Tudo o que vai volta.







 


Estupefaça. ­– ela ouviu-o dizer e antes que pudesse fazer algo, caíra desmaiada nos braços dele. Snape ajoelhou-se no chão e colocou-a em seu colo. – Perdoe-me, Gabrielle, eu também não estou fazendo isso por mim, estou fazendo por você, por nós, porque não posso suportar o que eu fiz a você. Um dia você vai descobrir, eu sei, mas eu preciso colocar minha vida nos trilhos até lá, descer do muro, ou ganhar o seu ódio eterno ou o seu amor, mas te livrando da pena de ter que ser aquela a me condenar. Eu te amo, pequena, e preciso de você... E nem que mais alguns meses sejam tudo que nós tenhamos, é o suficiente. Perdoe-me, por favor, pelo que eu estou prestes a fazer. – ele beijou os lábios dela, deixando suas próprias lágrimas em seu rosto. – Obliviate.


 


 


Herdeiras do Mal 2 – E começa a guerra bruxa


Capítulo 23 – Tudo o que vai volta


 


        Snape controlou-se. Precisava estar com a expressão boa para continuar com o que devia fazer. Ele esperou alguns minutos para que a expressão de choro deixasse seu rosto e, assim que recomposto, mais uma vez apontou a varinha para Gabrielle.


        - Ennervate. – ele sussurrou e Gabrielle subitamente acordou, respirando pesada e rapidamente como se tivesse acabado de sair de um pesadelo.


        - O que... O que aconteceu? Severus? – ela olhou para ele, procurando por respostas, e colocou a mão na própria cabeça. – Eu estava subindo para falar com você e aí... Eu...


        - Você caiu. – mentiu Snape. – Provavelmente correu muito rápido e escorregou. Você bateu a cabeça e, pelo barulho, eu fui até você e te vi lá... Você não chegou a se machucar... Pelo menos. Mas foi uma bela pancada. – ele se levantou e estendeu a mão para ela, que a segurou com um sorriso e também ficou de pé. A pancada na cabeça era a explicação dele para o desmaio e a tremenda dor de cabeça que ela estaria sentindo por causa daquela obliviação.


        - É... Vaso ruim não quebra, é o que dizem! – riu-se ela.


        - Não vou nem comentar. Então... Queria falar comigo, imagino que sobre o tópico Melinda? – ele recostou-se à parede com uma expressão de tédio e ela cruzou os braços.


        - Não faça essa cara! Sabe que precisamos conversar sobre isso... Pelo jeito que ela saiu daqui algo muito estranho aconteceu aqui nesse escritório...


        - Muito pelo contrário! O que aconteceu aqui foi perfeitamente normal! Melinda implicando comigo, eu tendo que engoli-la, etc, etc, etc, eu dizendo que estou do lado do Lorde, ela dizendo que eu sou um traidor, etc novamente. Precisa concordar comigo que não há nada mais normal. – ele sorriu ao final da frase, muito calmo, mais calmo do que ela esperaria.


        - Sim... Mas por que ela disse que você precisaria de mim?


        - Porque a Melinda acha que me assusta. – disse, tentando parecer o mais calmo possível. – Com todas as suas ameaças e blábláblá, mas o fato é que eu sei que ela não pode fazer nada contra mim! O Lorde confia em mim e em todos esses anos Bellatrix não conseguiu movê-lo contra mim e se ela que, bem, tem seus meios de convencer o sexo masculino, falhou, por que Melinda teria sucesso? Mesmo porque, Gabrielle, eu não tenho o que temer.


        - Bom, se você está tão seguro... Quem sou eu para lhe dizer para temer alguma coisa... Se não há o que ser encontrado, não há mesmo motivo algum para se assustar com as ameaças da Mel... – ela suspirou. – Eu só queria que não houvesse essa guerra sem fim entre vocês.


        - Isso, minha querida, eu não posso garantir... Afinal também depende da Melinda.  – ele se aproximou dela e a segurou pela cintura. – Mas o que eu posso de fato garantir é que eu vou ficar bem... Eu sempre fico.


        - Não se atreva a não cumprir isso... – ela bateu de leve nos ombros dele.


        - Não me atreverei... – ele respondeu e a beijou rapidamente nos lábios. – Sabe... O melhor dessa história é que existe uma coisa que eu nunca perderei por mais que Melinda queira me destruir...


        - O quê?


        - Você... Por mais improvável que pareça...


        Gabrielle sorriu e concordou com a cabeça, ele nunca a perderia por mais amiga que ela fosse de Melinda, pois ela sabia que a amiga estava enganada, que Snape era tudo menos um traidor nojento. Ele a beijou mais uma vez e a abraçou, suspirando pesadamente ao ver que de fato havia funcionado como ele queria. Gabrielle, a sua Gabrielle estava de volta, de volta para ele, ele não podia se permitir perdê-la. No fim, ele estava certo: tudo ficaria bem para ele, afinal Melinda não tinha provas de absolutamente nada, somente seu instinto, e ele ainda tinha a confiança do Lorde. Uma confiança conquistada ao longo dos anos, sólida, e ele agradecia por isso.


 


        O salão Comunal da Sonserina praticamente tremeu quando as portas se abriram e Melinda passou por elas, radiante como um dia de verão, sorrindo, bela como nunca, e se jogou nos braços de Draco Malfoy - que havia ido atrás dela, mas preferiu voltar.


        Draco a levantou em seus braços e afundou seu rosto nos cabelos dela, sorvendo o perfume que tanto amava. O coração do loiro palpitava como se fosse pular para fora de seu corpo, por Merlin, ele temera tanto.


        - Eu te disse que eu tinha tudo sob controle! – ela disse, ao ouvido dele, rindo um pouco. – Não precisava desse temor todo...


        Draco então a colocou no chão e a puxou pela cintura para perto de seu corpo. Melinda entrelaçou os dedos nos fios loiros e ele a beijou com toda a angústia que sofrera naquele tempo de espera, ele não podia suportar a idéia de tê-la expulsa, de ver toda uma vida de dedicação dela jogada no lixo. 


        O salão assistiu calado ao beijo apaixonado do jovem casal e a como eles novamente se abraçaram em euforia. Draco então olhou para Melinda por um segundo, como se mandasse uma mensagem para sua mente de que ela realmente estava ali e não indo a seu quarto fazer as malas ou então sem seu brasão de monitora chefe, que estava preso às vestes dela. Parte desse medo era porque se algo acontecesse a culpa seria toda dele, porque todo o problema com Astoria era por causa dele.


        - Agora todos vocês podem olhar e re-olhar para mim. Eu disse a todos vocês que Snape não queria nada mais do que conversar comigo... – alguns olharam para o chão, engolindo seco. Os olhos de Melinda procuraram por Daphne até que ela a viu no canto e sorriu macabra. – Não é mesmo, Greengrass? Eu não fui expulsa, não perdi meu distintivo, nem mesmo peguei uma detenção... Sabe qual é a mensagem que isso passa? Que eu não faço as coisas sem proteção, minha cara, sem... Ter certeza de que não me prejudicarei. E sabe como eu faço isso? Da mesma forma que todos vocês podem fazer: seguindo o que o Lorde diz, modulando minhas ações para aquilo em que ele acredita, seguindo as regras e ordenanças dele... Simples assim! Se todos fizessem isso, viveríamos em paz... – ela sorriu, parecendo até benevolente.


        Daphne Greengrass não se deu nem mesmo ao trabalho de responder, olhou para o chão e respirou fundo para não chorar. Por um tempo ela acreditara que Melinda seria expulsa e, somente por isso, a enfrentara. Teria que agüentar as conseqüências.  


        - Bom... Agora se nos dão licença, acho que a Melinda tem mais o que fazer do que ficar aqui servindo de atração para vocês. – pronunciou-se Nicky, saindo de trás de Draco e abraçando a prima. – Ela tem que estudar, treinar, estudar mais ainda... Coisas de pessoas do nível dela.


        - Do meu nível?


        - Sim... Gente inteligente, poderosa... Quem sabe se esse bando de fofoqueiras passasse mais tempo estudando e menos fofocando elas pudessem, quem sabe, ser damas de companhia da Princesa das Trevas... – Nicky então deu uma segunda olhada para o Salão Comunal. – Pensando bem, não, você não as suportaria por uma semana.


        Melinda riu e negou com a cabeça, para então ser praticamente arrastada do salão por Draco e Nicky. Mas a saída dela apenas aumentou os comentários sobre aquilo, sobre como a família Greengrass seria dizimada e, principalmente, sobre como eles precisavam ficar em bons lençóis com Melinda ou com qualquer filho de Comensal ali dentro. Seguir as regras, como Melinda dissera, era a melhor forma de, não apenas sobreviver, como de subir na vida.


 


Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts – Horas depois.    


 


        O jantar estava ocorrendo perfeitamente bem, surpreendente após o fiasco que fora o café da manhã. Snape parecia relaxado, calmo, como se nada tivesse acontecido; Melinda, por outro lado, sentava à mesa da Sonserina vitoriosa como nunca, sorrindo sem parar. O resto dos alunos olhava para ela como a sombra que dizia que de fato o Lorde das Trevas estava no poder e que nada podia ser feito a esse respeito. Portanto, por mais calmo que fosse na prática, mentalmente aquele jantar era agitadíssimo.


        Foi quando as portas do salão praticamente explodiram com Filch, que entrara correndo, com uma expressão maníaca e respirando como se fosse cuspir os próprios pulmões. Ele esmagava a própria gata nos braços e foi direto até Snape.


        - Mas o que diabos? – Snape se levantou e Filch mal conseguia se controlar para falar.


        - Nós.... – o zelador respirou fortemente. – Temos...


        - Temos o quê? – perguntou Snape, sem paciência.        Filch tentou respirar para falar mais uma vez.


        - Companhia... – ele soltou.


        - Boa noite. – ouviu Snape no mesmo momento em que Filch terminava de falar.


        Snape levantou os olhos para encontrar o dono daquela voz tão conhecia, ou melhor, a dona. Bellatrix entrava no salão, enquanto todas as crianças ficavam de pé, algumas assustadas, outras em respeito. O olhar de Snape foi diretamente para Melinda, que levantou o próprio copo num brinde sarcástico. A Lady das Trevas em Hogwarts, mais uma vez, vestida finamente como se para uma ocasião extremamente especial, belíssima e poderosa, a capa de viagem de peles esvoaçando enquanto ela andava. Para Snape toda aquela pompa só podia significar uma coisa, ela viera com tudo o que tinha, com a intenção de fazer cabeças rolarem.


        Ela parou a um metro ele e sorriu, tirando a luva e estendendo a mão para ele, como se o chamasse. Snape desceu do tablado dos professores e foi até ela, tentando parecer calmo. Ela, contudo, continuou com a mão estendida e arqueou a sobrancelha para ele, como se estivesse esperando por algo. Então ele entendeu o que ela queria, por Merlin! Ela precisava humilhá-lo, é claro. Snape pegou a mão dela e a encarou por um momento, a expressão dela em nada mudou. Ah, como ele a odiava. Ali não era como o fingimento da outra vez, ela estava mostrando quem mandava e apenas pelas expressões dos dois era óbvio. 


        - Milady... – ele sussurrou e, com todas as suas forças de controle, se curvou a ela, beijando o dorso da mão da Lady das Trevas.


        - Severus... – ela sorriu e puxou a própria mão. – Eu tenho que confessar que detesto quando sou convocada a Hogwarts... Porque sempre significa problemas... Mas quando eu recebi a carta que me trouxe aqui, digo que fiquei abismada... – ela andou um pouco de um lado para o outro. – Abismada porque eu nunca imaginei que precisaria vir aqui para algo tão... Absurdo. Sempre pensei que teria de vir aqui para reprimir traidores e não para lembrar-lhe de fazê-lo! – Snape deu um passo para trás, nunca esperaria que Bellatrix traria o tópico assim tão abertamente. – Afinal de contas, meu caro, este é o seu trabalho! Controlar Hogwarts, reprimir traidores, fazer tudo pelo bem das crianças, daquelas que estão conosco! E... Você fez exatamente o contrário, está correto?


        - Bellatrix... Madame... – Snape limpou a garganta e viu Melinda os encarando, os olhos dela brilhavam.


        - Imagino que isso seja um sim... Mas é como dizem, Severus: situações extremas pedem medidas extremas. E... Como você sabe, algumas medidas extremas eu não tenho o poder de tomar... – ela olhou para o chão, como se lamentasse e ele não entendeu absolutamente nada... Até notar o olhar fixo de todos os alunos na porta e ver um sorrisinho se formando nos lábios de Bellatrix. Snape então olhou para a porta.


        O diretor perdeu o ar e quase cambaleou para trás. Então ele entendeu todo o desespero de Filch e a expressão vitoriosa de Bellatrix. Os alunos curvaram-se no momento em que o Lorde das Trevas começou a andar pelo corredor, até mesmo Longbottom e Weasley, que estavam com medo demais para ficar parados de pé. Snape imediatamente se curvou e viu pelo canto dos olhos a surpresa no rosto de Melinda, por aquilo nem ela esperava.


        Voldemort parou na metade do caminho, quando a única pessoa ainda de pé era Bellatrix. Ela girou nos calcanhares e, assim que o viu, curvou-se também, sorrindo para ele. O Lorde continuou andando até chegar a ela, então ele estendeu a mão a ela. Bellatrix segurou a mão dele e beijou-a, para só depois levantar com a ajuda dele. Snape permanecia curvado, como todos. Voldemort e Bellatrix trocaram um olhar e a voz dela soou.


        - Vocês podem todos se levantar... – disse a Lady e todos o fizeram.


        - Milorde... Eu nunca o esperaria aqui, de outra forma...


        - Boa noite, Severus. Eu não desejava que você soubesse e nem mesmo desejava ter que estar aqui em pessoa, mas... Parece que precisamos conversar.


        - Milorde, preciso dizer, toda essa história foi um tremendo mal entendido e um exagero...


        - Pois então você pode me explicar como minha própria filha entendeu tudo errado e exagerou. Mas obviamente não agora, Severus, Bellatrix e eu acabamos de chegar, imagino que um jantar e algum tempo de descanso seria o ideal antes de tratarmos deste assunto tão desagradável. Além disso, estamos interrompendo o jantar dessas crianças, que ficaram o dia todo estudando, e sendo um assunto longo...


        - É claro, milorde, sentem-se... – ele apontou a mesa dos professores e magicamente duas cadeiras apareceram ao lado da do diretor, uma de cada lado.


        Voldemort e Bellatrix subiram o tablado e foram sentar-se, contudo Bellatrix fez Voldemort parar quando ele colocou a mão em uma das cadeiras.


        - Milorde, imagino que Severus colocou uma cadeira de cada lado pois imaginava que sentaria na cadeira do diretor, afinal nada mais apropriado do que ela sendo ocupada pela maior autoridade presente aqui. – ela sorriu e Snape concordou, sentindo mais uma vez a alfinetada dela. Bellatrix ocupou a cadeira que estava do lado direito de Voldemort. Snape se sentou, seguido dos alunos e o jantar voltou a ser servido. O até então clima calmo, tornou-se extremamente tenso.


        - Mais sutil, impossível.... – sussurrou Voldemort para Bellatrix.


        - Como se não me conhecesse... – ela respondeu.


– Ah, como você esperou essa oportunidade, não é mesmo...?


- É claro. Pela primeira vez estou realmente acima de Snape numa discussão, ele finalmente me teme. E sabe por quê? 


- Por quê?


- Porque eu te trouxe aqui... Porque ele sentiu que a sua confiança nele não era tão cega quanto ele pensava... Para Snape, você nem mesmo investigaria o que aconteceu aqui... Partiria do principio de que nossa filha exagerara...


Voldemort olhou para o lado, para Snape, que encarava o próprio prato e parecia tentar entender o que eles sussurravam. Ele levantou o olhar para Voldemort.


- O que acha do jantar, milorde?


- Magnífico, Snape, perfeito. Como eu lembrava ser...


- Ótimo, milorde, isso é o mais importante, que esteja confortável... Mandei prepararem um quarto para o senhor, para que possa descansar um pouco, como disse, e se preferir podemos discutir esse assunto pela manhã... – Voldemort sentiu a ponta do sapato de Bellatrix raspar sua perna e entendeu o recado dela: ele estava tentando fugir o máximo possível do assunto.


- É claro, Severus, é uma ótima idéia... Assim estaremos todos descansados... – ele olhou para Bellatrix, que sorria ainda mais. Ela adorava brincar com a comida e sabia que quanto mais Snape fugisse, mais apavorado ele ficaria.


Bellatrix pareceu ter terminado seu jantar e colocou uma de suas mãos na coxa de Voldemort, que se segurou para não se sobressaltar, ele a olhou pelo canto de olho, mas ela apenas chegou os lábios para perto do ouvido dele.


- Sometimes, I love you so much.


- Sometimes? – ele perguntou e ela revirou os olhos.


Todos terminaram de comer e as sobremesas foram servidas e comidas de forma igualmente rápida, parecia que o clima pesava tanto que todos queriam sair dali. E finalmente puderam.


Quando Voldemort e Bellatrix saíram, junto com os professores, eles foram encontrados no meio do caminho por Melinda, que os abraçou animada.


- Eu nunca pensei que viria! – disse, eufórica, a Voldemort.


- Eu sou cheio de surpresas...


- Milorde. – cumprimentou Draco, com uma reverencia.


- Draco. – Voldemort apertou a mão dele. – Imagino que as coisas estejam voltando a normal em Hogwarts após os acontecimentos da manhã.


- Sim, milorde, de fato... E, na verdade, Melinda e eu temos uma ronda hoje à noite... Então...


- Oh, claro, não se prendam a mim... – disse o Lorde, beijando a testa da filha. – Bom revê-la...


- Ótimo revê-lo! Porque tem algo que eu esqueci de dizer na carta... Eu abri o livro! Finalmente! Nada como contar pessoalmente...


- Isso é fantástico! Meus parabéns, agora o estude!


- Sempre!


- Melinda... – chamou Bellatrix. – Narcissa pediu há alguns dias que eu lhe entregasse isso. – Bellatrix estendeu uma foto para a filha.


Na foto, Pandora sorria e se mexia lindamente. Embaixo estava escrito “Our baby princess” e um bilhete de Narcissa estava preso à foto, escrito: “Para você mantê-la sempre com você. Estou cuidando bem dela, cada dia mais linda, nos vemos no Natal.”


- Obrigada, mãe, agradeça à tia Narcissa por favor...


        - É claro. Draco, ela falou que a sua chega com a próxima remessa de coisas que ela mandar de casa junto com uma carta imensa e as coisas que a Cissy faz. Era para eu mandar para Melinda com minha próxima carta, mas como eu vim, a dela chegou antes.


        - Tudo bem, titia.


        - Agora vão, vocês dois! – disse Bellatrix. – Não se atrasem para a ronda.


        O casal concordou e foi correndo para fazer logo a ronda noturna, antes que se atrasassem. Melinda parou na porta do salão, olhou na direção deles, mandou um beijo no ar e então voltou a correr com Draco.


        Snape informou a Voldemort e Bellatrix aonde ficava o quarto que eles iriam ocupar e eles pegaram o caminho em direção a este, até que Bellatrix parou subitamente e puxou Voldemort pela mão.


        - Vem comigo... – sussurrou e o puxou na direção oposta.


        Eles andaram pelos corredores do castelo até chegar a uma porta, a que dava para os jardins. Bellatrix abriu a porta, com magia, e eles passaram por ela. Voldemort não entendia o que diabos ela queria ali, mas sentia que logo descobriria. Ela só parou de andar quando chegou às margens do Lago Negro. Era uma noite de lua cheia, fria, e Bellatrix se embrulhou ainda mais na capa.


        - Queria ver a paisagem mais uma vez, eu a adorava quando estudava aqui... Principalmente à noite. – explicou o porque de estar ali.


        - Imagino que cometeu várias escapadas, sendo proibida a vinda de alunos aqui à noite... – disse Voldemort, se aproximando dela.


        - Sim... Digamos que eu não era a mais correta das monitoras...


        - Eu fui monitor, você foi monitora, Melinda é monitora... Parece que nós imitamos padrões por aqui...Cada um em sua época... Estranho nós três estarmos ao mesmo tempo aqui, principalmente nós dois... É a primeira vez que pisamos nos terrenos de Hogwarts juntos...


        - Como um casal, sim... – ela respondeu, ainda encarando o lago.


        - O que quer dizer?


        - Que já estivemos juntos aqui antes...Há décadas...


        - Como? Nós estudamos em épocas diferentes e...


        - Naquela noite, em que veio falar com Dumbledore... Eu estava de ronda. Era meu primeiro ano como monitora... Eu o vi saindo do escritório do Diretor como um furacão e era como se eu pudesse sentir o seu poder... Eu sabia que era o homem de quem falavam... O então já tão famoso Lorde das Trevas, cujo nome deixara de ser pronunciado pelo medo. Eu fiquei fascinada de vê-lo, mesmo de longe. Uma pena que só fui realmente conhecê-lo algum tempo depois na Mansão Black...


        - Então o seu fascínio por mim é bem mais antigo do que todos nós pensávamos... Interessante. – brincou Voldemort, recebendo um olhar mal criado dela. – Então podemos dizer que nós temos uma história de...


        - Trinta e dois anos. – ela respondeu, sorrindo. – Doze deles extremamente platônicos, devo dizer... -    Ele se aproximou dela, abraçando-a por trás.  


        - Eu diria onze ou dez... Não te encurralei na sede no mesmo dia que comecei a te desejar, Bella... – ele beijou o maxilar dela. – As coisas boas têm que ser feitas com calma... – ela levantou o braço e entrelaçou os dedos nos cabelos dele. – Precisam de planejamento...


        - E acha que valeu a pena? – ela perguntou, olhando-o nos olhos. – Todo o planejamento?


        - Eu não devia nem mesmo responder a essa pergunta... – ele respondeu, roçando os lábios nos dela. – Mas... Nós estamos aqui, não estamos? – ela assentiu. – Mesmo após aqueles malditos treze anos... Então... O que você acha? – ela sorriu e ele a beijou.


        O beijo foi partido logo depois, mas apenas para que ele a virasse de frente para si e andasse com ela até encostá-la em uma árvore. Eles voltaram a se beijar, tomando conta de cada centímetro da boca do outro com a sua, tomando cada milímetro do corpo do outro com as mãos, mas com toda a calmaria que aquele lago ao lado deles representava. Eles não disputavam nada, apenas compartilhavam. Trinta e dois anos após a primeira visão, vinte e nove após o primeiro encontro, vinte após o primeiro beijo. Tanto havia mudado e eles estavam ali mais uma vez, três décadas depois, no local onde tudo havia de fato começado.


        - Sabe... – ela disse, quando eles partiram o beijo em busca de ar. – Quando você voltou, eu morri de medo que...


        - Que eu não a quisesse mais...


        - Sim... E eu não sei o que teria acontecido caso eu estivesse certa...Eu...


        - Shh.. – ele tampou os lábios dela. – Pare de se torturar, você não estava certa e pronto. Agora... Por que nós não aproveitamos a vista que você veio ver? – ele a virou de costas para ele mais uma vez, de frente para o lago, e a abraçou. A neblina descia sobre o lago, mas sem escurecer nada graças à imensa lua cheia. Ao fundo, eles ouviram uivos. – Lobisomens... – ele sussurrou. – Transformados.


        - Eu sei...


        - Tão calma...


        - Eu estou com você, eles nunca chegariam perto por mais que entrassem em Hogwarts...


        - Não é como se tivessem algum controle...


        - Existem feitiços de proteção e você os mataria a metros de distancia...  


        - Sua confiança em mim é espantosa... O que te faz pensar que eu não te deixaria para trás como isca? É muito mais fácil para um fugir do que para dois... – por mais macabro que parecesse, ela riu.


        - Você simplesmente não o faria. Não me deixou para trás no Ministério, que era muito pior, não deixaria por causa de uns lobisomens... Por algum motivo, ainda me quer e me protege por isso... Eu sempre vou confiar cegamente em você, pelo menos enquanto você ainda me quiser... 


        - Eu sempre vou te querer. – ele respondeu, beijando o início do pescoço dela. Ele sentiu sob seus lábios a pulsação dela aumentar. O coração dela havia disparado com suas palavras. Bellatrix sorriu apertou os braços dele em si. – E eu vou te proteger, sim, mas acho que nós devíamos ir... Está ficando muito frio, você está gelada como um cubo de gelo... Uma lareira seria uma ótima...


        - Concordo... – ela deixou-se puxar por ele para dentro do castelo.


 


        Ao longe, numa janela, Ginny Weasley os observava. Seu interior queimava em ódio, eles estavam ali juntos, contemplando a bela vista noturna do Lago Negro, enquanto Harry corria pelo mundo a milhares de léguas dela. Seu estômago revirou-se a cada movimento ou beijo deles, o mundo estava completamente errado se aqueles monstros podiam ser felizes e ela não. Ela não tinha direito a amar, ou a ter amigos. Pelo menos não na frente deles... Sua mente foi transportada para algumas horas antes.


 


Flashback


       


Ginny realmente esperava que Neville tivesse entendido seu recado sobre a Sala Precisa. Ela sabia que não o convenceria de sua traição facilmente, logo precisava conversar com ele. Ele era o único que sequer a encarava diretamente, seu único amigo, não o perderia também. Correria o risco. A porta da Sala abriu e ela prendeu a respiração, podia ser tanto ele quanto algum capanga de Melinda – se ela tivesse entendido o recado dela.


- Buh! – brincou Neville ao entrar, quase matando Ginny do coração. Ela expirou aliviada e seus olhos encheram-se imediatamente de lágrimas ao ver que o amigo abrira os braços para ela.


Ginny correu e o abraçou fortemente, sabendo que ele sofria o mesmo que ela, chorando em seu ombro como uma criança pequena e perdida – que era afinal o que ela era.


- Neville...


- Eu sei, eles estão te ameaçando, ameaçando a sua família, você não pode falar com ninguém...


- Eles foram à casa dos meus pais no Halloween, Neville... Foi horrível e... – ela chorou mais. – Nós estamos sem saída!


- Escuta, Ginny, eles mataram a minha avó e têm meus pais sob custódia! Um estalar de dedos de Bellatrix e eu estou sozinho no mundo... Mas nós precisamos correr o risco, pelo menos por debaixo das cobertas, ou estaremos todos perdidos, eu, você, Harry, o mundo. – ele tirou algo do bolso e mostrou a ela. – Lembra-se? – era uma das moedas que eles usavam na AD.


- Claro que sim!


- Mais importante... Ainda tem a sua?


- Sim, mas o que...


- Eu vou marcar uma reunião, Ginny! Mas você deve ser a última a chegar e continuar se fazendo de vadia, com todo o respeito, como estava antes. Preciso de você conosco, mas parecendo que não quer estar, precisamos mostrar a todos que você não nos entregará mas que também não nos ajudará... Você vai ‘acidentalmente’ dar idéias, mas sem sair do papel...


- Mas você acabou de dizer que precisamos correr riscos e...


- Ginny... Meus pais são tudo o que eu tenho, exceto que eu mal os tenho... Bellatrix os tirou de mim há muito tempo... Não os quero mortos, por isso não farei nada abertamente, mas eu preciso fazer algo e não posso te deixar fazer o mesmo! Já seria perda demais da minha parte e a vigia na sua família é dobrada por causa do Ron, então... Você precisa ficar escondida por pelo menos mais algum tempo, ok?


- Ok... ok.... Pode deixar! Farei como você disse... – ela sorriu.


- Então que a guerra venha para dentro de Hogwarts! – disse Neville com firmeza. – Eu juro que vou tentar com todas as minhas forças derrubar a Melinda daquele maldito trono. Juro pela minha avó, pelos meus pais...


- E se o mundo for justo, vamos conseguir! Aquela maldita vai comer todas as palavras, os sorrisos de triunfo, tudo pelo o que ela nos fez passar! Ela e a família dela, um por um deles! – ela respondeu, com semelhante firmeza.


- Sim! Esse é o espírito! Acreditar é essencial! Ginny, escuta, não podemos sumir juntos por muito tempo por mais que Hogwarts esteja uma bagunça por causa da Melinda e da Greengrass... – ela abriu a boca para perguntar. – Você vai saber quando sair daqui! Longa história, se eu contar ficarei mais aqui, então... Preciso ir, se notarem que sumimos juntos, suspeitas subirão e...


- Eu sei, entendi...  Neville... Obrigada.


- Pelo o quê?


- Por não desistir de mim.


- Nunca desisto dos meus amigos! – ele saiu correndo da sala.


 


Fim do Flashback


 


Ginny rolou a moeda da AP entre os dedos, esperando pelo dia em que ela esquentaria e mostraria a data do primeiro encontro. Ela mal podia esperar para finalmente se mexer e fazer algo. Neville estava certo, tinha que ser com tremenda cautela, mas ela faria. E se sentia ótima com isso. Só precisava ter um cuidado: manter distancia de Melinda. A vagabunda era Legilimens e para descobrir tudo era fácil demais. A ruiva respirou fundo e decidiu ir para o quarto, tinha que se comportar se queria continuar com aquilo.


 


 


 


Draco e Melinda foram juntos para o quarto dele logo depois que falaram com Voldemort e Bellatrix; mesmo sabendo que Narcissa também mandaria uma foto para Draco, eles duplicaram a cópia de Melinda para que Draco tivesse a dele logo.


- É inacreditável. – disse o loiro, sentando-se na cama. – Que ele realmente esteja aqui!


- Nem me diga! Nem eu mesma acreditei quando o vi entrando pelo salão principal e olha que eu sou filha dele. – ela pareceu genuinamente surpresa ao sentar-se ao lado dele na cama.


Draco tirou os sapatos e deitou-se, sendo seguido por Melinda, que deixou-se relaxar nos braços dele, seu ouvido sobre o coração dele, cada batida relaxando-a mais. O loiro entrelaçou os dedos nos dela e Melinda sorriu contra a camisa dele.


- Os tempos estão mudando de fato... – ele disse, mais direcionado a ele mesmo do que a ela.


- Sim... – ela concordou, levantando a cabeça para olhá-lo nos olhos. – E mais rápido do que possamos acompanhar. – foi a vez dele de concordar.


 


 


        Após entrar no quarto oferecido por Snape, Voldemort foi direto para o banheiro, um banho quente seria ótimo para relaxar após aquele fiasco de jantar com Snape. As coisas ficavam cada vez piores para o lado do Comensal da Morte; o Lorde, contudo, não demorou muito a sair da suíte, usando apenas uma toalha na cintura, e deparar-se com uma visão no mínimo instigante.


        Bellatrix havia não apenas acendido a lareira, como conjurado – ele imaginava, ou ela trouxera de alguma forma – uma camisola longa, vermelha como sangue, mas transparente em quase sua totalidade – salvo pelos seios que eram cobertos por um bojo formatado cheio de rendas. Os cabelos dela estavam presos no alto, deixando o colo livre, e ela ainda tinha os saltos. Ela estava semi deitada, apoiada nos cotovelos e com uma das penas dobradas, saindo pela fenda da camisola, ao lado da lareira. Toda a sua imagem era coberta por uma luz avermelhada vinda do fogo...Então era por isso que ela dissera que tomaria banho apenas mais tarde... Ela tinha outros planos. Só então ele notou a taça na mão dela. Vinho. Mas onde diabos ela havia arrumado aquilo?


        - Não sei nem se quero perguntar como conseguiu vinho... – disse o Lorde, chamando a atenção dela, cujos olhos estavam antes presos no fogo. 


        Bellatrix olhou na direção dele, sorrindo de canto, e estendendo-lhe a taça. Os olhos dela mostravam todas as más intenções que corriam sua mente perversa. E, por Merlin e Slytherin, ele não queria que aquela perversão se apagasse dali nunca.


- A pergunta aqui é: Importa como eu consegui? – a voz dela era suave, quase sussurrada. 


- Não... – ele respondeu, sentando-se ao lado dela e pegando a taça das mãos geladas dela. – Parece que a lareira e o vinho não estão sendo muito efetivos, huh? – ele bebericou o vinho, encarando-a. – Não é de se impressionar, nesses trajes...


- Não... – ele respondeu, sentando-se ao lado dela e pegando a taça das mãos geladas dela. – Parece que a lareira e o vinho não estão sendo muito efetivos, huh? – ele bebericou o vinho, encarando-a. – Não é de se impressionar, nesses trajes...


- Ah, mas você gostaria se eu estivesse em trajes mais apropriados para o frio... ? - ela pegou a taça de volta e ele negou com a cabeça. Ela sorriu e tomou mais um gole. – Pois então... Aqui estamos nesse dilema... Talvez, eu precise de mais do que roupas para me esquentar...


Voldemort deu mais um gole no vinho e ajoelhou-se ao lado dela, ainda olhando-a de cima, com o calor da lareira chegando a seu corpo. Como poderia ela estar tão gelada quando ele sentia como se aquele quarto tivesse se tornado uma fornalha. Ou talvez ele fosse a fornalha naquele momento, fornalha cuja chama era ela.


- Ah... Disto eu não tenho a mínima dúvida. – respondeu Voldemort passando uma de suas mãos por entre os cabelos presos de Bellatrix, ele inclinou-se e a puxou pela nuca, trazendo-a para um rápido-, porém profundo,-  beijo.


Bellatrix olhou para cima e seus olhos encontraram os dele por um instante antes que ele dirigisse as íris avermelhadas ao ombro dela. Ela se perguntava no que ele estaria pensando. Voldemort afastou a alça dela, pensando como aquele cabelo preso – ainda que desarrumado por ele – havia sido útil. Os lábios dele tocaram a pele gelada dela, fazendo com que ela arqueasse as costas e jogasse a cabeça para trás, melhor ainda para ele, que a seguir aproximou a taça de vinho do ombro dela e ali derramou uma pequena quantidade do líquido. Bellatrix sobressaltou-se no susto, mas fechou os olhos e gemeu baixinho assim que ele voltou com os lábios para a pele dela, limpando todo o líquido ali derramado.


As mãos de Bellatrix acariciaram os ombros do Lorde, que deliciava-se em tirar todo o vinho da pele alva dela, sem deixar marca nenhuma. De olhos fechados, ela tateava o tronco dele, sentindo sob seus dedos cada músculo, conhecendo cada centímetro do corpo dele sem precisar olhar. Os lábios de Voldemort, afastando-se da pele de Bellatrix, foram o motivo que a fez abrir os olhos e gemer em reprovação.


Voldemort riu-se dela, mas então se viu tragado pelas íris esmeralda que o encaravam quase sem piscar. Por Merlin, ele sabia que aquilo estava ficando cada vez pior, a cada dia que passava ela o possuía mais e aquilo não terminaria bem em hipótese alguma. A maior prova era que ele sabia e não apenas deixara de se importar como desejava que terminasse o pior possível se isso fizesse o caminho o melhor possível.


Mais vinho tocou a pele da Lady das Trevas, tendo a mesma degustação minuciosa por parte do Lorde, que se deliciava tanto quanto ou mais do que ela. Ele deixara-se enlouquecer por Bellatrix e estava disposto a aceitar quaisquer conseqüências que possivelmente decorreriam daquilo...


A voz dela inundou seus ouvidos, estimulando-o a continuar sua trilha de beijos e álcool por seu corpo, pedindo por ele. Voldemort fez menção de puxar mais a camisola dela, mas foi surpreendido por ela, que o empurrou para trás, fazendo-o cair deitado de costas.   


- My turn, sweetie. – sorriu Bellatrix, arqueando a sobrancelha e mordendo o lábio. Ela engatinhou até que seu rosto estivesse junto do dele e seu corpo cobrindo o do Lorde, para então pegar a taça da mão dele e repetir o que havia sido feito com ela. Voldemort enrijeceu o corpo ao sentir o vinho em si, não pelo líquido, mas por aquilo que ele sabia que estava por vir. E veio, dando-lhe trabalho além do imaginável para segurar os gemidos. A língua e os lábios ágeis dela percorriam seu peito e abdômen seguindo o traço do vinho e deixando uma trilha de fogo.


Ele jogou a cabeça para trás e agarrou os cabelos dela, sedosos e macios, enrolando-se em seus dedos, tentando guiá-la no que ela fazia. Tentando, mas nada era assim tão simples com Bellatrix. The Dark Lady tinha suas próprias idéias, seu próprio ritmo e ele não lutaria contra aquilo.


As unhas de Bellatrix acompanharam sua boca, ela beijava-o e marcava-o, fosse com os dentes ou com as unhas. Ele agradecia a delicadeza de ela se concentrar em locais que ficariam escondidos na reunião da manhã seguinte. Mais vinho então, queimando a pele do Lorde onde as unhas e dentes dela haviam sensibilizado. Não que a leve ardência tive incomodado, pelo contrário, a dor transformou-se num arrepio poderoso que correu todo seu corpo e fez com que ele mal conseguisse se controlar quando ele assistiu-a mais uma vez limpar o vinho de sua pele, os olhos grudados nos dele, o verde turvo, quase negro, pelo prazer.


 O aperto dos dedos dele no cabelo dela aumentou e ela gemeu contra a pele do Lorde, a vibração da voz dela transferindo-se para a pele dele e para todos os nervos enquanto o som chegava a seus ouvidos. De fato, ele teria sérios problemas para não voar para cima dela. Então a mão de Bellatrix que o arranhava chegou à base de sua toalha e ele prendeu a respiração, tentando controlar-se, mas pôde senti-la rir contra sua pele e viu a diversão nos olhos dela. Ele realmente precisava se controlar melhor.


Os dedos dela entraram sob a toalha e tocaram-no, frios e firmes, fechando-se contra seu membro e ele usou toda a sua força para não fechar os olhos e suspirar, mas não conseguiu evitar o gemido que se formou no fundo de sua garganta quando a mão dela o percorreu todo, da base à glande e girou ao redor dele quando chegou a seu destino.


Bellatrix não mais estava com os lábios contra sua pele, ela estava sentada ao lado do corpo dele, masturbando-o e olhando-o como se estivesse fazendo a coisa mais simples do mundo, mordendo de leve o lábio inferior de vez em quando. Uma das mãos dela estava ocupada com ele e a outra... Ainda na taça de vinho, que ela então teve a genial idéia de trazê-la aos lábios e bebericar enquanto diminuía dolorosamente a velocidade de sua mão.


- Bella... – ele chamou o nome dela, quase num suspiro, com certa urgência na voz.


- O que foi, querido? – ela perguntou, diminuindo ainda mais o ritmo e ele via claramente nos olhos dela o deleite em torturá-lo.


- Você sabe...


- O quê?


- Que...- ele engoliu seco quando a unha dela esbarrou na glande e jogou a cabeça para trás, quebrando o contato visual por um único segundo, porque era como se ele não conseguisse de fato tirar os olhos dos dela.


- Que esse ritmo é torturante e que está te matando... Que você já está desesperado e quase tomando conta disso por si mesmo porque sabe que se eu continuar muito mais tempo assim você vai enlouquecer, porque seu corpo está gritando por mais fricção, velocidade...- vê-la falar tão explicitamente e com o olhar diabólico que ela direcionou a ele, fez com que Voldemort engolisse seco, tentando não se deixar enlouquecer ainda mais por aquela maldita mulher.


Bellatrix simplesmente bebeu mais vinho e ele se apoiou nos cotovelos, segurando o braço dela. Aquele que o tocava. Bellatrix olhou-o, parecendo chocada com a ousadia dele.


- Eu vou ter que te guiar agora, Bella? – ele levantou a sobrancelha, toda a urgência estampada nos olhos vermelhos. A voz dele era intensa, baixa, cortante e ela sentia que poderia ter um orgasmo só com aquele tom de voz se ele continuasse usando-o.


- Não... – ela respondeu, soltando-se da mão dele que a segurava para aumentar o ritmo consideravelmente. Voldemort jogou a cabeça para trás e um som grave saiu de sua garganta, quase em alívio. Quando a outra mão dela largou a taça e dirigiu-se a seus testículos, ele precisou pará-la novamente.


– Pare. – a ordem era clara, mas a voz dele evidenciava o pedido.


- Não vai agüentar por muito tempo, é isso? – ela sorriu e ele aproveitou-se para inverter as posições, imprensando-a contra o chão.


- Mais ou menos isso. Mas de quem é a culpa, certo? – a mão dele puxou a camisola de Bellatrix até que estivesse na cintura dela, dando-lhe acesso total às suas coxas. Quando a mão dele tocou a parte interna da coxa da morena, ela gemeu num tom baixo, rouco, sensual o suficiente para ele sentir seu membro latejar, e ele pressionou sua ereção contra ela, deixando claro como ela o deixava, o que ela fazia com ele. Outro gemido. A mão dele subiu rapidamente até tocar a renda da calcinha dela, já encharcada, fazendo-a arquear entre ele e o chão.


- Já sensível assim? Mas nem começamos com você ainda... – ele afastou o tecido e tocou-a diretamente, seus dedos pressionados sobre o clitóris dela, causando um gemido alto e bastante agudo.


- Mas quem é a culpa, certo? – ela repetiu as palavras dele, fazendo-o rir antes de enfiar um de seus dedos dentro dela, acabando com qualquer outra palavra que Bellatrix pretendesse dizer. Ela lambeu os lábios e gemeu quando o dedo dele começou a se movimentar, entrando e saindo dela, parando por um segundo para se curvar um pouco, atingindo o ponto exatamente certo, sem que seu polegar deixasse o clitóris, acabando com qualquer vontade ou capacidade dela de segurar suas reações. Ela arqueava violentamente toda vez que ele fazia aquilo, sua respiração sem ritmo e os olhos verdes turvos de desejo e prazer.


- Fuck. – ela xingou, suas unhas cravadas nos bíceps dele.


- É o que eu estou começando a fazer, querida. – ele provocou.


- Oh, cale a boca! – o fato de ela estar segurando a risada fez com que a frase perdesse todo o efeito.


- Obrigue-me. – ele mal terminou de falar e ela o puxou pela nuca, beijando-o furiosamente, as unhas cravadas na nuca dele e a língua ganhando a batalha contra a dele com larga diferença. Ele diminuiu a velocidade do movimento de seu dedo e deixou o polegar fixo no clitóris dela. É como dizem, payback is a bitch. Bellatrix partiu o beijo e o olhou quase implorando.


- O que foi? Quer algo, querida? – ah, ela queria tirar aquela expressão convencida do rosto dele nem que fosse no tapa.


- Você sabe.


- Diga. Eu quero ouvir.


- Ok então... – no estado em que ela estava, implorar era o menor de seus problemas. - Eu quero que você me foda com tudo o que você tiver, com todas as partes possíveis do seu corpo até que eu não consiga mais ver direito e não saiba mais meu próprio nome. Fui clara o bastante? – ela levantou a sobrancelha e viu os olhos dele se tornarem negros e ela podia jurar que o viu lamber os lábios, como se estivesse com água na boca e, mal sabia ela, ele realmente estava.


Ele não respondeu, no entanto, somente voltou a mover o dedo dentro dela, adicionando um segundo e um terceiro logo em seguida, arrancando gemidos consecutivos dela. Ele estava indo o mais fundo o que podia, até que a palma de sua mão batesse contra o clitóris dela a cada movimento e, por Merlin, ela adorava aquilo.


- Shit... – ela estava quase sem ar e os movimentos da mão dele não eram nada delicados, ela nem gostaria se fossem. Ela era de fato depravada e adorava isso, apostando que ele também. Os olhos dela giravam nas órbitas a cada vez que ele curvava aqueles dedos talentosos dentro dela. Ele inclinou-se o suficiente para que seus lábios estivessem quase contra os dela.


- Diga-me Bella... Você gosta disso, não é? Que eu te foda com meus dedos, sua excitação escorrendo pelo meu braço é a prova irrefutável, querida. – ela mordeu o próprio lábio, mas mesmo assim o gemido saiu, alto e claro. Ele sentia o quão perto ela estava, as paredes internas dela contraindo-se contra seus dedos, o corpo dela todo tenso, as bochechas já avermelhadas, a falta de ritmo na respiração, o suor cobrindo o corpo dela. Era como se ele pudesse ter um orgasmo só de vê-la ter o dela e talvez pudesse. Ela ficava linda daquele jeito. Mais do que já era. – Eu sei que você está perto, Bella, tão perto. E eu quero assistir daqui enquanto o seu orgasmo te tira o chão, o orgasmo que eu te dei correndo pelo seu corpo, por cada fibra, e – ele não conseguiu terminar, sendo interrompido pelo gemido alto dela ao mesmo tempo em que as paredes internas dela se contraíram contra os dedos dele violentamente e o corpo dela inteiro tremeu. Os olhos dela estavam fechados e ela tentava recuperar a respiração. Ele mal sentia as unhas dela cravadas nos ombros dele fundo o bastante para arrancar sangue.


- So gorgeous...­ – ele disse mais para si mesmo do que para ela, que ainda aproveitava os efeitos do recente orgasmo. Ele tirou os dedos de dentro dela, que gemeu com o pouco movimento naquela região ainda sensível. Ela abriu os olhos, para vê-lo lamber os dedos que antes estavam dentro dela, desde as pontas até o fim e depois a palma da mão e o pulso, limpando toda a essência dela dali e, por tudo o que é sagrado, aquilo a excitava a níveis doentios. Ela agarrou o cabelo dele e o beijou, seu próprio gosto misturado ao dele fazendo-a gemer. Voldemort riu contra os lábios dela e rasgou a fina camisola, levantando Bellatrix um pouco para poder se livrar do tecido, a calcinha dela – só afastada por ele antes – logo se juntou à destruída camisola.  Ele jogou a toalha dele em algum lugar junto às roupas dela. As mãos do lorde passeavam pelo corpo dela, mapeando cada centímetro, enquanto eles se beijavam como se nada mais no mundo importasse. Ele soltou de vez os cabelos dela do coque já completamente destruído por ele e agarrou-os, puxando com certa força. Ela gemeu contra os lábios dele, que sorriu, concentrando sua mão em um dos seios dela, apertando um pouco para depois segurar um mamilo entre seus dedos, ganhando mais um gemido rouco e contido dela entre seus beijos. O peito dela arqueava e o salto dela já se arranhava contra a panturrilha dele. Ele sabia que ela já estava mais do que pronta pra ele. Voldemort pressionou o quadril contra o dela e foi quando ela não agüentou e teve que partir o beijo para jogar a cabeça para trás, suas unhas abrindo sulcos nas costas e braços dele.


        Ele aproveitou para descer os lábios para o pescoço dela, mordendo o ponto acima da jugular dela, o pulso dela sob seus dentes.


A mão dele largou o seio dela, um gemido de reprovação sendo ouvido da parte dela, e desceu mapeando a lateral do corpo dela até chegar à nádega, enquanto o caminho da boca dele descia pela clavícula, esterno até chegar ao meio dos seios dela. A língua de Voldemort fez o caminho entre os seios dela em sincronia com sua mão, que circundava a nádega dela, apertando com força o suficiente para deixar uma marca.


        Bellatrix agarrou os cabelos dele, puxando sem tentar guiá-lo porque ela sabia que nunca conseguiria. Quando ele tomou um mamilo entre os dentes ela socou o chão com uma das mãos, ainda tão sensível do último orgasmo.


        - Você... Eu preciso, eu quero você. – ela disse, em meio aos gemidos. Ele riu contra a pele dela e foi puxado pelos cabelos para encará-la. – Agora.


        Ele olhou nos olhos dela e viu a luxúria absurda mais uma vez ali estampada. O corpo dela estava entrelaçado ao dele, ela pedindo, ele nunca poderia negar. Ele guiou-se até a entrada dela, gemendo junto com ela ao contato.


        - Como quiser, milady. – ele sorriu de canto e entrou dela de uma só vez. – Fuck.- foi a vez dele de xingar.


        - É exatamente o que nós estamos fazendo. – ela sorriu e enlaçou a perna na cintura dele, seu calcanhar tocando uma das nádegas dele, e então ela apertou o enlace de sua perna, o calcanhar ajudando, e ele entrou ainda mais fundo dela, jogando a cabeça entre os cabelos dela ao gemer roucamente. Ela mordeu o lábio, ajustando-se ao tamanho dele. – Pronta quando você estiver, querido...


        - Eu nasci pronto. – ele respondeu contra o ouvido dela e começou a se movimentar, estocadas firmes, fundas, fortes, ritmadas. Ela sentiu vontade de arquear-se e jogar a cabeça para trás, mas não o fez, ela o puxou pelo cabelo, para olhá-la nos olhos enquanto eles se movimentavam um contra o outro. Voldemort apoiou os dois braços ao lado da cabeça dela no chão para suportar o próprio peso e ver de camarote como o rosto dela se contorcia a cada estocada. As paredes dela já ondulavam contra ele e a cada vez que o osso do quadril dele esbarrava no clitóris dela, o aperto das paredes internas dela era tão forte que ele pensava que teria o próprio orgasmo.


        Bellatrix subitamente agarrou os ombros dele e num movimento muito rápido inverteu as posições, jogando-o de costas no chão. Ela ajustou-se acima dele e apoiou as mãos no peito dele, movimentando-se de forma mais rápida. Ele agarrou a cintura dela, usando a força de seus braços para ajudá-la e levantando o próprio quadril de encontro ao dela.


        Quando ele notou que ela estava quase lá, ele tirou uma das mãos da cintura dela e levou-a ao encontro dos corpos deles, apertando firmemente o clitóris dela. Foi o suficiente para que ela explodisse acima dele, levando-o junto para o próprio orgasmo. Bellatrix caiu por cima dele, respirando erraticamente e desenhando círculos na pele dele enquanto ambos aproveitavam os efeitos ainda presentes do orgasmo.


        Alguns segundos depois, ela começou a rir e olhou para cima, para encontrá-lo olhando confuso para ela.


        - Existe algum lugar no mundo bruxo que está a salvo de nós dois? – apesar de ser uma pergunta, foi bem esclarecedora para ele, que riu junto com ela.


        - Espero que não. Porque se tiver, pretendo descobri-lo e tirá-lo do estado de pureza.


        - Talvez o beco diagonal... – ela levantou a sobrancelha e ele riu mais.


        - Seu cofre, no Gringotts.


- É, quem sabe... – ela riu e o beijou rapidamente nos lábios.


Ambos riram e Bellatrix voltou a descansar a cabeça no peito dele, nenhum deles sentia frio e a lareira era a última responsável por aquilo. Voldemort peou uma mecha do cabelo dela e enrolou em seus dedos, olhando para o fogo. Era um sentimento bom, ter alguém para dividir os triunfos, não que ele fosse admitir isso, mas ele sentia. Gostava até daquele sentimento, mesmo que não devesse, gostava tanto quanto gostava de tê-la tão próxima daquele jeito, o calor do corpo dela emanando para o dele. Gostava demais para o próprio bem dele e o pior era que ele sabia, mas estava cada vez mais disposto a aceitar as conseqüências porque dela ele não queria desistir. Nunca.


 


Hum


        A reunião da manhã seguinte estava agendada para logo após o café da manhã, na sala de Snape, e inevitavelmente mais uma refeição extremamente esquisita ocorreu. Parecia que as crianças de Hogwarts não conseguiam tirar os olhos da mesa dos professores, onde Voldemort e Bellatrix conversavam distraidamente um com o outro. Uma visão diferente dos dois daquela que a maioria ali imaginaria.


        - Estão todos olhando... – ela sussurrou, sorrindo de canto para ele. – As crianças...


        - Todas tão impressionadas... – ele completou. – Com como nós somos normais. - ele ouviu uma risada abafada vinda de Bellatrix. – Porque para a maioria deles, nós somos assassinos cruéis que não podem sair de casa sem se banhar em um mar de sangue, no entanto, estamos aqui sentados tomando suco de abóbora e rindo.


        - Exatamente... Até eu acreditaria que a parte sobre o banho de sangue é uma lenda. – ela deu de ombros e riu.


        - Você é terrível.


        - Eu sei... And so are you


        - Indeed.


        Eles brindaram com o idiota suco de abóbora e observaram as crianças um pouco mais, como elas olhavam-nos impressionadas e algumas encantadas. Eles sabiam o que faziam no fim das contas, conquistar a nova geração era um passo e tanto, afinal neles residia o futuro e, para Voldemort, o futuro era ainda mais importante do que o presente.  


        Snape, por outro lado, mal comeu todo o café da manhã. Ele tentava se concentrar e não demonstrar nenhum tipo de receio, mas estava cada vez mais difícil, principalmente porque ele sentia os olhos de Melinda queimando nele e, ao olhar, via as íris verdes brilharem em expectativa. Ela estava se divertindo adiantadamente, ele podia ver. E não podia reclamar, ela sentia que havia algo errado com ele, ele havia colocado a corda para o próprio enforcamento e agora ela apenas observava.


        - Eu ainda não acredito que você fez isso! – Melinda parou de olhar para Snape quando a voz irritada de Gabrielle chamou a sua atenção. Ela olhou calmamente para a loira, que parecia querer explodir de raiva. – Chamar o Lorde? Sério, Melinda?


        - Em primeiro lugar... – Melinda colocou o copo de suco de abóbora delicadamente na mesa, irritando ainda mais Gabrielle. – Eu não chamei o meu pai. Chamei minha mãe, de fato, mas a presença dele realmente me impressionou. Talvez tantos anos de avisos finalmente tenham surtido algum efeito nele. – ela deu de ombros. – O fato é o seguinte: você acredita na inocência – Melinda parecia que ia engasgar ao usar aquela palavra para se referir a Snape – do seu... de Snape, certo?


        - Sim. Absolutamente. Ele é inocente, eu sei disso. – a loira respondeu, firme e precisa, causando uma expressão nem um pouco feliz em Melinda.


        - Então não tem motivo para ficar estressada. O Lorde das Trevas conversará com ele, ele sairá daqui como entrou e tudo terminará bem. – o sarcasmo e incredulidade de Melinda eram quase palpáveis para Gabrielle. – Eu certamente duvido, mas já que você tem tanta certeza de que ele não é um traidor... É como o velho ditado: quem não deve, não teme.


        Gabrielle não sabia se sentia mais raiva de sua falta de resposta para aquilo ou da expressão vitoriosa que se instalou no rosto de Melinda por causa desta.


        Felizmente para uns e muito infelizmente para outros, aquela refeição logo estava terminada e o tão esperado encontro da manhã poderia começar. Snape não teve nem mesmo tempo de terminar, uma vez que Bellatrix e Voldemort o acompanharam – ele diria escoltaram – a seu escritório.


        Snape passou pela porta e segurou-a para que os outros dois entrassem. Voldemort olhou imediatamente para o quadro de Dumbledore acima deles e sorriu morbidamente de canto.


        - Bom dia, Tom. – o quadro o cumprimentou. – Bom dia, Bellatrix. – e direcionou-se a Bellatrix, logo ao lado de Voldemort.


        - Quem te deu o direito de falar assim com ele, velhote? – ela adiantou-se contra o quadro, mas a mão de Voldemort fechou-se fortemente contra o braço dela, impedindo-a de dar um passo sequer.


        - Ignore-o, Bella. Não vamos nos ater a idiotices de um velho morto que considerávamos em vida. – a voz dele era calma e suave, por mais que ela pudesse sentir, na intensidade do aperto dos dedos dele, o ódio que ele sentia ao ser chamado daquela forma por Dumbledore – por mais que fosse por um morto Dumbledore. 


        Bellatrix olhou discretamente para a mão dele em seu braço e depois para os olhos dele. Voldemort imediatamente entendeu o que ela queria dizer e afrouxou o aperto no braço dela, deslizando sua mão pelo mesmo, acariciando de forma tão discreta como ela o olhara, num tipo de pedido de desculpas silencioso.    


        - De fato, milorde, deixemos que ele aproveite sua morte em paz. – ela levantou uma sobrancelha e tirou a varinha, apontando-a para o quadro e fechando as cortinas do quadro. – Acredito que agora estamos todos mais confortáveis. 


        - É claro. – concordou Snape, torcendo para que seu nervosismo não aparecesse na voz. Ele tentava parecer calmo e sério, mas a verdade era que temia, o medo se espalhando por todas as células de seu corpo. Ao passar por Voldemort e Bellatrix na direção de sua cadeira, ele engoliu seco e respirou fundo para somente então virar de frente para eles.


        Bellatrix observou os movimentos dele, com um sorriso discreto se formando no canto da boca – sorriso que Snape desejava arrancar dali à força se assim necessário – e dirigiu a ele um olhar significativo em relação à cadeira.


        - Oh, é claro, milorde... Por favor. – ele puxou a cadeira do diretor e fez um sinal para que Voldemort se sentasse nela.


        - Obrigado, Severus, mas acredito que deixá-lo sentado do outro lado da mesa não seria muito prudente, afinal de contas tudo o que nós menos precisamos é você ao lado de Bellatrix, sem uma barreira física entre os dois. Não quero sangue nesse escritório. – Snape não sabia se ficava aliviado pelo desejo de Voldemort de não haver sangue ou preocupado pela possibilidade ter sido levantada. Bellatrix apenas revirou os olhos e sentou-se na cadeira ao lado daquela que Voldemort tomara para si.


        - Então... – Snape sentou-se. – Creio que devemos começar, milorde, para não perdermos mais tempo nesse mal entendido.


        - Começaremos, sim, Severo, mas assim que todos estiverem aqui.


        - Todos?


        - Mas é claro. – respondeu Bellatrix, um sorriso iluminando sua face. – Não somos os únicos envolvidos no problema, correto?


        Snape segurou a respiração por um momento, é claro que não seriam somente eles. Então estava explicado o comportamento daquela maldita garota no café da manhã. Em alguns momentos, em muitos, ele odiava Melinda Callidora Black com todas as suas forças. Aquele era um desses momentos em que ele facilmente arrancaria o coração dela com as próprias mãos. Ele sabia porque ela iria àquela reunião: para acabar com ele. Como? Usando aquele jeito de Dark Princess que ele bem conhecia: o sorriso de anjo, os argumentos sólidos e irrefutáveis e aquele poder de encantamento que só ela parecia ter sobre o Lorde.    Houve uma batida na porta e Snape levantou os olhos para vê-la entrar, sorrindo como a mãe. O esforço que ele teve que fazer para não voar por cima da mesa e agarrar o pescoço da garota foi incrível. Ele forçou um sorriso e perguntou se ela gostaria de se sentar, recebendo uma negativa. ‘Estou bem assim, obrigada. Não posso demorar demais aqui de qualquer forma’, ela respondeu, tão calma e lúcida que fez o sangue dele ferver porque ele conseguia sentir as notas de prazer na voz dela. Será que ninguém mais ali conseguia?


        - Melinda, minha cara, porque não nos relata exatamente o que aconteceu? – perguntou Bellatrix, sem tirar os olhos de Snape. – O mais especificamente que puder.


- E assim que ela terminar, terá sua chance, Severus. – completou Voldemort. Snape apenas assentiu.


- Então. Eu não creio que eu precise revisar a história de Astoria Greengrass mais uma vez, estamos provavelmente todos cansados de ouvi-la. – todos assentiram e ela continuou. – Pois então, por dias ela permaneceu enclausurada, tentando chamar o mínimo de atenção possível, como deve ser para alguém na posição perigosa em que ela se encontrava após aquilo que fez. – mais uma vez todos assentiram. Melinda parou por um momento e deixou-se sorrir com o canto dos lábios antes de continuar. Snape sabia o que era aquele sorriso, a lembrança de seu erro, de como ele mesmo dera munição para que ela usasse contra ele. – Pois então, ela decidiu entrar no Salão Comunal de cabeça erguida, desafiando-me com aquela postura ridícula e ainda por cima teve a coragem de me enfrentar verbalmente. O que mais eu podia fazer além de acabar com aquele ar de superior dela? Então eu a ataquei com a faca e o professor Snape surtou.


        - Defina ‘surtou’, Melinda. – ordenou Voldemort. – Com detalhes, por favor.
        - Riqueza de detalhes. – completou Bellatrix.
Snape nunca admitiria, mas gelou no lugar ao ouvir as palavras do Lorde e de Bellatrix e ao perceber a onda de contentamento que visivelmente percorreu Melinda. Ela estava adorando e, obviamente não deixaria nenhum detalhe passar. Ele segurou os braços da cadeira.


        - Para começar, assim que eu joguei a faca na Astoria, o professor Snape socou a mesa dos professores com ambos os punhos, olhando-me como se desejasse arrancar minha cabeça com as próprias mãos para ser honesta. – Snape fez menção de falar algo, mas foi silenciado por um sinal de Voldemort. Ele teria sua oportunidade depois. – Aí eu puxei a faca e saí do salão, dizendo que eles deviam mandar a vagabunda para a Ala Hospitalar ou ela morreria sufocada. Logo que saí, Draco veio atrás de mim e em alguns minutos Snape estava segurando-me fortemente pelo braço e me dizendo que Hogwarts não era meu playground e coisas desse tipo, urrando a cada palavra minha. Foi realmente constrangedor afinal estávamos no meio do corredor. Mais tarde, ele me chamou em seu escritório para tentar acalmar os ânimos exaltados, dizendo que fez tudo o que fez para evitar que os pais tivessem medo de seus filhos virem a Hogwarts e para prevenir rebeliões.


        Por um momento, todos ficaram quietos absorvendo as informações que Melinda havia praticamente jogado em cima deles. A própria garota permaneceu em silêncio, esperando as reações dos outros.


        Voldemort moveu-se em sua cadeira, atraindo as atenções dos demais. Sua face estava contraída e ele parecia pensativo, pensativo demais. Ele limpou a garganta e olhou diretamente para Snape, seus olhos inexpressivos. Por algum motivo, Severus sentia que preferiria ver faíscas de raiva naqueles olhos vermelhos do que aquele vazio. Ele não sabia o que pensar ou esperar.


        - ‘Evitar que os pais tivessem medo de seus filhos virem a Hogwarts e prevenir rebeliões’ – ele repetiu as palavras de Melinda, parando após cada uma delas, arrepiando Snape da cabeça as pés. – Eu me pergunto: quais pais? Porque ninguém que estivesse a nosso lado sentiria-se ameaçado por isso, afinal de contas que mal poderíamos fazer a seus filhos? – ele levantou a sobrancelha e Snape engasgou com a própria saliva por um momento. – E a solução para rebeliões é a repressão, Severus. Não preciso realmente dizer o quanto seu pensamento me desaponta, correto?


        - Milorde... Veja bem... – Snape começou, pensando na melhor forma de explicar o inexplicável. – Eu penso que me expressei mal e me comportei pior ainda, devo admitir. Talvez eu ainda esteja preso ao antigo regime, a como tínhamos que nos esconder de tudo e de todos, o quão cautelosos precisávamos ser em relação aos traidores.


        - Eu tenho certeza disso, Severus, é por isso que eu estou aqui ansioso para ouvir a sua versão desta trágica história. – Voldemort cruzou os braços e Snape percebeu que aquilo não era um simples comentário, era uma ordem. E uma bem direta.


        Snape olhou por um momento na direção de Bellatrix, que o olhava quase com fogo nos olhos, os lábios dela curvando-se em um sorriso discreto, mas de puro sarcasmo. Ela praticamente brilhava em deleite, a maldita mulher. Ela seria o fim dele, ela e a filha, que por sinal o olhava com praticamente a mesma expressão, como em um assustador espelho.


        - Hum... Quando Melinda fez o que ela fez com Astoria, eu senti como se ela estivesse de alguma forma violando a segurança de Hogwarts, guiado pelos meus antigos instintos me irritei com isso e agi de forma irracional, milorde. Nunca de forma alguma quis humilhar Melinda em frente a seus colegas ou muito menos fugir àquilo em que acreditamos. Acredito que... Talvez... Eu precise ainda me acostumar à nossa nova realidade. – Snape tentou fazer aquelas palavras soarem as mais verdadeiras possíveis.


        Voldemort apoiou os punhos na mesa, aproximando-se de Snape um pouco ao inclinar-se. A expressão facial dele era impassível, mas a corporal dizia outra coisa: ele estava furioso. Apenas com o fato de que Snape não conseguia se acostumar. E Snape tentava não transparecer, mas estava apavorado.


        - Então, Severus, eu sugiro que comece a se acostumar. Porque se você não tiver essa capacidade, eu talvez tenha que tomar medidas drásticas, afinal não queremos passar uma mensagem errada aos traidores de que eles podem contar com a compaixão do diretor, não é mesmo? – era impressionante como aquele tom inexpressivo conseguia ser ainda mais assustador do que qualquer um enraivecido. 


        - Medidas drásticas, milorde? – perguntou Bellatrix, obviamente para aumentar o fogo da conversa. – Quero dizer, eu sou a pessoa que inspeciona Severus no fim das contas, talvez eu possa ser útil neste caso.


        - É claro. Explicarei: Caso Severus demonstre que não tem a capacidade de se acostumar e de seguir minhas ordens em relação a como Hogwarts deve ser comandada, provavelmente eu deva achar um diretor que possa. E neste caso, minha cara Bella, talvez você realmente fosse muito útil. – por aquela nem mesmo Bellatrix esperava. Ele estava de fato insinuando o que ela pensou que ele estava?


        Voldemort relaxou na cadeira e encarou Severus e Bellatrix, ambos de olhos arregalados e queixos caídos – por motivos bem diferentes, é claro. Surpresa e satisfação de um lado, terror do outro.


        - Milorde, creio que isto não será necessário, digo, eu...


        - Eu digo se é necessário ou não, Severus, e quanto ao discurso que começará neste momento sobre como você se habituará, eu dispenso. Eu sei que você fará tudo a seu alcance para se habituar. Porque você, meu caro amigo, é inteligente o suficiente para isso. Engraçado como nós esperamos por este momento por anos e agora você tem tanta dificuldade para aproveitá-lo... Qualquer tolo diria que parece que não desejava tanto assim a minha ascensão, mas eu sei que você é mais esperto do que isso. Certo, Severus? Você não tentaria me enganar.


        - Nunca, milorde, nunca. E creio que meu problema com habituação é meu extremo zelo. Sou cuidadoso demais quando não tem necessidade.


        - Então aprenda a perceber a necessidade.


        - É o que eu farei.


        - Ótimo. – Voldemort se levantou. – Então eu imagino que essa reunião está terminada. Só mais uma coisa: a partir de hoje, Bellatrix intensificará a fiscalização de seu trabalho, apenas para garantir que você aprenderá.


        - Como desejar, milorde. – Severus também se levantou, seguido por Bellatrix.


        Voldemort deixou a sala sem falar mais nenhuma palavra, Bellatrix no entanto permaneceu. Era uma oportunidade que ela não deixaria passar, provavelmente uma em toda a vida.


        - Algo a me dizer, Bella?


        - Sim... Watch your back.– ela respondeu, sorrindo de canto. – Porque eu não vou descansar enquanto eu não te tirar dessa pose de leal que você tenta manter. A confiança dele em você está rachada...


        - Melinda rachou, não você.


        - Ela é minha filha, não é? – Bellatrix olhou por cima do ombro e Melinda sorriu para ela. – Somos um time, Severus... Duas contra um, quem será que vai ganhar?


        - Isso não é uma competição, milady.


        - Veremos.


        - Então...Mal posso esperar. – ele apoiou os punhos fechados na mesa e se inclinou na direção dela.


        - Oh... Não vai tentar me enrolar? – ela fingiu surpresa.


        - Não importa o que eu fale você não acreditará. Mas faça o que quiser, sei que fará mesmo que eu tente te convencer do contrário. – ele sorriu com sarcasmo e ela riu.


        - Não posso negar que será divertido... – ela se afastou da mesa. – Tenha um bom dia, Severus.


        Ele acenou com a cabeça enquanto ela saía. Então eram apenas ele e Melinda no escritório. Ela se aproximou e apoiou-se na mesa dele, observando-o atentamente. Ele sabia o que aquele olhar significava, mas ela estava tão errada. Ou ele pelo menos tinha que convencê-la disso.


        - Você não ganhou ainda, sabe?


        - Eu não disse nada.


        - Mas pensou...


        - Honestamente, Severus, quem você pensa que é para adivinhar o que eu estou ou não pensando? Eu sei melhor do que ninguém que uma guerra só é ganha na ultima batalha e essa, meu caro, foi só a primeira. – ela tamborilou os dedos na mesa, olhando-o fixamente.


        - Interessante, eu não sabia que era uma guerra declarada.


        - Na verdade foi uma forma de expressão, mas... Encare como quiser. – ela bateu na mesa com toda a mão e sorriu significativamente. – Tenha um bom dia, professor Snape. – ela se afastou da mesa, andando de costas, sem tirar os olhos dele ou aquele sorriso dos lábios.


        Snape não pôde deixar de notar o sarcasmo dela ao chamá-lo de ‘professor Snape’ quando estavam apenas eles ali, uma vez que no dia de toda a confusão com Astoria ele mesmo dissera a ela que devia chamá-lo dessa forma. Provocação feita, provocação respondida.


        - Desejo o mesmo, vossa alteza. – ele respondeu, colocando a forma de tratamento num tom amargo e ameaçador, com uma risada nem um pouco mais amigável no final.


        Melinda não fez nada além de rir e rolar os olhos pela provocação. Ela fazia aquela pose de superior todas as vezes, mas ele sabia a verdade, sabia que ela desejava com todas as forças tirar a varinha e matá-lo, mas não podia pela proteção do pai. O que ele se perguntava era por quanto tempo ele ainda a teria, e quem o mataria quando ele a perdesse: Bellatrix, Melinda ou o próprio Voldemort? No fundo, ele preferiria que fosse Voldemort, porque um amigo um dia havia lhe dito uma grande verdade: Bellatrix gostava de ‘brincar com a comida antes de comê-la’. E Melinda, bem... Até onde ele havia visto, nada diferente da mãe. Talvez morrer nas mãos de Voldemort fosse menos doloroso, ou não... O Lorde das Trevas não era nem um pouco complacente com traidores. Verdade seja dita, ele sentia que seu futuro não era nenhum pouco promissor.


       


        Melinda mal havia deixado o escritório de Snape quando foi surpreendida por Nicky, que parecia apavorada e estava extremamente pálida. Era como se a menina tivesse visto um bicho-papão ou algo do estilo ou ainda pior, porque ela estava de fato afetada.


        - Mel, eu preciso falar com você. É urgente! – ela segurou Melinda pelos pulsos.


        - Ok, então fale logo!


        - Não pode ser aqui. Vem comigo. – Nicky puxou Melinda pelo pulso até chegarem a um beco no fim do corredor, completamente vazio. – Ok... Você notou algo de interessante na Gabrielle?


        - Como assim interessante? – Melinda levantou a sobrancelha, cruzou os braços e apoiou as costas na parede.


        - Quero dizer, depois daquela bagunça toda com Snape, depois que ela foi conversar com ele! – Nicky mordeu o lábio, preocupada. – Quando eu converso com ela sobre aquilo, ela fica atordoada! Como se não pudesse falar daquilo... E ela... Eu vi quando ela voltou, Mel, ela ficou muito tempo lá e, segundo ela, a conversa com Snape durou menos de cinco minutos. Agora me diz, um tombo que faz uma pessoa ficar apagada por tanto tempo e tão desorientada não teria causado pelo menos uma concussão? E o Snape não a levou para a Madame Pomfrey. Então nós não sabemos se ela está bem ou não! Por que ele não a levou? Ele supostamente gosta dela, né? Essa história toda está muito esquisita. Tem algo errado, eu posso sentir. Eu tentei, você sabe, entrar na mente dela pra ver se eu descubro algo, mas eu sou meio ruim nisso e foi você quem ensinou Oclumência para ela e por algum motivo ela mantém a Oclumência sempre ligada. – ela rolou os olhos antes de voltar a olhar para Melinda, que estava olhando para algum ponto fixo no chão e com os olhos estreitos, como se pensasse.


        - Por Slytherin... – Melinda soltou em uma única respiração e voltou a olhar para Nicky com os olhos arregalados. – Nicky, você está certa, tem algo de errado com a Gabrielle. Tem algo de podre aí e eu vou descobrir. Gabrielle pode usar Oclumência e funcionar em todos vocês, mas não contra mim. Nunca contra mim. Afinal é como você disse, eu a ensinei. – ela riu de canto e piscou para Nicky, que engasgou com o ar em choque.


        - Você ensinou a ela de forma que ainda conseguisse acessar os pensamentos dela?


        - É claro. Eu precisava ter uma vantagem, ela é namorada do Snape no final das contas. E não faça essa cara! Aposto que a Gabrielle imagina. É como meu pai. Acha que ele me ensinou tudo o que sabe? Ou ensinou à minha mãe?


        - Er... Não, honestamente. Ele não permitiria que vocês soubessem tudo, em caso de, você sabe, se virarem contra ele e – Nicky parou e soltou um ‘oh’.


        - Exato. Eu confio na Gabrielle, mas não confio no amor dela pelo Snape. É perigoso e pode levá-la a fazer bobagens. Agora o ponto não é esse! Preciso achá-la. – foi a vez de Melinda puxar Nicky pelo pulso e arrastá-la Hogwarts adentro.


        No fim, Gabrielle estava no Salão Comunal, estudando um livro de poções e com um pergaminho estendido, a pena sem parar de escrever. Melinda sabia daquele trabalho sobre as funções de basicamente todos os ingredientes da poção Felix Felicis, pobres alunos do sexto ano.


        Melinda olhou uma ultima vez para Nicky antes de respirar fundo, se concentrar e tentar acessar a mente de Gabrielle.


Nicky observou atentamente como o rosto da morena se contorcer um pouco e relaxar para enrijecer novamente. Barreiras mentais sendo ultrapassadas, ela sabia. Após quase um minuto – por Merlin Gabrielle era boa naquilo – o rosto de Melinda relaxou de vez e ela sorriu.


        O sorriso, contudo, não durou muito tempo. Logo depois, Melinda arregalou os olhos em horror e perdeu o contato visual com Gabrielle olhando para o chão, enquanto dava alguns passados para trás. Nicky não sabia o que fazer, o que quer que Melinda tivesse visto devia ser horrível para causar aquela reação nela, especialmente nela.


        - O que diabos você viu ali, garota? – a pergunta de Nicky saiu um pouco mais alta do que ela queria e ela se desculpou com um olhar. – Quero dizer... Foi horrível, né?


        - Na verdade, foi inesperado. – ela puxou Nicky para o canto do salão para que Gabrielle não as visse. – Eu esperava encontrar algo relacionado a Snape, algo que ele tivesse dito e tudo o mais, mas...Nada.


        - Como assim ‘nada’? Então por que você quase me matou do coração?


        - Porque você não está entendendo, Nicky. Eu não achei nada relacionado a quando Gabrielle foi ao escritório de Snape. A última lembrança que ela tem é dela chegando à gárgula e depois acordando no chão do escritório de Snape. E é como você disse, ela teria ficado tempo demais desacordada para não ter tido nada e a pancada teria que ter sido muito forte para causar uma amnésia a ponto de ela não lembrar nem da hora que escorregou...


        - Então não é melhor ela ser examinada?


         - Não, Nicky. Você não está entendendo. A amnésia dela é perfeita.


        - Como assim?


        - Perfeita demais. – ela levantou a sobrancelha. – Sabe, Nicky, toda magia deixa traços...


        - O que tem magia a ver com isso? – Nicky perguntou, confusa, e Melinda riu de forma quase divertida.


        - Você não entendeu ainda, não é, prima? A coisa é muito mais podre do que parece. Gabrielle não lembra do tombo porque ela nunca escorregou, posso apostar.


        - Então por que ela...?- outro ‘oh’ da parte da ruiva, seguido por um olhar de susto na direção de Gabrielle. – Ela foi...?


         - Obliviada. – Melinda completou. – E eu sei exatamente por quem. 


        - Snape? Você acha que ele...? Não, Mel, aí é demais, quero dizer... Ele não faria isso, faria?


        - Dependendo do que ela ouviu, eu não duvido. É o pescoço dele em jogo. – Melinda respondeu, cruzando os braços. – Mas não há nada que possamos fazer com essa informação, por enquanto.


        - Por quê?


        - Porque temos provas de que ela foi obliviada, não por quem por mais que tenha sido nas redondezas da sala do Snape. Qualquer um nesse castelo poderia ter feito isso, seguido a Gabrielle, ela podia ter se encontrado com alguém, ter sido obliviada e jogada na escada do Snape, enfim. Além disso, ele negará e ela nunca acreditará. Precisamos de provas primeiro. – explicou Melinda, desapontada.


        - E como nós faremos isso? Não é como se ele fosse confessar, certo?


        - Certo... E eu não tenho a mínima idéia para ser sincera. – confessou a Princesa das Trevas. – Precisamos pensar em alguma coisa, algo bom o bastante para pegarmos Snape de guarda baixa.


        - Se ele baixar a guarda algum dia.


        - Exatamente o meu ponto com ‘bom o bastante’. – ela beliscou a bochecha de Nicky e riu divertida. – Agora... Vamos lá falar com a Gabrielle e fingir que não sabemos de nada enquanto pensamos num plano? – ela fez menção de sair.


        - Você vai contar para a sua mãe, certo?


        - Errado. Não irei, pelo menos até o momento certo. – um brilho perigoso percorreu os olhos de Melinda. – Quando eu achar apropriado, entende?


        - Não, honestamente não.


        - Ah... você sabe, não é? Eu com minha mania de fazer das coisas um espetáculo. – ela deu de ombros. – Contarei para a minha mãe quando ela puder usar isso contra Snape.


        - E você a deixará usar por que mesmo? Você o odeia tanto quanto, porque deixaria a honra para ela?      


        - Porque ela trava essa guerra há muito mais tempo, mas se chegar a um ponto em que eu possa usar e ela não tenha como, terei imenso prazer em fazê-lo. – ela sorriu, perigosamente satisfeita e puxou Nicky pelo pulso. – Agora vamos, convenção social e tudo o mais nos chama, priminha.


 


Mansão Slytherin


 


        Bellatrix fechou os olhos fortemente, sentindo as lágrimas encherem-nos quando a dor do soco que acabara de desferir na mesa se espalhou por seus dedos e pulso, subindo até o braço. Reações agressivas vinham com um preço, ela sabia.


        - Eu não vou. – ela soltou em uma única respiração, os olhos marejados focando-se mais uma vez em Voldemort. – Eu não quero, eu não... Posso.


        Voldemort nem mesmo se moveu de sua posição na cadeira, encarando-a enquanto acariciava Nagini em seu colo. Os olhos dele mantinham-se estáticos, presos aos dela e Bellatrix não sabia na realidade se devia temer ou não.


        - Eu não estou discutindo isso contigo, Bella, lamento. – ele finalmente falou, com a voz quase cansada. – Nós vamos.


        Bellatrix abriu e fechou a boca várias vezes, sem forças para dizer absolutamente nada, então respirou fundo e umedeceu os lábios antes de voltar a falar, soando extremamente incrédula.


        - Então é isso? É uma ordem?


        - Bella, Narcissa simplesmente nos convidou para passar o Natal com eles, você não precisa fazer todo esse escândalo e drama—.


        - Drama? – ela o interrompeu. – Eu não acredito no que eu estou te ouvindo dizer! – A Lady das Trevas sentia então como se fosse de fato incapaz de segurar as lágrimas por muito mais tempo. – Está me pedindo para passar o Natal com Lucius Malfoy e sorrir para os Comensais fingindo que está tudo bem? Você sabe o que aconteceu da última vez em que eu passei o Natal perto dele e não posso crer que está me pedindo para repetir isso.


        Quando terminou de falar, Bellatrix estava praticamente sem fôlego dado ao fato de que jogou as palavras em cima dele esquecendo-se de parar para respirar.


        Voldemort levantou-se calmamente da cadeira, encarando-a face a face dessa vez, ele se inclinou na mesa para que pudesse ficar mais próximo dela. Ele sabia o quanto aquela história ainda a afetava, mas ele não cederia. Infelizmente, Lucius era cunhado dela e encará-lo em ocasiões como aquela seria ainda mais inevitável depois de Pandora.


        - Bellatrix... É o primeiro Natal de Draco e Melinda com a Pandora, se nós não formos—.


        - O que irão os Comensais pensar, correto? Porque isso é tudo o que importa, sempre foi: a nossa imagem. Estamos formando uma bela família real, não estamos? – ela levantou a sobrancelha e fez menção de sair, mas teve o pulso segurado por ele.


        - Bella, eu não quero ser agressivo com você, seja razoável, você sabe como essas coisas são.


        - Sim, eu sou uma Black, se lembra? Sempre soube como a sociedade funcionava. Só pensei que você estivesse acima disso. – ela deu de ombros e riu amarga. – Ledo engano, temo eu.


        Ele soltou o pulso dela e andou ao redor da mesa, parando de frente a ela, com as mãos nos ombros dela. Ele apertou-os sem muita força e ela o olhou nos olhos.


        - Bella, ele nem mesmo chegará perto de você. Ficará exibindo a Pandora e o Draco para os outros, gabando-se de como o filho dele matou Dumbledore e sobre como nossas famílias agora estão ainda mais interligadas.


        - Eu sei, eu sei... Mesmo assim. – ela reforçou. – Eu não sei se agüento o Lucius por tanto tempo sem cortar a jugular dele com uma faça de mesa.


        - Você consegue, my darling. Não te pediria se pensasse o contrário. – ele tomou a mão de Bellatrix na sua e beijou-lhe o dorso, vendo que os olhos dela enchiam-se de lágrimas. – Você tem força para isso, eu sei que tem. Além do mais, não ir ficaria tão óbvio para o Lucius que seria uma tremenda diversão para ele, não acha?  


        Bellatrix não respondeu, apenas acenou com a cabeça e forçou um sorriso, Voldemort acariciou a mão dela que segurava, desenhando círculos com seu polegar, mas a expressão dela estava tão impassível, mas ele era capaz de ver refletida nos olhos dela a luta interior que ela travava consigo mesma. Uma parte dela queria mandar Lucius para o inferno e ir àquela maldita festa como se ele nem estivesse ali, mas a outra parte não conseguia jamais ignorar o cunhado como ela desejava.


        - Ok. – ela finalmente falou, mas ainda com a voz um pouco trêmula. Aquilo seria muito difícil para ela. – Não vou reclamar mais. Que venha a maldita festa. Eu preciso... – ela engoliu seco. – Não estou me sentindo bem, descansar talvez seja uma ótima opção.


        - É claro. – ele respondeu, inclinando-se para pressionar os lábios contra os dela rapidamente. – Eu também preciso ir ao Ministério. Nos vemos mais tarde. – ela assentiu enquanto ele passava por ela e ia em direção à porta.


        Foi somente quando ela ouviu a porta fechando atrás de si que Bellatrix soltou a respiração e fechou os olhos fortemente, dizendo a si mesma para ser forte que o dia de acabar com Lucius ainda chegaria. Um dia ele deixaria de ser útil para o Lorde das Trevas e aí eles teriam o real acerto de contas.


 


Mansão Malfoy – 24 de dezembro de 1997


        


Bellatrix estava parada na porta da Mansão da irmã, encarando a porta fixamente antes de entrar. Voldemort estava ao seu lado, braço enlaçado ao dela, e mesmo assim ela ainda não se sentia muito confortável; aquela data somada àquela Mansão não lhe trazia lembranças muito agradáveis e, talvez pior, lhe enchia de um ódio tamanho que ela virava um perigo para os outros e até para si mesma.


        Voldemort a puxou pelo braço, alguns segundos depois, aquele assunto havia morrido entre eles dias antes, mas ele sabia dos problemas que ela tinha com a idéia daquela festinha de natal. De qualquer forma, eles estavam ali e iam terminar o que começaram. Assim que ela entrou, ela tirou a capa de viagem e a colocou no mancebo enfeitiçado que veio até ela. Era quase ridículo como tudo na casa estava decorado com temas natalinos. Narcissa estava tentando com todas as suas forças fazer aquilo parecer confortável para todos, pobre Cissy. Bellatrix sorriu simpática às tentativas da irmã, a culpa não era dela no fim das contas.


        Bellatrix pegou a mão de Voldemort e foi guiada para dentro da sala, parando os olhos um segundo no espelho do hall para olhar para si mesma. Sempre com aquela pose de perfeição, ela pensou, talvez aquilo fosse um vestígio do sangue Black nela – por isso provavelmente ela era uma Lady das Trevas tão perfeita. Ela tinha o sangue frio para aquilo.


Ela sorriu para a própria imagem refletida no espelho, o vestido de veludo vermelho contrastando tão lindamente contra a pele alva quase cintilava com a luz fria da Mansão, e a gola de renda armada que ia até a nuca dela dava a ela a pose de que precisava. Ela ultimamente estava adorando essas golas armadas, imponentes como de rainhas, e no fim era isso mesmo que ela era, certo? Dessa vez, no entanto, o cabelo estava solto, colocado para um lado em grandes cachos, sendo emoldurado pela gola escarlate. 


Eles estavam tão imponentes que ninguém conseguiu tirar os olhos quando eles entraram no salão, algo que ficava cada vez mais comum , ela uma verdadeira visão em carmim e ele em toda a sua glória negra – era impressionante como ele ficava bem de preto. Ele era o Lorde das Trevas afinal, devia mesmo ficar bem.


Os Comensais se curvaram, incluindo a própria Melinda, que foi a primeira a sair da reverência para vir andando na direção deles, sorrindo de orelha a orelha, bela o suficiente para chamar a atenção tanto quanto a mãe, mas de verde.


- Você de longo... – Bellatrix comentou. – Fica bem, devo dizer.


- Estou começando a usar mais. – ela deu de ombros. – Sou uma mãe agora afinal. – ela riu do próprio comentário. – E é mais elegante, no fim das contas.


- Não posso discordar. – elas ouviram a voz de Narcissa, ao lado delas. – Bella, eu estou tão feliz que veio. – a loira abraçou a irmã. – Obrigada. – ela sussurrou em meio ao abraço.


- Por que ela não viria? – Voldemort perguntou num tom leve, quase brincalhão. Claro que todos ali sabiam que Bellatrix tinha mais motivos para não ir do que para ir, mas ninguém mais precisava desconfiar. – É o nosso primeiro natal com Pandora e, afinal, aonde está nossa neta, Narcissa?


Lucius Malfoy se aproximou deles, com Pandora nos braços, e todos eles prenderam a respiração, incluindo Draco que acabara de se aproximar. Ele segurava o bebê como um tesouro de valor inimaginável e, de fato, Pandora era – principalmente para Lucius.


- Aqui está ela, milorde. Nossa neta. – Lucius acariciou os cabelos da menina.


Bellatrix subitamente se aproximou de Lucius e tirou a menina de seus braços, tentando parecer que queria apenas segurar a própria neta, mas contando que ela não era o ser humano mais maternal do mundo e a certa voracidade com a qual ela foi contra Malfoy, provavelmente todos perceberam que ela o queria bem longe de Pandora.


A menina aconchegou-se nos braços da avó, brincando com uma mecha dos cabelos de Bellatrix, que olhou para baixo tentando não lembrar de Hilary todas as vezes em que olhava para a garota. Biologicamente falando: Melinda não era a mãe, Draco não era o pai, Narcissa e Lucius não eram os avôs, nem mesmo Voldemort, mas ela era. E tentava se esquecer de como o pai daquela criança quase destruiu a ela ao levar sua filha para... Onde não deveria. Pandora, contudo, seria o acerto dos débitos. Ela seria o que Hilary não foi.


- Ela parece gostar de você, titia. – disse Draco, conseguindo a atenção de Bellatrix. – Bastante. – ele sorriu.


- É... - Bellatrix concordou. – Parece que sim, mas fora isso ela também parece cansada.


- Provavelmente porque passa das onze da noite, Bellatrix. – disse Lucius numa voz zombeteira. – Crianças geralmente ficam cansadas a essa hora da noite, algo que você saberia caso a Cissy e a Georgia Zabini não tivessem criado suas filhas por você.                        


        - Oh, e provavelmente você mal saberia disso se tivesse ido para a cadeia como eu em vez de assistir ao crescimento do Draco, certo? Mas você brincou de cachorrinho do ministério, obviamente. – ela sorriu sarcástica. – E eu sei o porquê de ela estar cansada, idiota, estava apenas atestando que ela está.


- Talvez fosse melhor levá-la para dormir, tia Cissy. – disse Melinda, numa voz tão preocupada que chegou a chocar Bellatrix. Aquela menina estava de fato levando a sério aquela história de maternidade. Ela se aproximou de Bellatrix, que entregou-lhe o bebê.


Pandora aconchegou-se nos braços da mãe adotiva, que sorriu. Melinda tinha o mesmo sentimento de Bellatrix sobre Pandora: ela não deixaria que mais sangue do sangue deles fosse desviado por Cedric Diggory. Por mais que tivesse sangue dele também.


- Eu só não entendo... Todos nós estamos aqui por causa da Pandora e vocês marcam a festa num horário no qual ela já deveria estar dormindo há horas. – Bellatrix revirou os olhos. -  Vindo de você, Cissy, sempre tão maternal, é intrigante.


- É véspera de Natal, Bella, e em qualquer horário ela acabaria dormindo uma hora ou outra! – protestou a loira.


- Que seja... – retrucou Bellatrix, cansada. – Mel, por que nós não subimos com a Pandora?


        - Não é necessário, tia Bella, eu posso acompanhar a Mel. – sugeriu Draco, sorrindo.


        - Não é incômodo, querido, eu queria mesmo conhecer o quarto da Pandora. – ela devolveu o sorriso. – Vamos, filha?


        Melinda concordou e se dirigiu às escadas, fazendo um sinal para Voldemort de que logo ela e a mãe voltariam. Uma vez longe de todos ali, Melinda finalmente falou – apenas a alguns passos da porta do quarto de Pandora.


        - O que há de errado entre vocês dois?


        - Vocês dois? Eu e o Lorde das Trevas? Nada errado. – Bellatrix abriu a porta do quarto infantil e entrou, esperando Melinda passar por ela.


        Havia brinquedos por todos os lados, também livros, e tudo o que uma criança pudesse querer. Pandora seria mais mimada do que era possível para um bebê. O quarto tinha pinturas dela em sépia enfeitando as paredes, também mensagens de carinho compostas por Narcissa, certamente.


        - Elas envelhecem junto com a Pandora, as pinturas, tia Cissy me disse. E ficam adormecidas quando ela está, essa parte eu vi. – ela sorriu. – O móbile canta para ela com a minha voz ou a de Draco, para que nós possamos estar sempre com ela.


        - Isso é lindo, preciso admitir que a Narcissa estava empolgada. Interessante a bruxa estupenda que ela pode ser quando quer.  – respondeu a Lady enquanto Melinda deitava Pandora no berço e ligava o móbile, as pinturas na parede imediatamente começando a bocejar e fechar os olhos. Bellatrix não resistiu a sorrir.


        - É, ela disse que vai adicionar uns animaizinhos e coisas assim à parede também.  – ela balançou o berço da menina até que Bellatrix viu que as pinturas estavam adormecidas. A princesa se inclinou e beijou a testa da filha, cobrindo-a. – Agora sim... Vai me dizer o que está errado? – ela cruzou os braços e o rosto de Bellatrix se contorceu numa careta. – Ou talvez você nem precise dizer.


        - Como se você fosse conseguir entrar na minha mente, Melinda, e não se atreva a tentar! – esbravejou Bellatrix o mais baixo que podia.


        - Nunca disse que ia fazer isso, mas está escrito na sua testa, mamãe querida. Vocês brigaram por algum motivo e eu posso chutar alto que ele é: você não queria estar aqui.


        - Melinda—


        - Está tudo bem, honestamente eu pensei que ele nem mesmo te convenceria a vir para começar! – ela sorriu. – Era de se imaginar que Natal com os Malfoy não era a sua idéia de um feriado interessante. E conhecendo meu pai eu imagino o quão aberto a discussão ele foi sobre isso.


        - Extremamente. Foi quase como um ‘sorria e acene’ para mim. – ela expirou de forma cansada. – Era de se imaginar, com todos os Comensais convidados. Narcissa também não facilitou para mim, ela sabia que ele me faria vir.


        - Acredito que foi por isso que ela fez uma festa desse tamanho. – O rosto de Bellatrix se contorceu numa careta de desgosto, mas ela assentiu. – Digo, porque te queria aqui.


        - A todo custo. Típico dela. E posso apostar que seu amável tio tem um dedo nisso. – ela fez um sinal com a cabeça para a porta do quarto e Melinda a acompanhou.


        Elas fecharam o quarto de Pandora e foram andando pelo corredor.


        - Ele sempre te quer por perto, não me impressionaria. – Melinda concordou.


        - Além disso, grande oportunidade para exibir-se aos Comensais por causa do Draco e da relação dele com você. Como se o Draco tivesse muito orgulho dele. – ambas riram com sarcasmo, Lucius às vezes conseguia ser patético. – Acha que Narcissa está cedendo a ele novamente?


        - Não sei, mas desconfio que ela o ame demais para não perdoá-lo uma hora. Draco concorda. Uma pena. – Melinda deu de ombros. – Sofrimento dela, porque arrependido? Duvido que ele esteja.


        - Obviamente não. – Bellatrix levantou a sobrancelha e elas chegaram à escada do salão, olhando significativamente para a outra como dizendo que era melhor o assunto morrer. E de fato era. Melinda foi ao encontro de Draco, mas Bellatrix não conseguiu descer as escadas, sendo segurada pelo braço.


        Ela olhou para o lado e viu Lucius encarando-a, um sorriso falso naquele rosto que ela aprendera a odiar tanto. Ela sabia que se fosse possível matar alguém com um olhar, morto ele estaria desde que ela botou os olhos nele, mas infelizmente não era.


        - Aproveitando a festa, Bella?


        - Você percebe que estamos no topo da escada à vista de todos, certo?


        - Defina todos. O Lorde? Garanto que ele não tem ciúme de mim.


        - Eu quis dizer Narcissa, mas o Lorde também porque, não, ele não tem ciúme de você, mas deu ordens diretas para que você se mantivesse longe de mim. Você já se esqueceu ou é estúpido mesmo?


        - Narcissa?


        - Sim, imagino que esteja ainda no árduo caminho até o perdão dela. – Bellatrix sorriu. – Ficar me seguindo não é uma boa tática.


        - Oh, Bella. Árduo caminho? – riu-se Lucius. – Como se você não conhecesse a Cissy. Menos exagero, minha cara.


        - Talvez eu a conheça melhor do que você. – ela sorriu mais uma vez e Lucius sentiu uma imensa vontade de tirar aquele sorriso do rosto dela no tapa. – Ou não, quem sabe. Agora largue o meu braço. Imediatamente, Malfoy.


        - Ou o quê? Vai pedir o socorro do Lorde e espalhar pro salão inteiro o que eu fiz com você três anos atrás? – um brilho sádico se espalhou pelos olhos dele e Melinda e todos estavam certos, nenhum arrependimento. Ela esperava que Narcissa reconhecesse isso também. – Lembra-se? Baile de Inverno, as crianças fora? Eu vi a maldita cicatriz no seu pescoço. Você ainda a tem, Bella? Uma lembrança dos bons tempos?


        - Uma lembrança sim, Malfoy, para o dia em que você perder utilidade. – o tom dela era ameaçador o bastante para fazê-lo perder qualquer resquício de cor no rosto, não que ele tivesse muita é claro. – Quando eu vou abrir a temporada de caça a Lucius Malfoy! Cada pedaço seu terá um valor diferente, aumentando gradualmente até chegar a cabeça, ou melhor, não foi a sua cabeça que você usou não é? Não, definitivamente não a cabeça, não a de cima. Então já sei qual parte sua deverá ter o prêmio máximo. Pergunto-me quanto tempo levará até que eu possa brincar de quebra-cabeças com os seus pedaços, porque a maioria dos Comensais te odeia tanto quanto quer agradar à Lady das Trevas. E não pense que Draco vai te salvar, Lucius, porque eu posso apostar que será ele a me entregar sua cabeça. – Bellatrix usou a unha do indicador da mão livre para simular um corte invisível no pescoço de Lucius, sentindo ele engolir seco contra seu dedo. – Numa bandeja de prata. Agora se me dá licença, Malfoy, eu tenho uma festa para desfrutar.


        Bellatrix tentou andar, mas mais uma vez foi segurada por Lucius, ah, ele estava começando a irritá-la. Ela o olhou furiosamente, mas mesmo assim ele não soltou.


        - Solte o meu braço, Malfoy, agora.


        - Ou vai colocar suas ameaças em ação antes do tempo, milady? Pergunto-me se o Lorde ficaria feliz.


        - Você não vale tanto a pena. – ela disse, simplesmente, e sorriu. – Solte-me, Lucius, eu não vou repetir.


        - E você não me assuta.


        Bellatrix não se deu ao trabalho de responder mais uma vez, ela simplesmente expirou fortemente, negando com a cabeça, olhando para longe de Lucius. As pessoas convidadas ao jantar ainda não haviam notado aquele encontro esquisito no topo das escadas, ah, mas eles não podiam ficar na ignorância por muito tempo mais. Não depois do grito que Lucius deu, a dor ecoando por todo o salão. Quando todos olharam, Lucius segura um de seus pulsos, como se tentando controlar a dor, enquanto Bellatrix o olhava com um sorriso, os olhos dele tinham lágrimas e a mão que ele segurava próxima ao rosto tremia.


        - O que diabos?


        - Um pequeno truque, um dos favoritos da Cissy, achei apropriado. Só que eu, hum... Aperfeiçoei um pouco. – ela sorriu e desceu as escadas, sem olhar para trás, ainda ouvindo os gemidos de dor de Malfoy. A mão de Lucius estava inchada e formavam-se bolhas, como se ele tivesse tocado algo incandescente. E ele meio que tinha, o braço que ele não queria soltar.


        No fim da escada, Bellatrix retirou um drink de uma das bandejas. A festa dela acabara de começar e pelo visto seria melhor do que o planejado. Ela deu mais alguns passos até onde haviam mais pessoas.


        - Acredito que nosso anfitrião... – ela finalmente olhou mais uma vez para Lucius. – Precisa de alguma ajuda. Um feitiço para curar queimaduras e uma poção analgésica devem ser o suficiente... Ou o analgésico e algumas ataduras, pelo menos. Parece que o Malfoy colocou a mão em algum lugar que não devia. – riu-se ela, levando os comensais junto, e logo tornou-se uma gargalhada pelo salão e Lucius nunca a havia odiado tanto. – Agora é sério... Por favor, alguém poderia fazer essa gentileza? Meu pobre cunhado estava tão animado com essa festa... – os Comensais a odiavam, mas eram um bando de bajuladores então logo alguém foi ajudar Lucius, que – por mais que desejasse com todas as suas forças graças ao orgulho besta – não negou a assistência.


        - Imagino no que ele tocou, para ficar com a mão daquele jeito. – foi a voz de Rodolphus Lestrange que Bellatrix ouviu, virando-se nos calcanhares para olhá-lo nos olhos. – Ou em quem.


        - Uma pena que Narcissa não estivesse aqui para ver, quem sabe onde ela se enfiou. – ela soltou uma risada amarga e aceitou o braço que Rodolphus lhe ofereceu. – Nunca está por perto quando preciso que ela esteja, minha irmã. Provavelmente está ajustando alguma idiotice da ceia e depois Lucius vai se fazer de coitado para ela, pedir que lamba, quero dizer, cuide de suas feridas.


        Rodolphus engasgou-se com a própria bebida e começou a negar compulsivamente com a cabeça enquanto tentava se recuperar e voltar a respirar – impossível porque ele começou a rir e engasgar ao mesmo tempo. Bellatrix bateu nas costas dele algumas vezes, tentando esconder o próprio riso.


        - Você – ele pausou para respirar. – está – outra pausa, mais riso. – Impossível esta noite, minha cara Bella. – ele finalmente conseguiu voltar a respirar e parar de rir, com lágrimas nos olhos.


        - Eu sou impossível, Roldie, sempre fui. – ela piscou e ele sorriu de volta, concordando com um aceno de cabeça. – Só estou um pouco mais venenosa do que o usual, ou pelo menos estou destilando meu veneno mais abertamente.


        - Dormindo todas as noites ao lado herdeiro de Slytherin, é normal que suas características peçonhentas comecem a ficar mais evidentes. – ele piscou, sorrindo divertido, mas ela pareceu não achar graça nenhuma.


        Ela simplesmente assentiu e continuou a andar ao lado dele, silenciosa como um túmulo. Pelo olhar de Rodolphus ela soube que ele percebera que havia algo de errado com ela. Merda, Melinda estava certa, estava escrito na testa dela pelo amor de Merlin. Ela mordeu a própria bochecha por dentro, tentando se manter séria em vez de arrancar aquela expressão irritante da cara de Rodolphus. Aquela expressão que diz ‘eu sei que você está me escondendo algo’.


        - O que foi? – ele finalmente perguntou. – Nenhum comentário safado sobre dormir com o herdeiro de Slytherin da sua parte? Só essa seriedade? Bella? Sério?


        - Já notou o quão doentes nós somos? – ela retrucou. – Totalmente errados. Você é meu marido, Rodolphus, por Merlin! E estamos fazendo piadas sobre minha relação com o meu amante?


        - E você foi notar isso agora? Depois de meses? Bella, eu já passei pela negação, pela raiva, pela aceitação e agora estou aqui bancando o piadista com você. Isso tudo foi um processo, querida, e tem pelo menos dezessete anos que eu não sou seu marido pra valer. Just for the record. Mas isso só me leva à uma certeza: tem algo errado com você. – ele parou de andar e fez com que ela parasse junto, mas antes que ela pudesse responder ela ouviu a voz que mais odiava e que era quem a salvava ali por mais irônico que fosse.


        - Ora ora ora! – Katherine Parkinson se aproximou, fazendo com que ambos revirassem os olhos e a olhassem em descrença. – Estamos trocando de pares mais uma vez, Bellatrix!


        - Cuidado com o jeito como se refere a ela, Parkinson, é milady para escória como você! – Rodolphus cuspiu as palavras e Katherine engoliu seco, Bellatrix não pôde conter o sorriso.              


         - E imagino que seja Bella, ou Bellinha, para os íntimos como você! – Parkinson retrucou depois de um segundo para engolir o ódio.


        Bellatrix realmente não pensou no que fez. Quando ela percebeu, já havia puxado Rodolphus pela nuca e tinha seus lábios pressionados fortemente contra os dele. Lestrange não conseguiu evitar de balançar os braços estranhamente ao lado do corpo, com os olhos abertos, extremamente chocado e sem saber o que fazer. Até que ele segurou os ombros de Bellatrix e a afastou, com os olhos arregalados.


        - Satisfeita, Kath? Essa é a visão de um homem com quem eu estou tendo um caso? Chocado, engasgado e me olhando como um idiota por um simples selinho? Acredito que não e Rodolphus sempre foi um terrível ator. – o salão inteiro parecia em choque. – Eu estou cansada das suas insinuações e elas acabam hoje. – oh, aquilo era uma ordem e Katherine cambaleou para trás.


        - Er... eu... hm... – ela engoliu as próprias palavras dado a intensidade do olhar de Bellatrix sobre ela.


        - Então para todos que tem o mesmo pensamento que Katherine. Eu larguei Rodolphus pelo Lorde das Trevas e eu não me arrependo, não estou trocando de par mais uma vez, nem nada do tipo. – ela viu pelo canto do olho o olhar de Voldemort sobre ela. – Eu e meu ex-marido somos amigos, não que eu imagine que a maioria de vocês já tenha tido um amigo para entender. De qualquer forma: Eu sou a Lady das Trevas, sou superior a vocês, superem isso. Eu não vou voltar atrás. Rodolphus, dear, desculpe-me se o fiz sentir-se usado agora, é que foi necessário.


        Rodolphus assentiu e, apesar de tudo, ele parecia que estava segurando-se com todas as forças para não rir abertamente. Oh, ela realmente estava impossível naquela noite. Mas algo não estava normal entre ela e Voldemort, ele podia sentir, por mais que o discurso de ‘sou a Lady, não me arrependo, engulam’ tenha sido convincente ele ainda se lembrava do quão estranha ela ficou quando ele citou Voldemort. Não era algo passível de separação, mas mesmo assim, algo estava errado.


        Bellatrix passou por ele, em direção ao local onde Voldemort estava, largando o drink – agora quente – em algum lugar e pegando um novo. Como ela não derramara nenhuma gota com tudo o que fez, nem ela sabia pra valer.


        - Belos shows que você está dando essa noite. – ele comentou quando ela se aproximou com um copo cheio de uísque de fogo.


        - Talvez eu esteja sem paciência para as pessoas. – ela deu de ombros e virou um longe gole da ardente bebida, a careta mal aparecendo no rosto dela. - Ou para essa farsa que Narcissa chama de festa, ou jantar, ou o que ela queira.


        - Lucius... O que ele fez?


        - O de sempre. Chegou perto demais. – Bellatrix aproximou-se de Voldemort gradativamente, até estar a centímetros dele. – Falou demais... – ela traçou a linha do maxilar de Voldemort com os lábios, até chegar na orelha dele. – Lembrou-me de coisas demais. – ela tentou evitar que sua voz quebrasse na última sentença, mas foi inevitável. – Era óbvio que ele faria isso, claro.


        Voldemort segurou a cintura dela firmemente, tentando trazer algum conforto e assegurá-la mais uma vez de que ela ia ficar bem, mas ela se afastou um pouco dele, para olhá-lo nos olhos.


        - Mas nós já sabíamos disso, certo? Que ele andaria pela memory lane doentia dele e faria questão de esfregar na minha cara o quanto ele sente falta dos ‘bons tempos’ quando eu estava à mercê dele, mas a nossa aparição para os Comensais era fundamental. – ela sorriu e levantou as sobrancelhas, numa imitação grotesca de uma expressão feliz.


        Agora ele entendia. Ela estivera distante e fria com ele desde o dia da discussão, por Merlin, ela ainda estava chateada e ele duvidava que ela deixaria de estar por muito tempo.


        - Exceto que você não está mais... À mercê dele. A mão do Lucius que o diga. Com sorte você deixou algumas cicatrizes. – ele colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. – Bella, eu sei que está chateada comigo, mas algumas vezes dias como os de hoje são necessários. Enfrentar, eu quero dizer.


        - Não estamos aqui para enfrentar meus traumas, querido, estamos aqui para posar e sorrir para nossos Comensais. Como usualmente fazemos.


        - Se a sua objeção fosse outra que não o Lucius, eu teria acatado. – ele finalmente admitiu. – Porque eu não vou deixar você fazer isso consigo mesma, se afundar no trauma.


        - Mas você disse, na mansão, que nós tínhamos que vir porque—.


        - Eu sei bem o que eu disse.


        - Então...Você mentiu.


        - Não seria uma primeira vez, huh? Você teria dado um escândalo tão maior que eu percebi que era a melhor escolha. Mas eu repito o que eu disse naquele dia, a parte que não era mentira, eu estou aqui com você, para enfrentar. E até agora, você está sendo fantástica. – ele pegou o copo dela e tomou um gole do uísque, enquanto ela o olhava pasma, completamente abismada. – Tirando, talvez, aquela cena com o Lestrange, porque aquilo ali era sua batalha de egos com a Parkinson e o resto dos Comensais – mesmo aqueles que nada fizeram contra você.


        - Oh, mas é aí que está: todos fizeram em alguma parte da vida, alguns somente se empolgaram mais como o Lucius, mas no fundo todos querem me destruir de pedaço em pedaço até que não tenha mais nenhuma célula minha neste planeta.


        - Mas nenhum te traumatizou.


        - Aí está a empolgação. – ela pegou o próprio copo mais uma vez e bebeu um pouco. – Mas foi bom para nós dois, os malditos cochichos nos cantos e insinuações finalmente acabarão.  – ela deu de ombros.


        - Bellatrix... – ele ia começar a falar, mas Narcissa o interrompeu, chamando todos para o jantar. Foi a vez de Voldemort dar o braço à Bellatrix, que o pegou um pouco mais relaxada do que antes. Ele forçá-la a enfrentar o trauma era um pouco menos pior do que ele fazê-la ir por pura aparência. E no fim das contas, ele estava ali para apoiá-la naquela superação de trauma. Sempre ao lado dela.


        A mesa de jantar fora aumentada magicamente, estava imensa, Voldemort ficou com uma das pontas da mesa – Lucius com a outra – e Bellatrix sentou-se à direita dele, Melinda à esquerda, logo estava a metros de Lucius, felizmente Narcissa fora inteligente daquela vez.  As entradas apareceram e eles começaram a comer.


        Vinho foi aberto, pratos saíram e entraram, conversas e discursos ocorreram, risadas aumentavam a cada segundo e parecia para Bellatrix que realmente tudo estava correndo bem, muito bem aliás,  mas nem tudo pode ser sempre perfeito.


        De repende, Voldemort colocou-se de pé, lívido e com os olhos arregalados. Bellatrix levantou-se junto com ele, era como se tivesse visto a morte em sua frente, ele estava rígido e Bellatrix tocou seu braço, frio como o gelo. Todos o olhavam, espantados.


        - Milorde... – ela chamou-o. – Milorde, o que está acontecendo?


        Voldemort afastou-se do toque dela, andando de costas um pouco, fazendo com que a cadeira em que se sentara antes caísse num estrondo.


        - Eu preciso ir. – ele finalmente falou, ainda um pouco afetado. – Bella, minha cara, a festa é sua agora.


        Ele rapidamente saiu da sala de jantar, sendo seguido de perto por ela. Como assim ele precisava ir e a festa era dela?


        - Aonde você vai? – ela  gritou do começo do corredor e ele rapidamente girou nos calcanhares para encará-la, não parecendo nada feliz. – Milorde...


        - Resolver um problema, Bellatrix. Agora, por favor, volte e seja a convidada de honra que você é. Algum de nós tem que ficar para discursar ao fim da festa e—.


        - Então agora voltou às aparências?


        - Não a nossa como casal, afinal eu estou saindo, mas a minha. Se você sair junto, verão que é algo grave, Bellatrix! E ninguém pode saber...


        - E é grave?


        - Muito.


        - O bastante para você passar por cima de sua palavra, eu vejo.


        - O que diabos?


        - ‘Eu estarei lá com você’. E agora eu encaro o Malfoy sozinha. – ela riu amarga.


        - Chega, Bella! Receio que nem tudo no mundo gira ao seu redor ou ao redor do seu problema com o Lucius! Eu preciso ir e você não pode vir comigo,mas se quiser ir pra Mansão Slytherin e deixar com que todos vejam como você está fugindo da casa da sua irmã, ótimo! – Bellatrix engoliu seco. – Se você quer dar esse gostinho ao Lucius, melhor ainda. – ele diminuiu a voz.


        - Pensei que nem tudo girasse ao redor do meu problema com ele. – ela retrucou e ele podia ver os olhos dela cheios de lágrimas.


        - Bella... Eu estou numa situação de vida ou morte, literalmente, foi isso que eu quis dizer, que não posso ficar, mas você... Você tem que ficar, por você e por mim, eu preciso que você seja forte por nós dois. Eu sei, ok? Eu sei que é terrível, mas... Por favor. Eu te explico depois.


        Ela assentiu e ele saiu rapidamente, mas, ah, ele explicaria. Com riqueza de detalhes. Ela engoliu seco e respirou, infelizmente ele estava certo. Sair correndo dali seria exatamente o tipo de coisa que Lucius adoraria com todas as suas malditas forças de idiota. Não era como se ela não vivesse ali, certo? Visitando Narcissa sempre. Não era porque era Natal que ela não faria isso, ou manhã seguinte ao Halloween. Ela não mostraria a Lucius que detestava estar naquela casa nos aniversários de... Daquilo. E por mais que ela não quisesse, ela precisava enfrentar com ou sem o Lorde das Trevas - Voldemort estava certo como sempre


        Ela mordeu o lábio e arrumou a postura, secando os olhos das lágrimas que nunca tinham saído deles, antes de voltar para a sala de jantar. Todos a olhavam, obviamente, ela imaginava se tinham ouvido ou não a pequena discussão que eles tiveram. Subitamente, Rodolphus e Rabastan levantaram-se em respeito, seguidos por Draco e Melinda, e depois pelos outros Comensais – em desgosto, é claro.  


        - O Lorde das Trevas teve um assunto urgente para resolver, infelizmente.  – ela se aproximou da cadeira onde antes ele sentara (que alguém já havia colocado de pé novamente). - Mas pediu que continuássemos sem ele, pois tentará chegar o mais rápido possível. Então...


        Bellatrix puxou a cadeira de Voldemort e sentou-se nela, seguida pelo resto da mesa. Alguns murmúrios foram ouvidos e Draco levantou-se novamente, saindo do lado de Melinda para tomar a cadeira que antes era de Bellatrix, ficando agora de frente para a namorada.


        - Pergunto-me por que decidiu mudar de lugar, Bella... – a voz de Lucius foi ouvida e a tensão se espalhou imediatamente.         


        - Porque a cabeceira da mesa é sempre o lugar da maior autoridade. – foi Draco quem respondeu. – E na ausência do Lorde das Trevas, tia Bellatrix é a maior autoridade presente. Inclusive, papai, Melinda devia estar sentada no lugar que você ocupa agora, a outra cabeceira, mas ela é educada e o deixa ficar aí porque afinal a casa ainda é sua.


        - E porque eu quero ficar perto de vocês. – Melinda indicou Bellatrix e Draco. – Acredito que seja o mesmo motivo pelo qual minha mãe deixou que você ficasse aí, tio Lucius, enquanto meu pai ainda estava presente.


        - Eu fico muito impressionado, de fato, que você não tenha oferecido seu lugar para Bellatrix desde o inicio, Malfoy. Afinal nada melhor do que o Lorde e a Lady das Trevas nas cabeceiras. – Rabastan Lestrange interferiu. – Teria sido assim na minha casa.


        Bellatrix olhou para o próprio prato, imaginando que aquilo seria mais fácil do que ela imaginara. Voldemort não estava mais ali, mas ela não estava sozinha, porque os outros estavam: Draco, Melinda, Rabastan, Rodolphus, e, ela esperava, Narcissa. Engraçado que Rabastan e Rodolphus mal sabiam dos detalhes sórdidos daquela trágica história dela com Lucius, principalmente Rabastan.


        Ninguém falou mais nada, Lucius não jogaria a culpa para Narcissa – a verdadeira responsável pelos lugares – porque tinha planos que seriam atrapalhados por algo assim. Continuaram a comer e a beber até que o clima tenso se dissipou.


        Quando o jantar acabou e a sobremesa chegava ao fim, Bellatrix se levantou, para fazer o discurso final, mas foi drasticamente interrompida por um dos homens que fazia a guarda da Mansão Malfoy. Um comensal de fora do círculo íntimo, é claro.


        - Milady, perdoe-me a interrupção, mas é que... – o Comensal não precisou terminar para mostrar o quão urgente aquilo era. Uma explosão foi ouvida, a poucos metros de distancia da mansão. O portão, eles imaginavam.


        - Mas o que diabos está acontecendo?


        - Um grupo, madame, milady, está atacando a Mansão. Quer dizer, tentando. Rebeldes ou algo do tipo, não sabemos!


        - Quantos?


        - Como?


        - Quantos eles são?! – Bellatrix estava começando a perder a pouca paciência que tinha.


        - Não os contamos, um grupo pequeno, vinte, trinta... Mas...


        - Mas o quê?


        - Eles têm lobisomens com eles, daqueles que não quiseram se juntar ao Lorde das Trevas. – ele estava apreensivo e Bellatrix simplesmente riu.


        - Lobisomens na lua minguante, que perigo! Além disso, temos Greyback, certo? Se eu não me engano ele foi convidado para o jantar, mas... Preferiu ficar na guarda afinal ele gosta de sua carne mais crua. – ela viu o Comensal engolir seco. – E parece que ele finalmente teve sua chance de um jantar de Natal. Chame-o. Quero Greyback aqui dentro.


        - Sim, milady. – o Comensal se curvou e correu de volta para o jardim rapidamente.


        Bellatrix voltou-se para os Comensais; com exceção à Melinda, Draco, os Lestrange e Narcissa, eles ainda estavam sentados e ela revirou os olhos. Bellatrix tirou a varinha do esconderijo no vestido e fez com que a comida desaparecesse e as cadeiras se afastassem da mesa.


        - Parece que alguém, e eu poderia facilmente chutar quem, decidiu que nós não temos direito a uma ceia. Então, por mais bêbados que já estejam, sugiro que se coloquem em alerta porque só tem um jeito de expulsar essa escória daqui e é pela força. Antes que algum de vocês comece: sim, eu estou no comando, uma vez que o Lorde está ausente.


        - Quem é o idiota que está fazendo isso, Bellatrix? Atacar-nos em menor número, porque contando os guardas eles estão em um número bem menor, é estúpido! – McNair se levantou e bateu as duas mãos na mesa.


        - Diggory. – foi Melinda quem respondeu, olhando fixamente para um canto da sala. – Cedric Diggory.


        - Diggory? O do Torneio Tribruxo? – McNair arregalou os olhos. – Mas por que diabos ele faria isso?


        - Problemas pessoais com a nossa princesa. – Katherine Parkinson respondeu do outro lado da sala. – Ela matou o amor da vida dele, Hilary, agora ele quer vingança.


        Melinda olhou significativamente para Katherine, como num aviso para que ela não abrisse a boca sobre Pandora; é claro que todos os Comensais da Morte sabiam que a menina não era filha biológica de Draco e Melinda, mas eles não precisavam saber a verdadeira origem da menina. Uma pena que Katherine soubesse, inevitável com ela sempre ao redor e adorando ouvir conversas alheias, mas ela estava sob controle, pelo menos por um tempo.


        - Oh, agora estamos lutando as lutas pessoais da Melinda? – Alecto riu-se. – Imaginei que conseguisse tomar conta do Diggory sozinha, princesa.


        - Bom, Alecto, ele venceu o Torneio Tribruxo afinal... Eu diria que é um adversário digno de respeito, não? – ela levantou a sobrancelha. – e até onde eu sei todos tomaram o caso Potter para si, huh? Creio que Potter também seja uma luta pessoal do meu pai.


        Eles ouviram mais um barulho, mas era apenas Greyback entrando na Mansão. Ele parecia uma criança na manhã de Natal, ironicamente logo seria manhã de Natal, com a idéia de ter sido chamado por Bellatrix.


        - Milady. – ele cumprimentou com uma reverência exagerada à qual Bellatrix respondeu com um simples aceno de cabeça. – O grupo é pequeno em relação a nós, mas definitivamente tem lobisomens, eu vi Remus Lupin, e Diggory está no comando.


        - Era de se imaginar. Rodolphus, Rabastan, eu preciso de vocês dois no segundo andar. – Bellatrix ordenou olhando para o caminho por onde Greyback viera.


        - No segundo andar? – questionou Rabastan. – Mas não é como se eles pudessem voar, Bella!


        - Sim, mas o segundo andar é o objetivo deles, o quarto de Pandora. – ela finalmente olhou para Rabastan, que piscou incrédulo. – Melinda tirou aquilo que ele tinha de mais preciso... Olho por olho...


        - E Cedric não está nem aí se o mundo inteiro ficará cego. – completou Melinda. – Não seria melhor que eu e Draco também protegêssemos o quarto da Pandora?


        - Não. Eu preciso de vocês aqui embaixo. Cedric não sabe qual é o quarto de Pandora, com você na porta fica bem óbvio, além disso você pode distraí-lo. – Melinda assentiu. – Amico, Alecto, segundo andar também, outra porta, precisamos despistá-los. Narcissa, Lucius, qualquer outra porta. Só precisamos deixá-los tontos. Rodolphus, Rabastan, entrem no quarto da Pandora, protejam-no com todos os feitiços que conhecerem, saiam, e o protejam por fora com a mesma intensidade, fui clara?


        - Sim. – respondeu Rodolphus, olhando para ela como quem dizia que só chegariam à neta deles por cima do cadáver dele e que, mesmo assim, se ele tivesse que morrer os levaria junto. Cedric podia ser o pai, mas ele já havia levado a filha dele, não levaria a neta. Principalmente porque sendo um Comensal, Rodolphus sabia o que ia acontecer com gente como Diggory nos meses a seguir.


        As duplas foram para os respectivos lugares e Bellatrix se posicionou com os Comensais na sala, esperando. McNair olhou-a de cima a baixo, rindo de canto.


        - Algum problema, McNair?


        - Não, nenhum, milady. Eu só estava me perguntando se consegue lutar assim. – ele olhou o vestido de cima a baixo; não era de fato a melhor vestimenta para uma batalha, mesmo para Bellatrix – acostumada a lutar de vestido. Cauda longa, tecido um pouco pesado; além disso, a gola armada talvez atrapalhasse a visão.


        - Oh, McNair. Quem viver verá. – ela riu de canto.


        - Impossível.


        - Watch me.


        - And me. – disse Melinda, também não com a melhor das roupas para batalha, sendo o vestido dela um pouco justo demais nas pernas.


        - Qualquer coisa a Bellatrix rasga a maldita cauda, a Melinda abre uma fenda na saia e tudo ficará bem. –Greyback rolou os olhos. – Você está preocupado demais com moda para mim, McNair. A meu ver elas parecem vestidas como sempre estão em batalha. Detalhes não farão diferença. Não para elas. – aquilo foi uma clara bajulação e ambas riram, sendo logo cortadas por um barulho vindo da porta da mansão. Uma explosão.


        - É... – suspirou Bellatrix. – Parece que vamos descobrir o quão bem podemos lutar nesses trajes. – o relógio da mansão começou a badalar e eles ouviram passos lentos pelo corredor. Doze badaladas antes que eles tivessem o primeiro relance de quem os atacava .– Oh e Feliz Natal!


______________________


N/A: OK, não foi exatamente ANTES da Páscoa, mas foi antes do fim do feriado! lol Então, finalmente eu postei.
Eu quero agradecer à Kelen pela montagem linda [todo mundo que me mandou montagem eu vou colocar, ok? nos proximos caps!], e à Gabriela por ter betado o capitulo. 
Agora às explicações: Por que eu demorei tanto? Eu nao sei se vcs sabem, mas eu estava prestando FUVEST e a prova foi um pouco dps que eu postei da ultima vez, aí eu fiquei fazendo cursinho depois dezembro inteiro, e fiz prova até sei lá metade de janeiro e num sei o que. MAS EU PASSEI \O/ To na USP! E esse começo de faculdade foi meio zuado também e meu teclado tava uma merda, ou seja, foi trash pra escrever. Mas eu estou de volta. E eu não vou prometer, mas eu vou TENTAR postar uma vez por mês, nem que meus caps sejam menores. Vou TENTAR. 
Agora sobre o cap, uma hora ou outra o Snape ia começar a se fuder ne, porque eu sou a autora dessa fic OKAOSSko e começou. mas quem mandou fazer besteira tbm? 


E lembra como a gente falava que só Hogwarts tava a salvo de V/B? Bem.... Nem tanto mais. 
Acho que era isso que eu queria comentar sobre o cap, se tinha mais coisa eu esqueci porque são 9 da manhã, eu ainda não dormi só pra poder postar pra vcs! ;D Sou um amor de autora ne. Eu sei. 
Gente, obrigada por acompanhar, pelos comentários lindos e pela paciencia. Obrigada, espero que esteja valendo a pena! 


Feliz 2012! primeiro cap de 2012 ne lol 
Mais um ano aqui!
Comenteeeeem e quem quiser pode me adicionar no [email protected], eu gosto de conversar com vcs! 
Obrigada mais uma vez. 
Feliz Páscoa! 
Mel Black
(08-04-2012)

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Comentários (9)

  • thealiens

    NOSSA!! NOSSA!! ASSIM VOCÊ ME MATA U_U G-zuis não acreito que escrevi isso..Eu ainda morro com esses capítulos.. QUE ISSO.OBem feito para o Snape.. TRAIDOR (ripakasforever)V/B, vou nem comentar *o* OH GODAgora, não posso deixar passar... Bellatrix e Rodolphus -morri/CONTINUA Õ//♥ 

    2012-05-19
  • Rachel Lestrange

    Mel , Eu simplesmente amei , eu leio essa fic a dois anos e meio , leio fanfics a 4 e escrevo a 5 . E SINSERAMENTE , EU NUNCA VI UMA FIC  TAO BOA COMO ESSA .       Eu simpelesmente amo a personalidade da melinda , eu propia  tenho um plano que fala de uma filha de Bellatix e possivelmente de Voldemort , foi minha primeira historia , comecei aos 8 anos e realmente nunca imaginei nada tao magnifico !        A Melinda é a personagem mais criativa que ja vi em toda minha vida!!! Parabens , Simplismente amei  !!!!!!!!!!

    2012-04-13
  • Laris Black

    Sabe, nunca ri tanto da desgraça alheia como a do Snape, o coisa ruim viu. Ele tem que cair de pouco em pouco só para sentir a tensão, só para o cabelo dele ficar mais meloso ainda com o suor de nervoso. Cara, na boa, o que foi aquela entrada? Tipo, a Bella é a mais foda de tdas, eu morro várias vezes seguida com ela. OHGOD, voce tirou a virgindade do meu celebro com a sugestões de sexo do Voldy e Bella, omg. SERIA TUDO DE BOOOOOOOOOOOOOOOOM, mas que isso. Tipo a segunda pessoa mais odiada nessa porra é o Lucius, cara, ia ser demais se ele morresse, mas não teria muita graça né, pq a graça e ver ele sofrer e a Bella acabar com ele, mas fazer o que é a vida uns morrem e outros vivem, uns são reis e outros o bobo da corte.  Tipo é tanta coisa que eu nem consigo escrever direito aqui, to quse morrendo e quase morri qando vi que voce tinha atualiza, só não li antes pq eu to no 3 ano ai eu need so much passar na UFG - é eu não to nivel USP. - eu morri com o selinho, tipo pensei agora a porra ficou seria , jurei que o voldy ia distribuir avada, hahahahaha, cara eu amo demais as converas com o Rold e a Bella é tipo muito da hora. Já disse que eu amo a Bella e que acho ela a mais perfeita de todos os tempos, e maravilhosa e gostosa e tudo mais. VOCE VIU O CLIP QUE A HELENA FEZ? OHGOD, VOCE TEM QUE USAR AQUILO NESSA FICTS, SERIO NABOA. Vou te mandar o link, e se eu me lembrar de mais algo eu coloco outro coments little.

    2012-04-12
  • Laris Black

    Calma, deixe só eu absorver todos os acontecimentos e agorinha eu posto minha novo testamento. E parabens USP  nossaaaaaaaaaaaa! que foda você! Estou orgulhosa , hahaha

    2012-04-12
  • Ginerva Black Lestrange

    ~Le,Ginerva muito feliz porque Mel postou a postagem que fiz u.uMais agora falando do capítulo eu ameeeei tudo eu acompanho a fic desde do ano passado,mais sério a melhor fanfic que eu já li na minha life,eu entrava todo o santo dia pra ver se tinha novo capítulo e quando vi que tinha adivinha?Quase tive um treco,então obrigado ai por fazer a HDM entrar na minha nada linda vida.2 beijos! The and.

    2012-04-12
  • MaryLestrange

    Olha que loucura: meu comentário ficou muito grande, e apareceu uma mensagem dizendo que eu só podia postar até 2000 caracteres!!! O.O Mas eu não dei conta de reduzir nada dele, então eu dividi em 2. kkkkkkk Aí vai: Finalmente, depois de longos 128 dias de abstinência, o melhor presnete de páscoa que qualquer uma de nós (ávidas leitoras e viciadas) poderiamos pedir!!! Esse cap foi perfeito, e deixou gostinho de quero mais... Tou AMANDO ver o circo do Snape pegar fogo! Tomara que ele se ferre, tomara que ele sofra bastante. O Voldy podia entregar ele pra Bella e pra Mel, deixar elas torturarem bastante ele... muahahaha! I want them to Cruicio his ass! kkkk. Só tenho pena da Gabie, coitadinha, por ela eu até tenho vontade que o Snape caia pro lado certo do muro... mas no final das contas ele merece sofrer pela traição, e vai ser muuuuito foda quando a máscara dele acabar de cair *-* E falando em sofrimento, como eu amei a queimadura que a Bella fez no Lucius! O mundo seria mais lindo se a tal "caça a Lucius Malfoy" pudesse acontecer anytime soon... Mas foi lindo o Voldy todo fofo entrentando o trauma da Bella com ela *-* Assim, eu poderia passar o dia todo falando o quanto o Voldy de HdM é lindo, mas hoje eu surtei mesmo quando ele disse aquio: "eu já nasci pronto" OMG que homem foda!!! Quotando vc: nível de putaria 1000 né... kkkk foi foda aquela NC, como sempre. *-* De fato, agora nem Hogwarts fica de fora... Inclusive, eu fiquei surpresa pelo Voldy não ter ficado com ciumes do selinho que a Bella deu no Rodolphus (que, aliás, foi hilário! kkk), por mais que ela tenha dado todo aquele discurso de 'sou do Voldy, calem a boca' depois e tal...

    2012-04-08
  • MaryLestrange

    Nossa, a Bella tava foda nesse capítulo! Toda cena ela tinha que dar um tapa de luva em alguém, ela tava muito ótima!!! Adorei principalmente a cena que ela faz o snape se curvar e beijar a mão dela, tipo like a boss, literalmente *-* Ah, e essa história da Ginny e do Neville também ainda vai render muita merda né... quero ver quanto tempo eles vão passar despercebidos pela Mel. o pior é que os filhos da mãe escolheram o melhor momento pra começarem a fazer planinhos: bem durante a confusão com a Astoria e o Snape... Mas sabe em quem eu tou apostando? Na Nicky. Afinal, ela provavelmente ainda tem a moedinha da AD, então talvez seja ela quem vai descobrir que eles estão recrutando de novo... Teorias mirabolantes aqui kkkkkk E falando em dar merda, o Diggory é idiota ou é suicida??? Tipo: "vou esperar que todos os comensais da morte estejam juntos na mansão Malfoy pra poder tentar invadir e roubar a Lynx" Se ferrou!!!! Tomara que ele morra, ou pelo menos saia bastante ferido! Mal posso esperar pelo próximo cap, vc termina esse bem antes de uma batalha, acho que isso é tortura! Anyways, tou doida pra ver a Bella e a Mel lutando de vestidão e arrasando! kkkkk Cara, acho que essa foi a melhor Páscoa que eu tive em algum tempo. Chocolate e Herdeiras do Mal, tem coisa melhor?! *-* A demora tá totalmente recompensada e perdoada... Falando nisso, parabéns por ter passado!!!!!! \o/ E parabéns também por mais um cap perfeito e por essa obra de arte em forma de fic, claro. Tomara que o próximo venha logo, já tou me mordendo de ansiedade *-*

    2012-04-08
  • Kamilla Bacchi

    Depois de exatos 128 dias, a Renatha contou, capítulo novo e valeu a pena todos os dias de espera.Foi perfeito a noite deles em Hogwarts,  Bellatrix beijando o Rodolphus foi hilario. Espero que a Bellatrix mate o Snape e que ela brinque muito com a comida antes de come-la, a máscara dele está caindo, tenho pena da Gabi ela não merece passar por isso coitada, namorando um traidor.O Lord e a Lady das Trevas em Hogwarts foi íncrivel e ela enfrentando o Lucius também. A chata da Ginny desidiu agir, acho que ela não vai conseguirl passar tanto tempo assim despercebida da Princesa.O relação do Lord e da Bella está cada vez melhor ele se preocupando com ela é tão fofo. Estou na torcida para que ele diga a ele Eu te amo.

    2012-04-08
  • RenathaBlack

    Perfeito como sempre.

    2012-04-08
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