próxima ao banco delas.


- Sempre soube que ajudou Gabrielle comigo, mas... Que eram melhores amigas... É novidade, Bellatrix. – disse Snape, com uma expressão de choque. – Não sabia que era capaz de ter amigos e divertir alguém!- terminou alfinetando.


- Pergunte ao seu Lorde, aí do seu lado, o quanto eu posso divertir uma pessoa. – respondeu a morena, indicando Voldemort com a cabeça. Gabrielle pareceu engasgar e tossiu um pouco.  


- Tenho medo da resposta. – Snape olhou para Gabrielle. – Venha comigo, quero falar com você. – estendeu a mão a ela, que sorridente pegou.


- Milorde, Milady. – Gabrielle fez uma pequena reverência ao casal. – Nos dêem licença.


 


Horas haviam se passado, Voldemort marcara uma reunião com os Comensais da Morte, Bellatrix apenas esperava a chegada deles divertindo-se um pouco.


Sentada a uma poltrona em seu quarto na Mansão Malfoy, ela observava enquanto Katherine Parkinson organizava o ambiente. A “escrava” murmurava algo como aquilo devia ser trabalho de elfos, causando risinhos histéricos em Bellatrix.


- Vou confessar que não sei porque ainda não tinha te chamado! Devia te manter comigo o tempo todo.  É até mais útil do que os elfos... Hum, acho que é porque eles não vão morrer se não me obedecerem, só bater neles mesmos, no máximo. Algo assim, é. – ela se levantou – Tenho que ir para a reunião agora, você não foi chamada, então... Coloque meu armário em ordem. Sem a varinha. – Bellatrix invocou a varinha de Katherine. – Por cor e tecido, sabe? Mais fácil de achar. – a Lady passou pela “escrava”, que olhou para o chão para não dizer nada que a comprometesse demais, mesmo que desejasse.


Bellatrix saiu, Katherine podia ouvir seus passos no assoalho de mármore do corredor, parou de ouvi-los, ela já devia ter chegado à escada, foi então que socou a cômoda, segurando as lágrimas do choro que viria causado pela dor. Não choraria por Bellatrix. A culpa era dela e, no fundo, ela bem sabia. Fora descuidada ao mandar aquelas cartas para Pansy, mas mesmo assim se vingaria de Bellatrix e esperava que esse dia não demorasse.


- Um dia é da caça e o outro do caçador, milady. – disse para si mesma, enquanto se dirigia ao armário cheio de vestidos elegantes pertencentes à Bellatrix, também estavam lá capas, casacos e calças pretas de couro, veludo e outros tecidos. Jurava que vira aquelas calças mais em Melinda do que na dona. Aliás, não se lembrava de tê-la visto usando uma daquelas. – Típico dela, sempre teve mais coisas do que usava de fato.


Katherine imaginou como tudo aquilo que ela tinha, até as jóias que viu ao arrumar o quarto, ela não merecia, aquela maldita. Não merecia nada, mas desde Hogwarts tivera tudo o que quisera. Não tardaria o dia em que ela não teria mais e Parkinson garantiria isso.


 


No andar de baixo, a notícia trazida por alguns Comensais não contentava a ninguém. Voldemort queria invadir uma vila, onde alguém do interesse de Voldemort morava. Mas, para azar de todos, a vila era um dos lugares que fingiam ser o lar de Scrimgeour, portanto era falsamente superprotegida. E com algo contra o que eles não podiam lutar.


- Snape usou isso em Hogwarts, agora usam contra nós! – pronunciou-se Avery, visivelmente irritado.


- Ninguém com marca negra passa pela barreira, assim como ninguém sem passava pela nossa barreira. – repetiu Rodolphus Lestrange, tentando convencer a si mesmo de que não era uma brincadeira de mal gosto.


- E nós já tentamos tirar a proteção por fora, não tem como! – Amico revoltou-se.


Voldemort pareceu pensar, ao passo de que Bellatrix já parecia cansada de tentar achar soluções, Voldemort não desistiria de seqüestrar aquela mulher. Ela era um péssimo exemplo, merecia ser pega. A vila era praticamente composta por trouxas, por isso ela morava lá e Scrimgeour fingia viver lá, assim podia proteger mais trouxas.


- Como tem certeza de que Scrimgeour não mora lá, milorde? – questionou Alecto Carrow, sendo apoiada pelo irmão Amycus. – Digo, a pista talvez seja verdadeira e Yaxley não tão idiota.


- Não é. Provavelmente todos que sabem do verdadeiro esconderijo do Ministro certamente estão mortos ou sob Imperius, porque eles a usam apesar de a criticarem. – respondeu Voldemort, totalmente certo daquilo. – Posso passar pela barreira e retirar o feitiço, sei tão bem quanto eles como fazer isso e não tenho a marca negra. Contudo, é arriscado entrar sem uma retaguarda, os aurores estarão em um número muito maior e me desconcentrarão.  Preciso de... Bellatrix!


- Milorde, eu tenho a marca não posso acompanhá-lo por mais que o deseje. – respondeu a morena, pensando em como ele poderia querer escolher logo a ela, pois obviamente tinha a marca.


- Sim, eu sei. Mas o que eu preciso é que me chame Melinda, a liberei hoje, mas pelo visto não o deveria ter feito. – Bellatrix assentiu e fez menção de se levantar, mas Melinda já passava pela sala.


- Hum... Eu estava na sala ao lado e pensei ter ouvido o meu nome... – disse, hesitante. – Então vim ver se precisam de mim…


        - Sim, Melinda. Você ouviu seu nome, preciso de você. – Voldemort a chamou para dentro.


        - Good evening. – ela se dirigiu aos Comensais, que responderam, e entrou. – Em que posso ser útil?


        - Basicamente em ser minha sombra. – ele respondeu. – Preciso pegar alguém em uma das vilas que dizem ser onde Scrimgeour vive, portanto, muito protegida. Essa vila e, não duvido, as outras iguais, tem um escudo de proteção que impede a todos com marca negra de passar. Pelo jeito, somos os únicos sem. – ela assentiu. – Ambos entramos, você vigia, eu tiro os feitiços. Acha que agüenta? Talvez mais de dez aurores venham para cima de você.


        - Sem problemas. – respondeu a jovem, firme. – Não tenho medo, sei me virar.


        Ele sorriu de canto, não esperava mais nada dela. Melinda era como ele, sempre queria provar que era melhor e maior do que todos, e ela seria um dia.


        - Ótimo.


 


 


        Uma semana. Foi o tempo que passou até que o dia em que o ataque à tal vila se daria. Tudo estava combinado, sairiam às onze da noite e atacariam de surpresa. Voldemort entraria na vila, seguido de Melinda, tirariam os feitiços, e os outros entrariam. Uma festa com várias mortes trouxas e uma bruxa seqüestrada, como o pretendido.


        Às 22:45 todos já haviam chegado, apenas Melinda, Voldemort e Bellatrix ainda não haviam descido. Eles não estavam atrasados, os outros estavam adiantados. Porém, poucos minutos depois, os três já estavam lá e todos já partiam para a floresta próxima à vila.


        - Recapitulando. Eu e Melinda nos infiltramos agora pela parte menos vigiada da vila, assim que eu retirar os feitiços, Melinda vem e avisa. Então, todos entram. – disse o Lorde, à luz das varinhas dos Comensais, em um ponto da floresta próximo da entrada da vila. – Tudo tem que ser rápido, certamente existe algum tipo de alarme para quando tentarem tirar os feitiços.  - Ele olhou para Melinda, que estava atenta a cada uma de suas palavras, tentando absorver tudo mais e mais. – Agora é a hora. Vamos, Melinda. Os outros, me esperem na maravilhosa companhia de sua Lady. – ele pegou a mão de Bellatrix e beijou o dorso.  – Seremos rápidos, mas creio que não seja nenhum tipo de martírio para ninguém. Exceto, talvez, a minha própria Lady...- ele abaixou o tom


        - De maneira alguma, esperar-te não é problema. Provavelmente Rodolphus, agora que decidiu ser meu amigo, me contará piadas idiotas ou me encherá de perguntas indiscretas... Posso me divertir torturando-o em resposta. – as palavras de Bellatrix causaram uma explosão de risadas.


        Um sorriso discreto se formou no canto dos lábios do Lorde. Ele assentiu, tentando tirar todo resquício de ciúme dentro de si. Desde que soubera da amizade que Rodolphus iniciara com Bellatrix, tentava se controlar, para não acabar fazendo uma idiotice. Era uma amizade inocente e ele sabia enxergar isso, mas havia algo dentro dele que queimava em pensar na possibilidade de Rodolphus ter uma recaída e acabar mudando suas intenções.


        - Logo nos reencontramos. – disse Voldemort e ele beijou os lábios da Lady rapidamente, para depois adentrar a floresta junto da filha, que o seguia a passos largos. Ao contrário do esperado, o clima que se instalou não foi o de diversão e sim de apreensão. Bellatrix, principalmente.


        Voldemort e Melinda entrariam sozinhos em uma vila cheia de aurores. É claro que eles estavam lá apenas fingindo que havia alguém importante ali pra proteger, no caso o Ministro, mas mesmo que Scrimgeour não morasse de fato ali, eles não hesitariam em sair correndo ao saber que Lord Voldemort estava ali. 


        A Lady das Trevas andou de um lado para o outro, sem esforçar-se em esconder o temor que atravessava seu corpo. Nenhum Comensal ousou abrir a boca para fazer qualquer tipo de comentário. Eles, no fundo, também estavam tensos. Toda batalha, por mais fácil que pudesse parecer, podia gerar perdas. Ainda mais quando havia uma proteção contra qualquer um com a marca negra em volta da vila. A espera era uma tortura que eles teriam que agüentar.


        A luz das varinhas de Voldemort e Melinda não iluminava mais do que alguns passos à frente de ambos. Medo não era um sentimento que eles tinham, mas nervoso certamente. Eles enfrentariam sozinhos uma legião de aurores e, caso um mísero detalhe desse errado, essa batalha poderia durar mais tempo do que eles haviam planejado. Uma barreira contra marcas negras era um grande problema.


        - O quão nervosa está? – a voz de Voldemort soou quando eles estavam aproximadamente no meio da floresta que levava à vila.  – Porque é fato que você está nervosa.


        - O suficiente para uma situação dessas, mas nada que chegue a me atrapalhar, se esta é sua preocupação. – respondeu a filha, olhando-o pelo canto dos olhos por um segundo, para depois voltar a olhar pro caminho.


        - Nunca tive tal preocupação. Confio em você, não faria sentido não fazê-lo depois de treiná-la tanto e de sua atuação na invasão à Hogwarts.  – Voldemort não tirou os olhos do caminho ao responder, mas notou a súbita parada da filha após sua declaração de confiança.


        O Lorde riu e girou nos calcanhares, vendo as feições da filha contorcidas em choque. Ela ponderava sobre o que acabara de ouvir, e ele imaginava o que se passava pela cabeça dela naquele momento.


        - O que foi? Chocada com o fato de Lord Voldemort confiar em alguém? Ah, como as crenças infundadas de Potter e Dumbledore cegam a todos. Se não confiasse em ninguém, faria o trabalho todo sozinho, mas tenho Comensais. Logicamente confio mais em uns do que em outros, mas... Well, os mocinhos são sempre idiotas extremistas. - a luz da varinha deixou Melinda perceber que ele revirara os olhos divertidamente, exatamente a descontração que a jovem necessitava. Ela riu um pouco e colocou as mãos na cintura, tentando se acalmar das risadas.


        - É um pouco disso, mas também, não sei se saber de sua confiança em mim me ajuda ou me atrapalha; se me acalma ou me pressiona. Eu preciso dosar isso também...


        - O que for melhor para você. Calma demais nunca é bom, um pouco de pressão ajuda a ficar atenta, acho que foi por isso que te disse. – ele voltou a andar, deixando a garota, que permanecia parada, um pouco para trás.


        Melinda recuperou-se do segundo choque que tomara ao perceber que ele a pressionara propositalmente e voltou a andar, não podiam se atrasar.


O caminho era esburacado e cheio de galhos que comprometiam a velocidade deles ao andar. Eles haviam dado sorte que não chovera sequer uma vez nos últimos dias – fato incomum no verão, época tradicionalmente chuvosa. –, pois de outro modo teriam ainda um caminho enlameado.


Qualquer barulho era suficiente para fazê-los parar, até mesmo um pássaro ou morcego sobrevoando suas cabeças. Eles caminharam uma distância considerável até Voldemort finalmente parar e fazer sinal para que Melinda o fizesse também.


Ele examinou o local. Havia uma árvore específica que ele procurava, um pinheiro alto, com vários cortes no tronco – exatamente como lhe haviam descrito. Olhou todas as árvores ao redor deles e somente alguns passos à frente veio a encontrar o que desejava.


- É aqui. – disse, virando-se para a filha, que o olhava confusa. – O local onde começa a barreira. – Os aurores marcaram uma árvore em cada vértice da proteção, para controlar onde poderiam ou não ter Comensais. – ele passou a mão na dita árvore. – Os Comensais que vieram aqui foram barrados próximos a esta árvore. Posso sentir a magia nela, se tivéssemos a marca, já teríamos sido lançados a metros daqui.


A bruxa assentiu, mordendo os lábios para tentar evitar o nervosismo. Sentiu sua mão ser puxada por Voldemort, para dentro da barreira. Por algum motivo, temeu que pela ligação tão forte com Voldemort, ela também fosse barrada. Contudo, não havia como eles barrarem o sangue do Lorde, afinal, nunca tinham conseguido nenhuma gota deste.


- Vigie. Fique atenta a qualquer movimento. – instruiu Voldemort, usando a ofidioglossia. Alguém que estivesse por perto não ouviria por serem sibilos muito baixos e Melinda entenderia. – Não faça barulho algum, duvido que tenham vigias, mas... Prevenir é sempre a melhor opção.


- Não se preocupe. Eu não farei. – respondeu a jovem, também na língua das cobras.


Voldemort assentiu e virou-se para a barreira invisível atrás de si. Começou a murmurar coisas que Melinda não entendeu, mas presumiu serem feitiços e contra feitiços.


Ela tentou focar-se na floresta à sua frente, tendo enxurradas de adrenalina jogadas em seu sistema a cada barulho causado pelo vento e por vultos de animais. Alguns feitiços foram instintivamente lançados por ela. De sua concentração dependia sua segurança e, pior, a de Voldemort também.


O Lorde estava totalmente concentrado, nem os feitiços que ela lançara por reflexo o haviam feito olhar para trás. Ele murmurava feitiços e movia a varinha como se estivesse em algum tipo de transe.


Os segundos se passavam lentos como minutos, e os minutos como horas. Voldemort não conseguira tirar todos os feitiços ainda, a proteção era pesada. A vontade do ministério de proteger aqueles trouxas malditos era impressionante.


Melinda olhava esporadicamente por cima do ombro para ver se notava algum sinal de avanço em Voldemort, mas ele não deixava transparecer nada. Então, ela voltava os olhares mais uma vez para a floresta à frente de si. Metade iluminada pelas varinhas, metade pelas luzes do caminho para a cidade, que começava um pouco à frente deles.


A adrenalina somente conseguiu tomar lugar no corpo de Voldemort quando, segundos depois, um dos feitiços lançados por ele ricocheteou na barreira invisível e fez um estrondo altíssimo. Um alarme. Um maldito alarme. Melinda sobressaltou-se, sentindo a adrenalina em seu sangue quadruplicar, e jurou tê-lo ouvido xingar baixo.


Ele girou nos calcanhares imediatamente, olhando para Melinda, que mantinha uma rotina de olhar para ele e para o caminho a sua frente. Os aurores chegariam em segundos e o alarme ainda soava. 


- Mantenha o foco! Agora é a sua hora de mostrar o que sabe, Melinda. Fique na minha retaguarda e proteja-se. – a ordem dele viera num tom de voz alterado, raivoso. Ele tinha raiva de si mesmo por ter acionado o alarme.


A bruxa assentiu, tomando do fundo de seu ser toda a concentração e controle emocional que podia ter. Frieza. Frieza. Sangue congelante. Era o que ela precisava ter. Acalmava-se aos poucos, diminuindo a pulsação, a respiração, aos poucos.


Voldemort virou-se de costas mais uma vez, tirando mais feitiços. A quantidade de feitiços sobrepostos era impressionante, encontraria o auror que desenhara aquela proteção e o traria para seu lado, nem que fosse com a Imperius. Ninguém além da pessoa que criou, dele, e provavelmente Snape e Bellatrix seria capaz de tirar aquela barreira. 


Luzes começaram a aparecer na parte escura do caminho à frente deles, luzes de varinhas. Gritos e galhos sendo quebrados por passos. Os dois podiam distinguir as palavras “Comensais”, “Impossível” e “Reforços”. Apesar da descrença, eles haviam chamado reforços. Oh fuck. Eles precisavam ter como chamar seus próprios reforços antes que os deles chegassem.


O auror que estava à frente do grupo de dez aurores parou bruscamente ao poder visualizar o que, ou melhor, quem teria pela frente. Seus olhos se arregalaram, mas ele continuou, tinha que se capaz de enfrentá-los, fora treinado para isso. Seus colegas pararam atrás de si e suspiraram. “You-Know-Who himself and his daughter”, foi a frase que Melinda conseguiu entender. Ela não era mais um segredo para ninguém, era reconhecida ao longe. Alguns aurores a haviam visto em Hogwarts e pelo o que ela via, haviam usado fotos dela para alertar os outros. Que fotos? Opção mais lógica: As que Rita Skeeter colocara no Profeta Diário um ano antes quando ela mudara de nome.     


        O grupo avançou, já lançando uma avalanche de feitiços contra os dois. Melinda construiu um escudo entre eles e os aurores, que refletiu 98% dos feitiços, os outros 2% haviam sido completamente mal lançados por aurores nervosos. Um escudo normal de Protego não teria feito o trabalho tão bem, por isso as aulas de Magia Negra focadas em duelos que Melinda tivera com o pai pareciam mais úteis do que nunca.


        O feitiço resistiu por alguns segundos, desfazendo-se ao mesmo tempo em que um raio verde saía da varinha dela, na direção do peito do Auror que liderava o grupo. Ele caiu, morrendo quase sem notar o que acontecera. Os poucos que viraram o rosto para olhar o líder, caíram poucos segundos depois ao lado dele. Dois mortos, um dois cortados pelo Sectumsempra – feitiço que ela decidira usar com freqüência desde que Draco fora ferido por ele, um tipo de vingança. Sem socorro, a pessoa morreria lentamente.


Metade estava fora da batalha, mas a outra metade estava com ódio e começava a usar maldições imperdoáveis. Melinda desviava, mas não podia desviar Voldemort delas. O Lorde, contudo, parecia saber a hora de desviar, mesmo de costas. Parecia não, ele sabia. Legilimência na hora da batalha! Ela não testara, o pai era muito melhor Legilimente do que ela e fazia isso de costas, mas se ela tentasse seria tão melhor.


Era difícil concentrar-se em lutar e passar as barreiras das mentes deles, mas ela conseguiu em um. Bem a tempo de ver que esse um pretendia matar Voldemort. Imediatamente ela animou as raízes de uma árvore ao lado dele, que enrolaram-se em suas pernas e o derrubaram. Um segundo galho enrolou-se no pescoço dele, apertando cada vez mais forte.


Criatividade funciona e distrai. Foi o suficiente para os aurores olharem para o lado e ela ter um segundo de descanso, além de evitar um feitiço contra Voldemort, e do bônus de uma auror que correra para tentar ajudar o amigo. Ele fez sinal para que ela não o fizesse, mas ela não ouviu e morreu no segundo seguinte.


- Very Good. – ela ouviu a voz de Voldemort ressoar em sua mente. Comunicação mental. Ele estava variando nas conversas com ela naquele dia, primeiro ofidioglossia, depois por legilimência.   


Os aurores restantes eram, com efeito, os melhores. Não demonstravam receio algum, lutavam à exaustão com Melinda, sem cair. Ela estava exausta, de fato. Mas... Não cairia. Voldemort continuava com os feitiços da barreira, o mais rápido possível, mas ele teve que parar, mesmo sem a certeza de ter acabado com todos, uma parte dos reforços estavam chegando para os aurores, Melinda não agüentaria.


- Busque os Comensais! – ordenou Voldemort, colocando-se à frente dela e matando dois aurores rapidamente. – Precisamos testar se essa maldita barreira está acabada!


- O quê? – indignou-se ela. – Reforços estão chegando, não pode ficar sozinho e ainda mais sem certeza de que o feitiço contra a Marca já foi retirado!


- Faça o que eu estou mandando! Se eu ainda não consegui... – ele atingiu mais um auror, sendo seguido pela filha, que acabou com outro. – É melhor que eles estejam por perto quando eu conseguir! Vá agora, antes que mais reforços do Ministério cheguem! 


Melinda deu alguns passos para trás, sem querer obedecê-lo, mas fazia completo sentido o que ele dizia. Sem alguém com a Marca para testar, era impossível saber.


        - Esteja bem quando eu voltar. – disse Melinda, sem controle das próprias palavras que saíram como uma ordem.


        Voldemort riu, totalmente impróprio para o momento. Mas era inevitável face à ordem que ele recebera da própria filha.


        - Não que você possa me dar ordens, mas eu estarei. Sou Lord Voldemort, Dumbledore não me venceu, esses aurores têm quantidade, mas não qualidade o suficiente para acabar comigo. Don’t worry. – respondeu ele, ainda num tom divertido, matando os aurores que chegavam perto como se fosse um jogo.


        - I wont. – ela respondeu, dando passos para fora da dita barreira para aparatar em seguida. Ela não tinha certeza de que o feitiço anti-aparatação fora tirado, então não arriscaria.


 


        A chegada de Melinda assustou a todos os Comensais da Morte, que apontaram as varinhas imediatamente para ela, inclusive Bellatrix. As varinhas foram baixadas quando todos focaram a figura de Melinda.


        - Venham comigo, agora! Os aurores chamaram reforços, precisamos testar se a barreira de feitiços foi retirada! – Melinda gritou, falando rápido e desesperadamente.


        - Seu pai está sozinho lá? – retrucou Bellatrix, interrompendo a filha.


        - Sim! Ele me mandou vir buscar vocês! Aparatem a pouco mais de cinqüenta metros da vila! É onde nós estamos, no fim da barreira! Rápido!


        A obediência foi imediata. Logo depois que a jovem aparatou de volta, ela dentro da barreira, a pouco menos de cinqüenta metros, ele foram atrás e aparataram um pouco antes. Fora da barreira.


        Assim que chegou, Melinda veio em auxílio de Voldemort. Muitos mais aurores já tinham chegado e a batalha ficava cada vez mais difícil, feitiços vinham de todos os lados.


        Os Comensais indagaram quem testaria a barreira assim que chegaram, mas eles não precisaram de muitas palavras. A decisão estava tomada assim que Bellatrix teve a visão da quantidade de aurores que lutavam contra Voldemort e Melinda.


        - Não precisam se dar ao trabalho de discutir. – foi tudo o que ela disse, antes de sair correndo na direção do Lorde e da filha, sabendo da possível barreira no meio.


        - Bellatrix! – Rodolphus gritou, tentando fazê-la parar. A Lady das Trevas testar a barreira? Nada interessante, mas Bellatrix era levemente teimosa. Sabe quando amor e lealdade cegam uma pessoa? Belo exemplo. – Ela é louca. – ele se virou para os Comensais.


        - E o Lorde vai nos matar. – suspirou Avery, olhando amedrontado para a corrida dela. – Se ainda tiverem feitiços lá, ela...- Avery não precisou terminar a frase, eles tiveram a visão do que ele queria dizer.


        - Mãe? – Melinda perguntou, quando por um momento conseguiu vê-la, centímetros atrás de si.


        Contudo, assim que o corpo de Bellatrix tocou a barreira de feitiços, ela percebeu que ela ainda era semi-existente. Com um barulho quase tão alto quanto o que alertara os aurores, Bellatrix foi lançada para trás, quase como em uma dolorosa câmera lenta, e caiu com um baque surdo a metros dali. Sentiu a dor percorrer todo o seu corpo, começando pelo corte na cabeça até os locais dos futuros hematomas que ela teria.  


        Ela tentou firmar-se em um dos braços, enquanto levava o outro à cabeça ferida. Rodolphus e Alecto foram ver o que acontecera a ela e acenderam suas varinhas perto do ferimento.


        O barulho do choque e a correria dos Comensais disseram a Voldemort e Melinda o que acontecera. Nenhum dos dois resistiu ao pior impulso que poderiam ter naquela situação: olhar para trás. Ambos sabiam que quem testara a barreira fora Bellatrix, pois Melinda a vira, além disso mesmo que não soubessem os Comensais foram discretos o bastante para gritar o nome dela. 


        Bellatrix olhou para cima e, ao mesmo tempo em que eles viam o ferimento dela, ela tinha a última visão que queria ter: eles sendo feridos. Um corte no braço de Voldemort e um na cintura de Melinda foram os alertas que os fizeram voltar a olhar para frente.


        - Cuide deles. – Voldemort disse, sem esperar resposta, referindo-se aos aurores. Ele voltou a concentrar-se na barreira, tentando ser ainda mais rápido do que antes.


        Melinda duelou sozinha até que ele pudesse não sentir mais magia alguma ali. Os Comensais já estavam no limite da barreira, mas os aurores pareciam não se interessar em sair do perímetro protegido para duelar com eles, matar Voldemort e a filha valia uma promoção melhor.


        Voldemort viu que Bellatrix estava bem à frente dele, centímetros os separavam – apenas o suficiente para que ela ficasse fora da barreira. Ele não demorou muito até finalmente não sentir magia alguma naquele pinheiro que antes usara como guia.


        - Venha. – ele estendeu a mão para ela. – Não tem mais nem um resquício de magia por mais idiota que seja aqui. – ela olhou para o braço ferido dele e para a dificuldade de Melinda. – Trust me.


        - I always do. – Bellatrix segurou a mão dele e foi puxada para dentro da antiga, agora inexistente, barreira. – Agora... – ela olhou para o ferimento dele. – Eu quero vingança. – ela sorriu cruel e o beijou rapidamente, correndo para ajudar Melinda.


        Quando Voldemort se juntou a elas no segundo seguinte, os Comensais já estavam duelando. Ver Bellatrix passar pela antiga barreira fora o incentivo que eles precisavam.


        A batalha equilibrou-se, mesmo o número de Comensais sendo menor, a qualidade supera, sempre. A chuva de feitiços colorindo o céu aumentou. Gritos vinham dos dois lados, líderes tentando animar e incentivar seus seguidores, por mais que do lado dos aurores muitos caíssem a cada segundo que se passava. Nem todos estavam mortos, afinal de contas era necessário que alguém respondesse ao ministério depois pelas falhas, e os Comensais faziam questão de deixar alguns aurores chave apenas estuporados para depois assumirem este papel. Era demasiado divertido pensar nas explicações fajutas que eles dariam ao Ministro.


        O fato era que ninguém ali sabia de onde o ataque tinha vindo, pensavam estarem completamente protegidos pela barreira anti-Marca Negra, contudo cometeram um erro catastrófico ao pensarem que Voldemort não enfrentaria aquilo.


Mesmo que não tivesse alguém de seu interesse na vila, como tinha, ele não deixaria tal desafio de lado. O Ministério o provocara e ele respondia. Com efeito, não pensara que a barreira fosse tão complexa, mas nada que ele com algum esforço não fosse capaz de retirar. Não existia tal coisa, não havia um feitiço que ele não pudesse superar.


Quando os poucos aurores restantes pareciam dominados pelos Comensais, Voldemort decidiu que era hora de enfim ir buscar sua “convidada”. Procurou Snape na batalha e constatou que este estava bem próximo a si.


- Snape, Melinda, Bellatrix! – gritou o Lorde, fazendo sinal para que eles, que haviam acabado de derrotar seus adversários, viessem para perto de si. O trio obedeceu, correndo rápido na direção de Voldemort. – Leve-nos até a casa, Snape.


O Comensal assentiu e correu pelo meio da multicolorida batalha, protegendo a si mesmo com feitiços, da mesma forma que os três bruxos que vinham atrás dele faziam. Aurores surgiram no meio do caminho deles, tentando barrá-los e evitar uma possível chegada à vila, no entanto, todos os esforços foram inúteis. Eles entraram na vila, o primeiro presságio de que outros como eles viriam e horrorizariam a população ali.


O estranho grupo era notado pelos trouxas que, assustados pelos barulhos do pequeno campo de batalha ali próximo, estavam acordados. Todos em preto, extremamente pálidos e carregando aqueles pedaços de madeira nas mãos com uma convicção que pareciam até achar que aquelas coisas eram armas. Pobres deles, mal sabiam que “aquelas coisas” eram armas. Iguais àquelas que destruiriam muitos deles em poucas horas.


Andaram dois quarteirões pela rua principal e viraram à esquerda, após umas cinco casas, Snape parou. A casa era com certeza bruxa, tentava loucamente ser trouxa, mas o exagero na fachada era o retrato de uma bruxa tentando se passar por trouxa.


- É aqui. – avisou Snape, mas ele não precisava. Apenas de olhar para a casa, Voldemort constatara isso.


- Eu sei. – respondeu o Lorde, sem se preocupar em tentar abrir a porta sem fazer barulho, depois de todo o alarde feito pela batalha a porta daquela casa certamente estava trancada com magia. Portanto, a única forma de abrir a porta era... – Afastem-se. Bombarda!


A porta esmigalhou-se e seus pedaços entraram como uma bomba para dentro da casa. As pessoas que estavam nas janelas das casas ao redor correram para dentro, horrorizadas com o que haviam acabado de ver. Era inacreditável o que aquele pedaço de madeira tinha feito e horroroso que alguém quisesse machucar a bondosa, apesar de excêntrica, dona daquela casa. Trouxas.


        Excêntrica, bondosa e burra. Antes mesmo de entrar na casa, Voldemort pôde ouvir gritos e passos desesperados da mulher correndo para se esconder. O Lorde sorriu cruel, a caçada era sempre o mais interessante.


        - Bella, Melinda, fiquem de olho. Algum auror pode querer aparecer. Snape, venha comigo. – Voldemort não esperou resposta e adentrou a casa, indo na direção da escada que levava ao segundo andar – de onde o baralho havia vindo.


        Snape foi ao encalço do Lorde, enquanto as duas mulheres ficavam do lado de fora, vigiando. No caminho deles, alguns pequenos obstáculos, como chão escorregadio e quadros que voavam, foram encontrados, mas nada que eles não pudessem superar. Seria necessário muito mais para detê-los.    


        Revistaram quarto por quarto, até sobrar apenas um. Trancado, obviamente. Snape arrombou a porta e vários móveis vieram enfeitiçados pra cima dele e foram destruídos ainda no ar. A mulher corria de costas, lançando todos os feitiços que conhecia contra Snape e Voldemort. Ela parecia não querer entender o que acontecia.


        - Severus! Eu sei que esse não é você! – ela continuou o atacando, e ele não respondeu. Um feitiço da parte dele e ela caiu, sem a varinha, num canto.


        Voldemort passou por Snape e se aproximou da mulher, que se arrastava para longe do Lorde das Trevas. O temor nos olhos dela o divertia imensamente.


        - Charity Burbage.  – sibilou Voldemort.


 


        Os Comensais gargalhavam, deleitando-se em diversão quando Voldemort chegou e percebeu o estado em que a antiga batalha estava: aurores completamente derrotados, os poucos que não mortos estavam desacordados. Havia sangue por toda a parte, os Comensais não estavam muito piedosos e a Maldição da Morte fora o método menos usado para matar naquela noite.


        A sede de sangue que consumia os Comensais da morte seria em breve saciada, Voldemort cuidaria pessoalmente disso. Eles mereciam. Contudo, ele não ficaria para o banquete.


        - Agora que já tenho o que queria, meus caros. – ele olhou por cima do ombro, para Charity Burbage que vinha suspensa no ar petrificada. – Divirtam-se! – ele apontou a vila atrás de si. – Batam na face do Ministério, que apenas protegeu esse lugar por ser a maior vila quase totalmente trouxa da região! Bom, considerando a falta de aurores e dessa mulher que capturei, declaro a vila totalmente trouxa! – vários Comensais fizeram expressões de nojo e cuspiram na grama. – O que a torna mais interessante para vocês, sem repressão alguma. A vila é de vocês! Orgulhem-me. Encontramo-nos em outra ocasião.- Voldemort esperou os Comensais correrem até a vila e observou um pouco. 


        Os gritos eram tão altos que eles podiam ouvir daquela clareira. As luzes coloriam o céu e a fumaça o cortava como uma faca, as chamas começavam a consumir as casas, aumentando o caos.


        O espetáculo encantou Voldemort por algum tempo, mas a dor que apunhalava seu braço tirava sua atenção. Ele precisava ir embora.


        - Snape, Lucius. – chamou os dois que haviam ficado.  Snape, por causa de Charity, Lucius, nem Voldemort entendia o porquê. Ele imaginava que o ferimento no rosto de Bellatrix o encantava, mas fora útil de qualquer forma. – Fiquem um pouco só para o caso de algum auror retardado aparecer, depois se não desejarem brincar um pouco voltem para a Mansão Malfoy e levem-na. – ele apontou Charity com a varinha e recebeu acenos de cabeça como resposta.


        Bellatrix e Melinda estavam sentadas em um dos galhos, nenhum delas desejara ir se juntar à diversão, ambas cansadas demais para tal e doloridas por causa dos ferimentos.


        Voldemort aproximou delas e, guardando a varinha por um momento nas vestes, estendeu uma mão para cada uma delas e tendo elas segurado em sua mão, impulsionou-as para cima para que levantassem.


        - Creio que seja hora de irmos. – as duas assentiram.    


        Voldemort soltou as mãos delas e pegou novamente a varinha, preparando-se para aparatar.


 


        Narcissa esperava ansiosa a volta deles, toda vez que sua irmã e Lucius saíam, ela temia. Ainda mais porque o plano daquela noite era bastante suicida. Ela confiava nas habilidades de Voldemort e Melinda, mas a quantidade de aurores que podia lutar contra eles era absurda. Se algo acontecesse contra eles, ela não gostava nem de pensar no que Bellatrix e Draco fariam. Ela viu a angústia do filho durante a noite toda.


        Voldemort deixara de levar Draco exatamente pelo medo de que ele distraísse-se por causa de Melinda e, pior, ela se distraísse. A filha não podia se dar a tal luxo.


        Quando Bellatrix, Voldemort e Melinda desaparataram naquela mesma sala, Narcissa sentiu todo o ar sair de seus pulmões. Pelas vestes rasgadas ela podia ver que até mesmo o Lorde estava ferido e o sangue manchando o rosto da irmã trouxe a ela um medo que não desejava ter.


 E... Lucius? Onde estava ele? Morto? Ferido? As piores possibilidades vieram a sua mente.Ela também se odiava por sofrem com essa idéia, ela devia alegrar-se, mas o amor que sentia pelo marido infelizmente era mais forte do que qualquer mágoa que ela tivesse. Gostaria de ter o poder de transformar amor em ódio que todos diziam ter, no entanto isso lhe parecia impossível.  


Voldemort imediatamente percebeu a reação da cunhada – engraçado para ele pensar em Narcissa assim pela primeira vez. – e decidiu acalmá-la sem causar uma guerra doméstica. Bellatrix não ia gostar nem um pouco de saber que a primeira coisa na qual Narcissa ao ver seu ferimento fora em Lucius, ainda mais depois da irmã jurar por tudo que pisara em todo o amor que tinha pelo marido. Era incrível que logo Bellatrix acreditasse naquilo.


- A missão foi um sucesso, Narcissa! Você não acreditaria! – Voldemort fez-se parecer animado. – Sua sobrinha atuou como profissional! Os Comensais ficaram lá se divertindo! – A última frase fora a chave para que ela se acalmasse.


Narcissa relaxou e agradeceu mentalmente a Voldemort, ela percebera o que o Lorde fizera em seu favor. Era incrível como sua opinião a respeito dele era cada vez mais lapidada. Talvez Bellatrix estivesse certa: se fores sangue puro e leal, ele é perfeitamente agradável contigo. Ele acabara de ser.


Voldemort acenou com a cabeça em resposta ao agradecimento dela, que obviamente ele fora capaz de ver. Não que ele entendesse o amor em si, mas entendia as conseqüências do mesmo e como ele era um tipo de vício: uma vez instalado, difícil de arrancar. Narcissa era mais forte do que Bellatrix em apagar aos poucos um amor, uma vez que ela nessa tentativa estava sendo mais bem sucedida do que a irmã mais velha fora após o incidente do Ministério. Ou talvez ele fosse mais bem sucedido do que Lucius em apaixonar e reconquistar uma mulher. Ambas as opções lhe pareciam verdadeiras.


- Bellatrix! O que aconteceu com você? – Narcissa mudou de assunto e correu para chamar um elfo, ao qual pediu toalhas limpas e úmidas para limpar o sangue dos ferimentos deles.


- Mel! – eles foram interrompidos por um grito que viera da porta. Draco Malfoy passava correndo pela sala na direção da namorada.


Palavras não seriam suficientes para descrever o tamanho da angústia que ele enfrentara naquela noite maldita. Entendia o porque de Voldemort não tê-lo levado, fazia muito sentido, mas seu coração não conseguia evitar a dor por não poder estar lá para protegê-la caso fosse necessário. Não que os poderes de Melinda fossem inferiores aos seus, muito pelo contrário, mas ela estaria em grande perigo, contra muitos provavelmente e a impotência em relação a isso que lhe fora imposta era pior do que uma tortura. O alívio era saber que não colocaria a vida dela em risco distraindo-a.


Draco a abraçou com toda num ímpeto, com toda a força do medo que sentira, da dor e da felicidade que sentia por tê-la ali em sua frente. Ele descarregava todo o turbilhão de confusos sentimentos naquele abraço apertado.


Melinda retribuiu o abraço, mesmo com os olhos marejados pela dor que o aperto das mãos dele causava no ferimento em sua cintura, ela tentava não se concentrar na dor e sim na felicidade de reencontrá-lo. Acariciou os cabelos e os braços dele, sorrindo mesmo em meio à dor, imaginava o terror dele durante aquele tempo – não gostaria nem de se pensar no lugar do namorado – e a felicidade que sentia agora. Não queria acabar com aquilo.


- Está tudo bem. – ela sussurrou. – Foi tudo um completo sucesso! – ela forçava para que a voz não ficasse embargada.


        - Eu estou tão feliz que você voltou sã e salva! Eu fiquei com tanto medo de... De... – ele não terminou a frase, mordendo o lábio para evitar que as lágrimas viessem a seus olhos de pensar no que poderia ter acontecido. Era o trabalho deles agora, não seria a última vez que ela correria perigo e logo ele também seria mandado a missões e eles teriam que, de alguma forma, lidar com isso. 


        Draco afundou a cabeça na curva do pescoço dela e levou uma das mãos aos cabelos da namorada. Para o azar de Melinda, não fora a que estava pressionando o ferimento. Ele deu alguns beijos na ligação entre o ombro e o pescoço dela e a abraçou com mais força, não acreditando ainda que todo o desespero acabara.


         Melinda suportou a dor o máximo que pôde, agarrando-se a Draco como forma de tentar não demonstrar dor, mas o aperto extra em sua cintura fora demais para ela conseguir segurar. Por mais que odiasse tê-lo feito, Melinda gemeu de dor o mais baixo que conseguiu, deixando uma lágrima escorrer por seu rosto.


Draco, contrariando ao desejo dela, não deixou de perceber o gemido de dor da namorada e afastou-se imediatamente dela. Ele notou ao se afastar uma mancha de sangue em sua mão. Lembrava-se da dor que sentira no episódio com Potter e não entendia porque ela não dissera nada...


- Amor, desculpa, eu não sabia... Por que você...? – ele olhava da mão para o corte que aparecia no rasgo do vestido dela.


- Shh! – Melinda colocou um dedo sobre os lábios dele. – Está tudo bem, eu estou bem... Nem está doendo mais, sério! – ela sorriu para ele, ainda com uma das mãos sobre o ferimento.


- Madame Malfoy, o que a senhora pediu. – disse o elfo, que chegava com as toalhas.


Draco fez sinal para que o elfo se aproximasse, pegou uma das toalhas úmidas e colocou sobre o ferimento da namorada, que se arqueou um pouco para trás.


- Não está doendo mais, sei. – disse ele, se ajoelhando para poder ver mais de perto o ferimento.


Mesmo sem poder, Melinda riu, sentindo ainda mais dor no local. Ela passou a mão pelo rosto do loiro e sorriu o máximo que pôde.


- Eu não queria estragar o momento. – ela se explicou e Draco revirou os olhos, fazendo movimento de negação com a cabeça.


Bellatrix sentia o mesmo que Melinda, não queria acabar com o momento de ninguém, muito menos da filha, mas não conseguia mais se segurar de pé.


A tontura que sentia era muita, a batida na cabeça e a batalha logo depois não pareciam ter sido uma mistura muito boa para ela. A bruxa levou a mão à cabeça, apoiando a outra no encosto do sofá para manter-se em pé. Esforços inúteis mais uma vez. Bellatrix desequilibrou-se e por sorte conseguiu cair sentada no sofá.


Não é necessário dizer que todos os olhares se voltaram para ela, que ainda segurava a cabeça com o rosto contorcido em dor. Voldemort e Narcissa correram para perto de Bellatrix, ele sentou-se ao lado dela verificando se ela estava bem e Narcissa pegou uma das tolhas para limpar o ferimento e evitar que ela sangrasse mais.


Foi Voldemort que tirou a mão dela da testa para que a irmã pudesse limpar, pois Bellatrix sozinha não o teria feito. Independente demais para deixar que alguém cuidasse dela. Ela mexia a cabeça, dizendo à irmã que não era necessário e que ela mesma podia fazer aquilo.


Voldemort irritou-se e pegou a toalha da mão de Narcissa, estancando ele mesmo o ferimento que por algum motivo desconhecido voltara a sangrar. Bellatrix não ousou se mexer mais. Ela não sabia se porque ela não enfrentaria Voldemort ou porque adorava demais o fato de ele estar cuidando dela.


- Às vezes, com toda a sua independência, parece uma criança, Bella. – disse ele, enquanto pressionava o ferimento dela.


Bellatrix fechou os olhos e deu uma risada leve, aproveitando o cuidado dele mais um pouco antes de se privar dele. Ele precisava cuidar de si também.


- Eu estava falando sério quando disse que não era necessário, eu estou bem... Foi só uma tontura, não vou morrer por isso, já estive pior e sabe disso. – respondeu ela, abrindo os olhos.


- O que há de errado com as mulheres dessa família? – revoltou-se Draco. – As duas aí sangrando e “Eu estou bem, pode deixar”. Sei. – ele voltou a revirar os olhos.


- Eu sei que já esteve pior, Bella. Mas logo estará se não se cuidar...


- Eu sei. – ela colocou a mão sobre a dele na toalha e puxou a dele aos poucos para o longe. – Mas eu não sou a única com um ferimento para fechar. – ela olhou para o braço dele.


Voldemort terminou de tirar sua mão e foi cuidar do próprio ferimento, que não foi assim tão complicado de limpar e depois fechar. Era quase superficial, apesar de doer de forma infernal.


Narcissa foi quem fechou o feio corte na testa de Bellatrix com magia, ao passo que Melinda tinha certa dificuldade com o seu. Cortes causados por magia são bem mais complicados de curar. Voldemort teve que dizer a ela quais feitiços usar.


- Thanks. – agradeceu ela, assim que o corte terminou de fechar.


- Anytime.


Mesmo os três com os cortes fechados, eles ainda teriam um tempo de recuperação – principalmente Melinda e Bellatrix cujos cortes foram em locais mais críticos – devido a profundidade e à quantidade de sangue que todos eles haviam perdido enquanto batalhavam.


Pouco tempo depois que eles haviam terminado, ainda tendo os locais antes cortados muito doloridos, Snape desaparatou junto com Lucius e uma mulher petrificada, que Narcissa não conhecia.


- Lucius, Snape! Ótimo que chegaram! Levem-na para o calabouço. – ordenou Voldemort. – Cuidaremos dela outro dia. – ele fez um aceno displicente com a mão. – Já me deu muito trabalho por hoje. Não tenho pressa de acabar com ela e quero todos aqui quando eu o fizer.


- Sim, milorde.  – Snape e Lucius fizeram menção de sair, mas foram impedidos pelo próprio Lorde.


- Tive uma idéia melhor! Rabicho! – Voldemort chamou, já sabendo que o Comensal estava ouvindo atrás da porta.


- Milorde! É ótimo vê-lo de volta! – o homenzinho entrou, olhando para o chão. Seu temor era ser castigado pela indiscrição.


- Sim, eu sei. Leve nossa convidada para o calabouço, e faça-a apreciar as acomodações. – ele olhou para a mulher petrificada. – Porque estas serão as últimas que ela terá. – o horror nos olhos dela foi o suficiente para trazer animação a Volemort. – Snape, por favor, para uma poção analgésica. Tenho certeza que ninguém aqui deseja sentir dor, muito menos eu. Faça suficiente para três.


- Sim, milorde, sem problemas. – respondeu o Comensal, fazendo uma reverência, sabendo que, além de Voldemort, Bellatrix e Melinda tomariam a poção. Muito lógico, elas também estiveram feridas.  – Lucius, onde ficam seus materiais de poções mesmo?


- Meu escritório, armário da parede. – respondeu o loiro.


Snape saiu da sala, conhecia o caminho. Voldemort observou-o sair e voltou-se para Lucius, que tremeu por um momento. Mesmo com a vitória de Draco sobre Dumbledore, seus erros com o Ministério e, principalmente, com Bellatrix ainda o assombravam.


- Como foi lá, Lucius?


- Eu me diverti pouco, fiquei mais com Snape, como o senhor mandou, vigiando. Mas ninguém chegou e nenhum dos molengas inconscientes acordou. – um sorriso discreto formou-se nos lábios do Lorde. – Contudo, pelo pouquíssimo tempo que andei pela vila posso assegurar-te, milorde, a destruição foi mais do que significativa.


- Excelente. E os outros Comensais? Voltaram tão cedo quanto vocês?


- De maneira alguma. Eles continuam lá e tenho certeza de que amanhã logo a primeira edição do Profeta Diário noticiará que uma das mais protegidas vilas trouxas do país foi subjugada por nós. A Marca Negra já brilha no céu para provar isso. – Lucius contava, orgulhoso, acreditando que podia aos poucos reconquistar seu lugar como um dos favoritos de Voldemort.


- Maravilha, Lucius. Parabéns a todos, mas em outra oportunidade poderei parabenizar meus Comensais mais propriamente. Agora, descansarei. Bella, você vem? – ele desviou o olhar para a mulher.


- Sim, é claro. – ela adiantou-se até ele e segurou seu braço.


Ambos se despediram e subiram para o quarto, deixando os outros lá conversando sobre a luta. Poucos minutos depois, Melinda despediu-se de Draco com um selinho e também se retirou.


- Imagino que saiba que a guerra não tem mais volta. – disse Voldemort, quando chegou com Bellatrix ao quarto. Ele olhou para o local onde estivera antes o corte em seu braço. – A prova é que eles foram burros o bastante para me ferir.


- Para mim, ela nunca teve volta. Desde tantos anos atrás, quando ela começou pela primeira vez. Pois nenhum de nós, nem os Comensais, íamos recuar. – ela respondeu, segurando-o pela gola das vestes.


        - Eu sei, my dear. Mas eu não estou falando de nós, estou falando deles. Eles ainda tinham como ser sensatos, mas parece que racionalizar não é o forte deles. – ele revirou os olhos.


            - De fato, não. Hoje eles viram do que sonos capazes...


            - E amanhã, nos temerão mais do que ontem... – ele a enlaçou pela cintura.


            - E no outro dia, mais que amanhã. – ela completou e ele sorriu cruel.


            - E no outro...- ele acariciou a cintura dela, subindo para as costas.


            - E depois...- a bruxa deslizou as pontas dos dedos pelo rosto dele, os olhos queimando em pura luxúria.


            - Até que sucumbirão a nós. – Voldemort embrenhou ao dedos nos cabelos dela e aproximou o rosto dela do seu.


            - Como já deviam ter feito há muito tempo. – Bellatrix mais uma vez completou a frase dele, já podendo sentir a respiração do Lorde bater em seus lábios.


            Voldemort compartilhou do sorriso cruel que ela voltara a sustenta. A batalha fora difícil, foram feridos como há muito não eram, contudo eles estavam firmes, abater-se não era algo do feitio de nenhum dos dois.


            - Depois os Comensais ainda se perguntam porque eu escolhi você. Inacreditável que eles não a resposta bem na cara deles. – zombou Voldemort, fazendo ela rir profundamente.


            - Eles vêem. No fundo, acho que é tudo inveja deles...


            - É, deve ser. – ele concordou e acabou com o espaço entre os lábios dele e dela.


            Bellatrix recebeu aquele beijo como o alívio que ela precisava depois daquela noite incomum. As coisas certamente piorariam, mas ela não se importava. Eles estariam firmes e fortes, não importando o quão feridos estivessem, o quão ruim as coisas ficassem, pois se cada pessoa tem para si outra que se encaixa, eles já haviam formado seus encaixes perfeitos.


            O aprofundamento do beijo fez com que ela deixasse de lado quaisquer tipos de divagações e se concentrasse apenas neles.


            Voldemort beijou-a com toda a ânsia que tivera desde que chegara em casa, uma parecida com a que levara Draco a apertar Melinda contra si como se fosse perdê-la. Nunca pensou que um dia admitiria algo assim – nem mesmo para si – mas vê-la ser lançada metros além por aquela maldita barreira, ver o sangue escorrer pela cabeça dela, o fizera perceber que havia a possibilidade de perdê-la, e sobre isso ele tinha uma certeza: não podia, não ia acontecer. Disso ele se certificaria.


 


 


       


         Os passos de Melinda ecoavam firmes pelo assoalho, avisando ao longe a chegada da jovem bruxa. Apenas alguns dias haviam se passado desde o seqüestro de Charity Burbage e, como o esperado, todos os meios de comunicação já haviam noticiado o fato. Equipes procuravam-na, mas já com a certeza de que não a encontrariam. Ao menos não viva. A Marca Negra e a destruição deixadas pelos Comensais da Morte na mais protegida vila trouxa do país abalara consideravelmente a confiança do Ministério. Mas não era somente por isso que Melinda entrava confiante na Mansão Malfoy, com Draco em seu encalço.


        - Good News! – avisou, assim que abriu a porta da sala de estar, onde os pais, os tios, Snape e Gabrielle estavam sentados, com bebidas nas mãos conversando sobre as últimas vitórias. – Oh, Gabrielle, Snape! Bom ver o nosso casal incomum favorito! – a loira riu, mesmo que Snape não parecesse ter visto graça alguma. – Voltando às belas notícias! A missão ocorreu como o planejado... – a morena entrou na sala e sentou-se, sendo acompanhada por Draco. – É incrível como quem pensa que está muito bem protegido está muitíssimo enganado.  – ela revirou os olhos, causando risadas em todos.


        Voldemort pareceu o mais interessado no relato dela, sustentando uma expressão satisfeita no rosto. Pela primeira vez, a jovem e o namorado haviam ido sem os pais a uma missão – depois da concentração que Melinda demonstrara Voldemort não viu mais motivo em deixar Draco de fora – claro que eles foram acompanhados por adultos, mas a não presença de Voldemort, Bellatrix ou, no caso de Draco, Lucius era por si só um desafio. Eles deviam impor respeito e, ao mesmo tempo, não se sentirem intimidados e inseguros. Pelo o que parecia ambos haviam sido extremamente bem sucedidos nesse aspecto e no prático, que era o cumprimento da missão.


        - Contem-me, quero saber os detalhes por mais míseros que sejam! – o Lorde bebeu um pouco do uísque de fogo e fez sinal para que eles começassem.  


 


Flashback on


 


        A noite de primavera começava a aparecer no céu azul escuro sobre as cabeças dos Comensais da Morte. Eles esperavam. Esperavam o dia terminar de acabar. Ao longe, havia uma casinha velha e abandonada, que mal parecia se manter em pé.


        A construção se erguia em meio a um campo, era a única em um raio de vários metros. A solidão daquele tipo de cabana causou imensa felicidade em Melinda e Draco, o velho era muito burro mesmo.


        - Parece que a morte de Dumbledore realmente afetou o cérebro desses bruxos. – Melinda estava incrédula. – Se estivesse vivo, nenhum idiota acharia que se isolar era uma boa idéia. – ele olhou para o lado e viu Draco concordar. – Obrigada por nos livrar dele, by the way.


        Draco deu uma risada gostosa e foi acompanhado pelos outros, sendo alguns sinceros e outros fazendo isso apenas em respeito e puro puxa-saquismo em relação aos jovens, que rapidamente haviam pousado no Top 5 dos favoritos de Voldemort.


        Com eles dois estavam Rodolphus Lestrange, os Carrow e Greyback. Eles não achavam precisar mais do que seis pessoas – contando com o casal – para completar a missão. Em caso de problemas, eles pediriam reforços. Contudo, isso dificilmente seria necessário para capturar aquele velho. Voldemort o procurava já meses, se escondera muito bem de fato, mas agora que o achara, pouca chance ele teria contra os Comensais da Morte – talvez por não ter chance é que se escondera tão bem.


        - O que faremos? – perguntou um dos Carrow, atraindo a atenção deles.


        - Por enquanto, nós nada. Rodolphus, no entanto, sim. Ele fará. –respondeu Melinda, causando curiosidade no padrasto, se é que ele ainda podia ser chamado assim.


        - E o que eu farei? – perguntou o bruxo, ficando mais próximo de todos?


        - Você nos fará um enorme favor. – foi a vez de Draco responder. – Você irá verificar se não há nenhum tipo de feitiços protegendo a casa e, como certamente há, retirá-los para nós.


        - Só isso? Sem problemas. – Rodolphus tirou a varinha das vestes. – Estou indo, aviso quando terminar. – ele foi pelo caminho até a casa, deixando os outros esperando.


        Vinte e cinco minutos. Foi o tento que Lestrange levou para voltar e avisar que havia terminado. Demorara mais do que eles podiam imaginar e, pela cara do bruxo ao voltar, mais do que ele esperava também.


        - O velho era mais esperto do que eu pensei, colocou milhões de feitiços, um por cima do outro, pra se proteger. – ele revirou os olhos.


        - Devíamos ter imaginado. – Melinda respondeu, um pouco pensativa. – Mas vamos fazer o que devemos. Eu e Draco vamos à frente, vocês ficam na nossa retaguarda, mas pela quantidade de proteção ele provavelmente está sozinho. – os poucos Comensais concordaram. – Ótimo.


        Melinda e Draco se dirigiram ao caminho para a cabaninha velha que caía aos pedaços. Eles andaram silenciosamente e não tardaram a chegar à porta.


        Assim como o esperado, a porta estava trancada por Magia. Nada que eles não pudessem resolver, em poucos segundos a porta se abriu à frente deles.


        O céu noturno já estava pronto acima do grupo, nenhum tom de azul o pintava mais, fato que dificultava ainda mais a visão de dentro da casa, que não tinha nenhuma luz acesa.


        Todos imediatamente acenderam as varinhas, iluminando até o fim do curto corredor. A casa parecia abandonada, com poeira por todos os lados e teias de aranha nos portais. Qualquer um daria meia volta, acreditando que era uma pista falsa e que os únicos habitantes ali eram os animais. Porém aquelas pessoas não eram quaisquer umas. Eram Comensais da Morte e como tais esgotariam todas as possibilidades antes de pensar em partir.


        - Alecto, você e seu irmão vasculham a cozinha e o banheiro. Greyback e Lestrange, salas e quintal. Draco e eu vamos ao quarto. – Ordenou Melinda, passando pelo portal sem esperar resposta, parecendo bastante Voldemort nesse sentido, não que alguém fosse contestar de qualquer maneira.


        Os bruxos se espalharam pela casa, vasculhando e revirando as coisas. Faziam uma varredura com a varinha para certificarem-se de que não haveria nada escondido por magia.


        Draco e Melinda encontraram a porta do quarto trancada, mas não por Maria. Draco abrira a tranca com o feitiço Alorromora, contudo a velhice fez a porta emperrar. O loiro então tomou distância e a abriu com um chute.


        A porta saiu das dobradiças enferrujadas com o impacto do pé do bruxo. Melinda olhou um tanto impressionada para o namorado, que riu tão impressionado quanto ela com o efeito do chute.


        Quando os dois entraram no quarto, um grito lhes alertou que não havia necessidade de continuar.


        - Melinda! – a voz de Rodolphus soou alta na cabana, o que fez tanto o casal quanto os irmãos Carrow giraram nos calcanhares, procurando decifrar de onde vinha a voz.


        Os quatro correram até a sala e viram Rodolphus sentado enquanto Greyback segurava o velho Olivaras pelo pescoço, suspenso no ar.


        - Coloque-o ali, Greyback. – ordenou Melinda, com uma força e convicção que nem mesmo Draco já havia visto outrora.


        O lobisomem, por um instante sem reação face à tal súbita e quase agressivamente colocada ordem, colocou o velho fabricante de varinhas na cadeira que ela indicara. A face dele contraiu-se em uma expressão de espanto.


        - Thank you, Greyback.- a voz dela voltou ao tom delicado e suave ao qual os presentes estavam acostumados.


        A diferença gritante nos tons de voz e expressões faciais que ela usara nos últimos dois segundos fez Olivaras tremer e engolir seco, mas nada comparado ao temor que percorreu seu corpo quando ela voltou a falar.


        - A brincadeira de esconde-esconde acabou! – a crueldade dela era quase palpável. – Nós ganhamos, você perdeu... Mas, o que exatamente? Ah, sua liberdade e, possivelmente, até a sua vida. – Melinda falava como se o assunto fosse trivial, e era neste pouco caso que a crueldade estava instalada.


        Olivaras tentou se mexer, mas antes que pudesse perceber, Draco o prendera na cadeira com cordas invisíveis que o queimavam quando ele tentava se mover.


        - Brilliant! – alegrou-se a jovem, com os olhos queimando de maldade. Ela sentia-se atraída pelas demonstrações de súbita frieza e crueldade do namorado.


        Draco sorriu de canto, olhando para Olivaras de soslaio. Meses antes, ele não teria feito aquilo, seria piedoso demais, mas com o tempo sua maldade estava tomando conta de si. Todos têm um lado bom e um ruim, apenas devem deixar um dominar. Draco optara pelo mesmo que todos os Comensais.


        Olivaras parou de se mexer, não queria mais aquelas cordas malditas o queimando. Ele não queria falar nada, não ia falar nada, mas agora que estava pego achava mais difícil manter tal convicção.


        - Você vai dar o que o Lorde das Trevas quer, por mais que deseje não fazê-lo. Ninguém pode resistir aos anseios dele, muito menos você, velho. – Melinda levantou o queixo dele com a ponta da unha do indicador. – Todavia vejo determinação em você, o que significa apenas uma coisa: Dor e sofrimento. É o que te espera fora aqui. – Melinda se afastou dele e deu-lhe as costas, indo para a porta. Ela olhou rapidamente por cima do ombro. – Rodolphus, desfaça as cordas. Greyback, carregue o velho.


        Os dois a obedeceram e depois se juntaram a ela, Draco e os Carrow na saída. Eles olharam por cima do ombro a casa e pararam por um instante. Melinda sorriu para Olivaras e apontou a varinha para a casa.


        - Incendio! – bradou ela, assistindo à casa pegando fogo a sua frente e ao terror nos olhos de Olivaras.


        A primeira missão no comando, pequena é claro, mas não importava. Fora um sucesso. Isso era o importante. As chamas que ardiam a casa refletiam-se nos olhos verdes dela e nos acinzentados de Draco, que queimavam por si só em orgulho.


 


Flashback off


 


        - E onde exatamente está nosso mais novo convidado? – perguntou Voldemort.


        - Eu mandei que o colocassem junto de Burbage, milorde. – respondeu Draco. – Espero que seja de seu agrado.


        - Completamente! Perfeito, Draco. Perfeito. – Voldemort sorriu satisfeito. – Rabicho! – ele gritou e o servo surgiu à porta. – Sirva bebidas a Draco e Melinda.


        Rabicho fez uma reverência, enquanto o casal se entreolhava. Eles não entendiam o porquê daquilo, talvez fosse um tipo de premio para eles, mas enfim. Eles pegaram o uísque de fogo nas mãos e fitaram Voldemort.


        - A esta completamente bem sucedida missão. – Voldemort levantou o copo, propondo um brinde. – A Draco e Melinda e suas perfeitas atuações esta noite.


        Todos acompanharam os deleitados Draco e Melinda quando eles também ergueram seus copos e beberam em seguida, brindando a si mesmos. Eles sabiam que seria apenas o começo de suas ascensões.      


 


 


Dias haviam se passado desde que Olivaras fora colocado no porão da Mansão Malfoy, fazendo companhia à antiga "hóspede": Charity Burbage. De tempos em tempos podia-se ouvir um lamento, barulho ou o que fosse deles. O que era, é claro, imediatamente reprimido por Voldemort, ou melhor, por alguém mandado por ele. O Lorde nunca colocaria as próprias mãos nisso, era para esse tipo de coisas que Comensais, como Rabicho - inúteis no campo de batalha - serviam. 


        A Mansão Malfoy tornara-se agora o quartel general de Voldemort e dos Comensais, nada mais comum, pois ele estava morando lá. O que vinha à cabeça de todos era: a Mansão era o quartel porque ele morava lá, ou ele morava lá porque decidira transformá-la no quartel? A verdade - que logo seria descoberta - é que as duas opções estavam completamente erradas. Voldemort viver lá por aquelas últimas semanas não tinha relação alguma com ele ter mudado a base de lugar, pelo menos não diretamente. E a presença do Lorde como hóspede dos Malfoy estava prestes a terminar. 


         - Logo não terá mais que se preocupar em tentar fechar a mente a cada cinco minutos, Malfoy.  Creio que ficará aliviado. - disse Voldemort, de repende, durante uma conversa até então descontraída entre os moradores da Mansão logo pela manhã. 


         Lucius Malfoy fez-se de desentendido, como esperado dele, e falsou uma expressão surpresa e ao mesmo tempo chocada.  Ultimamente, as habilidades de atuação de Lucius Malfoy estavam sendo cada vez mais requisitadas e ele, apesar de certa falta de naturalidade nas expressões, estava conseguindo aprimorá-las imensamente. 


         - O que quer dizer com isso, milorde? Eu não sou tolo o bastante para tentar fechar minha mente para o senhor! E nem tenho motivos para tal. - Voldemort demorou uns dois segundos para acreditar que estava ouvindo de um de seus Comensais a resposta mais mentirosa de toda a história. - E, o senhor está dizendo que nos deixará? - Bellatrix sentiu o olhar de Lucius queimar em si. 


         O Lorde sorriu cruelmente de canto, Lucius começara, teria o troco muito bem dado. Mentir para ele, tentar convencê-lo de uma mentira, ou seja, fazê-lo de idiota, fora a ideia mais estúpida que Lucius tivera nos últimos meses, não anos porque anos antes ele havia feito a maior burrada da vida dele, duas vezes - creio que esta não precise ser relembrada a ninguém. A sombrancelha levantada por Voldemort, combinada com o sorrisinho cruel delatou a Lucius o quão idiota aquela atitude havia sido.


         - Tudo bem, Lucius. Vamos fingir que você não arquiteta planos inúteis para tirar minha mulher de mim e tenta escondê-los de mim com medo de que eu o mate por insubordinação ou por simplesmente querer assim.  E vamos fingir, também, que se você corresse tal risco teria algum ponto pois tem chances reais de tirar Bellatrix Lestrange de mim. Embora eu pense que estamos fingindo um pouco demais nesta hipótese, pois nem a imaginação loucamente fértil de uma criança seria capaz de imaginar tal absurdo.Move on, Lucius. She's mine. It's over. E, sim, eu os deixarei. Nós - ele estendeu o olhar a Bellatrix e Melinda. - Os deixaremos.   


         Bellatrix e Melinda pareceram não ser acometidas por tipo algum de surpresa, elas já deviam esperar a volta para a Mansão Riddle mais cedo ou mais tarde, mas o que elas não tinham idéia era que estavam completamente erradas. Elas iam sair da Mansão Malfoy, mas não passariam nem perto da velha Mansão Riddle.  Poder traz consigo privilégios, e elas teriam uma prova disso em poucas horas. 


         As malas da realeza das trevas estavam todas prontas duas horas depois que Voldemort anunciara que os deixaria, como o combinado. Os elfos domésticos de Narcissa eram muito aplicados no fim das contas.  Voldemort já esperava na sala, mas nem sinal ainda das donas das malas femininas naquele monte. 


         O barulho de saltos tilintando na escada de mármore foi quase um alívio para os três homens presentes naquela sala: Lucius, Draco e Voldemort, que se fitavam fixamente. Voldemort virou o resto de absinto em seu copo de uma só vez e pousou o copo na mesa de centro. Olhou na direção da escada e viu elas descendo com Narcissa, conversando animadamente. 


         Bellatrix reluzia em um vestido de cetim longo verde escuro, bem parecido em tom com a gravata de Voldemort. Proposital, obviamente. As alças eram grossas e cruzavam-se nas costas. Melinda usava também um vestido, porém negro até os joelhos, marcado na cintura com uma faixa acetinada de um verde um pouco mais aberto e esmeralda do que o usado pelos pais.


         Draco veio receber a namorada na beira da escada. Tê-la morando ali por aquelas semanas fora espetacular. Agora, ficaria distante dela e não era exatamente agradável isso. Eles haviam superado tantas dificuldades juntos naqueles últimos tempos que o mínimo pensamento de diminuir a conexão era devastador para eles, contudo, ela precisaria uma hora voltar para casa. E a hora era aquela. 


         - My Dark Princess. - ele beijou o dorso da mão dela, quase em cima do anel de prata com esmeralda que lhe dera anos antes em um natal.  


           Melinda sorriu e desceu mais um degrau, o que a deixou na mesma altura que ele.  Olhou nos olhos dele e deu um selinho de leve nele. Entendera aquilo como um tipo de brincadeira com o apelido que os Comensais haviam lhe dado: Princesa das Trevas, ele era um Comensal também em teoria, mas para ela era muito mais do que isso.


         - My Dark Prince. - ela sussurrou contra os lábios dele.  - Mais do que nunca agora. Somos invencíveis, mais poderosos do que muitos Comensais adultos. 


         - Ninguém nunca duvidaria de você, sendo quem é. 


         - Mas duvidariam de você, o que é diretamente duvidar de mim. - Draco perdeu as palavras face àquela resposta.  - Eu te escolhi, eu não erraria numa escolha tão importante. Olivaras lá embaixo e Dumbledore naquele túmulo são provas incontestáveis disso. 


         - Ninguém tem o direito de duvidar de nós. Nunca mais. - ela assentiu e ele a beijou. - Sentirei sua falta aqui todos os dias. 


         - Aparatação foi criada por algum motivo, certo? - ela o beijou novamente. 


         - Tenho sérias dúvidas dos motivos que levaram alguém a criar isso. - a conotação maliciosa na voz de Draco causou uma risada nela. 


         - Não duvide que foram os piores. - ela arqueou a sobrancelha e o beijou mais uma vez, antes de enlaçar os dedos nos dele e puxá-lo para se juntar aos adultos. - E se quiser, podemos reviver cada um deles e nos fazermos entender porque ela foi criada. - completou, olhando para ele por cima do ombro enquanto o puxava. 


         - Narcissa, Lucius. Talvez queiram nos acompanhar, quero mostrar-lhes algo. - foi o que o jovem casal ouviu ao juntar-se de vez aos adultos. - Ah, e você também, Draco. Aposto que vão adorar. 


         O estranhamento foi geral quando Voldemort tirou das vestes uma chave de portal. Todos conheciam a Mansão Riddle e podiam aparatar lá, não fazia sentido. Não faria, mas ele não estava indo para um local conhecido de todos. Somente dele. 


         Segundos depois que as mãos tocaram o objeto, foram jogados em frente a um imenso portão de ferro trabalhado, que eles nunca haviam visto antes. Por detrás dele, erguia-se a mansão mais sombriamente majestosa que eles já haviam avistado. As paredes de pedra erguiam-se escuras, fazendo a mansão parecer um castelo cujo fim eles não viam.


         No portão, haviam bem no meio um grande S que lembrava uma serpente. Aquele enfeite chamou a atenção de todos imediatamente. Não era o que eles estavam, quer dizer, não podia ser. Mas, pelo visto, era.


         - A insígnia de Slytherin. - Bellatrix suspirou. - Como? - ela virou-se para Voldemort, que sorria satisfeito. 


         - Bem vindos à Mansão Slytherin. - Voldemort abriu o portão com magia. - Minha residência oficial a partir de hoje. - ele passou pelo portão e andou pelo caminho cercado de jardins que ia até a casa. Ao seguir Voldemort, ainda incrédula, Bellatrix notou a presença de tulipas e várias outras flores cercando o caminho, mas todas em tonalidades escuras.   


         - Nós vamos morar aqui? - Melinda perguntou, abismada com a grandeza e majestade daquele lugar. Um sorriso sincero de felicidade inundando seu rosto. - Sério? Slytherin morou mesmo aqui? That’s so amazing!


         Draco, de mãos dadas com Melinda, compartilhava da surpresa dela. É claro que a Mansão dele próprio não ficava atrás, mas... O clima daquela tinha algo de especial, fora em teoria de Slytherin, era sombria, quase como um castelo medieval, nada mais apropriado para Voldemort e mais interessante. Era como se  poder exalasse dali, a lembrança que ela trazia de um castelo fazia sentido quando pensava que Voldemort em breve dominaria o mundo bruxo e o trouxa, como de fato um rei.  


         - Não temos certeza, mas ao que tudo indica, sim. Agradeça a seu recente aliado Greyback por encontrar este lugar, Melinda. - foi a resposta de Voldemort. 


         Bellatrix parou subitamente, quase fazendo Draco, Melinda, Lucius e Narcissa tropeçarem nela. Voldemort, ao deixar de ouvir os passos, olhou para trás. Finalmente ela ligara as peças e isso era esplêndido. A Lady das Trevas pareceu não crer nos próprios pensamentos. 


         - Então, é isso? O que eu não podia saber? Que escondeu com Greyback? - perguntou Bellatrix, indignada, fazendo o Lorde girar nos calcanhares a apenas alguns metros da pequena escada que levava à porta do hall. 


         Voldemort andou até ficar bem na frente dela, um sorriso brincalhão trilhava os lábios do Lorde, que parecia até estar segurando uma risada. Ele levantou o rosto dela pelo queixo, fazendo-a encará-lo. A diversão era clara no rosto dele e ela estava começando a ficar irritada.


         - É claro que sim. – ele respondeu, sério, apesar da expressão oposta. – O que pensou que era?


         - Hum... Nada...Não pensei nada. – ela respondeu, sem firmeza alguma.


         - Sei. – ele finalmente deu um risinho, aproximou o rosto do dela e os beijou por um momento. – Nem eu acredito que chegou a cogitar a possibilidade de eu ter uma amante...


         - Eu não...


         - Bella. Please. – ele acariciou o rosto dela e ela desviou os olhos para o chão e os fechou, agradecendo por ele usar um tom de voz que não os permitia ser ouvidos pelos outros, que também haviam parado de andar.  


         Bellatrix tinha que admitir que por algum momento chegou a cogitar tal possibilidade, antes de ele mesmo brincar com aquilo, é claro, pois depois não fazia sentido. A imaginação feminina não tem limites. Ela olhou para a casa à sua frente e percebeu o quão tolo o pensamento fora.


         - Creio que deseje conhecer nossa nova casa por dentro. – Voldemort estendeu a mão a ela.


         Bellatrix sorriu para ele e segurou-lhe a mão, assentindo com um movimento de cabeça. Voldemort a puxou pelo caminho. Quando os dois voltaram a andar, os outros também foram atrás, a curiosidade de ver o que se escondia por detrás da porta era imensa.    


            A porta era dupla e de uma madeira escura, cercada por duas colunas de pedra com esculturas de cobras enroscadas. As maçanetas dos dois lados da porta eram de prata e lembravam serpentes.  Ele abriu a porta e, no momento em que esta terminou de se abrir as cortinas de veludo verde do hall abriram-se magicamente e prenderam-se à parede com fitas do mesmo tecido e cor, porém bordadas com fios de prata.


            O chão era de mármore negro e espelhava a imagem de todos que entraram. No hall havia uma mesa de tampo de vidro e pés banhados a prata, sobre a qual estava um vaso com flores, rosas que Bellatrix reconheceu imediatamente, recostada à parede.  Também uma porta à esquerda deles, um armário bem grande, para os casacos e pertences de moradores ou visitantes e, sobre eles, um belo candelabro, apagado àquela hora do dia, é claro.  


            O encantamento não parou à medida que eles visitaram os outros muitos cômodos, todos imensos e finamente decorados com o gosto de um Sonserino, serpentes, verde, prata e negro por todos os lados e roxo em alguns cômodos, como a biblioteca, para continuar com as cores escuras.


            A Mansão era como um palácio, cômodos demais, quartos de hóspedes demais, beleza, refinamento, pedras preciosas e dinheiro demais. Era inimaginável o preço que aquela Mansão custara.


          - Milorde, que mal lhe pergunte, o quão absurdo foi o preço deste lugar? – perguntou Lucius, quando entraram na sala de jantar, cuja mesa cabia mais de vinte convidados, sentados em cadeiras banhadas a prata com detalhes em ouro e com almofadas e encostos cobertos pelo mais belo veludo com detalhes em seda e a insígnia de Slytherin bordada a fios de prata.  Os pratos eram da melhor porcelana e as taças de cristal ambos com fitas de prata com detalhes em ouro enfeitando suas bordas. Os talheres, prata pura. A insígnia de Slytherin estava naqueles e em todos os utensílios que haviam visto naquela casa. Cortinas negras enfeitavam o local e o maior dos candelabros se encontrava lá, logo acima da mesa.  As janelas da sala eram tão grandes quanto a parede, quase como portas e davam visão para o jardim que ficava atrás da casa e que eles ainda não haviam conhecido. 


   - Para recuperar gastei uma quantia um tanto considerável. Queria tudo como fora quando Slytherin teria morado aqui. - respondeu o Lorde, mexendo em um dos garfos colocados estrategicamente à mesa para que todos vissem o quão esplendorosa aquela sala podia ser durante o dia, o que então podia-se imaginar dela à noite? Voldemort queria uma casa à altura de si, ele conseguira e de uma forma muito fácil. - Mas se refere-se à compra casa, não gastei um nuque sequer. Essa mansão não tinha donos, Lucius, o poder sobre ela se perdeu assim como a história do próprio Slytherin. O Ministério era quem a tinha nas mãos, mas sendo eu o único herdeiro legítimo de Salazar Slytherin não foi muito difícil trazê-la diretamente para as minhas mãos porque, se ela foi de fato do meu antepassado, é por direito minha. Obviamente influência e alguns feitiços se intrometeram no meio desta transação, mas dinheiro algum foi pago pelo o que é meu.


- Esta Mansão ser do senhor agora apenas mostra o quão fraco o Ministério já está. - bajulou Lucius Malfoy. - Eles não pensariam que o senhor desejaria a Mansão que teria sido de seu antepassado?


- Isso é algo que Dumbledore pensaria, dificilmente o Ministério. E, mesmo assim, eles são incrédulos quanto à veracidade dessa história por mais que a casa seja lotada da insígnia de Salazar. Pensam que alguém tentou forjar, é uma possibilidade. Mas mesmo assim, só falta agora derrubar Scrimgeour e o Ministério será totalmente meu. Assim como essa casa. - respondeu Voldemort, saindo de perto da mesa e parando próximo à janela, olhar para o jardim lá fora que o fez lembrar de algo. Um sorriso rasgou os lábios dele. 


O Lorde voltou-se rapidamente para os outros, que assustaram-se levemente com a súbita virada de Voldemort, que sorria satisfeito com algo que ninguém sabia o que era. Ele só parou quando ficou bem à frente de Bellatrix, que contorcia-se na curiosidade causada pela atitude estranha dele. 


- Bellatrix, preciso te mostrar algo. Um cômodo em especial....


- Qual? Posso saber? - ela olhou para sua mão, agora segurada por ele. 


- Nosso quarto. - a resposta dele causou risinhos maliciosos vindos de Draco e Melinda e um olhar assassino de Lucius, não que incomodasse porque Lucius não podia ser nem de longe tão assassino quanto Voldemort e muito menos quanto aqueles dois juntos. - A todos vocês, não tenho nenhuma intenção maliciosa nisso. Apenas lembrei-me de um detalhe interessantíssimo. - agora sim Bellatrix estava morrendo de curiosidade. Ela quase suspirou de alívio quando ele a puxou em direção à imensa escada de mármore que ficava no meio do corredor que ligava todas as salas. A escada era negra e no centro dos degraus descia um tapete verde escuro. 


No caminho para o dito quarto, no último andar, Bellatrix viu diversos cômodos, cada um com propósitos diferentes que viria a descobrir depois. A suíte deles era o único cômodo do corredor, no fim deste, e tinha uma porta dupla imensa como a da casa em si. Voldemort abriu ambos os lados da porta, para poder dar a Bellatrix a completa visão do quarto. 


Assim que a porta se abriu, ela viu um divã com algumas poltronas em volta e no outro extremo sua penteadeira - a mesma da Mansão Riddle - que havia sido trazida por Greyback, no centro do quarto ficava a cama em cima de um tipo de grande pedestal, um degrau quadrado maior do que a cama em si com uma pequena escada de acesso. A cama era imensa e parecia ser muito antiga, suas colunas prateadas - com pés em forma de cobra como todos os móveis do quarto - iam quase até o teto e delas descia um cortinado negro, que cercava a cama. Os lençóis eram negros e de seda  e os cobertores que ficavam nos pés da cama, de veludo - como as enormes cortinas do quarto. Vários travesseios e almofadas negras finamente bordadas em prata enfeitavam a cama. Nos pés dela, ficava um banco amofadado também negro, mas com os pés e detalhes em prata.  


A incredulidade passeou pelos olhos de Bellatrix, era mais belo do que o quarto dela na Mansão Black, na Mansão Malfoy e também na Lestrange. Ela olhou para cima e viu o candelabro principal, que era ajudado por vários castiçais de prata e ouro distribuídos pelas paredes daquele imenso quarto. As luzes estavam acesas, pois as pesadas cortinas estavam fechadas.


Havia no quarto, também, um grande piano de cauda, colocado em um canto que parecia ter sido construído especificamente para aquele piano. Ela se aproximou do piano e pela primeira vez prestou atenção nas paredes, eram verdes, mas feitas de painéis em alto relevo, os desenhos curvos em relevo eram prateados.


À esquerda, ela notou uma grande porta. Depois dela havia um closet quase do mesmo tamanho do quarto onde ela via distribuídos todas as suas capas, vestidos, sapatos e alguns que ela nunca havia visto.


- Não acreditei quando notei que logo você não tinha roupas o suficiente para encher este closet. - Bellatrix ouviu a voz de Voldemort, que estava parado à porta do closet. - Pensei que você tinha roupas intermináveis, estava enganado.


- Bom, eu teria se juntasse as roupas que estão na Mansão Malfoy e as que eu no passado deixei na Mansão Lestrange. Contudo, tenho certeza de que preferirei as que você escolheu para mim. Por que não creio que tenha delegado isto! - ela se jogou no sofá que ficava no meio do closet, certamente colocado ali para que ela calçasse os sapatos.


Voldemort aproximou-se dela e colocou um dos joelhos no assento do sofá, bem ao lado da perna dela. Segurou-a pela nuca e aproximou os rostos deles. Bellatrix afundou no sofá, fazendo ele vir para mais perto.


- E como tem tanta certeza de que eu não deleguei isto?


- Não deixaria ninguém saber os presentes que me dá. - ela respondeu, segurando-o pelo paletó. - Simples. Você adora fazer segredo da nossa relação, o mistério que alimenta as fofocas dos Comensais.


Indeed. - ele concordou e ameaçou beijá-la nos lábios, mas foi diretamente para o pescoço, perto da orelha. Ela apertou as mãos nos ombros do Lorde quando os lábios frios tocaram sua pele. - Contudo, ainda temos muito desta suíte para conhecer antes de estrear. - sussurou Voldemort ao ouvido dela e se afastou subitamente.


Bellatrix abriu os olhos e olhou na direção dele. As provocações dele eram inacreditáveis. O Lorde estendeu-lhe a mão e ela pegou, ainda insatisfeita. Passou por ele mas puxada de volta, ele indicou uma porta um pouco a frente, dentro do próprio closet. Ela andou até lá e abriu a mesma. Outro closet.


- Achou que só você tinha um? - ele perguntou, entrando no próprio closet, tão cheio de coisas quanto o dela.


- Justo. - ela se recostou à porta. - Creio que tenha também feito compras para si.


- Exato. Em breve estarei acima do Ministro da Magia, não é?


- Sim... Será o dono do mundo! – ele concordou com ela e a imprensou contra o batente da porta. Beijou Bellatrix nos lábios, como ela desejara tanto minutos antes, com a intensidade causada por aquele pensamento. Ele seria como um Rei e ela sua Rainha. The King and The Queen of Darkness, ninguém pode ter idéia do quão excitante isso era para ele, apenas pensar naquilo acendia todas as fibras de seu corpo. Poder e Bellatrix Lestrange eram os dois pontos fracos dele. E ele não tinha intenção alguma de evitar tais fraquezas, ele queria era se jogar cada vez mais fundo nelas.


         Bellatrix suspirou contrariada quando ele partiu o beijo, ela mordeu os lábios e o segurou pelos ombros com força, sem querer deixá-lo ir. Embrenhou os dedos no cabelo dele e puxou seu rosto para perto mais uma vez.


         - Fique... – ela pediu. – Podemos conhecer a Mansão depois. – a voz dela saiu num sussurro e ela voltou a beijá-lo.


 A atitude dela quase o enlouqueceu, tão decidida a não deixá-lo ir, parecendo tão excitada com os planos de poder quanto ele. Queria mostrar algo a ela, o que o levara a correr para o quarto, mas uns minutos a mais não faria mal algum. A idéia de estrear aquele quarto cedo nunca pareceu tão maravilhosa.


Voldemort partiu mais uma vez o beijo, mas ela nem mesmo teve tempo de reclamar, pois logo sentiu os lábios dele trilhando seu pescoço sensualmente em harmonia com as mãos do Lorde, que contornavam seu corpo. O corpo dele a imprensava com cada vez mais força contra o portal e ela estava sentindo tudo o que era possível menos desconforto.


- Sometimes... Eu não acredito que esse tipo de coisa está acontecendo. Que nós estamos acontecendo. Eu penso que estou ainda morando na Mansão Malfoy, sonhando enquanto espero desesperada por sua volta. – confessou Bellatrix, de olhos fechados enquanto aproveitava as carícias dele.


         Voldemort parou o que estava fazendo e, sem dizer nada, a puxou pela mão, arrastando-a praticamente pelo enorme quarto, até uma das cortinas, que ele abriu com magia. Bellatrix viu que a suposta janela era uma porta que dava para uma varanda. Ela não entendia porque ele havia a levado para aquele lugar logo depois daquela confissão. O Lorde a levou até a grade da varanda, onde fez ela parar.


         O Lorde deu alguns passos para trás e deixou que ela visse o jardim que ficava nos fundos da casa, o mesmo que era visto da sala de jantar, e do qual se tinha uma vista completa e panorâmica naquela varanda. A morena encostou as mãos na grade e sentiu os olhos marejados de emoção.


         A imensidão verde não terminava e ela via um lago ao fundo das árvores. Um lago. Parecia o jardim de Hogwarts, com a exceção de ter uma linda fonte, e várias roseiras, uma mais bela do que a outra, as rosas eram imensas e de cores escuras. Eram aquelas rosas que traziam lágrimas a seus olhos.


         Voldemort a abraçou por trás com força, percebendo ela se aninhar em seus braços. Ele tirou seu cabelo dos ombros para que pudesse ter total acesso a seu ouvido. Ela reconhecera as flores, as mesmas que ele dera a ela em forma de buquê semanas antes. Enfeitiçadas, as do buquê murchavam devagar, mas as do jardim.


         - É real. Mais real do que qualquer um de nós poderia imaginar. Eu estou aqui, e não vou sair. Nós estamos acontecendo e somos eternos, como aquelas rosas que tanto te emocionam. – ele sussurrou contra o ouvido dela, apertando mais sua cintura. – Elas parecem as do buquê, mas são diferentes, mesmo que as corte, nunca murcharão.  – Voldemort mordeu com certa força o lóbulo da orelha dela. – Não, Bella, você não está sonhando. A dor te prova isso.      


         Bellatrix virou-se para ele, acariciando seu rosto. Ela já tinha mais controle sobre as lágrimas que teimavam encher seus olhos.


         - Por mais que eu não seja eterna, a nossa história será. A primeira Lady das trevas. – ela sorriu para si mesma. – A mulher para a qual aquelas rosas foram criadas...


         - Primeira e única. – ele a interrompeu. – Não haveria pessoa no mundo que poderia te substituir, Bella. Você sabe disso, diz a todos, menos a mim. Não precisa ter medo, é apenar um fato. – Voldemort embrenhou a mão nos cabelos dela. – Com quem eu criarei um reino a partir do momento que aquele maldito ministério cair.


           Bellatrix concordou com a cabeça, emocionada com as palavras dele. Contudo, não passava da verdade. A mais pura verdade. Ela olhou mais uma vez para as roseiras tão glamorosas abaixo deles, esperando que de fato eles ou a história deles durasse o mesmo tempo que elas durariam.


         Ela o beijou com delicadeza nos lábios, deixando de lado toda a luxúria que poderia haver em si, carinho, respeito, lealdade, agradecimento, era o que aquele beijo de fato tinha. Encostou as pontas dos dedos no rosto dele, sorrindo com o canto dos lábios.


         - Nosso reino está apenas começando a se formar. – disse a mulher, baixo, como se fosse um segredo só deles. Referir-se ao reino como deles, mostrava clara crença na própria posição vinda de Bellatrix, e ela não estava errada. Depois daquela casa, nada entre eles seria igual. Nunca mais.


         Voldemort tirou uma mecha de cabelo que caía sobre o rosto de Bellatrix e prendeu atrás da orelha dela. Voltou a mão roçando no rosto dela. Bellatrix acompanhou a carícia da mão dele tombando um pouco a cabeça naquela direção com o intuito de apreciar mais da carícia e fechou os olhos.


         - E quando estiver pronto, desfrutaremos das maravilhas vindas de nosso reinado. – completou ele, fazendo-a sorrir ainda mais. Ela estava vivendo em um conto de fadas, só tinha um temor: Quanto maior a altura, maior é a queda. Ela torcia para nunca cair de seu trono, como uma vez Katherine e Rodolphus disseram que aconteceria. Se é que isso ia um dia acontecer, não estava perto e ela podia facilmente desfrutar de sua posição.


         A expressão dela mudou completamente, ela deixara a paixão e a luxúria inundarem os olhos verdes esmeralda, ela mordia o lábio inferior o olhando fixamente, desceu as mãos pelos braços dele até chegar às mãos.


         - Acho então, - disse ela, puxando-o de volta para dentro do quarto. – que devemos começar agora mesmo.


         A morena apoiou as mãos nos ombros dele e o obrigou a sentar em um dos sofás que havia naquele quarto. Sentou-se no colo de Voldemort, de frente pra ele e sentiu as mãos dele alojaram-se instantaneamente em sua cintura.


         Ela pegou a varinha e fechou a cortina que Voldemort abrira para ir até a varanda. O clima no quarto ficara muito mais sensual sem aquela fonte de luz, dando aos dois idéias muito parecidas sobre como desfrutar do quarto.


         Bellatrix mordeu o lóbulo da orelha dele e puxou, arranhando com os dentes levemente até que o lóbulo se soltasse de seus dentes. Ele apertou mais forte a cintura da Lady quando o hálito dela bateu no local em seguida. As unhas dela foram parar na nuca do Lorde, enquanto seus lábios para a região entre a orelha e o começo do pescoço, a combinação dos arranhões com as mordidinhas que ela intercalava com os beijos no pescoço fizeram efeito imediato, Bellatrix sentiu em suas mãos como os cabelos dele na nuca se arrepiaram. Ela não deixaria passar.


         - Hum, eu te excito tão fácil assim, é? Vou começar a prestar mais atenção. – sussurrou ela, sensualmente no ouvido dele. Dirty Talk e nem nas preliminares de fato eles estavam ainda. As coisas estavam esquentando. Ele sorriu malicioso sem que ela visse e a afastou de si bruscamente empurrando o corpo dela para a frente pela cintura firmemente pressionada por suas duas mãos, para depois jogá-la do outro lado do sofá.


         A respiração dela mudou de ritmo e ela fez uma falsa cara de dor, que não suportou mais do que alguns segundos para se dissipar e dar lugar a luxuria que fazia questão de habitar a face dela.


         - Não tão fácil quanto eu te excito, querida. – o tom sensual que a voz dele adquiriu foi o suficiente para arrepiá-la e aquilo ficou tão claro que a vitória estampou-se no rosto dele na hora. – Se alguém fica sabendo que só a minha voz faz isso com você é capaz de até pensar que eu não te satisfaço. Coitados, mal sabem que é porque é exatamente o contrário.


 



         Bellatrix fez o contorno do corpo dele com o bico do sapato, parecendo queimar ainda mais por dentro, ela se sentou e o puxou para perto pela gravata. Com a proximidade, ela se deixou cair mais uma vez no sofá, trazendo-o para cima de si.


         - Então por que não me satisfaz agora? – perguntou Bellatrix, encaixando a perna no quadril dele.


         Voldemort não resistiu a acariciar a perna que agora estava aparente fora do vestido. Era difícil demais resistir à Bellatrix, mas talvez se não fosse, perderia toda a graça, porque o interessante para ele sempre fora ultrapassar desafios.


         - Porque... – ele decidira ser cruel. – Nós... – ele beijou os lábios dela rapidamente e mudou o local para o decote dela. Bellatrix agarrou-se ao sofá e fechou os olhos, cada fibra de seu corpo arrepiada pelo toque gélido dos lábios dele. A respiração alterada foi a primeira coisa que ele notou, uma vez que o local onde seus lábios estavam era perfeito para sentir isso. – Temos... – ele continuou a beijar o decote dela e os ombros por mais algum tempo. – Uma casa inteira para conhecer e, mais importante ainda, convidados.


         Antes que as carícias cessassem, ela suspirou contrariada, mas Voldemort não pôde nem mesmo se separar dela direito antes que ouvisse uma batida na porta. Pelo jeito, mesmo que ele caísse na tentação dela, seriam interrompidos.


         - Se for o Rabicho... – ela começou, sentando-se e recompondo-se. – Eu mato o maldito. Casa nova, vida nova. Sem interrupções da parte dele.


         - Não se preocupe, cuidei disso. Ele ficará na Mansão Malfoy, mas veremos quem tem o mesmo péssimo defeito dele. – Voldemort se levantou. 


         - Até onde eu sei, segundo o seu desejo a pessoa não ia interromper nada... Pelo menos pelo o que você disse, já íamos sair. – provocou ela. – Ou seja que era mentira? 


         - Touché. – ele terminou o caminho até a porta e ao abrir, fez Bellatrix querer mais bater em alguém do que faria se fosse Rabicho. Katherine Parkinson. Seriously?


        Bellatrix levantou-se em súbito do sofá, parecendo realmente interessada em voar no pescoço de Parkinson.


        - O que você está fazendo aqui? – perguntou a morena, andando a passos largos na direção da porta.


        - Fui à Mansão Malfoy, não estavam lá, Greyback disse que tinha ordens de me trazer para cá, trouxe e... Melinda pediu que eu viesse ver se precisava de algo, até onde eu sei... Também sou obrigada a obedecer a pir... Sua filha. – explicou-se Parkinson, mesmo odiando ter que demonstrar aquele tipo de submissão.


        - De fato, mandei trazê-la. Creio que Bellatrix precisará de muita ajuda nesta casa, afinal é no mínimo dez vezes maior do que a nossa antiga... E existem coisas que bruxos fazem muito melhor do que elfos... ou não. De toda forma, precisamos arranjar algo para você fazer Parkinson, ou então seu castigo não vale de nada. – disse Voldemort, arrancando risos de Bellatrix.


        - Os elfos serão ótimos professores, tenho certeza, Kath querida, não se preocupe. – completou Bellatrix, sarcástica. – Espere, não sabia que tínhamos elfos domésticos!


        Voldemort olhou para ela de canto de olho, esperava que ela captasse a novidade no meio da frase. Sim, eles tinham elfos domésticos agora.


        - Você não tem idéia de como ser quase ministro é útil, Bella. – foi o que ele respondeu. Pegou a mão dela e a puxou para fora do quarto. Katherine continuou ali, parada. Alguns passos à frente, Voldemort olhou por cima do ombro. – E você, Parkinson, continue aqui. Bellatrix pode precisar de você, aliás! As malas dela estão na sala, acho que já sabe o que deve fazer. Mas antes, busque sua filha.


        - Pansy? Mas...


        - O castigo estende-se a ela também. E sabe disso. As malas da minha filha precisam ser desfeitas. Sabe muito bem de quem é a culpa de tudo isso.Sua. – ele virou de costas para ela e saiu com Bellatrix.


        Katherine assentiu. Era de fato culpa dela, mas no fundo a maior culpada daquilo era aquela a quem todos chamavam de Lady das Trevas, sempre se achando melhor do que todos, humilhando a todos. E, infelizmente, a sorte parecia sempre estar do lado dela, por mais vadia que fosse.


        - Cuidado, milady. Sua hora vai chegar, e eu vou apressá-la, não tenha dúvida disso. – disse, para si mesma, tentando segurar as lágrimas que ódio que brotavam em seus olhos. – E o seu trono será o primeiro a cair. – ela girou nos calcanhares e foi na direção oposta a que o casal se dirigira, desejando sair para buscar Pansy sem cruzar com Bellatrix e toda sua enjoativa felicidade e vitória.


 


        O deslumbre causado em Bellatrix repetira-se em Melinda quando a jovem abrira a porta de seu quarto, era impressionante demais. Prata por todos os lados, a cama de casal – menor que a dos pais – no meio da maior parede do quarto, com a cabeceira alinhada com uma imensa janela, da mesma largura da cama. Perfeito. Os poucos centímetros que evitavam que a cama encostasse-se à janela eram para que as cortinas pudessem ser abertas e fechadas. O cortinado que descia do dossel da cama dela parecia uma continuação das cortinas daquela janela. O mesmo tom de verde, somente tecidos diferentes. Vários travesseiros e almofadas enfeitavam a cama, fazendo uma sobreposição de tons de verde.


        As paredes eram de painéis em alto relevo brancos, porém com vários detalhes prateados, e a iluminação ficava por conta das grandes janelas em todas as paredes. À noite, o candelabro prateado ornamentado com pequenas cascatas de pedras verdes faria esse trabalho.


        - Nós temos uma lareira no nosso quarto? – perguntou Bellatrix, quando avistou a lareira de mármore branco da filha. – Juro que não notei.


        - Sim, mas é mais escura. – respondeu Voldemort. – Ainda não conhecemos nossa suíte também, quer dizer, você não conhece.


        - Imagino que seja tão maravilhosa quando a minha, ou melhor. – completou Melinda. – Nem Draco tem uma banheira tão grande no quarto dele. Como eu amo tudo ser de prata, ou de prata com ouro, e todas as pedras cravejadas nos espelhos. Todo esse mármore escuro... As cobras por todos os lados! Se essa casa não foi de Slytherin, não sei de quem foi!


        Draco se aproximou, ainda agradecendo por Bellatrix e Voldemort não soltarem uma pergunta do tipo “Como você sabe do tamanho da banheira dele?”, decidiu dizer algo antes que o assunto constrangedor tivesse chance de voltar.


        - Essa Mansão é deslumbrante...


        - E olha que você mora na Mansão Malfoy. – Melinda riu. – Acho que se sente em casa aqui, parece a sua em questão de luxo...


        - Mas o gosto da decoração é um pouco mais ostentador aqui, por isso você merece viver aqui. Uma princesa em um tipo de castelo! Só faltava uma torre pro seu quarto ser lá.  – brincou o loiro.


        Melinda deu risada e enlaçou os braços no pescoço de Draco, o que ela disse quando parou de rir fora a frase mais inesperada possível.


        - Quer dormir aqui? Podemos estrear juntos o quarto...


        - Mel! – exclamou Draco, parecendo envergonhado.


        - Ah, o quê? Ainda não se acostumou que eu não tenho uma família normal com regras de moralidade? – Draco olhou para a tia e Voldemort e teve a impressão de que ambos queriam rir. – E, por outro lado, eu disse dormir. Deixe de ser malicioso! – ela fez voz de inocente…


        - Ok, você vive numa família maravilhosa! Mas a minha mãe... Bom, todos conhecem. Meu pai não, no fundo o que ele mais quer é que eu acabe te engravidando para que não possa te deixar escapar nunca mais. Ser pai do genro do Lorde das Trevas parece o novo sonho da vida dele. – Draco revirou os olhos.


        - Ele sonha com isso porque é fácil. – disse Voldemort. – O único jeito de criar algum tipo de parentesco postiço comigo ou algo do tipo, acha que por isso eu vou pegar leve. Coitado, tão iludido.


        Draco soltou uma gargalhada gostosa, depois de tudo o que soubera sobre o que Lucius fora capaz de fazer contra Bellatrix, não falara direito com o pai e o evitava, então aquela piada soara demasiado engraçada.     


        - Ele também se ilude se pensa que eu realmente me importo com a opinião dele. – completou Draco, amargo. - Ele não merece nada vindo de mim, nem de nenhum de nós.


        A expressão de Bellatrix mudou, ela sabia que o sobrinho mudara de atitude única e exclusivamente por causa dela. A ação de Lucius contra ela mudara a relação de pai e filho e ela ainda não tinha ficado sabendo de nenhuma conversa entre os dois sozinhos. Draco evitava aquilo, mas uma hora ou outra não teria mais como adiar. 


        Bellatrix, contudo, não se meteria naquela relação pai e filho. Era problema de Lucius. Ela se aproximou de Draco e tocou seu rosto com suavidade. Ele sorriu para a tia, sabendo o que ela queria dizer: que estava com ele, para tudo.


        - Pode ficar, Draco. Eu falo com a Cissy, pode deixar. Você ficará no quarto de hospedes, ou pelo menos é o que eu direi a ela. – Draco e Melinda gargalharam.


        - Eu podia ter uma tia-sogra melhor no mundo? – Draco abraçou Bellatrix e beijou-lhe no rosto.


        - Atenha-se ao “tia”. Sogra me soa estranho, ser sogra de alguém. – Bellatrix fez uma careta. – Vai chamar o Lorde de sogro também agora?


        Draco olhou de Bellatrix para Voldemort, que os fitava com uma careta de negação, e voltou a olhar para a tia, com uma careta de estranhamento ainda mais engraçada do que a do Lorde.


        - Seria o cúmulo do esquisito, titia. – respondeu Draco. – Então, atenho-me ao “milorde”. – Bellatrix riu. – Até você chama ele assim.


        - Como sabe que ela me chama assim o tempo todo, Draco? – provocou Voldemort. – Sabe que ela pode mudar a forma de me chamar quando estamos sozinhos, não?


        - Honestamente... Nunca nem eu parei pra pensar nisso. – chocou-se Melinda. – E prefiro não pensar, ficaria louca. Digo, a infinidade de apelidos que ela poderia te dar...É assustadora.


        Draco e Bellatrix caíram na gargalhada e até mesmo Voldemort não conseguiu segurar a risada, afinal fora causada por uma provocação sua.


        - Despreocupem-se, ela me chama assim o tempo todo. Adora essa idéia de eu ser mestre dela e tudo o mais, por mais que... Bom, não continuarei, para a sanidade mental de vocês. Vou ver se acho Lucius e Narcissa para falar sobre a estadia de Draco. – Voldemort passou pela porta e deixou os três sozinhos.


        Draco continuava abraçado a Bellatrix e sentia-se estranhamente mais à vontade naquela mansão com Voldemort e Bellatrix do que em sua Mansão com seu pai. Ali, além de tudo, ele tinha Melinda. Se Narcissa fosse morar ali, seria o lugar perfeito. Bellatrix notou certa tristeza nele, e confusão também.


        - Tudo bem, Draco?


        - Sim, é só que... Tem muito tempo que eu não me sinto assim...


        - Assim como?


        - Completo, à vontade.


        - Desde que soube sobre o seu pai e eu, presumo...- ele assentiu.


        - Bom, é minha culpa isso, então faz sentido eu fazer parte da situação que te deu de volta esse sentimento.


        - Não é sua culpa! É dele. Você não merece uma coisa dessas! – Draco protestou, fazendo a tia sorrir.


        - Se prefere pensar assim, quem sou eu para retrucar! Saiba que sempre teremos um quarto, ou dois contando com o da Mel, para você nessa casa. Sempre que se sentir vazio e desconfortável, pode vir.  – Bellatrix se afastou um pouco dele e deu-lhe um beijo no rosto.


        - Obrigado, titia.


        - De nada. Melinda, leve o seu namorado para conhecer o jardim nos fundos da casa, vocês vão adorar!


        - Ok, vamos lá. Draco? – Melinda estendeu-lhe a mão.


        Draco se afastou de Bellatrix, sorrindo para a tia, e segurou a mão dela, que o puxou para fora do quarto.


Antes de sair, Draco olhou para Bellatrix mais uma vez, sentindo que a parte em seu coração que ficava vazia desde que soubera sobre os atos de seu pai estava preenchida novamente e que ele tinha uma segunda casa agora. Adorava a tia mais do que nunca, pois sabia que nela podia ter sempre alguém para contar suas conquistas e confiar sempre. Bellatrix era leal com quem ela gostava, e agora ele percebia o quanto ela gostava dele. Simples: tanto quanto ele gostava dela. E isso era muito.  


_____________________


N/A:


Hello everybody!


Vou começar a N/A com um pedido de desculpas do tamanho do mundo! Dois caps seguidos demorando dois meses? Ah, c'mon! Mas eu me explicarei! O_O 


O que acontece é: 3º ano do Ensino Médio, conhecem? Somado a trabalho! Sim, eu trabalho agora! Além de enlouquecer por um, enlouqueço pelo outro! Além disso, eu tinha umas 10 págs salvas só no pendrive, que minha mãe super não sabe onde colocou rs! Então, bora reescrever! Foi o que eu tive que fazer!


Mas não justifica! Tenho um compromisso com vocês, suas lindas que ficam esperando loucamente!


Uma fanfic de 4 ANOS! ANOS! Completados no dia de hoje! Eu tenho um compromisso de amor com vocês e eu o cumprirei decentemente! 


Quando as aulas voltarem, darei meu jeito de me organizar pra não deixar vocês nessa tortura nunca mais! E é por isso que hoje eu escrevi o dia todo, direto! Mais de 30 pags e eu eu quase não sinto mais meus braços! Sério! O_O Mas tudo para postar no aniversário da HdM! 4 anos! Porque para quem não sabe, eu comecei a escrevê-la no dia 28/06/2006! Aos 13 anos, sendo fã de HP já poucos meses! E hoje a HdM é o que é graças a vocês! Muito obrigada! De verdade! Mesmo tendo tido um hiatus de 11 meses em 2008 eu voltei! Voltei porque vocês me animaram e voltei com força total! Essa fic vai longe! Graças ao apoio dos leitores, que fizeram essa fic uma das mais lidas e mais comentadas do F&B. Thank you very much! Love you guys! E eu deixo beijos especiais a quem acompanha há mais de 3 anos e suportou o hiatus de 11 meses! As pessoas ditas saberão quem são! KOASKOAKO! 


Maaaaaaaas,  mudando de assunto! Durante as minhas férias lindas de 1 mês poderei escrever muito e voltar com as NCs *-* Imaginam? A primeira NC V/B na mansão Slytherin? A primeira D/M? ah, morri! *-*


Falando nisso! O que vocês acharam das cenas de batalha? E da Mansão Slytherin linda e fodona!

Contem-me, eu quero saber MUITO muito saber! De verdade! Espero agradar a todos! 


beijos! ;*


muitos beijos! ;* ;*


Desculpem-me e obrigada mais uma vez! A HdM não seria nada sem vocês!


Amo a todos!


e PARABÉNS HERDEIRAS DO MAL! 


E obrigada por encher de alegrias toda a minha adolescência!


Mel Black [28/06/2010 . HdM's 4th B-day!]

PS: Gente, notaram que a HdM fez niver no mesmo dia que o trailer de HP saiu? Lindo, né! Divo demais! 
PS²: A montagem do início fui eu que fiz! *-* E quero fazer tipo uma seriezinha do "Cause evil is sexy." pq é né gente? rs! 
PS³: COMENTEM POR FAVOR! *-* nem que seja pra dar parabéns pra Herdeiras e me xingar pelo milênio sem postar! 


 


 


 

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